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1 CAPÍTULO 4 SISTEMA MUSCULAR Ao final da leitura deste capítulo o aluno deverá ter condições de discutir a respeito de: 1. Especificidades da célula muscular. 2. Sarcômeros. 3. Tipos de músculos encontrados no corpo quanto a localização, função e tipo de contração. 4. Placa motora e unidade motora. 5. Envoltórios do tecido muscular. 6. Tipos de fixação do músculo esquelético. 7. Inervação e vascularização do músculo esquelético. 8. Classificação funcional dos músculos esqueléticos. 9. Classificação morfológica dos músculos esqueléticos. 10. Músculos esqueléticos superficiais do corpo humano. 1. INTRODUÇÃO A capacidade de reagir em resposta a uma modificação do meio ambiente constitui uma das propriedades fundamentais do protoplasma animal. Assim, um ser unicelular em contato com um agente irritante contrai-se no ponto de estímulo e emite um prolongamento do citoplasma no ponto oposto àquele que foi estimulado. Diz-se que a célula contraiu-se ao ser estimulada, distanciando-se do agente de estímulo; em suma, ocorreu um movimento. Porém, sendo unicelular, ele deve realizar com uma única célula, uns cem números de atividades: respiração, absorção, excreção etc. Nos seres multicelulares, as células diferenciam-se para realizar funções específicas: algumas são apropriadas à respiração, outras à absorção, etc. As chamadas células musculares especializam-se para a contração e o relaxamento. Estas células agrupam-se em feixes para formar massas macroscópicas chamadas músculos, os quais acham-se fixados pelas suas extremidades. Assim, músculos são estruturas que movem os segmentos do corpo por encurtamento da distância que existe entre suas extremidades fixadas, ou seja, por contração. Dentro do aparelho 2 locomotor, constituído pelos ossos, articulações e músculos, estes últimos são os elementos ativos do movimento. Além de tornar possível o movimento, a musculatura também mantém unidas as peças do esqueleto, determinando a posição e a postura do esqueleto. O tecido muscular constitui cerca de metade do peso total do corpo. A maior parte da forma do corpo é devida aos numerosos músculos presos ao esqueleto e subjacentes à pele. Outros músculos estão localizados nas paredes dos órgãos ocos e nos vasos sanguíneos. Os músculos realizam três funções principais: (1) movimento, (2) produção de calor, (3) sustentação do corpo e manutenção da postura. 1. Movimento – a função mais evidente realizada pelos músculos esqueléticos é a de movimentar o corpo ou partes do corpo, como andar, correr, escrever, mastigar e deglutir. Sua contração é igualmente importante na respiração e na movimentação interna dos líquidos corporais. A estimulação das fibras musculares esqueléticas individualmente mantém um estado de contração muscular chamado tônus, que é importante para a movimentação do sangue e da linfa. A contração involuntária do tecido muscular liso é também essencial para o movimento de substâncias através do corpo. Da mesma forma, a contração involuntária do tecido muscular cardíaco bombeia continuamente sangue ao longo do corpo. 2. Produção de calor – a temperatura do corpo é mantida invariavelmente constante. O metabolismo no interior das células libera calor como produto final. Considerando que os músculos constituem aproximadamente 40% do peso do corpo e suas fibras estão em contínua atividade, eles são a principal fonte de calor do corpo. A produção de calor aumenta muito durante os exercícios forçados. 3. Postura e manutenção do corpo – o sistema esquelético proporciona um arcabouço para o corpo, mas os músculos esqueléticos mantêm a postura, estabilizam as articulações flexíveis e dão suporte às vísceras. Certos músculos são músculos posturais ativos cuja função principal é atuar em oposição à gravidade. O tecido muscular do corpo é de três tipos: cardíaco, liso e esquelético. Os três apresentam as seguintes propriedades básicas: 1. Irritabilidade – o tecido muscular é sensível aos estímulos dos impulsos nervosos. 2. Contratilidade – o tecido muscular responde aos estímulos contraindo-se longitudinalmente ou se encurtando. 3 3. Extensibilidade – quando o estímulo diminui e as fibras musculares estão relaxadas, elas podem ser estiradas até mesmo além de seu tamanho de repouso pela contração de um músculo antagonista. 