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2 Métodos de Custeio Acadêmicos¹ Tutor Externo² 1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O presente trabalho tem como objetivo estudar e analisar os métodos de custeio que podem ser utilizados pelas empresas. Abordaremos os dois principais métodos de custeio, o método de custeio por absorção, e o método de custeio direto ou variável. Segundo Padoveze (2012): “Os métodos de custeio representam o processo de identificar o custo unitário de um produto ou serviço ou de todos os produtos e serviços de uma empresa, partindo do total dos custos diretos e indiretos”. Computar ou não elementos na mensuração de custos torna os métodos de custeio diferentes entre si, possibilitando assim diversas alternativas de decisão, dependendo, dessa maneira, fundamentalmente das necessidades dos usuários (GUERREIRO, 2011, p. 4). Para Moura (2005), existem basicamente dois métodos de custeio, absorção e variável. Métodos de custeio é a forma como as empresas agregam ao preço de venda seus custos de fabricação. O principal objetivo é a separação de custos variáveis e custos fixos e definir qual seu peso dentro do preço de venda do produto. Os métodos de custeio estão relacionados à forma de atribuição dos custos aos produtos/serviços ou outros objetos, tais como: clientes, regiões, canais de distribuição etc. São adotados visando a orientar a tomada de decisões na escolha da melhor alternativa para a solução de um problema e, se necessário, efetivar ações corretivas, em caso de resultados não planejados (FARIA, COSTA,2005, p. 237). Para Lopes de Sá (1990, p.109) o custeio por absorção é a “expressão utilizada para designar o processo de apuração de custos que se baseia em dividir ou ratear todos os elementos do custo, de modo que, cada centro ou núcleo absorva ou receba aquilo que lhe cabe por cálculo ou atribuição”. Deste modo o custeio por absorção é aquele em que são atribuídos todos os custos de fabricação, sejam eles diretos ou indiretos, fixos ou variáveis. O custeio por absorção se caracteriza por apropriar todos os custos incorridos no período, sejam eles fixos ou variáveis, aos produtos fabricados (MEGLIORINI, 2009) O critério do custo variável (ou direto) é aquele que só inclui no custo das operações, dos produtos, serviços e atividades, os custos diretos e variáveis. Para que um custo (ou uma despesa) detenha as condições necessárias para compor o custo de um produto, por exemplo, é necessário que esse custo seja facilmente identificado com o produto, isto é, seja direto (onde não haja a necessidade de rateio) e que seja variável diante da variabilidade de um indicador que represente o produto, a operação, o processo, o componente ou a atividade. A finalidade principal do critério é a determinação da contribuição marginal total ou unitária de cada objeto de custeio. Essa informação tem um poder extraordinário, principalmente porque não é poluída pelo trabalho de rateio, perigoso, porque às vezes inútil e até enganador (LEONE, 2000, p. 405). Para koliver (2000), o custeio variável está fundamentado em todos os custos variáveis, diretos ou indiretos. Este sistema sofre restrições de ordem tributária, pois os resultados apurados não são reconhecidos pela receita federal para fins de cálculo do lucro real (lucro tributável) como base para cálculo do imposto de renda (PACHECO, CAMARGO, 2009). Horngren, Foster e Datar (2000) conceituam custeio por absorção como "o método de custeio de estoque em que todos os custos, variáveis e fixos, são considerados custos inventariáveis, ou seja, o estoque absorve todos os custos de fabricação". Segundo Megliorini (2001) o custeio por absorção é o sistema de custeio que consiste em atribuir aos produtos fabricados todos os custos de produção, quer de forma direta ou indireta (rateios). Assim, todos os custos, sejam eles fixos ou variáveis, são absorvidos pelos produtos. A metodologia de custeamento pelo método da absorção é considerada como básica para a avaliação de estoques pela contabilidade financeira para levantamento do balanço patrimonial e demonstração de resultados para atender as exigências da contabilidade fiscal e societária (SLOMSKI; BATISTA; CARVALHO, 2003, p. 13). Pong e Mitchell (2006) alegam que