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RECRUTAMENTO E SELEÇÃO U N O PA R R ECR U TA M EN TO E SELEÇÃ O 9 788568 075463 ISBN 978-85-68075-46-3 Cláudia Cardoso Moreira Napoli Elisete Alice Zanpronio de Oliveira Juliana Regiani Olbrzymek Ana Maria Stolfi Recrutamento e seleção Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Napoli, Cláudia Cardoso Moreira ISBN 978-85-68075-46-3 1. Subsistema. 2. Desafios. I. Oliveira, Elisete Alice Zanpronio de. II. Olbrzymek, Juliana Regiani. III. Stolfi, Ana Maria. IV. Título. CDD 658.311 Napoli, Elisete Alice Zanpronio de Oliveira, Juliana Regiani Olbrzymek, Ana Maria Stolfi. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014. 176 p. N216r Recrutamento e seleção / Cláudia Cardoso Moreira 2014 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ © 2014 by Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Diretor editorial e de conteúdo: Roger Trimer Gerente de produção editorial: Kelly Tavares Supervisora de produção editorial: Silvana Afonso Coordenador de produção editorial: Sérgio Nascimento Editor: Casa de Ideias Editor assistente: Marcos Guimarães Revisão: Marina Sousa Capa: Bruno Portezan Jorge e Sheila Ueda Piacentini Barison Diagramação: Casa de Ideias Unidade 1 | O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações Seção 1 - Cenário organizacional e mercado de trabalho 1.1 | Contexto de atuação das organizações 1.2 | O novo perfil do profissional almejado pelas organizações 1.3 | Captação e retenção de talentos e empregabilidade Seção 2 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia organizacional 2.1 | Características da nova gestão de pessoas 2.2 | Gestão de pessoas: responsabilidade de linha e função de staff 2.2.1 | As competências do profissional de gestão de pessoas 2.2.1.1 | Competências do selecionador Seção 3 - Planejamento da previsão de pessoal 3.1 | Análise do estado atual da estrutura de Recursos Humanos da organização e análise de necessidades futuras 3.2 | As bases para a previsão de pessoal 3.2.1 | Descrição e análise de cargos 3.2.1.1 | Descrição de cargos 3.2.2 | Análise de cargos 3.2.3 | Escrevendo a descrição de cargo Sumário 7 Unidade 2 | Recrutamento: formas e instrumentos para a captação de talentos Seção 1 - Captação de talentos 1.1 | Captação de talentos 1.1.1 | A solicitação de pessoal 1.1.2 | O mercado de trabalho e seus impactos na definição de estratégias de recrutamento e seleção Seção 2 - Recrutamento: formas e instrumentos 2.1 | Recrutamento 2.1.1 | Recrutamento interno 2.1.2 | Recrutamento externo 2.1.3 | Práticas e técnicas atuais de recrutamento 2.1.4 | Recrutamento virtual 2.1.5 | Avaliação e cuidados no processo de recrutamento 11 11 16 19 24 24 27 29 31 Unidade 3 | Seleção: formas e instrumentos para a identificação de talentos Seção 1 - Principais técnicas de seleção 1.1 | Análise de currículo 1.1.1 | Testes 1.1.1.1 | Conhecimentos gerais 1.1.1.2 | Conhecimentos específicos 1.1.2 | Testes psicológicos 1.1.3 | Prova situacional 1.1.4 | Jogos e dinâmicas de grupo 33 33 35 39 39 44 46 55 58 58 61 64 73 73 76 80 83 90 94 105 108 109 114 116 116 117 120 120 Unidade 4 | Desafios em recrutamento e seleção Seção 1 - Seleção por competências 1.1 | Competências: conceituação 1.1.1 | Competências técnicas e comportamentais 1.1.2 | Montando um perfil de competências 1.1.3 | A entrevista por competência Seção 2 - Seleção, inclusão e diversidade cultural 2.1 | Inclusão e diversidade cultural: fundamentos 2.1.1 | Influências do fator diversidade cultural no processo de recrutamento e seleção 1.1.5 | Entrevista 1.1.5.1 | Tipos de entrevista 1.1.5.2 | A condução da entrevista 1.1.5.3 | Roteiro da entrevista Seção 2 - Finalização e avaliação do processo de recrutamento de pessoal 2.1 | Devolutiva e admissão 2.2 | Avaliação e cuidados no processo de seleção 121 122 124 126 130 131 132 146 146 151 153 158 168 168 171 143 U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações6 Unidade 1 O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações Nesta unidade, você será levado a refletir sobre o contexto de atuação das organizações e a evolução da visão sobre as pessoas no ambiente corporativo. Você poderá identificar o novo perfil de profissional que as empresas almejam, conhecerá as características da nova Gestão de Pessoas e as competências necessárias ao profissional que atua nessa área. Além disso, esta unidade possibilitará compreender a importância do subsistema Recrutamento e Seleção no universo da Gestão de Pessoas e apresentará as bases para o planejamento da previsão de pessoal, alinhado à estratégia organizacional. Por fim, você entenderá a importância da descrição e da análise de cargos como fundamento para o processo de recrutamento e seleção. Objetivos de aprendizagem Na Seção 1, estudaremos o cenário de atuação das organizações e a necessidade por maior qualificação dos profissionais, que devem alinhar seu perfil às demandas do mercado de trabalho, visando manter a atratividade. Discutiremos o conceito de talento e os desafios para sua captação e retenção. Além disso, delimitaremos as responsabilidades dos profissionais e das empresas no desenvolvimento da empregabilidade. Seção 1 | Cenário organizacional e mercado de trabalho Na Seção 2, discutiremos a evolução da visão sobre o papel das pessoas nas organizações até o surgimento da nova Gestão de Pessoas (GP), seus objetivos e funções. Definiremos as responsabilidades dos gestores de linha e a função de staff de RH no gerenciamento das pessoas. Abordaremos, ainda, as competências essenciais do profissional de Gestão de Pessoas que quer ter sucesso na profissão, com destaque para as competências do selecionador. Seção 2 | O subsistema recrutamento e seleção na estratégia organizacional Cláudia Cardoso Moreira Napoli U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 7 Na Seção 3, discutiremos as bases para o planejamento da previsão de pessoal nas organizações e apresentaremos a descrição e análise de cargos como elementos que sustentam diversos processos da Gestão de Pessoas, em especial, o processo de recrutamento e seleção. Seção 3 | Planejamento da previsão de pessoal U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações8 Introdução à unidade Vivemos em uma época marcada por transformações em todos os segmentos da sociedade. A globalização e a revolução tecnológica são pano de fundo para uma nova era: a era da informação e do conhecimento, considerado vantagem competitiva. Tais fatores convergem para uma maior competitividade entre as organizações que passaram a atuar sob novos padrões de qualidade, produtividade e competitividade. Isso requer a adoção de modelos de gestão que considerem as pessoas como sua maior riqueza, valorizando sua capacidade intelectual em detrimento da força física. Afinal, entende-se que são as pessoas, por meio de sua capacidade criativa e potencial de inovação, que levarão as empresas a alcançarem os diferenciais de competitividade. Este cenário trazdesafios para a ARH — Administração de Recursos Humanos, que incorpora a visão de pessoas como parceiras da organização e define uma nova nomenclatura e perspectiva de atuação: Gestão de Pessoas e com Pessoas. O trabalho e o emprego assumiram novas configurações, é fundamental que se desenvolvam políticas de recrutamento e seleção alinhadas à visão estratégica das organizações, com o objetivo de atrair e reter os talentos. O planejamento da quantidade necessária de pessoas para que uma empresa atue com eficiência e eficácia operacional é fundamental para o alcance dos objetivos estratégicos traçados. No entanto, não basta prover um número suficiente de pessoas para a organização. É essencial que as pessoas que trabalham nela possuam as competências necessárias para realizar as funções e atividades do cargo para o qual foram contratadas. Assim, a descrição e análise de cargos são documentos que sustentam o processo de recrutamento e seleção, além de vários outros processos da Gestão de Pessoas. Portanto, caríssimos, esta unidade é composta por três seções. A Seção 1 descreve o cenário organizacional e do mercado de trabalho, também descreve o perfil do profissional que as empresas almejam; a Seção 2 discute a importância do subsistema Recrutamento e Seleção na estratégia organizacional e apresenta as competências necessárias ao profissional da Gestão de Pessoas, em especial daqueles responsáveis pelo recrutamento e seleção; a Seção 3 apresenta as bases para o Planejamento da Previsão de Pessoal e destaca a descrição e análise de cargos como fundamento para o recrutamento e seleção. Assim, convido vocês a descobrirem comigo a relevância do subsistema Recrutamento e Seleção na estratégia das organizações. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações10 Seção 1 Cenário organizacional e mercado de trabalho Introdução à seção Você já parou para analisar quais são as principais transformações ocorridas na sociedade nas últimas décadas e os impactos dessas mudanças em sua vida pessoal e profissional? Você saberia relacionar as competências que o mercado exige do profissional contemporâneo, em especial, do profissional da Gestão de Pessoas? Você se considera atrativo para o mercado de trabalho? Nesta seção, descreveremos o contexto de atuação das organizações, o novo perfil e as competências exigidas dos profissionais que hoje são considerados talentos. Discutiremos, ainda, o conceito de talento e os desafios para sua captação e retenção, além de delimitar as responsabilidades de profissionais e empresas para o desenvolvimento da empregabilidade. 