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A ORIGEM DA CONTABILIDADE

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1 
 
A ORIGEM DA CONTABILIDADE 
 
A história da contabilidade é tão antiga quanto à própria história da civilização. 
Está ligada às primeiras manifestações humanas da necessidade social de proteção à 
posse e de perpetuação e interpretação dos fatos ocorridos com o objeto material de que 
o homem sempre dispôs para alcançar os fins propostos. 
Deixando a caça, o homem voltou-se à organização da agricultura e do pastoreio. 
A organização econômica acerca do direito do uso do solo acarretou em separatividade, 
rompendo a vida comunitária, surgindo divisões e o senso de propriedade. Assim, cada 
pessoa criava sua riqueza individual. 
Ao morrer, o legado deixado por esta pessoa não era dissolvido, mas passado 
como herança aos filhos ou parentes. A herança recebida dos pais (pater, patris), 
denominou-se patrimônio. O termo passou a ser utilizado para quaisquer valores, mesmo 
que estes não tivessem sido herdados. 
A origem da Contabilidade está ligada a necessidade de registros do comércio. 
Há indícios de que as primeiras cidades comerciais eram dos fenícios. A prática do 
comércio não era exclusiva destes, sendo exercida nas principais cidades da Antiguidade. 
A atividade de troca e venda dos comerciantes semíticos requeria o 
acompanhamento das variações de seus bens quando cada transação era efetuada. As 
trocas de bens e serviços eram seguidas de simples registros ou relatórios sobre o fato. 
Mas as cobranças de impostos, na Babilônia já se faziam com escritas, embora 
rudimentares. Um escriba egípcio contabilizou os negócios efetuados pelo governo de seu 
país no ano 2000 a.C. 
À medida que o homem começava a possuir maior quantidade de valores, 
preocupava-lhe saber quanto poderiam render e qual a forma mais simples de aumentar 
as suas posses; tais informações não eram de fácil memorização quando já em maior 
volume, requerendo registros. 
Foi o pensamento do “futuro” que levou o homem aos primeiros registros a fim de 
que pudesse conhecer as suas reais possibilidades de uso, de consumo, de produção etc. 
Com o surgimento das primeiras administrações particulares aparecia a necessidade de 
controle, que não poderia ser feito sem o devido registro, a fim de que se pudesse prestar 
conta da coisa administrada. 
É importante lembrarmos que naquele tempo não havia o crédito, ou seja, as 
compras, vendas e trocas eram à vista. Posteriormente, empregavam-se ramos de árvore 
assinalados como prova de dívida ou quitação. O desenvolvimento do papiro (papel) e do 
2 
 
cálamo (pena de escrever) no Egito antigo facilitou extraordinariamente o registro de 
informações sobre negócios. 
A medida em que as operações econômicas se tornam complexas, o seu controle 
se refina. As escritas governamentais da República Romana (200 a.C.) já traziam receitas 
de caixa classificadas em rendas e lucros, e as despesas compreendidas nos itens 
salários, perdas e diversões. 
No período medieval, diversas inovações na contabilidade foram introduzidas por 
governos locais e pela igreja. Mas é somente na Itália que surge o termo Contabilitá. 
Podemos resumir a evolução da ciência contábil da seguinte forma: 
CONTABILIDADE DO MUNDO ANTIGO – período que se inicia com as primeiras 
civilizações e vai até 1202 da Era Cristã, quando apareceu o Liber Abaci , da autoria 
Leonardo Fibonaci, o Pisano. 
CONTABILIDADE DO MUNDO MEDIEVAL – período que vai de 1202 da Era 
Cristã até 1494, quando apareceu o Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade 
por Partidas Dobradas) de Frei Luca Paciolo, publicado em 1494, enfatizando que à teoria 
contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e negativos, 
obra que contribuiu para inserir a contabilidade entre os ramos do conhecimento humano. 
CONTABILIDADE DO MUNDO MODERNO – período que vai de 1494 até 1840, 
com o aparecimento da Obra “La Contabilità Applicatta alle Amministrazioni Private e 
Pubbliche”, da autoria de Franscesco Villa, premiada pelo governo da Áustria. Obra 
marcante na história da Contabilidade. 
CONTABILIDADE DO MUNDO CIENTÍFICO – período que se inicia em 1840 e 
continua até os dias de hoje. 
 
PERÍODO ANTIGO 
 
A contabilidade empírica, praticada pelo homem antigo, já tinha como objeto o 
Patrimônio, representado pelos rebanhos e outros bens nos seus aspectos quantitativos. 
Os primeiros registros processaram-se de forma rudimentar, na memória do 
homem. Como este é um ser pensante, inteligente, logo encontrou formas mais eficientes 
de processar os seus registros, utilizando gravações e outros métodos alternativos. 
O inventário exercia um importante papel, pois a contagem era o método adotado 
para o controle dos bens, que eram classificados segundo sua natureza: rebanhos, 
metais, escravos, etc. A palavra “Conta” designa o agrupamento de itens da mesma 
espécie. 
3 
 
As primeiras escritas contábeis datam do término da Era da Pedra Polida, quando 
o homem registrava os seus primeiros desenhos e gravações. 
Os primeiros controles eram estabelecidos pelos templos, o que perdurou por 
vários séculos. Os suméricos e babilônicos, assim como os assírios, faziam os seus 
registros em peças de argila, retangulares ou ovais, ficando famosas as pequenas tábuas 
de Uruk, que mediam aproximadamente 2,5 a 4,5 centímetros, tendo faces ligeiramente 
convexas. 
Os registros combinavam o figurativo com o numérico. Gravava-se a cara do 
animal cuja existência se queria controlar e o numero correspondente às cabeças 
existentes. Embora rudimentar, o registro, em sua forma, assemelhava-se ao que hoje se 
processa. O nome da conta, “Matrizes”, por exemplo, substituiu a figura gravada, 
enquanto o aspecto numérico se tornou mais qualificado, com o acréscimo do valor 
monetário ao quantitativo. Esta evolução permitiu que, paralelamente à “Aplicação”, se 
pudesse demonstrar, também, a sua “Origem”. 
Na cidade de Ur, na Caldéia, onde viveu Abraão, personagem bíblico citado no 
livro Gênesis, encontra-se, em escavações, importantes documentos contábeis: tabela de 
escrita cuneiforme, onde estão registradas contas referentes á mão-de-obra e materiais, 
ou seja, Custos Diretos. Isto significa que, há 5.000 anos antes de Cristo, o homem já 
considerava fundamental apurar os seus custos. 
O Sistema Contábil é dinâmico e evoluiu com a duplicação de documentos e 
“Selos de Sigilo”. Os registros se tornaram diários e, posteriormente, foram sintetizados 
em papiros ou tábuas, no final de determinados períodos. Sofreu nova sintetização, 
agrupando-se vários períodos, o que lembra o diário, o balancete mensal e o balanço 
anual. 
Já se estabelecia o confronto entre variações positivas e negativas, aplicando-se, 
empiricamente, o Princípio da Competência. Reconhecia-se a receita, a qual era 
confrontada com a despesa. Os egípcios legaram um riquíssimo acervo aos historiadores 
da Contabilidade, e seus registros remontam a 6.000 anos antes de Cristo. 
A escrita no Egito era fiscalizada pelo Fisco Real, o que tornava os escriturários 
zelosos e sérios em sua profissão. O inventário revestia-se de tal importância, que a 
contagem do boi, divindade adorada pelos egípcios, marcava o inicio do calendário 
adotado. Inscreviam-se bens móveis e imóveis, e já se estabeleciam, de forma primitiva, 
controles administrativos e financeiros. 
As “Partidas de Diário” assemelhavam-se ao processo moderno: o 
registro iniciava-se com a data e o nome da conta, seguindo-se quantitativos unitários e 
4 
 
totais, transporte, se ocorresse, sempre em ordem cronológica de entradas e saídas. 
Pode-se citar, entre outras contas: “Conta de Pagamento de Escravos”, “Conta de 
Vendas Diárias”, “Conta Sintética Mensal dos Tributos Diversos”, etc. 
Tudo indica que foram os egípcios os primeiros povos a utilizar o valor monetário 
em seus registros. Usava como base, uma moeda, cunhada em ouro e prata, denominada 
“Shat”. Era a adoção, de maneira prática, do Princípio do DenominadorComum 
Monetário. 
Os gregos, baseando-se em modelos egípcios, 2.000 anos antes de Cristo, já 
escrituravam Contas de Custos e Receitas, procedendo, anualmente, a uma confrontação 
entre elas, para apuração do saldo. Os gregos aperfeiçoaram o modelo egípcio, 
estendendo a escrituração contábil às várias atividades, como administração pública, 
privada e bancária. 
 
NA BÍBLIA 
 
Há interessantes relatos bíblicos sobre controles contábeis, um dos quais o 
próprio Jesus relatou em Lucas capítulo 16, versos 1 a 7: o administrador que fraudou seu 
senhor, alterando os registros de valores a receber dos devedores. 
No tempo de José, no Egito, houve tal acumulação de bens que perderam a conta 
do que se tinha! (Gênesis 41.49). 
Houve um homem muito rico, de nome Jó, cujo patrimônio foi detalhadamente 
inventariado no livro de Jó, capítulo 1, verso 3. Depois de perder tudo, ele recupera os 
bens, e um novo inventário é apresentado em Jó, capítulo 42, verso 12. 
Os bens e as rendas de Salomão também foram inventariados em 1º Reis 4.22-26 
e 10.14-17. Em outra parábola de Jesus, há citação de um construtor, que faz contas para 
verificar se o que dispunha era suficiente para construir uma torre (Lucas 14.28-30). 
Ainda, se relata a história de um devedor, que foi perdoado de sua dívida registrada 
(Mateus 18.23-27). Tais relatos comprovam que, nos tempos bíblicos, o controle de ativos 
era prática comum. 
 
