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ACIDENTES DO TRABALHO E DOENÇAS OCUPACIONAIS, A REPERCUSSÃO NO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO BRASILEIRO - ANA CAROLINNA PIRES PELOZI

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ANA CAROLINNA PIRES PELOZI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ACIDENTES DO TRABALHO E DOENÇAS OCUPACIONAIS, A 
REPERCUSSÃO NO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO BRASILEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO TOLEDO 
ARAÇATUBA 
2019 
 
 
 
ANA CAROLINNA PIRES PELOZI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ACIDENTES DO TRABALHO E DOENÇAS OCUPACIONAIS, A 
REPERCUSSÃO NO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO BRASILEIRO 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de Curso apresentado como 
requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em 
Direito à Banca Examinadora do Centro Universitário 
Toledo, sob orientação do Prof. Doutor Luiz Gustavo 
Boiam Pancotti 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO TOLEDO 
ARAÇATUBA 
2019 
 
 
 
Ana Carolinna Pires Pelozi 
 
 
ACIDENTES DO TRABALHO E AS DOENÇAS OCUPACIONAIS, A 
REPERCUSSÃO NO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO BRASILEIRO 
 
 
Trabalho de conclusão de Curso apresentado como 
requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em 
Direito à Banca Examinadora do Centro Universitário 
Toledo, sob orientação do Prof. Doutor Luiz Gustavo 
Boiam Pancotti. 
 
 
 
Aprovado em ____de ______________de ______ 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Centro Universitário Toledo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho à mulher mais inspiradora que tive nesta vida, 
minha mãe, sem ela e seus esforços muita coisa não seria possível 
para mim. Por toda força, dos dias mais difíceis até aos mais 
tranqüilos e não me negar apoio nas situações mais desesperadoras 
que tivemos e passamos durante estes meus anos de graduação. Eterna 
gratidão. Essa conquista é nossa, e obrigada por sempre ter me dado 
seu voto de confiança. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Sempre tive fé e acreditei em Deus, então meu primeiro agradecimento será a Ele, pois 
esteve ao meu lado a todo o tempo e me fazendo ter forças para alcançar meu sonho, mesmo 
nos momentos em querer deixá-lo para trás, eu entendia que estaria aqui hoje escrevendo este 
trabalho por um propósito preparado em vida. 
Um agradecimento especial ao meu orientador Luiz Gustavo Boiam Pancotti, pelas 
ajudas, conselhos e os nortes dados em minha pesquisa, sem seus conhecimentos, este 
trabalho não faria sentido algum. 
Também agradeço todas as mulheres da minha vida, especialmente a minha mãe por 
qual dediquei cada palavra escrita aqui e em todos os cadernos, anotações e resumos feitos 
por mim. 
Claro, agradeço as minhas duas irmãs, cada uma com o seu jeito especial e particular 
de me ajudar, aconselhar e distrair, elas foram essenciais durante esse período. 
À minha avó, desde meu primeiro dia na faculdade me ajudando de diversas e 
inúmeras formas. 
Ao meu avô que permaneceu vivo em minha alma e meu coração, sei da felicidade 
sentida por ele onde quer que esteja em cada conquista até agora. 
Agradeço ao meu namorado pelo convívio diário, apoio, paciência, compreensão, 
confiança, sendo parte especial da minha jornada na universidade, pois o conheci durante o 
curso, ficando e estando juntos após isto. 
Meu imenso obrigada a Bateria Hedionda, fizemos uma verdadeira família de alma, 
com certeza vou sentir muita falta, parte da mudança interior que tive foi graças a ela. Nunca 
imaginaria tocar tamborim um dia e nem conhecer o amor da minha vida no meu primeiro 
ensaio durante uma tarde. 
Por fim, quero agradecer por cada amizade sincera, os presentes que a faculdade e 
Deus me deram, foi maravilhoso cada risada, festa, ensinamento, estudo, essa época com 
certeza não teria sido a mesma sem a participação de cada uma dessas pessoas, somente amor 
por vocês. 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
Este trabalho objetivou ao estudo dos acidentes do trabalho e das doenças ocupacionais e a 
repercussão no sistema previdenciário. Com a definição e análise de seus conceitos, bem 
como a evolução histórica da Previdência e sua proteção no território nacional. Tratando de 
forma clara a teoria do risco, natureza da responsabilidade do empregador, formas de 
prevenção e procedimentos a serem adotados no caso de acidente, repercutindo a 
responsabilização civil do superior hierárquico e as Normas Regulamentadoras do Ministério 
do Trabalho, quais garantem hoje em dia de forma mais concreta a saúde e segurança do 
trabalhador. Ao que pese, tratando dos benefícios concedidos no caso de acidente ou doença, 
a necessária relação de emprego devidamente conceituada e por fim, o nexo de causalidade 
para o enquadramento previsto em lei, bem como a comprovação da incapacidade analisada 
por meio de perícia médica previdenciária. 
 
 
Palavras-chave: Acidentes do trabalho; Doenças Ocupacionais; Previdência Social. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
This work aimed to the study of the accidents of the labor and the occupational diseases and 
the repercussion in the social security system. With the definition and analysis of his 
concepts, as well as the historical evolution of the Foresight and his protection in the national 
territory. Treating as a clear form the theory of the risk, nature of the responsibility of the 
employer, the forms of prevention and proceedings to be adopted in case of accident, echoing 
the civil responsabilização of the hierarchical superior and the Standards Regulators of the 
Ministry of Labor, which guarantee nowadays in the more concrete form the health and 
security of the worker. To what weighs, treating the benefits granted in case of accident or 
disease, the necessary job relation properly conceptualized and for end, the causality 
connection for the framing predicted in law, as well as the proof of the incompetence analysed 
through medical skill social security. 
 
 
Keywords: Accidents of the Labor; Occupational Diseases; Social Security. 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho 
CIPA – Comissão Interna de Proteção de Acidentes 
CLT – Consolidação das Leis do Trabalho 
DORT – Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho 
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social 
LER – Lesões por Esforços Repetitivos 
NR – Normas Regulamentadoras 
OIT – Organização Internacional do Trabalho 
SABI – Sistema de Administração de Benefícios por Incapacidade 
SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do 
Trabalho 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 11 
I ACIDENTE DE TRABALHO E AS DOENÇAS OCUPACIONAIS ............................. 13 
1.1 Histórico da evolução da proteção previdenciária ........................................................ 13 
1.2 Proteção previdenciária brasileira .................................................................................. 15 
1.3 Conceito de acidente do trabalho .................................................................................... 22 
1.3.1 Acidente típico ................................................................................................................. 23 
1.3.2 Acidente de trajeto ........................................................................................................... 24 
1.3.3 Acidente comum .............................................................................................................. 25 
1.3.4 Acidente por equiparação ................................................................................................ 26 
1.4 Conceito de doenças ocupacionais .................................................................................. 29 
1.4.1 - Doença profissional ....................................................................................................... 30 
1.4.2 - Doença do trabalho........................................................................................................31 
1.4.3 - Doenças excluídas ......................................................................................................... 32 
II RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR ................................................................ 34 
2.1 Teoria do risco .................................................................................................................. 34 
2.2 Natureza da Responsabilidade do Empregador ............................................................ 36 
2.3 Formas de prevenção ....................................................................................................... 38 
2.4 Procedimentos a serem adotados em caso de acidente .................................................. 41 
2.5 Responsabilidade civil do empregador em razão do risco ............................................ 43 
2.6 NR do Ministério do Trabalho ........................................................................................ 44 
III BENEFÍCIOS ACIDENTÁRIOS .................................................................................... 47 
3.1 Dos benefícios por incapacidade ..................................................................................... 47 
3.1.1 Do auxílio doença ............................................................................................................ 49 
3.1.2 Do auxílio acidente .......................................................................................................... 51 
3.1.3 Da aposentadoria por invalidez ....................................................................................... 53 
3.2 Da perícia médica previdenciária ................................................................................... 56 
 
 
 
3.3 Do sistema SABI ............................................................................................................... 57 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 59 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 60 
 
 
 