1.1 - Contexto de atuação das organizações A intensificação da competição entre as organizações foi impulsionada pela revolução das tecnologias de informação e comunicação que possibilitaram a abertura de mercados, criando uma economia global. As novas tecnologias facilitaram o acesso e o trânsito irrestrito de informações, que passaram a ser consideradas como fatores estratégicos para as organizações, influenciando toda a forma de se fazer negócios, modificando métodos de produção, de distribuição, de marketing e a maneira como as empresas se relacionam com seus clientes e parceiros. Para se manterem competitivas, as organizações passaram a atuar sob novos padrões de qualidade, produtividade e competitividade, exigindo capacidade de rápida adaptação e constante inovação. Na busca pela eficiência organizacional, a incorporação de tecnologias e a eliminação das tarefas repetitivas trazem efeitos para a estrutura ocupacional porque reduzem significativamente o número de postos de trabalho e, mais do que isto, modificam o conteúdo dos cargos, tornando-os mais sofisticados, passando a exigir mais U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 11 qualificação dos trabalhadores, que devem se preparar para utilizar toda a sua capacidade intelectual e de improvisação para gerar e transmitir conhecimentos. Groselli (2008) afirma que a produção da indústria atualmente não é apenas material, mas também intelectual. Isso significa que os trabalhadores atuam com patamares tecnológicos e de produtividade superiores, o que requer maior nível educacional dos profissionais. São as pessoas que levarão as empresas a se ajustarem ao ritmo e à intensidade das mudanças, contribuindo para a superação dos desafios globais. Por isso, é necessário que invistam em qualificação e usem seu potencial criativo e empreendedor para trazer as inovações que as organizações necessitam. Complementando as considerações de Groselli (2008) acima citadas, Dornelas afirma que: São tantos os requisitos para se manter competitivo no novo paradigma econômico que os velhos gigantes começam a buscar rapidamente soluções para não perderem o passo. A organização precisa ser mais ágil, buscar novas oportunidades de negócio de forma mais efetiva, se reestruturar, rever seus processos, incentivar seus funcionários na busca da inovação, a serem mais criativos, a proporem soluções, não serem reativos, e fugir da mesmice de outrora (DORNELAS, 2008, p. 7). Analisando esses fatos apontados pelo autor, reafirmamos que cabe aos funcionários a tarefa de buscar soluções criativas e inovadoras para levar a organização a alcançar diferenciais de competitividade. É nesse sentido que o capital humano assume papel fundamental para que as organizações realizem sua estratégia. A busca pela eficiência operacional e administrativa levaram as empresas a se reestruturarem. Conscientes da necessidade de focar em sua atividade essencial, viram a oportunidade de repassar para terceiros aquelas atividades não relacionadas ao seu processo produtivo, pois o setor de serviços cresceu em qualidade e eficiência. Assim, muitas empresas optaram pela terceirização de serviços como: segurança, limpeza, transporte de funcionários, alimentação, jardinagem e manutenção. Até mesmo os serviços de recrutamento e seleção podem ser terceirizados para empresas especializadas. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações12 Para saber mais Veja algumas vantagens e desvantagens da terceirização acessando o artigo publicado no site UOL Economia em 12 jul. 2012 e intitulado Terceirizar serviços reduz custos, mas pode expor empresa; veja prós e contras. Acesse o link: <http://economia.uol.com.br/ultimas- noticias/redacao/2012/07/12/terceirizar-servicos-reduz-custosmas- pode-expor-empresa-veja-pros-e-contras.jhtm>. Essa variável deve ser analisada pelo profissional de Gestão de Pessoas sob dois aspectos. Primeiro: a terceirização, assim como a incorporação de novas tecnologias, é outro fator que contribui para a redução do número de vagas de trabalho nas empresas; segundo: analisar e definir os serviços que poderão ser terceirizados é uma estratégia que definirá a composição do quadro efetivo de funcionários da organização e deve fazer parte das considerações práticas da área de Gestão de Pessoas. É preciso salientar também que é uma iniciativa complexa e que sua incorporação pela empresa deve considerar, também, todos os aspectos legais que envolvem a atividade. Ainda traçando o cenário de atuação das organizações, outra característica da sociedade global é a mudança do foco de atuação para o cliente, cujas necessidades e expectativas ditam as regras do mercado. Hoje, se exige não apenas qualidade de produtos e serviços, mas um atendimento de excelência. Além disso, o consumidor contemporâneo está atento ao comportamento ético das empresas, baseando nisso, muitas vezes, sua decisão de compra. A ética e a responsabilidade socioambiental são valores que devem ser incorporados pelas organizações como um fator estratégico, e tais requisitos devem nortear as ações com todos os seus públicos derelacionamento. Ao passo que as empresas precisaram se reestruturar, o mercado de trabalho acompanhou essa tendência com a flexibilização das leis trabalhistas e passaram a permitir novas relações de trabalho, por exemplo, o trabalho terceirizado, que já comentamos, e outros tipos de contrato como o trabalho temporário, por projeto, meio período (part time) e até mesmo o teletrabalho, ou remoto, uma tendência da sociedade virtual. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 13 As palavras de Almeida resumem todo esse panorama que traçamos até aqui. Acompanhe comigo: As organizações, de maneira geral, enfrentam hoje um contexto muito mais complexo e turbulento. No Brasil, as reformas estruturais e aberturas comerciais ocorridas no início da década de 1990 contribuíram para que o setor produtivo tivesse que se reestruturar, visando competir num mercado globalizado. Acrescenta-se, ainda, um perfil de cliente mais exigente. O mercado de trabalho, a exemplo de outros países, passou por mudanças significativas, muitas delas relacionadas às políticas econômicas e sociais empreendidas pelos governos. O fim do emprego em massa, com a eliminação dos postos de trabalho, o encolhimento do mercado formal e a grande expansão do mercado informal, a precarização do trabalho e o desemprego estrutural são algumas das características mais marcantes do mercado atual (ALMEIDA, 2009, p. 11). É possível dizer, portanto, que todo esse cenário e as novas exigências por qualificação dos profissionais levam a um aumento do desemprego. Esse fato é agravado pela desqualificação profissional. Surgem novos empregos mediados pela tecnologia, mas, ao mesmo tempo, há defasagem na formação dos profissionais para esse novo tipo de trabalho. Portanto, o trabalho não desapareceu, ele se transformou e requer novas qualificações. Oliveira (2013), em seu livro intitulado Profissões do futuro: você está no jogo?, aponta nichos e especializações que futuramente colocarão em evidência profissões que sempre ouvimos falar, como a Administração, o Direito, a Engenharia e a Medicina. Para a Administração, dada a expansão econômica, o autor indica oportunidades para o profissional da área trabalhar em consultorias, fundos de investimentos e bancos e administrando fortunas de investidores. Já para a área de Direito, o autor destaca o direito ambiental, o direito digital e o direito de negócios internacionais como tendências. Já na Engenharia, Oliveira (2013, p. 58) destaca as mudanças climáticas como desencadeadoras de especialidades como a engenharia ambiental, a engenharia de energia, engenharia madeireira e a engenharia de gás e óleo. Na Medicina, as perspectivas futuras estão U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações14 na biomedicina, na nanomedicina e na medicina legal. Nesse mesmo sentido, o autor apresenta profissões que talvez muitos de nós nunca tenhamos ouvido falar, cujo surgimento é decorrente da velocidade de transformação e reinvenção do mundo. As profissões do futuro são: • Gestor de Resíduos/Lixólogo. • Especialista em Agroecologia. • Gerontólogo (especialista em envelhecimento da população). • Analista de SEO — “[...] responsável por melhorar o desempenho de páginas de um site para que fiquem bem posicionadas nas buscas realizadas nos mecanismos de busca e redes sociais mais relevantes do mercado mundial” (Oliveira, 2013, p. 75). • Consultor de sucessão (desenvolve plano de transferência de autoridade de veteranos para profissionais mais jovens em empreendimentos familiares). • Farmacoeconomista (estuda e analisa custos de medicamentos). • Aquicultor (cuida da produção e manejo de animais aquáticos). • Especialista em bioinformática. • Especialista em mobile marketing (especialista na dinâmica do comportamento on-line das pessoas). • Profissional de Midialogia (especialista preparado para aprofundar e interligar conhecimentos de Rádio, TV, Jornalismo e Publicidade e Propaganda). • Profissional de Ecorrelações. • Especialista em recuperação de áreas urbanas degradadas. • Especialista em epidemias e desastres naturais. • Especialista em inteligência artificial. • Coordenador de projetos de terceirização offshore (produção de produtos fora do país). Além de todas essas profissões