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Aula 5 -Excludentes de ilicitude

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Excludentes de ilicitude
Ilicitude formal x material
Formal: mera contrariedade do fato com o ordenamento jurídico, sem qualquer preocupação quanto a efetiva reprovabilidade social da conduta. 
“matar alguém”
Material: causar lesão ou expor a perigo de lesão um bem juridicamente tutelado. 
Art. 121 – protege a vida
*desnecessidade de definição de dois conceitos, uma vez que se a norma existe para proteger um bem jurídico, é claro que a violação daquela, gera também a desta.
Teorias
Ratio cognoscendi 
Crime = fato típico + antijurídico + culpável
A tipicidade exerce a função indiciária da ilicitude. = quando o fato for típico, provavelmente será também antijurídico.
Ex: Legítima defesa. (amparado por uma causa de justificação) – fato típico, mas não é ilícito.
Prevalece na doutrina
Ratio Essendi
Crime = (fato típico +anitjurídico) + culpável
O fato típico e antijurídico por estarem fundidos, devem ser analisados em um único instante.
Ex: Legítima defesa - estaríamos diante de uma exclusão do fato típico.
Causas de exclusão da antijuridicidade
Legais: Estado de necessidade, Legítima defesa (conceito legal) , estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de um direito (omissão legislativa).
Art. 23, CP
Supralegais: Consentimento do ofendido
Elementos de caracterização das causas de exclusão
Objetivos: aqueles expressos (LD e EN) ou implícitos (ERD e ECDL) no tipo penal.
Ex: “agressão injusta” na Legítima defesa.
Subjetivos: consciência do agente de que a atua amparado por uma causa de justificação. 
Discussão doutrinária sobre a existência do “subjetivo”.
Exemplo
Suponhamos que A dirija-se até a casa de B com o fim de matá-lo, em virtude do não pagamento de uma dívida de jogo. Lá chegando, olhando por sobre o muro, consegue ter a visão somente da cabeça de B, que se encontrava na cozinha. Nesse instante, aponta a sua arma e efetua o disparo mortal, fugindo logo em seguida. Sem que A soubesse, no exato momento em que atirou em B, este estava prestes a causar a morte de C, que já se encontrava de joelhos, aguardando o disparo que seria realizado por B. Resumindo, A atirou em B e, mesmo não sabendo, salvou a vida de C.
A agiu em legítima defesa de terceiro, mesmo não sabendo que ao atingir B estava salvando C?
Estado de necessidade
Art. 24. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.
Observação
Na legítima defesa existe um conflito entre o direito (defesa) x o ilícito (agressão injusta).
No estado de necessidade existe um conflito de dois bens que são juridicamente protegidos. 
Princípio da ponderação dos bens
Vida x vida 		patrimônio x vida
Em determinadas situações, somente um deles prevalecerá em detrimento do outro.
Ex: duas pessoas em um naufrágio.
EN justificante x EN exculpante
Teoria unitária – todo EN é justificante, não importa se o bem protegido pelo agente é de valor superior ou igual aquele que está sofrendo a ofensa, em ambas exclui a ilicitude. 
Ex: se para salvar sua vida o agente causar a morte de outrem ou para garantir a sua integridade física o agente tiver que destruir coisa alheia.
Adotada pelo Código penal
Teoria diferenciadora: a partir da análise dos bens em conflito.
estado de necessidade justificante (que afasta a ilicitude) – bem afetado de valor inferior ao que se defende. 
Vida x patrimônio
estado de necessidade exculpante (que elimina a culpabilidade) – bem fosse de valor igual ou inferior àquele que se agride.
Adotada pelo Código Militar em seus arts. 39 e 43.
Elementos que compõem o tipo
Perigo atual - está acontecendo. 
E o perigo iminente?
D. minoritária: não inclui o perigo que está prestes a acontecer, nem o perigo passado.
D. Majoritária: entende que a iminência de perigo também deve ser englobada nesse conceito. – não é considerado o perigo passado, ou seja, o perigo já ocorrido, bem como o perigo remoto ou futuro, em que não haja uma possibilidade quase que imediata de dano.