11 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
O tema escolhido será tratado sobre os acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, 
como estas repercutem no sistema previdenciário brasileiro, desenvolvendo conceitos e 
entendimentos acerca de previsões legais, doutrinárias e jurisprudenciais. Destacando, os 
sujeitos cujo quais terão direito aos benefícios concedidos pela Previdência Social, bem como, 
a possibilidade desta última conceder ou não o benefício pleiteado pelo segurado. 
Havendo, a exposição de espécies de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, 
que não se enquadram na concessão de benefício, podendo desta forma, delimitar 
necessariamente ao tema abordado. 
Terão enfoque também as responsabilidades do empregador e sua natureza, quando da 
decorrência destes eventos, informando sobre as devidas formas de prevenção. 
De modo geral, será tratar do assunto de maneira clara, visando às possíveis ideias de 
solução ao problema destacado, a fim de deixar pautado da melhor maneira possível para 
todas as partes envolvidas, segurado-empregado, empregador e a Previdência. 
Situando o tema, acidentes do trabalho de modo em geral são imprevistos, ocorridos 
em situações adversas nos locais de execução do trabalho habitual, já as doenças ocupacionais 
são variações na saúde do trabalhador causadas por fatores relacionados ao trabalho, e por 
fim, como irão repercutir no sistema previdenciário, ao passo que o trabalhador passa a ter 
este direito. 
É possível percepção que os acidentes e as doenças laborais geram direitos tanto 
trabalhistas como previdenciários, assim identificando de maneira correta o que virá a ser a 
incapacidade para o trabalho, tornando indispensável esta menção para a repercussão 
mencionada, sendo certo, a própria Previdência que irá arcar com o pagamento dos 
benefícios. 
Por conseguinte, pretende-se identificar o poder-dever da Previdência ao segurado em 
caso de acidente do trabalho ou doença ocupacional, caracterizando concretamente o 
benefício, onde o individuo se encontrará impossibilitado de gerar renda. 
Como veremos, a Previdência Social é uma vertente dos órgãos que compõem o 
Sistema de Seguridade Social, estudando sua evolução histórica no âmbito mundial e no 
Brasil, onde por sua vez é administrada por uma das autarquias mais importantes do território 
nacional, o INSS (Instituto Nacional da Seguridade Social). 
12 
 
 
Por fim, a metodologia utilizada será a bibliográfica e documental, delimitando 
especificamente as fontes escolhidas para a colheita de dados serão, doutrina, leis, 
jurisprudências, decisões dos tribunais, artigos e portarias do Ministério do Trabalho para 
descrever e determinar a problemática por meio de uma conclusão. Visando conhecer, 
identificar, levantar, analisar, verificar e explicar sobre o assunto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
I ACIDENTE DE TRABALHO E AS DOENÇAS OCUPACIONAIS 
 
 
O presente trabalho terá como seu principal objetivo o estudo sobre acidentes do 
trabalho e doenças ocupacionais e como estas repercutem no cenário da Previdência Social 
brasileira, para isto serão desenvolvidos tópicos desenvolvendo a temática, chegando assim 
em suas considerações finais. 
 
 
1.1 Histórico da evolução da proteção previdenciária 
 
 
Preliminarmente, e como quase boa parte das dissertações científicas costuma trazer, 
para dar início a um trabalho acadêmico ou obra, é necessário informar-se sobre a evolução 
histórica do assunto abordado. Vejamos, pois, de nada adiantaria que, ao explicar sobre o 
objeto central da problemática destacada, ou até mesmo os seus primeiros conceitos, sendo 
lógico e adequadamente certo, para a devida compreensão, antes de qualquer outra 
averiguação, não os apresentasse ao certo, a origem principal do tema escolhido, cujo qual, 
por sua vez foi um direito reclamado de imediato pelos primeiros sujeitos, onde até então, não 
tinham conhecimento sobre o mesmo e claro, não fariam ideia do peso e tamanha força de 
suas lutas enfrentadas como reflexo nos dias atuais. 
Reflexo disto é uma crítica feita pelo Papa Leão no ano de 1891, recebendo a 
nomenclatura: “Encíclica Papal Rerum Novarum”, basicamente uma manifestação contra 
todas as barbáries sofridas pelos trabalhadores, apoiando seus direitos de vida digna e 
possuírem propriedade privada: 
 
Em todo o caso, estamos persuadidos, e todos concordam nisto, de que é necessário, 
com medidas prontas e eficazes, vir em auxílio dos homens das classes inferiores, 
atendendo a que eles estão, pela maior parte, numa situação de infortúnio e de 
miséria imerecida. [...]. Entre estes deveres, eis os que dizem respeito ao pobre e ao 
operário: deve fornecer integral e fielmente todo o trabalho a que se comprometeu 
por contrato livre e conforme à equidade; não deve lesar o seu patrão, nem nos seus 
bens, nem na sua pessoa; as suas reivindicações devem ser isentas de violências e 
nunca revestirem a forma de sedições; deve fugir dos homens perversos que, nos 
seus discursos artificiosos, lhe sugerem esperanças exageradas e lhe fazem grandes 
promessas, as quais só conduzem a estéreis pesares e à ruína das fortunas. (Papa 
Leão XIII, 1891, disponível em: https://bit.ly/1kW5vPo). 
 
14 
 
 
Obstante ainda perceber, um dos ensejos das batalhas enfrentadas por nossos 
antepassados é que hoje a Seguridade Social está elencada como cláusula pétrea na 
Constituição Federal de 1988, ou seja, sem qualquer perigo de afetação do poder constituinte 
reformador, fazendo-a então, um direito e garantia fundamental. 
Para uma proteção social efetivar-se, haverá dano ou receio de dano à necessidade 
individual e também coletiva, mostrando-se certa a teoria do risco social. 
 
Qualquer modelo deproteção social – e, sobretudo, os modernos sistemas de 
seguridade social – tem por finalidade propiciar ao indivíduo a superação de um 
estado de necessidade social gerado por uma contingência social – ou risco social. 
(VIANNA, 2014, p.4). 
 
 
Compreende-se a necessidade de que faz o homem sacrificar-se para proteger a si 
mesmo e a coletividade em que vive, assim, portanto o que pôde ser observado com o passar 
dos anos e o crescimento da humanidade, nascendo então os primeiros vestígios de uma 
proteção social. “A mutualidade pode ser concebida como instituição que agrupa um 
determinado número de pessoas com o objetivo de se prestar a ajuda mútua, em vista de 
eventualidade futura”. RUPRECHT (1996, apud PEREIRA JÚNIOR, 2005, disponível em: 
https://bit.ly/2RUZyCy). 
A Mesopotâmia (antiga região do Oriente Médio) foi a primeira a postular os direitos 
da sociedade e seus riscos, vindo logo em seguida Grécia e Roma: 
 
 
O Código de Hamurabi é apontado pela doutrina como uma das primeiras tentativas 
de normatizar algum método de proteção aos necessitados, tendo também em Roma 
surgido pequenas associações denominadas de collegia ou sadalitia de produtores e 
artesãos livres, que mantiveram alguns fundos de ajuda mútua, contudo, trataram de 
forma incipiente a questão da proteção aos desamparados. (BORGES, 2007, p. 32). 
 
 
Na Idade Média, houve a continuidade em espalhar a proteção social, porém ainda de 
forma mutualista, apenas em grupos de cunho profissional, somente mais tarde em 1601 na 
Inglaterra, com a Poor Law Act (Lei dos pobres), visando um programa de assistência social 
aos mais necessitados, vindo a combater a miséria, ajudando crianças, inválidos e 
desempregados, tornando-se, portanto o marco universal da proteção social no âmbito 
mundial. 
 
Quanto à previdência social, de caráter contributivo, há registros de que tenha suas 
origens na Inglaterra, país onde foi produzido o primeiro documento legal, o “Poor 
Relief Act”, de 1601, que regulamentou a instituição de auxílios e socorros públicos 
15 
 
 
aos necessitados através da criação de uma contribuição obrigatória arrecada da 
sociedade pelo Estado. (SANTOS JÚNIOR, 2017, disponível em: 
https://bit.ly/2OJvO9z). 
 
 
Progredindo de forma abrangente, a proteção social foi postulada em documentos 
importantíssimos para a história da humanidade como a Declaração dos Direitos do Homem e 
do Cidadão em 1793 pela convenção francesa e o primeiro sistema de seguro social em 1883 
na Alemanha: 
 
Também tem inegável relevância o artigo 21 da Declaração dos Direitos do Homem 
e do Cidadão, acrescentado pela Convenção Nacional francesa de 1793. Dispôs o 
artigo 21 que “os auxílios públicos são uma dívida sagrada. A sociedade deve a 
subsistência aos cidadãos infelizes, quer seja procurando-lhes trabalho, quer seja 
assegurando os meios de existência àqueles que são impossibilitados de trabalhar. 
Assim, verifica-se que a proteção assistencial passou, progressivamente, a ser 
institucionalizada. 
A gênese da proteção social conferida pelo Estado originou-se, então, na Alemanha, 
com a aprovação, em 1883, do projeto do Chanceler Otto Von Bismarck. A Lei 
do Seguro Social garantiu, inicialmente, o seguro-doença, evoluindo para abrigar 
também o seguro contra acidentes de trabalho (1884) e o seguro de invalidez e 
velhice (1889). O financiamento desses seguros era tripartido, mediante prestações 
do empregado, do empregador e do Estado. (JARDIM, 2013, disponível em: 
https://bit.ly/2KdI8BI). 
 
 
Em 1919 com a criação da OIT (Organização Internacional do Trabalho) que até hoje 
cuida das normas internacionais do trabalho como também de seguridade social, e por último 
e não menos importante, em 1948 na Declaração Universal dos Direitos Humanos a 
seguridade ser inerente à qualquer pessoa. Havendo de se concluir realmente que a proteção 
social, hoje conhecida como seguridade, é um direito de luta, como ainda ensina Vianna em 
sua obra. 
 
