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E-BOOK Apontamentos sobre o Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019) @PARQUET_JURIDICO @PARQUET_JURIDICO 1 DIREITO PENAL 1) LEGÍTIMA DEFESA: • Incluiu o art. 25, parágrafo único, CP. art. 25, parágrafo único: Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. Apontamentos: Em minha opinião, o legislador apenas positivou uma forma específica de “legítima defesa de terceiros”, aquela que protege bens jurídicos alheios. Certo é que optou o legislador por conferir importante resguardo a atividade dos agentes de segurança pública. Lembrando que a agressão ao bem jurídico de terceiro deve ser atual ou iminente, bem como o agente de segurança pública deve valer-se dos meios necessários, utilizando-os moderadamente, sob pena de excesso, doloso ou culposo (intensivo ou extensivo). 2) PENA DE MULTA: • Alterou a redação do art. 51, CP. Redação Anterior Redação Atual Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. Apontamentos: @PARQUET_JURIDICO 2 Como se nota, a multa não paga será considerada dívida de valor. Não obstante, por tratar-se de espécie de pena, não perde o caráter penal, de modo que será executada perante o juízo da execução penal. Lembrando que, como cabe ao MP a promoção da ação penal pública (o que significa conduzi-la ao longo do processo de conhecimento e de execução, ou seja, buscar a condenação e, uma vez obtida esta, executá-la), cabe a este órgão a execução da multa penal perante o juízo da execução penal. Com essa alteração legislativa, fica a dúvida se ainda se aplica o entendimento exarado no INFO 927-STF no sentido de que a inércia do MP em propor a execução da multa no prazo de 90 dias enseja na possibilidade de a Fazenda Pública executá-la perante a Vara de Execuções Fiscais. 3) LIMITE MÁXIMO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE: • Alterou o art. 70, caput e §1º, CP. Redação Anterior Redação Atual Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos. § 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. § 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. Apontamentos: Sem maiores explicações, o legislador alterou o tempo máximo para cumprimento de penas privativas de liberdade de 30 para 40 anos. Lembrando que, em relação às contravenções penais, como não houve alteração, o tempo máximo de cumprimento da pena de prisão simples permanece em 05 anos. @PARQUET_JURIDICO 3 Ademais, a unificação da pena, como regra, se dá por questões de política criminal para se evitar o cumprimento de pena privativa de caráter perpétuo. Não obstante, não se pode olvidar da Súmula 715 STF: “A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução.” 4) LIVRAMENTO CONDICIONAL: • Alterou o inciso III do art. 83, CP. Redação Anterior Redação Atual Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; III - comprovado: a) bom comportamento durante a execução da pena; b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e @PARQUET_JURIDICO 4 V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir. d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto. IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir. Apontamentos: De modo simples, o legislador incluiu novos requisitos para a obtenção do livramento condicional, além dos anteriormente previstos. 5) EFEITOS DA CONDENAÇÃO: • Incluiu o art. 91-A, CP. Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens @PARQUET_JURIDICO 5 correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. § 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os bens: I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal. § 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio. § 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada. § 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada. § 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimespor organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de novos crimes. Apontamentos: Trata-se do instituto denominado pela doutrina de “confisco alargado”, hipótese de efeito secundário extrapenal da condenação. Recai somente nas hipóteses de condenação por crimes às quais a lei comine pena máxima superior a 06 anos de reclusão. Exemplo: Suponha- se que um prefeito, líder de uma organização criminosa, que ostenta uma vida de luxo, possuindo carros importados, “yachts”, mansões etc. – avaliados em R$ 50 milhões de reais - é preso e condenado pela prática de inúmeros crimes (ex.: corrupção passiva, concussão, homicídios, lavagem de capitais). O MP comprovou, na denúncia, que o condenado recebia R$ 15mil por mês de salário em razão do exercício do mandato e alugueis de imóveis como fonte extra de renda, bem como que, em @PARQUET_JURIDICO 6 virtude disso, poderia ter um patrimônio de R$ 1 milhão. Dessa forma poderá o magistrado decretar a perda de bens no equivalente a R$ 49 milhões. 6) CAUSAS IMPEDITIVA DA PRESCRIÇÃO: • Alterou o inciso II do art. 116, CP; • Incluiu os incisos III e IV ao art. 116, CP. Redação Anterior Redação Atual Causas impeditivas da prescrição Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. Causas impeditivas da prescrição Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II - enquanto o agente cumpre pena no exterior; III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o @PARQUET_JURIDICO 7 condenado está preso por outro motivo. Apontamentos: Em relação ao inciso II, o legislador apenas modificou “estrangeiro” por “exterior”. No que tange ao inciso III, fez bem o legislador ao positivar nova hipótese de causa impeditiva da prescrição para evitar recursos meramente protelatórios e inadmissíveis. Como se sabe, nos termos do art. 117, IV, CP, a prescrição é interrompida (zerando e voltando a correr novamente), pela última vez no curso do processo, com a publicação de sentença ou acórdão condenatórios recorríveis. Assim, caso o recorrente oponha embargos de declaração ou interponha recursos meramente protelatórios e inadmissíveis, não correrá a prescrição superveniente na pendência do julgamento destes. Na minha opinião, trata-se de um grande avanço para se evitar o que comumente ocorria na prática: a interposição de REsp. e RE. com fins meramente protelatórios com vistas a alcançar a consumação da prescrição superveniente e a consequente extinção da punibilidade do réu, uma vez que a prescrição superveniente continuava correndo e, com a morosidade do Judiciário, acabava se consumando. Por fim, nos termos do inciso IV, tendo em vista que, com a novel lei, o legislador positivou o “acordo de não persecução penal” no art. 28- A, CPP, não por outra razão previu nova hipótese de causa impeditiva da prescrição: enquanto não cumprido ou não rescindido o referido acordo, a prescrição não correrá. 