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Apontamentos Lei 13 964-2019

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E-BOOK 
Apontamentos sobre o 
Pacote Anticrime (Lei nº 
13.964/2019) 
@PARQUET_JURIDICO 
 
 
@PARQUET_JURIDICO 1 
 
DIREITO PENAL 
1) LEGÍTIMA DEFESA: 
• Incluiu o art. 25, parágrafo único, CP. 
art. 25, parágrafo único: Observados os requisitos previstos 
no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o 
agente de segurança pública que repele agressão ou risco de 
agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. 
Apontamentos: 
Em minha opinião, o legislador apenas positivou uma forma 
específica de “legítima defesa de terceiros”, aquela que protege bens 
jurídicos alheios. Certo é que optou o legislador por conferir importante 
resguardo a atividade dos agentes de segurança pública. Lembrando 
que a agressão ao bem jurídico de terceiro deve ser atual ou iminente, 
bem como o agente de segurança pública deve valer-se dos meios 
necessários, utilizando-os moderadamente, sob pena de excesso, doloso 
ou culposo (intensivo ou extensivo). 
 
2) PENA DE MULTA: 
• Alterou a redação do art. 51, CP. 
Redação Anterior Redação Atual 
 Art. 51 - Transitada em julgado a 
sentença condenatória, a multa 
será considerada dívida de valor, 
aplicando-se-lhes as normas da 
legislação relativa à dívida ativa 
da Fazenda Pública, inclusive no 
que concerne às causas 
interruptivas e suspensivas da 
prescrição. 
Art. 51. Transitada em julgado a 
sentença condenatória, a multa 
será executada perante o juiz da 
execução penal e será 
considerada dívida de valor, 
aplicáveis as normas relativas à 
dívida ativa da Fazenda Pública, 
inclusive no que concerne às 
causas interruptivas e suspensivas 
da prescrição. 
Apontamentos: 
 
@PARQUET_JURIDICO 2 
 
Como se nota, a multa não paga será considerada dívida de 
valor. Não obstante, por tratar-se de espécie de pena, não perde o 
caráter penal, de modo que será executada perante o juízo da 
execução penal. Lembrando que, como cabe ao MP a promoção da 
ação penal pública (o que significa conduzi-la ao longo do processo de 
conhecimento e de execução, ou seja, buscar a condenação e, uma 
vez obtida esta, executá-la), cabe a este órgão a execução da multa 
penal perante o juízo da execução penal. 
Com essa alteração legislativa, fica a dúvida se ainda se aplica o 
entendimento exarado no INFO 927-STF no sentido de que a inércia do 
MP em propor a execução da multa no prazo de 90 dias enseja na 
possibilidade de a Fazenda Pública executá-la perante a Vara de 
Execuções Fiscais. 
 
3) LIMITE MÁXIMO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE: 
• Alterou o art. 70, caput e §1º, CP. 
Redação Anterior Redação Atual 
Art. 75 - O tempo de cumprimento 
das penas privativas de liberdade 
não pode ser superior a 30 (trinta) 
anos. 
§ 1º - Quando o agente for 
condenado a penas privativas de 
liberdade cuja soma seja superior 
a 30 (trinta) anos, devem elas ser 
unificadas para atender ao limite 
máximo deste artigo. 
Art. 75. O tempo de cumprimento 
das penas privativas de liberdade 
não pode ser superior a 40 
(quarenta) anos. 
§ 1º Quando o agente for 
condenado a penas privativas de 
liberdade cuja soma seja superior 
a 40 (quarenta) anos, devem elas 
ser unificadas para atender ao 
limite máximo deste artigo. 
Apontamentos: 
Sem maiores explicações, o legislador alterou o tempo máximo 
para cumprimento de penas privativas de liberdade de 30 para 40 anos. 
Lembrando que, em relação às contravenções penais, como não houve 
alteração, o tempo máximo de cumprimento da pena de prisão simples 
permanece em 05 anos. 
 
@PARQUET_JURIDICO 3 
 
Ademais, a unificação da pena, como regra, se dá por questões 
de política criminal para se evitar o cumprimento de pena privativa de 
caráter perpétuo. Não obstante, não se pode olvidar da Súmula 715 STF: 
“A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, 
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a 
concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou 
regime mais favorável de execução.” 
 
4) LIVRAMENTO CONDICIONAL: 
• Alterou o inciso III do art. 83, CP. 
Redação Anterior Redação Atual 
Art. 83 - O juiz poderá conceder 
livramento condicional ao 
condenado a pena privativa de 
liberdade igual ou superior a 2 
(dois) anos, desde que: 
I - cumprida mais de um terço da 
pena se o condenado não for 
reincidente em crime doloso e 
tiver bons antecedentes; 
II - cumprida mais da metade se o 
condenado for reincidente em 
crime doloso; 
III - comprovado comportamento 
satisfatório durante a execução 
da pena, bom desempenho no 
trabalho que lhe foi atribuído e 
aptidão para prover à própria 
subsistência mediante trabalho 
honesto; 
IV - tenha reparado, salvo efetiva 
impossibilidade de fazê-lo, o dano 
causado pela infração; 
Art. 83 - O juiz poderá conceder 
livramento condicional ao 
condenado a pena privativa de 
liberdade igual ou superior a 2 
(dois) anos, desde que: 
I - cumprida mais de um terço da 
pena se o condenado não for 
reincidente em crime doloso e 
tiver bons antecedentes; 
II - cumprida mais da metade se o 
condenado for reincidente em 
crime doloso; 
III - comprovado: 
a) bom comportamento durante a 
execução da pena; 
b) não cometimento de falta 
grave nos últimos 12 (doze) meses; 
c) bom desempenho no trabalho 
que lhe foi atribuído; e 
 
@PARQUET_JURIDICO 4 
 
V - cumpridos mais de dois terços 
da pena, nos casos de 
condenação por crime hediondo, 
prática de tortura, tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, 
tráfico de pessoas e terrorismo, se 
o apenado não for reincidente 
específico em crimes dessa 
natureza. 
Parágrafo único - Para o 
condenado por crime doloso, 
cometido com violência ou grave 
ameaça à pessoa, a concessão 
do livramento ficará também 
subordinada à constatação de 
condições pessoais que façam 
presumir que o liberado não 
voltará a delinquir. 
 
d) aptidão para prover a própria 
subsistência mediante trabalho 
honesto. 
IV - tenha reparado, salvo efetiva 
impossibilidade de fazê-lo, o dano 
causado pela infração; 
V - cumpridos mais de dois terços 
da pena, nos casos de 
condenação por crime hediondo, 
prática de tortura, tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, 
tráfico de pessoas e terrorismo, se 
o apenado não for reincidente 
específico em crimes dessa 
natureza. 
Parágrafo único - Para o 
condenado por crime doloso, 
cometido com violência ou grave 
ameaça à pessoa, a concessão 
do livramento ficará também 
subordinada à constatação de 
condições pessoais que façam 
presumir que o liberado não 
voltará a delinquir. 
Apontamentos: 
De modo simples, o legislador incluiu novos requisitos para a 
obtenção do livramento condicional, além dos anteriormente previstos. 
 
5) EFEITOS DA CONDENAÇÃO: 
• Incluiu o art. 91-A, CP. 
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei 
comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser 
decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens 
 
@PARQUET_JURIDICO 5 
 
correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do 
condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. 
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se 
por patrimônio do condenado todos os bens: 
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio e 
o benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos 
posteriormente; e 
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação 
irrisória, a partir do início da atividade criminal. 
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da 
incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio. 
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente 
pelo Ministério Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com 
indicação da diferença apurada. 
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da 
diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada. 
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimespor 
organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos em 
favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita a 
ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das 
pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser 
utilizados para o cometimento de novos crimes. 
Apontamentos: 
Trata-se do instituto denominado pela doutrina de “confisco 
alargado”, hipótese de efeito secundário extrapenal da condenação. 
Recai somente nas hipóteses de condenação por crimes às quais a lei 
comine pena máxima superior a 06 anos de reclusão. Exemplo: Suponha-
se que um prefeito, líder de uma organização criminosa, que ostenta 
uma vida de luxo, possuindo carros importados, “yachts”, mansões etc. – 
avaliados em R$ 50 milhões de reais - é preso e condenado pela prática 
de inúmeros crimes (ex.: corrupção passiva, concussão, homicídios, 
lavagem de capitais). O MP comprovou, na denúncia, que o condenado 
recebia R$ 15mil por mês de salário em razão do exercício do mandato 
e alugueis de imóveis como fonte extra de renda, bem como que, em 
 
@PARQUET_JURIDICO 6 
 
virtude disso, poderia ter um patrimônio de R$ 1 milhão. Dessa forma 
poderá o magistrado decretar a perda de bens no equivalente a R$ 49 
milhões. 
 
6) CAUSAS IMPEDITIVA DA PRESCRIÇÃO: 
• Alterou o inciso II do art. 116, CP; 
• Incluiu os incisos III e IV ao art. 116, CP. 
 
Redação Anterior Redação Atual 
Causas impeditivas da prescrição 
Art. 116 - Antes de passar em 
julgado a sentença final, a 
prescrição não corre: 
I - enquanto não resolvida, em 
outro processo, questão de que 
dependa o reconhecimento da 
existência do crime; 
II - enquanto o agente cumpre 
pena no estrangeiro. 
Parágrafo único - Depois de 
passada em julgado a sentença 
condenatória, a prescrição não 
corre durante o tempo em que o 
condenado está preso por outro 
motivo. 
 