 
1.2 Proteção previdenciária brasileira 
 
 
Assim como no restante do mundo, o Brasil evoluiu a história da previdência social, 
tendo seu início também de caráter assistencial e mutualista, até as vertentes da seguridade 
social, ao que se abrange em basicamente “necessidades sociais”. 
João Ernesto Aragonés Vianna conceitua de forma ampla, desde o berço da proteção 
previdenciária em nosso país: 
16 
 
 
 
No Brasil, a previdência privada teve origem em 1543, quando Braz Cubas criou um 
plano de pensão para os empregados da Santa Casa de Santos. A Constituição de 
1824 previu os socorros públicos, ação de assistência social sem efeitos práticos. Em 
1835, foi fundado o MONGERAL, Montepio Geral dos Servidores do Estado, 
primeira entidade privada organizada de previdência do país, muito embora sua 
primeira manifestação tenha sido em 1543. O MONGERAL, entretanto, 
contemplava modernos institutos de previdência privada. Em 1888, o Decreto no 
9.912-A regulou o direito à aposentadoria dos empregados dos Correios. Eram 
exigidos 30 anos de efetivo serviço e idade mínima de 60 anos. No mesmo ano, a 
Lei nº 3.397 criou uma Caixa de Socorros em cada uma das Estradas de Ferro do 
Império. A Constituição de 1891 assegurou aposentadoria por invalidez aos 
funcionários públicos. A Lei nº 3.724/19 tornou o seguro contra acidentes do 
trabalho obrigatório em certas atividades. 
Em 1923, foi publicada a Lei Eloy Chaves, marco fundamental da previdência social 
no país. Essa lei criou caixas de aposentadorias e pensões para os trabalhadores das 
estradas de ferro, com tríplice forma de custeio: trabalhadores, empresas e Estado. 
Posteriormente, surgiram muitas outras caixas, mas sempre atreladas à ideia de 
mutualismo, pois vinculadas a certas categorias profissionais ou grupos de empresas 
– professores, bancários, marítimos etc. Ainda em 1923, foi publicado o Decreto no 
16.037, o qual criou o Conselho Nacional do Trabalho, com atribuições, inclusive, 
de decidir sobre questões relativas à Previdência Social, implicando uma 
aproximação entre Direito do Trabalho e Direito Previdenciário que somente foi 
rompida com a Constituição Federal de 1988 – somente em 1992 o Ministério da 
Previdência Social foi definitivamente apartado do Ministério do Trabalho. Em 
1926, a Lei nº 5.109 estendeu o regime da Lei Eloy Chaves aos portuários e 
marítimos e em 1928 a Lei nº 5.485 fê-lo em relação aos trabalhadores dos serviços 
telegráficos e radiotelegráficos. O Decreto no 19.433/30 criou o Ministério do 
Trabalho, Indústria e Comércio, tendo como uma de suas atribuições orientar e 
supervisionar a Previdência Social, inclusive como órgão de recursos das decisões 
das Caixas de Aposentadorias e Pensões. 
O Decreto no 20.465/31 estendeu o regime da Lei Eloy Chaves aos empregados dos 
demais serviços públicos concedidos ou explorados pelo Poder Público, além de 
consolidar a legislação referente às Caixas de Aposentadorias e Pensões. 
Paulatinamente, os trabalhadores, ainda divididos por categorias profissionais, vão 
sendo incluídos na Previdência Social. Em 1933, o Decreto nº 22.872 criou o 
Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos, considerado a primeira 
instituição brasileira de previdência social de âmbito nacional, com base na 
atividade genérica da empresa. A Constituição de 1934 previu a tríplice forma de 
custeio para a previdência, com contribuição obrigatória, constituindo relevante 
passo para a busca do equilíbrio financeiro do sistema. Em 1939, foi reorganizado o 
Conselho Nacional do Trabalho, criando-se a Câmara e o Departamento de 
Previdência Social. Em 1943, foi publicado o Decreto-lei nº 5.452, que aprovou a 
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), elaborada pelo Ministério do Trabalho, 
Indústria e Comércio, o qual elaborou também o primeiro projeto de Consolidação 
das Leis de Previdência Social.(VIANNA, 2014, p. 11). 
 
 
Desde 1543 Brás Cubas criou um plano de pensão, originando assim a previdência 
privada, logo após veio à criação do Mongeral (Montepio Geral dos Servidores de Estado), 
uma entidade privada, embora sua primeira manifestação tenha ocorrido antes. 
Ao decorrer dos anos, há de se observar que o marco histórico no Brasil para a 
previdência social foi a Lei Leroy Chaves criando aposentadorias e pensões para os 
trabalhadores das estradas de ferro com a tríplice forma de custeio – trabalhadores, empresas e 
17 
 
 
Estado, com o tempo, surgiram vários outros tipos de caixas, passando a vincular professores, 
bancários, marítimos e outros, mas ainda sim com a essência da “mutua ajuda”. 
Vindo após isto, decretos-lei reforçando a idéia de Previdência, um dos quais criou o 
Conselho Nacional do Trabalho objetivando decidir sobre questões referentes à Previdência 
Social, querendo a aproximação do Direito do Trabalho e Direito Previdenciário, o que foi 
rompido com a Constituição Federal de 1988 e somente em 1992 o Ministério da Previdência 
Social foi definitivamente apartado do Ministério do Trabalho Podendo assim observar a 
longevidade da garantia de direitos sociais desde o descobrimento de nossas terras, para então 
podermos chegar à proteção legislativa garantida nos dias atuais. 
Há de se destacar também, que a proteção previdenciária era sim garantida nas 
constituições anteriores que aqui vigeram, de forma que nossa primeira proteção desde cunho 
foi posta por Brás Cubas, porém postas àquela época e em outro ponto de vista. 
A Constituição de 1824, em seu artigo 179, inciso XXXI, que dizia “A Constituição 
também garante os soccorros publicos.” (BRASIL, 1824, disponível em: 
https://bit.ly/2dmEhCX). 
Já a Constituição do ano de 1891 previu a proteção em dois artigos distintos, tais quais 
foram o artigo 5º “Incumbe a cada Estado prover, a expensas próprias, as necessidades de seu 
Governo e administração; a União, porém, prestará socorros ao Estado que, em caso de 
calamidade pública, os solicitar.” E o artigo 75 “A aposentadoria só poderá ser dada aos 
funcionários públicos em caso de invalidez no serviço da Nação.” (BRASIL, 1891, disponível 
em: https://bit.ly/1LBCTma). 
Com o advento da Lei Maior de 1934 que vigorou em nosso território, pôde-se 
observar logo em seu preâmbulo a constitucionalização dos direitos sociais: 
 
Nós, os representantes do povo brasileiro, pondo a nossa confiança em Deus, 
reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para organizar um regime 
democrático, que assegure à Nação a unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar 
social e econômico, decretamos e promulgamos a seguinte CONSTITUIÇÃO 
DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL. (BRASIL, 1934, 
disponível em: https://bit.ly/1TKnxCq). 
 
 
Contudo em seu título IV “da ordem econômica e social” disposto em seguida pelo 
artigo 121 que previa: “A lei promoverá o amparo da produção e estabelecerá as condições do 
trabalho, na cidade e nos campos, tendo em vista a proteção social do trabalhador e os 
interesses econômicos do País.” (BRASIL, 1934, disponível em: https://bit.ly/1TKnxCq). 
18 
 
 
Com o advento da Carta de 1937, houve de certa forma um retrocesso, pois seu artigo 
137 alínea “m” previa “a instituição de seguros de velhice, de invalidez, de vida e para os 
casos de acidentes do trabalho” (BRASIL, 1937, disponível em: https://bit.ly/1KTnEcj), mas 
ocorrendo a suspensão integral devido o Decreto número 10.358 de 1942. 
Nosso país, como já sabido teve em poucos anos de República muitas constituições, e 
em 1946, com a tentativa de restaurar a democracia, inovou mais uma vez em sua 
promulgação e a Previdência Social ganhou autonomia como mostrado em seu artigo 5º, 
alínea “b” de competência concorrente entre a União e Estados legislar sobre “normas gerais 
de direito financeiro; de seguro e previdência social; de defesa e proteção da saúde; e de 
regime penitenciário.” E também no artigo 157: “A legislação do trabalho e a da previdência 
social obedecerão nos seguintes preceitos, além de outros que visem à melhoria da condição 
dos trabalhadores.” (BRASIL, 1946, disponível em: https://bit.ly/2pbpkqO). 
A redação original da constituição de 1967 devido à ditadura militar, os direitos 
individuais bem como os sociais sofreram grandes consequências, porém somente com a 
Emenda Constitucional número 01 de 1969 onde houve mudanças em seu texto, trazendo 
direitos aos trabalhadores dispostos no artigo 165: 
 
