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7538058-Como-Escrever-Uma-Tese-Sonia-Vieira-Corrigida

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Prévia do material em texto

Atenção – o texto não compreende a 5 ed.
AGRADECIMENTOS
É obrigação do autor agradecer às pessoas que o ajudaram em seu trabalho. No 
caso deste livro, agradecer não é apenas uma obrigação, mas também um prazer. Pois 
foi um prazer discutir este texto com os alunos dos cursos de pós-graduação da FOP-
UNICAMP. Interrompendo minha exposição repetidas vezes, eles comentaram, 
argüiram, criticaram, aplaudiram e repudiaram posições - sempre com muita vontade de 
ajudar. Mas é também com prazer que registro meus agradecimentos a José Merzel, 
Hélio Frota Vieira, Ivany Aparecida Lombardo, Maria Ignez Guerra Molina, Thomas 
Joseph Burke e Francisco Gomes de Mattos - professores que leram meus manuscritos, 
para dar as impressões de quem trabalha do lado de lá. Deles ouvi, em conversas 
compridas, a crítica justa e perspicaz que só pode ser feita por quem entende do riscado. 
A lista de agradecimentos não ficaria, porém, completa se eu não agradecesse, com 
satisfação, a ilustração do livro, feita com muita criatividade por Márcio Vieira 
Hoffmann, e os serviços de processamento de texto, feitos com a competência de 
sempre por Ives Antonio Corazza. As pessoas que concluem o curso de terceiro grau ou 
"curso superior" recebem um diploma que lhes confere o direito de exercer a profissão 
que escolheram. Algum tempo atrás o formando recebia, além do diploma, um "anel de 
formatura" com a pedra específica de sua profissão, e passava a ser chamado de 
"doutor". Hoje, recebem o tratamento precípuo de "doutor" apenas os médicos e - 
menos comumente - advogados e engenheiros. Já as carreiras mais modernas, como 
Computação e Estatística, não merecem do público tal distinção. Também não são 
chamados de "doutor" os profissionais de carreiras antigas como Farmácia, 
Enfermagem e Pedagogia. Mas quem deve ser considerado doutor, hoje, no Brasil? Na 
universidade, é doutor quem defendeu tese de doutorado. E o título de doutor vale para 
qualquer carreira acadêmica: Medicina, Estatística, Direito ou Psicologia. Em outros 
países, no entanto, e nos Estados Unidos, em particular, distinguem-se os doutores de 
áreas como Biologia, Arqueologia, Economia e Matemática, que recebem o título de 
PhD (Philosophiae Doctor ou Doctor of Philosophy) dos doutores da área médica que 
recebem o título de MD (Medicinae Doctor ou Doctor of Medicine). Mas o que 
significa "defender" uma tese? Tendo terminado o curso de graduação, o formando ou 
mesmo o profissional mais antigo - pode candidatar-se a um curso de pós-graduação. 
Não existem vestibulares. Os cursos mais procurados têm, no entanto, um sistema 
próprio para a seleção de alunos'. São candidatos naturais os professores universitários e 
os pesquisadores em início de carreira, além de estudiosos, em geral. Mas podem 
candidatar-se aos cursos de pós-graduação todos aqueles que pretendem aperfeiçoar-se 
em ramos específicos do conhecimento. Na escolha do curso, o candidato precisa levar 
em conta a própria formação. Por exemplo, só fazem pós-graduação em Ortodontia os 
dentistas, e em Fitopatologia os engenheiros-agrônomos ou profissionais de áreas muito 
afins. Certos "cruzamentos" são, no entanto, interessantes: um médico pode fazer pós-
graduação em Bioquímica; um engenheiro-agrônomo, em Economia; um administrador 
de empresas, em Estatística. E esses profissionais "cruzados" são extremamente úteis, 
porque têm visão de duas carreiras. De qualquer forma, convém saber que existem 
cursos de pós-graduação em dois níveis, isto é, ao nível de mestrado e ao nível de 
doutorado. Os cursos de mestrado dão título de mestre. Em geral, exigem que os alunos 
cursem algumas disciplinas e defendam uma dissertação. Já os cursos de doutorado que 
são em menor número, dão o título de doutor. Em geral exigem que os alunos sejam 
portadores do título de mestre, cursem algumas disciplinas e defendam uma tese.l.l - O 
que é uma tese? Tese é o trabalho apresentado à universidade pelo candidato ao título de 
doutor, para a obtenção do título. O trabalho é..... Já existem até exames de seleção. Na 
área de Economia a seleção dos alunos é feita através de exame nacional, a cargo da 
ANPEC - Associação Nacional de pós-graduação em Economia. Mas na maioria dos 
cursos a seleção dos alunos ainda é feita dentro do próprio departamento em que o curso 
é ministrado. Os critérios de seleção variam, mas em geral se baseiam em notas de 
provas e entrevistas, além de cartas de recomendação. AS QUESTÕES BÁSICAS 
3feito sob a orientação de um pesquisador experiente, denominado orientador. A tese é 
escrita de maneira convencional e
impressa em formato padrão. Depois, é submetida à apreciação
de uma comissão julgadora e defendida publicamente.
Durante a defesa de tese, cada componente da comissão
julgadora faz objeções ao trabalho do candidato, que então se
defende, contra-argumentando. Depois, a comissão avalia a atuação do 
candidato e dá o veredicto: a tese está ou não aprovada.
Nas universidades brasileiras, convencionou-se usar o ter-
mo tese para designar apenas trabalhos de doutorado. Os trabalhos feitos 
com a finalidade de obter o título de mestre - embora sigam o mesmo 
padrão das teses recebem o nome de dissertação. Mas nem toda tese é 
melhor do que qualquer dissertação. Existem teses ruins, que parecem ter 
sido escritas para irritar quem as lê, e existem dissertações excelentes, 
que demonstram trabalho meticuloso e inteligente.
1.2 - Em quanto tempo se escreve uma tese : Não se escreve uma tese em 
menos de seis meses. Tampouco é preciso mais de dois anos, para 
escrever uma tese. Se você está trabalhando há mais de dois anos e ainda 
não conseguiu escrever sua tese, faça uma avaliação honesta da situação. 
O calcanhar de Aquiles será identificado se for dada resposta negativa a 
uma das seguintes questões:
a) você sabe fixar limites razoáveis para seu próprio trabalho?
b) você tem boa redação?
c) você tem gosto e aptidão para o trabalho acadêmico?
2. O orientador precisa ser credenciado pela coordenadoria do curso. 
Para isso, precisa ser doutor e já ter publicado alguns trabalhos. Na 
maioria dos cursos, apenas os professores são credenciados. Não se 
credenciam profissionais de outros departamentos ou instituições porque 
o serviço de orientação não é pago. Então, orientar é trabalho dos 
próprios professores do curso. Por outro lado, você só conseguirá 
defender uma tese de bom nível em período curto se tiver:
a) acesso a uma boa biblioteca
b) domínio do idioma em que estão publicados os principais trabalhos 
sobre o tema
c) redação fácil
d) conhecimentos básicos sobre metodologia de pesquisa
e) boa vontade do orientador
f) pessoal auxiliar (datilógrafos, desenhistas, encadernadores).
1.3 - Como se escolhe o tema da tese? Quem escreve uma tese é, quase 
sempre, jovem - por voltados 30 anos - e tem alguma ambição 
acadêmica. Por conta dessas características, às vezes são propostos temas 
muito difíceis. Por exemplo, um estudante poderia pensar em escrever 
uma tese intitulada "A Economia brasileira hoje". O tema seria excelente 
para um livro, mas é ambicioso demais para uma tese. Então, seja 
razoável: escolha um tema delimitado e específico ou - que é o mesmo - 
siga este conselho, escrito em um livrinho destinado aos pesquisadores 
das áreas de ciências e relatado por Umberto Ecco: O tema "Geologia" é 
muito amplo. "Vulcanologia", que é um ramo da Geologia, ainda é por 
demais extenso. "vulcões do México" seria melhor, mas o trabalho 
resultaria superficial. Já "A história de Popocatepell" - o vulcão que 
provavelmente foi escalado por um dos homens de Cortez em 1519 e 
teve erupção violenta em 1702 - daria-tese de maior valor. No entanto, 
melhor seria um tema limitado a um período mais curto, como por 
exemplo, "O nascimento e a morte aparentede Parucutin", pois Parucutin 
é um vulcão que só durou de 1943 a 1952
3.Também é importante que o tema da tese esteja enquadrado na linha de 
pesquisa do orientador. Se seu orientador trabalha em genética de milho, 
não insista em estudar genética de abelhas. Você pode até achar que o 
tema é, basicamente,o mesmo. No entanto, você não teria as mesmas 
facilidades de financiamento, bibliografia e laboratório, mesmo que seu 
orientador superasse a si mesmo, ou que você superasse as deficiências 
dele. Para não arriscar o certo pelo duvidoso, escolha um tema de tese no 
âmbito de conhecimentos do seu orientador
4.Depois de escolher o tema, verifique se, pelo menos em linhas gerais, 
suas posições coincidem com as do seu orientador. Profissionais de áreas 
distintas tratam o mesmo tema sob aspectos distintos, mas profissionais 
da mesma área podem tratar o mesmo tema sob pontos de vista 
totalmente divergentes. Por exemplo, o tema "O menino de rua" seria 
visto sob aspectos diferentes por psicólogos, médicos e advogados, mas 
poderia ser tratado sob perspectivas ideológicas diferentes por dois 
sociólogos da mesma instituição
5. Então, escolhido o tema da tese se você achar que seu orientador tem 
opiniões opostas às suas, talvez seja melhor mudar de orientador
.3. Diz Umberto Ecco que aconselharia o último tema desde - é claro - 
que o aluno escrevesse tudo que se sabe sobre o "maldito vulcão". In: 
ECCO, V. Como se faz uma tese. São Paulo, Perspectiva, 1983. 4. O 
processo de designar o aluno para o orientador, ou o orientador para o 
aluno,varia de instituição para instituição, mas em geral o aluno não 
escolhe - é escolhido, por critérios dos mais diversos: ao acaso, por 
recomendação ou por simpatia pessoal. Só algumas vezes leva-se em 
consideração, nesse processo, o tema que o aluno gostaria de 
desenvolver. 5. Em áreas técnicas também ocorrem discordâncias. Por 
exemplo, na área de Odontologia um orientador pode sugerir um projeto 
cientificamente correto, porém não-ético do ponto de vista do aluno. Mas 
o aluno só deve fazer o que pode e quer defender. 6. Embora o aluno 
possa pedir mudança de orientador, convém avaliar a atitude com 
cuidado. Em alguns departamentos acirram-se disputas internas, que 
podem prejudicar o aluno. E, para terminar, um conselho que vale o 
preço deste livrinho: se você quer escrever uma tese, escolha um tema 
limitado,um orientador razoavelmente competente e medianamente 
equilibrado, e trabalhe com afinco, mas sem muita pretensão. Afinal, 
você vai apenas escrever uma tese - não vai abalara ciência, nem salvar o 
mundo. 