4. Elasticidade – as fibras musculares, após terem sido estiradas, tendem a recuar ao seu tamanho original de repouso. A célula muscular está normalmente sob o controle do sistema nervoso. Cada músculo possui o seu nervo motor, o qual divide-se em muitos ramos para poder controlar todas as células do músculo. As divisões mais delicadas, microscópicas, destes ramos terminam, em cada célula muscular, num mecanismo especializado conhecido como placa motora. Quando o impulso nervoso passa através do nervo, a placa motora transmite o impulso à célula muscular determinando a sua contração. Uma unidade motora é a unidade funcional de um músculo, que consiste em um neurônio motor e as fibras musculares que ele controla. Quando um impulso nervoso alcança um neurônio motor na medula espinal, um outro impulso é iniciado, o que faz com que todas as fibras musculares supridas por aquela unidade motora se contraiam simultaneamente. A quantidade de fibras musculares em uma unidade motora varia de uma a várias centenas, de acordo com o tamanho e função do músculo. Grandes unidades motoras, nas quais um neurônio supre várias centenas de fibras musculares, são encontradas nos grandes músculos do tronco e da coxa. Nos pequenos músculos do bulbo do olho e da mão, onde movimentos precisos são necessários, as unidades motoras incluem apenas umas poucas fibras musculares. Quando o impulso para a contração resulta de um ato de vontade diz-se que o músculo é voluntário; se o impulso parte de uma porção do sistema nervoso, conhecida como sistema nervoso autônomo, sobre o qual o indivíduo não tem controle consciente, diz-se que o músculo é involuntário. Os músculos voluntários distinguem-se histologicamente dos involuntários por apresentarem estriações transversais (figura 1). Por esta razão são estriados, enquanto os involuntários são lisos. O músculo cardíaco, por sua vez, assemelha-se ao músculo estriado, histologicamente, mas atua como músculo involuntário, além de se diferenciar dos dois por uma série de características que lhe são próprias. Também é possível distinguir os músculos estriados dos lisos pela topografia: os primeiros são esqueléticos, isto é, estão fixados, pelo menos por uma das extremidades, ao 4 esqueleto; os últimos são viscerais, isto é, são encontrados na parede das vísceras de diversos sistemas do organismo. Figura 1. Representação de músculo estriado (a) e liso (b). Observe as estriações transversais nas fibras musculares estriadas. 2. ANATOMIA MACROSCÓPICA DOS MÚSCULOS ESQUELÉTICOS Quando se examina os músculos esqueléticos sem o uso de microscópio, e se faz uma dissecção grosseira, é possível verificar vários aspectos distintos dos músculos individuais. Entre as mais óbvias características estão as coberturas ou envoltórios de tecido conjuntivo, as fixações e a forma de cada músculo. 2.1. Envoltórios de Tecido Conjuntivo As fibras musculares que se contraem não seriam eficientes se elas atuassem como unidades isoladas. Cada fibra é ligada às fibras adjacentes formando feixes, e os feixes são ligados a outros feixes. Com esta disposição, a contração em uma área de um músculo atua em conjunto com fibras que se contraem em outro lugar do músculo. A estrutura que faz a ligação no interior do músculo é o tecido conjuntivo frouxo. O tecido conjuntivo está estruturalmente organizado no interior do músculo para proteger, fortalecer, ligar as fibras musculares em feixes e ligar os feixes em músculos(figura 2). As fibras individuais dos músculos esqueléticos estão envolvidas por uma bainha fina de tecido conjuntivo chamada endomísio. O endomísio liga fibras adjacentes em conjunto e contém vasos capilares e terminações nervosas que servem o músculo. Outro tecido conjuntivo, o perimísio, liga grupos de fibras musculares reunidas em feixes chamados fascículos. O perimísio contém vasos sanguineos e fibras nervosas que servem a vários fascículos. O músculo inteiro é coberto pelo epimísio, que por sua vez é contínuo com um tendão. 