12
b) Perigo provocado pelo agente
o que significa a expressão “que não provocou por sua vontade”, contida no referido art. 24? 
Vontade quer dizer dolo, somente, ou dolo e culpa?
Divergência doutrinária
Abrange dolo + culpa = Noronha/ Hungria
Abrange só o dolo (direto ou eventual) = Greco/Fragoso/Damásio
Exemplo
Suponhamos que alguém, dentro de um cinema pertencente a seu maior concorrente, com a finalidade de dar início a um incêndio criminoso, coloque fogo numa lixeira ali existente.
Não pode o agente, visando a salvar a própria vida, disputar a única saída de emergência, causando lesões ou mesmo a morte de outras pessoas, uma vez que ele, por vontade própria, ou seja, de forma dolosa (ato de atear fogo à lixeira), provocou a situação de perigo. 
Agora, imaginemos que o agente esteja fumando um cigarro nesse mesmo cinema. Quando percebe a presença do “lanterninha” – que caminhava na sua direção porque havia visto a fumaça produzida pelo cigarro – e, querendo livrar-se dele, arremessa-o para longe, ainda aceso, vindo, agora, em virtude da sua conduta imprudente, a causar o incêndio. 
Aqui, mesmo que o agente tenha provocado a situação de perigo, não o fez dirigindo finalisticamente a sua conduta para isso. Não queria ele, efetivamente, dar início a um incêndio, razão pela qual, mesmo tendo atuado de forma culposa, poderá, durante a sua fuga, se vier a causar lesões ou mesmo a morte em outras pessoas, alegar o estado de necessidade.
Evitabilidade do dano
O dano tinha que ser inevitável. - não tenha tido possibilidade de, no caso concreto, evitar o dano produzido pela sua conduta.
a) o agente tinha como evitar o dano, deixando de praticar a conduta;
b) entre duas opções danosas, o agente podia ter escolhido a menos gravosa para a vítima.
Não tem opção a escolher, pois sempre deverá seguir o caminho menos gravoso, ao contrário do que ocorre com a legítima defesa.
Exemplo
Se estou em um cinema e este pega fogo e eu tenho a possibilidade de sair sem agredir ninguém e eu acabo agredindo, vou responder pelo excesso.
Exemplo
Em uma boate, alguém venha a ser agredido injustamente por outrem. O agredido tem duas opções: 
ou repele a agressão injusta que estava sendo praticada contra a sua pessoa, podendo, até mesmo, em determinadas situações, causar a morte de seu agressor.
Ou vira as costas e, mesmo depois de violentamente agredido, vai embora.
Estado de necessidade próprio e de terceiros
Próprio não tem limitações
De terceiros: nem sempre aquele que estiver fora da situação de perigo poderá auxiliar terceira pessoa, valendo-se do argumento do EN, mesmo que seja essa a sua finalidade.
Não posso atuar para salvar um bem de terceiro, se este for disponível, salvo aquiescência do 3º.
Exemplo
Dois náufragos disputam uma última vaga no bote salvavidas, que não comportava mais que o peso de um corpo, sob pena de também afundar. Poderá terceira pessoa auxiliar qualquer deles, sob o argumento do estado de necessidade, haja vista que o bem em jogo – vida – é considerado indisponível e, portanto, passível de defesa por terceira pessoa. 
Exemplo
Em determinado condomínio residencial, tem início um incêndio numa das casas ali construídas. Todas essas residências foram edificadas umas ao lado das outras, de modo que entre as casas não havia espaço algum, pois a parede divisória era comum entre elas.
O incêndio teve início na casa 1, de modo que as chamas seguiram em direção às demais. Para salvar a residência de seu padrinho de casamento, que residia na casa 3, o agente destrói a casa 2,evitando, assim, a propagaçãodo fogo. 
Poderá o agente que destruiu a casa 2, visando a preservar a casa 3, que não era de sua propriedade, mas, sim, de terceiros, alegar o estado de necessidade? 
Não, uma vez que o patrimônio é um bem disponível e, portanto, não pode o agente se arvorar em juiz do caso e decidir pela sua não disponibilidade, colocando-se no lugar daquele que poderia dele dispor.