1.4 - De que partes se compõe uma tese? A estrutura de uma tese é 
sempre a mesma - não importa se a tese é na área de Odontologia, 
Agronomia, Química, Arqueologia,Psicologia ou Medicina. 
Recomendam-se as seguintes partes:
a) Parte pré-textual ou preliminar Capa Página de guarda Página de rosto 
Dedicatória Agradecimentos Sumário Resumo Summary
b) Parte textual ou Texto Introdução Revisão da literatura Materiais e 
métodos Resultados Discussão Conclusões
d) Parte pós-textual ou Material de referência Referências Apêndice 
Índice Nem todas as subdivisões são, porém, obrigatórias. Por exemplo, 
uma tese pode não ter "Dedicatória" - é opção do autor -ou não ter 
"Summary" (resumo em inglês) por determinação da instituição. 
Também pode não ter "Índice" ou não ter "Apêndice", por não ser 
necessário. Por outro lado, as sub-divisões do texto - que são 
praticamente obrigatórias em ciências experimentais - podem não ser 
indicadas para desenvolver determinados temas em Ciências Exatas e em 
Direito.De qualquer modo, este livro ensina você como escrever uma 
tese. Não é, porém, um manual, nem deve ser seguido à risca: você terá 
sempre que consultar seu orientador. Mas este livro ensina por onde 
começar...
2,OS CAPITULOS USUAIS
Para organizar o conteúdo de cada capítulo da sua tese, convém que você 
veja sua pesquisa como resposta a uma pergunta. depois, tente responder: 
a) qual é a pergunta? b) como você procurou resposta para a pergunta? c) 
quais foram seus achados? d) o que significam esses achados? Você 
responde qual é a pergunta no capítulo "Introdução"; você diz como 
procurou a resposta para a pergunta no capítulo "Materiais e Métodos"; 
você mostra o que achou no capítulo "Resultados" e você discute o que 
significam seus achados no capítulo "Discussão".A penas como exemplo, 
imagine que um pesquisador quer saber se corpos sólidos com pesos 
diferentes caem, em queda livre, com a mesma velocidade. Você tem aí a 
pergunta que,na tese, seria colocada na "Introdução". Suponha agora que, 
para responder à pergunta, o pesquisador fez o seguinte experimento: 
soltou juntos dois corpos sólidos, um com 1 kg e outro com l0 kg, do alto 
da Torre de Piza. Você tem aí "Materiais1 e Métodos". Se as pessoas que 
circulavam ao pé da Torre viram os dois corpos chegarem ao solo 
praticamente ao mesmo tempo estão aí os "Resultados". E o que 
significam esses Resultados"? Bem, eles contradizem as idéias de 
Aristóteles, segundo as quais os corpos têm, em queda livre, velocidade 
proporcional ao próprio peso. Você tem aí a "Discussão". Além dos 
capítulos "Introdução", "Materiais e Métodos" "Resultados" e 
"Discussão", as teses têm, em geral, outros dois capítulos: "Revisão da 
Literatura" e "Conclusões". Alguns orientadores, no entanto, argumentam 
que a "Revisão da Literatura" é parte da "Introdução", porque ninguém 
pode fazer uma pergunta sem explicar o que já se conhece sobre o 
assunto. Outros acham que as "Conclusões são parte da Discussão'' 
porque dela decorrem. Mas existem orientadores que recomendam - além 
dos seis capítulos usuais - um outro, intitulado "Proposição" ou 
"Definição do Problema". Consulte seu orientador, para conhecer a 
opinião dele sobre essa questão. As divergências não param, porém, por 
aqui. Os capítulos "Resultados" e "Discussão" também geram 
controvérsia. Existem aqueles que os querem juntos, e aqueles que os 
quererem separados. O usual é separar o que se achou ("Resultados do 
que significam os achados ("Discussão"). Aqueles que os querem juntos 
dizem que é preciso explicar o significado do que se achou no momento 
em que se apresentam os achados.Também se discute a terminologia: há 
quem prefira "Revisão da Literatura" e "Metodologia" a "Revisão da 
Literatura" "Materiais e Métodos", respectivamente. Por isto tudo, antes 
começar a redigir a sua tese, discuta o assunto com seu orientador. Aliás, 
sua tese poderá ser organizada de maneira totalmente diversa se versar, 
por exemplo, sobre estudo de caso, e7. Todos os corpos caem. no vácuo, 
com a mesma velocidade e o espaço percorrido por um corpo, em queda 
livre, é proporcional ao quadrado do tempo de queda (eg. 2). Essa lei foi 
estabelecida por Galileo Galilei, no século XVII, com base no famoso 
experimento da Torre de Piza - um marco na história da ciência porque 
foi a primeira vez que um cientista fez um experimento prático para 
testar suas idéias. Na época, foi levado a sério. Acreditava-se na teoria de 
Aristóteles. In: RUSSEL, B.A. A perspectiva científica. 4' ed. São Paulo, 
Companhia Editora Nacional, 1977.12 disciplina clínica, ou demonstrar 
um teorema, na Matemática. Mesmo assim, as linhas mestras de 
organização, apresentada aqui - mais uma boa conversa com seu 
orientador - ajudará você a escrever sua tese. Então veja o que você deve 
escreve em cada capítulo.
2.1 – Introdução A "Introdução" deve dar ao leitor a informação 
necessária para entender de que assunto trata a sua tese, sem precisar 
recorrer outras fontes. Para ajudar você a escrever a Introdução aqui 
estão algumas perguntas que, se bemrespondidas, darão forma a esse 
capítulo.a) de que assunto trata a sua tese? b) porque é importante tratar 
esse assunto? c) como você tratou o assunto? d) qual é o seu objetivo? É 
fácil entender por que estas perguntas precisam ser respondidas. 
Primeiro, lembre que a finalidade da "Introdução" é introduzir. Então, 
nada mais lógico do que começar explicando a que assunto trata a sua 
tese. Afinal, ninguém pode se interessar por um assunto - por mais 
interessante que ele seja - se não souber qual é o assunto. Então venda 
seu peixe já de início. Depois, explique a importância do assunto que 
você tratou, seja ela de natureza econômica, social, religiosa, histórica, 
científica ou prática. E busque todos os argumentos que possam 
convencer :O assunto é pouco conhecido? É desconhecido no Brasil? É 
controvertido? Melhora a qualidade de vida? Traz divisas para o País. 
Existem dúvidas sobre aspectos específicos? Enfim, ache as razões que 
levaram você a estudar tanto - e explique essas razões.Também não deixe 
de explicar como você tratou o assunto de sua tese. Não é preciso dar 
todos os pormenores da metodologia que é assunto do capítulo 
"Materiais e Métodos". Mas, pelo menos em linhas gerais, deixe claro o 
modus faciendi do seu. Depois, exponha o objetivo da sua tese, isto é, 
explique a proposição que você pretende defender. Em alguns cursos é 
até obrigatório que o objetivo da tese constitua uma seção à parte, sob o 
título "Proposição". Mas existe controvérsia sobre a forma de redigir o 
objetivo. Você pode escrever, por exemplo: "A finalidade deste trabalho é 
testar a hipótese de que duas aplicações tópicas de flúor, no decorrer do 
ano escolar, diminuem a incidência de cáries em crianças na idade de 
dentição mista".Essa maneira de redigir é bastante comum e talvez seja a 
maneira preconizada pelo seu orientador. Note, porém, que a redação 
sugere trabalho em fase de projeto. Mas, se você já começou a escrever 
sua tese, é porque o trabalho está em fase de execução, não é mesmo? 
Alguns orientadores no entanto argumentam que a "Introdução", por ser 
o primeiro capítulo da tese, deve ser escrita quando ainda se 
desconhecem os "Resultados". Mas ninguém deve começar a escrever 
um trabalho pelo primeiro capítulo, e – mesmo que o fizesse - capítulo de 
tese não é capítulo de novela de televisão, que não pode ser modificado 
depois que foi ao ar...Outros orientadores entendem que o objetivo não 
pode ser redigido como se a tese ainda estivesse em fase de projeto. 
Exigem então o verbo em outro tempo, isto é, no passado. Se for esta a 
opinião do seu orientador, você deve escrever, por exemplo: "O objetivo 
deste trabalho foi verificar se a inflação cresce com o déficit público". 
Mas o leitor não sabe, quando lê esse objetivo, que proposição você 
pretende defender. Afinal, a inflação cresce, ou não cresce, com o déficit 
público? Pois há quem use essa crítica como defesa. Argumenta-se que o 
objetivo deve despertar o interesse do leitor. Trabalho científico não é, 
contudo, novela policial. O interesse da literatura científica não é 
estabelecer um clímax, mas dar ao leitor condições para julgar a 
qualidade da informação, reproduzir o trabalho e verificar se as 
conclusões são convincentes. Nesse sentido, é bom que as cartas estejam 
na mesa. Ou seja, é melhor escrever, por exemplo: "Este trabalho mostra 
que o crédito rural favoreceu a modernização da agricultura, na década 
de 1970". Escrito dessa forma, o objetivo da tese exibe a proposição que 
você, de público, se propõe a defender para virar doutor. Mas não tenha 
dúvida: essa maneira de redigir o objetivo será criticada. Dirão que isso 
não é o objetivo - mas a conclusão da sua tese. A idéia de uma 
proposição inicial igual a uma conclusão final é, porém, antiga e 
corrente. Basta lembrar os teoremas de Matemática que tem uma tese - 
por exemplo: ` A soma dos ângulos internos de um triângulo é 180°"... - 
que deve ser demonstrada. E, quando isso acontece, escreve-se 
alegremente ao final c.q.d. (como queríamos demonstrar) ou, mais 
esnobemente, q.e.d. (quod eramus demonstrandum).Mas seu orientador 
deve ter opinião formada sobre o assunto9. E se ele acha que o objetivo 
de tese deve ser escrito com proposta de trabalho, adote a velha técnica 
de só identifica o assassino no final do último capítulo... 