PERÍODO MEDIEVAL 
 
Em Itália, em 1202, foi publicado o livro “Liber Abaci”, de Leonardo Pisano. 
Estudavam-se, na época, técnicas matemáticas, pesos e medidas, câmbio, etc., tornando 
o homem mais evoluído em conhecimentos comerciais e financeiros. 
5 
 
Se os sumério-babilônios plantaram a semente da Contabilidade e os egípcios a 
regaram, foram os italianos que fizeram o cultivo e a colheita. Foi um período importante 
na história do mundo, especialmente na história da Contabilidade, denominado a “Era 
Técnica”, devido às grandes invenções, como moinho de vento, aperfeiçoamento da 
bússola, etc., que abriram novos horizontes aos navegadores, como Marco Pólo e outros. 
A indústria artesanal proliferou com o surgimento de novas técnicas no sistema de 
mineração e metalurgia. O comércio exterior incrementou-se por intermédio dos 
venezianos, surgindo, como conseqüência das necessidades da época, o livro caixa, que 
recebia registros de recebimentos e pagamentos em dinheiro. Já se utilizavam, de forma 
rudimentar, o débito e o crédito, oriundos das relações entre direitos e obrigações, e 
referindo-se, inicialmente, a pessoas. 
O aperfeiçoamento e o crescimento da Contabilidade foram a conseqüência 
natural das necessidades geradas pelo advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII. O 
processo de produção na sociedade capitalista gerou a acumulação de capital, alterando-
se as relações de trabalho. O trabalho escravo cedeu lugar ao trabalho assalariado, 
tornando os registros mais complexos. No século X, apareceram as primeiras 
corporações na Itália, transformando e fortalecendo a sociedade burguesa. 
No final do século XIII apareceu pela primeira vez a conta “Capital”, 
representando o valor dos recursos injetados nas companhias pela família proprietária. 
O método das Partidas Dobradas teve sua origem na Itália, embora não se possa 
precisar em que região. O seu aparecimento implicou a adoção de outros livros que 
tornassem mais analítica a Contabilidade, surgindo, então, o Livro da Contabilidade de 
Custos. 
No início do Século XIV, já se encontravam registros explicitados de custos 
comerciais e industriais, nas suas diversas fases: custo de aquisição; custo de transporte 
e dos tributos; juros sobre o capital, referente ao período transcorrido entre a aquisição, o 
transporte e o beneficiamento; mão-de-obra direta agregada; armazenamento; tingimento, 
etc., o que representava uma apropriação bastante analítica para época. A escrita já se 
fazia no moldes de hoje, considerando, em separado, gastos com matérias-primas, mão-
de-obra direta a ser agregada e custos indiretos de fabricação. Os custos eram 
contabilizados por fases separadamente, até que fossem transferidos ao exercício 
industrial. 
 
PERÍODO MODERNO 
O período moderno foi à fase da pré-ciência. Devem ser citados três eventos 
6 
 
importantes que ocorreram neste período: 
 Em 1453, os turcos tomam Constantinopla, o que fez com que grandes 
sábios bizantinos emigrassem, principalmente para Itália; 
 Em 1492, é descoberta a América e, em 1500, o Brasil, o que representava 
um enorme potencial de riquezas para alguns países europeus; 
 Em 1517, ocorreu a reforma religiosa; os protestantes, perseguidos na 
Europa, emigram para as Américas, onde se radicaram e iniciaram nova 
vida. 
A Contabilidade tornou-se uma necessidade para se estabelecer o controle das 
inúmeras riquezas que o Novo Mundo representava. A introdução da técnica contábil nos 
negócios privados foi uma contribuição de comerciantes italianos do séc. XIII. Os 
empréstimos a empresas comerciais e os investimentos em dinheiro determinaram o 
desenvolvimento de escritas especiais que refletissem os interesses dos credores e 
investidores e, ao mesmo tempo, fossem úteis aos comerciantes, em suas relações com 
os consumidores e os empregados. 
O aparecimento da obra de Frei Luca Pacioli, contemporâneo de Leonardo da 
Vinci, que viveu na Toscana, no século XV, marca o início da fase moderna da 
Contabilidade. 
 
FREI LUCA PACIOLI 
 
Escreveu “Tratactus de Computis et Scripturis” (Contabilidade por Partidas 
Dobradas), publicado em 1494, enfatizando que à teoria contábil do débito e do crédito 
corresponde à teoria dos números positivos e negativos. 
Pacioli foi matemático, teólogo, contabilista entre outras profissões. Deixou muitas 
obras, destacando-se a “Summa de Aritmética, Geometria, Proportioni et Proporcionalitá”, 
impressa em Veneza, na qual está inserido o seu tratado sobre Contabilidade e 
Escrituração. 
Pacioli, apesar de ser considerado o pai da Contabilidade, não foi o criador das 
Partidas Dobradas. O método já era utilizado na Itália, principalmente na Toscana, desde 
o Século XIV. 
O tratado destacava, inicialmente, o necessário ao bom comerciante. A seguir 
conceituava inventário e como fazê-lo. Discorria sobre livros mercantis: memorial, diário e 
razão, e sobre a autenticação deles; sobre registros de operações: aquisições, permutas, 
sociedades, etc.; sobre contas em geral: como abrir e como encerrar; contas de 
7 
 
armazenamento; lucros e perdas, que na época, eram “Pro” e “Dano”; sobre correções de 
erros; sobre arquivamento de contas e documentos, etc. 
Sobre o Método das Partidas Dobradas, Frei Luca Pacioli expôs a terminologia 
adaptada: 
“Per”, mediante o qual se reconhece o devedor; 
“A”, pelo qual se reconhece o credor. 
Acrescentou que, primeiro deve vir o devedor, e depois o credor, prática que se 
usa até hoje. A obra de Frei Luca Pacioli, contemporâneo de Leonardo da Vinci, que viveu 
na Toscana, no século XV, marca o início da fase moderna da Contabilidade. A obra de 
Pacioli não só sistematizou a Contabilidade, como também abriu precedente que para 
novas obras pudessem ser escritas sobre o assunto. É compreensível que a formalização 
da Contabilidade tenha ocorrido na Itália, afinal, neste período instaurou-se a 
mercantilização sendo as cidades italianas os principais interpostos do comércio mundial. 
Foi a Itália o primeiro país a fazer restrições à prática da Contabilidade por um 
indivíduo qualquer. O governo passou a somente reconhecer como contadores, pessoas 
devidamente qualificadas para o exercício da profissão. A importância da matéria 
aumentou com a intensificação do comércio internacional e com as guerras ocorridas nos 
séculos XVIII e XIX, que consagraram numerosas falências e a conseqüente necessidade 
de se proceder à determinação das perdas e lucros entre credores e devedores. 
 
PERÍODO CIENTÍFICOO Período Científico apresenta, nos seus primórdios, dois grandes autores 
consagrados: Francesco Villa, escritor milanês, contabilista público, que, com sua obra 
“La Contabilità Applicatta alle administrazioni Private e Plubbliche”, inicia a nova fase; e 
Fábio Bésta, escritor veneziano. 
Os estudos envolvendo a Contabilidade fizeram surgir três escolas do 
pensamento contábil: a primeira, chefiada por Francisco Villa, foi a Escola Lombarda; a 
segunda, a Escola Toscana, chefiada por Giusepe Cerboni; e a terceira, a Escola 
Veneziana, por Fábio Bésta. 
Embora o século XVII tivesse sido o berço da era científica e Pascal já tivesse 
inventado a calculadora, a ciência da Contabilidade ainda se confundia com a ciência da 
Administração, e o patrimônio se definia como um direito, segundo postulados jurídicos. 
Nessa época, na Itália, a Contabilidade já chegara à universidade. A 
Contabilidade começou a ser lecionada com a aula de comércio da corte, em 1809. 
8 
 
A obra de Francesco Villa foi escrita para participar de um concurso sobre 
Contabilidade, promovido pelo governo da Áustria, que reconquistara a Lombarda, terra 
natal do autor. Além do prêmio, Villa teve o cargo de Professor Universitário. 
Francisco Villa extrapolou os conceitos tradicionais de Contabilidade, segundo os 
quais escrituração e guarda livros poderiam ser feitas por qualquer pessoa inteligente. 
Para ele, a Contabilidade implicava conhecer a natureza, os detalhes, as normas, as leis 
e as práticas que regem a matéria administradas, ou seja, o patrimônio. Era o 
pensamento patrimonialista. Foi o inicio da fase científica da Contabilidade. 
Fábio Bésta, seguidor de Francesco Villa, superou o mestre em seus 
ensinamentos. Demonstrou o elemento fundamental da conta, o valor, e chegou, muito 
perto de definir patrimônio como objeto da Contabilidade. 
Foi Vicenzo Mazi, seguidor de Fábio Bésta, quem pela primeira vez, em 1923, 
definiu patrimônio como objeto da Contabilidade. O enquadramento da Contabilidade 
como elemento fundamental da equação aziendalista, teve, sobretudo, o mérito 
incontestável de chamar atenção para o fato de que a Contabilidade é muito mais do que 
mero registro; é um instrumento básico de gestão. 
Entretanto a escola Européia teve peso excessivo da teoria, sem demonstrações 
práticas, sem pesquisas fundamentais: a exploração teórica das contas e o uso 
exagerado das partidas dobradas, inviabilizando, em alguns casos, a flexibilidade 
necessária, principalmente, na Contabilidade Gerencial, preocupando-se demais em 
demonstrar que a Contabilidade era uma ciência ao invés de dar vazão à pesquisa séria 
de campo e de grupo. 
A partir de 1920, aproximadamente, inicia-se a fase de predominância norte-
americana dentro da Contabilidade. 
 