7) ROUBO CIRCUNSTANCIADO: • Incluiu o inciso VII ao § 2º do art. 157, bem como o § 2º-B, CP. Redação Anterior Redação Atual Roubo Roubo @PARQUET_JURIDICO 8 Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego; VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego @PARQUET_JURIDICO 9 de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. Apontamentos: Finalmente o legislador corrigiu o “estrago” ocasionado pela Lei 13.654/2018, novatio legis in mellius, que não mais considerou majorado o roubo com emprego de arma branca. Agora, com a novel lei, não há mais duvidas. Felizmente, o emprego de arma branca terá sua pena majorada de 1/3 a ½. Lembrando que se trata de novatio legis in pejus, de modo que não retroagirá aos fatos praticados anteriormente. Além disso, o § 2º-B acrescentou nova hipótese de roubo majorado, implicando, também, em novatio legis in pejus. Isso porque, com a Lei 13.654/2018, como não foi feita qualquer diferenciação, o agente, ao empregar violência ou grave ameaça com o emprego de “arma de fogo”, seja de uso permitido ou proibido, tinha a sua pena aumentada em 2/3. Atualmente, terá a sua pena encrudescida (aplicada em dobro) caso se utilize de arma de fogo de uso restritivo ou proibido. 8) AÇÃO PENAL NO CRIME DE ESTELIONATO: • Incluiu o § 5º ao art. 171, CP. Art. 171, § 5º: Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: I - a Administração Pública, direta ou indireta; II - criança ou adolescente; III - pessoa com deficiência mental; ou IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. Apontamentos: @PARQUET_JURIDICO 10 Sem maiores delongas, o legislador tornou o estelionato, como regra, crime de ação penal publica condicionada à representação. Não obstante, excepcionalmente, a ação será pública incondicionada se a vítima for a Administração Pública, direta ou indireta; criança ou adolescente; pessoa com deficiência mental; ou maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. Não se pode olvidar que se trata de norma híbrida – norma de conteúdo de direito material e processual penal -, de modo que deverá retroagir para beneficiar o réu, pois mais benéfica. Ora, a representação traz consigo institutos extintivos da punibilidade, o que, em tese, se mostra benéfico ao réu. Anteriormenteà atual lei, não havia necessidade de representação (condição específica de procedibilidade) para o processamento do crime de estelionato, uma vez que a ação era pública incondicionada. Portanto, há que entenda que, nos casos de processos em curso, deve-se dar a oportunidade ao réu de representar, iniciando-se o prazo a partir da vigência da lei (ex.: prazo de 6 meses), sob pena de decadência e consequente extinção da punibilidade. Trata-se, portanto, de condição de prosseguibilidade. Por outro lado, outra parte da doutrina entende que, se a denúncia já tiver sido oferecida, por tratar-se de ato jurídico perfeito, não há se falar na necessidade de intimação para que o réu represente. No entanto, se a denúncia ainda não tiver sido oferecida, deve-se intimar o vítima para se manifestar acerca da representação ou aguardar o escoamento do prazo, cujo termo inicial é a vigência da lei. 9) CONCUSSÃO: • Alterou o preceito secundário do art. 316, CP. Redação Anterior Redação Atual Concussão Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou Concussão Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou @PARQUET_JURIDICO 11 antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Apontamentos: Como se nota, a novel Lei agravou a pena máxima abstratamente cominada ao delito de concussão. Anteriormente, a pena era fixada entre 02 e 08 anos de reclusão e multa. DIREITO PROCESSUAL PENAL 1) POSITIVAÇÃO DO SISTEMA ACUSATÓRIO: • Incluiu o art. 3º-A, CPP. art. 3º-A: O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação. Apontamentos: Como é sabido, a CF/88 adotou o Sistema Acusatório, em contraposição ao Sistema Inquisitorial. Desse modo, as funções de acusar e de defender são conferidas a partes distintas, sobrepondo-se um juiz imparcial e equidistante. Há, portanto, a separação das funções de acusar, defender e julgar. De mais a mais, a gestão da prova cabe precipuamente as partes. Na fase investigatória, o juiz só deve intervir quando provocado e desde que haja necessidade de intervenção judicial, sendo-lhe vedado agir de ofício. No curso do processo, tendo em vista que vigora o princípio da busca da verdade, o juiz possui certa iniciativa probatória, mas somente atuará de maneira subsidiária e complementar, não lhe sendo cabível substituir as partes. Tal entendimento privilegia a garantia da imparcialidade e do devido processo legal. Portanto, como se nota, o referido artigo apenas positivou o que já vinha sendo entendido pela doutrina pátria. @PARQUET_JURIDICO 12 2) PRORROGAÇÃO DO PRAZO DO INQUÉRITO POLICIAL: • Incluiu o art. 3º-B, § 2º. art. 3º-B, § 2º: Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada. Apontamentos: Não obstante haja prazos diferenciados na legislação especial para o encerramento do inquérito policial, o art. 10, CPP prevê que o inquérito policial deve ser concluído no prazo de 10 dias, em estando o indiciado preso. A novel Lei previu a possibilidade de se prorrogar esse prazo uma única vez por 15 dias, sob pena de relaxamento imediato da prisão, caso a investigação não for concluída nesse prazo fatal. Antes, como não havia previsão legal acerca da prorrogação, entendia a doutrina e a jurisprudência que a contagem do prazo para a conclusão do processo era global, e não individualizada. Assim, mesmo que houvesse um pequeno excesso de prazo na fase investigatória, seria possível uma pequena compensação na fase processual (ex.: se o inquérito foi concluído no prazo de 12 dias, a denúncia deveria ser oferecida no prazo de 03 dias). Todavia, se restasse caracterizado um excesso abusivo, não respaldado pelas circunstâncias do caso concreto, se impunha no relaxamento da prisão, sem prejuízo da continuidade da persecução criminal. Muito embora o legislador tenha optado por prever um prazo expresso e fatal, no atual sistema persecutório penal, conseguiria um delegado de polícia concluir um inquérito policial cujo objeto, por exemplo, é um estupro de vulnerável, no prazo total de 25 dias? A prisão cautelar do investigado estuprador deverá ser necessariamente relaxada por