Causas impeditivas da prescrição 
Art. 116 - Antes de passar em 
julgado a sentença final, a 
prescrição não corre: 
I - enquanto não resolvida, em 
outro processo, questão de que 
dependa o reconhecimento da 
existência do crime; 
II - enquanto o agente cumpre 
pena no exterior; 
III - na pendência de embargos de 
declaração ou de recursos aos 
Tribunais Superiores, quando 
inadmissíveis; e 
 
IV - enquanto não cumprido ou 
não rescindido o acordo de não 
persecução penal. 
Parágrafo único - Depois de 
passada em julgado a sentença 
condenatória, a prescrição não 
corre durante o tempo em que o 
 
@PARQUET_JURIDICO 7 
 
condenado está preso por outro 
motivo. 
Apontamentos: 
Em relação ao inciso II, o legislador apenas modificou 
“estrangeiro” por “exterior”. 
No que tange ao inciso III, fez bem o legislador ao positivar nova 
hipótese de causa impeditiva da prescrição para evitar recursos 
meramente protelatórios e inadmissíveis. Como se sabe, nos termos do 
art. 117, IV, CP, a prescrição é interrompida (zerando e voltando a correr 
novamente), pela última vez no curso do processo, com a publicação 
de sentença ou acórdão condenatórios recorríveis. Assim, caso o 
recorrente oponha embargos de declaração ou interponha recursos 
meramente protelatórios e inadmissíveis, não correrá a prescrição 
superveniente na pendência do julgamento destes. Na minha opinião, 
trata-se de um grande avanço para se evitar o que comumente ocorria 
na prática: a interposição de REsp. e RE. com fins meramente 
protelatórios com vistas a alcançar a consumação da prescrição 
superveniente e a consequente extinção da punibilidade do réu, uma 
vez que a prescrição superveniente continuava correndo e, com a 
morosidade do Judiciário, acabava se consumando. 
Por fim, nos termos do inciso IV, tendo em vista que, com a novel 
lei, o legislador positivou o “acordo de não persecução penal” no art. 28-
A, CPP, não por outra razão previu nova hipótese de causa impeditiva 
da prescrição: enquanto não cumprido ou não rescindido o referido 
acordo, a prescrição não correrá. 
 
7) ROUBO CIRCUNSTANCIADO: 
• Incluiu o inciso VII ao § 2º do art. 157, bem como o § 2º-B, CP. 
Redação Anterior Redação Atual 
Roubo Roubo 
 
@PARQUET_JURIDICO 8 
 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel 
alheia, para si ou para outrem, 
mediante grave ameaça ou 
violência a pessoa, ou depois de 
havê-la, por qualquer meio, 
reduzido à impossibilidade de 
resistência: 
Pena - reclusão, de quatro a dez 
anos, e multa. 
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 
(um terço) até metade: 
II - se há o concurso de duas ou 
mais pessoas; 
III - se a vítima está em serviço de 
transporte de valores e o agente 
conhece tal circunstância. 
IV - se a subtração for de veículo 
automotor que venha a ser 
transportado para outro Estado ou 
para o exterior; 
V - se o agente mantém a vítima 
em seu poder, restringindo sua 
liberdade. 
VI – se a subtração for de 
substâncias explosivas ou de 
acessórios que, conjunta ou 
isoladamente, possibilitem sua 
fabricação, montagem ou 
emprego. 
 
 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel 
alheia, para si ou para outrem, 
mediante grave ameaça ou 
violência a pessoa, ou depois de 
havê-la, por qualquer meio, 
reduzido à impossibilidade de 
resistência: 
Pena - reclusão, de quatro a dez 
anos, e multa. 
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 
(um terço) até metade: 
II - se há o concurso de duas ou 
mais pessoas; 
III - se a vítima está em serviço de 
transporte de valores e o agente 
conhece tal circunstância. 
IV - se a subtração for de veículo 
automotor que venha a ser 
transportado para outro Estado ou 
para o exterior; 
V - se o agente mantém a vítima 
em seu poder, restringindo sua 
liberdade. 
VI – se a subtração for de 
substâncias explosivas ou de 
acessórios que, conjunta ou 
isoladamente, possibilitem sua 
fabricação, montagem ou 
emprego; 
VII - se a violência ou grave 
ameaça é exercida com emprego 
de arma branca; 
§ 2º-B. Se a violência ou grave 
ameaça é exercida com emprego 
 
@PARQUET_JURIDICO 9 
 
de arma de fogo de uso restrito ou 
proibido, aplica-se em dobro a 
pena prevista no caput deste 
artigo. 
Apontamentos: 
Finalmente o legislador corrigiu o “estrago” ocasionado pela Lei 
13.654/2018, novatio legis in mellius, que não mais considerou majorado 
o roubo com emprego de arma branca. Agora, com a novel lei, não há 
mais duvidas. Felizmente, o emprego de arma branca terá sua pena 
majorada de 1/3 a ½. Lembrando que se trata de novatio legis in pejus, 
de modo que não retroagirá aos fatos praticados anteriormente. 
Além disso, o § 2º-B acrescentou nova hipótese de roubo 
majorado, implicando, também, em novatio legis in pejus. Isso porque, 
com a Lei 13.654/2018, como não foi feita qualquer diferenciação, o 
agente, ao empregar violência ou grave ameaça com o emprego de 
“arma de fogo”, seja de uso permitido ou proibido, tinha a sua pena 
aumentada em 2/3. Atualmente, terá a sua pena encrudescida 
(aplicada em dobro) caso se utilize de arma de fogo de uso restritivo ou 
proibido. 
 
8) AÇÃO PENAL NO CRIME DE ESTELIONATO: 
• Incluiu o § 5º ao art. 171, CP. 
Art. 171, § 5º: Somente se procede mediante representação, salvo se a 
vítima for: 
I - a Administração Pública, direta ou indireta; 
II - criança ou adolescente; 
III - pessoa com deficiência mental; ou 
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. 
Apontamentos: 
 
@PARQUET_JURIDICO 10 
 
Sem maiores delongas, o legislador tornou o estelionato, como 
regra, crime de ação penal publica condicionada à representação. Não 
obstante, excepcionalmente, a ação será pública incondicionada se a 
vítima for a Administração Pública, direta ou indireta; criança ou 
adolescente; pessoa com deficiência mental; ou maior de 70 (setenta) 
anos de idade ou incapaz. 
Não se pode olvidar que se trata de norma híbrida – norma de 
conteúdo de direito material e processual penal -, de modo que deverá 
retroagir para beneficiar o réu, pois mais benéfica. Ora, a representação 
traz consigo institutos extintivos da punibilidade, o que, em tese, se mostra 
benéfico ao réu. Anteriormenteà atual lei, não havia necessidade de 
representação (condição específica de procedibilidade) para o 
processamento do crime de estelionato, uma vez que a ação era 
pública incondicionada. Portanto, há que entenda que, nos casos de 
processos em curso, deve-se dar a oportunidade ao réu de representar, 
iniciando-se o prazo a partir da vigência da lei (ex.: prazo de 6 meses), 
sob pena de decadência e consequente extinção da punibilidade. 
Trata-se, portanto, de condição de prosseguibilidade. 
Por outro lado, outra parte da doutrina entende que, se a 
denúncia já tiver sido oferecida, por tratar-se de ato jurídico perfeito, não 
há se falar na necessidade de intimação para que o réu represente. No 
entanto, se a denúncia ainda não tiver sido oferecida, deve-se intimar o 
vítima para se manifestar acerca da representação ou aguardar o 
escoamento do prazo, cujo termo inicial é a vigência da lei. 
 
9) CONCUSSÃO: 
• Alterou o preceito secundário do art. 316, CP. 
Redação Anterior Redação Atual 
Concussão 
Art. 316 - Exigir, para si ou para 
outrem, direta ou indiretamente, 
ainda que fora da função ou 
Concussão 
Art. 316 - Exigir, para si ou para 
outrem, direta ou indiretamente, 
ainda que fora da função ou 
 
@PARQUET_JURIDICO 11 
 
antes de assumi-la, mas em razão 
dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito 
anos, e multa. 
antes de assumi-la, mas em razão 
dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 
(doze) anos, e multa. 
Apontamentos: 
Como se nota, a novel Lei agravou a pena máxima 
abstratamente cominada ao delito de concussão. Anteriormente, a 
pena era fixada entre 02 e 08 anos de reclusão e multa. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
1) POSITIVAÇÃO DO SISTEMA ACUSATÓRIO: 
• Incluiu o art. 3º-A, CPP. 
art. 3º-A: O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a 
iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação 
probatória do órgão de acusação. 
Apontamentos: 
Como é sabido, a CF/88 adotou o Sistema Acusatório, em 
contraposição ao Sistema Inquisitorial. Desse modo, as funções de acusar 
e de defender são conferidas a partes distintas, sobrepondo-se um juiz 
imparcial e equidistante. Há, portanto, a separação das funções de 
acusar, defender e julgar. De mais a mais, a gestão da prova cabe 
precipuamente as partes. Na fase investigatória, o juiz só deve intervir 
quando provocado e desde que haja necessidade de intervenção 
judicial, sendo-lhe vedado agir de ofício. No curso do processo, tendo 
em vista que vigora o princípio da busca da verdade, o juiz possui certa 
iniciativa probatória, mas somente atuará de maneira subsidiária e 
complementar, não lhe sendo cabível substituir as partes. Tal 
entendimento privilegia a garantia da imparcialidade e do devido 
processo legal. 
Portanto, como se nota, o referido artigo apenas positivou o que 
já vinha sendo entendido pela doutrina pátria. 
 