2.2 - Revisão da literatura Para escrever uma tese, é preciso ler. Então 
leia tudo o quanto puder sobre sua área de trabalho, mas leia também 
sobre assun8. Como bem colocou Robert A. Day que foi, durante 19 
anos, editor da Sociedade Americana de Microbiologia: "Em ciência é 
preciso dizer já de início que o assassino é o mordomo...". In: DAY, R.A. 
How to Write and Publish a Scientific Paper. 2' Ed Filadélfia, Isi Press, 
1983.9. Um aluno não deve atropelar seus princípios apenas para agradar 
- ou mesmo para obedecer seu orientador. Mas os aspectos meramente 
formais da tese devem ser decididos pelo orientador que, em geral, segue 
as regras da instituição ou, na falta delas, suas próprias idiossincrasias (e 
não há como mudá-las).OS Capítulos USUAIS 15tos correlatos e sobre 
assuntos básicos, como estatística e metodologia científica. Não encare a 
leitura como perda de tempo,mas como investimento na sua formação de 
pesquisador. Onde você acha o que ler? Nas bibliotecas e nas livrarias, é 
claro.As pessoas que gostam de estudar vão às bibliotecas e livrarias 
procurar livros e revistas que nem mesmo sabem que existem.Então 
aprenda a "ir à biblioteca" e "visitar as livrarias". Você pode procurar 
determinado livro que lhe foi recomendado, mas pode também só 
pesquisar. No início, seu orientador indicará o que você deve ler -livros, 
revistas, separatas. Afinal, ele é o especialista na área.Então ele fará a 
"pergunta" que deve dar origem à sua tese.Ao especialista na área 
ocorrem perguntas e respostas até mesmo nas horas mais impróprias. 
Basta lembrar a história da descoberta,feita por Arquimedes, de que a 
densidade de um corpo é inversamente proporcional ao volume de água 
por ele deslocado.Segundo se conta, Hieron, Rei de Siracusa, queria uma 
coroa. Entregou então um certo peso de ouro a um ourives,para que lhe 
fizesse uma coroa de igual peso. No prazo estipulado, o rei recebeu a 
coroa, que pesava o combinado. Surgiram,porém, rumores de que o 
ourives havia substituído parte do ouro por prata. O rei então encarregou 
Arquimedes de responderá questão: a coroa do rei é de ouro puro ou é de 
ouro e prata?Arquimedes passou a pensar no problema continuadamente. 
E certo dia, quando foi à casa de banhos e entrou na banheira cheia 
d'água, entendeu que o volume de água que transbordava era 
proporcional ao peso da parte de seu corpo imersa em água.Eufórico por 
ter atinado com a forma de resolver seu problema,pulou da banheira e, 
ainda nu, saiu correndo e gritando "Eureka!Eureka!" (que significa 
"Achei! Achei!"). Conta a história que Arquimedes provou assim que na 
coroa do rei havia muita prata.10. A história da descoberta da "Lei de 
Arquimedes" foi contada pelo arquiteto romano Vitruvius, que viveu no 
começo da era cristã, isto é, cerca de duzentos anos depois do famoso 
sábio. Mas os escritos de Arquimedes a corroboram. In: 
BEVERIDGE,W.J.B. Sementes da descoberta científica. São Paulo, T.A. 
Queiroz Editor-EDUSP, 1981.OS CAPÍTULOS USUAIS Pois você 
também irá gritar "Eureka!" quando encontrara resposta à pergunta feita 
pelo seu orientador. Mas, é preciso trabalhar. Então, a partir do material 
básico que seu orientador lhe forneceu, e de algumas sugestões 
adicionais, comece a revisar a literatura por conta própria. Para isso, 
procure nos artigos que seu orientador recomendou as palavras-chave ou 
uni termos (key words). Depois, vá à biblioteca e procure as palavras-
chave nofichário por assuntos. É preciso, porém, certa intuição. Se você 
está interessado em "Ética na pesquisa médica", não procure apenas 
"Ética". Veja também "Pesquisa médica", "experimentação humana", 
"Experimentação com seres humanos","Experimentos médicos", 
"Cobaias humanas", "História da Medicina". Se achar um texto de 
interesse, veja as referências bibliográficas contidas nesse texto. Essas 
referências, por sua vez, vão proporcionar novas referências. E você logo 
verá que tem muito o que ler.Na dúvida, procure os bibliotecários que 
são sempre muito prestativos. Informe-se sobre os serviços que podem 
ser oferecidos a você - como empréstimos de livros de outras bibliotecas, 
cópias Xerox de artigos de revistas assinadas por outras bibliotecas, 
acesso à informação bibliográfica por computador.Peça, quando precisar, 
ajuda para a localização de documentos.E aprenda, com os bibliotecários, 
a usar obras de referência como catálogos, manuais, anuários e 
resumos.Não se restrinja, porém, a uma só biblioteca, nem busque 
bibliografia só na universidade. Procure outras fontes de informação. 
Afinal, se você pretende escrever uma tese sobre deter-minado assunto, 
precisa estar muito bem informado sobre ele.Procure informações na 
imprensa diária, como artigos de jornais se revistas, e programas de 
televisão. Ou, ainda, em atas de sociedades, em livros de empresas, em 
museus, em arquivos,se for o caso.Não basta, porém, procurar livros e 
revistas, nem basta ler tudo. Você precisa fazer uma revisão da literatura. 
Para isso, é preciso resumir e comentar o que você leu. Não pense em 
"ajuntar tudo", para depois começar a redigir. Faça o resumo enquanto lê. 
Ou faça uma ficha, com sua opinião. Ou tire18 uma cópia Xerox e anote 
nela o que achar necessário. Mas grife,anote, resuma. Não empilhe livros 
e cópias Xerox de artigos,sem comentá-los, porque, depois de algum 
tempo, você não saberá sequer se os leu.Se os livros são emprestados, 
não os rabisque. Tampouco rabisque livros raros ou antigos, mesmo que 
sejam seus. Mas aprenda que livros-texto são material de consumo. Se 
você tem alguma pretensão como pesquisador, compre livros, e faça 
neles suas anotações. E toda vez que encontrar informação de interesse 
para sua tese, anote de imediato. Use caneta do tipo "marca-texto", ou 
use marcadores de papel, ou qualquer outro sistema, mas anote o que 
você pensa, enquanto lê.Depois de ler e resumir, ordene o material que 
você dispõe,por tópicos. Releia, para saber se você precisa de mais 
informação. Complemente. E assim que puder, comece a relatar a 
evolução histórica do assunto que você estudou. Não ë preciso,porém, 
"começar do princípio", nem é preciso exibir conhecimento sobre "toda a 
literatura". Aliás, isso seria missão impossível. Mas mostre que você 
conhece um pouco do passado e está acompanhando a evolução do 
assunto na literatura, até o presente.Nesse relato, você deve expor 
contradições e dar a sua opinião. Pode até tomar partido em algumas 
controvérsias -mas dificilmente você fará uma crítica abrangente de toda 
a literatura internacional. Saiba, porém, que alguns orientadores cobram 
uma postura crítica em relação à literatura. Mas não se atreva a ir muito 
longe. Para isso, seriam necessárias a maturidade e a erudição que só se 
adquire depois de anos de trabalho" .Então, em seu primeiro trabalho, 
não exija demais de si mesmo:seja mais descritivo do que propriamente 
crítico.Para estar a par da literatura técnica, você precisa conhecer outro 
idioma, além do português. Não é preciso "falar inglês".11. Além dessas 
características, também é preciso independência profissional, pois ainda 
existem pessoas capazes de "cortar o contrato" do assistente que se atreve 
a criticar suas obras.OS CAPÍTULOS USUAIS 19Basta ser capaz de ler 
assuntos técnicos em inglês ou em outra língua - como alemão, francês 
ou japonês, por exemplo com auxílio de dicionário. O conhecimento de 
vários idiomas ajuda, mas não é essencial. De qualquer modo, tente ler, 
se tiver oportunidade, em espanhol e em italiano, ou em francês.Se 
teimar, é possível que, dentro de algum tempo, você adquira razoável 
habilidade para ler assuntos técnicos em alguma dessas línguas.Se o 
assunto de seu interesse está publicado apenas em determinado idioma, 
você precisa aprender a ler, com desenvoltura, nesse idioma. Se as 
traduções são controvertidas, é preciso ler, sobre o assunto, no original. 
Por exemplo, se sua tese versa sobre as obras de Freud, é preciso que 
você leia alemão. No entanto, para estar apenas informado sobre um 
artigo publicado em outra língua, use a tradução em português, 
encomendada a um tradutor.Finalmente, existem teses que ostentam 
pobreza franciscana no capítulo "Revisão da Literatura": poucas obras 
vistoriadas, ou apenas obras já desatualizadas, ou mesmo obras de uma 
só equipe. Um autor que gosta de controvérsia escreveu que gostaria de 
ter, por epitáfio, a seguinte frase: "Procurou sarna para se coçar- foi o que 
mais encontrou"'z. Nada espanta mais,em algumas teses, do que a pouca 
literatura referenciada. E os autores se justificam: "não há nada publicado 
na minha área".Na verdade, eles não procuraram sarna para não "ter que 
se coçar".2.3 - Materiais e Métodos No capítulo "Materiais e Métodos" 
você deve dar informação suficiente para que outro pesquisador possa 
reproduzir seu trabalho. Isto porque só é considerado científico o 
trabalho que12. O autor é Kurt Kloetzel. A frase está na autobiografia do 
autor In: KLOETZEL,K. O que é Medicinn Preventiva. São Paulo, 
Brasiliense. 19A4.ZO é passível de reprodução. Mas para que possa ser 
reproduzido por colega de igual competência - seu trabalho precisa ser 
bem descrito. Comece descrevendo todos os materiais utilizados.se você 
fabricou ou produziu materiais, faça ilustrações, na forma de fotografias 
ou desenhos técnicos. Enfim, convém descrever:a) época e local do 
trabalho;b) tipo de instrumental utilizado;c) forma de obtenção do 
consentimento do participante da pesquisa, sempre que for feita 
experimentação com seres humanos;d) especificações técnicas, 
quantidade, fonte ou método de preparação dós materiais;e) 
equipamentos.No entanto, não descreva equipamentos comuns ou de uso 
geral, como balanças, microscópios, vidraria. Também não conforme 
nomes comerciais de drogas e similares, e de equipamentos, pois é 
inerente a tais nomes a propaganda. Existe algumas uma ressalva a esta 
regra: o nome comercial deve ser inspecionado se as diferenças entre as 
marcas forem críticas para reprodução do trabalho.Terminada a descrição 
dos materiais, passe à descrição e métodos, na ordem em que foram 
executados. Só abandone a ordem cronológica se foram executados 
métodos similares e diferentes períodos de tempo. Nesse caso, descreva-
os juntos. Se existem métodos alternativos e você optou por deles, 
justifique, isto é, explique as vantagens do método utilizado. Mas não 
esqueça de citar as desvantagensl3.13. Alguns orientadores podem achar 
que tais justificativas devem ser apresentados no capítulo "Discussão". 