Art. 165. A Constituição assegura aos trabalhadores os seguintes direitos, além de 
outros que, nos têrmos da lei, visem à melhoria de sua condição social: 
I - salário-mínimo capaz de satisfazer, conforme as condições de cada região, as suas 
necessidades normais e as de sua família; 
II - salário-família aos seus dependentes; 
III - proibição de diferença de salários e de critérios de admissões por motivo de 
sexo, côr e estado civil; 
IV - salário de trabalho noturno superior ao diurno; 
V - integração na vida e no desenvolvimento da emprêsa, com participação nos 
lucros e, excepcionalmente, na gestão, segundo fôr estabelecido em lei; 
VI - duração diária do trabalho não excedente a oito horas, com intervalo para 
descanso, salvo casos especialmente previstos; 
VII - repouso semanal remunerado e nos feriados civis e religiosos, de acôrdo com a 
tradição local; 
VIII - férias anuais remuneradas; 
IX - higiene e segurança no trabalho; 
X - proibição de trabalho, em indústrias insalubres, a mulheres e menores de dezoito 
anos, de trabalho noturno a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a 
menores de doze anos; 
XI - descanso remunerado da gestante, antes e depois do parto, sem prejuízo do 
emprêgo e do salário; 
XII - fixação das porcentagens de empregados brasileiros nos serviços públicos 
dados em concessão e nos estabelecimentos de determinados ramos comerciais e 
industriais; 
XIII - estabilidade, com indenização ao trabalhador despedido ou fundo de garantia 
equivalente; 
XIV - reconhecimento das convenções coletivas de trabalho; 
XV - assistência sanitária, hospitalar e médica preventiva; 
19 
 
 
XVI - previdência social nos casos de doença, velhice, invalidez e morte, seguro-
desemprêgo, seguro contra acidentes do trabalho e proteção da maternidade, 
mediante contribuição da União, do empregador e do empregado; 
XVII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico ou intelectual ou entre 
os profissionais respectivos; 
XVIII - colônias de férias e clínicas de repouso, recuperação e convalescença, 
mantidas pela União, conforme dispuser a lei; 
XIX - aposentadoria para a mulher, aos trinta anos de trabalho, com salário integral; 
XX - greve, salvo o disposto no artigo 162. 
Parágrafo único. Nenhuma prestação de serviço de assistência ou de benefício 
compreendidos na previdência social será criada, majorada ou estendida, sem a 
correspondente fonte de custeio total. (BRASIL, 1969, disponível em: 
https://bit.ly/1Lmr07C). 
 
 
Com o fim do regime militar e a concepção de uma nova constituinte, em 05 de 
outubro de 1988 nasceu a nossa atual Constituição Federal, conhecida popularmente como 
“Constituição Cidadã”, visto que logo após um período de drásticas mudanças, o país 
precisaria se reerguer, com um olhar mais solidário ao próximo do que impositivo, assim logo 
em seu artigo 3º, inciso III, visa como um dos objetivos fundamentais da República 
Federativa do Brasil, “Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais.” (BRASIL, 1988, disponível em: https://bit.ly/1bIJ9XW). 
Podendo-se assim perceber que as garantias fundamentais sociais, foram 
restabelecidas logo em seu início com seu advento. Ademais, especificamente tratou em seu 
artigo 194 sobre a Seguridade Social, trazendo em cada inciso os principais princípios que a 
orientariam, tais quais são:Princípio da universalidade, uniformidade, seletividade, 
irredutibilidade do valor dos benefícios, equidade, diversidade na base de financiamento e 
caráter democrático e descentralizado da administração: 
 
A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos 
Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, 
à previdência e à assistência social. 
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a 
seguridade social, com base nos seguintes objetivos: 
I - universalidade da cobertura e do atendimento; 
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e 
rurais; 
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; 
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; 
V - eqüidade na forma de participação no custeio; 
VI - diversidade da base de financiamento; 
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão 
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos 
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. (BRASIL, 1988, disponível em: 
https://bit.ly/1bIJ9XW). 
 
 
20 
 
 
Seu artigo 6º, disciplinado “Dos Direitos Sociais”, com o objetivo de reduzir as 
desigualdades sociais, trouxe a Seguridade Social, que o conjunto do direito à saúde, à 
assistência social e à previdência social. Marisa Ferreira dos Santos define em sua obra um 
conceito muito transparente ao que pese sobre a Seguridade brasileira, a saber: 
 
A solidariedade é o fundamento da seguridade social. 
Pela definição constitucional, a seguridade social compreende o direito à saúde, à 
assistência social e à previdência social, cada qual com disciplina constitucional e 
infraconstitucional específica. Trata-se de normas de proteção social, destinadas a 
prover o necessário para a sobrevivência com dignidade, que se concretizam quando 
o indivíduo, acometido de doença, invalidez, desemprego, ou outra causa, não tem 
condições de prover seu sustento ou de sua família. 
É com a proteção dada por uns dos institutos componentes da seguridade social que 
se garantem os mínimos necessários à sobrevivência com dignidade, à efetivação do 
bem-estar, à redução das desigualdades, que conduzem à justiça social. 
As mutações sociais e econômicas decorrentes do avanço tecnológico conduzem a 
novas situações causadoras de necessidades, fazendo com que a proteção social 
tenha que se adequar aos novos tempos. O art. 194, parágrafo único, da CF, permite 
que se expanda a proteção e, consequentemente, também o seu financiamento. 
Deseja a Constituição que todos estejam protegidos, de alguma forma, dentro da 
seguridade social. E a proteção adequada se fixa em razão do custeio e da 
necessidade. 
Assim, se o necessitado for segurado da previdência social, a proteção social será 
dada pela concessão do benefício previdenciário correspondente à contingência-
necessidade que o atingiu. 
Caso o necessitado não seja segurado de nenhum dos regimes previdenciários 
disponíveis, e preencha os requisitos legais, terá direito à assistência social. Todos, 
ricos ou pobres, segurados da previdência ou não, têm o mesmo direito à saúde 
(art.196). 
Portanto, todos os que vivem no território nacional, de alguma forma, estão ao 
abrigo do “grande guarda-chuva da seguridade social”, pois a seguridade social é 
direito social, cujo atributo principal é a universalidade, impondo que todos tenham 
direito a alguma forma de proteção, independentemente de sua condição 
socioeconômica. (DOS SANTOS, 2013, p. 41-42). 
 
 
Então, a possível compreensão de que, tendo a Seguridade Social um conceito 
tripartite: Saúde, Assistência Social e Previdência, sendo acima de tudo solidária, onde esta 
atingirá a todos os indivíduos, de modo a garantir sua sobrevivência e de sua família, mesmo 
sendo eles acidentados, inválidos e desempregados, conduzindo à justiça social. Porém a 
própria Constituinte prevê que pelo menos, todos estejam amparados de alguma forma, 
prevendo um custeio devido à sua necessidade. Observando-se o seguinte, o beneficio 
previdenciário é concedido ao segurado da Previdência Social, caso o sujeito necessitado não 
esteja em nenhum dos regimes previdenciários e também não preencha requisitos legais à 
condição de beneficiário, seu direito será garantido com a assistência social. E a saúde é 
direito de todos, segurados ou não conforme prevê o artigo 196 da Constituição Federal “A 
saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas 
21 
 
 
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário 
às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”, (BRASIL, 1988, disponível 
em: https://bit.ly/1bIJ9XW). 
Ademais, é de extrema clareza de que a Previdência surgiu com o intuito de também 
garantir a preservação da dignidade humana, à luz de uma justiça social aos cidadãos que 
estiverem sob sua proteção. Porém, existe um caráter contributivo como exigência para a 
concessão de benefícios, causada pelos riscos sociais aqui já mencionados. Tendo por sua 
natureza jurídica mais precisa como contribuições sociais: 
 
O art. 195 da CF enumera as contribuições sociais destinadas ao financiamento da 
seguridade social: do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada (I); do 
trabalhador e dos demais segurados da previdência social (II); sobre a receita de 
concursos de prognósticos; e do importador de bens ou serviços do exterior, ou de 
quem a lei a ele equiparar (IV). Essas contribuições sociais suscitam divergência 
sobre sua natureza jurídica. Predomina na doutrina e na jurisprudência o 
entendimento de que são tributos, mais precisamente contribuições especiais. As 
receitas que compõem o orçamento da seguridade social estão elencadas no art. 11 
do PCSS: receitas da União (I), receitas das contribuições sociais (II) e receitas de 
outras fontes (III). No parágrafo único relaciona as contribuições sociais: as das 
empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados aos seus 
serviços (a); as dos empregadores domésticos (b); as dos trabalhadores, incidentes 
sobre seu salário de contribuição (c); as das empresas, incidentes sobre o 
faturamento e o lucro (d); e as incidentes sobre a receita de concursos de 
prognósticos (e). Não se pode esquecer, porém, que a EC 42/2003 acrescentou o inc. 
IV ao art. 195 da CF, acrescendo às verbas formadoras do orçamento da seguridade 
a contribuição do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele 
equiparar. (DOS SANTOS, 2013 p. 74-75). 
 