ESCOLA NORTE-AMERICANA 
 
Enquanto declinavam as escolas européias, floresciam as escolas norte-
americanas com suas teorias e práticas contábeis, favorecidas não apenas pelo apoio de 
uma ampla estrutura econômica e política, mas também pela pesquisa e trabalho sério 
dos órgãos associativos. O surgimento do American Institut of Certield Public Accountants 
foi de extrema importância no desenvolvimento da Contabilidade e dos princípios 
contábeis; várias associações empreenderam muitos esforços e grandes somas em 
pesquisas nos Estados Unidos. Havia uma total integração entre acadêmicos e os já 
profissionais da Contabilidade, o que não ocorreu com as escolas européias, onde as 
9 
 
universidades foram decrescendo em nível, em importância. 
A criação de grandes empresas, como as multinacionais ou transnacionais, por 
exemplo, que requerem grandes capitais, de muitos acionistas, foi a causa primeira do 
estabelecimento das teorias e práticas contábeis, que permitissem correta interpretação 
das informações, por qualquer acionista ou outro interessado, em qualquer parte do 
mundo. 
Nos inícios do século atual, com o surgimento das gigantescas corporações, 
aliado ao formidável desenvolvimento do mercado de capitais e ao extraordinário ritmo de 
desenvolvimento que os Estados Unidos da América experimentou e ainda experimenta, 
constitui um campo fértil para o avanço das teorias e práticas contábeis. Não é por acaso 
que atualmente o mundo possui inúmeras obras contábeis de origem norte-americanas 
que tem reflexos diretos nos países de economia. 
 
NO BRASIL 
 
No Brasil, a vinda da Família Real Portuguesa incrementou a atividade colonial, 
exigindo – devido ao aumento dos gastos públicos e também da renda nos Estados – um 
melhor aparato fiscal. Para tanto, constituiu-se o Erário Régio ou o Tesouro Nacional e 
Público, juntamente com o Banco do Brasil (1808). As Tesourarias de Fazenda nas 
províncias eram compostas de um inspetor, um contador e um procurador fiscal, 
responsáveis por toda a arrecadação, distribuição e administração financeira e fiscal. 
Hoje, as funções do contabilista não se restringem ao âmbito meramente fiscal, 
tornando-se, num mercado de economia complexa, vital para empresas informações mais 
precisas possíveis para tomada de decisões e para atrair investidores. O profissional vem 
ganhando destaque no mercado em Auditoria, Controladoria e Atuarial. 
São áreas de analise contábil e operacional da empresa, e, para atuários, um 
profissional raro, há a especialização em estimativas e análises; o mercado para este 
cresce em virtude de planos de previdência privada. 
 
Teoria da Contabilidade 
 
1.Conceito de Contabilidade: Na contabilidade, o objeto é sempre o Patrimônio de uma 
Entidade, definido como um conjunto de bens, direitos e obrigações para com terceiros, 
pertencentes a uma pessoa física ou a um grupo de pessoas. A contabilidade busca, 
primordialmente, aprender, no sentido mais amplo possível, e entender as mutações 
10 
 
sofridas pelo Patrimônio. As mutações tanto podem decorrer da ação do homem quanto, 
embora quase sempre secundariamente, dos efeitos da natureza sobre o patrimônio. 
 
2 - O Surgimento da Contabilidade: Os primeiros sinais objetivos da existência da 
Contabilidade, segundo pesquisadores, foram observados por volta do ano 4.000 a/C, na 
civilização Sumério-Babilonense e coincidiu com a invenção da escrita. As primeiras 
anotações eram feitas em termos físicos, pois somente havia trocas, o que fez com que 
sua evolução fosse bastante lenta. Em 1.100 a.C, este quadro se alterou, por ocasião do 
surgimento da moeda. Há informações que os primeiros rudimentos de Balanço 
apareceram no ano de 1.300 em Florença na Itália. Entre os séculos XIII e XVIII a 
contabilidade se distinguiu como uma disciplina adulta, justamente pelo fato de que neste 
período a atividade mercantil, econômica e cultural era muito importante, ou seja, a 
evolução da Contabilidade está associada ao desenvolvimento da sociedade como um 
todo. Esse fato tem feito que mais recentemente a Contabilidade venha sendo 
considerada como pertencente ao ramo da ciência social. A intensidade das atividades 
mercantis, econômicas e culturais, determinou o surgimento e domínio das ESCOLAS DE 
CONTABILIDADE, notadamente na Itália. 
 
3. AS ESCOLAS DE CONTABILIDADE: 
 
3.1 - Escola Italiana de Contabilidade: Com o surgimento do Método de Partidas 
Dobradas no século XIII ou XIV, e sua divulgação através da obra "La Summa de 
Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proporcionalitá" de autoria do Frei Luca Pacioli, 
publicada em Veneza em 10/11/1494, a escola Italiana ganhou grande impulso, 
espalhando-se por toda a Europa. Vários correntes de pensamento contábil se 
desenvolveram dentro da escola italiana, sendo as mais relevantes: o contismo, o 
personalismo, o neocontismo, o controlismo, o aziendalismo e o patrimonialismo. 
 
3.1.1 - Escola Contista: Constituiu-se na primeira corrente de pensamento contábil (1494). 
Seu surgimento está relacionado aos estudos feitos pelos primeiros expositores do 
Método de Partidas Dobradas. Os defensores dessacorrente adotaram como idéia básica 
o mecanismo das contas, centrando sua preocupação no seu funcionamento, 
esquecendo-se que a conta é apenas conseqüência das operações que acontecem numa 
entidade, e que essas operações devem merecer a máxima atenção da contabilidade. 
Para os criadores da escola contista, a preocupação central da contabilidade era com o 
11 
 
processo de escrituração e com as técnicas de registro através das contas. O objetivo das 
contas era sempre o de registrar uma dívida a receber ou a pagar, coincidindo com a 
origem do crédito nas relações comerciais. Com o início do regime sócio-econômico, onde 
os meios de produção passaram a pertencer a qualquer pessoa que possuísse capital, as 
relações de crédito entre compradores e vendedores experimentaram um grande 
crescimento, fazendo com que as contas contábeis se constituíssem num dos mais 
hábeis instrumentos para o registro destas relações. Em 1796, Jones apresentou o 
modelo inglês de registro baseado em dois livros principais: o diário e o razão e dois livros 
auxiliares: caixa e armazém (existências). Este autor teve o mérito de ser o primeiro a 
admitir a necessidade de realizar-se um controle numérico entre os livros principais, 
somando-se separadamente o diário e o razão para verificar a igualdade de ambas as 
somas. A preocupação com a fidelidade das informações contidas no diário e no razão 
revelou a necessidade de uma maior sistematização do processo de registro das 
operações, com a conseqüente melhoria na qualidade do produto deste processo. 
Mais tarde, com o surgimento das sociedades com mais de um capitalista, criou-se a 
conta capital, considerada pelos contistas como uma dívida da empresa para com o 
capitalista. Os principais personagens do contismo foram: Fibonacci, Pegolotti, Pietra, 
Flori, Degranges, sendo que os mais destacados foram Cotrugli e Frei Luca Pacioli. 
 
3.1.2 - Escola Personalista: Esta escola surgiu como uma reação ao contismo, durante a 
segunda metade do século XIX (1867), dando personalidade às contas para poder 
explicar as relações de direitos e obrigações. Para os teóricos do personalismo, as contas 
deveriam ser abertas tanto para pessoas físicas como jurídicas (pessoas verdadeiras), e o 
dever e haver representava débitos e créditos das pessoas a quem as contas foram 
abertas. Um dos primeiros idealizadores desta teoria foi Francesco Marchi (1822/1871). 
Mas foi Giuseppe Cerboni (1827/1917) o verdadeiro construtor da teoria personalista. 
Justificava a personificação das contas por considerar que qualquer operação 
administrativa, correspondente à gestão de qualquer entidade, assume relevância jurídica 
em virtude do débito e crédito que provoca. Cerboni fundamentou a teoria personalista 
nos seguintes axiomas: Toda a administração consta de uma ou várias aziendas 
(conjunto de bens materiais, direitos e obrigações que formam o patrimônio) e toda 
azienda tem um proprietário ou chefe a quem pertence em absoluto ou por representação 
a matéria administrável. Por outro lado, não se pode administrar sem que o proprietário ou 
chefe entre em relação com agentes (empregados) e correspondentes (terceiros).  Uma 
coisa é possuir os direitos de propriedade e de soberania da azienda e outra coisa é 
12 
 
administrá-la.  Uma coisa é administrar a azienda e outra é guardar os bens da mesma 
e ser responsável por eles.  Nenhum débito é criado sem que de forma simultânea se 
crie um crédito e vice-versa.  Em relação aos empregados e terceiros, o proprietário é 
de fato o credor do ativo e o devedor do passivo. Os empregados e terceiros nunca serão 
debitados ou creditados sem que o proprietário seja creditado ou debitado pela mesma 
importância.  O deve e o haver do proprietário somente varia como conseqüência de 
ganhos ou perdas ou de reduções ou reforços da dotação inicial da azienda. No 
personalismo, a ciência contábil é considerada o estudo das variações da riqueza em 
relação a azienda e a contabilidade a ciência da administração aziendal. Uma importante 
contribuição desta escola à comunicação contábil foi a de que a contabilidade passou a 
ser considerada um instrumento informacional sobre a gestão das entidades, em vez de 
uma mera técnica de registro de transações econômicas. Portanto, considerada uma 
disciplina ligada à gestão e ao processo de tomada de decisão. Os principais 
personagens foram Marchi, Cerboni e Rossi. 
 
