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PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 1 PREVENÇÃO E CONTROLE DE RISCOS EM MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 2 PREVENÇÃO E CONTROLE DE RISCOS EM MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES Introdução e o desafio da segurança do trabalho na construção civil O modelo industrial da construção civil baseado na sua cadeia produtiva vem, nas ultimas décadas, aproximando-se das indústrias de outros segmentos ao buscar a excelência do sistema de segurança e saúde ocupacional. O que de certa forma era difícil de implantar nos canteiros de obras, nessa última década, através de redução dos índices de acidentes e também com uma melhor qualificação profissional, levou a se minimizar essa dificuldade, resultando em indicadores mais positivos para as empresas. Longe de estar perto do aceitável, estigmatizado por ser um dos ambientes que mais produzem situações de riscos e perigos, o programa vem sendo implantado com menor resistência, caindo assim o legado de que o profissional de segurança é um profissional não comprometido com a produtividade nas organizações – muito pelo contrário: esse mesmo profissional comprovou que o binômio segurança–produtividade deve ser desenvolvido para atender aos quesitos de melhor desempenho. O que se estabelece como regra é que esse profissional, uma vez comprometido com o bem fazer e com a missão de manter a integridade física e emocional do colaborador, necessita conhecer a natureza das atividades e seus riscos iminentes. Essa lacuna vem sendo preenchida pelo grande número de profissionais que, em pleno gozo da atividade, não se encastela apenas nas normas e nas obrigações mas também amplia a leitura no ambiente produtivo. Estabelece-se, dessa forma, a aproximação PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 3 com as metas da empresa e com sua relação interpessoal, solidez emocional e capacidade de liderança - e, com isso, a plena ligação com o ambiente produtivo. Os resultados aparecem tanto para a segurança como para a produtividade. Além das barreiras comerciais tão exploradas pela falta de programas de segurança e saúde ocupacional graças aos altos custos de seguro nas organizações cujos índices de acidentes ainda são significativos, o que imprime mais força a esse sistema é o fato de que essas organizações acabam perdendo competitividade. A alta administração já percebeu que os programas são verdadeiras ferramentas de continuidade de serviços, assim como de imagem positiva a ser explorada. Notadamente, o PCMAT, o PPRA e o PCMSO formam um bloco de resistência às estatísticas tão cruéis nas “fábricas temporárias” – canteiro de obras - por serem apenas documentos de atendimento legal exigidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Passam, então, a ser utilizados e periodicamente verificados, com correção das suas interpretações, para buscar a excelência nesse ambiente. Nessa oportunidade, serão discutidas, além das informações básicas, a correta confecção do PCMAT e sua submissão à NR 18, visando a um cenário de reflexão que, em se tratando de uma ferramenta de eficiência e eficácia na redução de acidentes, é imperativo na sua implantação; deve-se ainda considerar o aspecto comportamental de seus colaboradores para que, efetivamente, possam contribuir para uma condição atemporal, sem ficarmos restritos aos limites do canteiro da obra implantado. A condição espelha-se em movimentos para buscar uma comunicação eficaz, de entendimento claro, entre as partes interessadas, na tentativa de valorar ainda mais a autoestima desses colaboradores para que possam sentir a sua importância nesse contexto de trabalho. Não é possível ignorar as diferenças intelectuais e ser essa desqualificação suficiente para não se avançar em treinamentos e informações na busca da evolução dos PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 4 indicadores produtivos e da redução de afastamentos. Daí nasce a expressão da professora Leticia Nobre: não se deve tratar esses colaboradores como “invisíveis”. Assim, os fatores críticos que alimentam e dão suporte aos acidentes de trabalho na construção civil perpassam pela condição hereditária, ou seja, de sempre serem executados daquela forma e sem se achar que isso poderá levar ao efeito indesejável. Para o sucesso, necessário é qualificar, capacitar e inibir essa atitude, que apresenta muito mais ignorância do que conhecimento (experiência) por parte do colaborador. Outro fator que chama atenção é a imprudência na hora de executar uma tarefa. Quando esse colaborador registra que desconhece os riscos, tal ação se confunde com uma “coragem” infértil e improdutiva. Para a neutralidade desse fator, é necessário definir uma relação de harmonia entre a atividade e a capacitação do colaborador. As atividades dentro da construção civil podem ser representadas por cinco subelementos que merecem um olhar atento do engenheiro de segurança, tais como a mão de obra utilizada, o material utilizado, a máquina (ferramenta), a metodologia a ser aplicada e o meio ambiente físico onde serão desenvolvidas essas atividades. A relação harmônica entre esses 5Ms pode levar a uma criticidade do profissional em observar potenciais riscos se esses subelementos não estiverem ajustados. Cabe ressaltar que mais de 42% dos acidentes apontados nos registros do Ministério do Trabalho e Emprego têm como uma de suas características serem com jovens com menos de 29 anos, o que pode servir como uma suposta explicação para essa “coragem” de pouco valor, própria dos jovens de maneira geral. Nem sempre o óbvio é alvo de reconhecimento por parte dos colaboradores ou mesmo da sociedade – e, muitas vezes, no caso da segurança do trabalho na construção civil, é de não internalizar o trabalho como trabalho de equipe, necessitando quebrar o paradigma da ênfase individual da sociedade contemporânea em detrimento do coletivo. Isso é apontado como um fator intrigante de suporte de acidentes do trabalho PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 5 que deve ser fortalecido através do diálogo diário de segurança na obra, ampliando o contexto coletivo para que inverta essa tendência individual. Que essa reflexão vá além desses limites físicos (canteiro de obras) para que possamos buscar resultados através desse programa, como ferramenta e quebra de paradigma de que a segurança deve ser praticada em qualquer espaço, ultrapassando a condição limítrofe dos ambientes profissionais. O contexto e cultura organizacional das construtoras Comecemos pela hierarquia. A relação hierárquica teria sua origem, de acordo com estudos realizados, no sistema agrário adotado no início da colonização brasileira e na família patriarcal. O poder do latifúndio gerava relações de domínio (por parte do senhor do engenho) e, por conseguinte, de obediência (por parte do escravo). Portanto, surge com base na força de trabalho do escravo, ordenado e reprimido, separado e calado, resultando numa estratificação social e rígida hierarquização de seus atores, estabelecendo uma enorme distância entre senhores e escravos. A indústria da construção civil repetiu esse modelo e estabeleceu, assim como na indústria agrícola, a semelhança na origem de pouca qualificação de seus colaboradores e de restrição cultural para enfrentar com argumentos a negação de incorrer em riscos de acidentes e, consequentemente, de vida. Para executar suas atividades, esse colaborador nem sempre conta com orientação e paciência do seu encarregado para aprimorar o seu aprendizado e, consequentemente, o seu desempenho. Agravada pela instabilidade econômica no setor que o Brasil notadamente vive nestes últimos trinta anos, a evolução tímida da segurança do trabalhoe sua importância nesse cenário demonstram o quanto devemos avançar, apesar de os indicadores apontarem uma redução de acidentes e de afastamentos do trabalho, como também PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 6 dos investimentos em programas de segurança em organizações de prestígio nacional que sejam líderes nos seus segmentos, como Petrobras e Vale. O cenário gerado impõe curto tempo para treinar, capacitar – e, a cada aumento de demanda de emprego na construção civil, assistimos a um aumento de acidentes e de pressão nos custos sociais e previdenciários no Brasil. A redução do incremento produtivo e o aumento desses custos previdenciários, seja por afastamento e/ou por pensão para os seus parceiros (as) e dependentes, não levam em consideração a perda da força do trabalho do país. Deve-se levar em conta que estatísticas formuladas pelo MTE nas décadas de 1990, 2000 e 2010 apontam para uma redução de frequência de acidentes do trabalho e óbitos, mesmo levando-se em consideração o aumento da massa de trabalhadores, o que nos faz acreditar que os programas de segurança vêm desempenhando seu papel, mas essa meta de redução deveria ser mais ambiciosa. Outra leitura que merece atenção é que essas mesmas estatísticas apontam para o aumento das doenças de trabalho. Por serem menos flagrantes que os denominados acidentes físicos, essas doenças, como também os acidentes, tanto afastam o colaborador da atividade como comprometem a sua qualidade de vida. Deve-se levar em conta o recrudescimento dessa condição da perda da força de trabalho se formos considerar a instabilidade das sociedades empresárias (construtoras), que não conseguem projetar ações estratégicas de médio e longo prazo por ausência de uma linha mestra macroeconômica que as direcione e que possa