@PARQUET_JURIDICO 12 
 
 
2) PRORROGAÇÃO DO PRAZO DO INQUÉRITO POLICIAL: 
• Incluiu o art. 3º-B, § 2º. 
art. 3º-B, § 2º: Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, 
mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério 
Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 
(quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for 
concluída, a prisão será imediatamente relaxada. 
Apontamentos: 
Não obstante haja prazos diferenciados na legislação especial 
para o encerramento do inquérito policial, o art. 10, CPP prevê que o 
inquérito policial deve ser concluído no prazo de 10 dias, em estando o 
indiciado preso. A novel Lei previu a possibilidade de se prorrogar esse 
prazo uma única vez por 15 dias, sob pena de relaxamento imediato da 
prisão, caso a investigação não for concluída nesse prazo fatal. 
Antes, como não havia previsão legal acerca da prorrogação, 
entendia a doutrina e a jurisprudência que a contagem do prazo para a 
conclusão do processo era global, e não individualizada. Assim, mesmo 
que houvesse um pequeno excesso de prazo na fase investigatória, seria 
possível uma pequena compensação na fase processual (ex.: se o 
inquérito foi concluído no prazo de 12 dias, a denúncia deveria ser 
oferecida no prazo de 03 dias). Todavia, se restasse caracterizado um 
excesso abusivo, não respaldado pelas circunstâncias do caso concreto, 
se impunha no relaxamento da prisão, sem prejuízo da continuidade da 
persecução criminal. 
Muito embora o legislador tenha optado por prever um prazo 
expresso e fatal, no atual sistema persecutório penal, conseguiria um 
delegado de polícia concluir um inquérito policial cujo objeto, por 
exemplo, é um estupro de vulnerável, no prazo total de 25 dias? A prisão 
cautelar do investigado estuprador deverá ser necessariamente 
relaxada por configurar constrangimento ilegal? Aguardemos as cenas 
dos próximos capítulos jurisprudenciais. 
Por fim, como se verá adiante, compete ao juiz das garantias 
decidir acerca dessa prorrogação (art. 3º-B, VIII, CPP). 
 
@PARQUET_JURIDICO 13 
 
 
3) JUIZ DAS GARANTIAS: 
• Incluiu os arts. 3º-B a F, CPP. 
art. 3º-B: O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade 
da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais 
cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder 
Judiciário, competindo-lhe especialmente: 
I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII 
do caput do art. 5º da Constituição Federal; 
II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade 
da prisão, observado o disposto no art. 310 deste Código; 
III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar 
que este seja conduzido à sua presença, a qualquer tempo; 
IV - ser informado sobre a instauração de qualquer investigação 
criminal; 
V - decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida 
cautelar, observado o disposto no § 1º deste artigo; 
VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como 
substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do 
contraditório em audiência pública e oral, na forma do disposto neste 
Código ou em legislação especial pertinente; 
VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas 
consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e 
a ampla defesa em audiência pública e oral; 
VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado 
preso, em vista das razões apresentadas pela autoridade policial e 
observado o disposto no § 2º deste artigo; 
IX - determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver 
fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento; 
 
@PARQUET_JURIDICO 14 
 
X - requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de 
polícia sobre o andamento da investigação; 
XI - decidir sobre os requerimentos de: 
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de 
informática e telemática ou de outras formas de comunicação; 
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; 
c) busca e apreensão domiciliar; 
d) acesso a informações sigilosas; 
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos 
fundamentais do investigado; 
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da 
denúncia; 
XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade mental; 
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos 
do art. 399 deste Código; 
XV - assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito 
outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos os 
elementos informativos e provas produzidos no âmbito da investigação 
criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em 
andamento; 
XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para 
acompanhar a produção da perícia; 
XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução 
penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados durante 
a investigação; 
XVIII- outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste 
artigo. 
Art. 3º-C: A competência do juiz das garantias abrange todas as 
infrações penais, exceto as de menor potencial ofensivo, e cessa com 
 
@PARQUET_JURIDICO 15 
 
o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste 
Código. 
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão 
decididas pelo juiz da instrução e julgamento. 
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz 
da instrução e julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou 
queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em 
curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias. 
§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das 
garantias ficarão acautelados na secretaria desse juízo, à disposição 
do Ministério Público e da defesa, e não serão apensados aos autos do 
processo enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressalvados os 
documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de 
provas ou de antecipação de provas, que deverão ser remetidos para 
apensamento em apartado. 
§ 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados 
na secretaria do juízo das garantias. 
Art. 3º-D: O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato 
incluído nas competências dos arts. 4º e 5º deste Código ficará 
impedido de funcionar no processo. 
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os 
tribunais criarão um sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender 
às disposições deste Capítulo. 
Art. 3º-E: O juiz das garantias será designado conforme as normas de 
organização judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, 
observando critérios objetivos a serem periodicamente divulgados pelo 
respectivo tribunal. 
Art. 3º-F: O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das 
regras para o tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de 
qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a imagem 
da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, 
administrativa e penal. 
 
@PARQUET_JURIDICO 16 
 
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão 
disciplinar, em 180 (cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as 
informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso 
serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa 
aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a 
efetividade da persecução penal, o direito à informação e a 
dignidade da pessoa submetida à prisão. 
Apontamentos: 
Entendo que essa seja a mais polêmica inovação trazida pela Lei 
Anticrime. Como visto, o ordenamento jurídico brasileiro adotou o Sistema 
Acusatório. Nessa toada, a doutrina já vinha entendendo que o 
magistrado somente atuará na fase investigatória quando provocado e 
desde que haja a necessidade de intervenção judicial, sendo-lhe 
vedado agir de ofício, sob pena de violação a sua imparcialidade. Assim, 
nessa fase, o juiz atuará apenas como garante das regras do jogo, 
salvaguardando direitos e liberdades fundamentais. 
Nesse sentido, cabe ao juiz das garantias o controle da legalidade 
da investigação criminal e a salvaguarda dos direitos individuais, estando 
o rol de competência (meramente exemplificativo) previsto nos incisos 
do art. 3º-B, CPP. Como se nota, é precipuamente na fase pré-processual 
(investigativa) que entra a figura do juiz das garantias. 
Outrossim, com exceção dos crimes de menor potencial ofensivo, 
que possuem procedimento próprio previsto na Lei 9.099, a competência 
do juiz das garantias abrange todas as infrações penais. 
Ainda, como se depreende do art. 3º-C, CPP, a sua competência 
se inicia na fase investigatória (pré-processual), quando esta demandar 
intervenção judicial, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa 
(que, de acordo com o art. 3º-C, XIV, CPP, compete ao próprio juiz das 
garantias). Nesse diapasão, em miúdos, haverá 02 juízes: o primeiro 
atuará na fase investigatória (juiz de garantias); o segundo, na fase 
processual (juiz da instrução e julgamento). 
Importante notar que, nos termos do art. 3º-C, §2º, CPP, em 
observância à independência funcional, as decisões proferidas pelo juiz 
das garantias não vinculam o juiz da instrução e julgamento, que, após o 
recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a necessidade 
das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias. 
 
@PARQUET_JURIDICO 17 
 
Em relação ao art. 3º-D, caput, CPP, creio que o legislador se 
confundiu ao fazer remissão aos artigos 4º e 5º do CPP, uma vez que não 
faz qualquer sentido. A meu ver, a intenção do legislador é no sentido de 
que o juiz das garantias (que atua na fase investigatória) que praticar 
qualquer ato judicial nesta fase, ficará impedido de atuar na fase 
processual. Ora, como sabido, até então, a prática de ato jurisdicional 
na fase investigatória (ex.: autorização judicial para a decretação de 
uma interceptação telefônica) o tornava prevento para o julgamento da 
futura ação penal. Ou seja, a ideia do legislador é fixar um juiz para a fase 
investigatória e um para a fase processual, com funções distintas. 
Ademais, entendo ser o art. 3º-D, parágrafo único, CPP, 
juntamente com o seu caput, um dos mais polêmicos da Lei Anticrime. 
Ora, é notório que na maioria das comarcas brasileiras funcionam 
apenas 01 (um) magistrado (as vezes um magistrado é responsável por 
duas ou mais comarcas). Dessa forma, haverá uma enorme dificuldade 
para a implementação prática da presente lei, tendo em vista a 
realidade do Judiciário brasileiro, ainda mais com uma lei que prevê um 
prazo de vacatio legis de 30 dias. 
Ademais, depreende-se do art. 3º-D, CPP, que os órgãos 
judiciários deverão criar normas para a implementação da atuação do 
juiz de garantias, bem como do juiz da instrução e julgamento. 
Por fim, é importante salientar que o art. 3º-F, CPP, em um viés 
extremamente garantista, visa a reprimir a condenação social do preso, 
normalmente irreparável e que carece de observância do devido 
processo legal, da ampla defesa e do contraditório. 
 