3.1.3 - Escola Controlista: Para Fábio Besta (1880) a contabilidade representava a ciência 
do controle econômico. Este autor considerava que o controle econômico se compunha 
de duas partes: uma responsável pelo registro contábil dos momentos da administração 
econômica e sua efetivação por meio de escrituração e a outra representava a revelação 
das partidas dobradas dos fatos administrativos em conexão com os critérios 
organizacionais articulados de acordo com os mecanismos de controle inerentes à 
escrituração contábil. Na visão dos controlistas, os balanços, as contas, os orçamentos, 
as demonstrações de resultados, etc., representavam uma forma de controle da riqueza 
dos organismos econômicos. 
Besta entendia que a contabilidade tinha a missão de atender as seguintes três 
fases: primeiro estabelecer um ponto de partida para tornar possível a análise dos 
resultados da gestão; em segundo lugar acompanhar a gestão evidenciando os fatos 
ocorridos que julgar-se o trabalho administrativo e a terceira fase demonstrar os 
resultados finais da administração econômica para a devida aprovação ou rejeição da 
gestão. Igualmente considerava que o patrimônio deveria ser representado por uma 
grandeza mensurável e variável, isto é, demonstrado por uma soma de valores positivos e 
negativos. Besta classificou as funções de controle econômico (ou de contabilidade) 
conforme o momento em que ocorriam com referência aos fatos administrativos e de 
acordo com a sua natureza. Segundo o momento de ocorrência, as funções de controle 
são: antecedentes, concomitantes e subsequentes. 
13 
 
Antecedentes são os contratos, estatutos, regulamentos, atas, inventários, etc. 
Concomitantes são os controles que se caracterizam pela vigilância das tarefas 
determinadas para cada pessoa. Esta deve ser feita por quem exerce a autoridade direta, 
pelos administradores ou outras pessoas indicadas para tal fim, visando à proteção da 
entidade. Para tal, podem ser utilizados cartões, apontamentos, medidores, etc. A função 
subseqüente é o exame dos fatos em seus aspectos jurídicos e econômicos, ou seja, o 
confronto entre o que foi realizado com o que deveria ter sido feito. Os instrumentos 
usados são os documentos referentes aos dois controles anteriores, os registros 
contábeis, os balanços, as prestações de contas, o exame destas prestações e sua 
aprovação ou rejeição. O controle econômico pode ser considerado com uma das 
finalidades dos sistemas de escrituração, não abrangendo, contudo, em sua totalidade o 
objeto da contabilidade. 
Aspectos relativos à formação dos custos, realização de receita, equilíbrio 
financeiro e outros que provam variações patrimoniais, são objeto de operações de 
controle, porém, a contabilidade não se limita unicamente a esses aspectos. O controle é 
apenas um instrumento de apoio e não um fim ou objeto da contabilidade. As 
contribuições desta escola à comunicação contábil foram:  o controle significava um 
melhor estudo substancial das operações da entidade para estabelecer se as mesmas 
estavam sendo desenvolvidas de acordo com critérios de conveniência econômica que 
devem guiar a conduta de uma entidade.  A informação contábil servia como uma base 
para a análise da gestão passada e como instrumento de informação para previsões 
futuras.  O desenvolvimento sistemático de princípios que informavam sobre o 
patrimônio das entidades, sobre seus inventários, avaliações de bens, orçamentos e 
demonstrações contábeis. Osprincipais personagens desta escola foram: Besta, Alfieri, 
Ghidiglia, D’Alvise e Lorusso. 
 
3.1.4 - Escola Neocontista: O neocontismo (1914) restituiu à contabilidade o seu 
verdadeiro objeto: a riqueza patrimonial e, em conseqüência, trouxe grande avanço para o 
estudo da análise patrimonial e dos fenômenos decorrentes da gestão empresarial, tendo 
surgido como um movimento contrário ao personalista, defendendo o valorismo das 
contas. Para os neocontistas as contas não deveriam ser abertas a pessoas ou entidades, 
nem representavam direitos e obrigações, mas deveriam refletir os valores dos 
componentes patrimoniais sujeitos à modificações. Esta escola foi responsável, também, 
por atribuir à contabilidade o papel de colocar em evidência o ativo, o passivo e a situação 
líquida das unidades econômicas. Para tanto, seria necessário abrir-se contas com 
14 
 
valores dos ativos (positivas), passivos (negativas) e diferenciais (abstratas/ situação 
líquida). As principais regras contábeis são expressas a partir da fórmula do balanço, isto 
é: Ativo (igual) Passivo (mais ou menos) Situação Líquida (A=P+/-SL), sendo que a 
disposição das contas no balanço deve basear-se, para o ativo, no seu grau de 
disponibilidade e para o passivo, no de exigibilidade. 
A dinâmica do balanço era interpretada pelos neocontistas, tomando por base os 
fatos permutativos e modificativos. Dentro do que denominavam dinâmica contabilística, 
afirmavam que num balanço, em um momento qualquer, a soma das importâncias 
referentes ao débito é igual a soma das importâncias referentes ao crédito, o que equivale 
a dizer que a um débito corresponde sempre um crédito de igual valor. Nessa concepção, 
as contas ativas são debitadas pelo valor inicial e pelos aumentos e creditadas pelas 
diminuições. Em relação às contas passivas, ocorre exatamente o contrário. 
A escola Neocontista concentrou-se na chamada teoria materialista ou positivista 
das contas, pois para a maioria dos seus adeptos, a principal função da contabilidade se 
resumia na revelação patrimonial, ocupando-se principalmente dos processos de 
classificação e registro das contas, em detrimento dos aspectos econômico-
administrativos dos eventos registrados. Sem dúvida a grande contribuição desta escola à 
comunicação contábil foi a separação entre passivo e situação líquida, no balanço. Os 
principais expoentes desta escola foram: Besta, Dumarchey, Delaporte, Calmés. 
 
 3.1.5 - Escola Aziendalista: Cerboni e Besta dirigiram seus estudos ao campo das 
aziendas, acrescentando a organização, administração e o controle, à parte científica da 
contabilidade. Gino Zappa, como máximo representante desta escola, colocou num só 
plano a Gestão, a Organização e a Contabilidade, não admitindo o estudo científico da 
contabilidade sem o conhecimento concomitante das doutrinas que, ao seu lado, formam 
a economia aziendal. A doutrina da gestão está voltada para a definição de um conjunto 
de princípios destinados a servir de instrumento de auxílio à ação da gestão. A doutrina 
da organização está direcionada para o estudo da constituição e harmonização do 
organismo pessoal da entidade. 
A contabilidade tem como função a demonstração dos resultados da gestão, 
através da observação adequada ao estudo quantitativo dos fenômenos empresariais. 
Outro ponto importante do pensamento doutrinário de Zappa foi o de desenvolver um 
sistema teórico contábil a partir do resultado. Segundo ele, a contabilidade deveria 
ocupar-se da demonstração dos fatos da gestão e não se resumir apenas a um simples 
método de registro. Para que esta demonstração fosse possível, todos os fatos a 
15 
 
demonstrar deveriam ser conhecidos. Tais fatos são fenômenos econômicos que, 
normalmente, fazem parte de um fluxo de trocas monetárias entre a entidade e as 
economias externas. 
A vida econômica e financeira da entidade somente será plenamente conhecida a 
partir da total revelação destes fatos pela contabilidade. A finalidade desta demonstração 
é conhecer os custos e receitas provenientes da gestão empresarial, ou seja, conhecer o 
resultado. Na concepção de Zappa, o resultado é definido como o acréscimo ou 
decréscimo sofrido pelo capital em determinado período administrativo, como 
conseqüência das operações da gestão. O resultado e o capital representam duas 
diferentes visões do mesmo fenômeno. 
O capital é a representação do conjunto de elementos do ativo e do passivo que 
irão gerar o resultado da entidade, ao passo que o resultado é a representação das 
mudanças dos componentes patrimoniais em um determinado período. Conhecer 
periodicamente o resultado do período é indispensável para a análise do desempenho da 
entidade e de seus dirigentes, o que levou Zappa a dedicar grande atenção a este 
aspecto em seus estudos. Para ele, a gestão de cada exercício, é influenciada positiva ou 
negativamente pelos acontecimentos que tiveram lugar em períodos anteriores e do que 
venha a ocorrer em períodos subsequentes. 
Para Zappa tanto a separação exata dos resultados de vários exercícios como 
tentativa de determinar com exatidão os custos de produção, é uma utopia, já que existem 
operações em curso no fim do exercício e no início do próximo exercício, que colaboram 
com a formação do resultado, ou seja, operações que iniciaram em exercícios anteriores 
e operações que se encerrarão em períodos posteriores. Pode-se resumir as 
contribuições desta escola para a comunicação contábil mencionando que para seus 
representantes:  A teoria contábil deveria ser capaz de interpretar os acontecimentos 
ligados a vida da entidade e demonstrar a formação do resultado e suas relações com os 
fatos administrativos e com todo o contexto em que a entidade está inserida.  O 
resultado era considerado o mais importante fenômeno econômico de uma entidade.  O 
conhecimento e demonstração do resultado da gestão empresarial representavam o 
principal objetivo da contabilidade. Os expoentes máximos desta escola foram Zappa e 
Fibonacci. 
 
3.1.6 - Escola Patrimonialista: Os teóricos desta escola (1926) definem o patrimônio como 
o objeto da contabilidade, pois o mesmo é uma grandeza real que se transforma com o 
desenvolvimento das atividades econômicas, cuja contribuição deve ser conhecida para 
16 
 
que se possa analisar adequadamente os motivos das variações ocorridas no decorrer de 
determinado período. Os fundamentos da doutrina patrimonialista se baseiam nos 
seguintes princípios:  O objeto da contabilidade é o patrimônio aziendal  Os 
fenômenos patrimoniais são fenômenos contábeis  A contabilidade é uma ciência social 
 A contabilidade se divide em três ramos na sua parte teórica: estática patrimonial, 
dinâmica patrimonial e revelação patrimonial A estática patrimonial se ocupa do 
patrimônio no seu aspecto estático (equilíbrio funcional e financeiro dos elementos 
patrimoniais). A dinâmica patrimonial estuda o patrimônio na sua condição dinâmica 
(obtenção e emprego de capitais). 
A revelação patrimonial pode ser definida como um conjunto de princípios e de 
normas que regem a individuação e a representação qualitativa e quantitativa – 
especialmente monetária ou valorativa – do patrimônio, em dado instante e na sucessão 
de instantes. Para os patrimonialistas a contabilidade não é apenas uma disciplina que 
tem por objetivo a revelação do patrimônio, ou seja, a representação da vida patrimonial 
da entidade como sugeriram os neocontistas, mas uma ciência, portanto, com leis e 
princípios próprios, que estuda e interpreta os fenômenos patrimoniais. O grande 
expoente desta escola foi Vicenzo Masi. 
 