Razoabilidade do sacrifício do bem
Necessidade da ponderação dos bens em conflito, para se concluir se o bem que é defendido pelo agente é de valor superior, igual ou mesmo inferior àquele que é atacado.
Ex: para garantir o seu patrimônio o agente causa a morte de alguém.
Ex: o agente, para preservar sua integridade física, cause a morte de outrem.
§ 2º Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.
 
Dever legal de enfrentar perigo
§ 1º Não pode alegar o estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
Existem determinadas profissões que, pela própria natureza, são perigosas. 
Ex: Policiais, bombeiros, salva-vidas - lidam diariamente com o perigo. 
Exemplo
Num incêndio, em que um cidadão comum disputa com o bombeiro que ali se encontrava para tentar salvar as vítimas a única e a última vaga em um helicóptero de resgate, caso o bombeiro o mate para tomar o seu lugar, com o objetivo de salvar-se, não poderá ser erigida em seu favor a excludente da ilicitude do estado de necessidade. 
Contudo, se o bombeiro estiver tentando salvar patrimônio alheio e a sua vida passar a correr perigo extremo (não o normal da sua profissão), poderá optar em salvar-se a preservar o patrimônio de outra pessoa.
Na expressão dever legal está contido tão somente aquele dever imposto pela lei, ou aqui também está abrangido, por exemplo, o dever contratual?
Ex: Suponhamos que alguém tenha sido contratado para prestar serviços como segurança de outrem. Ambos estão num barco, segurança e contratante, que, durante uma tempestade, não resiste a ela, soçobra e afunda. Naquele momento, ambos só conseguiam visualizar um único colete salva-vidas, haja vista que os demais haviam-se perdido. O segurança contratado, com o objetivo de salvar--se, causa a morte do seu contratante na disputa pelo colete salva-vidas.
Hungria/Damásio  poderia alegar estado de necessidade, pois o dever não é previsto por lei. 
EN defensivo e agressivo
Defensivo – quando a conduta do agente dirige-se diretamente ao produtor da situação de perigo, a fim de eliminá-la.
Agressivo – quando a conduta do necessitado viesse a sacrificar bens de um inocente, não provocador da situação de perigo.
Exemplo
Um cão raivoso parte em direção ao agente com a finalidade de mordê-lo. Para evitar a ofensa à sua integridade física, ou mesmo a sua morte, o agente saca um revólver, atira e mata o animal. 
Como aqui a conduta foi dirigida diretamente à situação de perigo, a fim de debelá-la, o estado de necessidade é considerado defensivo. 
Exemplo
O agente, querendo salvar a sua vida, ao perceber que atrás de seu veículo estava um caminhão desgovernado, pois havia perdido os freios, joga o seu automóvel para o acostamento, colidindo com outro veículo que ali se encontrava estacionado, o estado de necessidade, neste exemplo, será considerado agressivo, pois fora atingido o bem de terceiro inocente, não provocador da situação de perigo
Elemento subjetivo
Para que possa ser erigida uma causa de justificação, é preciso que o agente tenha conhecimento de que atua ou, no mínimo, acredite que atua nessa condição.
Exemplo
Um médico, casado, tenta convencer sua amante a abortar o filho que ela gerava. Após insistentes pedidos, a amante o atende e ele próprio, na qualidade de médico ginecologista e obstetra, leva a efeito a curetagem. Depois de realizado o aborto, constata-se que a gravidez era de alto risco para a vida da gestante, e outra alternativa não teria, para salvar a sua vida, senão abortar. 
Poderá o médico que realizou o aborto, com o fim de simplesmente interromper a gravidez de sua amante, ser beneficiado com a norma contida no art. 128, I, do Código Penal, que diz que não se pune o aborto praticado por médico, se não há outro meio de salvar a vida da gestante? 
Se exigirmos o elemento subjetivo nas causas de justificação, mesmo que tenha salvado a vida da gestante praticando o aborto terapêutico, o médico será por ele responsabilizado, porque sua finalidade não era salvá-la, mas, sim, interromper a gravidez resultante de adultério.