consideradas do futuro, Oliveira (2013) aponta duas grandes áreas como oportunidades para os próximos anos: finanças, destacando, aqui, o consultor em planejamento financeiro e comunicação; destaque também para o fonoaudiólogo e o especialista em línguas. A desqualificação é um desafio a ser superado tanto pelos U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 15 profissionais, atualizando constantemente suas competências, quanto pelas organizações que precisam investir em treinamento e desenvolvimento dos seus talentos, ou seja, em sua empregabilidade, capacitando-se, enquanto instituição, para enfrentar os desafios presentes e futuros. Enfim, como pudemos observar, fatores como a globalização, a revolução tecnológica, o papel da informação como elemento estratégico, os novos patamares de qualidade, produtividade e competitividade exigidos pelo mercado, a necessidade de constante inovação e foco no cliente, a diminuição dos postos de trabalho e a sofisticação das tarefas que exigem melhor preparo e qualificação profissional, o surgimento de novas profissões, a terceirização de serviços, a cobrança por uma postura ética e socioambiental correta, e, acima de tudo, o entendimento de que são as pessoas com seu potencial criativo e de inovação é que vão trazer os diferenciais competitivos, colocando desafios para o profissional de Gestão de Pessoas: entender as mudanças no cenário de atuação das organizações; conhecer a empresa, sua visão, missão e valores alinhando as práticas de Gestão de Pessoas à estratégia organizacional, considerando as competências necessárias para o presente e para o futuro; e ser uma área de resultados. 1.2 O novo perfil do profissional almejado pelas organizações Olhando para o contexto de atuação das organizações e para as mudanças no mercado de trabalho, constatamos que os trabalhadores devem estar preparados para postos de trabalho mais complexos e que exigem capacidade intelectual e de improvisação. Esses aspectos exigem um olhar mais abrangente dos profissionais sobre suas carreiras. Quem é o novo trabalhador? O novo trabalhador é um portador de competências, então, devem ser entendidas quais são as competências necessárias para manter sua atratividade para a organização e para o mercado de trabalho, desenvolvendo os conhecimentos, habilidades e atitudes que este mercado global e virtual requer. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações16 As empresas buscam talentos, pessoas automotivadas e com capacidade para o autodesenvolvimento e para a autoliderança, com habilidade de comunicação, relacionamento interpessoal, preparadas para o trabalho em equipe e para atuar sobre pressão. Dias (2008) relata que o profissional contemporâneo deve ter uma base técnica sólida e características comportamentais como criatividade, capacidade para trabalho em grupo, para tomada de decisão, para resolução de problemas e para a comunicação. O domínio de idiomas, informática e visão estratégica, além de habilidade de negociação e de resolução de conflitos são características valorizadas. Variáveis como integridade, confiabilidade e ética também são importantes. Somam-se a estas outras características, como organização, bom humor, envolvimento e comprometimento, além de capacidade de buscar informações e transformá-las em conhecimento, mobilizando o potencial criativo para inovar continuamente na organização, característicadaqueles que possuem um perfil empreendedor. Oliveira (2013) destaca que o jovem profissional que quer ser visto com potencial para as organizações deve desenvolver oito atitudes: • ser conectado; • ser flexível; • construir relacionamentos; • valorizar a individualidade (construir a própria marca); • priorizar a inovação; • focar em resultados; • valorizar a estratégia; • ter atitude. Complementando as características destacadas por Oliveira, Dumon e Hollard (2007, p. 37) afirmam: “O sucesso de uma empresa não está na excelência de seu plano estratégico para os próximos cinco anos, mas na qualidade dos homens que dela fazem parte”. Os autores destacam que nem sempre todas as qualidades que fazem um candidato ser conceituado com “A” estão naquele que é o mais diplomado. Afinal, o sucesso profissional está além da excelência na vida acadêmica. O sucesso profissional requer do indivíduo o desenvolvimento de um perfil empreendedor. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 17 Os profissionais chamados de empreendedores corporativos ou intraempreendedores são muito valorizados pelas organizações, pois estão aptos a observar e analisar a situação atual da empresa, identificando oportunidades de projetar a organização a patamares superiores. São pessoas que não apenas desenvolvem seu potencial criativo e de inovação, mas concretizam esse potencial por meio de projetos de desenvolvimento de novos produtos, melhoria de processos, entre outros. Ao descrever o intraempreendedor, Chiavenato diz: Na verdade, o empreendedor é a pessoa que consegue fazer as coisas acontecerem, pois é dotado de sensibilidade para os negócios, tino financeiro e capacidade de identificar oportunidades. Com esse arsenal, transforma ideias em realidade, para benefício próprio e para benefício da comunidade. Por ter criatividade e um alto nível de energia, o empreendedor demonstra imaginação e perseverança, aspectos que, combinados adequadamente, o habilitam a transformar uma ideia simples e mal estruturada em algo concreto e bem-sucedido no mercado (CHIAVENATO, 2007, p. 7). Os intraempreendedores são pessoas motivadas, observadoras e com capacidade de realização. Para saber mais Leia a reportagem publicada em 28 mar. 2014 no site exame.com, intitulada “O perfil de profissional que as empresas querem em 2014”, e descubra mais sobre quais são as competências profissionais valorizadas pelo mercado. Acesse o link: <http://exame.abril.com.br/carreira/ noticias/o-perfil-de-profissional-que-as-empresas-querem-em-2014>. As empresas buscam talentos, e desenvolver estratégias para atraí-los e retê-los é um dos desafios da nova Gestão de Pessoas (GP). Vamos acompanhar, a seguir, a definição de talento, discutir estratégias para atraí-los e retê-los, entender o que é empregabilidade, delimitando quem é responsável por desenvolvê- la: a empresa ou os profissionais? U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações18 1.3 - Captação e retenção de talentos e empregabilidade Você se considera atrativo para o mercado de trabalho? Quais são os seus diferenciais competitivos? Você se considera um talento? Você está atento para desenvolver as competências que o mercado valoriza e que possam lhe garantir empregabilidade? Questão para reflexão “O aperfeiçoamento de si mesmo é a base fundamental de todo progresso” (Confúcio). Para falar da importância de uma empresa, identificar talentos no mercado, atraí-los, contratá-los e retê-los, vamos citar Almeida, que destaca: Todo esse cenário e ainda, a conscientização das organizações para o valor do capital humano como diferencial competitivo das organizações fizeram com que, no discurso inovador da gestão de pessoas, os talentos fossem considerados um dos pilares das organizações (ALMEIDA, 2009, p. 12). Chiavenato (2010, p. 53) diz que, para ser um talento, o indivíduo precisa possuir algo especial, algum diferencial competitivo. “Talentos: Dotados de conhecimentos, habilidades e competências que são constantemente reforçados, atualizados e recompensados”. Para saber mais Eugênio Mussak definiu talento em seu artigo intitulado “O que é ser um talento?” publicado na revista Você S/A: “[...] talentos não são gênios nem são possuidores de dons especiais. São apenas pessoas comuns, dotadas das mesmas ferramentas mentais da maioria da humanidade, porém com algo mais, que é quase intangível” (MUSSAK, 2013). Quer ler o artigo completo do autor? Então, acesse o link: <http://eugeniomussak.com.br/o-que-e-ser-um-talento/>. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 19 O profissional considerado um talento está comprometido com sua carreira e preocupado em desenvolver as competências que lhe garantam empregabilidade. O profissional que adota como estratégia a atualização constante de suas competências não busca um emprego vitalício, mas a empregabilidade vitalícia (OLIVEIRA; VASCONCELOS; VENÂNCIO, 2013). Acompanhe comigo o conceito de empregabilidade. O conceito de empregabilidade surgiu na década de 1990, referindo-se à capacidade dos profissionais de manterem suas carreiras protegidas dos impactos das transformações no mercado de trabalho, desenvolvendo competências técnicas e comportamentais alinhadas à nova realidade. Diversos autores discutem esse tema. Dias (2008, p. 2), por exemplo, relata que empregabilidade e competência são termos que caminham juntos, sendo que a empregabilidade representa a “[...] preparação que o trabalhador deveria buscar para se manter no emprego ou, se o perder, conquistar um outro emprego pela via de sua capacitação”. Oliveira, Vasconcelos e Venâncio (2013) parecem concordar com Dias (2008) e argumentam que, frente às novas perspectivas do emprego, o termo empregabilidade surge como uma necessidade de qualificação profissional que resulta no desenvolvimento de competências e que é considerado o principal vetor para assegurar e garantir a permanência ou a flexibilidade empregatícia no momento atual. Almeida (2009) diz que o termo empregabilidade está baseado na competência de adaptação do profissional ao mercado