Buscar

Problemas estruturais do Estado capitalista

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

OFFE, Claus; LENHARDT, Gero. Força de Trabalho e Poder da Sociedade: Teoria do Estado e Política Social. In: OFFE, Claus. Problemas Estruturais do Estado Capitalista. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984. cap. 1, p. 10-37.
1- Força de trabalho e poder da sociedade
Teoria do Estado e Política Social: Tentativas de explicação político-sociológica para as funções e os processos inovadores da Política Social 
Gero Lenhardt e Claus Offe
· CONTROVÉRSIAS EM TORNO DE UMA TEORIA SOCIOLÓGICA DO ESTADO
· Concepções formais do Estado, concepção restrita: a formas e procedimentos, a regras e instrumentos da atividade estatal, não se fala das funções, relações de interesses e resultados.
· Exemplo definição de Weber sobre o Estado (monopólio da violência: "única violência que se dá e se enquadra enquanto legítima ou legitimada, com o objetivo de assegurar a integridade das instituições estatais e do Estado, além de buscar a segurança").
· Conceito de “Estado social” do plano constitucional ao plano da legislação ordinária. 
· A redução do Estado e da democracia a categoria de procedimentos está tão infiltrada nas ciências sociais que é quase impossível se repensar as questões cognitivas sistemáticas do tema (as funções, relações de interesses e resultados).
· As tentativas científicas (não são só percebidas por marxistas) de fechar essa lacuna cognitiva compartilham o interesse nas razões concretas da violência estatal e seus resultados materiais pois buscam confirmar a hipótese que essa violência estatal também se encontra como pontos de referência funcionais, quer dizer, “estão embutidos na organização do aparelho estatal burguês” (p.11) .
· As concepções formais acabam se revelando insuficientes dentro de si próprias, pois em algum momento suas deficiências, suas lacunas vão transparecendo. 
· Pergunta que as concepções se recusam a responder “Como surge a política estatal (no caso a política social) a partir dos problemas específicos de uma estrutura econômica de classes, baseada na valorização privada do capital e no trabalho assalariado livre, e quais são as funções que lhe competem, considerando-se essas estruturas?” (p.13 e 14).
· “Trata-se, portanto, falando em termos gerais, da questão de como uma sociedade histórica se reproduz, de forma idêntica ou não: quais as estruturas e os mecanismos que geram, seja sua continuidade e sua identidade, seja as suas discontinuidades [sic].” (p. 14).
· A FUNÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE POLÍTICA SOCIAL E O PROBLEMA DOS PONTOS DE REFERÊNCIA FUNCIONAIS
Pontos de referências funcionais seriam “pequenas teses” que contextualizam as instituições do ESTADO
· “Política social é a forma pela qual o Estado tenta resolver o problema da transformação duradoura de trabalho não assalariado em trabalho assalariado” (p.15). 
- ampliação das relações concorrenciais 
-mudanças técnicas poupadoras da força de trabalho 
- dissolução das formas agrárias de vida e de trabalho
- influências das crises cíclicas 
· Uma ideia vaga de como “responder” e entender esses problemas, que levam ao desvio de compreender os mecanismos que existem para o caso do trabalho não assalariado. 
· O Estado através da política social também regula a proletarização passiva e ativa e sociologicamente falando nada indica que espontaneamente se passe da proletarização passiva para a proletarização ativa, essa ideia sociológica já cairia por terra pela série de alternativas funcionalmente equivalentes à proletarização: 
-emigrar com o objetivo de restabelecer, em outro lugar, uma existência autônoma
- assegurar a subsistência por meio de formas mais ou menos organizadas de roubo 
- fugir para forma de alternativas de vida e de economia, muitas vezes sustentadas por auto-interpretações religiosas 
- baixar o nível de subsistência, recorrendo à mendicância 
- assistência social privada 
- ampliar o período anterior à entrada no mercado de trabalho, estendendo-se a fase de adolescência
· Se o problema da proletarização não se resolve “sozinho” quais estruturas parciais da sociedade agiram para à solução desse problema estrutural? A tese que os autores defendem é da necessidade de uma “política estatal” para “a transformação de força de trabalho despossuída em trabalho assalariado”.