Mas o que deve ser discutido, no capítulo "Discussão",os resultados e, 
eventualmente, as limitações que materiais e métodos impõem aos 
resultados. As razões que levaram você a eleger determinado método 
devem ser apontadas quando você apresenta o método. Existe apenas 
uma ressalva a esta observação: se a tese tem, como objetivo, comparar 
métodos, discuta-os no capítulo "Discussão".OS Capítulos USUAIS 
21Cuidado para não deixar margem à dúvida, isto é, escreva antecipando 
respostas às perguntas que poderiam ser feitas por examinadores durante 
a defesa da tese e por colegas, durante a eventual reprodução do seutrabalho. Por exemplo, se você colocou material na estufa, informe por 
quanto tempo e em que temperatura. Afinal, se essa informação não 
estiver escrita,quem for reproduzir seu trabalho terá a dúvida - e fará a 
pergunta.Para testar a exatidão de suas descrições, peça a um colega para 
ler seus manuscritos e pergunte a ele se saberia reproduzir seu trabalho. 
Ouça as dúvidas, responda às perguntas, e reescreva todo trecho dúbio. 
Com essa atitude, você não só melhora o texto como aprende a trocar 
informações - o que é muito importante porque, hoje em dia, progride em 
ciência quem sabe trabalhar em equipe.E não esqueça de mencionar a 
análise estatística, que também é método de trabalho. Se você desenhou 
gráficos, calculou médias e desvios padrões, cite o que fez. Não é preciso 
descrever o método, nem explicitar as fórmulas. Se, porém, você usou 
método estatístico sofisticado ou desconhecido em sua área,convém 
descrever o método e citar toda a bibliografia consultada.Mas não deixe 
de submeter seus dados à análise estatística,mesmo que você não tenha 
gosto pela Matemática. Se for necessário, procure um consultor. Mas é 
sua responsabilidade decidir- junto com seu orientador - a quantidade de 
estatística que deve ser apresentada em sua tese. Muitos problemas 
admitem mais de uma solução. É claro que as técnicas estatísticas mais 
elaboradas são excelente ferramenta de análise - desde que você as 
entenda. Mas se você não as entende - elas só irão rechear sua tese, sem 
abrir novos horizontesl4.De qualquer modo, não se aventure fazendo 
análises estatísticas desconhecidas, ou pouco usuais em sua área de 
trabalho,14. Como já disse alguém, a estatística às vezes serve ao 
pesquisador como o poste serve ao bêbado: simples ponto de apoio, ao 
invés de fonte de iluminação.22 já na sua tese de mestrado, a menos que 
você tenha muita aptidão para a Matemática. E trabalhe sempre sob a 
supervisão do seu orientador ou de profissional de estatística por ele 
indicado.Finalmente, é razoável começar a escrever a tese pelo capitulo 
"Materiais e Métodos". O pesquisador sente-se mais seguro descrevendo 
o que fez. Mas não faça um rol, redija. E não antecipe resultados, porque 
o capítulo "Materiais e Método deve trazer apenas a receita para a 
obtenção dos dados.2.4 - Resultados capítulo "Resultados" é, de certa 
maneira, a razão de sua tese. Você achou um problema interessante 
("Introdução"), leu muito sobre ele ("Revisão da Literatura") e mostrou 
como se usa toda uma parafernália para resolvê-lo ("Materiais e 
Métodos"). Mas é só no capítulo "Resultados" que você mostra o que 
realmente conseguiu... Então, muito capricho!Comece apresentando os 
dados sem, no entanto, descrever métodos que você já descreveu - ou 
deveria ter descri tono capítulo "Materiais e Métodos". Ou seja, faça 
apenas uma rápida apresentação. E não sobrecarregue seu leitor com 
pormenores desnecessários'5. Se você fez poucas determinações e 
coloque-as no texto. Se você fez muitas determinações, arraje-ás em 
tabelas e gráficos. Nesta fase você deve consultar Estatístico ou - pelo 
menos - um bom livro de estatística.Apresentados os dados, passe à 
análise estatística. E lebre que a interpretação é essencial. O resultado do 
teste é,não ë, estatisticamente significante? Esta informação é resultado 
seu trabalho, embora alguns menos avisados insistam que é discussão. 
Está errado. No capítulo "Discussão" você deve apenas discutir o 
significado da estatística, mas a interpretados testes deve ser apresentada 
no capítulo "Resultados".15. Como já disse alguém, se o mapa da 
província contivesse todos os detalhes da província seria, 
necessariamente, do tamanho da própria província.24 Finalmente, lembre 
que os centros de computação coloca programas à disposição dos 
interessados. Essa situação, embora desejável, tem um risco sério. Aliás, 
existe na Medicina um paralelo que merece ser lembrado. Sabem os 
médicos os perigos da automedicação - principalmente quando feita por 
leigo-, mas as farmácias e drogarias continuam vendendo remédios sem a 
necessária prescrição, pondo em risco a saúde das pessoa Assim também 
são os Centros de Processamento de Dados que fornecem programas de 
computador sem o necessário diagnóstico. O usuário de tais programas 
pode dar determinado tratamento estatístico a seus dados e obter um 
resultado para por no papel =verdadeiramente estapafúrdio. Uma história 
do nosso folclore político ajuda a pôr os pingos nos i's.Conta-se que, para 
reinaugurar o Teatro Municipal de São Paulo, foi convidado um cantor 
de óperas italiano, com prestígio internacional. Mas o cantor acabou não 
vindo, porque pediu um preço muito alto pela apresentação. Na ocasião, 
o ente prefeito foi claro: "Por esse preço, eu canto". Não cantou Senhor 
Prefeito, em momento de bom senso. É esse bom senso que deveriam ter 
nossos pesquisadores. Só deve cantar ópera quem sabe cantá-las.2.5 - 
Discussão "Discussão" é, de longe, o capítulo mais difícil de escrevi 
porque é nele que você explica seus resultados. Para ajudar você redação 
desse capítulo, aqui está uma sugestão: escreva procurando dar respostas 
às seguintes perguntas:a) Que significam seus dados e suas estatísticas?b) 
Até que ponto seus resultados estão de acordo com resultados 
apresentados em trabalhos publicados?c) Que razões tem você para 
acreditar que seus resultados comprovam determinada teoria?d) Que 
razões tem você para acreditar que seus dados contradizem idéias 
prevalecentes ou permitem refutar determinada teoria?OS CAPITULOS 
USUAIS 25e) Que nova hipótese, ou que nova teoria, você pode lançar 
para explicar o fenômeno que você observou? (Mas tenha senso crítico, 
pois não se estabelecem teorias novas todos os dias. .. )f) Que tendências 
e generalizações sugerem seus dados,além da inferência estatística usual? 
Que novas linhas de pesquisa você pode propor?g) Que "solução mais 
simples" ou que "solução mais barata" você conseguiu para um problema 
real? Qual é a importância dessa solução?Além da sugestão, cabe 
também um lembrete: é na "discussão" que você exibe toda a sua 
competência e a sua (improvável!) incompetência. Mas - se você errar - 
aqui estão algumas histórias que podem servir como consolo ou 
advertência,e mostram como é difícil ser cientista.Durante muito tempo 
acreditou-se que o Sol girava entorno da Terra. Mas Galileo resolveu 
lançar a teoria de que a Terra gira em torno do Sol. Na época, a ousadia 
de discordar das teorias correntes era resolvida de maneira sumária: 
queimava-se o defensor das idéias esdrúxulas na fogueira. Galileo só não 
foi queimado vivo porque já estava velho e era de familiar importante, 
mas foi obrigado a negar a sua teoria, ajoelhado sobre ossos sagrados. 
Hoje já não se queimam as vozes discordantes na fogueira. Mesmo 
assim, um conselho: você deve ser elegante na crítica e dosar seu tom de 
discordância com a literatura, principalmente se, na literatura, estiverem 
os trabalhos do seu chefe...16. Este trecho do juramento de Galileo deixa 
claro que a autoridade não deve ser contestada: "Eu, Galileo Galilei, de 
70 anos de idade, filho do falecido Vicenzio Galilei,de Florença, tendo 
sido trazido para ser julgado, estando ajoelhado perante vós, 
eminentíssimos e reverendíssimos cardeais, inquisidores gerais da 
República Cristã Universal contra a depravação herética, e tendo diante 
dos meus olhos os Santos Evangelhos que toco com as mãos, juro que 
sempre acreditei e que, com o auxílio de Deus, sempre acreditarei, em 
todos os artigos. que a Santa Igreja Católica e Apostólica de Roma prega. 