5 Figura 2. Figura demonstrando os delgados tecidos conjuntivos que envolvem o ventre muscular (epimísio), os fascículos (perimísio) e cada fibra muscular (endomísio). Fáscia é um tecido conjuntivo fibroso de espessura variável que recobre o músculo e o liga à pele. A fáscia superficial sobre as nádegas e parede abdominal é espessa e ligada ao tecido adiposo. Ao contrário, a fáscia superficial sob a pele do dorso da mão, cotovelo e região facial é fina. A fáscia profunda é um prolongamento interno da fáscia superficial. Falta-lhe tecido adiposo e confunde-se com o epimísio do músculo (figura 3). A fáscia profunda envolve músculos adjacentes, separando-os em compartimentos e ligando-os em grupos funcionais. Assim, nos membros, além de cada músculo ser envolvido por sua fáscia, todo o conjunto muscular também é envolto por uma fáscia mais espessa, da qual partem prolongamentos que vão se fixar nos ossos, separando grupos musculares. Estes prolongamentos são chamados de septos intermusculares. Para que os músculos possam exercer eficientemente um trabalho de tração ao se contrair, é necessário que eles estejam dentro de uma bainha elástica de contenção, papel executado pela fáscia muscular. Outra função desempenhada pelas fáscias é permitir o fácil deslizamento dos músculos entre si. 6 Figura 3. Fáscia muscular superficial e profunda. 2. Fixações do Músculo Esquelético Os músculos esqueléticos estão fixos aos ossos, em cada uma de suas extremidades, através de tendões. Um tendão é composto de tecido conjuntivo denso regular e liga um músculo ao periósteo de um osso. Quando um músculo contrai e encurta, isto coloca tensão em seus tendões e nos ossos onde estes se fixam. A tensão muscular causa o movimento dos ossos em torno das articulações sinoviais, sendo que um dos ossos em que há fixação, geralmente movimenta-se mais que outro. Os tendões que assumem a forma de bainhas delgadas e achatadas são chamados aponeuroses. A fixação óssea mais móvel do músculo, conhecida como inserção, é puxada em direção de sua fixação menos móvel, a origem (figura 4). Nos músculos ligados aos cíngulos e membros, a origem é a fixação proximal e a inserção é a fixação distal. A porção carnosa, espessa de um músculo, é chamada ventre (gastro). Figura 4. O ponto de fixação mais proximal da fixação do músculo é a origem; o ponto de fixação distal e móvel é a inserção. A contração das fibras musculares faz com que um osso se mova em relação ao outro em torno de uma articulação. 7 Tanto tendões quanto aponeuroses são esbranquiçados e brilhantes, muito resistentes e praticamente inextensíveis, constituídos por tecido conjuntivo denso, rico em fibras colágenas (figura 5). De um modo geral, os músculos se prendem a duas áreas do corpo, em geral no esqueleto, por seus tendões e aponeuroses, enquanto o ventre muscular não se prende, para que possa contrair-se livremente. Na contração muscular, uma delas permanece fixa e a outra se move. Estes conceitos, que são genéricos, admitem algumas exceções, tais como: os tendões ou aponeuroses nem sempre se prendem ao esqueleto, podendo fazê-lo em outros elementos (cartilagem, cápsulas articulares, septos intermusculares, derme, tendão de outro músculo etc.); em um grande número de músculos, as fibras dos tendões têm dimensões tão reduzidas que se tem a impressão de que o ventre muscular se prende diretamente no osso; em uns poucos músculos, aparecem tendões interpostos a ventres de um mesmo músculo, e esses tendões não servem para fixação no esqueleto. 3.ANATOMIA MICROSCÓPICA DOS MÚSCULOS ESQUELÉTICOS Quando um músculo esquelético é examinado com a ajuda de um microscópio, fica evidente que as fibras musculares têm uma estrutura subcelular regular. As fibras musculares esqueléticas são células multinucleadas com aproximadamente 10 a 100 micra de diâmetro e com frequentemente muitos centímetros de comprimento. Cada fibra contém desde várias centenas até vários milhares de estruturas regularmente dispostas, chamadas miofibrilas que se estendem ao longo do comprimento da célula. Quando grandemente aumentadas, as miofibrilas parecem ser estriadas transversalmente pela presença de faixas alternadamente claras e escuras. As faixas escuras são chamadas (a) aponeurose (b) tendão Ventre muscular tendão Figura 5. (a) Aponeurose do músculo reto abdominal. (b) Músculo típico com porção média (ventre muscular) e extremidades na forma de tendões. 