de trabalho. Assim, quanto mais adaptado o profissional estiver, maior será sua empregabilidade. Questão para reflexão O profissional empregável está sempre disponível para assumir as oportunidades que aparecem. Disponibilidade significa estar com as competências atualizadas e alinhadas com as exigências do mercado de trabalho. Suas competências estão atualizadas e refletem as demandas do atual mercado de trabalho? U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações20 Para saber mais Os vídeos a seguir reforçam e consolidam nossos conhecimentos sobre empregabilidade. Não deixe de acessá-los. Empregabilidade — entrevista com Mario Persona: <http:// www.youtube.com/watch?v=mX8xtqocxUU>. Como anda sua empregabilidade? <http://www.youtube.com/ watch?v=iE84BLIrL6M>. Mas qual é a relação entre atração de talentos, retenção de talentos e empregabilidade? Esta discussão se dá quando pensamos em quem deve assumir a responsabilidade por desenvolver a empregabilidade: profissionais ou empresas? Chiavenato (2010, p. 22) indica que o melhor antídoto contra o desemprego é o desenvolvimento dos conhecimentos e habilidades. Em um ambiente de hipercompetitividade é imperativo que as organizações sejam ágeis para antecipar tendências e mudanças de cenário e para desenvolver os conhecimentos e habilidades futuras. “A realização das metas e as estratégias da empresa serão cada vez mais dependente da expansão do conhecimento dos colaboradores”. Complementando as colocações de Chiavenato, acompanhe as considerações de Gil: Se, pois, as empresas quiseremprosperar, ou pelo menos sobreviver, deverão ajustar-se rápida e efetivamente a esse ritmo de mudança. Para tanto, irão precisar de trabalhadores cada vez mais qualificados. Sua capacidade de aprendizagem deverá ser contínua, para serem competitivas. Nesse contexto, o capital humano passa a ser entendido como estratégia fundamental para enfrentar as transformações radicais. Não são apenas as máquinas e os equipamentos que se tornam obsoletos; os conhecimentos e as habilidades também. A capacidade de gerar novos conhecimentos e agregá-los ao processo produtivo é que se torna a grande vantagem competitiva (GIL, 2011, p. 39). U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 21 Almeida (2009) diz que as pessoas talentosas somente colocarão suas competências ao dispor da organização, levando-a a alcançar resultados superiores, se esta as motivarem e permitirem que manifestem seus talentos. Assim, não basta as empresas contratarem pessoas talentosas, é fundamental que criem condições para que estas possam expressar tais talentos, transformando-se em talento organizacional. Só assim vão agregar valor à missão e aos objetivos estratégicos estabelecidos. É também nessa perspectiva que a retenção e o desenvolvimento dos profissionais considerados talentos deve estar no centro das estratégias de Gestão de Pessoas. É nesse sentido que a responsabilidade por desenvolver a empregabilidade não é apenas dos profissionais que querem manter sua atratividade para o mercado, mas também das organizações. Sobre este fato, Chiavenato (2010) relata: O maior desafio está em manter a empregabilidade do pessoal e dar condições para o desenvolvimento de seu potencial. O que motiva os colaboradores passa a ser: desenvolvimento pessoal, progresso na empresa, relações interpessoais e de trabalho, autorrealização, reconhecimento, trabalho em si, política administrativa e segurança no emprego (CHIAVENATO, 2010, p. 22). A atração e retenção de talentos dependem da incorporação do talento humano na cadeia de valor da organização e do seu comprometimento em entender as expectativas destes colaboradores. Isso significa oferecer-lhes novos desafios, perspectivas de crescimento, liberdade de atuação, um bom clima organizacional, políticas de treinamento e de desenvolvimento e investir em sua empregabilidade. “A realização das metas e as estratégias da empresa será cada vez mais dependente da expansão do conhecimento dos colaboradores” (CHIAVENATO, 2010, p. 22). Assim, é o profissional quem deve assumir as rédeas de sua carreira, alinhando suas competências às demandas do mercado de trabalho, protegendo-se do risco da obsolescência profissional e mantendo sua empregabilidade. As organizações devem igualmente investir no desenvolvimento da empregabilidade U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações22 dos colaboradores, encarando-os como ativos humanos, parceiros da organização, elementos essenciais para a realização de sua estratégia. Atividades de aprendizagem 1. As transformações no ambiente de atuação das organizações e no mercado de trabalho exigem um novo perfil de profissional. Descreva o perfil do profissional que as organizações almejam. 2. Defina o que é empregabilidade e explique de quem deve ser a responsabilidade de desenvolver a empregabilidade: organizações ou profissionais. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 23 Seção 2 O subsistema recrutamento e seleção na estratégia organizacional Introdução à seção Nesta seção, discutiremos a evolução da visão sobre o papel das pessoas nas organizações até o surgimento da atual Gestão de Pessoas (GP), detalhando seus objetivos e funções. Delimitaremos as responsabilidades pelo gerenciamento das pessoas nas organizações: gestores de linha e função de staff e, finalmente, apresentaremos as competências essenciais do profissional de Gestão de Pessoas que quer ter sucesso na profissão, destacando as competências de um selecionador. 2.1 Características da nova gestão de pessoas Para entendermos as características da nova Gestão de Pessoas (GP), convido você para acompanhar um breve histórico sobre a evolução da administração de pessoas ao longo do século XX, descrita por Chiavenato (2010), com o objetivo de entendermos a mudança da visão sobre as pessoas no ambiente organizacional. Industrialização clássica — da primeira metade do século XX até aproximadamente a metade da década de 1950. As empresas possuíam estrutura organizacional burocrática, com o predomínio de muitos níveis hierárquicos e as decisões centralizadas no topo da pirâmide organizacional. Os padrões de comunicação eram rígidos e os cargos definitivos e limitados. O foco estava na eficiência da produção, no método e na rotina, no ambiente estável, imutável, na tecnologia fixa e permanente e na baixa capacidade para a mudança e inovação. A cultura organizacional era voltada para o passado e o foco estava na conservação de tradições e valores. As pessoas eram vistas como “[...] fatores de produtos inertes e estáticos. Ênfase nas regras e controles rígidos para regular as pessoas” (Chiavenato, 2010, p. 40). A administração de pessoas era feita por meio dos departamentos de Relações Industriais. Industrial neoclássica — décadas de 1950 a 1990. As mudanças no mundo se aceleraram e a competição entre as empresas se intensificou, assim como a imprevisibilidade das mudanças U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações24 ambientais. Segundo Chiavenato (2010), foi necessário um novo modelo de gestão para acompanhar as mudanças e transformações do ambiente, visando incentivar a inovação e adaptação ao ambiente em mutação. Assim, buscou-se uma estrutura funcional acoplada à estrutura de produtos e serviços, com padrões duplos de interação em cargos mutáveis e inovadores, com um aumento da capacidade de processamento de informação, cargos com tarefas mais complexas e razoável capacidade para mudança e inovação. Nesse período, as pessoas eram vistas como recursos organizacionais e a ênfase para a administração das pessoas estava nos objetivos organizacionais. Surge então a ARH — Administração de Recursos Humanos. Era da informação — década de 1990 até hoje. É considerada a mais turbulenta do século, marcada por mudanças rápidas e inesperadas que surgem com a evolução das tecnologias de comunicação e informação. Para enfrentar as turbulências, as organizações precisam ser ágeis, ter mobilidade, capacidade de inovação e estarem preparadas para mudar, enfrentando as ameaças e as oportunidades. Para isso, precisam de equipes de trabalho multifuncionais que possuam missões específicas e objetivos definidos, e que possam se interligar e interagir virtual e eletronicamente. Dessa forma, o conhecimento, o capital humano e intelectual é valorizado. Além disso, a estrutura organizacional requer equipes autônomas, viabilizando uma organização mais ágil, maleável, fluída, simples e inovadora, com cargos flexívies e adequados a tarefas complexas e variáveis. As equipes devem ter capacidade expandida de processamento de informação e devem estar preparadas para as mudanças que serão cada vez mais frequentes e intensas. As equipes, através do potencial criativo e de inovação de seus integrantes, deverão estar preparadas para criar novos conhecimentos e trazer os diferenciais de competitividade para suas empresas. Assim, a era da informação traz uma nova visão sobre as pessoas nas organizações. Essa nova visão parte da valorização do conhecimento e do potencial de inovação do indivíduo dentro das equipes de trabalho. Assim, segundo Chiavenato (2010 p. 40), na era da informação “[...] as pessoas são vistas como seres humanos proativos einteligentes que devem ser impulsionados”. Chiavenato questiona: U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 25 Mas o que está acontecendo com a ARH? Na verdade, a ARH está se ajustando rapidamente aos novos tempos. Como? De