configurar constrangimento ilegal? Aguardemos as cenas dos próximos capítulos jurisprudenciais. Por fim, como se verá adiante, compete ao juiz das garantias decidir acerca dessa prorrogação (art. 3º-B, VIII, CPP). @PARQUET_JURIDICO 13 3) JUIZ DAS GARANTIAS: • Incluiu os arts. 3º-B a F, CPP. art. 3º-B: O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente: I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da Constituição Federal; II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o disposto no art. 310 deste Código; III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à sua presença, a qualquer tempo; IV - ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal; V - decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, observado o disposto no § 1º deste artigo; VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do disposto neste Código ou em legislação especial pertinente; VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral; VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo; IX - determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento; @PARQUET_JURIDICO 14 X - requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da investigação; XI - decidir sobre os requerimentos de: a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou de outras formas de comunicação; b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; c) busca e apreensão domiciliar; d) acesso a informações sigilosas; e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado; XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia; XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade mental; XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código; XV - assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em andamento; XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia; XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados durante a investigação; XVIII- outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo. Art. 3º-C: A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de menor potencial ofensivo, e cessa com @PARQUET_JURIDICO 15 o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste Código. § 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e julgamento. § 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução e julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias. § 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de antecipação de provas, que deverão ser remetidos para apensamento em apartado. § 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados na secretaria do juízo das garantias. Art. 3º-D: O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competências dos arts. 4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar no processo. Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo. Art. 3º-E: O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem periodicamente divulgados pelo respectivo tribunal. Art. 3º-F: O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, administrativa e penal. @PARQUET_JURIDICO 16 Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão. Apontamentos: Entendo que essa seja a mais polêmica inovação trazida pela Lei Anticrime. Como visto, o ordenamento jurídico brasileiro adotou o Sistema Acusatório. Nessa toada, a doutrina já vinha entendendo que o magistrado somente atuará na fase investigatória quando provocado e desde que haja a necessidade de intervenção judicial, sendo-lhe vedado agir de ofício, sob pena de violação a sua imparcialidade. Assim, nessa fase, o juiz atuará apenas como garante das regras do jogo, salvaguardando direitos e liberdades fundamentais. Nesse sentido, cabe ao juiz das garantias o controle da legalidade da investigação criminal e a salvaguarda dos direitos individuais, estando o rol de competência (meramente exemplificativo) previsto nos incisos do art. 3º-B, CPP. Como se nota, é precipuamente na fase pré-processual (investigativa) que entra a figura do juiz das garantias. Outrossim, com exceção dos crimes de menor potencial ofensivo, que possuem procedimento próprio previsto na Lei 9.099, a competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais. Ainda, como se depreende do art. 3º-C, CPP, a sua competência se inicia na fase investigatória (pré-processual), quando esta demandar intervenção judicial, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa (que, de acordo com o art. 3º-C, XIV, CPP, compete ao próprio juiz das garantias). Nesse diapasão, em miúdos, haverá 02 juízes: o primeiro atuará na fase investigatória (juiz de garantias); o segundo, na fase processual (juiz da instrução e julgamento). Importante notar que, nos termos do art. 3º-C, §2º, CPP, em observância à independência funcional, as decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução e julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias. @PARQUET_JURIDICO 17 Em relação ao art. 3º-D, caput, CPP, creio que o legislador se confundiu ao fazer remissão aos artigos 4º e 5º do CPP, uma vez que não faz qualquer sentido. A meu ver, a intenção do legislador é no sentido de que o juiz das garantias (que atua na fase investigatória) que praticar qualquer ato judicial nesta fase, ficará impedido de atuar na fase processual. Ora, como sabido, até então, a prática de ato jurisdicional na fase investigatória (ex.: autorização judicial para a decretação de uma interceptação telefônica) o tornava prevento para o julgamento da futura ação penal. Ou seja, a ideia do legislador é fixar um juiz para a fase investigatória e um para a fase processual, com funções distintas. Ademais, entendo ser o art. 3º-D, parágrafo único, CPP, juntamente com o seu caput, um dos mais polêmicos da Lei Anticrime. Ora, é notório que na maioria das comarcas brasileiras funcionam apenas 01 (um) magistrado (as vezes um magistrado é responsável por duas ou mais comarcas). Dessa forma, haverá uma enorme dificuldade para a implementação prática da presente lei, tendo em vista a realidade do Judiciário brasileiro, ainda mais com uma lei que prevê um prazo de vacatio legis de 30 dias. Ademais, depreende-se do art. 3º-D, CPP, que os órgãos judiciários deverão criar normas para a implementação da atuação do juiz de garantias, bem como do juiz da instrução e julgamento. Por fim, é importante salientar que o art. 3º-F, CPP, em um viés extremamente garantista, visa a reprimir a condenação social do preso, normalmente irreparável e que carece de observância do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório. 4) INVESTIGAÇÃO CRIMINAL