o Custeio por Absorção recebe maior importância em razão da difusão dos Padrões Internacionais de Contabilidade (IASB), que adota este método de custeio sem argumentos fundamentados. É o único método válido para fins de obtenção do Quadro Demonstrativo de Resultados dos exercícios fiscais e vai ao encontro de leis tributárias brasileiras e outras tantas internacionais (DUBOIS, 2009, p. 129). O custeio por absorção é um sistema elaborado a partir da aplicação dos conceitos básicos da contabilidade e que consiste na apropriação de todos os custos de produção aos produtos desenvolvidos, assim como todos os demais gastos relativos ao esforço aplicado na produção (MARTINS, 2003). Este método implica a separação de custos e despesas e, consequentemente, a apropriação dos custos indiretos, por meio de rateio, aos produtos, bem como seus custos diretos (KAPLAN; COOPER, 1998). Dessa forma, vale destacar que o custeio por absorção reconhece todos os custos de produção como despesas somente no momento da venda, demonstrando de forma mais apropriada a relação da receita com a despesa, na apuração do resultado. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Moura (2005) destaca que a principal vantagem do custeio por absorção é que ele está de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e com as leis tributárias. Ele também pode ser menos custoso para sua implantação, pois não existe necessidade de separação dos custos fixos e variáveis. Outra vantagem é a obtenção de informações precisas para o planejamento em longo prazo, e também para a demonstração de resultados para uso externo. As desvantagens são as facilidades que o custeio variável apresenta como a rápida geração de informação para a administração da empresa entre outras. Para PucRS (2009) a principal desvantagem do custeio por absorção está na elaboração de preço de venda sem a real margem de contribuição, que é a diferença do preço de venda e o custo do produto, resultando em um preço de venda menos eficiente e competitivo. Moura (2005) destaca entre as vantagens do custeio variável que o custo do produto é mensurável objetivamente e não sofre interferência. O lucro alcançado não sofre interferência com alterações de estoque, e possibilita mais clareza no planejamento desse lucro e nas tomadas de decisões. Outra vantagem é a apresentação imediata da margem de contribuição de cada produto, que é a diferença do preço de venda e o custo do produto, e a fácil geração de informação para a administração quando necessita saber quais produtos são mais rentáveis. Moura (2005) também destaca algumas desvantagens, ele explica que a exclusão dos custos fixos pode causar uma subavaliação e pode alterar o resultado em um período. Também pode ocorrer problemas na avaliação dos custos, pois existe custos semivariáveis e semifixos. De maneira geral o custeamento variável é utilizado para tomada de decisões a curto prazo,isso pode prejudicar a continuidade da empresa num projeto a longo prazo. Exemplo de Cálculo de Custo por Absorção, para isto, vamos usar como exemplo fictício uma pequena fábrica de sabão e sabonete, onde planeja vender em determinado mês 10.000 unidades de sabão e 10.000 unidades de sabonete, a R$3,00 e R$2,00 cada unidade respectivamente. Este volume de vendas gerará para a empresa um faturamento de R$50.000. Vendas Produto Quantidade Vendida Preço de Venda Faturamento Sabão 10.000 R$ 3,00 R$ 30.000,00 Sabonete 10.000 R$ 2,00 R$ 20.000,00 TOTAL 20.000 R$ 50.000,00 É de extrema importância conhecermos a quantidade de cada matéria-prima utilizada para produzir 1 unidade de sabão e para a produção de 1 unidade de sabonete. Assim, fazendo um cálculo simples podemos chegar ao Custo Variável Unitário de cada produto E por fim, multiplicandoo custo unitário pela quantidade total do item vendido, temos o Custo Variável Total. Custo Variável Produto Matéria-Prima Quantidade Consumida (Kg) Preço de Compra da Matéria-Prima (Kg) Custo Variável Unitário Custo Variável Total Custo Variável Total Sabonete Algodão 0,03 R$ 30,00 R$ 0,90 R$ 1.200,00 R$ 12.000,00 Lavanda 0,01 R$ 20,00 R$ 0,20 Erva Doce 0,02 R$ 5,00 R$ 0,10 Sabão Álcool 0,02 R$ 35,00 R$ 0,70 R$ 1.200,00 R$ 12.000,00 Coco 0,01 R$ 30,00 R$ 0,30 Glicerina 0,005 R$ 40,00 R$ 0,20 Total R$ 