4) INVESTIGAÇÃO CRIMINAL EM FACE DOS AGENTES DE SEGURANÇA 
PÚBLICA: 
• Incluiu o art. 14-A, CPP. 
Art. 14-A: Nos casos em que servidores vinculados às instituições 
dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como 
investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e 
demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de 
fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício 
profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações 
 
@PARQUET_JURIDICO 18 
 
dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 
(Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor. 
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá 
ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo 
constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar 
do recebimento da citação. 
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de 
nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável 
pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado 
o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no 
prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a 
representação do investigado. 
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores 
militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição 
Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões para 
a Garantia da Lei e da Ordem. 
Apontamentos: 
Como se percebe, trate-se de regulamentação dos 
procedimentos investigatórios em face dos agentes de segurança 
pública quando estes estirem sendo investigados por fatos relacionados 
ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma 
consumada ou tentada, incluindo as situações de excludentes de 
ilicitude.Nota-se que o legislador deu especial importância à possibilidade 
de o indiciado, ao ser citado da instauração de procedimento 
investigatório, constituir defensor. Será que irá reiniciar a discussão acerca 
do caráter inquisitorial das investigações, como ocorreu com a previsão 
do Estatuto da OAB? 
 
5) ARQUIVAMENTO DOS PROCEDIMENTOS INVESTIGATÓRIOS CRIMINAIS: 
• Alterou o “famoso” art. 28, CPP. 
 
@PARQUET_JURIDICO 19 
 
Redação Anterior Redação Atual 
Art. 28. Se o órgão do Ministério 
Público, ao invés de apresentar a 
denúncia, requerer o 
arquivamento do inquérito policial 
ou de quaisquer peças de 
informação, o juiz, no caso de 
considerar improcedentes as 
razões invocadas, fará remessa do 
inquérito ou peças de informação 
ao procurador-geral, e este 
oferecerá a denúncia, designará 
outro órgão do Ministério Público 
para oferecê-la, ou insistirá no 
pedido de arquivamento, ao qual 
só então estará o juiz obrigado a 
atender. 
 
Art. 28. Ordenado o arquivamento 
do inquérito policial ou de 
quaisquer elementos informativos 
da mesma natureza, o órgão do 
Ministério Público comunicará à 
vítima, ao investigado e à 
autoridade policial e 
encaminhará os autos para a 
instância de revisão ministerial 
para fins de homologação, na 
forma da lei. 
§ 1º Se a vítima, ou seu 
representante legal, não 
concordar com o arquivamento 
do inquérito policial, poderá, no 
prazo de 30 (trinta) dias do 
recebimento da comunicação, 
submeter a matéria à revisão da 
instância competente do órgão 
ministerial, conforme dispuser a 
respectiva lei orgânica. 
§ 2º Nas ações penais relativas a 
crimes praticados em detrimento 
da União, Estados e Municípios, a 
revisão do arquivamento do 
inquérito policial poderá ser 
provocada pela chefia do órgão 
a quem couber a sua 
representação judicial. 
Apontamentos: 
Trata-se, a meu ver, de importante alteração, fortalecendo ainda 
mais o sistema acusatório. O arquivamento da investigação criminal 
deixou de ser um ato complexo, que envolvia requerimento 
fundamentado pelo MP e posterior decisão da autoridade judiciária 
 
@PARQUET_JURIDICO 20 
 
competente. Como se pode notar, passou a ser um ato composto, uma 
vez que é arquivado pelo próprio órgão do MP e submetido a 
homologação pelo seu órgão de revisão (no âmbito dos Ministérios 
Públicos Estaduais esse órgão é o Conselho Superior – CSMP). 
Uma das implicações práticas dessa mudança é que, como a 
decisão de arquivamento não se subordinará a uma apreciação judicial, 
qualquer que seja o fundamento, não se submeterá aos efeitos da coisa 
julgada – formal ou material - que outrora se submetia. Seria possível, 
então, o desarquivamento da investigação a qualquer momento 
enquanto não prescrito o delito? 
Ato contínuo, a novel lei previu a possibilidade de a vítima recorrer 
da decisão de arquivamento. Como se sabe, até então, não havia, 
como regra, a possibilidade de recurso contra a decisão judicial que 
determinava o arquivamento do inquérito policial, salvo nos casos de 
crimes contra a economia popular ou contra a saúde pública, hipótese 
em que há previsão legal de recurso de oficio; no caso das 
contravenções penais do jogo do bicho e de corrida de cavalos fora do 
hipódromo, em que há previsão legal de RESE; bem como na hipótese 
de arquivamento de investigação por parte do PGJ, em que caberá 
pedido de revisão ao Colégio de Procuradores (art. 12, XI, Lei 8.625). 
Por fim, convém ressaltar que a inovação não afasta totalmente 
o magistrado do controle da investigação criminal, uma vez que é 
possível o seu encerramento anômalo (trancamento), normalmente por 
meio de habeas corpus, quando a sua instauração configurar evidente 
constrangimento ilegal sofrido pelo investigado nas hipóteses de 
atipicidade formal ou material da conduta delituosa; presença de causa 
extintiva da punibilidade; e instauração de investigação criminal em 
crime de ação penal privada ou pública condicionada à representação, 
sem prévio requerimento do ofendido ou de seu representante legal. 
Desse modo, nos termos do art. 3º-B, IX e XII, CPP, compete ao juiz de 
garantias determinar o seu trancamento. 
 
6) ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL: 
• Incluiu o art. 28-A, CPP. Nesse ponto, permita-me fazer uma tabela 
comparativa com o art. 18, Res. 181, CNMP. 
 
@PARQUET_JURIDICO 21 
 
Art. 18, Res. 181, CNMP Art. 28-A, CPP 
Art. 18. Não sendo o caso de 
arquivamento, o Ministério Público 
poderá propor ao investigado 
acordo de não persecução penal 
quando, cominada pena mínima 
inferior a 4 (quatro) anos e o crime 
não for cometido com violência ou 
grave ameaça a pessoa, o 
investigado tiver confessado formal 
e circunstanciadamente a sua 
prática, mediante as seguintes 
condições, ajustadas cumulativa 
ou alternativamente: 
I – reparar o dano ou restituir a coisa 
à vítima, salvo impossibilidade de 
fazê-lo; 
II – renunciar voluntariamente a 
bens e direitos, indicados pelo 
Ministério Público como 
instrumentos, produto ou proveito 
do crime; 
III – prestar serviço à comunidade 
ou a entidades públicas por 
período correspondente à pena 
mínima cominada ao delito, 
diminuída de um a dois terços, em 
local a ser indicado pelo Ministério 
Público; 
IV – pagar prestação pecuniária, a 
ser estipulada nos termos do art. 45 
do Código Penal, a entidade 
pública ou de interesse social a ser 
indicada pelo Ministério Público, 
devendo a prestação ser 
destinada preferencialmente 
Art. 28-A. Não sendo caso de 
arquivamento e tendo o 
investigado confessado formal e 
circunstancialmente a prática de 
infração penal sem violência ou 
grave ameaça e com pena 
mínima inferior a 4 (quatro) anos, 
o Ministério Público poderá 
propor acordo de não 
persecução penal, desde que 
necessário e suficiente para 
reprovação e prevenção do 
crime, mediante as seguintes 
condições ajustadas cumulativa 
e alternativamente: 
I - reparar o dano ou restituir a 
coisa à vítima, exceto na 
impossibilidade de fazê-lo; 
II - renunciar voluntariamente a 
bens e direitos indicados pelo 
Ministério Público como 
instrumentos, produto ou proveito 
do crime; 
III - prestar serviço à comunidade 
ou a entidades públicas por 
período correspondente à pena 
mínima cominada ao delito 
diminuída de um a dois terços, 
em local a ser indicado pelo juízo 
da execução, na forma do art. 46 
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código 
Penal); 
IV - pagar prestação pecuniária, 
a ser estipulada nos termos do art. 
 
@PARQUET_JURIDICO 22 
 
àquelas entidades que tenham 
como função proteger bens 
jurídicos iguais ou semelhantes aos 
aparentemente lesados pelo 
delito; 
V – cumprir outra condição 
estipulada pelo Ministério Público, 
desde que proporcional e 
compatível com a infração penal 
aparentemente praticada. 
§ 1º Não se admitirá a proposta nos 
casos em que: 
I – for cabível a transação penal, 
nos termos da lei; 
II – o dano causado for superior a 
vinte salários mínimos ou a 
parâmetro econômico diverso 
definido pelo respectivo órgão de 
revisão, nos termos da 
regulamentação local; 
III – o investigado incorra em 
alguma das hipóteses previstas no 
art. 76, § 2º, da Lei nº 9.099/95; 
IV – o aguardo para o cumprimento 
do acordo possa acarretar a 
prescrição da pretensão punitiva 
estatal; 
V – o delito for hediondo ou 
equiparado e nos casos de 
incidência da Lei nº 11.340, de 7 de 
agosto de 2006; 
VI – a celebração do acordo não 
atender ao que seja necessário e 
45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 
de dezembro de 1940 (Código 
Penal), a entidade pública ou de 
interesse social, a ser indicada 
pelo juízo da execução, que 
tenha, preferencialmente, como 
função proteger bens jurídicos 
iguais ou semelhantes aos 
aparentemente lesados pelo 
delito; ou 
V - cumprir, por prazo 
determinado, outra condição 
indicada pelo Ministério Público, 
desde que proporcional e 
compatível com a infração penal 
imputada. 
§ 1º Para aferição da pena 
mínima cominada ao delito a 
que se refere o caput deste 
artigo,serão consideradas as 
causas de aumento e diminuição 
aplicáveis ao caso concreto. 
§ 2º O disposto no caput deste 
artigo não se aplica nas seguintes 
hipóteses: 
I - se for cabível transação penal 
de competência dos Juizados 
Especiais Criminais, nos termos da 
lei; 
II - se o investigado for reincidente 
ou se houver elementos 
probatórios que indiquem 
conduta criminal habitual, 
reiterada ou profissional, exceto 
se insignificantes as infrações 
penais pretéritas; 
 