 
O artigo 195 da Carta Magna vem a especificar quem virá a contribuir para o 
financiamento da Seguridade Social, sendo, portanto as pessoas com condições de trabalhar e 
produzir renda, cujo recebimento de benefício concedido pela Previdência se dará quando 
houver a necessidade destes então mencionados. Contribuição essa de natureza jurídica 
entendida pela maioria doutrinária e jurisprudencial como contribuições sociais. 
A Previdência Social, portanto está disciplinada no artigo 201 em seu caput, incisos e 
parágrafos conseguintes, organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e 
filiação obrigatória. De modo que a arrecadação dos benefícios é feita pela União, ao que foi 
criada uma Autarquia Federal com esse objetivo e finalidade, recebendo o nome de Instituto 
Nacional do Seguro Social (INSS), a facilitar a regulamentação de todos os assuntos 
pertencentes a ela, criou-se uma Lei Orgânica em 1991 para disciplinar no âmbito geral, os 
contribuintes, o financiamento, os benefícios e todos os outros assuntos que a rodeiam, essa 
norma foi adicionada ao nosso ordenamento jurídico como Lei 8.213/1991. 
 
22 
 
 
1.3 Conceito de acidente do trabalho 
 
 
Para dar início a especificação do tema aqui abordado, énecessária a compreensão e 
identificação ao que primeiro viria a ser o acidente do trabalho para assim estabelecer e 
explicar suas espécies, sanando quaisquer dúvidas do que este viria a ser. 
A Lei 8.213/91 em seu artigo 19 com a atual redação conceitua o acidente do trabalho 
na seguinte forma: 
 
Art.19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de 
empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados 
referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou 
perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou 
temporária, da capacidade para o trabalho. (BRASIL, Lei nº 8.213 de 24 de julho de 
1991 – Previdência Social. SARAIVA, 2014, p.1534). 
 
 
Com a simples leitura do dispositivo, é possível destacar os pontos principais para a 
mais clara compreensão, visto que este “é o que ocorre pelo exercício do trabalho”, exato 
como diz a lei, observando-se a necessária relação de emprego, estando ligada à um nexo 
causal do acidente ocorrido pela prestação de serviço do empregado. Dito isto, é necessário 
informar o que é considerada de forma legal uma relação de emprego: 
 
Existe relação de emprego sempre que os serviços prestados por uma pessoa física a 
outrem se revestirem de características específicas que os diferenciem de outras 
formas de prestação de serviços. Não se distingue entre o trabalho realizado no 
estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o 
realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de 
emprego (art. 6º CLT). Os elementos característicos da relação de emprego 
decorrem do disposto nos arts. 2º e 3º da CLT e são: pessoalidade; não 
eventualidade (ou continuidade); subordinação e onerosidade (ou remuneração). A 
existência de relação de emprego somente se verifica quando todas es tas 
características estiverem presentes ao mesmo tempo. A ausência de um ou de alguns 
destes elementos caracterizadores pode implicar na existência de uma relação de 
trabalho, mas, jamais, de uma relação de emprego. (ROMAR, 2017, p.110). 
 
 
Ao que pese, relação de emprego está disciplinada na legislação trabalhista contendo 
seus elementos caracterizadores de forma taxativa e simultânea, pois na ausência de apenas 
uma delas não haverá seu enquadramento descrito na legislação (pessoalidade, não 
eventualidade – ou habitualidade, subordinação e onerosidade), normalmente, este vínculo de 
emprego está amparado por um contrato com dois pólos, empregado e empregador. 
23 
 
 
Porém, complementando o conceito de acidente do trabalho, há a importância de se 
destacar um prévio conceito de nexo causal “O nexo de causalidade ou nexo causal constitui o 
elemento imaterial ou virtual da responsabilidade civil, constituindo a relação de causa e 
efeito entre a conduta culposa – ou o risco criado –, e o dano suportado por alguém.” 
(TARTUCE, 2017, p. 545), havendo, portanto uma interligação de uma conduta com o dano 
causado e consequentemente sofrido. 
Portanto conclui-se, para que ocorra um acidente do trabalho é necessária a relação 
empregatícia e de forma vinculante, a existência de uma concausa, chamada de nexo de 
causalidade, ou seja, um fato ou ato lesivo à saúde do empregado relacionado ao trabalho, o 
que leva à redução ou perda total da capacidade laborativa. 
Com base nestes preceitos básicos dos elementos ensejadores de uma definição 
conceitual o que é o acidente do trabalho faz com que sua definição fique mais clara. 
 
 
1.3.1 Acidente típico 
 
 
O acidente típico ou acidente-tipo é exatamente o acidente do trabalho conceituado 
acima, decorrido de um evento danoso ao empregado advindo consequentemente de seu 
serviço. 
 
O acidente do trabalho típico é o que resulta de evento repentino e violento, no qual 
se identificam, facilmente, o dano e o nexo causal. O acontecimento deverá ser 
brusco, instantâneo, traumatizante e ter relação com as condições do trabalho, ou 
seja, resultar do próprio exercício da atividade laboral. (AYRES, CORRÊA, 2017, p. 
35). 
 
 
Ou seja, no acidente típico havendo quase ou nenhuma dúvida entre a ligação, 
trabalhador - acidente/prejuízo - trabalho. Ressaltando o acontecimento de forma brusca e 
instantânea, de modo sendo repentino e violento. 
Ademais, vale ainda destacar a questão da redução ou perda da capacidade para o 
labor e também a invalidez, pois devido ao acidente é muito provável que resulte uma dessas 
consequências. 
 
Incapacidade laborativa é a impossibilidade de desempenho das funções específicas 
de uma atividade, função ou ocupação habitualmente exercida pelo segurado, em 
24 
 
 
consequência de alterações morfopsicofisiológicas provocadas por doença ou 
acidente. Deverá estar implicitamente incluído no conceito de incapacidade, desde 
que palpável e indiscutível no caso concreto, o risco para si ou para terceiros, ou o 
agravamento da patologia sob análise, que a permanência em atividade possa 
acarretar. O conceito de incapacidade deve ser analisado quanto ao grau, à duração e 
à profissão desempenhada. [...]. Quanto ao grau, a incapacidade laborativa pode ser: 
I - parcial: limita o desempenho das atribuições do cargo, sem risco de morte ou de 
agravamento, embora não permita atingir a meta de rendimento alcançada em 
condições normais; ou II - total: gera impossibilidade de desempenhar as atribuições 
do cargo, função ou emprego. [...]. Quanto à duração, a incapacidade laborativa pode 
ser: I - temporária: para a qual se pode esperar recuperação dentro de prazo 
previsível; ou II - indefinida: é aquela insuscetível de alteração em prazo previsível 
com os recursos da terapêutica e reabilitação disponíveis à época. [...]. A avaliação 
da incapacidade laborativa do requerente é feita pela Perícia Médica e destina-se a 
permitir resposta aos quesitos estabelecidos, atendidos os conceitos e os critérios 
legais e regulamentares. [...]. A invalidez pode ser conceituada como a incapacidade 
laborativa total, permanente ou com prazo indefinido, 
omniprofissional/multiprofissional e insuscetível de recuperação ou reabilitação 
profissional, em consequência de doença ou acidente. (BRASIL, Instituto Nacional 
do Seguro Social, 2018, p. 26-27). 
 
 
Assim a incapacidade é a perda da capacidade do segurado exercer atividades as quais 
anteriormente exercia, portanto podendo seu grau ser dividido em duas categorias: parcial 
(decorre de limitação no exercício de suas funções com redução de rendimento, não havendo 
risco de sua morte), e total (impossibilidade de exercer suas antigas atribuições). Contudo esta 
pode levar algum período ou em casos mais graves não cessar conforme o tempo passar, 
assim sendo: temporária (há a recuperação dentro de um prazo previsto), ou indefinida (não 
há a sua reversão em prazo previsto, mas podendo ser reabilitado). 
Já a invalidez pode ser considerada como incapacidade laborativa total e permanente 
de prazo indefinido, porém nesta hipótese não haverá a possibilidade de recuperação ou 
reabilitação do trabalhador à sua função. 
 
 
1.3.2 Acidente de trajeto 
 
 
Previsto no artigo 21, inciso IV, alínea “d” da Lei 8.213/91: 
 
Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei [...]- 
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: 
[...]. d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, 
qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do 
segurado. (BRASIL, Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991 – Previdência Social. 
SARAIVA, 2014, p. 1534). 
 
25 
 
 
 
 
Com a leitura, portanto é possível conceituar que o acidente de trajeto é aquele sofrido 
fora do local e horário de trabalho no percurso de sua residência para o local de trabalho e 
também ao contrário, do local de trabalhopara sua residência, em qualquer meio de 
locomoção, assim interpretando extensivamente, podendo ser ônibus, carro, moto, dentre 
outros, até mesmo que este seja do próprio empregado, desde que ocorra o acidente. 
Nesta espécie, é necessária a devida caracterização e comunicação, pois como o 
segurado não se encontra mais no meio ambiente de trabalho, deverá ser feita a uniformização 
dos fatos bem como do dano sofrido, havendo o devido nexo de causalidade, valendo lembrar 
que sem este não haverá a relação de causa e efeito com perda do objeto em análise. 
 