3.2 - Escola Americana: O início desta escola, a partir do surgimento das grandes 
corporações no começo do século XX, foi caracterizado pelo aspecto prático no 
tratamento de problemas econômico-administrativos, com limitadas construções teóricas 
as quais tiveram origem em entidades ligadasa profissionais da área contábil. 
Transformou-se numa das mais importantes e influentes no mundo, ditando regras para o 
tratamento de questões ligadas à contabilidade de custos, controladoria, análise das 
demonstrações contábeis, gestão financeira, controle orçamentário, etc. 
As associações profissionais foram as principais propulsoras do desenvolvimento 
doutrinário nos EE.UU., especialmente da contabilidade financeira. Entre as principais 
contribuições desta corrente ao processo de comunicação contábil estão: A busca da 
qualificação da informação contábil como forma de subsidiar a tomada de decisão dos 
gestores. A padronização dos procedimentos utilizados pela contabilidade financeira 
como forma de aumentar a confiança nas demonstrações contábeis, tendo em vista a 
quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929. 
O estabelecimento dos Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos (US-GAAP) 
para garantir que as informações enviadas pela contabilidade aos usuários fossem 
confiáveis. O estabelecimento de dois objetivos gerais da contabilidade 1 – Fornecer 
17 
 
informações sobre os recursos econômicos e as obrigações da entidade. 2 – Fornecer 
informações sobre as mudanças nos recursos da entidade, pretendendo fomentar a 
qualificação das informações aos diversos usuários. A escola Norte-Americana contribuiu 
decisivamente para a contabilidade gerencial. Os principais personagens desta escola 
foram: Sprague, Hatfield, Paton, Littleton, Moonitz. 
 
3.4 - Escola Alemã: O desenvolvimento da escola alemã, assim como o próprio 
desenvolvimento doutrinário da contabilidade ocorrido no final do Século XIX e início do 
século XX, deveu-se em parte às crescentes necessidades dos usuários das informações 
contábeis nos vários setores da sociedade. Alguns fatores que muito contribuíram para 
esta evolução foram:  O desenvolvimento dos mercados financeiros  A aceleração 
crescente da concentração das companhias  A expansão dos grupos empresariais  
As crises sociais dos períodos de guerra e pós-guerra. As correntes doutrinárias surgidas 
na Alemanha estavam direcionadas para a análise da gestão e da organização das 
entidades, buscando a sistematização dos conhecimentos relativos à vida econômica das 
empresas, assim como a formulação dos princípios que presidem a organização e a 
gestão das mesmas. 
Diversos tratadistas alemães desenvolveram teorias sobre balanços como forma de 
dar mais qualidade à informação contábil, merecendo destaque a teoria estática, a teoria 
orgânica e a teoria dinâmica. Para os defensores da teoria estática ou monista, o balanço 
patrimonial é o instrumento responsável pela demonstração da situação patrimonial da 
entidade. O resultado de um período deve ser apurado a partir do confronto entre o valor 
patrimonial inicial e final deste período. 
A avaliação patrimonial mereceu dos primeiros tratadistas desta escola uma 
dedicação especial, uma vez que a mesma se traduz num ato de predizer o resultado em 
dinheiro calculado na data do balanço. De acordo com a teoria orgânica ou dualista, o 
balanço patrimonial pode fornecer não somente o estado patrimonial mas os reais 
resultados do exercício. Esta dualidade é possível a partir da avaliação dos elementos 
patrimoniais a valor de reposição. 
A teoria dinâmica foi sem dúvida a de maior destaque no doutrinamento alemão 
tendo como expoente máximo Eugen Schmalenbach. Este autor separou os balanços em 
estáticos e dinâmicos. O balanço estático era utilizado para a determinação do valor e 
composição do patrimônio em um determinado momento ao passo que o dinâmico tinha 
por finalidade a apuração do resultado de um exercício, sendo considerado por isso 
mesmo um balanço de resultados. 
18 
 
A principal conta do doutrinamento de Schmalenbach era a conta de ganhos e 
perdas, uma vez que ela revelava a movimentação ocorrida num determinado período, 
em função da gestão sobre um patrimônio. Uma das características do doutrinamento do 
balanço dinâmico é a sistemática de movimentação das contas, uma vez que nesta 
demonstração são classificados os valores pendentes. 
Assim, os ativos permanentes como prédios, máquinas, veículos, etc., que 
aparecem no balanço, devem ser interpretados como saídas ou despesas da conta de 
ganhos e perdas, razão pela qual se encontram no ativo, sendo que se forem vendidos, 
transformando-se em receitas, deverão ser amortizados nos períodos seguintes. O 
balanço patrimonial é na realidade uma conta auxiliar que recebe os valores relativos às 
negociações em circulação, ou seja, são valores pendentes que não podem ser 
classificados na conta de resultados. Com exclusão da conta caixa, os demais valores 
patrimoniais são pré-prestações (ativo) ou pós-prestações (passivo), que devem ser 
entendidos como valores transitórios, ou seja, representam elementos positivos e 
negativos de resultados futuros. 
Assim, todos os elementos da conta de ganhos e perdas devem possuir um 
relacionamento com as contas do balanço. O desenvolvimento das idéias de Schmidt 
(outro expoente da escola), sobre a contabilidade a valores correntes, especialmente na 
forma de publicação das demonstrações contábeis como decorrência das altas taxas de 
inflação na Alemanha no início do século, significou entre outras, uma importante 
contribuição desta escola ao processo de comunicação contábil. Os personagens mais 
importantes desta escola foram: Schmalenbach, Schmidt, Gomberg, Schar e Gutenberg. 
 
4.0 - A Contabilidade no Brasil: Ao analisar-se a evolução da contabilidade no Brasil, 
percebe-se que desde o início fica evidente a interferência da Legislação. Uma das 
primeiras manifestações da legislação como elemento propulsor de desenvolvimento 
contábil brasileiro, foi o Código Comercial de 1850 (Extinto pelo Novo Código Civil 
Brasileiro), que instituiu a obrigatoriedade da escrituração contábil e da elaboração anual 
da demonstração do Balanço Geral composto de bens, direitos e obrigações, das 
empresas comerciais. 
Em 1902, surge em São Paulo a Escola Prática de Comércio que criou um curso 
regular que oficializasse a profissão contábil. O objetivo desta escola era o de aliar ao 
desenvolvimento agrícola, o início da expansão industrial com a necessidade de habilitar 
e criar especialistas para, internamente, preencher as tarefas de rotina da contabilidade e 
controlar as finanças e, externamente, dotar São Paulo de elementos capazes de articular 
19 
 
o desenvolvimento dos negócios, com a conseqüente ampliação das fronteiras de 
atuação. 
O Decreto Lei Nº 2627 de 1940, instituiu a primeira Lei das S/A, estabelecendo 
procedimentos para a Contabilidade como:  Regras para a avaliação de ativos.  
Regras para a avaliação e distribuição de lucros.  Criação de Reservas.  
Determinação de padrões para a publicação do Balanço.  Determinação de padrões 
para a publicação dos lucros e perdas. 
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), através da Resolução CFC 321/72 
passou a adotar os Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos como normas 
resultantes do desenvolvimento da aplicação prática dos princípios técnicos emanados da 
contabilidade, visando proporcionar interpretações uniformes das demonstrações 
contábeis. 
Em 1976 foi publicada a nova Lei das S/A nº 6404, significando uma nova fase 
para o desenvolvimento da contabilidade no Brasil e incorporando de forma definitiva as 
tendências da Escola Norte-Americana. A Contabilidade no Brasil atualmente é regida 
pela Lei 6.404/76 e alterações posteriores. Houve uma padronização na apresentação de 
relatórios e na sistemática de lançamentos e em todas as questões de ordem legal e 
societária. A Lei das S/As como ficou conhecida é extensiva para as demais sociedades. 
E desde 1976 até os dias atuais tem sofrido poucas modificações. Em 1981 a Resolução 
CFC nº 529 disciplinou as Normas Brasileiras de Contabilidade e a Resolução CFC nº 530 
os PrincípiosFundamentais de Contabilidade, os quais foram atualizados em 1993 pela 
Resolução CFC Nº 750. 
 
4.1 - A Profissão Contábil no Brasil: No Brasil , a profissão de Contador tem completa 
autonomia, tem regulamentação profissional e Conselho próprio ( Conselho Federal e 
Conselhos Regionais de Contabilidade ). Os órgãos da classe contábil no Brasil são: 
Conselhos, Confederações, Federações, Sindicatos, Associações Profissionais, Institutos 
e Academias. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) foi criado pelo Decreto-Lei No 
9.295 de 27/05/46, coordena e congrega todos os conselhos Regionais de Contabilidade, 
formando o Sistema Nacional de Registro e Fiscalização do Exercício da profissão 
Contábil. O CFC é composto por 15 Conselheiros efetivos e 15 suplentes, sendo 2/3 
Contadores e 1/3 Técnicos em Contabilidade, eleitos por um colégio eleitoral composto de 
um delegado-eleitor de cada CRC, com mandato de 4 anos. Os conselheiros elegem o 
Presidente e demais membros da Diretoria, todos com mandato de 2 anos, podendo ser 
reeleitos por igual período. Os Conselhos Regionais de contabilidade foram criados com 
20 
 
as finalidades de registro e fiscalização do exercício da profissão de Contabilista, a 
profissão está regulamentada e somente podem exercer a profissão os contadores e 
técnicos contábeis registrados no CRC da sua região. Sendo o CRC subordinados ao 
CFC. Atualmente são 27 Conselhos Regionais, com sede nas capitais dos estados. 
 