Excesso no EN
Mesma regra da Legítima defesa – Acontece com mais frequência
Aberratio e EN
Age em estado de necessidade quem, vendo-se atacado por um cão raivoso, dispara arma de fogo contra o animal, não podendo, assim, ser responsabilizado por eventual ricochete da bala que porventura venha a atingir alguém.
EN e as dificuldades econônimas
Somente abrange situações que inviabilize a sobrevivência. 
Ex: alguém, desempregado, depois de procurar exaustivamente por um trabalho honesto, chegue em casa e constate que na sua despensa não existem mais alimentos que possam sustentar sua família. Suplica por doações, mas não as consegue. Ao ver seus filhos e sua mulher implorando por um alimento qualquer, o agente se desespera, vai até um supermercado mais próximo e subtrai um saco de feijão. 
Dois bens em confronto: de um lado, a sobrevivência (vida) do agente e de sua família; do outro, o patrimônio do supermercado, também protegido pelo ordenamento jurídico. 
É razoável que a vida prevaleça sobre o patrimônio, podendo o agente, no caso em tela, erigir a mencionada causa de justificação.
Obs: Esse não tem sido o entendimento de nossos Tribunais.
Efeitos civis do EN
O CC não considera ilícito o ato daquele que atua em EN.
Contudo, como ambos os bens em conflito estão amparados pelo ordenamento jurídico, o CC permitiu àquele que sofreu com a conduta daquele que agiu em EN obter uma indenização deste último, correspondente ao prejuízos experimentados.
Obs: Caso o perigo tenha sido criado por aquele que sofreu o dano, não lhe caberá, aqui, direito a indenização.
Obs: Embora o agente tenha a obrigação de indenizar aquele que sofreu o dano com a sua conduta, se a situação de perigo tiver sido provocada por culpa de terceiro, ser-lhe-á permitida ação regressiva contra este, para haver a importância que tiver sido ressarcida ao dono da coisa. (não é unânime na doutrina, mas é o entendimento da jurisprudência).
33
Legítima defesa
Não pode ser confundida com vingança privada - é preciso que o agente se veja diante de uma situação de total impossibilidade de recorrer ao Estado, responsável constitucionalmente por nossa segurança pública.
Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Bens amparados pela LD
Regra: qualquer bem juridicamente tutelado pela lei.
Exceção: somente será passível de defesa se não for possível socorrer-se do Estado para a sua proteção.
os bens jurídicos comunitários não podem ser objeto de legítima defesa
Ex: Agredir o prefeito de sua cidade, pelo fato dele está destruindo o patrimônio.
Exemplo
Suponhamos que alguém esteja sendo vítima de uma ameaça de um mal futuro, injusto e grave. 
Apesar de a liberdade pessoal estar protegida pelo nosso ordenamento jurídico e considerando, não poderá a vítima, no momento em que as palavras ameaçadoras estão sendo proferidas, agredir o agente na defesa dessa sua liberdade pessoal.
Pois o mal prenunciado à vítima não está ocorrendo (atual) e nem prestes a acontecer (iminente), de modo que esta última tem plena possibilidade de, em um Estado de Direito, buscar socorro nas autoridades encarregadas da defesa da sociedade.
Injusta agressão
Ameaça humana de lesão de um interesse juridicamente protegido.
Impossível cogitar LD contra ataque de animais. 
A conduta injusta não precisa ser criminosa.Ex: furto de uso (ilícito de natureza cível)
Agressão tem que ser injusta
Suponhamos que tenha sido fundamentadamente decretada a prisão preventiva de alguém. De posse do mandado respectivo, a autoridade policial, atendendo à ordem judicial, sai à procura do agente e o prende. Está, aqui, havendo um cerceamento de seu direito de ir, de vir ou de ficar. Entretanto, tal cerceamento não é contrário ao nosso ordenamento jurídico, posto que realizado de acordo com as prescrições legais. Embora o agente se veja privado de seu direito de locomoção, não pode, nesse caso, erigir uma situação de legítima defesa e agredir o policial que foi à sua captura. Isso porque a agressão à sua liberdade, como se verifica, não é injusta.