E,por que me foi ordenado pelo Santo Ofício abandonar a falsa opinião 
de que o Sol...Conta-se que, depois de jurar quea Terra estava parada, 
Galileo teria resmungado:"Eppur si muove!".26 Mas nem sempre é 
preciso discordar. Aliás, você pode ganhar popularidade, defendendo 
idéias da moda. Cabe, porém, lembrar os experimentos de transferência 
de memólque mostram como é perigoso o fascínio de certas idéias. Ir 
ante alguns anos, vários cientistas - considerando que o comportamento 
que se aprende deve estar, de algum modo, retrato no cérebro (a 
memória) - tentaram transferir o comportamento aprendido por um 
animal, para outro animal.Para isso, ensinavam comportamentos de 
esquiva a rede laboratório. Esses ratos eram, então, sacrificados e se 
preparava um extrato de seus cérebros. O extrato era injetado outros 
ratos, na esperança de que esses novos ratos aprendessem mais 
rapidamente os comportamentos de esquiva. A idéia cientistas era a de 
que o cérebro de ratos ensinados conte"registros" de comportamento 
aprendido que podiam"transferidos", para o cérebro de ratos não 
ensinados. De acordo com a revista Science, cerca de metade dos 
cientistas fez esse tipo de experimento considerou que realmente havia 
conseguido "transferir" a memória de um rato para outro rato que - sabe-
se hoje - é impossível".Mas - além do fascínio de certas idéias - existe a 
teima do pesquisador, que às vezes insiste em provar determinada teoria, 
mesmo quando novos dados a colocam em dúvida que mostra a história 
de Paul Broca, um antropólogo e cirurgião francês do século passado, 
que acreditava que as pessoas seriam tanto mais inteligentes quanto mais 
pesados fossem acérebros. Broca chegou até a organizar uma escala onde 
do QI da pessoa em função do peso de seu cérebro.Muita gente, no 
entanto, duvidava da teoria. Para pôr à controvérsia, alguns professores 
da Universidade de Gõgen decidiram doar seus próprios cérebros, para 
que fos17. Veja a questão da transferência de memória em: KOHN, A. 
False Prophets:and Error in Science and Medicine. Nova York, 
Blackwell, 1987.18. Veja sobre o assunto: BROAD, W. e WADE, N. 
Betrayers of Truth: Fraudulent in the Halls of Science. Nova York, Simon 
& Schuster, 1983.OS CAPÍTULOS USUAIS 27pesados depois de suas 
mortes. Eles acreditavam que Broca refutaria a própria teoria, caso 
verificasse que pessoas inteligentes tinham cérebro com peso normal. Os 
cérebros dos professores revelaram-se, de fato, mais leves do que se 
previa, tendo em vista a inteligência deles. Mesmo assim, Broca não pôs 
em dúvida sua teoria. Preferiu concluir que os professores eram menos 
inteligentes do que se pensaval9... Pois esta história encerra um 
conselho: se seus dados apontam em direção contrária à esperada, olhe 
também nessa direção.Difícil, no entanto, é quando os dados não indicam 
qualquer direção e você precisa lançar hipóteses. Lembre apenas que as 
hipóteses mais plausíveis nem sempre são as verdadeiras.E o que sugere 
a história do Sábio Hans, um cavalo que ficou famoso porque teria 
aprendido a calcular2°. Isto porque, quando perguntado sobre o resultado 
de determinado cálculo, o cavalo dava batidas de casco no chão, até 
atingir o número que seria a resposta para o problema proposto.O 
treinador do Sábio Hans, um professor aposentado, tinha sua "hipótese" 
para o fenômeno: havia ensinado o cavalo a somar e a subtrair. Mas um 
psicólogo estudou o caso e observou que, toda vez que o cavalo atingia o 
número esperado de batidas, seu treinador involuntariamente 
movimentava a cabeça.O cavalo parava, então, de bater o casco - não 
porque soubesse calcular mas em resposta ao movimento de cabeça do 
treinador.E lembre que você deve fazer generalizações, mas com critério. 
Veja o tamanho da sua amostra. É conhecida a história do médico 
americano que testava todo tipo de droga em um único rato, 
aparentemente de estimação, porque o rato tinha até nome: Ebenezer2t. É 
claro que a estatística dá a possibilidade de inferência, mas dentro de 
certos limites.19. O argumento que talvez convencesse Broca s6 
apareceu depois de sua morte.O cérebro dele foi pesado e o valor obtido 
correspondia, na escala do próprio Broca,a pouco acima de medíocre.20. 
Veja, sobre o assunto: BROAD, W. e WADE, N. Op. ci~.21. Veja, sobre 
o assunto: WADE, N. "Physicians who Falsify Drug Data". Science180 
(4090): 1038, 1973.OS CAPÍTULOS USUAIS 29Finalmente, se você 
testou um produto alimentício usando ratos de laboratório, discuta o 
efeito desse produto em ratos de laboratório. É claro que você pode fazer 
algumas generalizações. Por exemplo, é razoável argumentar que o que 
acontece com ratos pode - até certo ponto - ser estendido a outros 
animais. Mas cuidado: ratos não são homens! De qualquer modo, se 
morrerem todos os ratos que provaram do seu produto,ninguém porá seu 
produto na própria sopa, não é verdade?2.6 - Conclusões As conclusões 
decorrem da discussão, ou seja, até certo ponto, as conclusões devem 
estar contidas no capítulo de "discussão". Então verifique se você 
concluiu com base no que discutiu. Também deve haver consistência 
entre o objetivo proposto e a conclusão alcançada. Então verifique se 
você concluiu com base no que propôs. Mas cuidado para não se sentir 
possui-dor da "Grande Verdade" porque, afinal, você tem apenas um 
fragmento de evidência. E - para terminar - lembre-se deque sua tese é a 
sua contribuição para a massa de conhecimentos,existentes. Então, ao 
estabelecer suas "Conclusões" seja claro ou melhor, muito claro.3AS 
QUESTÕES PERTINENTESO Capítulo 2 dá idéia do que você deve 
escrever em cada capítulo de sua tese. Siga as sugestões da maneira mais 
conveniente,fazendo as modificações que julgar necessárias. Mas não 
basta saber o que escrever. É preciso saber como escrever um texto 
técnico, usando com propriedade a linguagem, a tradução, as citações, as 
notas de rodapé. E é preciso dar um bom título ao seu trabalho. Desses 
tópicos trata este capítulo.3.1 - Linguagem Algumas poucas regras não 
garantem boa redação. Mesmo assim, aqui estão algumas sugestões.a) 
Faça um plano de trabalho Antes de começar a escrever, faça um plano, 
isto é, divida o assunto que você pretende expor em capítulos e em 
seções.22. Consulte, sempre que redigir: O Estado de S. Paulo - Manual 
de Redação e Estilo organizado e editado por Eduardo Martins. São 
Paulo, O Estado de S. Paulo, 1990;Manual de Estilo Editora Abril: como 
escrever bem para nossas revistas. Rio de Janeiro,Nova Fronteira, 
1490.32 
Faça uma lista do que deve ser apresentado em cada seção.Depois 
comece a escrever pelo capítulo que quiser.b) Escreva de maneira 
impessoal Leia a literatura científica da sua área e observe. Ninguém 
escreve: "Pesei os ratos" ou "Eu concluo" mas "Os ratos foram 
pesados" "Concluímos" etc. Então, para escrever sua tese, use a 
terceira pessoa do singular ou a primeira pessoa do plural(plural 
majestático), mas tenha o cuidado de manter a mesma forma, em 
todo o trabalho. E não escreva, mesmo que alguém sugira: "O autor 
do presente trabalho considera... " E pernóstico demais!c) Evite o 
estilo empolado. Alguns autores acham que o texto científico precisa 
ser elegante e - para ser elegante - deve ter palavras difíceis Então 
abusam das palavras compridas. Nunca dizem usar, ma;utilizar; 
nem dizem acabar, mas finalizar; tampouco dizem seguinte, mas 
subseqüente. E chegam a salivar como os cães de Pavlov, quando 
pensam em substituir a palavra "droga" por "agente 
quimioterapêutico23. Prefira a palavra mais simples.d) Escreva com 
substantivos e verbos Alguns autores têm a mania de adjetivar. Toda 
loura tem que ser "curvilínea". Cuidado, porque alguns adjetivos, 
junta de certos substantivos, transformam-se em lugares-
comuns"críticaconstrutiva", "inflação galopante", "rápidas 
pinceladas". A mania de adjetivar pode levar até a absurdos, com a 
falta de coerência. Não escreva "adolescentes jovens", "réplicas 
autênticas". Use adjetivos só quando forem necessários.23. /n: DAY, 
R.A. Op. cit.AS QUESTÕES PERTINENTES 33e) Use frases curtas. 
A eloqüência e a pompa têm lugar e hora. Não se imaginem novo Rui 
Barbosa. Escreva períodos curtos, seja simples e direto. Além de ser 
mais fácil, ajuda a evitar erros de gramática.f) Observe os tempos de 
verbo Quando você relata fatos científicos conhecidos ou descreve 
trabalhos publicados, use o presente do indicativo: "A adubação 
nitrogenada é essencial... ", "O trabalho de OLIVEIRA (1970) 
mostra... ". Quando você explica o que fez ou o que obteve, isso é o 
passado. "O paciente foi observado... ", "Os dados foram obtidos... 
".Então, tipicamente, use o presente na "Introdução":"O objetivo 
deste trabalho é mostrar... "; na "Revisão da Literatura":"Os 
trabalhos recentes na área são unânimes. .. "Use o passado em 
"Materiais e Métodos":"Foram usados ratos machos Wistar..."O 
crescimento foi medido... "em "Resultados":'Observou-se maior 
crescimento... "Na "Discussão", use os dois tempos do verbo, quando 
souber:"O crescimento é sabidamente lento no período, mas no 
grupo tratado foram observadas altas taxas... "34 Existem 
exceções:a) se você atribui uma afirmativa a alguém, use o 
passado:"OLIVEIRA (1970) considerou. . . "b) se você apresenta, 
use o presente: "A tabela 5 mostra..."c) na análise estatística, use o 
presente: "O resultado é significante. . . "g) Observe a pontuação Você 
pode achar que a pontuação é coisa de somenos. Ma conta-se que um rei 
antigo queria ir à guerra. Muito sabiamente porém, consultou uma 
pitonisa e ouviu dela: "Irás. Voltarás Não morrerás". O rei foi, e morreu. 
A rainha resolveu então procurar a pitonisa, para saber o que ela havia 
dito. E a pitonisa repetiu o que havia dito ao rei: "Irás. Voltarás? Não! 