5.0 - Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade: Objetivos da Contabilidade = sistema 
de informação e avaliação que visa o provimento de demonstrações e análises de 
natureza econômica, financeira, física e de produtividade aos seus usuários. Sistema de 
informação = conjunto organizado de dados, técnicas de acumulação, ajustes e emissões 
de relatórios. Usuário = pessoa física ou jurídica com interesse na avaliação da situação e 
evolução de uma entidade. 
Usuários são:  acionistas;  credores em geral e emprestadores de recursos; e 
 integrantes do mercado de capitais. Usuários secundários são os administradores da 
entidade e o Fisco. Informação de natureza econômica = deve ser considerada a visão do 
que seja econômico para a contabilidade (demonstração do resultado do exercício, capital 
e patrimônio). Informação de natureza financeira = fluxos de caixa, capital de giro, etc. 
Informação de natureza física = complemento aos valores monetários (quantidades 
geradas de produto ou serviços, número de depositantes num banco, número de clientes 
numa empresa, número de funcionários numa empresa, etc.). 
Informação de natureza de produtividade = se refere à utilização mista de conceitos 
de avaliação (financeiros) e quantitativa (físicos), como: receita bruta per capita, depósitos 
por cliente, etc. As informações de natureza financeira e econômica constituem o Núcleo 
Central da Contabilidade. As informações de natureza física e de produtividade são 
complementares às demonstrações contábeis tradicionais. Objetivo principal da 
contabilidade = permitir que os usuários avaliem a situação financeira e econômica da 
entidade e possam inferir sobre as tendências futuras da mesma. Os objetivos da 
contabilidade devem contribuir para o processo decisório dos usuários, não se justificando 
por si mesma. Antes, deve ser um instrumento útil à tomada de decisões. Para tal, devem 
ser observados dois pontos: 
 
1. As empresas devem evidenciar ou divulgar todas aquelas informações que contribuem 
para a adequada avaliação de sua situação patrimonial e de resultados, permitindo 
inferências em relação ao futuro. As informações que não estiverem explícitas nas 
demonstrações devem constar em Notas Explicativas ou Quadros Complementar. 
2. A contabilidade está intimamente relacionada do com aspectos jurídicos os quais, 
21 
 
muitas vezes não conseguem retratar a essência econômica. Visando uma informação de 
fácil entendimento, a contabilidade deve seguir a essência ao invés da forma. A não 
utilização da informação contábil ou utilização restrita pode ser resultado de:  
deficiências na estrutura do modelo informativo;  limitações do próprio usuário;  baixa 
credibilidade por parte dos usuários;  linguagem inadequada nas demonstrações 
contábeis. 
A contabilidade é uma ciência social no que se refere às suas finalidades, mas, 
quanto à metodologia de mensuração, reúne tanto o social quanto o quantitativo. Quanto 
às finalidades é social, uma vez que por suas avaliações do progresso das entidades, 
permite conhecer-se a posição de rentabilidade e posição financeira e de forma indireta 
auxilia os acionistas, tomadores de decisões, investidores a aumentar a riqueza da 
entidade. Como metodologia, é parcialmente social uma vez que seus critérios de 
avaliação envolvem muitas vezes subjetividade e incerteza, vindas do próprio ambiente 
social e econômico no qual as entidades estão operando. 
É parcialmente quantitativa, por materializar-se através da equação patrimonial 
básica: (ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO). Ativo – Conjunto de contas onde 
se registram os direitos e bens de uma empresa. Classifica-se por convenção sempre do 
lado esquerdo do balanço e as contas, salvo as retificadoras são de natureza devedora. 
Passivo – Conjunto de obrigações de uma empresa. Classifica-se do lado direito do 
balanço e as contas, salvo as retificadoras são de natureza credora. Patrimônio Líquido – 
Diferença entre o ativo e o passivo, classifica-se no lado direito com o passivo, para fazer 
o fechamento do balanço. Tem natureza de saldo credor e somente as contas de prejuízo 
e ações em tesouraria são de natureza devedora. Representa também um passivo para 
com os sócios. 
 
6.0 - Princípios (Conceitos) Fundamentais de Contabilidade: Deliberação CVM Nº 29, de 
05 de Fevereiro de 1986. Os Princípios (Conceitos) Fundamentais de Contabilidade são 
classificados em três categorias:  Postulados ambientais da contabilidade  Princípios 
contábeis propriamente ditos  Restrições aos princípios contábeis fundamentais – 
Convenções Os postulados ambientais significam as condições sociais, econômicas e 
institucionais dentro das quais a contabilidade atua. Os princípios são a resposta da 
disciplina contábil aos postulados. Constituem o núcleo central da estrutura contábil. 
Procuram delimitar como a profissão deve se posicionar em relação à realidade social, 
econômica e institucional admitida pelos postulados. As convenções ou restrições aos 
princípios representam os condicionamentos de aplicação dos princípios, considerando-se 
22 
 
as situações práticas vivenciadas. 
 
6.1 Postulados Ambientais da Contabilidade 
 
6.1.1 - Postulado da Entidade Contábil Enunciado: "A contabilidade é mantida para as 
entidades; os sócios ou quotistas destas não se confundem, para efeito contábil, com 
aquelas." A contabilidade procura manter registros separados para cada entidade. No 
caso de uma entidade, Empresa ABC Ltda., cujos sócios são A, B e C, o contador ao 
manter a contabilidade para a mesma., está procurando acompanhar a evolução do seu 
patrimônio líquido e não dos seus sócios. Por outro lado, o mesmo contador poderia 
manter a contabilidade para as pessoas físicas dos sócios A, B e C. Trata-se de quatro 
entidades distintas, mas com grandes relacionamentos de interesse. 
Os Teóricos da Contabilidade, em geral, consideram o Postulado da Entidade 
dentro da dimensão tratada acima. No entanto, este significado não explica toda a 
dimensão do termo Entidade para a contabilidade. Nesse sentido pode-se dizer que o 
Postulado da Entidade tem as seguintes dimensões:  Jurídica > nessa dimensão a 
entidade é perfeitamente distinta dos sócios (separação cuidadosa do que é dos sócios e 
do que é da entidade).  Econômica > nessa dimensão a entidade se caracteriza como 
massa patrimonial, cabendo à contabilidade acompanhar sua evolução qualitativa e 
quantitativa(comparação da situação patrimonial da entidade, como um todo, em vários 
períodos). 
Organizacional > nessa dimensão a entidade pode ser considerada como um grupo 
de pessoas ou pessoa, exercendo controle de receitas e despesas, investimentos e 
distribuições (abertura de centros de custo, lucro ou investimento). 
Social > nessa dimensão considera-se que a entidade pode ser avaliada não só 
pela utilidade que a si acresce, bem como pela sua contribuição no campo social 
(comentários em notas explicativas sobre programas de complementação de 
aposentadoria, etc.). 
O entendimento da contabilidade e sua forma de atuação requerem o entendimento 
do pano de fundo de sua atuação, isto é, as entidades, de toda natureza e fins, e para 
captar a essência operacional destas, além do estudo do seu processo operacional 
interno deve-se entender o ambiente dentro do qual atuam. Na verdade quem deve 
enfrentar o cenário são as entidades e não a contabilidade. Porém, esta vive em função 
daquelas. 
 
23 
 
6.1.1 Postulado da Continuidade das Entidades Enunciado: "Para a contabilidade, a 
entidade é um organismo vivo que irá viver (operar) por um longo período de tempo 
(indeterminado) até que surjam fortes evidências em contrário." Através do Postulado da 
Continuidade, encara-se a entidade como algo capaz de produzir riqueza e gerar valor 
continuadamente, sem interrupções. 
Nesse sentido, o exercício financeiro anual ou semestral é uma ficção que decorre 
da necessidade de conhecer-se o andamento do empreendimento de tempos em tempos. 
As operações produtivas da entidade, no entanto, têm continuidade fluidificante. Em 
princípio a contabilidade não desconhece a possibilidade de descontinuidade. Porém, 
considera tal possibilidade somente quando há fortes e claras evidências de sua 
ocorrência. 
Em tais situações, os Princípios Contábeis Fundamentais não se aplicam às essas 
entidades, uma vez que as mesmas não estão "em marcha". Os auditores independentes 
devem fazer constar em seu relatório (parecer) o perigo de descontinuidade, desde que 
tenham todas as evidências a respeito da mesma. Antes de tal reconhecimento, a 
entidade deve ser considerada em continuidade, aplicando-se todos os princípios 
contábeis como definidos a seguir. 
Uma conseqüência imediata desse postulado é a consideração de que os ativos da 
entidade não são mantidos para que sejam vendidos no estado em que se encontram, 
mas para, devidamente manipulados pela mesma, produzirem receitas superiores às 
despesas (consumo de ativos para produzir receitas), gerando um resultado positivo ou 
gerando serviços ou benefícios para a coletividade (entidades de fins não lucrativos). Isso 
significa que os ativos, enquanto em estoque (em seu estado original ou nos estoques de 
produtos em fabricação e acabados), devem ser avaliados por algum tipo de custo. A 
avaliação usual dos ativos pelo custo (valor de entrada) é conseqüência do Postulado da 
Continuidade. "A verdadeira natureza íntima da contabilidade consiste, basicamente, no 
confronto entre sacrifícios (mensurados por custos) e realizações (mensuradas por 
valores de venda). "Por último cabe concluir que" a Entidade em Continuidade é a 
premissa básica da contabilidade". 
 
6.2 Os Princípios propriamente ditos: Os princípios fornecem as linhas filosóficas de 
resposta da contabilidade aos desafios do sistema de informação contábil, atuando num 
cenário marcado pela complexidade, ao nível de Postulados. Os princípios constituem o 
núcleo central da doutrina contábil. 
 