Determinado agente é convidado para prestar suas declarações perante a autoridade policial. Ao chegar à delegacia de polícia, o delegado, de forma arbitrária, determina sua prisão e pede a alguns de seus detetives que o levem a uma das celas ali existentes. Nesse caso, será que o agente poderia, ao ser preso, agredir os policiais a fim de tentar alcançar sua liberdade?
Meios necessários
São todos aqueles eficazes e suficientes à repulsa da agressão que está sendo praticada ou que está prestes a acontecer.
proporcionalidade entre o bem que se quer proteger e a repulsa contra o agressor. – Razoabilidade.
Quando o agente tiver à sua disposição vários meios aptos a ocasionar a repulsa à agressão, deverá sempre optar pelo menos gravoso, sob pena de considerarmos como desnecessário o meio por ele utilizado.
Exemplo
Uma criança com 10 anos de idade, ao passar por uma residência localizada ao lado de sua escola, percebe que lá existe uma mangueira repleta de frutas. Não resistindo à tentação, invade a propriedade alheia com a intenção de subtrair algumas mangas, oportunidade em que o proprietário daquela residência e, consequentemente, da mangueira, a avista já retirando algumas frutas. 
Com o objetivo de defender seu patrimônio, o proprietário, que somente tinha à sua disposição, como meio de defesa, uma espingarda cartucheira, efetua um disparo em direção à aludida criança, causando-lhe a morte.
Não há, aqui, proporção entre o que se quer defender e a repulsa utilizada como meio de defesa. – Não exclui a ilicitude.
Moderação no uso dos meios necessários
Além de o agente selecionar o meio adequado à repulsa, é preciso que, ao agir, o faça com moderação, sob pena de incorrer no chamado excesso.
Obs: não é o nº de golpes ou disparos que caracteriza a moderação. 
Ex: Suponhamos que A esteja sendo agredido injustamente por B. Com a finalidade de fazer cessar a agressão, A saca uma pistola que trazia consigo e efetua oito disparos em direção a seu agressor. Mesmo atingido por oito vezes, o agressor ainda caminha em direção ao agente, pois os disparos não foram suficientes para fazê-lo parar. Somente no nono disparo é que o agressor é derrubado e a agressão cessa.
 Para verificar se o uso do meio necessário foi moderado ou não, é preciso que tenhamos um marco, qual seja, o momento em que o agente consegue fazer cessar a agressão que contra ele era praticada. 
Tudo o que fizer após esse marco será considerado excesso.
Atualidade e iminência da agressão
Atual é a agressão que está acontecendo; iminente é aquela que está prestes a acontecer
Na agressão iminente, a sua certeza em acontecer é quase que imediatamente, de modo que nos impeça, também, de buscar auxílio junto aos aparelhos repressores formalmente instituídos..
Defesa de direito próprio e de terceiro
O animus do agente é que deverá sobressair, a fim de que possamos saber se, efetivamente, agia com a finalidade de defender sua pessoa ou de auxiliar na defesa de terceiros.
Obs: não cabe LD de terceiros quando o bem for disponível, salvo aquiescência de 3º.
Ex: se o agente, percebendo que o seu maior inimigo está prestes a matar alguém e, aproveitando-se desse fato, o elimina sem que tenha a vontade de agir na defesa de terceira pessoa, mesmo que tenha salvado a vida desta última, responderá pelo delito de homicídio. 
Elemento subjetivo
O agente saiba ou acredite que está atuando em LD. 
É necessário o animus defendendi – finalidade de defender direito próprio ou de 3º
Ex: rapaz que salva terceiro que estava ajoelhado para morrer, sem saber.
LD recíproca
LD Real x LD real
Impossibilidade de ocorrer.
Isso porque as duas agressões são injustas, não se cogitando, nessa hipótese, em legítima defesa, pois ambas as condutas são contrárias ao ordenamento jurídico. 
Somente poderá ser aventada a hipótese de legítima defesa se um dos agentes agredir injustamente o outro, abrindo-se ao ofendido a possibilidade de defender-se legitimamente
LD putativa x autêntica
É possível coexistirem. 