8 bandas anisotrópicas, ou banda A; as faixas claras são chamadas bandas isotrópicas, ou banda I. Atravessando o centro de cada banda I encontra-se uma densa linha Z. As linhas Z dividem as miofibrilas numa série de segmentos repetitivos chamados sarcômeros (figura 6). Figura 6. Vista longitudinal da estrutura dos sarcômeros (a), representação esquemática dos filamentos dentro de cada sarcômero (b). Um sarcômero é composto de dois tipos distintos de miofilamentos orientados longitudinalmente; filamentos grossos e filamentos finos. Os filamentos grossos são encontrados somente na banda A. Os filamentos delgados estão fixados nas linhas Z. Na região do disco A onde filamentos grossos e delgados se sobrepõem, há um arranjo hexagonal dos filamentos delgados ao redor de um filamento grosso. Tanto os filamentos grossos como os delgados são compostos de proteínas. Os filamentos grossos consistem principalmente de uma proteína chamada miosina. Os filamentos delgados são compostos principalmente pelas proteínas actina, tropomiosina e troponina. 4. CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DOS MÚSCULOS ESQUELÉTICOS – AÇÕES MUSCULARES Quando um músculo é o agente principal na execução de um movimento ele é um agonista. Quando um músculo se opõe ao trabalho de um agonista, é um antagonista. Quando atua no sentido de eliminar algum movimento indesejado que poderia ser produzido pelo agonista é um sinergista (figura 7). Assim, por exemplo, o músculo braquial quando se contrai é o agente ativo na flexão do antebraço, sendo pois um agonista. O músculo tríceps braquial, que opõe-se a este movimento, retardando-o, para 9 que ele não ocorra bruscamente, atua como um antagonista. Na flexão dos dedos, os músculos flexores dos dedos são os agonistas. Como os tendões de inserção destes músculos cruzam a articulação do punho, a tendência natural é provocar também a flexão da mão. Isto não ocorre porque outros músculos, como os extensores do carpo, se contraem e desta forma estabilizam a articulação do punho, impedindo o movimento indesejado e atuando assim como sinergistas. Os músculos que fixam um segmento do corpo para permitir um apoio básico nos movimentos executados por outros músculos são chamados de fixadores ou posturais, como ocorre na contração dos músculos abdominais para permitir a flexão do braço contra resistência. Alguns anatomistas consideram os sinergistas como uma subcategoria dos fixadores. Independente de sutilezas conceituais é importante notar que estes conceitos são dinâmicos, ou seja, um músculo que em determinado momento é agonista em outro pode ser antagonista ou fixador ou sinergista. 5. CLASSIFICAÇÃO DOS MÚSCULOS ESQUELÉTICOS Os músculos são classificados de váriasformas. As mais comumente empregadas são as que o fazem em relação à forma do músculo e ao arranjo de suas fibras e às extremidades e ao ventre muscular (vide livro texto). 5.1. Quanto à Forma do Músculo e ao Arranjo de suas Fibras A função do músculo condiciona sua forma e arranjo de suas fibras. Como as funções dos músculos são múltiplas e variadas, também o são sua morfologia e arranjo de suas fibras. De um modo geral e amplo, os músculos têm as fibras dispostas paralelas ou oblíquas à direção de tração exercida pelo músculo. Cada tipo de disposição das fibras proporciona aos músculos capacidades distintas (tabela 1) Disposição paralela das fibras: pode ser encontrada tanto em músculos nos quais predomina o comprimento - músculos longos (ex.: m. Figura 7. Movimento de flexão do cotovelo, sendo o músculo bíceps braquial o músculo agonista do movimento e o músculo tríceps braquial o antagonista. 10 esternocleidomastóideo) -, quanto em músculos nos quais comprimento e largura se equivalem - músculos largos (ex.: m. glúteo máximo). Nos músculos longos é muito comum notar-se uma convergência das fibras musculares em direção aos tendões de origem e inserção, de tal modo que na parte média o músculo tem maior diâmetro que nas extremidades e por seu aspecto característico é denominado fusiforme. Músculos fusiformes são muito freqüentes nos membros (ex.: m. bíceps braquial). Os músculos longos podem também ser cônicos ou cilíndricos (redondos). Por sua vez, os músculos largos podem ser triangulares, quadrangulares ou rombóides. Nos músculos largos, as fibras podem convergir para um tendão em uma das extremidades, tomando o aspecto de leque (ex.: m. peitoral maior). Disposição oblíqua das fibras: as fibras musculares convergem para o tendão em um certo ângulo chamado ângulo de inclinação das fibras. Devido a essa inclinação são chamados de músculos penados, porque esta disposição lembra a das barbas de uma pena e são músculos capazes de gerar mais força. Se os feixes musculares se prendem numa só borda do tendão fala-se em músculo unipenado (ex.: m. extensor longo dos dedos do pé), se os feixes se prendem nas duas bordas do tendão, será bipenado (ex.: m. reto da coxa). Disposição circular das fibras: são músculos circulares, que rodeiam orifícios e canais, como os músculos orbiculares (ex.: m. orbicular do olho). 