24 
 
6.2.1 Princípio do custo como base de valor Enunciado: "...O custo de aquisição de um 
ativo ou dos insumos necessários para fabricá-lo e colocá-lo em condições de gerar 
benefícios para a entidade representa a base de valor para a contabilidade, expresso em 
termos de moeda de poder aquisitivo constante.." Trata-se do mais antigo princípio de 
contabilidade e é considerado dentro da Teoria da Contabilidade como uma conseqüência 
direta do Postulado da Continuidade, como já foi visto. 
No caso de doações de ativos, os mesmos devem ser registrados pelo custo que 
custaram, originalmente, para quem os doou. Também é aceito admitir-se como base de 
valor para doações de ativos, o preço que seria pago por um bem no mesmo estado de 
conservação, no mercado de novos ou usados, se existir. Portanto, para base de registro 
para a contabilidade deve prevalecer o valor de entrada. 
A rigor, existem vários valores considerados como de entrada, o que leva a pensar-
se que seria melhor considerar o custo original (histórico) como base de registro inicial e 
não como base de valor. As hipóteses de avaliação com base nos valores de entrada são 
várias se devendo considerar aquela capaz de maximizar a função contábil que se 
compõe das variáveis: relevância, praticabilidade e objetividade. Na verdade, a 
contabilidade é um permanente exercício de busca do equilíbrio entre estas três variáveis. 
O conjunto de Postulados, Princípios e Convenções igualmente deve ser levado em conta 
na escolha da hipótese. 
O valor da transação pode ser considerado uma aproximação razoável do que se 
considera o valor econômico de um ativo por ocasião da transação. No decorrer do 
tempo, no entanto, devido a diversos fatores (desgaste físico, flutuações do poder 
aquisitivo da moeda, mudanças tecnológicas, obsolescência, etc.), o valor registrado 
tende a perder parte de sua validade, como estimador do valor econômico. 
 
6.2.2 Princípio do denominador comum monetário Enunciado: "As demonstrações 
contábeis, sem prejuízo dos registros detalhados de natureza qualitativa e física, serão 
expressas em termos de moeda nacional de poder aquisitivo da data do último Balanço 
Patrimonial..." Esse princípio traduz a dimensão financeira da contabilidade, pois a 
mesma deve tratar de homogeneizar, para o usuário das demonstrações contábeis, ativos 
e passivos que apresentam natureza bastante diferenciada entre si, pelo denominador 
comum monetário, isto é, sua avaliação deve ser feita em moeda corrente do País. 
Esse padrão de mensuração (moeda), não deveria sofrer alterações em sua 
essência. O período inflacionário vivido no Brasil até pouco tempo, não reunia as 
condições para ser considerado um padrão de mensuração afiançável, a não ser no exato 
25 
 
momento da transação. 
 
6.2.3 Princípio de realização da receita Enunciado: "A receita é considerada realizada e, 
portanto, passível de registro pela Contabilidade, quando produtos ou serviços produzidos 
ou prestados pela entidade são transferidos para outra entidade ou pessoa física com a 
anuência destas e mediante pagamento ou compromisso de pagamento especificado 
perante a entidade produtora..." A contabilidade deve se preocupar com a objetividade e 
consistência em seus princípios e procedimentos, com possíveis reflexos na área do 
direito. 
Sabe-se que o processo produtivo adiciona valor aos fatores manipulados de forma 
contínua, porém não se pode de forma objetiva escolher pontos ao acaso e sempre 
determinar com grau de confiança aceitável, o valor adicionado. Isso ocorre porque o 
processo produtivo nem sempre é linear. Por exemplo: diferentes etapas na execução de 
um processo de produção podem adicionar valor não proporcional ao tempo decorrido na 
etapa e mesmo ao custo, embora a proporcionalidade entre custos incorridos e receita 
valor gerada tem sido usada em certos casos. 
O Princípio de realização da receita adota como ponto normal para reconhecimento 
e registro da receita na contabilidade da empresa, aquele em que há transferência de 
produtos ou serviços ao cliente. Normalmente este ponto coincide com o momento da 
venda. Procede-se dessa forma na contabilidade, por que:  a transferência do produto 
ou serviço em geral é concretizada quando todo ou praticamente todo o esforço para 
obtenção da receita já foi realizado;  nesse ponto conhece-se com mais exatidãoe 
objetividade o valor de mercado (da transação) para a devida transferência;  também 
nesse ponto já são conhecidos todos os custos de produção do referido produto ou 
serviço transferido, bem como outras despesas ou deduções da receita associáveis aos 
mesmos, como: comissões sobre vendas, despesas com consertos ou reformas em 
decorrência da garantia concedida, etc. 
Tais despesas normalmente são pagas após a transferência, porém o montante 
destas é conhecido ou estimável já no ato da transferência. Essas três condições 
determinam quando uma receita pode ser reconhecida na contabilidade da entidade, 
independente dos interesses de ordem fiscal. Muitas vezes há a tendência de avaliação 
dos estoques de produtos ou serviços a valores de mercado, antes da transferência ao 
cliente. Tal atitude tem os seguintes inconvenientes:  o mercado, de modo geral, só 
considera que "deu seu veredito" sobre o valor da transação quando esta se completa;  
muitas vezes este reconhecimento da receita tem por objetivo favorecer esta ou aquela 
26 
 
configuração de resultados, significando uma utilização indevida dos princípios de 
contabilidade. 
Cabe destacar, ainda, que em atendimento ao Postulado da Continuidade, os 
ativos figuram nos registros pelos seus valores de entrada (custo original) até o "sacrifício" 
dos mesmos no esforço de gerar receita. A receita é dada pelo valor de "saída"; o 
confronto, portanto, deve ser com valores de entrada. 
 
6.2.3.1 Receitas a serem reconhecidas proporcionalmente a certo período contábil já 
decorrido Existem determinados serviços, aluguéis, empréstimos, etc., que estão 
relacionados ao decurso de determinado período de apropriação contábil através de 
contrato. Este período normalmente é mensal. Na verdade o serviço é prestado 
continuamente, até o encerramento do contrato. 
O que se faz, é reconhecer em cada um destes períodos, uma parcela da receita 
total (do serviço total) em termos proporcionais ao período ou evento decorrido, não 
esperando até o final para reconhecimento total, de uma só vez. Na prestação de serviços 
de consultoria e de auditoria, por exemplo, em que se caracteriza este fluxo de serviço, 
em geral as horas de serviço acumuladas no mês ou período de apuração contábil 
indicam a base para o faturamento da receita ao cliente. Segundo vão se acumulando as 
horas, vai também crescendo a receita numa base contínua de tempo decorrido. O valor 
da receita a reconhecer, necessariamente não é proporcional ao esforço realizado ou 
custos incorridos no mesmo período, mas diretamente proporcional aos tempos 
transcorridos ou horas gastos no serviço. 
De qualquer forma, o tempo transcorrido ou as horas de esforço que foram 
aplicadas, constituem o fator preponderante para reconhecimento da receita em períodos 
menores que o lapso de tempo necessário para completar o contrato ou serviço. 
 
6.2.3.2 Produtos cuja produção é contratada para execução em longo prazo Nos casos de 
produção sob encomenda com prazo de fabricação longo (navio, por exemplo), são mais 
conveniente reconhecer, durante o transcurso do exercício financeiro (no final do período 
de apuração contábil) uma parcela da receita proporcional:  às etapas físicas de 
construção completadas (grau de acabamento); ou  aos custos incorridos no período de 
apuração. 
Justifica-se tal comportamento, considerando-se que certamente os acionistas 
poderiam discordar de demonstrações contábeis que não revelassem nenhum lucro num 
exercício em que foi empregado muito esforço e gastos muito recursos para obtenção de 
27 
 
uma parte do acabamento do contrato total que permitirá um lucro final, com adequado 
grau de probabilidade. A escolha do critério deve obedecer a conceitos teoricamente 
sustentáveis, especialmente se considerar-se a comparabilidade por parte do usuário 
externo, de várias entidades que atuam no mesmo ramo. Entidades que produzem 
produtos de longo período de maturação ou acabamento, tanto do ponto de vista teórico 
como prático, devem reconhecer a receita em proporção aos fatores considerados, 
observando as seguintes condições:  o preço total do produto é determinado por 
contrato ou por correção contratual de seu preço atual;  a incerteza quanto ao 
recebimento em dinheiro da transação é mínima ou a mesma pode ser bem estimada;  
os custos necessários para completar a produção podem ser razoavelmente bem 
estimados. 
Apura-se a receita a ser reconhecida em determinado exercício, dividindo-se os 
custos incorridos no mesmo pelos custos totais estimados do produto, sendo o resultado 
multiplicado pela receita de venda do produto completo o que resulta na receita a ser 
apropriada. Em se tratando de etapa física de acabamento, calcula-se um percentual em 
relação ao grau de acabamento total que, da mesma maneira, é aplicado ao preço do 
produto totalmente acabado. 
 
6.2.3.3 Reconhecimentos da receita antes da transferência por valoração de estoques 
Existem produtos que têm um processo de produção que reúne características especiais, 
como crescimento natural ou acréscimo de valor vegetativo (entidades agropecuárias, 
mineradoras, produtoras de vinho, etc.), e outros cujo valor de mercado é possível 
determinarem-se prontamente, e em que o risco de não venda praticamente não existe 
(mineração, lapidação de metais e pedras preciosas), os quais se podem, em 
circunstâncias bem determinadas, reconhecer receita antes do ponto de transferência ao 
cliente, observando-se as condições a seguir:  os estoques existentes no final do 
período contábil são avaliados com base no valor de realização naquele momento, 
quando objetivamente determinável, através de amplo consenso do mercado sobre o 
valor dos mesmos, deduzindo-se por estimativa o montante necessário para o 
acabamento e suporte de todas as despesas e custos a incorrer para venda efetiva do 
produto. 
Se o produto estiver totalmente acabado, deduzem-se as despesas para sua venda 
como produto final;  o processo para obtenção de lucro nessa atividade se caracteriza 
mais pela atividade física de nascimento, crescimento, envelhecimento ou outra, do que 
pela venda de entrega do bem. 
28 
 
6.2.3.4 Reconhecimento da receita após o período de transferência do produto ou serviço 
É possível reconhecer-se a receita após o ponto de transferência em alguns casos 
excepcionais como, por exemplo, um determinado ativo ser recebido em troca de uma 
venda realizada, o qual não tem valor reconhecido de mercado. Nestas circunstâncias, 
transfere-se o custo do ativo vendido para o ativo recebido em troca e quando esse último 
for vendido, reconhece-se um resultado. 
 