@PARQUET_JURIDICO 23 
 
suficiente para a reprovação e 
prevenção do crime. 
§ 2º A confissão detalhada dos 
fatos e as tratativas do acordo 
serão registrados pelos meios ou 
recursos de gravação audiovisual, 
destinados a obter maior fidelidade 
das informações, e o investigado 
deve estar sempre acompanhado 
de seu defensor. 
§ 3º O acordo será formalizado nos 
autos, com a qualificação 
completa do investigado e 
estipulará de modo claro as suas 
condições, eventuais valores a 
serem restituídos e as datas para 
cumprimento, e será firmado pelo 
membro do Ministério Público, pelo 
investigado e seu defensor. 
§ 4º Realizado o acordo, a vítima 
será comunicada por qualquer 
meio idôneo, e os autos serão 
submetidos à apreciação judicial. 
§ 5º Se o juiz considerar o acordo 
cabível e as condições adequadas 
e suficientes, devolverá os autos ao 
Ministério Público para sua 
implementação. 
§ 6º Se o juiz considerar incabível o 
acordo, bem como inadequadas 
ou insuficientes as condições 
celebradas, fará remessa dos autos 
ao procurador-geral ou órgão 
superior interno responsável por sua 
apreciação, nos termos da 
III - ter sido o agente beneficiado 
nos 5 (cinco) anos anteriores ao 
cometimento da infração, em 
acordo de não persecução 
penal, transação penal ou 
suspensão condicional do 
processo; e 
IV - nos crimes praticados no 
âmbito de violência doméstica 
ou familiar, ou praticados contra 
a mulher por razões da condição 
de sexo feminino, em favor do 
agressor. 
§ 3º O acordo de não 
persecução penal será 
formalizado por escrito e será 
firmado pelo membro do 
Ministério Público, pelo 
investigado e por seu defensor. 
§ 4º Para a homologação do 
acordo de não persecução 
penal, será realizada audiência 
na qual o juiz deverá verificar a 
sua voluntariedade, por meio da 
oitiva do investigado na presença 
do seu defensor, e sua 
legalidade. 
§ 5º Se o juiz considerar 
inadequadas, insuficientes ou 
abusivas as condições dispostas 
no acordo de não persecução 
penal, devolverá os autos ao 
Ministério Público para que seja 
reformulada a proposta de 
acordo, com concordância do 
investigado e seu defensor. 
 
@PARQUET_JURIDICO 24 
 
legislação vigente, que poderá 
adotar as seguintes providências: 
I – oferecer denúncia ou designar 
outro membro para oferecê-la; 
II – complementar as investigações 
ou designar outro membro para 
complementá-la; 
III – reformular a proposta de 
acordo de não persecução, para 
apreciação do investigado; 
IV – manter o acordo de não 
persecução, que vinculará toda a 
Instituição. 
§ 7º O acordo de não persecução 
poderá ser celebrado na mesma 
oportunidade da audiência de 
custódia. 
§ 8º É dever do investigado 
comunicar ao Ministério Público 
eventual mudança de endereço, 
número de telefone ou e-mail, e 
comprovar mensalmente o 
cumprimento das condições, 
independentemente de 
notificação ou aviso prévio, 
devendo ele, quando for o caso, 
por iniciativa própria, apresentar 
imediatamente e de forma 
documentada eventual 
justificativa para o não 
cumprimento do acordo. 
§ 9º Descumpridas quaisquer das 
condições estipuladas no acordo 
ou não observados os deveres do 
parágrafo anterior, no prazo e nas 
condições estabelecidas, o 
§ 6º Homologado judicialmente o 
acordo de não persecução 
penal, o juiz devolverá os autos 
ao Ministério Público para que 
inicie sua execução perante o 
juízo de execução penal. 
§ 7º O juiz poderá recusar 
homologação à proposta que 
não atender aos requisitos legais 
ou quando não for realizada a 
adequação a que se refere o § 5º 
deste artigo. 
§ 8º Recusada a homologação, o 
juiz devolverá os autos ao 
Ministério Público para a análise 
da necessidade de 
complementação das 
investigações ou o oferecimento 
da denúncia. 
§ 9º A vítima será intimada da 
homologação do acordo de não 
persecução penal e de seu 
descumprimento. 
§ 10. Descumpridas quaisquer das 
condições estipuladas no acordo 
de não persecução penal, o 
Ministério Público deverá 
comunicar ao juízo, para fins de 
sua rescisão e posterior 
oferecimento de denúncia. 
§ 11. O descumprimento do 
acordo de não persecução 
penal pelo investigado também 
poderá ser utilizado pelo 
Ministério Público como 
justificativa para o eventual não 
 
@PARQUET_JURIDICO 25 
 
membro do Ministério Público 
deverá, se for o caso, 
imediatamente oferecer denúncia. 
§ 10 O descumprimento do acordo 
de não persecução pelo 
investigado também poderá ser 
utilizado pelo membro do Ministério 
Público como justificativa para o 
eventual não oferecimento de 
suspensão condicional do 
processo. 
§ 11 Cumprido integralmente o 
acordo, o Ministério Público 
promoverá o arquivamento da 
investigação, nos termos desta 
Resolução. 
§ 12 As disposições deste Capítulo 
não se aplicam aos delitos 
cometidos por militares que afetem 
a hierarquia e a disciplina. 
§ 13 Para aferição da pena mínima 
cominada ao delito, a que se 
refere o caput, serão consideradas 
as causas de aumento e 
diminuição aplicáveis ao caso 
concreto. 
oferecimento de suspensão 
condicional do processo. 
§ 12. A celebração e o 
cumprimento do acordo de não 
persecução penal não constarão 
de certidão de antecedentes 
criminais, exceto para os fins 
previstos no inciso III do § 2º deste 
artigo. 
§ 13. Cumprido integralmente o 
acordo de não persecução 
penal, o juízo competente 
decretará a extinção de 
punibilidade. 
§ 14. No caso de recusa, por parte 
do Ministério Público, em propor o 
acordo de não persecução 
penal, o investigado poderá 
requerer a remessa dos autos a 
órgão superior, na forma do art. 
28 deste Código. 
 
Apontamentos: 
Pequenos detalhes foram alterados com a novel lei (vide negrito 
e sublinhado). Além disso, como se nota: não se previu a possibilidade de 
celebração do acordo de não persecução na mesma oportunidade da 
audiência de custódia; não vedou-se expressamente a possibilidade de 
celebração do acordo no caso de crimes hediondos ou equiparados; a 
indicação do local a ser cumprida a prestação de serviços a 
comunidade e da destinação da pena pecuniária à entidade publica 
será feita pelo juízo da execução penal (e não pelo MP); diferentemente 
do que prevê a Res. 181, a qual veda o acordo no casos em que o dano 
 
@PARQUET_JURIDICO 26 
 
causado for superior a vinte salários mínimos ou a parâmetro econômico 
diverso definido pelo respectivo órgão de revisão, nos termos da 
regulamentação local, a novel lei não traz essa vedação; 
diferentemente da Res. 181, que remeteu as hipóteses do 76, § 2º, da Lei 
nº 9.099/95, o legislador foi mais claro ao vedar o acordo se o investigado 
for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem 
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se 
insignificantes as infrações penais pretéritas. A dúvida fica em relação a 
exceção: o que são infrações penais insignificantes? No conceito técnico 
de direito penal seriam fatos atípicos por ausência de tipicidade material, 
o que, a meu ver, não é o caso. Assim, o legislador se expressou de 
maneira atécnica. 
A novel lei também incluiu como vedação ao acordo ter sido o 
agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da 
infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou 
suspensão condicional do processo, ao passo que a Res. 181 se refere tão 
somente à transação penal. 
Ademais, o legislador foi omisso em relação à vedação prevista 
Res. 181: “o aguardo para o cumprimento do acordo possa acarretar a 
prescrição da pretensãopunitiva estatal”. Ora, essa omissão foi 
voluntária, uma vez que, como já comentado, fora introduzida nova 
hipótese de impedimento da prescrição no art. 116, IV, CP: “Art. 116 - 
Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: IV - 
enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução 
penal. 
Previu expressamente a necessidade de, para a homologação 
do acordo de não persecução penal, a realização de audiência na qual 
o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do 
investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade. 
Diferentemente do que prevê a Res. 181, que dispõe que, se o juiz 
considerar incabível o acordo, bem como inadequadas ou insuficientes 
as condições celebradas, fará remessa dos autos ao procurador-geral ou 
órgão superior interno responsável por sua apreciação, nos termos da 
legislação vigente, que poderá adotar as seguintes providências: 
oferecer denúncia ou designar outro membro para oferecê-la; 
complementar as investigações ou designar outro membro para 
complementá-la; reformular a proposta de acordo de não persecução, 
para apreciação do investigado, a novel lei estabelece que se devolverá 
 
@PARQUET_JURIDICO 27 
 
os autos ao MP para que seja reformulada a proposta de acordo, com 
concordância do investigado e seu defensor. 
 