definir políticas de investimento em tecnologia, em métodos construtivos e da adequação e capacitação desse colaborador a esses elementos. O improviso se torna frequente – e, daí, os atos inseguros começam a trilhar e permear os caminhos desses canteiros de obras, fazendo com que cada dia se transforme em PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 7 um exercício de sobrevivência e que se torna mais vigoroso pela rotatividade que a indústria da construção civil no Brasil proporciona. O poder hierárquico imperativo e sem uma aproximação entre as gerências de produção e a de segurança do trabalho, ainda presente nessas empresas e com raras exceções, é ainda potencializado pelo embate competitivo de melhorar as margens de desempenho a qualquer custo, visando à sobrevivência da organização no mercado. Dessa forma, retroagimos ao século passado em um formato de hierarquia organizacional ausente da moderna horizontalidade e de uma maior participação dos chamados setores operacionais e produtivos da empresa. A integração é a palavra-chave do engenheiro de segurança que, de forma conciliadora, aproxima interesses que se apresentam para alguns, equivocadamente, antagônicos. A gerência de produção quer cumprir o escopo, o custo e o prazo. E a engenharia de segurança? Almeja objetivos diferentes? Claro que não! O que difere é a forma de como executar as atividades incorrendo em menores riscos. Parece óbvio, mas, na prática, ainda enfrentamos críticas por pensar e agir de forma mais segura. Se a empresa não visualiza que as melhores condições de trabalho projetam maior produtividade, seja na forma direta (empregados) ou na forma indireta (terceirizados), o “jeito” é fazer de qualquer maneira, o que acaba aumentando sobremaneira o risco de acidentes. O contexto dessas relações hierarquizadas, fortemente marcadas pela díade “superior e subordinado”, busca subterfúgios ou alternativas para minimizar o impacto negativo desse tipo de relações. Aquele que se encontra na posição de subordinado precisa encontrar uma saída diante daquela situação. Assim, passamos a ter outra característica muito forte da nossa cultura, que é esta “de dar o seu jeito”. Motta e Caldas descrevem essa manifestação quando entendem que: PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 8 Mesmo não conhecendo o outro lado ou a outra pessoa, tentamos criar uma referência comum a ambos, um elo pessoal que estimule este outro lado a realizar aquilo que desejamos. “Aqui vale tudo para conseguir o que se quer...”. (MOTTA; CALDAS, 1997, p. 50) Esse “jeitinho brasileiro nas obras” nada mais é do que encontrar uma saída para uma situação não prevista diante de uma dificuldade ou desconhecimento, mesmo diante daquilo que é normativo ou preestabelecido e que deva ser cumprido. Entretanto, podemos dar outra roupagem ao espírito ou característica desse “jeito”, que é o do aventureiro: aquele que rompe os paradigmas e as normas vigentes, conseguindo, agravado pela ignorância, se expor ainda mais ao risco laboral. As pesquisas nos ambientes organizacionais, as discussões em níveis acadêmicos e a realização de projetos de consultoria voltados à cultura organizacional têm se destacado nas últimas duas ou três décadas. Nesse sentido, diversas publicações vêm sendo feitas por autores de expressão nacional e internacional. Entre os quais, podemos destacar: Shein, Srour, Fleury, Fischer e Robbins. Antes, porém, de abordar o tema ou a definição de cultura organizacional, apresentaremos uma breve consideração sobre cultura. Entende-se cultura como um conjunto de variáveis que abrange filosofias, crenças, normas, valores, moral, hábitos, costumes, sentimentos, artes e conhecimentos de um determinado grupo social ou de uma nação. Há, entre essas variáveis, um inter- relacionamento. Ao se influenciarem mutuamente, influenciam também o comportamento de indivíduos e grupos, dando, assim, subsídios para entender-se a cultura organizacional. Nas construções e/ou obras, de maneira geral, temos o “mix cultural” proveniente de várias origens desse largo Brasil. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 9 Entre os estudiosos da cultura organizacional, há certa unanimidade com relação à conceituação, uma vez que a mesma é a expressão das crenças mais aceitas no ambiente organizacional; ao estabelecimento de normas de conduta que norteiam o cotidiano; e aos hábitos mais sentidos ou verificados entre os colaboradores. A cultura organizacional constitui, assim, um padrão de suposições básicas estabelecidas, inventadas, descobertas ou desenvolvidas pelos fundadores e membros de uma empresa, de tal sorte que possibilita a resolução de problemas de adaptação externa e interna, cujos resultados são observáveis mediante o nível de eficácia organizacional. Desse modo, é comum que haja um esforço, especialmente por parte dos gestores, em tornar válidos todos os elementos que constituem a “personalidade” de uma determinada organização, como é denominada a cultura organizacional. Isso possibilita a canalização de energias na realização de objetivos comuns, objetivos estes ensinados aos novos membros como a maneira correta de perceber, pensar e sentir tudo quanto faz parte daquela organização. Além do mais, e de acordo com Srour (1998), a cultura organizacional seria a própria identidade da empresa, considerando que ela é construída e reconstruída ao longo do tempo, e ela serve de referência para distinguir diversas coletividades. Por ter essa característica, a cultura organizacional forma um sistema coerente de significações e procura unir todos os membros em torno dos mesmos objetivos e do mesmo modo de agir dentro da organização. Dessa forma, a indústria da construção civil, lastreada por essa “história cultural”, acaba por ser a vítima da própria armadilha quando ela espelha essa divisão intelectual e cultural, abrindo ainda mais a visão individual na suposta contramão do interessecoletivo. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 10 O desafio maior nessa conjuntura é entender e trilhar o caminho comum a fim de buscar melhores condições de trabalho, obter melhores indicadores produtivos e, principalmente, aproximar interesses e ambições tão díspares que são as características notórias das empresas de engenharia civil de um modo geral. Expressar e apontar essa dualidade não é difícil. Ela é alvo de vários debates em seminários, apontando a necessidade de mudança da cultura organizacional nas construtoras como forma de reduzir os riscos de acidentes de trabalho e de melhoria no setor em busca de melhores resultados. Por nem sempre haver essa preocupação da necessidade de conscientizar os colaboradores sobre esses aspectos, temos como consequência o baixo índice de comprometimento, a falta de cumplicidade por parte dos colaboradores, componentes estes tão básicos para um melhor desempenho, sem incorrerem proporcionalmente aos riscos laborais. Deve-se isso ao que preconizam as normas brasileiras e internacionais ao envolverem todos os atores e responsabilizá-los pelos resultados obtidos – e, com isso, atuarem de forma mais horizontal hierarquicamente, enfatizando o formato mais participativo, tornando-se um grande desafio para essas sociedades empresárias no século que se descortina. A Norma Regulamentadora NR-18 – condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção Comecemos por abordar o tema da liderança que, ao longo dos tempos, tem merecido a atenção de inúmeros estudiosos por ser o vetor de implantação e interpretação da NR-18. Por essa razão, nosso enfoque aqui é abordar a liderança em um formato de contorno, cientes da facilidade de encontrar outras fontes que possibilitem aprofundar o tema para aquele que assim o desejar. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 11 Estudos mais recentes enfocam a liderança não mais naquilo que o líder é, mas o que ele faz; ou seja, a sua capacidade de aglutinar pessoas e equipes no alcance de objetivos organizacionais previamente estabelecidos. Com isso, a análise volta-se para o impacto do comportamento e estilo do líder que resulta no nível de eficácia do grupo que lidera. Nesse sentido, a liderança é entendida como um processo de interação social, e o líder é visto como alguém que agrega um benefício não só ao grupo em geral mas também a cada membro em particular e à organização. Outra importante concepção de liderança entende que ao líder é atribuída a tarefa de administrar sentidos. Nessa perspectiva, o líder é entendido como um ponto de ligação entre cada indivíduo e o próprio mundo de trabalho, e sua eficácia é demonstrada na capacidade de tornar uma atividade significativa para seus liderados, o que constitui a força do líder que é o exercício legítimo da sua influência. Para que se obtenha a cooperação, a autonomia, a necessidade de trabalhar em equipe e de inovar, atributos indispensáveis para fazer aplicar as normas de segurança. Uma organização, para tornar-se ou manter-se competitiva, necessita ter colaboradores ativamente responsáveis por seus comportamentos, autônomos e com alto grau de comprometimento. É nesse contexto que a liderança tem o papel de influenciar na redefinição cognitiva de seus liderados, encorajando-os para uma nova aprendizagem a partir do envolvimento coletivo na busca de soluções e na implantação de programas. A liderança contemporânea para implantar um programa como o PCMAT apoia-se em dois pilares, sendo o primeiro o do conhecimento das normas e dos procedimentos da engenharia de segurança observados nas atividades executadas na obra, e o segundo, a comunicação entre os setores e fora dela. Esses dois temas passam muitas vezes despercebidos, e sua verdadeira dimensão não vem sendo considerada. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 12 Observemos que, para o convencimento e para uma internalização das propostas de boas práticas, o engenheiro de segurança, junto aos seus colaboradores, necessitará apoiar-se nesses pilares para obter resultados significativos. O desafio é colossal! A Norma Regulamentadora n°18 estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e organização, com o objetivo de programar procedimentos de aspecto preventivo relacionados às condições de trabalho na construção civil. A NR-18 tem a sua existência jurídica assegurada, em nível de legislação ordinária, no inciso I do artigo 200 da CLT. Documentos complementares: ABNT NBR 5418 - Instalações elétricas em atmosferas explosivas; ABNT NBR 7500 - Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos; ABNT NBR 9518 - Equipamentos elétricos para atmosferas explosivas - requisitos gerais; ABNT NBR 11725 - Conexões e roscas para válvulas de cilindros para gases comprimidos; ABNT NBR 11900 - Extremidades de laços de cabo de aço; ABNT NBR 12790 - Cilindro de aço especificado, sem costura, para armazenagem e transporte de gases a alta pressão; ABNT NBR 12791 - Cilindro de aço, sem costura, para armazenamento e transporte de gases a alta pressão; ABNT NBR 13541 - Movimentação de carga - laço de cabo de aço - especificação; ABNT NBR 13542 - Movimentação de carga - anel de carga; PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 13 ABNT NBR 13543 - Movimentação de carga - laços de cabo de aço - utilização e inspeção; ABNT NBR 13544 - Movimentação de carga - sapatilho para cabo de aço; ABNT NBR 13545 - Movimentação de carga – manilha. A Convenção OIT 127 e a Instrução Normativa nº 20 INSS/PRES, de 10 de outubro de 2007 (plano de benefícios da Previdência Social) somam as normas e tratam dos requisitos de aposentadoria especial e emissão da CAT. Outras normas regulamentadoras, que integram a abordagem de prevenção dos riscos dos trabalhos da construção, merecem destaque, como as que estão relacionadas abaixo: NR 5 – Comissão interna de prevenção de acidentes; NR 6 – Equipamentos de proteção individual; NR 7 – Programas de controle médico e saúde ocupacional; NR 9 – Programas de prevenção de riscos ambientais; NR 21 – Trabalho a céu aberto; NR 33 – Segurança e saúde no trabalho em espaços confinados; NR 35 – Trabalhos em altura. O grande desafio na elaboração do PCMAT é conciliar e ajustar os vários artigos das normas regulamentadoras. O vigor de um programa de segurança passa pela análise de aproximação e complementaridade desses artigos. Notadamente, é preciso entender que os artigos contidos nas normas regulamentadoras não conseguem acompanhar as variáveis do dinamismo de uma obra, bem como a singularidade de suas atividades. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 14 Dessa feita, o engenheiro de segurança obrigatoriamente deve expandir seu conhecimento, divagando entre as várias normas e extinguindo as lacunas que essas variáveis impõem. A leitura de grandes autores sobre o desafio da prevenção de riscos na construção civil aborda de maneira recorrente a distância intelectual, o pouco investimento das construtoras e a ausência de monitoramento dos resultados como forma de demonstração equivocada de que se trata de investimento, e não de uma despesa – além, é claro, da imprudência observada do colaborador nas atividades. Em 1995, Luz afirmou que o clima organizacional é resultante da cultura das organizações e de seus aspectos positivos e negativos (conflitos). Portanto, o clima organizacional é influenciado pelo comportamento dos indivíduos na organização, daí a necessidade de tempo para internalizar o compromisso e a reflexão do aprendizado nas ações do dia a dia. A instabilidade na macroeconomia do país aguça ainda mais a rotatividadeda mão de obra e desfavorece a assimilação da filosofia das boas práticas de segurança nas construtoras. O canteiro de obras (fábrica) e sua importância para a segurança do trabalho na engenharia Consideramos que o propósito deste texto é abordar e discutir a gestão da mudança no âmbito da cultura organizacional das construtoras, determinar o diagnóstico do clima organizacional, treinar e capacitar, bem como bem utilizar o PCMAT como importante ferramenta gerencial. Os novos conhecimentos técnicos de metodologia construtiva e de equipamentos com tecnologias de ponta caracterizam as mudanças aceleradas, que trazem consigo uma busca constante de atualização por parte de empresas e colaboradores para se obter maior competitividade. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 15 O ponto inicial que deve ser analisado é que, ao realizar a confecção do canteiro de obras - onde tudo se inicia - com a participação da engenharia de segurança, descortina-se e incrementa-se a influência de boas práticas na confecção do layout. É de suma importância para que a filosofia de segurança possa impregnar o ambiente nos primeiros passos de uma obra. Os fatores internos desse novo tempo são tão importantes como os fatores externos e devem ser vistos como orientadores de ações nas atividades da obra. Os efeitos externos, como aqueles provenientes de ruído, poeira, trânsito intenso, entre outros, devem ser considerados tanto quanto os efeitos internos. Na atual conjuntura, os impactos e os riscos da atividade da obra dividem-se entre os colaboradores (diretos e terceirizados) e os habitantes no entorno (indiretos). Todos, sem exceção, devem abrigar as medidas de controle no intuito de minimizar e/ou mesmo anular seus efeitos (máxima pretensão), tanto para a saúde como para os acidentes. Dessa feita, o limite físico da “fábrica” é mais abrangente do que os limites impostos pela planta de situação do empreendimento, mesmo que determinado pela condição limítrofe do canteiro de obras. Essa fábrica temporária visa a atender o objeto principal de construção, seja uma edificação, uma rodovia e/ou uma obra de infraestrutura, e tem no seu alicerce a tríade em que se apoiam a rapidez, a economia e a qualidade de produzir. Para isso, é importante atentar aos riscos impostos por alguns tópicos de relevância na implantação do canteiro: 1. Acesso para entrega de materiais e circulação dos mesmos na área externa e interna do canteiro de obras; 2. Área de carga e descarga dos estoques de agregados e materiais; 3. A correta locação do objeto principal; 4. O estudo para a locação de equipamentos fixos - vertical e horizontal; PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 16 5. O dimensionamento, segundo a NR-18, das instalações provisórias e dos elementos de apoio como áreas de administração da obra, vestiários e refeitório, bem como as áreas de vivência; 6. A estimativa da quantidade de mão de obra e do tipo de atividades por fase da obra; 7. Área de guarda e inventário de ferramentas e equipamentos de proteção individual (EPIs); 8. A manutenção da organização, revisão e correção periódica, bem como da preservação e atualização da sinalização coletiva; 9. O entorno e suas rotinas. Na busca de uma engenharia de segurança na atividade de construção tão desafiadora, a proatividade do profissional de segurança fará diferença nos resultados. Daí a necessidade de conhecer a metodologia que será implantada na obra e, com isso, induzir os treinamentos na melhor forma de capacitar seus colaboradores. Ainda há mais a ressaltar se levarmos em consideração a forma adotada pela gerência de produção para a contratação de serviços diretos e indiretos, com seus respectivos contratos e subcontratos, o ajuste do mapa produtivo (períodos de chuva), as etapas construtivas de cada fase da obra, além do uso e do olhar crítico ao cronograma físico adotado por essa gerência. O mapa de riscos (MR), com seus agentes (biológicos, físicos, químicos, ergonômicos e mecânicos), se torna um aliado da segurança laboral nos canteiros de obras pela forma clara de informação dos riscos que são provocados por seus agentes e que podem ser fixados em cada setor produtivo e/ou administrativo que o engenheiro de segurança julgar necessário. É importante registrar que, por conta de uma legenda simples e de uso de cores de fácil compreensão, o MR deve ser explorado como um dos temas do Diálogo Diário de Segurança (DDS) para explorar a visualização e a internalização do conhecimento que esses mapas de riscos oferecem. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 17 A elaboração do programa e controle do meio ambiente do trabalho (PCMAT) na indústria da construção Aplicado o instrumento de pesquisa com a observação de todas as etapas recomendadas nas fases da obra, chegamos à análise dos dados coletados. Dessa análise sai o diagnóstico dos riscos propriamente dito. O passo seguinte é fazer a devolução dessa análise para todos os setores envolvidos na medida diretamente proporcional aos riscos inerentes às atividades. A opinião da análise deve envolver, na medida do possível, outros atores que pertençam ao interesse da organização como forma de ajustar a linha de produção com a linha da segurança ocupacional e, consequentemente, a adequação daquilo que se faz necessário entre a produção e a segurança como elementos complementares e de recíproca ajuda. Nesse momento, serão sugeridas medidas a serem implementadas no programa, pois se sabe que sua produtividade é também o resultado da motivação e estado de espírito dos indivíduos que dela fazem parte. É preciso que se diga que de nada adianta realizar um PCMAT se não houver um retorno para todos os envolvidos no processo de resultados para que isso seja assimilado como bem coletivo; do contrário, esses resultados estão sob a pena de não serem utilizados e aproveitados para elaborar e contribuir para um plano de ação corretiva com o intuito de mudar os riscos puros (acidentes) apontados na análise crítica do programa. Para o resultado ser eficaz tanto na confecção do PCMAT como em sua implantação, necessário é que a assimilação dos atores envolvidos resulte no processo de absorção através do aprendizado e da adoção de tradições culturais por parte da construtora na qual a assimilação ocorre. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 18 Para ser consistente e duradoura nesses casos, a relação requer cumplicidade, dedicação, fidelidade, renúncias e outros elementos que têm no processo de assimilação uma importante etapa até que se obtenha o êxito do programa. Portanto, a incerteza quanto à disponibilidade permanente dessas contingências críticas ameaça o bem-estar da organização e dos seus resultados. Colaboradores que conseguem reduzir a incerteza em favor de outros grupos ou de toda a organização têm condições para exercer influência por meio da negociação da redução da incerteza, principalmente na relação direta entre a produção e a segurança nas atividades de obra. Outros aspectos igualmente importantes são o controle e a velocidade na tomada de decisões. Para que decisões sejam tomadas com segurança e no tempo adequado, é fundamental ter o mapeamento de pessoas que tenham desenvolvido a competência de tomar decisões. Se, nesse sentido, a organização tiver equipes qualificadas que deem suporte ao tomador de decisões, certamente esse processo terá maior possibilidade de resultado. Diante das considerações que acabamos de fazer, não restam dúvidas de que há um árduo e importante caminho a ser percorrido pelos gestores de produção e de segurança ocupacional nas obras em geral, visando a proporcionar ambientes em que as mudanças gerem produção com segurança para as empresas.As mudanças são inevitáveis – e é bom que assim seja, pois são elas que possibilitam o desenvolvimento de pessoas e organizações. Com isso, a etapa subsequente do desenvolvimento da elaboração do PCMAT é de conhecer o objeto (os projetos), direta questão do que será executado. A metodologia que muitas vezes é denominada de “plano de ataque da obra” precisa ser aberta para que a engenharia de segurança aponte os riscos inerentes a esse método construtivo e como a execução das atividades será desenvolvida de forma mais segura e lastreada pelas normas vigentes. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 19 A vistoria no local onde será executado o empreendimento deve ser mais ampla e perpassar os limites contidos pela planta de situação. Moradias, acessos e localizações de equipamentos urbanos, bem como suas rotinas, devem ser considerados. Nas atuais posturas municipais das principais cidades do Brasil, temos a obrigatoriedade do Estudo de Impacto da Vizinhança (EIV), estudo esse que reforça o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), bases indispensáveis para essa lente mais aberta que o engenheiro de segurança deve ter. Na sequência, o prazo e o custo compõem o quanto e quando essas atividades serão feitas – e, dependendo dessas variáveis, como elas serão impostas, ocasionando um aumento da lente de observação do engenheiro de segurança por conta dos maiores riscos a que esses colaboradores estarão expostos. Questões como quem desenvolverá as atividades e se esse alguém está devidamente capacitado são desafios da engenharia de segurança em ajustar e diminuir a distância dessa expectativa diante do que se pode efetivamente realizar. E, nesse alinhamento, a variável que completa esse ciclo de riscos é a que indica onde serão executadas as atividades de cada fase da obra, modificando, com isso, o grau dos riscos laborais. Dessa feita, conhecendo os atores e os riscos, a etapa seguinte é desenvolver ações de controle para cada risco e dar suporte para cada um deles nos vários artigos das normas vigentes citadas acima. O período de validação para conhecer o resultado do que foi previsto com o que foi realizado depende de cada obra e da potencialidade dos riscos que essa obra impõe. Assim, avaliar e realizar as medidas corretivas são ações necessárias a fim de dar solução de continuidade aos serviços executados, mitigando seus riscos nas etapas subsequentes. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 20 Ao mesmo tempo em que a mudança imposta pelo PCMAT nas obras é inerente ao processo de desenvolvimento do ser humano e dos canteiros de obras, ela também provoca resistências. Diagnosticar, mapear e aprender a lidar com as resistências certamente será o diferencial do engenheiro de segurança na construção civil. Esse será também o grande indicador de competência do gestor nos atuais modelos de gestão e pelo qual será reconhecido por empresas e pelo mercado de trabalho; ou seja, na capacidade de gerenciar conflitos resultantes em função das mudanças propostas ou mesmo de leituras diferentes, mesmo que elas sejam - e são - para alcançar os mesmos objetivos. Dados recentes de pesquisas apontam que menos de um terço das organizações empreendeu alguma reforma significativa em sua organização de trabalho; talvez porque temessem as resistências ou lhes faltasse competências para lidar com essas mesmas resistências ou com os conflitos que essas mudanças poderiam provocar. A resistência organizacional à mudança pode assumir diversas formas. De acordo com estudos como o de Robbins (2001), há dois níveis em que as resistências ocorrem nos ambientes organizacionais, gerando diferentes pontos de conflito: o individual e o organizacional. O engenheiro de segurança na construção terá de enfrentar e estudar formas de atenuar essa zona de tensão e perceber a hora de flexibilizar. A sensibilidade desse profissional ultrapassa os limites impostos por qualquer programa e deságua na linha mestra da planilha de serviços do PCMAT como forma de assegurar ao colaborador a longevidade de seu trabalho. A CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), suportada pela Lei n° 6.514, de 22/12/1977 (NR-5 Portaria 321), obriga, entre outras coisas, à eleição de colaboradores para representar junto à sociedade empresária e tornar o ambiente de trabalho, do ponto de vista da reivindicação, mais justo e mais equilibrado. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 21 Existem opostos nessa argumentação de que o colaborador da construção civil, por conta de sua pouca qualificação e do poder a ele atribuído pela CIPA, não consegue cumprir os desígnios da lei e acaba por deformar tal função. Assim, entre os vários caminhos na elaboração do PCMAT dentro dos conceitos que merecem reflexão dos profissionais envolvidos, o coração do programa está na elaboração da planilha de riscos e controle, não só como forma preventiva mas também como ações corretivas apontadas pelas avaliações críticas e periódicas. Para ilustrar o exemplo, a planilha mestra como sugestão básica dos serviços que denominamos de família de serviços resulta de que, quanto mais detalhadas forem as atividades, maior será a compreensão dos riscos e, consequentemente, das medidas de controle a serem implantadas e que deverão ser monitoradas pela engenharia de segurança da obra. Dessa forma, exemplificamos algumas atividades inseridas na planilha mestra de riscos, com as medidas de controle divididas em EPIs e EPCs (equipamentos de proteção individual e de prevenção coletiva). Item Atividades que serão executadas Riscos das atividades Controle EPI Controle EPC 01 Remoção de vegetação arbustiva com ferramentas manuais do terreno. Ataque de animais peçonhentos e ferimentos por ferramenta de limpeza. Retirar ou escorar solidamente árvores, rochas, equipamentos, materiais e objetos de qualquer natureza quando for constatado comprometimento ------------------- --- PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 22 de sua estabilidade. Usar luvas de raspa de couro, botas de cano longo. 07 Escavação manual ou com máquina. Risco de desabamento. Quedas em nível e em diferença de nível. Inalação de poeiras. Usar capacete, bota de borracha com solado antiderrapante. Abafador de ruído para o operador da máquina, se necessário, e máscara contra poeiras quando houver excesso de poeira. Pranchões (escorados horizontalmente se necessário em talude superiores a 1,20 m), escadas de saída de emergência. Muros, edificações vizinhas e todas as estruturas adjacentes devem ser escoradas. O material retirado deve ficar a distância superior à metade da profundidade, medida a partir da borda do talude. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 23 13 Desmontagem das fôrmas Ao realizar a desforma pelos pilares, soltando- se os tensores, existe o risco de quedas em nível e diferença de nível, assim como a queda de objetos para dentro e fora dos limites do empreendimento. Risco de ferimentos por pregos das madeiras. Contusões nas mãos. Detritos nos olhos. Utilizar cinto de segurança do tipoparaquedista , botina de segurança, luvas de raspa de couro, óculos de segurança. Manter o local organizado e livre de entulhos. Retirar ou rebater pregos das madeiras da desforma. Plataforma de proteção fixa em balanço na 2º laje (fixa) e posteriormente de três em três lajes (móvel). 