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Aromaticidade Reações do benzeno e dos benzenos substituídos CAPÍTULO 8 O composto que conhecemos como benzeno foi primeiramente isolado em 1825 por Michael Faraday. Ele era extraído do resíduo líquido obtido após se aquecer o óleo de baleia sob pressão, para produzir o gás, que então era usado para ilumi- nar os edifícios em Londres. Muitos benzenos substituídos são encontrados na natureza. Alguns que têm atividade fisiológica são mostrados aqui: CHCHNHCCHCl2 CH2OH O2N cloranfenicol um antibiótico que é particularmente eficaz contra a febre tifoide OH O CHCH2NHCH3 OH HO adrenalina epinefrina OH CHCHNHCH3 CH3 efedrina um broncodilatador OH CH2CH2NH2CH3O CH3O OCH3 mescalina ingrediente ativo do cacto peiote Pirrol Benzeno Piridina michael Faraday (1791–1867) nasceu na Inglaterra, filho de um ferreiro. Aos 14 anos de idade, foi aprendiz de um encadernador e educou‑se lendo os livros com que ele trabalhava. Tornou‑se assistente de Sir Humphry Davy na Royal Institution of Great Britain em 1812, onde aprendeu química autodidaticamente. Em 1825, tornou‑se diretor de um laboratório da instituição e, em 1833, passou a ser professor de química. Ele é mais conhecido por seu trabalho sobre a eletricidade e o magnetismo. BioGrAFiA Bruice_book.indb 186 25/02/14 13:48 CAPÍTuLo 8 Aromaticidade 187 Muitos outros benzenos substituídos fisiologicamente ativos não são encontrados na natureza, mas existem porque os químicos os sintetizaram. A droga emagrecedora fen‑phen, agora proibida, é uma mistura de dois benzenos substituídos sintéticos: fen- fluramina e fentermina. Dois outros benzenos substituídos, BHA e BHT, são conser- vantes encontrados em uma ampla variedade de alimentos em conserva (Seção 5.17). Quando se observa que certos compostos de ocorrência natural têm atividades fi- siológicas desejáveis, os químicos sintetizarão compostos estruturalmente semelhantes, com a esperança de torná-los produtos úteis. Por exemplo, os químicos sintetizaram compostos com estruturas semelhantes à adrenalina, produzindo a anfetamina, um esti- mulante do sistema nervoso central, e a estreitamente relacionada metanfetamina, que são ambas usadas clinicamente como inibidores do apetite. A metanfetamina, conhe- cida como “cristal”, também é feita e vendida ilegalmente, por causa de seus efeitos psicológicos rápidos e intensos. Esses compostos representam apenas alguns dos mui- tos benzenos substituídos que foram sintetizados para uso comercial pelas indústrias químicas e farmacêuticas. As propriedades físicas dos diversos benzenos substituídos encontram-se no Apêndice I. CH2CHNH2 anfetamina CH3 CH3 CH2CHNHCH3 metanfetamina “cristal” COH OCCH3 ácido acetilsalicílico aspirina hexaclorofeno um desinfetante O O Cl Cl Cl Cl Cl ClOH HO CH2 Os compostos como o benzeno que têm relativamente poucos hidrogênios em relação ao número de carbonos normalmente são encontrados em óleos produzidos por árvores e por outras plantas. Os químicos do passado chamavam tais compostos de compostos aro- máticos por causa de suas fragrâncias agradáveis. Dessa forma, eles eram distinguidos dos compostos alifáticos, que têm maior proporção hidrogênio-carbono. Atualmente, os químicos usam a palavra “aromático” para designar certos tipos de estruturas químicas. Agora, vamos analisar as características que fazem com que um composto seja classifi- cado como aromático. CH2CHNHCH2CH3 CF3 fenfluramina CH3 CH2CNH2 CH3 fentermina CH3 O agente laranja, um desfolhante amplamente utilizado durante a Guerra do Vietnã, é uma mistura de dois benzenos substituídos sintéticos: 2,4‑D e 2,4,5‑T. A dioxina (TCDD), um contaminante formado durante a fabricação de agente laranja, tem sido implicada como o agente causador dos vários sintomas sofridos pelas pessoas expostas a esse composto durante a guerra. OCH2COH ClCl ácido 2,4-diclorofenoxiacético 2,4-D O OCH2COH ClCl Cl ácido 2,4,5-triclorofenoxiacético 2,4,5-T O ClO O Cl Cl Cl 2,3,7,8-tetraclorodibenzo[b,e][1,4]dioxina TCDD A toxicidade de um composto é indicada pelo seu valor de DL 50 — a dosagem capaz de matar 50% dos animais experimentais expostos a ele. A dioxina, com um valor de DL 50 de 0,0006 mg/kg para cobaias, é um composto extremamente tóxico. Compare esse valor com os valores de DL 50 de alguns venenos bem conhecidos, mas muito menos tóxicos: 0,96 mg/kg para a estricnina e 15 mg/kg para o trióxido de arsênio e o cianeto de sódio. Um dos agentes tóxicos mais conhecidos é a toxina botulínica, com um valor de DL 50 de cerca de 1 × 10–8 mg/kg. mEDiNDo A ToXiCiDADE 8.1 oS DoiS CriTérioS DE AromATiCiDADE No Capítulo 7, vimos que o benzeno é um composto