7) COISAS APREENDIDAS NÃO RESTITUÍDAS: 
• Alterou os arts. 122 e 133, CPP e revogou o parágrafo único do art. 122, 
CPP. 
Redação Anterior Redação Atual 
Art. 122. Sem prejuízo do disposto 
nos arts. 120 e 133, decorrido o 
prazo de 90 dias, após transitar em 
julgado a sentença condenatória, 
o juiz decretará, se for caso, a 
perda, em favor da União, das 
coisas apreendidas (art. 74, II, a e 
b do Código Penal) e ordenará 
que sejam vendidas em leilão 
público. 
Parágrafo único. Do dinheiro 
apurado será recolhido ao Tesouro 
Nacional o que não couber ao 
lesado ou a terceiro de boa-fé. 
Art. 122. Sem prejuízo do disposto 
no art. 120, as coisas apreendidas 
serão alienadas nos termos do 
disposto no art. 133 deste Código. 
Parágrafo único. (Revogado). 
 
Art. 133. Transitada em julgado a 
sentença condenatória, o juiz, de 
ofício ou a requerimento do 
interessado, determinará a 
avaliação e a venda dos bens em 
leilão público. 
Parágrafo único. Do dinheiro 
apurado, será recolhido ao 
Tesouro Nacional o que não 
couber ao lesado ou a terceiro de 
boa-fé. 
Art. 133. Transitada em julgado a 
sentença condenatória, o juiz, de 
ofício ou a requerimento do 
interessado ou do Ministério 
Público, determinará a avaliação 
e a venda dos bens em leilão 
público cujo perdimento tenha 
sido decretado. 
§ 1º Do dinheiro apurado, será 
recolhido aos cofres públicos o 
 
@PARQUET_JURIDICO 28 
 
 que não couber ao lesado ou a 
terceiro de boa-fé. 
§ 2º O valor apurado deverá ser 
recolhido ao Fundo Penitenciário 
Nacional, exceto se houver 
previsão diversa em lei especial. 
Apontamentos: 
Como se nota das alterações, o valor apurado será recolhido ao 
Fundo Penitenciário Nacional, exceto se houver previsão diversa em lei 
especial (e não mais ao Tesouro Nacional). 
Observa-se, ainda, que a novel lei não previu o prazo de 90 dias, 
contados do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, para 
a decretação do perdimento de bens. Além disso, previu expressamente 
a possibilidade de o MP requerer ao juiz a avaliação e a venda dos bens 
em leilão público. 
• Incluiu o art. 124-A, CPP. 
Art. 124-A: Na hipótese de decretação de perdimento de obras de arte 
ou de outros bens de relevante valor cultural ou artístico, se o crime não 
tiver vítima determinada, poderá haver destinação dos bens a museus 
públicos. 
Apontamentos: 
Trata-se de nova hipótese de destinação específica a museus 
públicos, nos casos de perdimento de obras de arte e outros bens de 
relevante valor cultural ou artístico. 
• Incluiu o 133-A, CPP. 
Art. 133-A. O juiz poderá autorizar, constatado o interesse público, a 
utilização de bem sequestrado, apreendido ou sujeito a qualquer 
medida assecuratória pelos órgãos de segurança pública previstos 
no art. 144 da Constituição Federal, do sistema prisional, do sistema 
 
@PARQUET_JURIDICO 29 
 
socioeducativo, da Força Nacional de Segurança Pública e do Instituto 
Geral de Perícia, para o desempenho de suas atividades. 
§ 1º O órgão de segurança pública participante das ações de 
investigação ou repressão da infração penal que ensejou a constrição 
do bem terá prioridade na sua utilização. 
§ 2º Fora das hipóteses anteriores, demonstrado o interesse público, o 
juiz poderá autorizar o uso do bem pelos demais órgãos públicos. 
§ 3º Se o bem a que se refere o caput deste artigo for veículo, 
embarcação ou aeronave, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou 
ao órgão de registro e controle a expedição de certificado provisório 
de registro e licenciamento em favor do órgão público beneficiário, o 
qual estará isento do pagamento de multas, encargos e tributos 
anteriores à disponibilização do bem para a sua utilização, que 
deverão ser cobrados de seu responsável. 
§ 4º Transitada em julgado a sentença penal condenatória com a 
decretação de perdimento dos bens, ressalvado o direito do lesado ou 
terceiro de boa-fé, o juiz poderá determinar a transferência definitiva 
da propriedade ao órgão público beneficiário ao qual foi custodiado 
o bem. 
Apontamentos: 
Em relação ao § 4º, trata-se de hipótese de destinação específica 
de perdimento de bens em prol do órgão públicos beneficiário ao qual 
foi custodiado o bem nos termos do art. 133-A, CPP. Lembrando que 
deve ser observado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé. 
 
8) DESCONTAMINAÇÃO DO JULGADO: 
• Incluiu o art. 157, § 5º, CPP. 
Art. 157, § 5º, CPP: O juiz que conhecer do conteúdo da prova 
declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão. 
Apontamentos: 
 
@PARQUET_JURIDICO 30 
 
O objetivo do dispositivo é evitar que o juiz que tenha contato 
com a prova ilícita venha a julgar o caso, pois não possui isenção de 
ânimo suficiente para apreciar o caso concreto com a imparcialidade 
que dele se espera. É o que se denomina “descontaminação do 
julgado”. 
Ocorre que, anteriormente, a literalidade desse dispositivo foi 
introduzida pela Lei 11. 690/2008 que incluiu o § 4º do art. 157, CPP. 
Todavia, tal parágrafo fora vetado pelo Presidente da República e, a 
meu ver, com razão. Primeiramente, pois pode causar transtornos 
razoáveis ao andamento processual ao obrigar que o juiz que fez toda a 
instrução processual deva ser, eventualmente, substituído por um outro 
que nem sequer conhece o caso, bem como vai de encontro à 
celeridade e simplicidade processual que se espera. Além disso, pode 
estimular uma burla ao princípio do juiz natural, no sentido de que é 
possível que as partes controlem a competência do feito (ex.: a parte, 
não estando satisfeita com a atuação do magistrado, pode “plantar” 
uma prova ilícita pra afastá-lo feito). Como se nota, dessa vez o 
dispositivo não foi vetado. 
 
9) CADEIA DE CUSTÓDIA: 
• Incluiu os arts. 158-A a 158-F, CPP. 
Art. 158-A, CPP: Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos 
os procedimentos utilizados para manter e documentar a história 
cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, 
para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até 
o descarte. 
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local 
de crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja 
detectada a existência de vestígio. 
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de 
potencial interesse para a produção da prova pericial fica responsável 
por sua preservação. 
 
@PARQUET_JURIDICO 31 
 
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, 
constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal. 
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do 
vestígio nas seguintes etapas: 
I - reconhecimento: ato de distinguirum elemento como de potencial 
interesse para a produção da prova pericial; 
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo 
isolar e preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos 
vestígios e local de crime; 
III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no 
local de crime ou no corpo de delito, e a sua posição na área de 
exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, 
sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo 
perito responsável pelo atendimento; 
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise 
pericial, respeitando suas características e natureza; 
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio 
coletado é embalado de forma individualizada, de acordo com suas 
características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, 
com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o 
acondicionamento; 
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, 
utilizando as condições adequadas (embalagens, veículos, 
temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas 
características originais, bem como o controle de sua posse; 
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que 
deve ser documentado com, no mínimo, informações referentes ao 
número de procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada, 
local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de 
rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, 
assinatura e identificação de quem o recebeu; 
VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de 
acordo com a metodologia adequada às suas características 
 
@PARQUET_JURIDICO 32 
 
biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado desejado, 
que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito; 
IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições 
adequadas, do material a ser processado, guardado para realização 
de contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao 
número do laudo correspondente; 
X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, 
respeitando a legislação vigente e, quando pertinente, mediante 
autorização judicial. 
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada 
preferencialmente por perito oficial, que dará o encaminhamento 
necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária 
a realização de exames complementares. 
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo 
devem ser tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão central de 
perícia oficial de natureza criminal responsável por detalhar a forma do 
seu cumprimento. 
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de 
quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do 
perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua 
realização. 
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será 
determinado pela natureza do material. 
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com 
numeração individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a 
idoneidade do vestígio durante o transporte. 
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas 
características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de 
resistência adequado e espaço para registro de informações sobre seu 
conteúdo. 
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à 
análise e, motivadamente, por pessoa autorizada. 
 
@PARQUET_JURIDICO 33 
 
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de 
acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a 
data, o local, a finalidade, bem como as informações referentes ao 
novo lacre utilizado. 
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo 
recipiente. 
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central 
de custódia destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão 
deve ser vinculada diretamente ao órgão central de perícia oficial de 
natureza criminal. 
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, 
com local para conferência, recepção, devolução de materiais e 
documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a distribuição 
de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições 
ambientais que não interfiram nas características do vestígio. 
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão 
ser protocoladas, consignando-se informações sobre a ocorrência no 
inquérito que a eles se relacionam. 
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado 
deverão ser identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do 
acesso. 
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as 
ações deverão ser registradas, consignando-se a identificação do 
responsável pela tramitação, a destinação, a data e horário da ação. 
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido 
à central de custódia, devendo nela permanecer. 
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou 
condições de armazenar determinado material, deverá a autoridade 
policial ou judiciária determinar as condições de depósito do referido 
material em local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão 
central de perícia oficial de natureza criminal. 
Apontamentos: 
 
@PARQUET_JURIDICO 34 
 
Os referidos artigos instituíram e regulamentaram a chamada 
“cadeia de custódia”, que nada mais é do que o conjunto de todos os 
procedimentos utilizados para manter e documentar a história 
cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para 
rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento (ato de 
distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção da 
prova pericial) até o descarte (procedimento referente à liberação do 
vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando pertinente, 
mediante autorização judicial). 
Outrossim, todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma 
central de custódia destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua 
gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central de perícia 
oficial de natureza criminal. Ademais, trouxe o conceito de “vestígios”: 
todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, 
que se relaciona à infração penal. 
 