Morrerás"h) Não descreva o óbvio"Não comece a explicar onde fica 
Roma, para depois não explicar onde fica Timbuctu", ensina Umberto 
Ecco24. Ou seja não repita o que tudo mundo já sabe - só porque é fácil 
copiar trechos de livros didáticos - para depois deixar sem explicação 
pontos essenciais da sua tese. Explique o que você fez de novo) 
Reescreva Leia o que você escreveu. E reescreva. Depois, peça para 
alguém ler - e comentar. Se seu orientador é do tipo "muito ocupado" 
(que os há os há), peça para um colega ler. Hojl24. Na realidade, o autor 
vai um pouco mais longe. Ele escreve: "Dá-nos calafrios ler teses com 
frases do tipo: `O filósofo panteísta judeu holandês Spinoza foi definido 
por Guzzo...' Alto lá! Ou você está fazendo uma tese sobre Spinoza e 
então o já sabe quem é Spinoza e que Augusto Guzzo escreveu um livro 
sobre ele, ou está citam por acaso esta afirmação numa tese sobre Física 
nuclear e então não deve presumir que o leitor ignore quem é Spinoza 
mas saiba quem é Guzzo". In: ECCO, U. Op. cir.36 nem mesmo os 
gênios são incompreendidos e solitários. Então troque idéias. E reescreva 
todo trecho dúbio.3.2 - Tradução Ninguém precisa dominar a língua 
inglesa para escrever uma tese no Brasil. Mesmo assim, certos erros de 
tradução são imperdoáveis, pois mostram que o autor não entendeu o que 
leu.Veja, por exemplo:"SMITH (1940) provou, com dados atuais... "Ora, 
se o senhor Smith publicou em 1940, será que os dados dele são mesmo 
"atuais"? Talvez Smith tenha provado - seja lá o que for - usando dados 
"reais" (actual data).E difícil traduzir, principalmente quando surgem 
palavras na língua estrangeira semelhantes às palavras de nossa 
língua,mas com outro significado. Por isso, existe quem traduza 
ingenuity por ingenuidade. Mas existem "traduções" que, de tão usadas, 
já parecem consagradas como checar, em lugar de verificar suporte, em 
lugar de apoio. Mas está errado. O abuso das traduções esdrúxulas ocorre 
principalmente em áreas técnicas novas, como computação. Aliás, um 
autor que pretendia colocar seus programas à disposição dos interessados 
escreveu:"Os programas estão avaliáveis para... "Mas as dúvidas de 
"tradução" não param por aqui. Também existe a questão do ponto e da 
vírgula. "Dois ponto cinco"em inglês, significa dois e meio. Mas os 
computadores e as calculadoras escrevem "ponto' em substituição à 
vírgula - e muita gente já diz (e escreve) "dois ponto cinco" em lugar de 
dois e meio.Finalmente, existe o absurdo sistema inglês de unidades de 
medida, como milhas, libras, onças etc. Deve-se "traduzir"ou fazer a 
conversão? Se a unidade de medida varia, os valores AS QUESTÕES 
PERTINENTES 37numéricos não são comparáveis. Então é preciso 
converter -não basta traduzir. Aliás, é melhor manter as mesmas 
unidades(do Sistema Internacional de Unidades), em todo o trabalho.E é 
preciso prestar especial atenção às "palavras iguais" com valores 
diferentes. Por exemplo, a tonelada americana é maior do que a do 
Sistema Internacional de Unidades e o alqueire mineiro é maior do que o 
paulista.3.3 - Citações Você resume e comenta trabalhos relacionados à 
sua tese no capítulo "Revisão da Literatura". A identificação de cada 
trabalho é feita através da citação do(s) autor(es). Como isso é feito?Você 
pode fazer uma citação direta ou transcrição, isto é,copiar literalmente 
certo trecho de determinada obra. O trecho copiado deve, porém, 
aparecer entre aspas. Normalmente são transcritos leis, decretos, 
regulamentos ou trechos notórios de autores, principalmente na área de 
Literatura e Filosofia. também podem ser transcritos dados e tabelas. 
Mas evite as transcrições muito longas, mesmo que você aprecie o autor 
ou a suaobra26.Também podem ser feitas ou citação indireta ou citação 
de citação. Nesses casos, você reproduz as idéias de outro(s)autor(es), 
em suas próprias palavras. Para fazer uma citação indireta, é preciso ter 
lido a obra. Mas se você não teve acesso à obra - apenas leu sobre ela - 
faça uma citação de citação.De qualquer modo, é preciso citar o(s) 
autor(es) toda vez que você:25. Veja: MATTOS, F.G. "O cientista como 
citador". Ciênc. e Culr., 37(8): 1294-5,1985.26. Não tem sentido 
escrever: "De acordo com SILVA (1990)", abrir aspas e transcrever toda 
a Introdução da tese do Silva, como Introdução da sua própria tese, 
mesmo que o tal do Silva seja ótimo.3g a) trabalhar com hipóteses já 
levantadas em outras obras.b) concordar - ou discordar - de afirmativas 
feitas em outra(s) obra(s).c) utilizar técnicas, materiais ou métodos não 
usuais em sua área, sugeridas em outra(s) obra(s).d) comparar resultados 
seus com os resultados apresentados em outra obra.e) chegar às mesmas 
conclusões, ou a conclusões além divergentes das conclusões 
apresentadas em outra(s)obra(s).Existem dois sistemas consagrados de 
citação. Um deles consiste em citar o sobrenome do autor, em letras 
maiúsculas,seguido do ano da publicação da obra, entre parênteses. Por 
exemplo:"De acordo com OLIVEIRA (1970)... "Se o trabalho tiver dois 
autores, citam-se os nomes dos dois autores separados por &, em 
maiúsculas, e seguidos do ano da publicação da obra, entre parênteses. 
Por exemplo:"De acordo com SMITH & WHITE (1980)... "Se o trabalho 
tiver três ou mais autores, cita-se o nome do primeiro autor em 
maiúsculas, seguido de et alii, a expressão latina que significa "e outros", 
e do ano da publicação da obra entre parênteses. Por exemplo:"De 
acordo com BERNARDES et alii (1980)... "Se você cita duas ou mais 
obras, ligue-as por vírgulas ou pela conjunção "e". Por exemplo:"De 
acordo com EVANS (1970), SILVA (1980)e ANTUNES & SILVA 
(1985)"AS QUESTÕES PERTINENTES39O outro sistema de citação 
exige que você organize os sobrenomes dos autores das obras 
referenciadas em ordem alfabética e confira um número a cada um deles. 
Depois, você cita apenas o número. É preciso, porém, certo cuidado na 
citação.Não escreva:"De acordo com (7)..: "mas; por exemplo:"Existe 
informação7~ de que... "A citação por números não permite que o leitor 
saiba, quando lê a informação, quem a assina, nem de que época é a 
informação. E isto pode ser importante, porque nomes e datas dão força a 
certas idéias'. A solução para o problema é, porém, muito simples. Você 
escreve no texto o nome do autor ou a época da publicação, sempre que 
julgar que isso é importante. Escreva, por exemplo:"De acordo com 
Einstein ""Em 1940 já se sabia ...Se você cita duas ou mais obras, 
escreva os números seqüencialmente, separados por vírgulas e entre 
parênteses:"Alguns autores 5,7,10) aCredltal72..."A grande desvantagem 
da citação pôr números é a possibilidade, sempre presente, de você 
precisar citar um autor ainda27. Como dizia Bernard Shaw: "Você não 
espera que eu saiba o que dizer sobre a peça quando não sei quem é o 
autor... Se o autor é bom, a peça é boa. Isto émio." In: DAY. R.A. Op. cir. 
não referenciado, depois de já ter feito toda a organização numérica das 
referências. Se a inicial do último sobrenome desse autor for letra do 
começo . do alfabeto, você precisará reorganizar quase toda a numeração 
o que dá trabalho.Os orientadores em geral recomendam a citação de 
autores,no texto, por sobrenome e data da publicação. Mas algumas 
revistas internacionais insistem no sistema de citação por números - 
porque economiza palavras, ou seja, dinheiro. Então talvez você queira 
começar a aprender o sistema... De qualquer forma, antes de começar a 
escrever, consulte seu orientador.Agora que você já sabe o que citar, 
saiba o que não deve citar.Evite a citação de obras que têm relação 
apenas longínqua com seu trabalho, mesmo que tenham sido escritas 
pelo seu chefe:..Também não cite livros didáticos - por melhores que eles 
sejam-se esses livros só discutem material conhecido na área. No 
entanto, se você usar métodos pouco conhecidos em sua área, convém 
citar a literatura especializada-mesmo que seja um livro didático.É 
preciso apenas certo cuidado no redigir, para não parecer que um autor, 
que descreve um método, inventou esse método.E, finalmente - evite 
referência a dados não publicados,trabalhos no prelo, resumos em 
congressos, comunicações pessoais, relatórios mimeografados em geral - 
a menos que isso seja essencial. Lembre que trabalho científico que não 
foi escrito não pode ter sido lido e avaliado.3:4 - Notas de rodapé Os 
livros e as teses com muitas notas de rodapé dão a impressão de 
erudição. Se essa erudição é falsa ou verdadeira, cabe ao leitor julgar - 
mas a impressão permanece. De qualquer forma,as notas são muito úteis 
para as seguintes finalidades:a) Reforçar as afirmativas feitas Se você 
quer fazer uma observação, mas considera que,no texto, essa observação 
seria repetitiva ou perderia impacto,faça a observação em nota de 
rodapé.AS QUESTÕES PERTINENTES 4ib) Contestar as afirmativas 
feitas Se você está seguro de sua opinião, mas sabe que o assunto é 
controvertido e existem opiniões contrárias, coloque a opinião contrária 
em nota de rodapé. Além de exibir erudição; você mostra "espírito 
aberto".c) Traduzir e verter Se você acha que a expressão ou citação em, 
língua estrangeira perdem a força quando traduzidas para o português, 
escreva na língua original, e coloque a tradução em nota de rodapé:Se 
quiser, faça ao contrário: deixe no texto em português, e coloque a 
expressão, ou citação, em nota de rodapé, na língua original.d) Fazer 
referências internas Se você quer remeter o leitor para outro capítulo da 
sua tese, use uma nota de rodapé) Dar indicações bibliográficas de 
reforço Se você quer aconselhar um texto didático, ou indicar onde seu 
leitor pode encontrar o assunto exposto de maneira adequada; coloque a 
referência da obra em nota de rodapé;como segue:`"Sobre esse assunto, 
veja o livro: OLIVEIRA, J.A.Noçõès de Física, São Paulo, Editora 
Universidade,, i 980° ~28,28. Seria absurdo escrever: "De acordo com 
OLIVEIRA (1980), a matéria atrai. amaCéfïà..:" Aliás você pode 
escrever:'"A matéria atrai a matéria..." etc. e, em nota de rodapé; indicar 
o texto didático de Oliveira; como mostra o exemplo. , f) 
Comentar autores. Se você quer fazer comentário sobre a vida 
de um autor, ou mesmo fazer uma referência geral sobre sua obra, ou 
dar algumas datas - como de nascimento e morte, ou o ano da
publicação da primeira edição de obra importante -, use nota
de rodapé: g) Citar informações obtidas através de 
canais informais ~ Se você .quer citar comunicações pessoais, 
notas de aulas,correspondência, escreva no texto: "De acordo 
com SMITH (1990)~..."e, em nota de rodapé, escreva, por exemplo: 
SMITH, J.J. (Centro de Pesquisas Médicas, Rio `de Janeiro), 
Comunicação Pessoal, 1990.3.5 - Título Poucas pessoas lerão a sua tese. 