EM FACE DOS AGENTES DE SEGURANÇA PÚBLICA: • Incluiu o art. 14-A, CPP. Art. 14-A: Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações @PARQUET_JURIDICO 18 dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor. § 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. § 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do investigado. § 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem. Apontamentos: Como se percebe, trate-se de regulamentação dos procedimentos investigatórios em face dos agentes de segurança pública quando estes estirem sendo investigados por fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações de excludentes de ilicitude.Nota-se que o legislador deu especial importância à possibilidade de o indiciado, ao ser citado da instauração de procedimento investigatório, constituir defensor. Será que irá reiniciar a discussão acerca do caráter inquisitorial das investigações, como ocorreu com a previsão do Estatuto da OAB? 5) ARQUIVAMENTO DOS PROCEDIMENTOS INVESTIGATÓRIOS CRIMINAIS: • Alterou o “famoso” art. 28, CPP. @PARQUET_JURIDICO 19 Redação Anterior Redação Atual Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei. § 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. § 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial. Apontamentos: Trata-se, a meu ver, de importante alteração, fortalecendo ainda mais o sistema acusatório. O arquivamento da investigação criminal deixou de ser um ato complexo, que envolvia requerimento fundamentado pelo MP e posterior decisão da autoridade judiciária @PARQUET_JURIDICO 20 competente. Como se pode notar, passou a ser um ato composto, uma vez que é arquivado pelo próprio órgão do MP e submetido a homologação pelo seu órgão de revisão (no âmbito dos Ministérios Públicos Estaduais esse órgão é o Conselho Superior – CSMP). Uma das implicações práticas dessa mudança é que, como a decisão de arquivamento não se subordinará a uma apreciação judicial, qualquer que seja o fundamento, não se submeterá aos efeitos da coisa julgada – formal ou material - que outrora se submetia. Seria possível, então, o desarquivamento da investigação a qualquer momento enquanto não prescrito o delito? Ato contínuo, a novel lei previu a possibilidade de a vítima recorrer da decisão de arquivamento. Como se sabe, até então, não havia, como regra, a possibilidade de recurso contra a decisão judicial que determinava o arquivamento do inquérito policial, salvo nos casos de crimes contra a economia popular ou contra a saúde pública, hipótese em que há previsão legal de recurso de oficio; no caso das contravenções penais do jogo do bicho e de corrida de cavalos fora do hipódromo, em que há previsão legal de RESE; bem como na hipótese de arquivamento de investigação por parte do PGJ, em que caberá pedido de revisão ao Colégio de Procuradores (art. 12, XI, Lei 8.625). Por fim, convém ressaltar que a inovação não afasta totalmente o magistrado do controle da investigação criminal, uma vez que é possível o seu encerramento anômalo (trancamento), normalmente por meio de habeas corpus, quando a sua instauração configurar evidente constrangimento ilegal sofrido pelo investigado nas hipóteses de atipicidade formal ou material da conduta delituosa; presença de causa extintiva da punibilidade; e instauração de investigação criminal em crime de ação penal privada ou pública condicionada à representação, sem prévio requerimento do ofendido ou de seu representante legal. Desse modo, nos termos do art. 3º-B, IX e XII, CPP, compete ao juiz de garantias determinar o seu trancamento. 6) ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL: • Incluiu o art. 28-A, CPP. Nesse ponto, permita-me fazer uma tabela comparativa com o art. 18, Res. 181, CNMP. @PARQUET_JURIDICO 21 Art. 18, Res. 181, CNMP Art. 28-A, CPP Art. 18. Não sendo o caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor ao investigado acordo de não persecução penal quando, cominada pena mínima inferior a 4 (quatro) anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça a pessoa, o investigado tiver confessado formal e circunstanciadamente a sua prática, mediante as seguintes condições, ajustadas cumulativa ou alternativamente: I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, salvo impossibilidade de fazê-lo; II – renunciar voluntariamente a bens e direitos, indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; III – prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito, diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo Ministério Público; IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Código Penal, a entidade pública ou de interesse social a ser indicada pelo Ministério Público, devendo a prestação ser destinada preferencialmente Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente: I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. @PARQUET_JURIDICO 22 àquelas entidades que tenham como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; V – cumprir outra condição estipulada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal aparentemente praticada. § 1º Não se admitirá a proposta nos casos em que: I – for cabível a transação penal, nos termos da lei; II – o dano causado for superior a vinte salários mínimos ou a parâmetro econômico diverso definido pelo respectivo órgão de revisão, nos termos da regulamentação local; III – o investigado incorra em alguma das hipóteses previstas no art. 76, § 2º, da Lei nº 9.099/95; IV – o aguardo para o cumprimento do acordo possa acarretar a prescrição da pretensão punitiva estatal; V – o delito for hediondo ou equiparado e nos casos de incidência da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006; VI – a celebração do acordo não atender ao que seja necessário e 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. § 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo,serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto. § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses: I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas; @PARQUET_JURIDICO 23 suficiente para a reprovação e prevenção do crime. § 2º A confissão detalhada dos fatos e as tratativas do acordo serão registrados pelos meios ou recursos de gravação audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações, e o investigado deve estar sempre acompanhado de seu defensor. § 3º O acordo será formalizado nos autos, com a qualificação completa do investigado e estipulará de modo claro as suas condições, eventuais valores a serem restituídos e