10) MEDIDAS CAUTELARES: 
• Manteve o art. 282, caput, CPP. 
Redação Anterior Redação Atual 
Art. 282. As medidas cautelares 
previstas neste Título deverão ser 
aplicadas observando-se a: 
I - necessidade para aplicação da 
lei penal, para a investigação ou a 
instrução criminal e, nos casos 
expressamente previstos, para 
evitar a prática de infrações 
penais; 
II - adequação da medida à 
gravidade do crime, 
circunstâncias do fato e 
condições pessoais do indiciado 
ou acusado. 
Art. 282. As medidas cautelares 
previstas neste Título deverão ser 
aplicadas observando-se a: 
I - necessidade para aplicação da 
lei penal, para a investigação ou a 
instrução criminal e, nos casos 
expressamente previstos, para 
evitar a prática de infrações 
penais; 
II - adequação da medida à 
gravidade do crime, 
circunstâncias do fato e 
condições pessoais do indiciado 
ou acusado. 
 
@PARQUET_JURIDICO 35 
 
Apontamentos: 
O caput do art. 282, CPP, que trata de um dos pressupostos das 
medidas cautelares – o periculum libertatis –, se manteve. Como se sabe, 
para se decretar uma medida cautelar, mister se faz a presença do fumus 
comissi delicti e do periculum libertatis (ou periculum in mora). O primeiro 
é a plausibilidade do direito de punir, ou seja, a plausibilidade de que se 
trata de um fato criminoso, constatada por meio de elementos de 
informação que confirmem a presença da prova da materialidade e de 
indícios de autoria do delito. 
O segundo, no tocante às medidas cautelares de naturezareal 
(ex.: sequestro e arresto), fala-se em periculum in mora, pois a demora da 
prestação jurisdicional possibilitaria a dilapidação do patrimônio do 
acusado. Em se tratando de medidas cautelares de natureza pessoal, 
notadamente a prisão preventiva, fala-se em periculum libertatis, a ser 
compreendida como o perigo concreto que a permanência do suspeito 
em liberdade acarreta para a investigação criminal, para o processo 
penal, para a efetividade do direito penal ou para a segurança social. 
Assim, analisa-se o periculum libertatis com base nos arts. 282 e 312, CPP. 
• Alterou o § 2o do art. 282, CPP. 
Redação Anterior Redação Atual 
§ 2o As medidas cautelares serão 
decretadas pelo juiz, de ofício ou 
a requerimento das partes ou, 
quando no curso da investigação 
criminal, por representação da 
autoridade policial ou mediante 
requerimento do Ministério 
Público. 
§ 2º As medidas cautelares serão 
decretadas pelo juiz a 
requerimento das partes ou, 
quando no curso da investigação 
criminal, por representação da 
autoridade policial ou mediante 
requerimento do Ministério 
Público. 
Apontamentos: 
Mais uma vez fortalecendo o sistema acusatório, a novel lei 
afastou a possibilidade de concessão de medidas cautelares de ofício 
pelo juiz, seja no curso da investigação (o que já era incabível), seja no 
curso da ação penal. Desse modo, mesmo no curso da ação penal, a 
 
@PARQUET_JURIDICO 36 
 
concessão de medidas cautelares requer prévio requerimento das 
partes, não podendo o juiz concedê-las de ofício. 
De todo modo, fato é que as medidas cautelares se submetem 
ao princípio da jurisdicionalidade (ou princípio tácito ou implícito da 
individualização das medidas cautelares), ou seja, a sua decretação está 
condicionada à manifestação fundamentada do juiz, que deve indicar 
de maneira fundamentada, com base em elemento concretos existentes 
nos autos, a necessidade da medida. 
• Alterou o § 3o do art. 282, CPP. 
Redação Anterior Redação Atual 
§ 3o Ressalvados os casos de 
urgência ou de perigo de 
ineficácia da medida, o juiz, ao 
receber o pedido de medida 
cautelar, determinará a intimação 
da parte contrária, 
acompanhada de cópia do 
requerimento e das peças 
necessárias, permanecendo os 
autos em juízo. 
 
§ 3º Ressalvados os casos de 
urgência ou de perigo de 
ineficácia da medida, o juiz, ao 
receber o pedido de medida 
cautelar, determinará a intimação 
da parte contrária, para se 
manifestar no prazo de 5 (cinco) 
dias, acompanhada de cópia do 
requerimento e das peças 
necessárias, permanecendo os 
autos em juízo, e os casos de 
urgência ou de perigo deverão ser 
justificados e fundamentados em 
decisão que contenha elementos 
do caso concreto que justifiquem 
essa medida excepcional. 
Apontamentos: 
A novel lei frisou a excepcionalidade de se afastar a observância 
do contraditório prévio à concessão de medida cautelar. Portanto, 
permanece a regra de que, ao receber o pedido de medida cautelar, o 
juiz determinará a intimação da parte contrária para se manifestar 
(contraditório prévio e real). 
Não obstante, não se pode olvidar que o contraditório será 
diferido nos casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, 
 
@PARQUET_JURIDICO 37 
 
devendo estas hipóteses excepcionais serem justificadas e 
fundamentadas de acordo com o caso concreto. 
• Alterou o § 4o do art. 282, CPP. 
Redação Anterior Redação Atual 
§ 4o No caso de descumprimento 
de qualquer das obrigações 
impostas, o juiz, de ofício ou 
mediante requerimento do 
Ministério Público, de seu assistente 
ou do querelante, poderá 
substituir a medida, impor outra 
em cumulação, ou, em último 
caso, decretar a prisão preventiva 
(art. 312, parágrafo único). 
§ 4º No caso de descumprimento 
de qualquer das obrigações 
impostas, o juiz, mediante 
requerimento do Ministério 
Público, de seu assistente ou do 
querelante, poderá substituir a 
medida, impor outra em 
cumulação, ou, em último caso, 
decretar a prisão preventiva, nos 
termos do parágrafo único do art. 
312 deste Código. 
Apontamentos: 
Mais uma vez, privilegiando o sistema acusatório, a novel lei retirou 
a possibilidade de o magistrado agir de ofício. Assim, no caso de 
descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz somente 
poderá substituir a medida (obviamente por outra mais gravosa), impor 
outra em cumulação ou decretar a prisão preventiva mediante 
requerimento do MP, seu assistente ou do querelante. Não se pode 
olvidar que deve ser assegurado ao acusado, como regra, o 
contraditório prévio, nos termos do art. 282, § 3º, CPP. 
• Alterou o § 5o do art. 282, CPP. 
Redação Anterior Redação Atual 
§ 5o O juiz poderá revogar a 
medida cautelar ou substituí-la 
quando verificar a falta de motivo 
para que subsista, bem como 
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a 
pedido das partes, revogar a 
medida cautelar ou substituí-la 
quando verificar a falta de motivo 
para que subsista, bem como 
 
@PARQUET_JURIDICO 38 
 
voltar a decretá-la, se sobrevierem 
razões que a justifiquem. 
voltar a decretá-la, se sobrevierem 
razões que a justifiquem. 
Apontamentos: 
Como se sabe, as medidas cautelares são baseadas na cláusula 
“rebus sic stantibus”. Assim, podem ser revogadas ou substituídas quando 
não mais presentes os motivos que a ensejaram, ou renovadas se acaso 
sobrevierem razões que a justifiquem. 
Diferentemente dos anteriores, nesse dispositivo, a alteração 
privilegiou a atuação do magistrado, que poderá de ofício analisar se a 
medida cautelar pode ser revogada ou substituída, bem como 
novamente decretada. Entendo que a ideia do legislador foi a seguinte: 
em um primeiro momento (seja na fase investigatória ou processual), 
para que o juiz decrete uma medida cautelar é necessário prévio 
requerimento das partes ou da autoridade policial (não podendo o 
magistrado decretá-la de ofício). Assim, uma vez havendo essa 
manifestação prévia e decretada a medida, o juiz poderá agir de ofício 
para revogá-la, substituí-la e, tendo sido revogada, novamente decretá-
la, pois já houve, no momento inicial, provocação do juízo. 
 Portanto, cabe ao magistrado a análise da falta de motivo para 
a subsistência da medida cautelar, bem como de novas razões que 
justifiquem novamente a decretação. Assim, desparecido o suporte 
fático legitimador da medida, consubstanciado pelo fumus comissi delicti 
e pelo periculum libertatis, deve o magistrado, inclusive de ofício, revogar 
a constrição. Exemplificando, encerrada a instrução criminal, se o juiz 
passa a ter dúvidas quanto à própria existência do crime, tem-se que o 
fumus comissi delicti deixou de existir. Impõe-se, pois, a revogação da 
custódia preventiva. Por fim, se depreende do art. 3º-B, VI, CPP, que 
compete ao juiz das garantias a substituição ou revogação da medida 
cautelar anteriormente imposta se a persecução penal ainda se 
encontrar na fase investigativa. 
• Alterou o § 6o do art. 282, CPP. 
Redação Anterior Redação Atual 
 
@PARQUET_JURIDICO 39 
 
§ 6o A prisão preventiva será 
determinada quando não for 
cabível a sua substituição por 
outra medida cautelar (art. 319). 
 
