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Resenha do Filme Ágora

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RESENHA DO FILME ÁGORA1 
 
Gabriel Silva Oliveira 
Jéssica Elen Cavalcante Silva2 
 
“Para tornar seu trabalho e sua função naturais, o filme de ficção tende, com 
frequência, a escolher como tema as épocas históricas e os pontos de atualidade a 
respeito dos quais já existe um “discurso comum”. Assim, finge submeter-se à 
realidade, enquanto só a torna ficção verossímil. Aliás, é por aí que ele se transforma 
em veículo para a ideologia.” (Jacques Aumont)3 
 
Ágora (2009)4 – no Brasil e em alguns países recebeu o título de Alexandria (2011) – é 
um longa-metragem que aborda uma narrativa dramática, histórica do período em que o 
cristianismo deixava de ser perseguido para se tornar uma fé hegemônica, sendo adotada como 
religião oficial do Império Romano. Tem como personagem principal Hipática – ou Hipácia –, 
uma jovem filósofa, astrônoma e matemática com uma visão “futurista” e de uma perspicácia 
surpreendente que vivia em Alexandria, Egito no início do ano 391 d.C. 
Antes de nos aprofundarmos ao universo da obra, é necessário destacarmos um breve 
olhar sobre os seus aspectos cinematográficos. O filme foi produzido pela Espanha, o ano de 
produção e estreia foi 2009, porém, em alguns países o filme só estreou em 2010/2011, as 
gravações e distribuição do filme ficou sob a responsabilidade dos estúdios MOD Producciones 
SL, Telecinco Cinema e Himenóptero. O filme foi produzido por Fernando Bovaira, tem no 
elenco principal nomes como: Rachel Weisz (Hipátia), Max Minghella (Davus) e Oscar Isaac 
(Orestes). 
O idioma original é o inglês, porém, a obra contém legendas e dublagem em português 
e espanhol e a duração é de 127 minutos. Xavi Giménez é o responsável pela belíssima 
fotografia, trazendo um perfil visual sutil, porém, bastante marcante, a luminosidade do filme 
é balanceada, e aparece em maior quantidade nos momentos essenciais. Dario Marianelli por 
sua vez é o gênio por trás da magnífica trilha sonora que ajuda a compor e dar emoção à cada 
cena do filme. A incrível direção da obra cinematográfica em discussão, é de Alejandro 
Amenábar, no qual, o mesmo em parceria com Mateo Gil assinam o roteiro do longa-
metragem.5 
 
1 Resenha do filme Ágora (2009) solicitada pela professora Drª Caroline Santos Silva, como avaliação do 
componente curricular Aspectos da Escravidão: Antiguidade e Modernidade, Universidade do Estado da Bahia, 
Campus IV – Jacobina, 2018.2. 
2 Dados dos autores: Graduandos em História pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB. 
3 AUMONT, Jacques. Et alli. A estética do filme. Campinas, Papirus, 1995. 
4 Filme: Ágora. Dir: Alejandro Amenabar. Roteiro: Alejandro Amenábar e Mateo Gil. Ano: 2009. Mod 
Producciones. 
5 Fonte: Disponível em: < http://www.agoralapelicula.com/ > Acesso em 26 de Novembro, 2018. 
A obra cinematográfica em análise apresenta a personagem principal sendo uma jovem 
bastante atraente, fisicamente e intelectualmente, que despertava paixões, assim, passava a ser 
cortejada por algumas figuras emblemáticas, bem como seus alunos (discípulos) e seu escravo, 
porém a filósofa recusava sutilmente qualquer proposta que envolvesse questões amorosas – a 
beleza de Hipática também é retratada fielmente no filme, sem falar na sua energia voltada para 
suas pesquisas e estudos –. O filme se passa em Alexandria, Egito e traz como personagem 
principal do enredo Hipática, uma jovem professora de filosofia, astronomia e matemática, 
proprietária de uma audácia impressionante, sem falar na sua dedicação e firmeza. Embora 
questões sociais, políticas e religiosas de época estivessem interferido diretamente e 
indiretamente em seus estudos, ela conseguiu se destacar em sua área de atuação – área essa 
que estava voltada exclusivamente para os homens – de forma impressionante, quebrando 
estereótipos e regras arcaicas e culturais existentes no período. 
O longa-metragem Ágora (2009) traz em seu enredo fatos históricos importantíssimos 
da antiguidade, principalmente de como funcionava a Biblioteca de Alexandria e seu templo 
pagão e a rebelião cristã frente a ideias filosóficas, científicas e ao paganismo. A direção geral, 
bem como a artística consegue recriar com precisão e veracidade os ensinamentos filosóficos 
presentes na biblioteca, os rituais pagãos e o momento da ascensão e consolidação do 
cristianismo no Império Romano, portanto, a película fílmica remonta o período em que o 
cristianismo deixou de ser uma mera religião das classes inferiores e passou a ser a fé regente 
de um império. Essa visão da hegemonia cristã é notória na obra, pois indivíduos que antes 
propagavam uma fé pagã converte-se como tantos outros para prosperar e ocupar altos cargos 
na política, podemos assim perceber, que a Religião sempre esteve atrelada ao Estado. 
Após constantes conflitos entre pagãos e cristãos, a religião cristã sobressaiu e passou a 
reger diretamente a vida da população de Alexandria, permitindo também a religião judaica a 
exercer seus cultos e crenças. Essa união entre povos durou pouco, por isso, conflitos internos 
entre cristãos e judeus passaram a ser recorrente na sociedade alexandrina. Anos mais tarde a 
própria Hipática sofreu retaliação por sua imagem estar associada ao paganismo e a influência 
política, coisa que não era permitido para o sexo feminino, muito menos para um não 
convertido. Por mais que o filme seja uma ficção que busca ao máximo se aproximar dos fatos 
históricos, ele ainda é um produto comercial. Embora a obra cinematográfica em discussão não 
critique a religião aparentemente, nem se volta contra ela, por envolver história, religião, e 
conflitos o filme enfrentou algumas dificuldades na sua distribuição, criando polêmica e 
afastando o público mais conservador e religioso, pois estes acertavam que não houvera 
imparcialidade na produção do filme. 
Por último, foi possível observar as diferenças de crenças, e a participação da Igreja 
nesses eventos históricos, que sempre se apresentou de forma complexa. O filme mostra à 
autonomia que a religião dominante tinha, em submeter todas as outras religiões a professar 
uma única fé, além disso, a intolerância religiosa e, o uso da fé como justificativa para promover 
guerras. Do mesmo modo, nota-se o papel da mulher na sociedade, como foi dito anteriormente, 
Hipática aparece como uma mulher que se manifesta totalmente contrário ao comportamento 
das mulheres cristãs, numa época que a mulher teria de ser submissa, Hipática não aceita ser 
subordinada por ninguém, e nega a religião, acreditando apenas na existência através da 
filosofia.

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