 
Para caracterização do acidente de trajeto um dos fatores que se deve levar em 
consideração é o caminho percorrido diariamente pelo empregado e o tempo 
normalmente gasto, sendo que qualquer alteração no percurso poderá haver a 
descaracterização do acidente de trajeto. Desta forma, o empregador deverá 
comunicar o acidente de trabalho à previdência Social – INSS através da emissão de 
CAT, para que o colaborador possa, em caso de afastamento, usufruir do benefício 
previdenciário de auxílio doença acidentário. (BOEGER, 2018, disponível em: 
https://bit.ly/2PzDvDT). 
 
 
Assim, ao caracterizar de forma mais ampla o que é o acidente de trajeto é observar o 
caminho qual o empregado faz todos os dias, sendo possível entender que é percurso adotado 
habitualmente por este, de modo, qualquer alteração deste curso poderá acarretar em 
descaracterização do acidente de trajeto. 
Ressaltando ainda na devida comunicação à Previdência Social por emissão de CAT 
(Comunicação de Acidente do Trabalho) para concessão do benefício devido no caso de 
afastamento. 
 
1.3.3 Acidente comum 
 
 
Por acidente comum é de se considerar todos aqueles que ocorrem corriqueiramente 
no ambiente trabalhista. 
26 
 
 
 
1.3.4 Acidente por equiparação 
 
 
Conforme dispõe o artigo 21 da Lei 8.213/91: 
 
 
Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: I - o 
acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja 
contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua 
capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua 
recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, 
em conseqüência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por 
terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de 
terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de 
negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de 
pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos 
fortuitos ou decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação 
acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo 
segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou 
na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de 
qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em 
viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta 
dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente 
do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) 
no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que 
seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. § 1º Nos 
períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras 
necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é 
considerado no exercício do trabalho. § 2º Não é considerada agravação ou 
complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra 
origem, se associe ou se superponha às conseqüências do anterior. (BRASIL, Lei nº 
8.213 de 24 de julho de 1991 – Previdência Social. SARAIVA, 2014, p.1534 - 
1535). 
 
 
A obra Instituto Nacional do Seguro Social: Técnico INSS: Nível Médio, lançada para 
concursos da autarquia em destaque, discorre claramente a especificação de cada inciso 
contido no referido artigo acima, valendo destacar: 
 
O inciso I do art. 21 apresenta a hipótese de concausalidade. O fato ensejador do 
resultado, embora não esteja ligado diretamente ao exercício do trabalho (ausência 
da causalidade direta), concorre com o acidente (esse ligado ao trabalho) para a 
produção do resultado (morte, redução ou perda da capacidade laborativa). Vale 
dizer, o acidente ou a doença do trabalho não são as únicas causas para a 
incapacidade ou a morte do segurado. Ambas contribuem diretamente para o 
resultado. Exemplo: Galileu, portador de hemofilia (distúrbio na coagulação do 
sangue), exercia atividade na empresa Beta. Certo dia, Galileu sofreu um acidente 
que lhe provocou extenso corte em seu braço e, em consequência, a sua morte. No 
caso, Galileu faleceu pela concorrência das duas causas (hemofilia + acidente). As 
concausas são divididas em preexistentes (que preexistem ao acidente – caso de 
27 
 
 
hemofilia, cardiopatia grave), concomitantes (que ocorrem simultaneamente ao 
acidente – infarto durante um incêndio ocorrido na sede da empresa) ou 
supervenientes (que ocorrem em momento posterior ao acidente – morte decorrente 
de infecção hospitalar após internação em virtude de acidente do trabalho). Por sua 
vez, nos termos do art. 21, § 2o, da Lei n. 8.213/91, não é considerada agravação ou 
complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra 
origem, se associe ou se superponha às consequências do anterior. [...]. De acordo 
com o art. 21, II, da Lei n. 8.213/91, equipara-se a acidente do trabalho, para os 
efeitos legais, o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em 
consequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro 
ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por 
motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou 
de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do 
uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou 
decorrentes de força maior. A Justiça do Trabalho tem reconhecido a 
responsabilidade do empregador no caso de dano causado por trabalhador que no 
exercício de suas funções provoca acidente vitimando colega, reforçando a hipótese 
prevista na legislação previdenciária. Desta forma, se o acidente foi causado por 
terceiro ou colega de trabalho por motivo relacionado ao trabalho, fica configurado o 
acidente de trabalho, conforme previsto no art. 21 da Lei n. 8.213/91. [...]. O inciso 
III refere-se à doença proveniente de contaminação acidental do empregado no 
exercício de sua atividade. Observe-se que a hipótese não trata de doença decorrente 
de trabalho peculiar a atividade exercida pelo trabalhador ou de doença fruto das 
condições especiais em que o trabalho é executado. Se a contaminação foi acidental, 
não há como considerar a enfermidade como doença do trabalho ou doença 
profissional. O nexo de causalidade com o trabalho, que no caso é direto, justifica a 
equiparação da enfermidade com o acidente de trabalho já que a contaminação 
acidental que acarretou a doença se deu no exercício da atividade do trabalhador. 
[...]. Conforme disposto no art. 21, IV, da Lei n. 8.213/91, equipara-se a acidente do 
trabalho, para os efeitos legais, o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do 
local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob 
a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa 
para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da 
empresa, inclusive para estudo quando financiada por estadentro de seus planos 
para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção 
utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência 
para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de 
locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. (LEITÃO, 2018, p. 356-
357). 
 
 
 
Portanto, de acordo com o primeiro inciso, há a hipótese de concausa, entendida que 
mesmo não ocorrendo o acidente com liame direto (forma direta), ou seja, no exercício de seu 
trabalho, concorrendo com o evento danoso, estando ligado à este, não sendo por conseguinte 
o único capaz à produzir o resultado, quais sejam, a incapacidade, invalidez ou morte do 
segurado, como por exemplo quando este é portador de hemofilia e sofre corte em alguma 
parte de seu corpo, resultando o óbito. Essas concausas podem ser preexistentes (antes do 
acidente), concomitantes (ao mesmo momento) e até mesmo supervenientes (após o ocorrido). 
As preexistentes, geralmente o empregado leva consigo, como ocorre no caso da 
hemofilia, por ser uma doença. Concomitantes acontecem no exato momento do acidente 
muitas vezes devido ao susto ou pânico no local. Já as supervenientes também são adquiridas, 
28 
 
 
porém em muitas vezes agrava ou complica a situação do beneficiário, abarcadas também no 
tipo legal em questão. 
O segundo parágrafo do artigo 21 delimita essa circunstância, ao ressaltar “resultante 
de acidente de outra origem”, onde qualquer outro cujo qual não tenha ligação alguma com o 
anterior não será por sua vez considerado acidente por equiparação. 
Salienta-se o segundo inciso, lugar em que, reputa nesta espécie acidentária deverá ter 
sofrido em local e horário de trabalho nas hipóteses de Qualquer um dos atos de agressão, 
sabotagem ou terrorismo podendo ser praticado por terceiro ou companheiro de trabalho, 
ofensa física dolosa inclusive de terceiro (por motivo de disputa relacionada ao trabalho). 
Também os atos de imprudência, de negligência ou de imperícia (pessoa indeterminada ou 
companheiro de trabalho), quaisquer das práticas de pessoa privada do uso da razão, 
ocorrência s de desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou de força maior. 
A jurisprudência trabalhista ainda tem admitido responsabilização do empregador na 
ocorrência de dano causado por empregado ou até mesmo um terceiro que exercendo suas 
funções provoca acidente prejudicando o colega. 
O terceiro inciso apresenta a hipóteses de doenças originadas por contaminação em 
decorrência das suas atribuições, contendo nexo causal de forma direta e não a peculiaridade 
ou condição exercida na função, esta hipótese ocorrerá, portanto imediatamente. 
Por fim em seu quarto inciso, discorrerão as situações equiparadas nos casos de 
execução de ordem ou realização de serviço sob a autoridade da empresa, (podendo-se 
entender aqui se enquadra, pois há a relação com seu superior hierárquico). Prestação 
espontânea de qualquer serviço à empresa para evitar prejuízo ou proporcionar proveito 
(ressalvando espontaneidade a forma voluntária). 
 
 
Significado de Espontânea; Que acontece naturalmente; que não é artificial: geração 
espontânea. De desenvolvimento autônomo; que só depende da pessoa ou coisa que 
o compõe: combustão espontânea. Natural ou sincera; sem artificialismos: pessoa 
espontânea. Voluntária; que não age por obrigação: fez a doação de maneira 
espontânea. Que se expressa sem reflexão: conversa espontânea. [Botânica] Diz-se 
da vegetação que se desenvolve naturalmente, sem a interferência do homem. 
Etimologia (origem da palavra espontânea). Feminino de espontâneo. (Dicionário 
Online de Português, disponível em: https://bit.ly/2P75TxF). 
 
 
Também a viagem para serviço da empresa, até mesmo para estudo e desde que 
financiada por objetivando melhoria, capacitação da mão de obra, não importando o meio de 
locomoção utilizado pelo segurado, podendo ser o veículo de sua propriedade. E, inclusive, a 
29 
 
 
hipótese no percurso da residência para o local de trabalho, conhecido como acidente de 
trajeto aqui anteriormente tratado. 
 