§ 6º A prisão preventiva somente 
será determinada quando não for 
cabível a sua substituição por 
outra medida cautelar, observado 
o art. 319 deste Código, e o não 
cabimento da substituição por 
outra medida cautelar deverá ser 
justificado de forma 
fundamentada nos elementos 
presentes do caso concreto, de 
forma individualizada. 
Apontamentos: 
A novel lei apenas reforçou o caráter excepcional e subsidiário da 
prisão preventiva, sendo esta considerada ultima ratio, privilegiando-se a 
utilização de medidas cautelares diversas da prisão. Somente quando 
estas não forem cabíveis é que será possível a decretação da prisão 
preventiva, devendo esta decisão ser devidamente fundamentada, de 
acordo com os elementos do caso concreto, de forma individualizada 
(princípio da jurisdicionalidade). 
 
11) PRISÃO: 
• Alterou o art. 283, CPP. 
Redação Anterior RedaçãoAtual 
Art. 283. Ninguém poderá ser 
preso senão em flagrante delito ou 
por ordem escrita e 
fundamentada da autoridade 
judiciária competente, em 
decorrência de sentença 
condenatória transitada em 
julgado ou, no curso da 
investigação ou do processo, em 
Art. 283. Ninguém poderá ser preso 
senão em flagrante delito ou por 
ordem escrita e fundamentada da 
autoridade judiciária competente, 
em decorrência de prisão 
cautelar ou em virtude de 
condenação criminal transitada 
em julgado. 
 
@PARQUET_JURIDICO 40 
 
virtude de prisão temporária ou 
prisão preventiva. 
Apontamentos: 
Sem adentrar ao debate acerca do princípio da presunção de 
inocência e da execução provisória da pena, como se observa, a novel 
lei manteve o entendimento que já constava, apenas invertendo a 
ordem do enunciado. 
 
12) PRISÃO NOS CRIMES INAFIANÇÁVEIS: 
• Alterou o art. 287, CPP. 
Redação Anterior Redação Atual 
Art. 287. Se a infração for 
inafiançável, a falta de exibição 
do mandado não obstará à 
prisão, e o preso, em tal caso, será 
imediatamente apresentado ao 
juiz que tiver expedido o 
mandado. 
Art. 287. Se a infração for 
inafiançável, a falta de exibição 
do mandado não obstará a 
prisão, e o preso, em tal caso, será 
imediatamente apresentado ao 
juiz que tiver expedido o 
mandado, para a realização de 
audiência de custódia. 
Apontamentos: 
Não houve alteração substancial do artigo. O que a novel lei fez 
foi apenas frisar a necessidade de apresentação do preso por crime 
inafiançável ao juiz para realização da audiência de custódia. Na 
verdade, ao meu ver, o novo dispositivo encerra a discussão acerca da 
necessidade ou não de realização de audiência de custódia também 
nos casos de prisões cautelares. Como se nota da redação do dispositivo, 
o juiz que determinou a expedição do mandado de prisão cautelar 
deverá realizar a audiência de custódia do preso. 
 
13) AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA: 
 
@PARQUET_JURIDICO 41 
 
• Alterou o art. 310, CPP; 
• Incluiu os §§ 1º a 4º, CPP. 
Redação Anterior Redação Atual 
Art. 310. Ao receber o auto de 
prisão em flagrante, o juiz deverá 
fundamentadamente: 
I - relaxar a prisão ilegal; ou 
II - converter a prisão em flagrante 
em preventiva, quando presentes 
os requisitos constantes do art. 312 
deste Código, e se revelarem 
inadequadas ou insuficientes as 
medidas cautelares diversas da 
prisão; ou 
III - conceder liberdade provisória, 
com ou sem fiança. 
Parágrafo único. Se o juiz verificar, 
pelo auto de prisão em flagrante, 
que o agente praticou o fato nas 
condições constantes dos incisos I 
a III do caput do art. 23 do 
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 - Código Penal, 
poderá, fundamentadamente, 
conceder ao acusado liberdade 
provisória, mediante termo de 
comparecimento a todos os atos 
processuais, sob pena de 
revogação. 
 
Art. 310. Após receber o auto de 
prisão em flagrante, no prazo 
máximo de até 24 (vinte e quatro) 
horas após a realização da prisão, 
o juiz deverá promover audiência 
de custódia com a presença do 
acusado, seu advogado 
constituído ou membro da 
Defensoria Pública e o membro do 
Ministério Público, e, nessa 
audiência, o juiz deverá, 
fundamentadamente: 
I - relaxar a prisão ilegal; ou 
II - converter a prisão em flagrante 
em preventiva, quando presentes 
os requisitos constantes do art. 312 
deste Código, e se revelarem 
inadequadas ou insuficientes as 
medidas cautelares diversas da 
prisão; ou 
III - conceder liberdade provisória, 
com ou sem fiança. 
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de 
prisão em flagrante, que o agente 
praticou o fato em qualquer das 
condições constantes dos incisos I, 
II ou III do caput do art. 23 do 
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código 
Penal), poderá, 
fundamentadamente, conceder 
 
@PARQUET_JURIDICO 42 
 
ao acusado liberdade provisória, 
mediante termo de 
comparecimento obrigatório a 
todos os atos processuais, sob 
pena de revogação. 
§ 2º Se o juiz verificar que o agente 
é reincidente ou que integra 
organização criminosa armada ou 
milícia, ou que porta arma de fogo 
de uso restrito, deverá denegar a 
liberdade provisória, com ou sem 
medidas cautelares. 
§ 3º A autoridade que deu causa, 
sem motivação idônea, à não 
realização da audiência de 
custódia no prazo estabelecido 
no caput deste artigo responderá 
administrativa, civil e penalmente 
pela omissão. 
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e 
quatro) horas após o decurso do 
prazo estabelecido 
no caput deste artigo, a não 
realização de audiência de 
custódia sem motivação idônea 
ensejará também a ilegalidade 
da prisão, a ser relaxada pela 
autoridade competente, sem 
prejuízo da possibilidade de 
imediata decretação de prisão 
preventiva. 
Apontamentos: 
Percebe-se que em relação ao caput e ao §1º não houve 
alterações relevantes: o legislador apenas “positivou” a audiência de 
custódia e estabeleceu o prazo máximo de 24h, contados da realização 
da prisão, para que seja realizada. 
 
@PARQUET_JURIDICO 43 
 
Importantes inovações foram feitas nos §§2º a 4º. O §2º, em minha 
opinião previu hipótese de prisão “ex lege”, ou seja, aquela imposta por 
lei, o que importará em discussão acerca de sua constitucionalidade 
pelo STF. Ora, segundo a novel lei, o juiz, na audiência de custódia, ao 
verificar que o agente é reincidente, que integra organização criminosa 
armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito deverá 
denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. 
Portanto, interpretando o dispositivo, nesses casos, o juiz 
obrigatoriamente converterá a prisão em flagrante em preventiva. 
Como se sabe, o STF já tem entendimento no sentido da 
inconstitucionalidade de norma prevista no art. 44, Lei de Drogas (Lei 
11.343/2006) que veda a concessão de liberdade provisória a presos 
acusados de tráfico. A decisão foi tomada pelo Plenário Virtual no 
Recurso Extraordinário (RE) 1038925, com repercussão geral reconhecida. 
Em maio de 2012, no julgamento do Habeas Corpus (HC) 104339, o 
Plenário do STF já havia declarado, incidentalmente, a 
inconstitucionalidade da expressão “liberdade provisória” do artigo 44 
da Lei de Drogas. Com isso, o Supremo passou a admitir prisão cautelar 
por tráfico apenas se verificado, no caso concreto, a presença de algum 
dos requisitos do art. 312 do CPP (desde que admissível com base no art. 
313, CPP). 
O §3º trata da responsabilidade do magistrado que deu causa, 
sem motivação idônea, à não realização de audiência de custódia. Nos 
termos do art. 3º-B, II, CPP, compete ao juiz das garantias a realização d 
audiência de custódia. 
Por fim, o §4º trata das consequências da não realização da 
audiência de custódia no prazo legal. Desse modo, se transcorridas 24h 
após o prazo máximo legalmente estipulado para a realização da 
audiência de custódia (24h contados da prisão), a sua não realização 
ensejará na ilegalidade da prisão, devendo ser relaxada pelo juiz 
competente. Não obstante o relaxamento da prisão em flagrante ante 
a sua ilegalidade, pode a autoridade, no mesmo ato, decretar a prisão 
preventiva se preenchidos os requisitos legais. 
 
14) PRISÃO PREVENTIVA: 
• Alterou o art. 311, caput, CPP. 
 
@PARQUET_JURIDICO 44 
 
Redação Anterior Redação Atual 
Art. 311. Em qualquer fase da 
investigação policial ou do 
processo penal, caberá a prisão 
preventiva decretada pelo juiz, de 
ofício, se no curso da ação penal, 
ou a requerimento do Ministério 
Público, do querelante ou do 
assistente, ou por representação 
da autoridade policial. 
Art. 311. Em qualquer fase da 
investigação policial ou do 
processo penal, caberá a prisão 
preventiva decretada pelo juiz, a 
requerimento do Ministério 
Público, do querelante ou do 
assistente, ou por representação 
da autoridade policial. 
Apontamentos: 
Assim como fez com o art. 282, § 2º, CPP (decretação de medidas 
cautelares em geral), o legislador, mais uma vez valorizou o sistema 
acusatório. Desse modo, tanto na fase da investigação quanto

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