· Eles (autores) pensam em uma proletarização “ativa” não automática e uma proletarização “passiva” concomitante e “natural” 
- força de trabalho despossuída precisa estar disposta a oferecer sua capacidade de trabalho nos mercados como uma mercadoria (isso não acontece de forma automática, são necessários políticas estatais que integram os aparelhos ideológicos e repressivos do Estado - transmissão de valores e normas) (“característica da organização do trabalho capitalista é submeter a força de trabalho, tanto quanto possível, a uma orientação externa, e a um controle externo integral” (p.19))
- condições sócio-estruturais para que o trabalho assalariado funcione efetivamente como trabalho assalariado (nem todos podem funcionar como trabalhadores assalariados).
-“Por que tais formas de organização da vida societária, externas aos mercados de trabalho deveriam ser assumidas pela política estatal?” 
- subsistemas perdem em eficiência, tendo que ser substituídos por regulamentações políticas formalizadas 
- estatização dos subsistemas para controlar as condições de vida e as pessoas (não só na garantia da reprodução material, mas na mesma medida para assegurar o controle sobre o trabalhador assalariado, é necessário uma regulamentação política, quem pode e quem não pode tornar-se trabalhador assalariado) (exemplo obrigatoriedade escolar marcar o que é um trabalhador assalariado x o trabalhador não-assalariado).
- Existência de um número correspondente entre trabalhadores que são proletarizados de forma passiva e os trabalhadores assalariados.
· Política social - estratégia estatal de integração de força de trabalho na relação de trabalho assalariado. “A política social não é mera “reação” do Estado aos “problemas” da classe operária mas contribui de forma indispensável para a constituição dessa classe” (p.22) “A FUNÇÃO MAIS IMPORTANTE DA POLÍTICA SOCIAL CONSISTE DE REGULAMENTAR O PROCESSO DE PROLETARIZAÇÃO” (p.22).
· 3 componentes/problemas estruturais da política social: - preparação repressiva e socializadora da proletarização - estabilização por medidas da coletivização compulsória dos riscos - controle quantitativo do processo de proletarização (tese: improvável que o número de operários, vítimas da proletarização passiva seja exata ou mesmo aproximadamente igual ao número de operários absorvidos pelas relações de trabalho assalariado).
· “Resumindo os resultados até agora alcançados: a desapropriação da força de trabalho acarreta três problemas estruturais a saber o problema da integração da força de trabalho no mercado de trabalho, do lado da oferta, a institucionalização das esferas existenciais e dos riscos vitais, não integráveis na relação de trabalho assalariado, e a regulamentação quantitativa da relação entre oferta e demanda no mercado de trabalho” (p. 23 e 24) - esses problemas estruturais não se resolvem absolutamente de forma autônoma. 
· “A socialização não ocorre somente através do mercado, pois este necessita da sanção de uma associação política de dominação - do poder estatal. O proprietário de força de trabalho somente se torna trabalhador assalariado enquanto cidadão” (p.24). 
· “Podemos agora definir a política social, de forma hipotética, como o conjunto daquelas relações e estratégias politicamente organizadas, que produzem continuamente essa transformação do proprietário de força de trabalho em trabalhador assalariado, na medida em que participam da solução dos problemas estruturais” (p.24)
· “De que forma o acervo existente de instituições sócio-políticas corresponde aos problemas estruturais da integração de força de trabalho no sistema do trabalho assalariado?” (p.24) 
- alteração do papel estereotipado da mulher (instalação de jardins-de-infância/mobilizar força de trabalho) 
-instituições que são ativadasquando um operário é expulso do processo ou é ameaçado de sê-lo (prevenções de acidentes/pesquisas sobre humanização do trabalho/lei sobre os médicos de empresa/seguro de saúde/subvenções para moradia/seguro desemprego) 
-jovens retidos em instituições do sistema de ensino, o Estado não está lidando com desempregados, mas com escolares e universitários (antecipar aposentadoria/mulher reintegrada ao papel de donas-de-casa)
· TENTATIVAS DE EXPLICAÇÃO PARA OS PROCESSOS DE INOVAÇÃO POLÍTICA NA ÁREA DA POLÍTICA SOCIAL: MODELOS EVOLUTIVOS
· Necessidade de compreender as funções intrínsecas das políticas sociais (entender a “correspondência funcional entre a política social do Estado e os problemas estruturais da socialização do trabalho” (p.32) ajuda para elucidar algumas dessas funções intrínsecas) 
· “Quais seriam as forças motrizes ou as ordens de influência que determinam o desenvolvimento histórico das instituições e dos instrumentos sócio-políticos”? (p.32). Até agora no texto os autores trataram de assuntos com vistas a pesquisas sobre a política social, mas torna-se necessário buscar a compreensão das regularidades em relação ao desenvolvimento da política social. Os autores traçam que dentro da ciência política duas sequências de argumentação sobre esse tema são colocadas.