uma maneira ampla e irreversível. Ela está deixando de ser ARH para se transformar em Gestão de Pessoas. De uma área fechada, hermética, monopolística e centralizadora que a caracterizavam no passado, a moderna ARH está se tornando uma área aberta, amigável, transparente e descentralizadora (CHIAVENATO, 2010, p. 42). Além disso, Chiavenato (2010, p. 56) complementa: “A era da informação, de forte mudança e instabilidade, está trazendo o modelo orgânico e flexível de estrutura organizacional, no qual prevalecem equipes multifuncionais de trabalho. É a época da gestão de pessoas e com pessoas” (CHIAVENATO, 2010, p. 56, grifo do autor). Mas quais são as características da nova Gestão de Pessoas? A moderna Gestão de Pessoas marca uma mudança na visão sobre o papel das pessoas para as organizações e na maneira de lidar com elas. Essa nova visão sobre as pessoas se baseia fundamentalmente nos seguintes aspectos, segundo Chiavenato (2010, p. 10): • pessoas como seres humanos; • pessoas como parceiras da organização; • pessoas como talentos fornecedores de competências; • pessoas como capital humano. Nesse sentido, o autor destaca: “Quando a organização está voltada para as pessoas, sua filosofia global e sua cultura organizacional passam a refletir essa crença” (Chiavenato, 2010, p. 11). Assim, surge a Gestão de Pessoas (GP) com formato de equipe, transformando os especialistas em multifuncionais, passando a reunir várias competências. A GP é definida por Chiavenato (2010) como um conjunto de processos dinâmicos e interativos que são: agregar pessoas, aplicar pessoas, recompensar pessoas, desenvolver pessoas, manter pessoas e monitorar pessoas. Assim, o autor destaca os seguintes objetivos para a Gestão de Pessoas: • Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão. • Proporcionar competitividade organizacional. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações26 • Proporcionar à organização pessoas bem treinadas e motivadas. • Aumentar a autoatualização e a satisfação das pessoas no trabalho. • Desenvolver e manter a qualidade de vida no trabalho. • Administrar e implementar a mudança. • Manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável. • Construir a melhor empresa e a melhor equipe (CHIAVENATO, 2010, p. 11-13). Cabe destacarmos que as funções de recrutamento e seleção fazem parte do subsistema Agregar Pessoas. Ao considerar a Gestão de Pessoas hoje, Chiavenato destaca: [...] a gestão de pessoas está deixando de ser a área voltada para trás, para o passado, para a tradição, e algumas poucas vezes para o presente — para se constituir em uma área aprumada para a frente, para o futuro e para o destino da empresa. Não mais a área que privilegia a tradição, para ser a área que focaliza o seu destino. Não mais a área que “vem de” e que anda de costas, para ser a área que “vai para” e que corre em direção ao futuro que está chegando. Esta será a GP de hoje e de amanhã (CHIAVENATO, 2010, p. 50). Podemos dizer que a nova Gestão de Pessoas favoreceu uma visão sistêmica dos processos que envolvem a administração de pessoas, colocando as pessoas no centro de suas atenções com foco no futuro. 2.2 Gestão de pessoas: responsabilidade de linha e função de staff Outra característica da nova Gestão de Pessoas e que merece destaque é a descentralização. Mas o que significa isso? Gil (2011) explica que, atualmente, as empresas estão transferindo a responsabilidade e o poder de decisão de uma central de comando para as pessoas que estão próximas das situações que precisam ser U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 27 solucionadas. Essa descentralização acontece também na Gestão das Pessoas. O autor afirma que: As atividades referentes à gestão de pessoas tendem a ser cada vez mais descentralizadas, a ponto de o órgão de recursos humanos em muitas empresas ficar reduzido a uma unidade de staff. A seleção vem deixando de ser realizada por seções específicas e passa a ser conduzida pelos próprios dirigentes das unidades em que os novos empregados irão trabalhar. O treinamento, por sua vez, tende a constituir atribuição das chefias, que em decorrência devem apresentar novo perfil. As expressões todo gerente deve ser gerente de recursos humanos e todo chefe deve ser um educador, mostram-se cada vez mais verdadeiras (GIL, 2011, p. 40). Portanto, segundo Chiavenato (2010) são os líderes (gerentes de linha) que passam a gerenciar suas equipes, afinal, são eles que estão próximos e que conhecem o potencial, os pontos fortes e as fraquezas de cada indivíduo de sua equipe. A área de Gestão de Pessoas (staff) assume um papel de assessoria e consultoria interna, oferecendo produtos e serviços aos gerentes. O autor acrescenta que, ao assumir essas novas responsabilidades, os gerentes devem aprender novas habilidades conceituais, técnicas e humanas para lidar com suas equipes de trabalho. Cabe à área de Gestão de Pessoas prestar assessoria aos gerentes para agregar valor à empresa e aos funcionários. Em termos práticos, Chiavenato (2010, p. 27) aponta quais são as responsabilidades de linha (gerentes/líderes) e a função de staff (área de Gestão de Pessoas). Gerentes de linha — cuidar de sua equipe de pessoas; tomar decisões sobre subordinados; executar as ações, cumprir metas e alcançar resultados de RH; cuidar da tática e das operações. Staff de Gestão de Pessoas — cuidar das políticas de RH; prestar assessoria e suporte; dar consultoria interna, proporcionar serviços, dar orientação e cuidar da estratégia de RH. O staff de Gestão de Pessoas atua para trazer para a organização todos os saberes, ou seja, todos os conhecimentos necessários para a concretização das estratégias organizacionais. Isso requer treinar os U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações28 gerentes/líderes para que assumam as novas responsabilidades de forma eficiente, alcançando os resultados organizacionais. Por fim, podemos dizer que a descentralização é uma das maiores mudanças na forma de administrar as pessoas nas organizações contemporâneas, e que atribui à área de Gestão de Pessoas um caráter estratégico de consultor interno, favorecendo a administração participativa dos líderes e equipes. Acompanhe, a seguir, quais são as competências que o profissional de Gestão de Pessoas deve desenvolver para assumir o seu papel estratégico. 2.2.1 As competências do profissional de gestão de pessoas Todas as considerações feitas até agora nos levam a concluir que a atenção do profissional de Gestão de Pessoas deve estar sempre voltada para os objetivos organizacionais e também para as mudanças no contexto de atuação das organizações, que impactam no modelo de gestão das empresas e em sua função. A descentralização da responsabilidade abriu espaço para o surgimento do profissional de Gestão de Pessoas técnico e estrategista, desempenhando as atividades operacionais e também atuando de forma estratégica com os gestores da organização, pensando tanto nos resultados imediatos, quanto nos resultados de longo prazo. A atuação estratégica requer novas competências do profissional de Gestão de Pessoas. Chiavenato (2010, p. 45) fala em múltiplos papéis para os profissionais de RH que assumem simultaneamente papel operacional e estratégico em quatro diferentes eixos: administração das estratégias de RH; administração da infraestrutura da empresa; administraçãoda contribuição dos funcionários; e administração da transformação e da mudança. Independente da organização de trabalho em que atua, o profissional da GP deve ter um perfil adequado e que envolva não somente a isenção de valores pessoais no momento da seleção, mas também outras características como: ter habilidade de comunicação, pois vai atuar com pessoas, em nome da empresa e, para isso, precisa ser claro e objetivo. Ter criatividade normalmente também é necessário, pois diante de situações adversas da profissão, deve ter bom humor e apresentar novas ideias para U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 29 solucionar as adversidades. Ter flexibilidade, uma vez que seu trabalho é realizado com as pessoas, e muitas vezes deverá renunciar a sua própria opinião, ou mesmo admitir as diferenças entre as pessoas, lidando com a diversidade de ideias e opiniões. Outro aspecto importante é a iniciativa, antecipando os erros e sugerindo soluções; e a proatividade, propondo mudanças que tragam resultados e providenciando recursos antes das demais pessoas. Ainda traçando o rol de competências do gestor de pessoas, destacamos a habilidade para solução de conflitos, pois o gestor precisa ser um solucionador de problemas, e não um criador de problemas. Para isso, é preciso que tenha habilidade no relacionamento interpessoal, sendo extrovertido quando necessário, tendo fluência verbal, bom humor e foco no ser humano. Também precisa ter foco em resultados, administrando bem seu tempo, assim como as adversidades da profissão. Além dessas, saber trabalhar em equipe, com produtividade, e exercer cooperação, por meio da disponibilidade e sensibilidade, são outras competências desse profissional. A autoconfiança, demonstrada através da segurança e autoestima, além da capacidade de correr riscos, é outra característica necessária. Estar sempre motivado, ter o foco no cliente e capacidade de cumprir prazos também são competências necessárias para o profissional de GP. Para saber mais Caio Lauer escreveu o artigo intitulado “Quem é o profissional de RH do futuro”, que foi publicado no portal Carreira & Sucesso em 31 jul. 2012. Acesse o link a seguir e encontre mais algumas características desse profissional. <http://www.catho.com.br/carreira-sucesso/gestao- rh/mercado-gestao-rh/quem-e-o-profissional-de-rh-do-futuro>. Boa leitura! Questão para reflexão Quais das competências destacadas como fundamentais aos profissionais de GP você acredita ter? Quais competências você precisa desenvolver? Faça uma autoanálise e trace o seu plano de ação! U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações30 Além de todas as características do profissional de Gestão de Pessoas destacadas pelos autores que acabamos de estudar, cabe citarmos Gil (2011, p. 66) que afirma: “Ao profissional de recursos humanos compete o desempenho de inúmeros papéis”. Dentre esses papéis, o autor destaca: comunicador, selecionador, treinador, avaliador de desempenho, analista de cargos, motivador, líder, negociador, gestor de qualidade e, finalmente, coach. 