20 Assentamento dos blocos (tijolos). Queda das paredes levantadas (principalmentequando recém- concluídas). Pode acontecer reação alérgica dermatológica pelo contato. Luvas látex. As paredes levantadas devem ser fixadas firmemente por meio de cunhas ou bisnaga (entre a viga e o bloco). PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 24 23 Pintura interna e externa. Irritações dermatológicas. Quedas em diferença de nível e em nível Luvas impermeáveis. Óculos de segurança, preferencialmente com ampla visão. Cinto de segurança na pintura externa engatado a corda auxiliar de segurança Proteções nas áreas abaixo dos serviços. Isolando, mantendo ou colocando plataforma de proteção. 29 Organização e limpeza no canteiro. Riscos diversos de acidentes. Utilizar sempre capacete e botina de segurança. Manter sempre as vias de circulação, escadas e passagens desobstruídas. Manter os entulhos afastados da periferia das lajes As colunas à direita podem e devem ser complementadas, como, por exemplo, data da avaliação do PCMAT, títulos dos treinamentos, os artigos da NR-18 e das demais normas para a interpretação das atividades e de suas respectivas medidas de controle. Cabe ressaltar sobre atualização e inclusão de elementos que visam a dar maior objetividade ao critério de avaliação do PCMAT e, com isso, obter menor grau de PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 25 incerteza para que os envolvidos, acima ou abaixo hierarquicamente, possam vislumbrar com clareza o verdadeiro propósito do programa. Algumas delas chamam atenção e valem ser destacadas: 1. A descrição detalhada do empreendimento; 2. Os riscos potenciais e o seu critério de julgamento quanto a: 2.1 A gravidade (escala 1 a 5); 2.2 O percentual de realidade de acontecer o risco (%); 2.3 O nível do risco (escala de 1 a 5); 2.4 A interpretação de resultado (previsto x real = %). As áreas de vivência e o seu critério no dimensionamento detalhado também são revigorados pelo simples fato de que, por conta do programa desenvolvido, estabeleceu-se e conquistou-se uma maior dignidade no trabalho desenvolvido pelo colaborador na construção civil. A NR-10 passa a ser um parceiro inseparável da NR-18 na execução das obras e na interpretação dos riscos e no vigor das medidas de controle. Os equipamentos rodantes nas edificações também são destacados nas atividades e nas medidas de segurança ocupacional do PCMAT, com controle rigoroso da entrada e de saída dos equipamentos nas obras e registro no cronograma físico (datas previstas), por conta de se tratar de um elemento não pertencente à rotina desse tipo de obra vertical. Quanto à sinalização coletiva, seja vertical e/ou horizontal, acompanhada dos desenhos esquemáticos, os mesmos são instruídos no PCMAT como forma de padronizar e buscar neles o respaldo nos temas dos treinamentos e dos Diálogos Diários de Segurança (DDS) na obra. Quanto ao PCMAT, sugere-se uma carta de apresentação com as informações básicas da obra. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 26 Data: Ilmo. Sr. Delegado Regional do Trabalho no Estado do ... Nesta Conforme determina a Lei 6.514, de 22 de dezembro de 1977, que instituiu as Normas de Segurança no Trabalho, e em cumprimento ao disposto na NR-18.2 - Comunicação Prévia, informamos a essa delegacia o que segue: a) Endereço da obra: _______________________________________________________; b) Qualificação do contratante: CNPJ:__________________________________________________; c) Endereço do contratante: _______________________________________________________; d) Tipo de obra: _______________________________________________________; e) Início da obra: _______________ Conclusão da obra: ________; f) Número máximo previsto de trabalhadores: _________________; É o que tínhamos a informar. Atenciosamente, PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 27 As descrições formais dos equipamentos leves e eletromecânicos e a forma segura de seu manuseio pertencem ao escopo do programa, com detalhamento no memorial descritivo do que será utilizado nas áreas de vivência. O plano de emergência, os telefones de emergência, o mapa com informações e localização de hospitais próximos, bem como o plano de fuga, devem ser descritos no PCMAT, além da sua disponibilização, como anexos e fixados nas paredes dos setores de administração e/ou engenharia da obra, para que se possa agir com rapidez nos casos fortuitos. O cronograma físico da obra, geralmente detalhado, oferece à engenharia de segurança do trabalho nas obras a possibilidade de ampliar a descrição das atividades e dos principais riscos inerentes a elas, como também as medidas de controle que serão adotadas. Além dessa oferta, essa ferramenta gerencial também informa sobre o prazo e os serviços que deverão ser mais críticos quanto à sobreposição das diversas atividades concomitantes, além de servir de alerta para engenheiro de segurança. O quadro de estimativas de colaboradores durante o prazo da obra e o seu perfil ajudam - e muito - na inserção e na escolha dos temas para os treinamentos, assim como sinal de atenção das atividades consideradas mais críticas. Esse quadro de mão de obra também define a cor do capacete (EPI) para cada função, visando a uma melhor orientação e distribuição das áreas de trabalho. No mesmo diapasão, o PCMAT deve descrever de forma minuciosa todos os equipamentos individuais de proteção para que se possa abrigar a necessidade da qualidade dos mesmos e da sua certificação através dos ensaios de laboratório devidamente credenciados pelo Inmetro. Alguns profissionais de segurança do trabalho, nos seminários, debatem sobre a relação homem/risco; se assim considerarmos, a fase com o maior número de colaboradores na obra está em relação direta e proporcional com a época em que PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 28 ocorrerá o maior número de acidentes. Fica a pergunta: e nas demais fases? O melhor é ficar atento sempre! Finalmente, as regras de segurança da construtora devem estar de acordo com o tipo de obra a ser desenvolvida, utilizando-se de frases simples e curtas. De fácil compreensão, essas frases devem ser disponibilizadas para os colaboradores a fim de que eles possam conhecer, assimilar e replicar aos demais ambientes. Fica então o evidente desafio do profissional de segurança na construção de reverter esses indicadores de acidentes e de afastamentos tão melancólicos para as vidas que estão em jogo. A demanda significativa de habitação, captação de água e destino de esgotos, visando a atender à sociedade nas cidades do Brasil, faz do PCMAT e do engenheiro de segurança respostas por esses anseios, fazendo com que, assim, se possa entender a sua verdadeira dimensão e importância. Completa o desafio dessa ação profissional a observação e antecipação nas tomadas de decisão que possam conter os riscos laborais, saindo da linha da mediocridade que a zona de conforto estabelece. Sejamos obstinados por esses resultados desafiadores e ao mesmo tempo estimulados em ultrapassar os limites impostos até aqui. RISCOS OCUPACIONAIS-HIGIENE DO TRABALHO Conceitos, classificação e reconhecimento PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 29 Higiene ocupacional, industrial ou do trabalho é uma técnica preventiva que atua na exposição do trabalhador a um ambiente agressivo com o objetivo de evitar doenças profissionais. Por definição, é a ciência e a arte dedicada a prevenção, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos existentes ou originados dos locais de trabalho, os quais podem prejudicar a saúde e o bem-estar das pessoas no trabalho, enquantoconsidera os possíveis impactos sobre o meio ambiente geral. RISCOS FÍSICOS Conceito, tipos, limites de tolerância, medidas de controle. No grupo dos riscos físicos, podemos encaixar diversas formas de energia:ruídos; temperaturas excessivas; vibrações; pressões anormais; radiações ionizantes e radiações não ionizantes; frio; calor; umidade. Os riscos físicos podem ser enumerados dependendo dos equipamentos de manuseio do operador ou do ambiente em que ele se encontra no laboratório. Não devem ser confundidos com os riscos de acidentes. Ruídos As máquinas e os equipamentos utilizados pelas empresas produzem ruídos que podem atingir níveis excessivos, podendo, a curto, médio e longo prazo, provocar sérios prejuízos à saúde. Dependendo do tempo de exposição, nível sonoro e da sensibilidade individual, as alterações danosas poderão manifestar-se imediatamente ou gradualmente. Quanto maior o nível de ruído, menor deverá ser o tempo de exposição ocupacional. Abaixo, temos os limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente: PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 30 O ruído age diretamente sobre o sistema nervoso, ocasionando: fadiga nervosa; alterações mentais (perda de memória, irritabilidade, dificuldade em coordenar ideias); hipertensão; modificação do ritmo cardíaco; modificação do calibre dos vasos sanguíneos; modificação do ritmo respiratório; perturbações gastrointestinais; diminuição da visão noturna; dificuldade na percepção de cores. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 31 Além dessas consequências, o ruído atinge também o aparelho auditivo, causando a perda temporária ou definitiva da audição. Para evitar ou diminuir os danos provocados pelo ruído no local de trabalho, podem ser adotadas as seguintes medidas: Medidas de proteção coletiva – enclausuramento da máquina produtora de ruído; isolamento de ruído; Medida de proteção individual – fornecimento de equipamento de proteção individual - EPI (no caso, protetor auricular); O EPI deve ser fornecido na impossibilidade de eliminar o ruído ou como medida complementar; Medidas médicas – exames audiométricos periódicos, afastamento do local de trabalho, revezamento; Medidas educacionais – orientação para o uso correto do EPI, campanha de conscientização; Medidas administrativas – tornar obrigatório o uso do EPI (controlar seu uso). Vibrações Na indústria, é comum o uso de máquinas e equipamentos que produzem vibrações que podem ser nocivas ao trabalhador. As vibrações podem ser: Localizadas (em certas partes do corpo) – são provocadas por ferramentas manuais, elétricas e pneumáticas; Consequências – alterações neurovasculares nas mãos, problemas nas articulações das mãos e braços; osteoporose (perda de substância óssea); Generalizadas (ou do corpo inteiro) – as lesões ocorrem com os operadores de grandes máquinas, como os motoristas de caminhões, ônibus e tratores; Consequências – lesões na coluna vertebral; dores lombares. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 32 Radiações São formas de energia que se transmitem por ondas eletromagnéticas. A absorção das radiações pelo organismo é responsável pelo aparecimento de diversas lesões. Podem ser classificadas em dois grupos: Radiações ionizantes – os operadores de raios-X e radioterapia estão frequentemente expostos a esse tipo de radiação, que pode afetar o organismo ou se manifestar nos descendentes das pessoas expostas; Radiações não ionizantes – são radiações não ionizantes a radiação infravermelha, proveniente de operação em fornos, ou de solda oxiacetilênica, radiação ultravioleta, como a gerada por operações em solda elétrica, ou ainda raios laser, micro-ondas etc. Seus efeitos são perturbações visuais (conjuntivites, cataratas), queimaduras, lesões na pele etc. Para que haja o controle da ação das radiações para o trabalhador, é preciso que se tome: - Medidas de proteção coletiva – isolamento da fonte de radiação (ex.: biombo protetor para operação em solda), enclausuramento da fonte de radiação (ex.: pisos e paredes revestidas de chumbo em salas de raios x); - Medidas de proteção individual – fornecimento de EPI adequado ao risco (ex.: avental, luva, perneira e mangote de raspa para soldador, óculos para operadores de forno); - Medida administrativa – exemplo: dosímetro de bolso para técnicos de raios x; - Medida médica – exames periódicos. Os testes nucleares e os acidentes nas usinas são uma fonte extra de radiação lançada no ambiente. Há também o problema do armazenamento dos resíduos radioativos produzidos nas usinas nucleares. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 33 A radiação provoca a formação no organismo de grande quantidade de radicais livres, moléculas instáveis que podem combinar-se com partes da célula e prejudicar suas funções: podem romper a célula, quebrar seus cromossomos e originar as mutações. Algumas mutações podem provocar câncer ou, se ocorrerem nas células reprodutoras, provocar mudanças que serão transmitidas às gerações seguintes. Calor Existem equipamentos que podem gerar calor ou chama, como, por exemplo, estufas, banhos de água, bico de Bunsen, lâmpadas infravermelha, manta aquecedora, agitadores magnéticos com aquecimento, chapas aquecedoras, termociclador, incubadora elétrica, forno de micro-ondas, esterilizadores de alças ou agulhas de platina, autoclave; portanto, sua instalação deve ser feita em local ventilado, longe de materiais inflamáveis, voláteis, termossensíveis. Ao operar equipamentos geradores de calor, o operador deve se proteger com luvas adequadas (resistentes ou revestidas com material isolante) e avental. O manuseio de destiladores com substâncias voláteis ou perigosas deve ser feito dentro da capela de segurança química e exaustão – e deve-se utilizar máscaras com filtros adequados para substâncias voláteis. Muitos trabalhadores passam parte de sua jornada diária diante de fontes de calor. As pessoas que trabalham em fundições, siderúrgicas e padarias - para citar apenas algumas indústrias - frequentemente enfrentam condições adversas de calor que representam certos perigos para a sua segurança e saúde. A EXPOSIÇÃO AO CALOR PRODUZ REAÇÕES NO ORGANISMO: Os fatores ambientais que afetam a saúde do trabalhador quando exposto ao calor excessivo em sua área de trabalho são: temperatura, umidade, calor radiante (como o que provém do sol ou de um forno) e a velocidade do ar. As características pessoais são talvez o fator que mais pesa durante a exposição ao calor. Podemos considerar as PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 34 seguintes: a idade, o peso, o estado físico, as condições orgânicas e a aclimatação ao calor. O corpo reage às altas temperaturas externas aumentando a circulação sanguínea na pele, fazendo subir a temperatura nessa área. O corpo, então, perde o excesso de calor através da pele. Sem dúvida, na medida em que os músculos estão sendo exigidos pelo trabalho físico, parte do sangue flui para a pele para liberar o calor. A transpiração é outro meio que o organismo utiliza para manter a temperatura corporal interna estável em condições de calor. O suor, no entanto, não pode ser excessivo. Apenas na medida em que sua evaporação possa ocorrer e as quantidades de líquido e sais perdidos possam ser repostas adequadamente. Há, entretanto, várias maneiras que um trabalhador pode adotar para atenuar os riscos provenientes de sua exposição ao calor, como, por exemplo, circular de vez em quando por local mais fresco, reduzir seu ritmo ou sua carga de trabalho, afrouxar parte de suas roupas ou até mesmo se livrar das roupas mais espessas. Porém, quando o corpo não consegue eliminar o excesso de calor,ele fica “armazenado”. Nessas circunstâncias, a temperatura do corpo aumenta. Na medida em que o corpo retém o calor, a pessoa começa a perder a sua capacidade de concentração e, como consequência, torna-se vulnerável ao acidente. Irrita-se com facilidade e frequentemente perde o desejo de ingerir líquidos. Geralmente seguem- se os desmaios e posteriormente a morte se a pessoa não for retirada a tempo das proximidades da fonte de calor. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 35 Calor: prevenção A maioria dos problemas de saúde relacionados com o calor pode ser prevenida ou seus riscos podem ser reduzidos. As seguintes precauções diminuem bastante os riscos gerados pelo calor: 1) A instalação de mecanismos técnicos de controle, entre os quais um plano de ventilação do ambiente como um todo, e medidas que promovam o resfriamento localizado sobre as fontes de calor, incluindo sistemas de exaustão. A instalação de painéis de isolamento das fontes do calor radiante é uma medida bastante positiva. O resfriamento por evaporação e a refrigeração mecânica são outras maneiras possíveis de redução do calor. Ventiladores são dispositivos que também concorrem para reduzir o calor em ambientes quentes. A adoção de roupas de proteção para o trabalhador, a modificação, bem como a automação dos equipamentos, visando à redução do trabalho manual, são outras formas de reduzir o calor; 2) Certas práticas de trabalho, como, por exemplo, a ingestão de água em abundância – até um quarto de litro por hora por trabalhador – em seu ambiente de trabalho, podem concorrer para reduzir os riscos causados pelo calor. É fundamental que os trabalhadores recebam treinamento em procedimentos de primeiros socorros para que aprendam a reconhecer e enfrentar os primeiros sinais orgânicos de reação ao calor. Os empregadores devem considerar também a condição física de cada trabalhador cuja atividade será desenvolvida em área de calor. Os trabalhadores de mais idade, os obesos e os que passam por período de tratamento com ingestão de medicamentos correm mais riscos; 3) Os períodos de trabalho e descanso podem ser alternados com períodos de descanso mais prolongados e em ambientes bem ventilados. Na medida do possível, deve-se planejar para que os trabalhos mais pesados sejam desenvolvidos nas horas mais frescas do dia. Os supervisores devem receber treinamento para detectar com antecedência qualquer indisposição e permitir que o trabalhador interrompa sua tarefa antes do agravamento de sua situação; 4) A aclimatação ao calor por meio de curtos períodos de exposição para, em seguida, o trabalhador ser submetido a exposições por períodos mais longos. Os empregados PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 36 recém-admitidos e os que retornarem após período de férias devem passar por período de adaptação de cinco dias; 5) Os trabalhadores devem estar suficientemente instruídos quanto à necessidade da ingestão de líquidos e sais perdidos durante a transpiração. Devem conhecer os sintomas da desidratação, esgotamento, desmaio, câimbras e insolação. Devem ainda ser conscientizados da importância do controle diário de seu peso como forma de detectar a hidratação. Pressões anormais Há uma série de atividades em que os trabalhadores ficam sujeitos a pressões ambientais acima ou abaixo das pressões normais, isto é, da pressão atmosférica a que normalmente estamos expostos. Baixas pressões: são as que se situam abaixo da pressão atmosférica normal e ocorrem com trabalhadores que realizam tarefas em grandes altitudes. No Brasil, são raros os trabalhadores expostos a esse risco. Altas pressões: são as que se situam acima da pressão atmosférica normal. Ocorrem em trabalhos realizados em tubulações de ar comprimido, máquinas de perfuração, caixões pneumáticos e trabalhos executados por mergulhadores. Ex.: caixões pneumáticos, compartimentos estanques instalados nos fundos dos mares, rios e represas, onde é injetado ar comprimido que expulsa a água do interior do caixão, possibilitando o trabalho. São usados na construção de pontes e barragens. A exposição a pressões anormais pode causar a ruptura do tímpano quando o aumento de pressão for brusco, e a liberação de nitrogênio nos tecidos e vasos sanguíneos pode levar à morte. Por ser uma atividade de alto risco, exige legislação específica (NR-15) a ser obedecida. Da popa do navio, veem-se duas grandes esferas. Cada qual com sua função, porém elas trabalham em conjunto. O objetivo é excursionar pelo fundo do mar e levar uma pequena parte dos tripulantes do navio de socorro submarino a até, 300 metros de profundidade. As enormes esferas de metal (chamadas de sino atmosférico de resgate) são um tipo de casulo usado para resgatar tripulações de submarinos naufragados e também para realizar atividades de mergulho de interesse da Marinha. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 37 Umidade As atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcados, com umidades excessivas, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, são situações insalubres e devem ter a atenção dos prevencionistas por meio de verificações realizadas nesses locais para estudar a implantação de medida de controle. A exposição do trabalhador à umidade pode acarretar doenças do aparelho respiratório, quedas, doenças de pele, doenças circulatórias, entre outras. Para o controle da exposição do trabalhador à umidade, podem ser tomadas medidas de proteção coletiva (como o estudo de modificações no processo do trabalho, colocação de estrados de madeira, ralos para escoamento) e medidas de proteção individual (como o fornecimento do EPI – luvas de borracha, botas, avental para trabalhadores em galvanoplastia, cozinha, limpeza etc.). O trabalho insalubre é aquele executado em certas condições que o tornam prejudicial à saúde humana. As condições consideradas insalubres estão expressamente previstas na NR (Norma Regulamentadora) 15, da Portaria nº 3.214/78, do Ministério do Trabalho. Entre outras hipóteses, há, por exemplo, a exposição a determinados agentes químicos (como o arsênico), agentes biológicos ou ainda o contato com esgotos, além da exposição a ruídos, calor, frio ou umidade acima de certo nível de tolerância definido na norma. RISCOS QUÍMICOS/GASOSOS Exposição a contaminantes químicos Os agentes químicos são substâncias que, sendo manejadas pelo trabalhador ou geradas ao longo do processo de produção, podem ser absorvidas pelo organismo e prejudicar seriamente a saúde. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 38 Os produtos químicos são designados por ”perigosos” quando apresentam riscos para o homem ou o ambiente devido às suas características físico-químicas, toxicológicas e ecotoxicológicas. Nos produtos químicos, distinguem-se duas formas de apresentação: • Substâncias; • Preparações. Exposição a contaminantes químicos Substâncias As substâncias químicas existentes nos locais de trabalho podem penetrar no nosso corpo de diversas formas: • Pela aspiração; • Pelo contato com a pele; • Pela deglutição. As substâncias químicas são, por isso, elementos químicos, bem como os seus compostos no estado natural, ou produzidos pela indústria, contendo qualquer aditivo necessário à preservação da estabilidade do produto e qualquer impureza decorrente do processo, com exclusão de qualquer solvente que possa ser extraído sem afetar a estabilidade da substância nem alterar a sua composição. Exemplos: Acetona, álcool etílico, tricloroetileno, óxido de chumbo etc. Preparações As misturas ou soluções compostas por duas ou mais substâncias. Exemplos: Tintas, vernizes, cola, diluentes, desengordurantes etc. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EMMÁQS.,EQUIP. E INS. 39 Os ambientes de trabalho contaminados com poeiras representam diversos riscos de doenças ocupacionais para os trabalhadores expostos. A avaliação desses ambientes representa um dos principais métodos preventivos que permite conhecer: - As diversas situações e formas de exposição; - A gravidade da situação. As misturas ou soluções compostas por duas ou mais substâncias. Exemplos: Tintas, vernizes, cola, diluentes, desengordurantes etc. Os ambientes de trabalho contaminados As poeiras representam diversos riscos de doenças ocupacionais para os trabalhadores expostos. A avaliação desses ambientes representa um dos principais métodos preventivos que permitem conhecer as diversas situações e formas de exposição. A gravidade da situação Com base nessas informações quantitativas, é possível adotar medidas de controle e verificar posteriormente a sua eficiência. As características físico-químicas dos contaminantes na forma de partículas sólidas determinam o seu comportamento de dispersão e o seu grau de agressividade e profundidade de penetração no sistema respiratório dos trabalhadores expostos. Os contaminantes químicos apresentam-se no ar sob as seguintes formas: 1. Sólidos (poeiras, fibras e fumos); 2. Líquidos (nevoeiros ou aerossóis); 3. Gasosos (gases e vapores). - Poeira: são partículas sólidas produzidas por rompimento mecânico de sólidos através de processos de moagem, atrito, impacto, entre outros, ou por dispersão PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 40 secundária, como arraste ou agitação de partículas decantadas. Ex.: poeira de sílica, carvão, talco, farinha etc.; - Fibras: partículas aciculares de natureza mineral ou química provenientes da desagregação mecânica e cuja relação comprimento/largura é superior a 5:1; - Fumos: são partículas sólidas produzidas por condensação ou oxidação de vapores de substâncias sólidas em condições normais. Ex.: fumos de metais, soldas, de chumbo etc. Os contaminantes químicos apresentam-se no ar sob as seguintes formas: Névoas: são partículas líquidas produzidas por ruptura mecânica de líquidos. Ex.: névoas de água, de ácido sulfúrico, alcalinas, de pintura; - Neblinas: são partículas líquidas produzidas por condensação de vapores de substâncias que são líquidas a temperatura normal; - Aerossóis: mistura de partículas esféricas líquidas, cuja dimensão não é visível, provenientes da dispersão mecânica de líquidos. É necessário, portanto, entender estes conceitos fundamentais antes de estudar os métodos de avaliação. Medidas preventivas Em todo o processo de controle do risco, devem ser aplicados os seguintes princípios: • Eliminar/reduzir o risco; • Circunscrever o risco; • Afastar o homem da fonte; • Proteger o homem. Nas duas primeiras situações, é necessário tomar medidas construtivas ou de engenharia, atuando diretamente sobre os processos produtivos, nos equipamentos e instalações (arejamento). As duas últimas situações consistem na atuação sobre o homem, afastando-o da máquina ou, quando isso não é possível, protegendo-o. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 41 Sempre que possível, os produtos mais tóxicos devem ser substituídos por produtos menos tóxicos. A instalação de sistemas de controle do ambiente de trabalho pode ser facultada através de: • Arejamento dos locais de trabalho através de uma ventilação geral; • Exaustão localizada e de um sistema de ventilação adequado; • Isolamento total ou parcial dos processos perigosos; • Formação do trabalhador (o trabalhador deve ser devidamente informado sobre os riscos inerentes ao seu posto de trabalho e o modo de controlar esses riscos); • Utilização de equipamentos de proteção individual; • Rotação de trabalhadores; • Rastreio para detecção periódica de situações de alteração da saúde dos trabalhadores. Deve ter-se sempre em conta que as poeiras que surgirem em ambientes de trabalho: • Reduzem a visibilidade por absorção da luz; • Deterioram as máquinas com redução do seu rendimento e duração; • Prejudicam o bem-estar geral e diminuem o rendimento de trabalho. Por esses motivos, devem-se tomar medidas de modo a eliminar as poeiras logo nos locais da sua formação. Caso não se tomem essas medidas, devido ao minúsculo tamanho das partículas, na ordem do mícron, e por ação das correntes de ar existentes, elas não sedimentam. Devem ser também tomadas medidas de limpeza frequentes sobre as partículas depositadas em máquinas e pavimentos devido ao fato de poderem entrar em suspensão com muita facilidade pela sua diminuta dimensão. Deve ser organizado um serviço de limpeza, à semelhança dos outros serviços, destinando-se pessoal e os meios de ação adequados (aspiradores, limpeza a úmido etc.), com horário determinado e, se possível, fora das horas normais de funcionamento produtivo. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 42 Contaminantes gasosos O ar é constituído por azoto (cerca de 78%), oxigênio (cerca de 21%), dióxido de carbono (0,03%), hidrogênio (0,01%), vestígios de gases raros, com a exceção de árgon, e vapor de água em quantidade variável. Considera-se que um ar está poluído quando contém substâncias estranhas à sua composição normal ou quando, sendo normal no aspecto qualitativo, estão alteradas as proporções dos diferentes componentes. No grupo dos contaminantes químicos gasosos, distinguem-se dois tipos de compostos: os gases e os vapores. Gases São substâncias que só podem mudar de estado com uma ação conjunta de aumento de pressão e descida de temperatura. Vapores É a fase gasosa de uma substância susceptível de existir no estado sólido a temperatura e pressões normais (pressão = 760 mm Hg ou 1013 mbar; temperatura = 25ºC). Nova tecnologia com emprego de variação do tempo de abertura das válvulas permite uma ampla gama no controle do fluxo de gases para a câmara de combustão. A intenção é justamente “injetar” um gás inerte à combustão para que ocupe parte do espaço do ar ambiente a fim de reduzir a temperatura de combustão, sobretudo em seu pico. Com isso, diminui-se a formação de óxidos de nitrogênio (NOx), gases poluentes formados em grandes temperaturas e pressões. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 43 Nocividade dos contaminantes gasosos A nocividade dos contaminantes gasosos depende das características da substância, do trabalho efetuado e das características individuais do trabalhador. A evaporação permite que uma substância se transforme em parte do ar que respiramos. Ela pode, assim, dirigir-se através do sangue a todos os órgãos internos, como, por exemplo, o cérebro e o fígado. Alguns contaminantes gasosos, como os dissolventes, podem, também, ser absorvidos pelo corpo através da pele ou pelas membranas mucosas. No entanto, a maior parte penetra através da inspiração. Os dissolventes, ao atingirem o cérebro através dos pulmões ou da pele, são atraídos pela grande quantidade de gordura existente nas células do cérebro. Efeitos da exposição prolongada a esses poluentes: • Vertigens; • Dores de cabeça; • Cansaço e redução da capacidade de compreensão e de reação. Os efeitos dos contaminantes gasosos no ser humano dependem: • Da solubilidade da substância no sangue; PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 44 • Das características toxicológicas da substância; • Da concentração de substância no ar inalado; • Da frequência e tempo de exposição; • Da quantidade de ar inalado (depende do esforço físico); • Da sensibilidade individual – essa característica do organismo faz variar, para igual exposição, a extensão dos efeitos. Controle das situações de risco - prevenção Depois de feita a avaliaçãode riscos existentes nos locais de trabalho, têm de ser desenvolvidos programas de prevenção para o seu controle e correção, incrementando atuações de variada ordem, nomeadamente legal, médica, psicotécnica, organizativa e técnica. Nas situações de risco, a sequência das intervenções deve ser a seguinte: 1. Na fonte emissora; 2. Sobre ambiente geral (arejamento); 3. Por fim, sobre o próprio indivíduo. Quando, mesmo com o processo controlado, o risco de exposição estiver presente, devem ser tomadas medidas no sentido de proteger o trabalhador, afastando-o da fonte de risco ou reduzindo o tempo de exposição. Alguns gases e vapores, entre os quais a maioria dos solventes industriais orgânicos, apresentam propriedades explosivas e inflamáveis, e, por isso, colocam também riscos no âmbito da segurança. A ABNT NBR IEC 60079 especifica os requisitos gerais para construção, ensaios e marcação de equipamentos elétricos e componentes. Exemplo: explosivos destinados a utilização em atmosferas explosivas. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 45 A edição da NFPA 497 é uma prática recomendada para a classificação dos líquidos inflamáveis, gases ou vapores em locais perigosos (classificados) para instalações elétricas em áreas de processos químicos, tendo sido preparada pelo comitê técnico de equipamentos elétricos em atmosferas químicas. Devem ser tomadas medidas de caráter organizacional, como, por exemplo, a rotação dos trabalhadores nos postos de trabalho de maior risco. Somente em último recurso, e quando todas as outras intervenções não resultarem, ou quando a exposição se limitar a tarefas de curta permanência (por exemplo, casos de manutenção e de limpeza), se recorre a medidas de prevenção de caráter individual, nomeadamente a utilização de equipamento de proteção individual (EPI). De um modo geral, as medidas corretoras de uma situação de risco de exposição a fatores ambientais podem ser classificadas em: • Medidas técnicas de prevenção para reduzir ou eliminar situações de risco nos locais de trabalho por alteração do ambiente de trabalho ou dos processos; • Medidas que poderão ser tomadas para diminuir o risco potencial de um local de trabalho sem ele ser alterado. SISTEMA DE VENTILAÇÃO INDUSTRIAL Considerações gerais PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 46 A ventilação consiste na substituição do ar de um ambiente interior por ar do exterior com a finalidade de reduzir as concentrações dos contaminantes ou para elevar ou baixar a temperatura ambiente. Quando se pensa num sistema de ventilação industrial, ele deve corresponder às exigências de higiene do local (limpeza do ar), ser compatível com o ciclo produtivo e aceite pelas pessoas que permanecem no local. Ventilação local A ventilação local ou ventilação por aspiração localizada permite captar os contaminantes o mais perto possível da sua fonte emissora e antes do trabalhador. Esse processo precisa movimentar quantidades de ar muito menores que a ventilação geral – e, por isso, os custos de investimento e de manutenção são menores. Na ventilação local, é feita a captação do contaminante na fonte: a sua condução segue em tubagem até a um coletor que o retém e redireciona. Um sistema de ventilação por exaustão deve ter o dispositivo de captação o mais perto possível da emissão do contaminante e de forma envolvente da fonte, sendo concebido para que o trabalhador não esteja colocado entre a captação e a fonte. A deslocação do ar aspirado deve estar no sentido contrário às vias respiratórias do trabalhador de forma a permitir que o sistema de aspiração corresponda ao movimento PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 47 natural dos contaminantes. Em poluentes mais densos que o ar, a sua movimentação é no sentido descendente; por isso, a aspiração deve ser a nível inferior. Deve também permitir que a velocidade de captação corresponda ao caudal de emissão do contaminante e às suas características físicas, e que o ar aspirado seja compensado com entrada de ar exterior. É aconselhável que o ar que tenha entrado tenha um caudal 10% superior ao caudal de aspiração. Esse sistema deve ser concebido de forma que as saídas do ar poluído não estejam colocadas perto das entradas do ar novo. RISCOS BIOLÓGICOS Definição e reconhecimento dos riscos biológicos O reconhecimento dos riscos biológicos ambientais é uma etapa fundamental do processo que servirá de base para decisões quanto às ações de prevenção, eliminação ou controle desses riscos. Reconhecer o risco significa identificar, no ambiente de trabalho, fatores ou situações com potencial de dano à saúde do trabalhador – ou, em outras palavras, se existe a possibilidade desse dano. As classes dos riscos biológicos são: patogenicidade para o homem; virulência; modos de transmissão; disponibilidade de medidas profiláticas eficazes; disponibilidade de tratamento eficaz; endemicidade. Historicamente, os profissionais de saúde não eram considerados de alto risco para acidentes de trabalho. Até a década de 60, a atenção estava voltada aos profissionais de laboratório de análises clínicas (hepatite B e tuberculose, 7 e 5 vezes mais frequentes que na população em geral). A partir dos anos 80 (AIDS), a atenção foi voltada para os profissionais envolvidos na assistência ao paciente. Os principais riscos biológicos envolvem os patógenos de transmissão sanguínea, como os vírus das hepatites B e C e o HIV. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 48 Mais de 30 outros agentes infecciosos podem estar envolvidos em acidentes biológicos nos estabelecimentos de saúde. Principais agentes: bactérias, vírus, rickéttzias, protozoários, metazoários presentes em aerossóis, poeiras, alimentos, instrumentos de laboratório, água, culturas, amostras biológicas. Dezoito por cento dos trabalhadores são contaminados com material infectocontagioso nas atividades relacionadas ao trabalho: 25% por inoculação percutânea; 27% por aerossóis e derramamentos; 16% por vidrarias e perfurocortantes; 13% por aspiração por instrumentos; 13,5% por acidentes com animais e contato com ectoparasitas. As principais fontes de contaminação no local de trabalho podem estar relacionadas à inalação de aerossóis. Todos os procedimentos microbiológicos são potencialmente formadores de aerossóis. Riscos biológicos em serviços de saúde: presença microbiana • Alta adaptação à biosfera; • Alguns se multiplicam em água destilada; • Um único micróbio em solução simples chega a um milhão em 18 horas; • Um micróbio pode se dividir em 10 minutos; • Presença na forma de células, esporos, toxinas e fragmentos moleculares; • Relação entre vias de contaminação e doenças; • Via aérea: tuberculose, varicela, rubéola, sarampo, influenza, viroses respiratórias, doença meningocócica; • Exposição ao sangue e fluidos orgânicos: HIV, hepatites B e C, raiva; • Transmissão fecal-oral: hepatite A, poliomielite, gastroenterite, cólera; • Contato com o paciente: escabiose, pediculose, colonização por estafilococos. Em 2002, foi criada no Brasil a Comissão de Biossegurança em Saúde – CBS (Portaria nº 343/2002 do Ministério da Saúde). Entre as atribuições da comissão, inclui-se a competência de elaborar, adaptar e revisar periodicamente a classificação, considerando as características e peculiaridades do país. PREVENÇÃO E CONTR. DE RISCOS EM MÁQS.,EQUIP. E INS. 49 Considerando que essa classificação baseia-se principalmente no risco de infecção, a avaliação de risco para o trabalhador deve considerar ainda os possíveis efeitos alergênicos, tóxicos ou carcinogênicos dos agentes biológicos. A classificação publicada no Anexo II da NR-32 indica alguns destes efeitos. PRINCÍPIO DAS MÁQUINAS
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