5.2. Quanto à Origem Quando os músculos se originam por mais de um tendão, diz-se que apresentam mais de uma cabeça ou origem. São então classificados como músculos bíceps, tríceps ou quadríceps, conforme apresentam 2, 3 ou 4 cabeças de origem. Exemplos clássicos são encontrados na musculatura dos membros e a nomenclatura acompanha a classificação: m. bíceps braquial, m. tríceps da perna, m. quadríceps da coxa. 11 Tabela 1. Arquitetura Muscular 5.3. Quanto à Inserção Do mesmo modo, os músculos podem inserir-se por mais de um tendão. Quando há dois tendões, são bicaudados; três ou mais, policaudados (ex.: m. extensor longo dos dedos do pé). 5.4. Quanto ao Ventre Muscular Alguns músculos apresentam mais de um ventre muscular, com tendões intermediários situados entre eles. São digástricos os músculos que apresentam dois ventres (ex.: m. digástrico) e poligástricos os que apresentam maior número de ventres (ex.: m. reto do abdome – este possui 4 ventres musculares intercalados entre suas respectivas aponeuroses). 5.5. Quanto à Ação 12 Dependendo da ação principal resultante da contração do músculo, o mesmo pode ser classificado como flexor, extensor, adutor, abdutor, rotador medial, rotador lateral, pronador, supinador, flexor plantar, flexor dorsal e etc. 6. CONTRAÇÕES ISOMÉTRICAS E ISOTÔNICAS Para que as fibras musculares se encurtem quando contraídas, elas têm que gerar uma força maior que as forças opostas que atuam para evitar o movimento da inserção muscular. A flexão do cotovelo, por exemplo, ocorre contra a força da gravidade e o peso dos objetos que estão sendo erguidos. A tensão produzida pela contração de cada fibra muscular separadamente é insuficiente para superar estas forças opostas, mas as contrações combinadas de um número grande de fibras musculares pode ser suficiente para superá-las e flexionar o cotovelo quando as fibras musculares se encurtam. A contração que resulta no encurtamento visível do músculo é chamada isotônica porque a força de contração permaneceu relativamente constante ao longo do processo de redução. Contudo, se as forças opostas são muito grandes ou se o número de fibras musculares ativadas é muito pouco para encurtar o músculo, é produzida uma contração isométrica e o movimento não ocorre. 7. MÚSCULO LISO As fibras musculares lisas são mononucleadas, com forma de fuso e são consideravelmente menores do que as fibras musculares esqueléticas. As fibras musculares lisas possuem, bem desenvolvida, a capacidade para metabolismo anaeróbico, mas sua maquinaria metabólica não é tão desenvolvida como a das fibras musculares esqueléticas. 8. MÚSCULO CARDÍACO As células individuais do músculo cardíaco se interconectam umas às outras para formarem ramos entrelaçados. Quando células adjacentes se encontram pelas extremidades, suas junções formam estruturas chamadas discos intercalares. As células musculares cardíacas têm estriações transversais, e possuem filamentos grossos contendo miosina, e filamentos delgados contendo actina. 9. MECÂNICA MUSCULAR 13 A contração do ventre muscular vai produzir um trabalho mecânico, em geral representado pelo deslocamento de um segmento do corpo. Ao contrair-se o ventre muscular, há um encurtamento do comprimento do músculo e conseqüente deslocamento da peça esquelética. O trabalho realizado por um músculo depende da potência do músculo e da amplitude de contração do mesmo. A amplitude de contração depende do comprimento das fibras musculares. Assim, um músculo longo tem o mais alto grau de encurtamento. A potência (ou força) é função do número de fibras que se contraem e número de fibras contido em uma secção transversal do músculo, o que é medido em ângulo reto com o eixo maior dos fascículos musculares e não com o eixo maior do músculo como um todo. Desta forma, o que um músculo penado perde em amplitude de contração, ganha em força. Como foi anteriormente dito, o trabalho do músculo se manifesta pelo deslocamento de um (ou