2.2.1.1 Competências do selecionador De acordo com Gil (2010, p. 66), cabe ao selecionador: “[...] propor critérios e elaborar instrumentos para recrutamento, seleção e adaptação das pessoas na empresa”. O profissional que atua nas atividades de recrutamento e seleção de pessoal deve ter algumas características pessoais, perfil e competências específicas. A postura adotada pelo selecionador é fundamental para o bom andamento do processo seletivo. Respeitar o candidato e criar empatia, colocando-se no lugar daquele que está sendo observado e avaliado, são algumas condutas que o selecionador deve adotar para conduzir o processo de forma profissional, ética e digna. A prática profissional nos mostra que o selecionador precisa, antes de tudo, deixar de lado seu julgamento pessoal, não avaliando os candidatos de acordo com seus valores pessoais, considerando o que lhes agradam ou desagradam. Dessa forma, no momento da seleção é importante que haja isenção de valores pessoais. No entanto, para que o selecionador possa se isentar de seus valores pessoais, ele deve exercitar seu autoconhecimento. Afinal, a análise de um candidato deve ser baseada em fatos e dados, isenta de preconceitos. Lodi (1993) aponta alguns preconceitos que são erros comuns cometidos pelos selecionadores ao longo do processo de seleção: • Basear-se em opiniões particulares. • Deixar-se levar pela influência que a pessoa exerce em seu meio. • Preferência por certo tipo humano. • Preconceitos de raça, religião e política. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 31 • Pensar que há somente um estereótipo para cada função. • Tomar as características da pessoa ideal de modo isolado e não em conjunto. • Pensar que a experiência anterior é a melhor garantia de habilidade. A sugestão que deixo para os selecionadores é analisar todos estes aspectos e se preparar para ser um profissional de seleção ético e justo em todas as etapas do processo, contribuindo para uma imagem positiva de sua empresa frente aos candidatos e ao mercado de trabalho. Lembre-se: uma organização é feita de pessoas. As pessoas são seres únicos, dotados de talentos e destrezas que colocam seus dons a serviço das organizações. Prover as organizações com talentos capazes de levar a organização a alcançar seus objetivos estratégicos e a manter sua competitividade no mercado é o desafio do subsistema Recrutamento e Seleção de Pessoal (agregar pessoas, captação e seleção de talentos) na estratégia das organizações. Atividades de aprendizagem 1. Explique a evolução da visão sobre as pessoas para as organizações ao longo do século XX e os reflexos para a Gestão de Pessoas. 2. Em sua opinião, quais são as principais características da nova Gestão de Pessoas? 3. Destaque as principais competências que o profissional de Gestão de Pessoas deve desenvolver. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações32 Seção 3 Planejamento da previsão de pessoal Introdução à seção Nesta seção, abordaremos aspectos que dão sustentação ao processo de recrutamento e seleção de pessoal. Primeiro, vamos compreender a importância de se fazer um planejamento da previsão de pessoal, analisando o estado atual da estrutura de RH e as necessidades futuras. Em seguida, apresentaremos o que é a descrição e análise de cargos como elementos que sustentam diversos processos da Gestão de Pessoas, em especial, o processo de recrutamento e seleção. 3.1 Análise do estado atual da estrutura de Recursos Humanos da organização e análise de necessidades futuras Você já executou alguma tarefa sem antes planejá-la? Lembra-se do resultado obtido? Se tivesse feito um planejamento prévio, acredita que teria obtido um resultado melhor? Esses questionamentos nos remetem à importância que o ato de planejar tem em nossa vida cotidiana. No dia a dia das empresas não é diferente. Definir estratégias e planejar as ações é condição essencial para o sucesso de qualquer projeto ou atividade, inclusive dos processos de recrutamento e seleção de pessoal que, conforme vimos, atualmente assumem status de captação, seleção e retenção de profissionais. Qualquer organização que queira atuar de maneira estratégica deve prever a quantidade de pessoas necessária para que possa operar com eficiência. Esse planejamento direciona as ações de recrutamento e seleção de pessoal, pois antecipa a necessidade de aumento ou redução do quadro de funcionários, prevê as rotações naturais que ocorrem devido a aposentadorias, transferências ou promoções, entre outros fatores que podem ajudar a área de Gestão de Pessoas a elaborarum plano de ação alinhado às estratégias organizacionais. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 33 Planejar a necessidade de pessoal é responder a três perguntas básicas: De quem precisamos? Para que precisamos? Por que precisamos? “De quem precisamos?” define o perfil do profissional necessário. “Para que precisamos?” define o cargo e as atividades que a pessoa vai realizar. “Por que precisamos?” justifica a necessidade de agregar essa pessoa às equipes de trabalho. Chiavenato define o que é o planejamento de recursos humanos: O planejamento de recursos humanos representa um processo de decisão a respeito dos recursos humanos necessários para atingir os objetivos organizacionais dentro de determinado período de tempo. Trata-se de antecipar a força de trabalho e os talentos humanos necessários para a realização de ação organizacional futura (CHIAVENATO, 2009, p. 29). Mas por onde começar esse planejamento? Quais aspectos devem ser observados pelos gestores ao planejar sua necessidade de pessoal? Sobral e Peci (2007) afirmam que o planejamento de RH deve considerar a missão e os objetivos da organização, e deve ser seguido de algumas etapas: análise do estado atual da estrutura de RH, avaliação das necessidades futuras, descrição e análise do cargo. Para a análise do estado atual de RH, Sobral e Peci (2007) orientam para que sejam avaliados as habilidades e os talentos disponíveis na organização através de um inventário de recursos humanos. Esse inventário identifica: • o número de funcionários atual; • o grau de instrução; • experiência na função atual; • tempo de serviço na organização; • aptidões e competências específicas, entre outras. Após esse levantamento, é necessário prever modificações futuras que possam surgir devido à movimentação interna e externa de pessoal. Assim, a avaliação das necessidades futuras de pessoal deve considerar, segundo os autores: U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações34 Rotação Interna • promoções; • transferências. Rotação externa • aposentadoria; • licenças; • desligamentos. O terceiro passo, segundo Sobral e Peci (2007 p. 334), é a descrição e análise de cargos. A descrição de cargos contém a relação das tarefas, deveres e responsabilidades envolvidas na realização da função, e a análise de cargos “[...] visa conhecer o conteúdo do trabalho e as características das pessoas que devem ser contratadas para determinados cargos. O propósito dessa análise consiste na identificação das exigências, atitudes e comportamentos necessários para o desempenho das tarefas com eficácia”. Os autores afirmam que: “Com base nessas informações, a organização pode projetar o perfil de seus trabalhadores para determinado período, considerando as mudanças previstas” (Sobral; Peci, 2007, p. 334). Detalharemos, a seguir, as bases para a previsão de pessoal e a descrição e análise de cargos. Acompanhe comigo. 3.2 As bases para a previsão de pessoal Conforme falamos anteriormente, planejar deve fazer parte da cultura organizacional, e o planejamento da previsão de pessoal é tarefa fundamental para a Gestão de Pessoas. A falta de funcionários suficientes para que a empresa atue com eficiência e eficácia operacional afetará seus resultados, e é aí que a área de Gestão de Pessoas pode atuar de forma estratégica, alinhando-se aos objetivos traçados e antecipando as demandas atuais e futuras. Pontes (2004, p. 68) indica como bases para a previsão de pessoal os planos estratégicos, os fatores externos e a rotação de pessoal. A análise conjunta desses elementos permite uma visão abrangente sobre a necessidade de pessoal. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 35 Planos estratégicos Planos e orçamentos das unidades Previsão de vendas Reorganizações internas Planos organizacionais Cenário econômico Aspectos legaisFatores externos Aposentadorias Pedidos de demissão Promoções Transferências Rotação de Pessoal O autor relata que, para prever a necessidade de pessoal, é preciso analisar os planos organizacionais, pensando inicialmente nas estratégias traçadas, nos orçamentos das unidades, na previsão de vendas e nas reorganizações internas. Imagine que empresa traçou como estratégia aumentar em 10% o seu volume de produção, pois identificou uma oportunidade de aumento de vendas na Região Sul. Bem, para aumentar o volume de produção, é necessário analisar se o número atual de funcionários consegue absorver o novo volume de produção ou se será necessário contratar mais funcionários. Mas será que o orçamento da unidade permite a contratação de mais funcionários ou será necessário que os gestores pensem em reorganizações internas visando ao alinhamento com essa nova estratégia? Dentre os fatores externos, temos a análise do cenário econômico e dos aspectos legais. Atuamos, hoje, em um mercado globalizado, sendo que é importante considerar todas as variáveis que possam interferir no segmento em que se atua, vislumbrando oportunidades. Há alguma nova legislação que pode interferir na composição do quadro de pessoal? Um exemplo são as orientações do Ministério do Trabalho com relação ao número de PCD — Pessoas com Deficiência — nas empresas. Organizações com até 200 funcionários devem ter 2% de PCD em seu quadro; de 201 a 500, 3%; de 501 a 1000, 4%; acima de 1000, 5% de PCD. O terceiro fator de análise, de acordo com Pontes (2004) é, U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações36 portanto, a rotação de pessoal, o que envolve, como já vimos nas palavras de Sobral e Perci (2007), as aposentadorias, pedidos de demissão, promoções e transferências. Complementando as ideias de Sobral e Perci (2007) e de Pontes (2004) sobre o planejamento da previsão de pessoal para as organizações, é importante citarmos Chiavenato (2009). Ele explica que existem vários modelos de planejamento de RH: modelo baseado na procura estimada do produto; modelo baseado em segmentos de cargos; modelo de substituição de postos-chave; modelo baseado no fluxo do pessoal; e modelo de planejamento integrado. Este último, o modelo de gestão integrado é mais amplo e abrangente que os demais e parece ser o que melhor complementa os direcionamentos dos autores já citados. Nesse modelo, as seguintes variáveis devem ser consideradas para o planejamento da previsão de pessoal: 1. Volume de Produção desejado ou planejado. 2. Mudanças tecnológicas dentro da organização que alterem para melhor a produtividade do pessoal. 3. Condições de oferta e procura no mercado consumidor e comportamento de compra da clientela. 4. Planejamento de carreiras dentro da organização (CHIAVENATO, 2009, p. 35). O modelo sugerido por Chiavenato agrega novos elementos aos aspectos considerados pelos autores já citados, como as inovações tecnológicas que, se incorporadas pelas organizações, podem levar à necessidade de aumento ou redução de quadro de pessoal; a situação do mercado de trabalho em oferta ou em procura afetando as estratégias de recrutamento e seleção; e o planejamento de carreiras que impacta na rotação de pessoal. Chiavenato (2009, p. 36) afirma que o modelo integrado busca uma visão sistêmica e abrangente de planejamento de pessoal. Assim, após considerar os direcionamentos de Pontes (2004), Sobral e Peci (2007) e Chiavenato (2009), podemos sugerir itens de ações que deverão ser realizadas para o de planejamento de necessidade de pessoal, incorporando os aspectos mais relevantes de cada autor. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 37 Quadro 1.1 Direcionamentos para o planejamento da necessidade de pessoal 1. MISSÃO DA EMPRESA 2. INVENTÁRIODE RH • número de funcionários atual • grau de instrução • experiência na função atual • tempo de serviço na organização • aptidões e competências específicas, entre outras 3. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE CARGO 4. PLANOS ORGANIZACIONAIS • planos estratégicos • planos e orçamentos das unidades • previsão de vendas • reorganizações internas • volume de produção desejado ou planejado • incorporação de novas tecnologias 4. ROTAÇÃO DE PESSOAL • plano de carreira • promoções • transferências • licenças • aposentadorias • demissões 5. AVALIAÇÃO DE FATOS EXTERNOS • cenário econômico • aspectos 6. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE OFERTA E PROCURA DO MERCADO DE TRABALHO Fonte: Do autor (2014). O Quadro 1.1 resume todos os elementos que devem ser analisados pelo profissional de RH ao elaborar o planejamento da necessidade de pessoas para a organização, permitindo desenvolver seu trabalho com maior certeza da eficácia dos resultados. Esse plano também facilita a avaliação dos novos cargos disponíveis na organização por meio de uma lista das pessoas necessárias em cada setor de trabalho. A partir dessa lista é possível identificar se o trabalho seguirá pelo processo de seleção ou de treinamento. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações38 3.2.1 Descrição e análise de cargos Agora vamos aprofundar nossos conhecimentos sobre a descrição e análise de cargos como ponto de partida para o processo de recrutamento e seleção. Questão para reflexão Você sabe o que é uma descrição e uma análise de cargos? Imagina sua importância para a Gestão de Pessoas? A descrição das atividades profissionais de cada cargo serve como ponto de partida para estruturarmos muitas atividades no gerenciamento das pessoas dentro das empresas, como o plano de carreira, as políticas de recrutamento e de seleção, o treinamento e desenvolvimento, a remuneração e a avaliação de desempenho, entre outras atividades específicas de cada organização. Enquanto a descrição de cargos discrimina as atribuições de quem trabalha em determinado cargo, a análise aponta para nós os requisitos necessários para se ocupar o referido cargo. Convido você a entender o que são essas atividades e como executá-las. 3.2.1.1 Descrição de cargos De acordo com Chiavenato (2010, p. 218), “[...] a descrição de cargo é um retrato simplificado do conteúdo e das principais responsabilidades do cargo. Ela define o que o ocupante faz, quando faz, como faz, onde faz e por que faz”. Ela relaciona as tarefas, deveres e responsabilidades do cargo por meio de uma narrativa e trata dos aspectos extrínsecos ao cargo. Para saber mais Você sabe o que é um cargo e qual a sua importância? Então leia o artigo postado pelo professor Valmir Costa no blog RH e Relações Humanas, intitulado “O cargo e sua importância — organizações e pessoas”, publicado em 15 jul. 2012 e disponível no link: <http:// profvalmirh.blogspot.com.br/2012/06/o-cargo-e-sua-importancia- para-as.html>. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 39 O autor complementa dizendo que: “[...] essa definição é utilizada para definir as especificações do cargo, que relacionam os conhecimentos, habilidades e capacidades necessárias ao desempenho satisfatório do cargo” (CHIAVENATO, 2010, p. 217). Essa relação de todas as atividades que um empregado deverá realizar no exercício de sua função é essencial para que se possa conduzir, num segundo momento, a análise do cargo, definindo quais são os requisitos em termos de qualificações, ou seja, formação necessária, necessidade de experiência na função, entre outras. Chiavenato (2010, p. 218) estabelece uma metodologia para descrever o conteúdo de um cargo, que funciona assim: Figura 1.1 Conteúdo do cargo O que faz Quando faz Como faz Onde faz Por que faz • Tarefas e atividades a executar • Periodicidade: diária, semanal, mensal, anual, esporádica • Local e ambiente de trabalho • Objetivos do cargo • Metas e resultados a atingir • Através de: pessoas, máquinas e equipamen- tos, materiais, dados e informações Fonte: Adaptada de Chiavenato (2010, p. 218). Para entendermos como fazer a descrição das atividades que compõem o conteúdo do cargo, foram retiradas do exemplo de descrição de cargo sugerido por Chiavenato (2010, p. 219) duas atividades que um profissional de enfermagem deve realizar e distribuídas dentro dos itens quem faz, quando faz, como faz, onde faz e por que faz. Veja no Quadro 1.2. Avaliar dimensões físicas, emocionais e psicológicas dos pacientes. Avaliar o paciente por escrito após sua admissão e comunicá-la aos que cuidam dele, conforme políticas internas do hospital. Quadro 1.2 Descrição de atividade de profissional de enfermagem Fonte: Chiavenato (2010, p. 219). U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações40 Veja no Quadro 1.3 a descrição da atividade do empregado distribuída dentro dos itens propostos pelo autor: Quadro 1.3 Detalhamento de descrição de atividade de cargo dentro da metodologia proposta por Chiavenato (2010) O que faz? Avaliar dimensões físicas, emocionais e psicológicas dos pacientes Quando faz? Após sua admissão Como faz? Por escrito, conforme políticas internas do hospital Onde faz? No hospital Por que faz? Para comunicar aos que cuidam do paciente Fonte: Adaptado de Chiavenato (2010). Assim, para cada uma das tarefas a serem realizadas pelo candidato, a descrição deve considerar esses cinco aspectos propostos pelo autor. Como já vimos, para todas as atividades e responsabilidades que o ocupante da vaga deverá realizar, é necessário conduzir uma análise desse cargo, o que veremos adiante. Mas como coletar dados sobre o cargo que você precisa descrever? Por onde começar a relacionar as atividades que esse profissional deve realizar diária, semanal, mensal ou esporadicamente? O próprio Chiavenato (2010) propõe três métodos que podem ser utilizados para determinar o conteúdo de um cargo: entrevista, questionário e observação. Entrevista A entrevista é considerada o método mais utilizado para saber quais tarefas devem ser realizadas pelos ocupantes de um determinado cargo. Chiavenato (2010, p. 220) sugere três tipos de entrevistas: a) individuais com cada profissional que ocupa o cargo a ser descrito; b) entrevistas grupais, com grupos de funcionários que ocupam um mesmo cargo e; c) entrevistas com o supervisor que conhece o cargo a ser descrito e analisado. É importante esclarecer que esta entrevista não é uma entrevista de seleção de pessoal, mas com profissionais que já ocupam o cargo a ser descrito, a fim de que eles falem de tarefas que realizam, sua periodicidade, seus deveres e responsabilidades. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 41 Chiavenato (2010) relaciona doze perguntas que podem ser feitas em uma entrevista para descrição de cargo. Você as verá na íntegra mais adiante, e, para fins didáticos, estão agrupadas no Quadro 1.4: Quadro 1.4 Perguntas para entrevista para descrição e análise de cargos 1) Qual o cargo que você desempenha? 2) O que você faz? 3) Quando faz: diária, semanal e mensalmente? 4) Como você faz? Quais os métodos e processos utilizados? 5) Por que você faz? Quais os objetivos e resultados do trabalho? 6) Quais os seus principais deveres e responsabilidades? 7) Em que condições físicas você trabalha? Quais as demandas de saúde e de segurança? 8) Qual é a escolaridade, experiência, habilidades que seu cargo requer? 9) Quais são os requisitos físicos que o cargo exige? E quais requisitos mentais? 10) Quem é o seu fornecedor interno (entradas) e seu cliente interno (saídas)? 11) Quem é o seu superiorimediato? O que você reporta a ele? 12) Quem são os seus subordinados? Explique. Fonte: Chiavenato (2010, p. 220-221). Questionário Outra maneira de coletar informações para a elaboração da descrição e análise de cargos é o questionário, que normalmente segue a mesma estrutura ou sequência de perguntas da entrevista. A diferença é que neste os ocupantes do cargo e o supervisor deverão preenchê-lo. Chiavenato (2010, p. 222) apresenta um modelo de questionário para descrição e análise de cargo. Veja no Quadro 1.5 o questionário proposto por Chiavenato: Nome: _____________________________ Título do cargo: ___________________ Departamento: _______________________ Superior imediato: _________________ 1) Sumário dos deveres — Escreva com suas próprias palavras tudo aquilo que você faz: Quadro 1.5 Questionário para descrição e análise de cargo U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações42 2) Qualificações profissionais — Relacione os conhecimentos que você utiliza em seu trabalho: 3) Equipamentos — Relacione as máquinas ou instrumentos (calculado- ra, computador, motor) que você opera como parte de seu trabalho: 4) Responsabilidades — Relacione todas as suas responsabilidades em ordem decrescente de importância e a percentagem de tempo a elas dedicada por mês: 5) Contatos — Liste os contatos com outros departamentos ou em- presas. Defina os deveres e responsabilidades envolvidos nesses contatos internos ou externos: 6) Supervisão exercida — Seu cargo tem responsabilidades por super- visão de pessoas? Sim ( ) Não ( ) Se a resposta é sim, relacione os cargos sob sua supervisão direta: 7) Supervisão recebida — Qual a frequência da supervisão que você recebe de seu superior? ( ) frequentemente ( ) às vezes ( ) raramente ( ) nunca 8) Decisões — Explique as decisões que você toma no desempenho de seu cargo: 9) Condições de trabalho — Descreva as condições sob as quais você trabalha, como ruídos, temperaturas quentes ou frias, trabalho exter- no, condições desagradáveis: 10) Requisitos exigidos pelo cargo — Indique os requisitos mínimos necessários ao cargo. Escolaridade: Experiência: Conhecimentos específicos: Habilidades: 11) Informação adicional — Descreva toda informação adicional não incluída nos itens anteriores: Fonte: Chiavenato (2010, p. 222). Observação O terceiro método sugerido pelo autor para a coleta de dados para descrição e análise de cargos é utilizar a observação, estratégia sugerida para cargos simples, rotineiros e repetitivos, mais ligados às linhas de montagem e operação de máquinas. Nesse método, o profissional de Gestão de Pessoas faz a observação direta daquilo que o ocupante do cargo faz. Para isso, utiliza um questionário que é preenchido pelo gestor com o objetivo de garantir que cobrirá todas as informações necessárias para a descrição e posterior análise de cargos. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 43 Nos métodos da entrevista e do questionário, temos a participação ativa dos ocupantes fornecendo informações sobre os cargos descritos. Na observação, a participação dos ocupantes do cargo é passiva, ou seja, enquanto realiza seu trabalho, o analista observa e faz as anotações necessárias. 3.2.2 Análise de cargos A análise do cargo é o momento em que identificamos quais são os requisitos mínimos que o profissional que irá ocupar o cargo precisa ter para executar suas atividades de maneira apropriada. Entre esses requisitos, podemos citar a formação acadêmica, idade e experiência anterior na função. Dessler (2003) define a análise de cargos como um procedimento pelo qual se determinam as obrigações dos cargos e as características dos candidatos que devem ser contratados. Chiavenato (2010) complementa: Analisar um cargo significa detalhar o que o cargo exige do se ocupante em termos de conhecimentos, habilidades e capacidades para que possa desempenhá-lo adequadamente. A análise é feita a partir da descrição de cargo. Embora sejam intimamente relacionadas, a diferença é que enquanto a descrição de cargos focaliza o conteúdo do cargo (o que o ocupante faz, quando faz, como faz e por que faz), a análise procura determinar quais os requisitos físicos e mentais que o ocupante deve possuir, as responsabilidades que o cargo lhe impõe e as condições em que o trabalho deve ser feito (CHIAVENATO, 2010, p. 219). O mesmo autor apresenta os fatores de especificações na análise de cargos, conforme a Figura 1.2: Requisitos mentais • Instrução necessária • Experiência anterior • Iniciativa • Aptidões Requisitos físicos • Esforço físico • Concentração visual ou mental • Destrezas ou habilidades • Compleição física Figura 1.2 Análise do cargo U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações44 Responsabilidade por • Supervisão de pessoas • Material, equipamento ou ferramenta • Dinheiro, títulos ou documentos • Contatos internos ou externos Condições de trabalho • Ambiente físico de trabalho • Riscos de acidentes Fonte: Chiavenato (2010, p. 220). A análise do cargo fundamenta a construção do perfil da vaga ou especificações do cargo, que abrange informações sobre características técnicas e comportamentais que o profissional precisa ter para executar o trabalho. Perfil da vaga ou especificações do cargo Depois de determinado o conteúdo do cargo (descrição) e analisados os fatores de especificação deste em termos de requisitos mentais, físicos, responsabilidades e condições de trabalho, já é possível determinar qual o perfil do profissional ideal para essa vaga e também qual é o nível de experiência necessário para que o ocupante possa desempenhar bem suas funções. O perfil do cargo determina as qualidades necessárias e, sobre ele, Dessler argumenta: O senso comum precisa ser usado na compilação da lista de requisitos humanos. Certamente, características humanas específicas do cargo, como habilidade manual e grau de instrução são importantes. Entretanto, não se deve ignorar o fato de que há também comportamentos de trabalho como diligência, eficácia, boa frequência e honestidade que parecem se aplicar a quase todos os trabalhos imagináveis, mas que muitas vezes não são revelados nas análises de cargo (DESSLER, 2003, p. 73). Podemos entender tecnicamente esse perfil como as competências do cargo. Agora que já entendemos como descrever o conteúdo de um cargo, como analisar os requisitos necessários para a realização das atividades descritas e como definir o perfil do cargo, apresentaremos um exemplo de descrição de cargo no próximo item. U1 - O subsistema recrutamento e seleção na estratégia das organizações 45 Para saber mais Você conhece a relação entre a descrição de cargos, o recrutamento e a seleção de pessoas? Leandro Zago discute essa relação em seu artigo publicado no site RH.com.br. “Descrição de cargos, recrutamento e seleção: a importância desses três fatores no sucesso das organizações.” Disponível em: <http:// www.rh.com.br/Portal/Salario_Beneficio/Artigo/5080/descricao- de-cargos-recrutamento-e-selecao-a-importancia-desses-tres- fatores-no- sucesso-das-organizacoes.html>. 3.2.3 Escrevendo a descrição de cargo Nosso objetivo agora é agrupar todas as informações do conteúdo do cargo e a sua análise em um modelo prático. É importante atentarmos para o fato de que as descrições de cargo precisam ser revisadas periodicamente, acompanhando as transformações do mercado de trabalho e cenários de atuação das organizações. Shwiff (2011, p. 19) orienta: Questão para reflexão Você já realizou uma descrição de cargos? Sabe como elaborar esse documento? É importante que a descrição de cargo contenha os seguintes elementos: título, síntese
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