Dói, mas é verdade. Afinal,tese é um trabalho acadêmico - longo, 
minucioso, cansativo.E existem poucos exemplares disponíveis. Muitas 
pessoas, no entanto, lerão o título de sua tese. Quem são essas 
pessoas?Ora, sua tese, depois de entregue ao orientador, será 
encaminhada para a defesa. E passará por diversas instâncias, como 
departamento e congregação. Depois, o diretor convocará uma comissão 
- só para julgar sua tese. E a tese será lida, julgada,defendida, corrigida. 
Isso constará em ata. Pois ao longo de todo esse processo o título da sua 
tese será lido, escrito, falado.Aprovada, sua tese será referenciada, pelo 
título, em muitos currículos, como o seu e o do seu orientador, além dos 
currículos das pessoas que ajudaram você - colegas, professores,técnicos 
e dos membros da comissão julgadora. Sua tese também será 
referenciada nos relatórios do curso de pós-graduação e nos fichários das 
bibliotecas que tiverem a honra de receber um exemplar...Se você 
publicar um trabalho sobre o mesmo assunto, certa-mente fará referência 
à sua tese. Também farão referências à sua tese outras pessoas que a 
leram e trabalharam na mesma área, como seu orientador, colegas do 
curso e membros da co-missão julgadora.As bolsas de estudos, 
concedidas por agências financiadoras de pesquisa, exigem prestação de 
contas. Se você recebeu uma bolsa, na prestação de contas terá, 
fatalmente, que citar o título de sua tese. E o título da sua tese ainda será 
lido por todos que dela tomarem conhecimento, inclusive membros desta 
família e seus amigos. Numa contabilidade rápida: se sua tese for lida 
por meia dúzia de pessoas, o título será lido por seis dezenas. Certo? 
Então escreva o título com muito capricho.Aqui estão algumas 
recomendações. Um bom título deve ser:a) curto b) específico c) sem 
fórmulas de qualquer espécie Não se recomendam:a) títulos-frases6) 
títulos-perguntas O título deve ser curto, mas também deve ser 
específico.Por .exemplo, o título"AIDS no Brasil"é' suficientemente 
curto, mas não é específico. Que aspecto da AIDS trata a tese em 
questão: prevenção? tratamento? problemas sociais? estatísticas? Já o 
título: Aspectos estatísticos das funções de produção ajustadas aos 
ensaios fatoriais 3-~ de adubação NPK de milho"parece específico, mas 
é longo - e chato!O título não deve ter fórmulas ou símbolos de qualquer 
espécie; mesmo que essas fórmulas e símbolos sejam familiares para 
você. Já pensou quantas das pessoas que irão manusear sua tese lêem, 
com desenvoltura, a fórmula1 que todo estatístico sabe de cor? E quantasdas pessoas que irão manusear sua tese sabem ler? Então, facilite. a vida 
dos outros!E não use títulos que são frases. Então, não 
escreva:"Adubação nitrogenada é essencial para o milho"Tampouco use 
títulos que são perguntas. Não escreva:"Que sabe você sobre prevenção 
de cáries?"Note que esses títulos são bons para a imprensa - ou mesmo 
para livros de divulgação - mas não são bons como títulos de tese. 
Também evite as palavras que são simples recheio e nada dizem, como 
"Introdução ao estudo de.. : " ou "Algumas observações sobre.. . 
"Finalmente, lembre que o título de sua tese será usado para referenciar 
sua tese na biblioteca, por assunto. Então use"palavras-chave", ou seja, 
palavras que remetam o leitor ao assunto tratado em sua tese. Se você 
quer que sua tese seja revista por outros autores, capriche no título! 
Porque :título é etiqueta: bem escolhida e bem usada, rende muito. ,4,AS 
QUESTÕES Técnicas dados são apresentados em tabelas e gráficos. 
Então, é bastante provável que, para escrever sua tese, você precise 
construir tabelas e gráficos. Mas também são usuais, nas teses, as 
ilustrações, como fotografias, por exemplo. Logo, é possível que você 
também precise se preocupar com ilustrações. Finalmente, muitas teses 
ostentam fórmulas e equações. É preciso saber escrevê-las. Pois destas 
questões trata este capítulo.4.1 · Tabelas Não construa tabelas - a menos 
que seja necessário apresentar dados repetitivos. Este conselho 
aparentemente estranho tem duas boas justificativas: primeiro, números 
valem pela informação que eles carregam. Então s6 apresente números 
que trazem informação relevante. Segundo, tabelas ocupam espaço e 
interrompem a leitura do texto. Então não desperdice papel nem 
interrompa o leitor - a menos que você precise dar informação de 
interesse, mas que é repetitiva.Se você precisa dar apenas um número, 
não faça uma tabela: dê a informação no texto. Veja a Tabela 1: é 
absolutamente54 4.3 : Outras figuras Às,vezes é preciso apresentar 
outras figuras, além dos gráficos.".Uma figura vale mil palavras", é voz 
corrente. Mas figuras custam dinheiro e, nem sempre, substituem 
palavras: De qualquer modo, que tipo de figura pode ilustrar uma tese? 
Existem várias opções que, obviamente, dependem da área: 
fotografias,foto micrografias, esquemas, plantas, desenhos técnicos, 
mapas.Antes, porém, de pensar em rechear sua tese com figuras; 
considere o preço e a necessidade delas para seu trabalho. Some,a essas 
considerações, a qualidade do material que você pode produzir e depois 
faça sua opção:Fotografias e fotomicrografias são caras, mas muitos 
centros de pesquisa já estão equipados para produzir material de boa 
qualidade. Mesmo que você precise arcar com a despesa do material de 
consumo, o preço nem sempre é proibitivo. O problema é saber o que 
você pretende fazer e se isso é necessário. Saiba, porém, que em certas 
áreas - como ciências morfológicas - a fotografia é material básico. Já 
outras vezes, as fotografias servem apenas para atestar a qualidade do 
material usado ou para comprovar a quantidade de trabalho realizado.E 
isto também pode ser essencial.Em certas situações, porém, é 
perfeitamente dispensável fotografar. Assim, não há necessidade de 
fotografar mesas de trabalho, microscópios, computadores e aparelhos 
convencionais, mesmo que recém-adquiridos ou `pouco usuais na 
área.Mas se você precisou inovar - por exemplo, fazer uma adaptação em 
uma mesa cirúrgica - avalie a necessidade da fotografia, pois, 
eventualmente, ela pode ser bastante útil para quem pretenda reproduzir 
seu trabalho.Se você fotografa pessoas, lembre que é razoável não 
identificá-las, principalmente se elas estiverem em situação íntima ou 
embaraçosa. Mas é claro que esse cuidado não cabe se seu trabalho 
enfoca, por exemplo, uma personalidade pública, ou pessoas em 
situações normais.Nem só fotografias são, porém, ilustrações de 
interesse.Muitas vezes são necessárias outras figuras - como 
esquemas,SG desenhos técnicos, plantas, mapas. Mas é sempre preciso 
avaliar- em cada caso - a necessidade da ilustração. E cuidado para não 
exagerar!4.4 - Notações,s convencionais Use a simbologia consagrada. 
Se você precisar escrever a fórmula química de um produto, escreva da 
maneira convencional,mesmo que você não seja químico. Não tente 
inovar. Se você apresenta fórmulas matemáticas, escreva da maneira 
correta.Para isso, observe livros da área. De qualquer modo, cabem 
algumas observações.Primeiro, as fórmulas matemáticas devem ser 
destacadas,para facilitar a leitura. Toda letra que representa número deve 
ser escrita em itálico. Use, se possível, tipos menores para indicar índices 
e expoentes. Os números e os operadores (comolim para limite, log para 
logaritmo decimal) não devem ser escritos em itálico. Se você precisar 
escrever várias fórmulas e equações, numere-ás com números arábicos 
consecutivos, escritos entre parênteses, na mesma linha da fórmula, e na 
margem à direita da página. Veja o exemplo:logY = bo + b, x +bz xz 
(1)Se você usa computador, lembre de informar o nome do programa, ou 
o centro que o utiliza, ou o nome de quem fez o programa. Se você é o 
autor do programa, coloque uma copiado programa no 
Apêndice.Finalmente, quem escreve uma tese enfrenta questões técnicas 
de toda ordem. Um bom costume é esclarecer as dúvidas com 
profissionais da área. É por isso que os cursos de mestrado e doutorado 
são ministrados em universidades. Se você souber improvisar, ótimo! 