24.000,00 Vamos imaginar que nossa pequena fábrica de sabão e sabonete tenha R$ 18.500 de Custos Fixos, conforme imagem abaixo: Custos Fixos ( Despesas) Despesa Valor Energia Elétrica R$ 2.000,00 Mão-de-Obra Direta R$ 10.000,00 Mão-de-Obra Indireta R$ 4.000,00 Manutenção de Máquinas R$ 2.500,00 TOTAL R$ 18.500,00 Veja que estamos falando de Custos Fixos, mas todos ainda são relacionados à produção. Estes Custos, como o próprio nome diz, são fixos. Acontecendo ou não a venda dos produtos, eles continuarão a existir. Vamos imaginar que cada sabão leve 5 minutos para ser produzido, enquanto cada sabonete precisa de 3 minutos. Quando multiplicamos este tempo pelo volume total de sabão e sabonete produzidos no mês, chegamos a conclusão que vamos precisar de 80.000 minutos para confeccionar os 10.000 sabões e os 10.000 sabonetes. Temos o tempo necessário para cada sabão e cada sabonete, o tempo total de produção dos 20.000 itens e também os Custos Fixos. Custo por Absorção Produto Tempo de Produção Unitário (minutos) Tempo de Produção (minutos) Valor Unitário Absorvido Valor Absorvido Total Percentualmente Sabão 5 50.000 R$ 1,16 R$ 11.562,50 62,50% Sabonete 3 30.000 R$ 0,69 R$ 6.937,50 37,50% Total 80.000 R$ 18.500,00 Agora que temos todas as variáveis na mão, podemos calcular facilmente a Margem de Contribuição Bruta e Margem de Contribuição Líquida de nossa fábrica de sabão e sabonete. Margem de Contribuição (+) Faturamento R$ 50.000,00 (-) Impostos R$ 3.000,00 (-) Custos Variáveis R$ 24.000,00 (=) Margem de Contribuição Bruta R$ 23.000,00 (-) Custos por Absorção R$ 18.500,00 (=) Margem de Contribuição Líquida R$ 4.500,00 OBS: Por não ser o foco deste trabalho, simplificamos o cálculo dos impostos, pressupondo que a empresa está no regime de tributação Simples Nacional. 3.REFERÊNCIAS FARIA, A. C. de; COSTA, M. de F. G. da. Gestão de custos logísticos. São Paulo: Atlas, 2005. GUERREIRO, Reinaldo. Estruturação de sistemas de custos para a gestão da rentabilidade. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2011. HORNGREN, C. T.; FOSTER, D.; DATAR, S. M. Contabilidade de custos. Tadução da 9ª ed. por José Luiz Paravato. Rio de Janeiro: LTCA, 1999. HORNGREN, C. T.; FOSTER, G.; DATAR, S. M. Contabilidade de custos. 9. ed. Tradução de José Luiz Paravato. Rio de Janeiro: LTC, 2000 PADOVEZE, C. L. Controladoria estratégica e operacional. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. LOPES DE SÁ, A. Dicionário de Contabilidade. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1990. LEONE, G. S. Custos: planejamento, implantação e controle. São Paulo: Atlas, 2000 MEGLIORINI, Evandir. Custos. São Paulo: Makron Books, 2001. LIMA, Fúlvia Fernanda de. FILHO, Rodolfo Araújo de Moraes Filho. Gestão estratégica de custos: custeio por absorção em pequenas empresas em Recife, PE, Brasil. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-70122016000300528&lang=pt Acessado em: 21 Novembro 2019. MOURA, Herval da Silva. O custeio por absorção e o custeio variável: qual seria o melhor método a ser adotado pela empresa? Disponivel em: <http://www.uefs.br/sitientibus/pdf/32/o_custeio_por_absorcao_e_o_custeio_variavel.pdf> Acessado em : 21 Novembro 2019. MEGLIORINI, Evandir. Custos: análise e gestão. 2 ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2007. PONG, Chris; MITCHEL, Falconer. Full costing versus variable costing: does the choice still matter? An empirical exploration of UK manufacturing companies 1988-2002. The British Accounting Review, v. 38, n. 2, p. 131-148, 2006. PUCRS. Princípios e métodos de custeio. Disponível em: http://pucrs.campus2.br/~blauth/Custos2/metodos_custeio.doc Acessado em: 21 Novembro 2019. SLOMSKI, V.; BATISTA, I. V. C.; CARVALHO, E. M. de. Os métodos de custeio variável e por absorção e o inconsciente coletivo na contabilidade de custos. Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ, v. 8, n. 1, p. 9-20, 2003. Definição do Tema Pesquisa Bibliográfica Referências Apresentação Entrega do Trabalho 1 Claudete Vieira, Eduardo Antunes Lins de Lima, Leticia Rubiana Belinski, Priscila P.S de A. Godinho 2 Rodrigo Pellizzaro Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (ADG1496) – Prática do Módulo I - 21/11/2019
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