 
1.4 Conceito de doenças ocupacionais 
 
 
Em ampla especificação, as doenças ocupacionais definem-se como um gênero no 
qual surgem duas espécies, as doenças profissionais e as doenças do trabalho. Disciplinando 
legalmente no artigo 20 da tão mencionada lei 8.213/91: 
 
 
Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as 
seguintes entidades mórbidas: I - doença profissional, assim entendida a produzida 
ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e 
constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da 
Previdência Social; II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou 
desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com 
ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. (BRASIL, 
Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991 – Previdência Social. SARAIVA, 2014, p. 
1534). 
 
 
 
Ainda sim, com sua leitura, doenças ocupacionais são equiparadas aos acidentes do 
trabalho, porém em compreensão aos dois incisos do mencionado dispositivo legal, esta por 
sua vez vai ser produzida, adquirida ou desencadeada, pelo exercício do trabalho peculiar a 
atividade determinada de forma constante ou até mesmo por condições especiais que este é 
realizado, relacionando-se diretamente ao serviço. 
“A Lei n. 8.213/91 equiparou a acidente do trabalho determinadas patologias 
(entidades mórbidas) ligadas ao exercício do trabalho. São as doenças ocupacionais, que tanto 
podem ser as doenças profissionais como as doenças do trabalho” (LEITÃO, 2018, p. 355). 
De modo que para completar, as doenças ocupacionais são entidades mórbidas, 
igualadas em comparação aos acidentes, devendo os devidos benefícios concedidos pela 
Previdência Social. 
A compreensão das doenças profissionais e do trabalho virá em sequência. 
 
30 
 
 
 
1.4.1 - Doença profissional 
 
 
A doença profissional está encaixada no primeiro inciso do artigo 20 da Lei 8.213/91: 
 
 
Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as 
seguintes entidades mórbidas: I - doença profissional, assim entendida a produzida 
ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e 
constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da 
Previdência Social. (BRASIL, Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991 – Previdência 
Social. SARAIVA, 2014, p.1534). 
 
 
Assim, entende-se como doença profissional aquela que será produzida ou 
desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a uma determinada atividade, equiparada 
como entidade mórbida. 
Exemplificando, portanto o LER (Lesões por Esforços Repetitivos) e o DORT, 
(Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), que são basicamente a causa das 
doenças profissionais. 
 
 
Em julho de 1997, foi publicada no Diário Oficial da União uma minuta de texto 
pelo INSS para receber contribuições da sociedade, para elaboração da “Norma 
Técnica para Avaliação da Incapacidade Laborativa em Doenças Ocupacionais —
Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho–DORT” quando essa nova 
denominação passou a ser utilizada por diversos profissionais. (BARBOSA, 2008, p. 
07). 
 
 
Os fatores desencadeadores terão relação com o exercício do trabalho e as condições a 
ele impostas, sendo então, posturas inadequadas ao sentar, digitar muito tempo frente ao 
computador, força excessiva ao executar um serviço, até mesmo ansiedade e depressão. 
 
Quando um ou mais fatores organizacionais no ambiente profissional não são 
respeitados, são maiores as chances de adquirir um distúrbio 
osteomuscular relacionado ao trabalho. Neste contexto, as causas da LER / DORT 
estão diretamente relacionadas a esses fatores.São eles: Excesso de movimentos 
repetitivos, postura incorreta, preparo físico insuficiente, ausência de pausa e 
descanso, local de trabalho (mesas e cadeiras - inadequado), jornadas excessivas. 
Além disso, incluem-se os fatores psicossociais, como: ansiedade, estresse 
ocupacional devido à pressão, ambiente pesado, busca por perfeccionismo, 
depressão, dentre outros. Dentre os sintomas mais comuns da LER e DORT, 
31 
 
 
podemos citar: Dor localizada, desconforto físico no final do dia, cansaço excessivo, 
formigamento nas extremidades, paralisia e parestesia, perda funcional, inchaço 
local. (LACOMBE, 2017, disponível em: https://bit.ly/2PTEzmk). 
 
 
 
Muitas vezes as doenças profissionais acontecem devido descaso com o ambiente 
profissional que não é respeitado pelo empregado, ou em algumas situações, por exigência da 
quantidade de trabalho pelo empregador a ser efetuada na jornada de trabalho diária. 
Ocasiona em sintomas que são variados, podendo ser uma dor ou até mesmo 
desencadear a paralisia. 
 
 
1.4.2 - Doença do trabalho 
 
 
Ademais, as doenças do trabalho estão elencadas no mencionado artigo 20 da Lei 
8.213/91, porém em seu segundo inciso. 
 
 
Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as 
seguintes entidades mórbidas: [...] II - doença do trabalho, assim entendida a 
adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é 
realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no 
inciso I. (BRASIL, Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991 – Previdência Social. 
SARAIVA, 2014, p. 1534). 
 
 
Neste caso, a doença do trabalho é adquirida ou desencadeada em função das 
condições especiais que o trabalho é realizado, relacionando-se diretamente com ele. 
Todas as condições especiais de trabalho estão elencadas na CLT, no Título III “Das 
normas especiais de tutela de trabalho”, Capítulo I “Das disposições especiais sobre duração e 
condições de trabalho”. Com a leitura dos artigos é possível perceber que o empregado nestas 
condições, expõe-se a agentes físicos, químicos e biológicos, devendo ser obedecida com 
cautela as normas impostas, pois caso contrário poderá ocasionar em danos a saúde do 
empregado. 
Esses danos ocasionados nestas situações serão as chamadas doenças do trabalho, com 
a possível repercussão de benefício perante a Previdência Social. 
O CID (Código Internacional de Doenças), elaborado pela OMS (Organização 
Mundial da Saúde), tem o intuito de elencar as doenças mais comuns causadas em ambiente 
32 
 
 
de risco, no Brasil em 2001 o Ministério da Saúde publicou uma lista de doenças relacionadas 
ao trabalho, havendo mais facilidade quando da sua identificação, podendo ser encontrada no 
seguinte endereço eletrônico: https://bit.ly/2z7wYGW. 
 
1.4.3 - Doenças excluídas 
 
 
Até o presente momento tem-se impressão de que todo acidente ou doença ocorrida no 
meio de trabalho seria enquadrado a algum conceito anteriormente tratado neste trabalho. 
Mas, a própria lei previdenciária excluiu algumas doenças, elencadas presentes no 
artigo 20, parágrafo 1º, alíneas “a”, “b”, “c” e “d”: 
 
[...] § 1º Não são consideradas como doença do trabalho: a) a doença degenerativa; 
b) a inerente a grupo etário; c) a que não produza incapacidade laborativa; d) a 
doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se 
desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto 
determinado pela natureza do trabalho. (BRASIL, Lei nº 8.213 de 24 de julho de 
1991 – Previdência Social. SARAIVA, 2014, p. 1534). 
 
 
Doenças degenerativas ocorrem por outros fatores que não o trabalho, atingindo as 
funções vitais do indivíduo como, por exemplo, o sedentarismo, definindo-a da seguinte 
maneira: 
 
As doenças degenerativas são aquelas que comprometem as funções vitais do 
indivíduo em caráter irreversível e crescente. Elas recebem esse nome porque 
causam a degeneração de células, tecidos e órgãos. As causas do surgimento de 
doenças degenerativas são relacionadas com aspectos genéticos, fatores ambientais, 
má alimentação e sedentarismo. Atualmente, não há cura e nem tratamento 
específico para essas doenças. O uso de medicamentos alivia os sintomas da doença 
e proporciona melhores condições de vida aos doentes. (MAGALHÃES, 2017, 
disponível em: https://bit.ly/2QGgU61). 
 
 
 
Grupo etário refere-se às pessoas de determinada faixa de idade, contudo, existindo 
doenças inerentes a estes, e não pela execução do serviço, excluindo do rol das doenças do 
trabalho. 
As doenças que não produzirem incapacidade laborativa também serão excluídas, pela 
capacidade de gerar renda e exercer a atividade. 
33 
 
 
A última hipótese trata daquela adquirida pelo segurado habitante de região onde esta 
se desenvolva, ou seja, pelas condições do local há doença endêmica ali resultante, 
eliminando-a também. Há a ressalva se comprovado que esta resultou de exposição ou contato 
direto determinado pela natureza do trabalho, será sim considerada e equiparada a doença do 
trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
II RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR 
 
 
Nos presentes casos apresentados, tanto em acidentes do trabalho, todas as suas 
espécies e nas doenças ocupacionais, bem como em suas entidades equiparadas, acarretarão 
na responsabilidade do empregador, isto porque ocorre uma relação de emprego já 
conceituada no capítulo anterior, cujo qual existe uma hierarquia, superioridade de uma parte 
e subordinação da outra, estendidas previamente de contrato, onde conterá toda a 
regulamentação por este exigida para a execução do serviço mediante a remuneração. 
Porém, é um ônus do empregador responder e consequentemente havendo sua 
responsabilidade em questão que será tratada neste capítulo respectivamente. 
 