Mas não se transforme em charlatão.5AS OUTRAS PARTES De acordo 
com a ABNT3l, uma tese tem, além da parte de texto - que está discutida 
no Capítulo 2 deste livro - duas outras partes: a parte preliminar ou pré-
textual e a parte complementar ou pós-textual. É destas partes que trata 
este capítulo.5.1 - Parte preliminar A parte preliminar ou pré-textual, 
como diz o próprio nome,vem antes do texto. É formada por:Capa 
Página de guarda Página de rosto31'. A sigla ABNT significa Associação 
Brasileira de Normas Técnicas. A ABNT tem diversas publicações que 
visam normalizar documentos. Veja Associação Brasileira de Normas 
Técnicas -Apresentação de dissertações e teses: projeto 14: 02.02-
002185, l5pp.5g 
DedicatóriaAgradecimentosSumárioResumoSummary5.1.1 - Capa, 
página de rosto e página de guarda A capa da tese deve ser impressa em 
cartolina ou similar.Tanto a capa como a página de rosto devem conter os 
seguintes elementos:a) título, em caixa alta b) nome completo do autor, 
em caixa alta, mas em tipo menor do que o usado para o título.c) 
instituição em que a tese está sendo apresentada e grau pretendido.d) 
local e data da publicação.O nome do orientador pode ser colocado na 
capa. Mas- antes de tomar qualquer providência - consulte seu 
orientador. Aliás, ele é a pessoa certa para informar você sobre as normas 
internas da instituição32. De qualquer modo, confira as informações, 
olhando outras teses. E, apenas como exemplo,veja esta capa de tese a 
seguir.Em livros, a página de rosto é idêntica à capa. Mas nas teses a 
página de rosto pode exibir o nome do orientador, mês-32. Muitas 
instituições universitárias têm normas internas bem elaboradas. Veja, por 
exemplo: ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE 
QUEIROZ", piracicaba. Comissão de Pós-graduação. Normas para a 
elaboração de dissertações e teses. piracicaba, 1987.mo que não conste 
da capa. E você também pode colocar, na capa ou na página de rosto, sua 
qualificação profissional. Veja o exemplo dado em seguida.A8 
QUE8TÃO DA HETER,OCEDASTICIA NA COMPARAÇAODE 
DUAS MÉDIASP,ONALDO SEICHI WADA Orientador: Prof. Dr. atiraRanceis Nogueira Dissertação apresentada à Escola8uperior de 
Agricultura "Luiz de Queiroz", da Universidade de 8àoPaulo, para 
obtenção do título de Mestre em Agronomia, Área de Concentração em 
"Estatística e Experimentação Agronômica".PIRACICABA Estado de 
São Paulo - Brasil Abril, 1988AS OUTRAS PARTES 61Se você quiser, 
ou a instituição exigir, apresente a ficha catalográfica da sua tese no 
verso da página de rosto. Veja o exemplo. Para fazer essa ficha, consulte 
um bibliotecário. Mas não se esqueça: antes de imprimir a capa e a 
página de rosto,verifique as normas da instituição e fale com o seu 
orientador.Ficha catalográ8ca preparada pela Seção de Livros da Divisão 
de Biblioteca e Documentação - PCAP/USP Wada, Ronaldo 
SeichiW118q A questão da heterocedasticia na comparação de duas 
médias.Piracicaba, 1988.108p.Diss. (Mestre) - ESALQ Bibliografia.1. 
Estatística matemática 2. Inferência estatística I. Escola superior de 
Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba CDD 619.64A página de guarda 
é apenas uma página em branco que se intercala entre a capa e a página 
de rosto, por razões estéticas.Será útil para você escrever algumas 
palavras de próprio punho,caso queira oferecer um exemplar de sua tese 
a um professor,um colega, um amigo.5.1.2 - Dedicatória Todo autor pode 
dedicar seu trabalho a alguém. Os autores de tese geralmente fazem 
dedicatória, embora também exista quem não faça essa opção.Você pode 
dedicar sua tese a uma s6 pessoa da família.Por exemplo:"Para minha 
mãe".ou para várias. Por exemplo:62 "Para minha mulher, Helena, e para 
meus filhos,Carlos e Daniel".Reserve uma página inteira para a 
dedicatória. Se o texto for curto, coloque-o no terço inferior da página e 
ao lado direito,como mostra o esquema. Para meus pais Você pode 
redigir a dedicatória de maneira simples e direta, como nos exemplos, ou 
pode ser romântico, ou emocional. Mas evite dedicar sua tese a um 
número exagerado de pessoas:"Para meus pais, minha noiva, meus 
irmãos e minhas irmãs, meus cunhados e minhas cunhadas,meus 
sobrinhos e minhas sobrinhas".64 Também evite o gosto duvidoso:"Para 
minha mais fiel colaboradora e para os frutos dessa colaboração "E - 
sobretudo - não faça gracejos que não cabem:"A minhas mulheres e meus 
cachorros... "33 Você também pode dedicar sua tese a um mestre, um 
amigo, uma personalidade, ou mesmo às pessoas anônimas que ajudaram 
você, participando de sua pesquisa: "Aos bóias-frias da região de 
Piracicaba "Enfim, faça dedicatória se quiser e como quiser, mas -ao 
dedicar sua tese a alguém - lembre que o toureiro também dedica o touro 
para uma personalidade34. No entanto, a pessoa só se sente realmente 
homenageada se o touro é valente...5.1.3 – Agradecimentos
Os Agradecimentos não obedecem normas nem têm caráter científico. 
Mas devem obedecer ao bom senso. Se alguém ajudou você a fazer sua 
tese, deixe registrado seu agradecimento na própria tese. Como diz 
Umberto Ecco - o agradecimento,33. Quem cunhou a expressão foi Tarso 
de Castro, jornalista, em suas crônicas na imprensa diária.34. Esta 
comparação foi feita por A.J. Bachrach, que dedicou seu livro a três 
pessoas.Na dedicatória, ele escreve: "A tradição manda esperar até o 
meio da tourada para dedicar o touro à alguém na platéia. Saber-se-á 
assim se o touro é suficientemente bravo para ser ou não oferecido. 
Infelizmente, não é possível fazer isto com um livro e, desta forma,tomo 
este livro pelos chifres e o dedico a estimados amigos e colegas que me 
ensinaram a pesquisar: Murray Sidman Joel Greenspoon e Frank 
Banghart" In: BACHRACH, A.J. Introdução à pesquisa psicológica, São 
Paulo, Herder, 1969.AS OUTRAS PARTES 6Salém de mostrar que você 
é cortês, também mostra que você tem trânsito no meio acadêmico, 
conseguindo ajuda cá e lá...Faça agradecimento explícito para todas as 
pessoas que ajudaram você, em seu trabalho. Mas quem são essas 
pessoas?Bem, comece pelo seu orientador35, mas também não esqueça 
de agradecer empréstimo de equipamentos e doação de material. 
Tampouco esqueça de agradecer ajuda na coleta de dados,na condução de 
experimentos ou na interpretação de resultados.E agradeça qualquer tipo 
de ajuda financeira -como uma bolsa de estudos, por exemplo - além da 
ajuda de técnicos de labora-tório, bioteristas, datilógrafos e outros.Seja 
sempre específico em seus agradecimentos, isto é, não deixe parecer que 
uma pessoa, que ajudou você em determinada parte do trabalho, é 
responsável por todo o trabalho. Agradeça especificamente cada tipo de 
ajuda, cada idéia relevante, cada empréstimo significativo, porque 
agradecimento é um crédito que a pessoa pode usar na hora de apresentar 
currículo, por exemplo.E - se uma pessoa não ajudou - não agradeça. 
Ainda existe servilismo e muita bajulação no meio acadêmico, que levam 
alguns a agradecer, por escrito, o "exemplo edificante"ou a "abertura de 
horizontes" para aqueles que ocupam cargos importantes na 
universidade. Se o reitor ajudou você, agradeça;se não ajudou, para que 
comprometê-lo?E tome cuidado com a redação. Alguns agradecimentos 
são frios ou - até mesmo - insuficientes. Veja, por exemplo:"Agradeço ao 
João Ribeiro, pela coleta dos dados, e à Marisa Fontes, pela 
interpretação".Talvez você se pergunte: se o autor não coletou os dados 
nem os interpretou, o que é que ele fez? Bem, a tese poderia35. Nas teses 
defendidas no Brasil, os agradecimentos ao orientador chegam a ocupar 
toda uma página, ultrapassando o limite do razoável. Em outros países, 
no entanto, isto nem sempre ocorre. Aliás, Umberto Ecco recomenda não 
agradecer ao orientador -porque é obrigação dele orientar. Veja: ECCO, 
U. Op. cit.66 ser, por exemplo, de um estatístico, que usou os dados para 
mostrar um método de análise. Mesmo assim, o agradecimento é 
insuficiente. É muito difícil, para um estatístico, obter bons dados para 
uso próprio e é muito mais difícil conseguir quem os explique. Então, as 
pessoas que têm essa grandeza - de colocar dados à disposição de 
interessados ou ajudar na interpretação - decididamente merecem mais 
aplauso!Por outro lado, cuidado com os agradecimentos demasiado 
efusivos, que causam mal-estar a quem os recebe. Veja, por exemplo, 
este agradecimento:"Nossa gratidão eterna ao Prof. João da Silva, que 
nos encontrou perdida nas trevas da ignorância e, com seus 
conhecimentos profundos, nos guiou segura para a senda do saber".Para 
evitar mal-entendidos, mostre a frase que você escreveu registrando seus 
agradecimentos à pessoa citada, e peça opinião. Não arrisque amizade ou 
futura colaboração por inabilidade de escrita. E não use a seção de 
Agradecimentos para tratar emocionalmente seus problemas com a linha 
teórica do curso. Então não escreva:"Sou grato aos professores - mesmo 
àqueles que renegaram a ciência e se transformaram em freudianos de 
carteirinha... "36Por outro lado, lembre que a tese é um trabalho 
acadêmico e, como tal, deve ser tratada. Então o estilo deve ser 
objetivo,mesmo nos agradecimentos. Não interessa, a quem lê uma tese 
acadêmica, a vida pessoal de seu autor. Então não misture 
agradecimentos profissionais com questões pessoais. Não escreva,por 
exemplo:36. A expressão é do "analista de Bagé", personagem criado por 
Luis Fernando Veríssimo. Veja: VERÍSSIMO, L.F. "O depoimento do 
analista de Bagé". In: Veríssimo,L.F. A velhinha de Taubaté, Porto 
Alegre, L.P.M., 1983.AS OUTRAS PARTES 67"Ao Professor Carlos 
Aguiar agradeço a orientação deste trabalho e a minha esposa Amélia, 
que é a Amélia de verdade, agradeço o amor e a abnegação. "Ou 
ainda:"Ao professor Carlos Aguiar agradeço a orientação deste trabalho e 
aos meus companheiros

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