a) explicação da gênese da política social estatal baseada na teoria dos interesses e das necessidades
-recapitular como o processo de regulamentação da proletarização é assegurado: 1)proprietário da força de trabalho aceita os riscos da “comercialização” da sua “mercadoria” forças de trabalho 2)definir quais são os trabalhadores assalariados e que nem todos o podem ser. 
-segundo essa hipótese descrita acima o desenvolvimento progressivo das políticas sociais se dá por dois impulsos: 1)nos riscos factuais do processo de industrialização capitalista 2)na força de organização das organizações da classes operária, que proclama e impõe ao Estado às suas exigências. Sendo assim “O desenvolvimento da política social seria, assim, o resultado de uma carga de risco objetiva e da imposição de exigências políticas.” (p.33) 
-se alguém procurar explicar o desenvolvimento da política social por essa hipótese tem que buscar adicionar algumas explicações (explicações necessários segundo os autores final da page 33 início da page 34) 
b) explicação do desenvolvimento político social a partir de imperativos do processo de produção capitalista 
-“As tentativas de explicação que podem ser resumidas neste esquema de argumentação não recorrem às “exigências” da classe operária como variável causal do desenvolvimento da política social, mas às exigências funcionais de produção capitalista” (p. 34) 
-Nessa hipótese os autores também lançam perguntas e ponderações, mais especificamente duas: 1) “em que medida é sustentável o pressuposto de que as agências estatais dispõem da perspectiva ampla, e da capacidade de análise interna, necessárias para que sejam diagnosticadas as exigências funcionais do capital de maneira mais precisa que pelos próprios agentes do processo de produção” (p.34 e 35) 2) “mesmo que os atores, inseridos na administração estatal, fossem verdadeiros super-sociólogos, quais seriam as circunstâncias que os habilitaram a corresponder com medidas políticas e inovações adequadas às exigências identificadas.” (p.35). 
· Segundos os autores um modelo mais completo e menos problemático para responder a pergunta: “Quais seriam as forças motrizes ou as ordens de influência que determinam o desenvolvimento histórico das instituições e dos instrumentos sócio-políticos”? (p.32); parte da combinação das duas tentativas de explicação expostas. 
· “Ao contrário dessas interpretações “harmonicistas” da gênese e da função da política social estatal, defendemos aqui a tese de que para a explicação da trajetória evolutiva da política social, precisam ser levadas em conta como fatores causais concomitante tanto “exigências” quanto “necessidades”, tanto problemas da “integração social” quando problemas da “integração sistêmica”, tanto a elaboração política de conflitos de classe quanto a elaboração de crises do processo de acumulação.” (p.36)
· Os autores respondem a pergunta chave deste tópico com uma nova pergunta: “como podem ser desenvolvidas as estratégias sócio-políticas e como podem ser modernizadas as instituições existentes, de modo que satisfaçam, simultaneamente, no contexto dos direitos políticos existentes da classe operária, as exigências políticas “admitidas” e as necessidades previsíveis do processo de acumulação, levando em conta, ao mesmo tempo, os prerequisitos [sic] da economia do trabalho e as possibilidades orçamentárias?” (p.36).

Continue navegando