 
2.1 Teoria do risco 
 
 
Essa teoria é o norte e o berço da responsabilidade objetiva, que por sua vez surgiu 
pela insatisfação, inadequação e dificuldade em provar todos os elementos relativos à 
responsabilidade subjetiva (conduta, dano, nexo, dolo ou culpa), visto que nem sempre a parte 
prejudicada conseguia comprová-los. 
 
A insatisfação com a teoria subjetiva tornou-se cada vez maior, e evidenciou-se a 
sua incompatibilidade com o impulso desenvolvimentista de nosso tempo. A 
multiplicação das oportunidades e das causas de danos evidenciaram que a 
responsabilidade subjetiva mostrou-se inadequada para cobrir todos os casos de 
reparação. Esta, com efeito, dentro na doutrina da culpa, resulta da vulneração de 
norma preexistente, e comprovação de nexo causal entre o dano e a antijuridicidade 
da conduta do agente. Verificou-se, como já ficou esclarecido, que nem sempre o 
lesado consegue provar estes elementos. Especialmente a desigualdade econômica, a 
capacidade organizacional da empresa, as cautelas do juiz na aferição dos meios de 
prova trazidos ao processo nem sempre logram convencer da existência da culpa, e 
em consequência a vítima remanesce não indenizada, posto se admita que foi 
efetivamente lesada. (PEREIRA, 2018, p.337). 
 
 
 
Além de sua principal justificativa para seu surgimento era a de impossibilidade da 
parte conseguir produzir provas. Foi também o motivo ensejado a alta freqüência de acidentes 
no ambiente do trabalho, cujo quais eram de alto risco para o empregado, e com essa teoria, a 
possibilidade de provar o dano ficaria mais fácil. 
35 
 
 
 
Essa teoria se justifica plenamente, porquanto a ordem jurídica não pode conformar-
se com a injusta situação daquele que, tendo sofrido um dano, em razão de atividade 
previsivelmente perigosa, fique na miséria em face de sua impossibilidade de fazer a 
prova contra o agente responsável pela atividade que, em última análise, foi a 
causadora da lesão. [...]. A teoria do risco foidesenvolvida a partir da constatação de 
que a responsabilidade fundada na culpa se mostrava insuficiente para que o lesado 
obtivesse a plena satisfação de seus prejuízos. Essa constatação, que ocorreu 
inicialmente no campo dos acidentes do trabalho (o aumento dos riscos causados 
pelas máquinas, associado à sucessão de acidentes ocorridos, exigia uma solução 
que protegesse o trabalhador), foi se alargando para contemplar as atividades ditas 
perigosas, tais como as de transportes, de exploração de minas, de produção de gás e 
a de exploração de energia nuclear. Nessas situações, a obrigação de reparar o dano 
surge tão somente do simples exercício da atividade que, em vindo a causar danos a 
terceiros, fará surgir, para o agente que detenha o controle da atividade, o dever de 
indenizar. Dessa forma, constatado que determinadas atividades geridas pelo homem 
oferecem uma probabilidade de riscos a terceiros, vindo a representar um perigo de 
dano, justifica-se que no campo da responsabilidade civil seja dado um tratamento 
jurídico diferenciado para essas atividades. Assim, atividades potencialmente 
perigosas, tais como manuseio de armas e explosivos, energia nuclear, exploração de 
minas, enfim, atividades que oferecem grandes probabilidades de risco para a saúde 
e para a integridade físico-psíquica das pessoas, em especial dos operários que nelas 
trabalham, devem ter tratamento diferenciado no que diz respeito ao campo da 
responsabilidade civil. Nessas circunstâncias, aqueles que desenvolvem atividades 
potencialmente perigosas devem acautelar-se para que a atividade não venha a 
causar danos a outrem, porquanto se ocorrente, não poderão se escusar do dever 
indenizatório, argumentando simplesmente a inexistência de culpa, pois, conforme 
tese esposada acima, sua responsabilidade será objetiva. (MELO, 2015, p. 142-143). 
 
 
 
Assim, de modo a tentar igualar a possibilidade de reparação do dano cujo qual estava 
sendo ineficaz e por sua vez, dando o ordenamento jurídico brasileiro um tratamento de forma 
diferenciada para as atividades mais peculiares e perigosas, sendo que estas não estavam 
causando risco e prejuízos somente ao trabalhador (quem executava o serviço), mas sim aos 
terceiros, devido ao alto teor de complexidade no seu desenvolvimento. 
No Brasil tornou-se tratamento de previsão constitucional devido sua importância a 
cerca da possibilidade de produção de provas para ambas as partes, disposta em seu artigo 37 
parágrafo 6º: 
 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao 
seguinte: [...] § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado 
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa 
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o 
responsável nos casos de dolo ou culpa. (BRASIL, 1988, disponível em: 
https://bit.ly/1bIJ9XW). 
 
 
 
36 
 
 
Somente em 2002 com o advento do código civil atualmente vigente, houve então a 
adoção da teoria do risco pautada na responsabilidade objetiva, com previsão nos artigos 927 
parágrafo único e 931, ambos do mesmo dispositivo legal. 
 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, 
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade 
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para 
os direitos de outrem. [...] Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei 
especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de 
culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação. (SARAIVA, 2014, 
p. 210) 
 
 
 
Equiparando a teoria do risco em outras atividades além daquelas desenvolvidas pela 
administração pública ao que refere-se a Carta Magna, tais como nos casos especificados em 
lei, bem como aos empresários individuais e as empresas, pelos danos causados por produtos 
postos em circulação. 
 
 
2.2 Natureza da Responsabilidade do Empregador 
 
 
Porém, nem todo ato do empregador virá a ser responsabilizado perante a via da 
responsabilidade objetiva, pois mesmo com o surgimento da teoria do risco a 
responsabilidade subjetiva era prevista, assim colocando-se em pé de igualdade as duas 
modalidades de responsabilidades previstas em nossa legislação, tanto é que está 
regulamentada no artigo 7º inciso XXVIII da atual Constituição: 
 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à 
melhoria de sua condição social: [...]. XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, 
a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando 
incorrer em dolo ou culpa. (BRASIL, 1988, disponível em: https://bit.ly/1bIJ9XW). 
 
 
É de possível compreensão que a indenização devida ao empregado será em regra na 
modalidade subjetiva, devendo incorrer em dolo ou culpa, claro, sem esquecer o seguro contra 
acidentes além do dever de indenizar. 
Assim, deverá conter a comprovação de ato ilícito, destacado por Sebastião Geraldo de 
Oliveira em seu livro: 
37 
 
 
 
 
Para acolhimento da indenização acidentária, uma vez constatada a ocorrência dos 
danos, passa-se à etapa seguinte para verificar-se se também ocorreu um ato ilícito 
(culpa do empregador) e, ainda, se há uma ligação necessária entre esse ato e o dano, 
isto é, um nexo de causalidade. Se o acidentado, autor da ação indenizatória, não 
comprovar a presença desses dois pressupostos, não terá êxito na sua pretensão. 
Como leciona o Desembargador Sérgio Cavalieri Filho, ‘o conceito de nexo causal 
não é jurídico; decorre das leis naturais. É o vínculo, a ligação ou relação de causa e 
efeito entre a conduta e o resultado’. É até possível determinar a reparação de dano 
sem a constatação de culpa, em algumas hipóteses expressamente previstas (culpa 
objetiva), mas é inviável condenar, em qualquer hipótese, em que não se vislumbra o 
nexo causal. Para obter os direitos acidentários cobertos pelo seguro da Previdência 
Social, por exemplo, basta que se comprove o nexo causal do acidente com o 
trabalho do segurado. No entanto, para conseguir a reparação do direito comum 
(responsabilidade civil) é imprescindível que se comprove, além do nexo causal, a 
culpa ou dolo do empregador. (OLIVEIRA, 2002, p. 239-240). 
 
 
 
Salientando, portanto, a importância do famigerado nexo de causalidade entre o ato 
ilícito e o dano sofrido para que assim haja em face deste a responsabilização. Lembrando 
sempre a ocorrência da linha de ligação entre a conduta e o prejuízo sofrido. 
Não retirando a importância da concausalidade no âmbito previdenciário, pois para 
que haja o benefício é necessária a comprovação da ligação do acidente com o trabalho do 
beneficiário. 
Assim a responsabilidade objetiva é uma exceção, devido a alta complexidade em 
torno dela, constando por sua vez em situações especiais e também naquelas previamente 
previstas lei. 
Ao passo que, a subjetiva mostra-se uma regra geral, sendo aplicada na maioria dos 
casos de acidente (e até mesmo nas modalidades equiparadas-mórbidas), onde o empregado 
queira indenizar seu empregador por dano sofrido. 
Nos dias atuais a análise do caso concreto tem-se tornado muito importante, pois é 
necessária a compreensão da situação como um todo. Recentes decisões do TST (Tribunal 
Superior do Trabalho) optaram em alguns casos pela responsabilização na via objetiva: 
 
 
 
RECURSO DE REVISTA. ACIDENTE DE TRABALHO. MOTOCICLISTA. 
APLICABILIDADE DA TEORIA DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA. 
RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR. O envolvimento em acidentes 
automobilísticos nestes casos,

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