Ex: Augusto ameaça seu vizinho João dizendo que o mataria assim que o encontrasse de uma próxima vez. João, amedrontado com a ameaça, adquire uma arma para sua defesa. Dias depois, Augusto se encontra com João e, ao avistá-lo, leva uma das mãos à cintura, dando a entender que iria sacar uma arma, oportunidade em que João, supondo que seria morto por Augusto, saca seu revólver e o aponta contra aquele e efetua o disparo. Augusto, que naquela oportunidade havia ido ao encontro de João para desculpar-se, e não para cumprir a promessa de morte, vendo que seria ferido ou morto por João, agora, realmente, saca a arma que trazia em sua jaqueta e atira neste último. Ambos saem feridos do fatídico encontro.
LD x EN
Não há possibilidade de um agente agir amparado pelo EN e outro pela LD.
EN real e LD putativa – é possível
Ex: Com a finalidade de socorrer uma vítima de atropelamento, João percebe que existe um automóvel próximo ao local do acidente cujas chaves se encontram na ignição. Com o escopo de socorrer a vítima, João a coloca no banco traseiro do veículo, oportunidade em que o seu proprietário visualiza tão somente João na direção do automóvel, já com o motor ligado. Acreditando estar sendo vítima de um crime de furto, Alfredo, proprietário do veículo, atira contra João, com a finalidade de defender o seu patrimônio. 
EN autêntico (aproveitar-se do veículo de outrem a fim de socorrer a vítima de um acidente) + LD putativa (atirar contra aquele que, supostamente, está subtraindo seu patrimônio, quando, na realidade, encontra-se somente prestando um socorro).
Excesso na LD
É cabível em todas as causas de excludente de ilicitude.
O excesso tem início depois de um marco fundamental, qual seja, o momento em que o agente, com a sua repulsa, fez cessar a agressão que contra ele era praticada
Toda conduta praticada em excesso é ilícita, devendo o agente responder pelos resultados dela advindos.
O excesso pode ser culposo ou doloso
Exemplo
Pedro, dentro de um restaurante, é injustamente agredido por Zito, jogador profissional de futebol. Repelindo aquela agressão, Pedro, fisicamente mais fraco, saca seu revólver e atira em Zito, que tomba ferido no tórax. Pedro, agora, mesmo depois de ter interrompido a agressão que contra ele era cometida e sabendo que não mais poderia continuar a repulsa, diz a Zito: “A partir de hoje, você nunca mais jogará futebol”! – e efetua o segundo disparo no joelho direito de Zito. O excesso, como se percebe, foi doloso. O agente já tinha percebido que não havia mais qualquer ameaça de agressão à sua pessoa, bem como que a lei não lhe facultava continuar o ataque, mas, volitiva e conscientemente, quis causar uma lesão grave em seu agressor inicial, devendo responder por essa infração cometida em excesso. Se porventura Zito viesse a falecer em virtude do primeiro disparo que o havia acertado no tórax, como somente a conduta praticada em excesso é ilícita, Pedro seria responsabilizado pelo crime de lesão corporal, uma vez que o tiro fatal, mais precisamente, a conduta que produziu o resultado morte, estava amparada pela causa de justificação da legítima defesa.
Exemplo
O Sr. José das Pedras, com 65 anos de idade, morador de um pacato vilarejodo interior de Minas Gerais, com apenas 1.500 habitantes, encontra-se num bar jogando uma partida de truco com um forasteiro. O Sr. José das Pedras vence todas as rodadas e o forasteiro, visivelmente irritado, começa a insultá-lo e, no instante seguinte, o agride fisicamente.
O Sr. José das Pedras, que nunca havia tido desentendimento algum em sua cidade, se vê, agora, numa situação constrangedora de ser humilhado na presença de seus conterrâneos. Por ser também fisicamente mais fraco, o Sr. José das Pedras arma-se com uma faca e desfere o primeiro golpe no seu agressor, fazendo cessar aquela agressão injusta. O agressor inicial cai, por causa do golpe que recebera na altura do abdome, e o Sr. José das Pedras, pessoa analfabeta, com uma criação humilde, porém rígida, que nunca havia desrespeitado qualquer pessoa, pelo fato de ter sido agredido inicialmente, acredita firmemente que possa continuar o ataque, porque estava acobertado pela legítima defesa, e efetua um outro golpe de faca, que acerta o ombro do agressor que já se encontrava prostrado.