as datas para cumprimento, e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e seu defensor. § 4º Realizado o acordo, a vítima será comunicada por qualquer meio idôneo, e os autos serão submetidos à apreciação judicial. § 5º Se o juiz considerar o acordo cabível e as condições adequadas e suficientes, devolverá os autos ao Ministério Público para sua implementação. § 6º Se o juiz considerar incabível o acordo, bem como inadequadas ou insuficientes as condições celebradas, fará remessa dos autos ao procurador-geral ou órgão superior interno responsável por sua apreciação, nos termos da III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. § 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor. § 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade. § 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor. @PARQUET_JURIDICO 24 legislação vigente, que poderá adotar as seguintes providências: I – oferecer denúncia ou designar outro membro para oferecê-la; II – complementar as investigações ou designar outro membro para complementá-la; III – reformular a proposta de acordo de não persecução, para apreciação do investigado; IV – manter o acordo de não persecução, que vinculará toda a Instituição. § 7º O acordo de não persecução poderá ser celebrado na mesma oportunidade da audiência de custódia. § 8º É dever do investigado comunicar ao Ministério Público eventual mudança de endereço, número de telefone ou e-mail, e comprovar mensalmente o cumprimento das condições, independentemente de notificação ou aviso prévio, devendo ele, quando for o caso, por iniciativa própria, apresentar imediatamente e de forma documentada eventual justificativa para o não cumprimento do acordo. § 9º Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo ou não observados os deveres do parágrafo anterior, no prazo e nas condições estabelecidas, o § 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal. § 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo. § 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia. § 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu descumprimento. § 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia. § 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não @PARQUET_JURIDICO 25 membro do Ministério Público deverá, se for o caso, imediatamente oferecer denúncia. § 10 O descumprimento do acordo de não persecução pelo investigado também poderá ser utilizado pelo membro do Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo. § 11 Cumprido integralmente o acordo, o Ministério Público promoverá o arquivamento da investigação, nos termos desta Resolução. § 12 As disposições deste Capítulo não se aplicam aos delitos cometidos por militares que afetem a hierarquia e a disciplina. § 13 Para aferição da pena mínima cominada ao delito, a que se refere o caput, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto. oferecimento de suspensão condicional do processo. § 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo. § 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a extinção de punibilidade. § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código. Apontamentos: Pequenos detalhes foram alterados com a novel lei (vide negrito e sublinhado). Além disso, como se nota: não se previu a possibilidade de celebração do acordo de não persecução na mesma oportunidade da audiência de custódia; não vedou-se expressamente a possibilidade de celebração do acordo no caso de crimes hediondos ou equiparados; a indicação do local a ser cumprida a prestação de serviços a comunidade e da destinação da pena pecuniária à entidade publica será feita pelo juízo da execução penal (e não pelo MP); diferentemente do que prevê a Res. 181, a qual veda o acordo no casos em que o dano @PARQUET_JURIDICO 26 causado for superior a vinte salários mínimos ou a parâmetro econômico diverso definido pelo respectivo órgão de revisão, nos termos da regulamentação local, a novel lei não traz essa vedação; diferentemente da Res. 181, que remeteu as hipóteses do 76, § 2º, da Lei nº 9.099/95, o legislador foi mais claro ao vedar o acordo se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas. A dúvida fica em relação a exceção: o que são infrações penais insignificantes? No conceito técnico de direito penal seriam fatos atípicos por ausência de tipicidade material, o que, a meu ver, não é o caso. Assim, o legislador se expressou de maneira atécnica. A novel lei também incluiu como vedação ao acordo ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo, ao passo que a Res. 181 se refere tão somente à transação penal. Ademais, o legislador foi omisso em relação à vedação prevista Res. 181: “o aguardo para o cumprimento do acordo possa acarretar a prescrição da pretensãopunitiva estatal”. Ora, essa omissão foi voluntária, uma vez que, como já comentado, fora introduzida nova hipótese de impedimento da prescrição no art. 116, IV, CP: “Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal. Previu expressamente a necessidade de, para a homologação do acordo de não persecução penal, a realização de audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade. Diferentemente do que prevê a Res. 181, que dispõe que, se o juiz considerar incabível o acordo, bem como inadequadas ou insuficientes as condições celebradas, fará remessa dos autos ao procurador-geral ou órgão superior interno responsável por sua apreciação, nos termos da legislação vigente, que poderá adotar as seguintes providências: oferecer denúncia ou designar outro membro para oferecê-la; complementar as investigações ou designar outro membro para complementá-la; reformular a proposta de acordo de não persecução, para apreciação do investigado, a novel lei estabelece que se devolverá @PARQUET_JURIDICO 27 os autos ao MP para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor. 7) COISAS APREENDIDAS NÃO RESTITUÍDAS: • Alterou os arts. 122 e 133, CPP e revogou o parágrafo único do art. 122, CPP. Redação Anterior Redação Atual Art. 122. Sem prejuízo do disposto nos arts. 120 e 133, decorrido o prazo de 90 dias, após transitar em julgado a sentença condenatória, o juiz decretará, se for caso, a perda, em favor da União, das coisas apreendidas (art. 74, II, a e b do Código Penal) e ordenará que sejam vendidas em leilão público. Parágrafo único. Do dinheiro apurado será recolhido ao Tesouro Nacional o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé. Art. 122. Sem prejuízo do disposto no art. 120, as coisas apreendidas serão alienadas nos termos do disposto no art. 133 deste Código. Parágrafo único. (Revogado). Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão público. Parágrafo único. Do dinheiro apurado, será recolhido ao Tesouro Nacional o que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé. Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do interessado ou do Ministério Público, determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão público cujo perdimento tenha sido decretado. § 1º Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres públicos o @PARQUET_JURIDICO 28 que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé. § 2º O valor apurado deverá ser recolhido ao Fundo Penitenciário Nacional, exceto se houver previsão diversa em lei especial. Apontamentos: Como se nota das alterações, o valor apurado será recolhido ao Fundo Penitenciário Nacional, exceto se houver previsão diversa em lei especial (e não mais ao Tesouro Nacional). Observa-se, ainda, que a novel lei não previu o prazo de 90 dias, contados do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, para a decretação do perdimento de bens. Além disso, previu expressamente a possibilidade de o MP requerer ao juiz a avaliação e a venda dos bens em leilão público. • Incluiu o art. 124-A, CPP. Art. 124-A: Na hipótese de decretação de perdimento de obras de arte ou de outros bens de relevante valor cultural ou artístico, se o crime não tiver vítima determinada, poderá haver destinação dos bens a museus públicos. Apontamentos: Trata-se de nova hipótese de destinação específica a museus públicos, nos casos de perdimento de obras de arte e outros bens de relevante valor cultural ou artístico. • Incluiu o 133-A, CPP. Art. 133-A. O juiz poderá autorizar, constatado o interesse público, a utilização de bem sequestrado, apreendido ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos órgãos de segurança pública previstos no art. 144 da Constituição Federal, do sistema prisional, do sistema @PARQUET_JURIDICO 29 socioeducativo, da Força Nacional de Segurança Pública e do Instituto Geral de Perícia, para o desempenho de suas atividades. § 1º O órgão de segurança pública participante das ações de investigação ou repressão da infração penal que ensejou a constrição do bem terá prioridade na sua utilização. § 2º Fora das hipóteses anteriores, demonstrado o interesse público, o juiz poderá autorizar o uso do bem pelos demais órgãos públicos. § 3º Se o bem a que se refere o caput deste artigo for veículo, embarcação ou aeronave, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou ao órgão de registro e controle a expedição de certificado provisório de registro e licenciamento em favor do órgão público beneficiário, o qual estará isento do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores à disponibilização do bem para a sua utilização, que deverão ser cobrados de seu responsável. § 4º Transitada em julgado a sentença penal condenatória com a decretação de perdimento dos bens, ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé, o juiz poderá determinar a transferência definitiva da propriedade ao órgão público beneficiário ao qual foi custodiado o bem. Apontamentos: Em relação ao § 4º, trata-se de hipótese de destinação específica de perdimento de bens em prol do órgão públicos beneficiário ao qual foi custodiado o bem nos termos do art. 133-A, CPP. Lembrando que deve ser observado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé. 8) DESCONTAMINAÇÃO DO JULGADO: • Incluiu o art. 157, § 5º, CPP. Art. 157, § 5º, CPP: O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão. Apontamentos: @PARQUET_JURIDICO 30 O objetivo do dispositivo é evitar que o juiz que tenha contato com a prova ilícita venha a julgar o caso, pois não possui isenção de ânimo suficiente para apreciar o caso concreto com a imparcialidade que dele se espera. É o que se denomina “descontaminação do julgado”. Ocorre que, anteriormente, a literalidade desse dispositivo foi introduzida pela Lei 11. 690/2008 que incluiu o § 4º do art. 157, CPP. Todavia, tal parágrafo fora vetado pelo Presidente da República e, a meu ver, com razão. Primeiramente, pois pode causar transtornos razoáveis ao andamento processual ao obrigar que o juiz que fez toda a instrução processual deva ser, eventualmente, substituído por um outro que nem sequer conhece o caso, bem como vai de encontro à celeridade e simplicidade processual que se espera. Além disso, pode estimular uma burla ao princípio do juiz natural, no sentido de que é possível que as partes controlem a competência do feito (ex.: a parte, não estando satisfeita com a atuação do magistrado, pode “plantar” uma prova ilícita pra afastá-lo feito). Como se nota, dessa vez o dispositivo não foi vetado. 9) CADEIA DE CUSTÓDIA: • Incluiu os arts. 158-A a 158-F, CPP. Art. 158-A, CPP: Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. § 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio. § 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da prova pericial fica responsável por sua preservação. @PARQUET_JURIDICO 31 § 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal. Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes etapas: I - reconhecimento: ato de distinguirum elemento como de potencial interesse para a produção da prova pericial; II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime; III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo atendimento; IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas características e natureza; V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento; VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas características originais, bem como o controle de sua posse; VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu; VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a metodologia adequada às suas características @PARQUET_JURIDICO 32 biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito; IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a ser processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao número do laudo correspondente; X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial. Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a realização de exames complementares. § 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal responsável por detalhar a forma do seu cumprimento. § 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua realização. Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela natureza do material. § 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte. § 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para registro de informações sobre seu conteúdo. § 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e, motivadamente, por pessoa autorizada. @PARQUET_JURIDICO 33 § 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como as informações referentes ao novo lacre utilizado. § 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente. Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal. § 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que não interfiram nas características do vestígio. § 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas, consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam. § 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso. § 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a data e horário da ação. Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de custódia, devendo nela permanecer. Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de depósito do referido material em local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de natureza criminal. Apontamentos: @PARQUET_JURIDICO 34 Os referidos artigos instituíram e regulamentaram a chamada “cadeia de custódia”, que nada mais é do que o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento (ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção da prova pericial) até o descarte (procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial). Outrossim, todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal. Ademais, trouxe o conceito de “vestígios”: todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal. 10) MEDIDAS CAUTELARES: • Manteve o art. 282, caput, CPP. Redação Anterior Redação Atual Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. @PARQUET_JURIDICO 35 Apontamentos: O caput do art. 282, CPP, que trata de um dos pressupostos das medidas cautelares – o periculum libertatis –, se manteve. Como se sabe, para se decretar uma medida cautelar, mister se faz a presença do fumus comissi delicti e do periculum libertatis (ou periculum in mora). O primeiro é a plausibilidade do direito de punir, ou seja, a plausibilidade de que se trata de um fato criminoso, constatada por meio de elementos de informação que confirmem a presença da prova da materialidade e de indícios de autoria do delito. O segundo, no tocante às medidas cautelares de naturezareal (ex.: sequestro e arresto), fala-se em periculum in mora, pois a demora da prestação jurisdicional possibilitaria a dilapidação do patrimônio do acusado. Em se tratando de medidas cautelares de natureza pessoal, notadamente a prisão preventiva, fala-se em periculum libertatis, a ser compreendida como o perigo concreto que a permanência do suspeito em liberdade acarreta para a investigação criminal, para o processo penal, para a efetividade do direito penal ou para a segurança social. Assim, analisa-se o periculum libertatis com base nos arts. 282 e 312, CPP. • Alterou o § 2o do art. 282, CPP. Redação Anterior Redação Atual § 2o As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público. § 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público. Apontamentos: Mais uma vez fortalecendo o sistema acusatório, a novel lei afastou a possibilidade de concessão de medidas cautelares de ofício pelo juiz, seja no curso da investigação (o que já era incabível), seja no curso da ação penal. Desse modo, mesmo no curso da ação penal, a @PARQUET_JURIDICO 36 concessão de medidas cautelares requer prévio requerimento das partes, não podendo o juiz concedê-las de ofício. De todo modo, fato é que as medidas cautelares se submetem ao princípio da jurisdicionalidade (ou princípio tácito ou implícito da individualização das medidas cautelares), ou seja, a sua decretação está condicionada à manifestação fundamentada do juiz, que deve indicar de maneira fundamentada, com base em elemento concretos existentes nos autos, a necessidade da medida. • Alterou o § 3o do art. 282, CPP. Redação Anterior Redação Atual § 3o Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo. § 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de perigo deverão ser justificados e fundamentados em decisão que contenha elementos do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional. Apontamentos: A novel lei frisou a excepcionalidade de se afastar a observância do contraditório prévio à concessão de medida cautelar. Portanto, permanece a regra de que, ao receber o pedido de medida cautelar, o juiz determinará a intimação da parte contrária para se manifestar (contraditório prévio e real). Não obstante, não se pode olvidar que o contraditório será diferido nos casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, @PARQUET_JURIDICO 37 devendo estas hipóteses excepcionais serem justificadas e fundamentadas de acordo com o caso concreto. • Alterou o § 4o do art. 282, CPP. Redação Anterior Redação Atual § 4o No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único). § 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 deste Código. Apontamentos: Mais uma vez, privilegiando o sistema acusatório, a novel lei retirou a possibilidade de o magistrado agir de ofício. Assim, no caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz somente poderá substituir a medida (obviamente por outra mais gravosa), impor outra em cumulação ou decretar a prisão preventiva mediante requerimento do MP, seu assistente ou do querelante. Não se pode olvidar que deve ser assegurado ao acusado, como regra, o contraditório prévio, nos termos do art. 282, § 3º, CPP. • Alterou o § 5o do art. 282, CPP. Redação Anterior Redação Atual § 5o O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como § 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como @PARQUET_JURIDICO 38 voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. Apontamentos: Como se sabe, as medidas cautelares são baseadas na cláusula “rebus sic stantibus”. Assim, podem ser revogadas ou substituídas quando não mais presentes os motivos que a ensejaram, ou renovadas se acaso sobrevierem razões que a justifiquem. Diferentemente dos anteriores, nesse dispositivo, a alteração privilegiou a atuação do magistrado, que poderá de ofício analisar se a medida cautelar pode ser revogada ou substituída, bem como novamente decretada. Entendo que a ideia do legislador foi a seguinte: em um primeiro momento (seja na fase investigatória ou processual), para que o juiz decrete uma medida cautelar é necessário prévio requerimento das partes ou da autoridade policial (não podendo o