mais) osso(s). Os músculos agem sobre os ossos como potências sobre braços de alavancas. No caso da musculatura cardíaca e dos músculos lisos, geralmente situadas nas paredes de vísceras ocas ou tubulares, também se produz um trabalho: a contração da musculatura destes órgãos reduz seu volume ou seu diâmetro e desta forma vai expelir ou impulsionar seu conteúdo. A célula muscular obedece a chamada lei do tudo ou nada, ou seja, ou está completamente contraída ou está totalmente relaxada. Assim, a quantidade de fibras musculares que vai estar envolvida com o trabalho de um músculo, ao mesmo tempo, vai depender de quantas unidades motoras ele possua. Denomina-se unidade motora ao conjunto de fibras de um músculo supridas pelo mesmo neurônio. Desta forma um músculo com poucas unidades motoras é um músculo de movimentos mais grosseiros, enquanto aquele que possui muitas unidades motoras é capaz de movimentos de alta precisão e delicadeza. 10. VASOS E NERVOS DOS MÚSCULOS Nenhum músculo pode contrair-se se não receber estímulo através de um nervo. Se acaso o nervo for seccionado, o músculo deixa de funcionar e, por esta razão, entra em atrofia. A imobilização prolongada também é causa de atrofia. Para executar seu trabalho mecânico, os músculos necessitam de considerável quantidade de energia. Em vista disso, os músculos recebem eficiente suprimento sanguíneoatravés de uma ou mais artérias, que neles penetram por uma das extremidades ou pelo meio de seu ventre. As 14 artérias dividem-se em ramos cada vez menos calibrosos, dispondo-se no sentido das fibras musculares, e se ramificam intensamente, formando um extenso leito capilar. A drenagem do sangue é feita por veias que seguem, em geral, o tipo de distribuição arterial. A contração muscular é um fator preponderante para impulsionar o sangue e a linfa, pelas veias e vasos linfáticos de volta ao coração. Cada músculo é inervado por um ou mais nervos que contêm fibras motoras, sensitivas, simpáticas e parassimpáticas. O impulso nervoso é transmitido pelas fibras motoras e é ele que mantém o tônus e determina as contrações musculares. As fibras sensitivas servem à sensibilidade muscular, ao passo que as fibras simpáticas e parassimpáticas respondem apenas pela vasomotricidade. 11. MÚSCULOS ESQUELÉTICOS DO CORPO HUMANO Há cerca de 600 músculos esqueléticos no corpo humano. Somente os mais superficiais estão incluídos neste capítulo. Abaixo esta a relação dos músculos. A relação apresentada servirá como ROTEIRO DE AULA PRÁTICA. VISTA ANTERIOR: 1. Músculo frontal 2. Músculo orbicular do olho 3. Músculo zigomático 4. Músculo masseter (músculo mais forte do corpo) 5. Músculo orbicular da boca 6. Músculo Esternocleidomastóideo 7. Músculo Deltoide 8. Músculo Peitoral maior 9. Músculo Serrátil anterior 10. Músculo Bíceps braquial 11. Músculo Braquial 12. Músculo braquiorradial 13. Músculo Oblíquo externo do abdome 14. Músculo reto do abdome 15. Músculo tensor da fáscia lata 16. Músculo pectíneo 17. Músculo iliopsoas 15 18. Músculo adutor longo 19. Músculo grácil 20. Músculo sartório 21. Músculos do quadríceps: vasto medial, vasto intermédio, vasto lateral e reto da coxa. 22. Músculo fibular longo 23. Músculo extensor longo dos dedos 24. Músculo tibial anterior VISTA POSTERIOR: 1. Músculo temporal 2. Músculo occipital 3. Músculo trapézio 4. Músculo redondo maior 5. Músculo infra-espinal 6. Músculo romboide maior 7. Músculo latíssimo do dorso ou grande dorsal 8. Músculo glúteo máximo 9. Músculo glúteo médio 10. Músculo adutor magno 11. Músculos do jarrete – músculos semitendíneo, semimembranoso e bíceps femoral. 12. Tríceps sural – músculos gastrocnêmio cabeças lateral e medial e músculo sóleo. MÚSCULOS DA PAREDE ABDOMINAL ANTERIOR, LATERAL E POSTERIOR: 25. Músculo Oblíquo externo do abdome 1. Músculo Oblíquo interno do abdome 2. Transverso do abdome 3. Reto do abdome 12. Bibliografia MOORE, Keith L; DALLEY, Arthur F.. Anatomia Orientada para a Clínica. 5. ed. Guanabra Koogan, 2007. SPENCE, Alexander P. Anatomia Humana Básica. 2. ed. Manole, 1991. 16 GRAAFF, Van De. Anatomia Humana. 6. ed. Manole, 2003. MOORE, Keith L; AGUR, Anne M.R.. Fundamentos de Anatomia Clínica. 2.ed. Guanabara Koogan, 2004. DANGELO, J.G., FATTINI, C.A. Anatomia Básica dos Sistemas Orgânicos. São Paulo: Atheneu, 2001.
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