Embora a conduta praticada em excesso tenha sido dolosa, ela foi derivada de erro sobre os limites de uma causa de justificação, e nesse caso, como em qualquer modalidade de erro, devemos aferir se era evitável ou inevitável.
Excesso culposo
O agente responderá por aquilo que ocasionar depois de ter feito cessar a agressão que estava sendo praticada contra sua pessoa – discriminante putativa. 
 A situação de agressão só existia na mente do agente que, por erro quanto à situação de fato, supõe que ainda será agredido e dá continuidade ao ataque. 
Se o erro for escusável, haverá isenção de pena; se inescusável, responderá o agente pelas penas correspondentes ao delito culposo. É a chamada culpa imprópria.
Na verdade, estamos diante de uma conduta dolosa que por questão de política criminal é punida a título de culpa.
Exemplo
Alfredo, campeão de luta livre, começa, injustamente, a agredir Patrocínio. Este último, agindo com animus defendendi, querendo fazer cessar a agressão que era praticada contra a sua pessoa, saca um revólver e atira em seu agressor, que cai, ferido gravemente. Patrocínio, ainda supondo que Alfredo daria continuidade ao ataque, mesmo ferido, por avaliar erroneamente a situação de fato em que estava envolvido, efetua o segundo disparo, quando já não se fazia mais necessário. Num primeiro momento, quando fez cessar a agressão, efetuando o disparo em direção a Alfredo, Patrocínio agiu amparado pela excludente da legítima defesa autêntica (ou real); no segundo momento, quando imaginou que ainda seria agredido por Alfredo, quando este já não esboçava qualquer possibilidade de continuar o ataque inicial, Patrocínio atuou motivado por uma situação imaginária, que somente ocorria na sua cabeça, levando-o a agir em legítima defesa putativa.
Excesso na causa
Quando há “inferioridade do valor do bem ou interesse defendido, em confronto com o atingido pela repulsa”
Ex: que alguém, querendo evitar que seu maço de cigarros seja furtado, cause a morte daquele que tentava subtraí-lo.
Responde pelo resultado
LD sucessiva
É quando a agressão praticada pelo agente deixa de ser permitida e passa a ser injusta.
Aquele que viu repelida a sua agressão, considerada injusta inicialmente, pode agora alegar a excludente a seu favor, porque o agredido passou a ser considerado agressor, em virtude de seu excesso.
Exemplo
André, jogador de futebol profissional, injustamente, agride Pedro. Este último, pretendendo se defender da agressão que estava sendo praticada contra sua pessoa, saca seu revólver e atira em André, fazendo-o cair. Quando André já não esboçava qualquer possibilidade de continuar a agressão injusta por ele iniciada, Pedro aponta a arma para seu joelho e diz: “Agora que já não pode mais me agredir, vou fazer com que você termine sua carreira no futebol.” Nesse instante, quando Pedro ia efetuar o disparo, já atuando em excesso doloso, André saca seu revólver e o mata.
André, agiu em legítima defesa, uma vez que a agressão que seria praticada por Pedro já não mais se encontrava amparada pela excludente da ilicitude, uma vez que começaria a se exceder, e o excesso, como se percebe, é considerado uma agressão injusta.
Ofendículos
São aparelhos predispostos para a defesa da propriedade (arame farpado, cacos de vidro em muros etc.) visíveis e a que estão equiparados os ‘meios mecânicos’ ocultos (eletrificação de fios, de maçanetas de portas, a instalação de armas prontas para disparar à entrada de intrusos etc.).
Cães e animais de guarda também são considerados
Legítima defesa preordenada x exercício regular de um direito?
São aceitos pelo nosso ordenamento jurídico. - deverá o agente tomar certas precauções na utilização desses instrumentos, sob pena de responder pelos resultados dela advindos.

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