magistrado decretá-la de ofício). Assim, uma vez havendo essa manifestação prévia e decretada a medida, o juiz poderá agir de ofício para revogá-la, substituí-la e, tendo sido revogada, novamente decretá- la, pois já houve, no momento inicial, provocação do juízo. Portanto, cabe ao magistrado a análise da falta de motivo para a subsistência da medida cautelar, bem como de novas razões que justifiquem novamente a decretação. Assim, desparecido o suporte fático legitimador da medida, consubstanciado pelo fumus comissi delicti e pelo periculum libertatis, deve o magistrado, inclusive de ofício, revogar a constrição. Exemplificando, encerrada a instrução criminal, se o juiz passa a ter dúvidas quanto à própria existência do crime, tem-se que o fumus comissi delicti deixou de existir. Impõe-se, pois, a revogação da custódia preventiva. Por fim, se depreende do art. 3º-B, VI, CPP, que compete ao juiz das garantias a substituição ou revogação da medida cautelar anteriormente imposta se a persecução penal ainda se encontrar na fase investigativa. • Alterou o § 6o do art. 282, CPP. Redação Anterior Redação Atual @PARQUET_JURIDICO 39 § 6o A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar (art. 319). § 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada. Apontamentos: A novel lei apenas reforçou o caráter excepcional e subsidiário da prisão preventiva, sendo esta considerada ultima ratio, privilegiando-se a utilização de medidas cautelares diversas da prisão. Somente quando estas não forem cabíveis é que será possível a decretação da prisão preventiva, devendo esta decisão ser devidamente fundamentada, de acordo com os elementos do caso concreto, de forma individualizada (princípio da jurisdicionalidade). 11) PRISÃO: • Alterou o art. 283, CPP. Redação Anterior RedaçãoAtual Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado. @PARQUET_JURIDICO 40 virtude de prisão temporária ou prisão preventiva. Apontamentos: Sem adentrar ao debate acerca do princípio da presunção de inocência e da execução provisória da pena, como se observa, a novel lei manteve o entendimento que já constava, apenas invertendo a ordem do enunciado. 12) PRISÃO NOS CRIMES INAFIANÇÁVEIS: • Alterou o art. 287, CPP. Redação Anterior Redação Atual Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará à prisão, e o preso, em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado. Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará a prisão, e o preso, em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado, para a realização de audiência de custódia. Apontamentos: Não houve alteração substancial do artigo. O que a novel lei fez foi apenas frisar a necessidade de apresentação do preso por crime inafiançável ao juiz para realização da audiência de custódia. Na verdade, ao meu ver, o novo dispositivo encerra a discussão acerca da necessidade ou não de realização de audiência de custódia também nos casos de prisões cautelares. Como se nota da redação do dispositivo, o juiz que determinou a expedição do mandado de prisão cautelar deverá realizar a audiência de custódia do preso. 13) AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA: @PARQUET_JURIDICO 41 • Alterou o art. 310, CPP; • Incluiu os §§ 1º a 4º, CPP. Redação Anterior Redação Atual Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: I - relaxar a prisão ilegal; ou II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação. Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: I - relaxar a prisão ilegal; ou II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder @PARQUET_JURIDICO 42 ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de revogação. § 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. § 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão. § 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva. Apontamentos: Percebe-se que em relação ao caput e ao §1º não houve alterações relevantes: o legislador apenas “positivou” a audiência de custódia e estabeleceu o prazo máximo de 24h, contados da realização da prisão, para que seja realizada. @PARQUET_JURIDICO 43 Importantes inovações foram feitas nos §§2º a 4º. O §2º, em minha opinião previu hipótese de prisão “ex lege”, ou seja, aquela imposta por lei, o que importará em discussão acerca de sua constitucionalidade pelo STF. Ora, segundo a novel lei, o juiz, na audiência de custódia, ao verificar que o agente é reincidente, que integra organização criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. Portanto, interpretando o dispositivo, nesses casos, o juiz obrigatoriamente converterá a prisão em flagrante em preventiva. Como se sabe, o STF já tem entendimento no sentido da inconstitucionalidade de norma prevista no art. 44, Lei de Drogas (Lei 11.343/2006) que veda a concessão de liberdade provisória a presos acusados de tráfico. A decisão foi tomada pelo Plenário Virtual no Recurso Extraordinário (RE) 1038925, com repercussão geral reconhecida. Em maio de 2012, no julgamento do Habeas Corpus (HC) 104339, o Plenário do STF já havia declarado, incidentalmente, a inconstitucionalidade da expressão “liberdade provisória” do artigo 44 da Lei de Drogas. Com isso, o Supremo passou a admitir prisão cautelar por tráfico apenas se verificado, no caso concreto, a presença de algum dos requisitos do art. 312 do CPP (desde que admissível com base no art. 313, CPP). O §3º trata da responsabilidade do magistrado que deu causa, sem motivação idônea, à não realização de audiência de custódia. Nos termos do art. 3º-B, II, CPP, compete ao juiz das garantias a realização d audiência de custódia. Por fim, o §4º trata das consequências da não realização da audiência de custódia no prazo legal. Desse modo, se transcorridas 24h após o prazo máximo legalmente estipulado para a realização da audiência de custódia (24h contados da prisão), a sua não realização ensejará na ilegalidade da prisão, devendo ser relaxada pelo juiz competente. Não obstante o relaxamento da prisão em flagrante ante a sua ilegalidade, pode a autoridade, no mesmo ato, decretar a prisão preventiva se preenchidos os requisitos legais. 14) PRISÃO PREVENTIVA: • Alterou o art. 311, caput, CPP. @PARQUET_JURIDICO 44 Redação Anterior Redação Atual Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. Apontamentos: Assim como fez com o art. 282, § 2º, CPP (decretação de medidas cautelares em geral), o legislador, mais uma vez valorizou o sistema acusatório. Desse modo, tanto na fase da investigação quanto
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