6.2.4 Princípio do confronto das despesas com as receitas e com os períodos contábeis 
Enunciado: "Toda despesa diretamente delineável com as receitas reconhecidas em 
determinado período, com as mesmas deverá ser confrontada; os consumos ou 
sacrifícios de ativos (atuais ou futuros), realizados em determinado período e que não 
puderam ser associados à receita do período nem às dos períodos futuros, deverão ser 
descarregados como despesa do período em que ocorrerem..." A base de confronto são 
as receitas reconhecidas (ganhas) e as despesas incorridas (consumidas) no período. 
Portanto, toda e qualquer despesa ou perda ocorrida num determinado período, deve ser 
confrontada com as receitas reconhecidas no mesmo período ou a ele atribuídas, com 
exceção de:  gastos de períodos em que a empresa é total ou parcialmente pré-
operacional. 
Estes gastos são normalmente ativados e começam a ser amortizados como 
despesa a partir do exercício em que a empresa, ou parte do ativo, comece a gerar 
receitas;  parte dos gastos do departamento de pesquisa e desenvolvimento que 
superar o montante necessário para o funcionamento do mesmo, independentemente da 
quantidade de projetos em execução. É importante ressaltar que todos aqueles gastos 
que foram diferidose que não vierem a gerar receitas, terão seus valores descarregados 
como perda no período em que se confirmar a impossibilidade da geração de receita ou 
desmobilização do projeto. Este princípio e o princípio de realização da receita em seu 
conjunto são conhecidos por Regime de Competência. 
 
6.3 Convenções Contábeis (restrições aos Princípios) Constituem um complemento dos 
Postulados e dos Princípios na medida em que lhes delimitam os conceitos, atribuições e 
direções que devem ser seguidos. 
 
6.3.1 Convenção da Objetividade Enunciada: "Para procedimentos igualmente relevantes, 
resultantes da aplicação dos Princípios, preferir-se-ão, em ordem decrescente: a) os que 
puderem ser comprovados por documentos e critérios objetivos; b) os que puderem ser 
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corroborados por consenso de pessoas qualificadas da profissão, reunidas em comitês de 
pesquisa ou em entidades que têm autoridade sobre princípios contábeis..." Em 
obediência a esta convenção, os contadores devem decidir em relação ao atributo ou 
evento que será mensurado, selecionando os procedimentos de mensuração adequados, 
a fim de que as demonstrações contábeis sejam tão confiáveis quanto possível. 
 
6.3.2 Convenção da Materialidade Enunciada: "O contador deverá, sempre, avaliar a 
influência e materialidade da informação evidenciada ou negada para o usuário à luz da 
relação custo-benefício, levando em conta aspectos internos do sistema contábil..." No 
que se refere ao usuário da informação contábil, determinada cifra ou informação é 
material na medida em que se não evidenciada ou mal evidenciada, pode levá-lo a 
cometer um sério erro na avaliação do empreendimento e de suas tendências. No âmbito 
interno, é material o procedimento ou cifra que se não for processado, prejudica a 
qualidade e confiabilidade do sistema de informação e do próprio controle interno. 
É relativamente difícil julgar sobre a materialidade ou não de uma cifra. Alguns 
critérios poderiam ser: Quanto ao usuário externo, a evidenciação ou não de determinada 
cifra e a correta adoção ou não dos princípios contábeis, serão mais ou menos materiais 
quando se referirem:  a eventos que refletem tendências do empreendimento;  a 
eventos que afetam apenas um exercício. Os valores correspondentes a receitas e 
despesas operacionais, normalmente são mais materiais, para efeitos de avaliação de 
tendência, do que possíveis ganhos e perdas ou efeitos de exercícios anteriores. As cifras 
oriundas de mudanças de critérios usados no passado são consideradas materiais com 
relação à avaliação do usuário. 
A evidenciação é necessária nesses casos. "Materialidade não significa desprezo 
pelo detalhe em si, se esse estiver encobrindo problemas maiores." Naturalmente, o 
conceito da materialidade sempre considerará uma alta dose de julgamento e de bom 
senso do contador, em cada situação. 
 
6.3.3 Convenção do Conservadorismo Enunciado: "Entre conjuntos alternativos de 
avaliação para o patrimônio, igualmente válidos, segundo os Princípios Fundamentais, a 
contabilidade escolherá o que apresentar o menor valor atual para o ativo e o maior para 
as obrigações.." O conservadorismo ou prudência em contabilidade, deve ser entendido 
sob dois aspectos: 
1. Vocacional e histórico da profissão, segundo o qual, dentre várias disciplinas que 
avaliam, pelo menos em parte, o valor de uma empresa, a contabilidade é a que tenderia, 
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consideradas as mesmas condições, a apresentar o menor valor. 
2. Operacional que se refere ao fato de que considerados os amplos graus de julgamento 
que a aplicação dos Princípios permite empregar, a contabilidade tende a escolher a 
menor das avaliações igualmente relevantes para o ativo e a maior para o passivo. Não 
se deve pensar em manipulação dos resultados contábeis, e sim considerar o aspecto de 
resguardo e neutralidade que a contabilidade deve apresentar. 
 
6.3.4 Convenção da Consistência Enunciada: "A contabilidade de uma entidade deverá 
ser mantida de forma tal que os usuários das demonstrações contábeis tenham 
possibilidade de delinear a tendência da mesma com o menor grau de dificuldade 
possível..." O contador deverá refletir muito antes de decidir pela adoção de determinado 
procedimento de avaliação, para garantir a utilização dos mesmos procedimentos na 
maior seqüência possível de exercícios. 
Ressalta-se que se uma mudança de procedimento, que seja material se faz 
necessária, essa deve ser evidenciada em notas explicativas e seus efeitos, tanto em 
relação ao balanço quanto aos resultados, devem ser mensurados e bem enunciados. 
Em se tratando de avaliação de tendência do empreendimento, é fundamental que a 
consistência exista nos períodos abrangidos pelas demonstrações. É difícil estabelecer 
regras precisas e matemáticas em relação à consistência e materialidade, o que exige um 
sólido conhecimento de teoria, por parte do contador, para este possa escolher o melhor 
conjunto de procedimentos, em cada situação. 
O Conselho Federal de Contabilidade emitiu em 29/12/93, a Resolução CFC nº 750 
que dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade, tornando obrigatória sua 
observância no exercício profissional e constituindo condição de legitimidade das Normas 
Brasileiras de Contabilidade. Igualmente ressalta que na aplicação destes princípios a 
situações concretas, a essência da transação deve prevalecer sobre seus aspectos 
formais (essência x forma). 
 
7.0 - NORMAS E PRINCÍPIOS CONTÁBEIS Resolução CFC Nº 750, de 29 de dezembro 
de 1993 - Dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade (PFC). Conforme 
Art.3o - São Princípios Fundamentais de Contabilidade: I - o da ENTIDADE. II - o da 
CONTINUIDADE III - o da OPORTUNIDADE IV - o do REGISTRO PELO VALOR 
ORIGINAL V - o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA VI - o da PRUDÊNCIA. Os Princípios 
Fundamentais de Contabilidade aprovados por esta Resolução, requerem, para o seu 
amplo entendimento pelos usuários da informação contábil e para a perfeita compreensão 
31 
 
pelos profissionais da Contabilidade, um grau de detalhamento que não é possível 
abranger nos próprios enunciados. O Apêndice aos Princípios Fundamentais de 
Contabilidade, (Resolução 774, de 16/12/94), contendo comentários sobre o conteúdo dos 
enunciados, é a forma adequada de melhor compreensão sobre tão importante assunto. 
O objetivo, portanto é simples esclarecimento. 
 
7.1 - A CONTABILIDADE COMO CONHECIMENTO: 
 
7.1.1 A contabilidade como ciência social: A Contabilidade possui objeto próprio - O 
Patrimônio das Entidades - e consiste em conhecimentos obtidos por metodologia 
racional, com as condições de generalidade, certeza e busca das causas, em nível 
qualitativo semelhante às demais ciências sociais. 
 
7.1.2 O Patrimônio Objeto da Contabilidade: Na Contabilidade, o Objeto é sempre o 
Patrimônio de uma Entidade, definido como um conjunto de bens, direitos e de obrigações 
para com terceiros. 
O essencial é que o patrimônio disponha de autonomia em relação aos demais 
patrimônios existentes, o que significa que a Entidade dele pode dispor livremente, claro 
que nos limites estabelecida pela ordem jurídica e, sob certo aspecto, da racionalidade 
econômica e administrativa. 
O patrimônio também é objeto de outras ciências - por exemplo, da Economia, da 
Administração e do Direito - que, entretanto, o estudam sob ângulos diversos daquele da 
Contabilidade, que estuda nos seus aspectos quantitativos e qualitativos. Por aspecto 
qualitativo do patrimônio entende-se a natureza dos elementos que o compõem, como 
dinheiro, valores a receber ou a pagar expressos em moeda, máquinas, estoques de 
materiais ou de mercadorias etc. 
A delimitação qualitativa desce, em verdade desce até o grau de particularização 
que permita s perfeita compreensão do componente patrimonial. Assim, quando falamos 
em máquinas, ainda estamos a empregar um substantivo coletivo, cuja

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