cíclico e planar com uma nuvem cíclica de elétrons deslocalizados acima e abaixo do plano do anel. (Veja a Figura 7.1 na página 163.) Como seus elétrons π estão deslocalizados, todas as ligações C — C no benzeno têm o mesmo comprimento. Bruice_book.indb 187 25/02/14 13:48 188 Fundamentos de química orgânica O benzeno é um composto particularmente estável, porque sua energia de deslo- calização — a estabilidade adicional que ele ganha por ter elétrons deslocalizados — é incomumente grande (Seção 7.6). Os compostos com energias de deslocalização incomu- mente grandes são chamados de compostos aromáticos. Como podemos saber se um composto é aromático, apenas observando sua es- trutura? Em outras palavras, que características estruturais os compostos aromáticos têm em comum? Para ser classificado como aromático, um composto deve atender aos dois critérios a seguir: 1. Ele deve ter uma nuvem de elétrons π cíclica ininterrupta (chamada de nuvem π) acima e abaixo do plano da molécula. Vamos olhar em mais detalhes o que isso significa: Para a nuvem π ser cíclica, a molécula deve ser cíclica. Para a nuvem π ser ininterrupta, cada átomo no anel deve ter um orbital p. Para a nuvem π se formar, cada orbital p deve se sobrepor com os orbitais p de cada lado da nuvem. Portanto, a molécula deve ser planar. 2. A nuvem π deve conter um número ímpar de pares de elétrons π. Portanto, o benzeno é um composto aromático, porque é cíclico e planar, cada carbono no anel tem um orbital p e a nuvem π contém três pares de elétrons π. 8.2 APLICAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE AROMATICIDADE O ciclobutadieno tem dois pares de elétrons π e o ciclo-octatetraeno tem quatro pares de elétrons π. Ao contrário do benzeno, esses compostos não são aromáticos, porque têm um número par de pares de elétrons π. Há uma razão adicional para o ciclo-octatetraeno não ser considerado aromático: ele não é planar e tem uma forma côncava (Seção 7.3). Como o ciclobutadieno e o ciclo-octatetraeno não são aromáticos, não têm a estabilidade incomum dos compostos aromáticos. ciclobutadieno benzeno ciclo-octatetraeno Agora, vamos analisar outros compostos e determinar se eles são aromáticos. O ciclopentadieno não é aromático, porque não possui um anel ininterrupto de átomos com orbital p. Um de seus átomos do anel é hibridizado em sp3 e apenas carbonos sp2 e sp têm orbitais p. Portanto, o ciclopentadieno não preenche o primeiro critério de aromaticidade. ciclopentadieno cátion ciclopentadienila ânion ciclopentadienila + –sp3 O cátion ciclopentadienila também não é aromático porque, embora seja planar e tenha um anel ininterrupto de átomos com orbitais p, sua nuvem π tem dois (um número par) pares de elétrons π. O ânion ciclopentadienila é aromático: ele é planar, tem um anel ininterrupto de átomos com orbitais p e sua nuvem π contém três (um número ímpar) pares de elétrons π. Observe que o carbono carregado negativamente no ânion ciclopentadienila é hi- bridizado em sp2, porque, se fosse hibridizado em sp3, o íon não seria aromático. O híbrido de ressonância mostra que todos os carbonos no ânion ciclopentadienila são equivalentes. Cada carbono tem exatamente um quinto da carga negativa associada com o ânion. Os compostos aromáticos são particularmente estáveis. Paraum composto ser aromático, ele deve ser cíclico, planar e ter uma nuvem ininterrupta de elétrons. A nuvem π deve conter um número ímpar de pares de elétrons π. Moléculas em 3D: Ciclobutadieno; Benzeno; Ciclo-octatetraeno Quando desenhar os contribuintes de ressonância, lembre-se de que somente os elétrons se movem; os átomos nunca se movem. M08_BRUI1104_02_SE_C08.indd 188 06/03/14 15:39 CAPÍTULO 8 Aromaticidade 189 δ– δ– δ– δ– contribuintes de ressonância do ânion ciclopentadienila híbrido de ressonância – – – – – δ– Os critérios que determinam se um composto de hidrocarboneto monocíclico é aro- mático também podem ser usados para determinar se um composto com hidrocarboneto policíclico é aromático. O naftaleno (cinco pares de elétrons π), o fenantreno (sete pares de elétrons π) e o criseno (nove pares de elétrons π) são aromáticos. naftaleno fenantreno criseno PROBLEMA 1 a. Desenhe setas para mostrar o movimento dos elétrons indo de um contribuinte de ressonância para o próximo no ânion ciclopentadienila. b. Quantos átomos do anel compartilham a carga negativa? Moléculas em 3D: Fenantreno; Naftaleno Diamante e grafite são duas formas conhecidas de carbono puro (Seção 1.8). Uma terceira forma foi descoberta inesperadamente em 1985, enquanto os cientistas estavam realizando experimentos proje tados para entender como as moléculas de cadeia longa são formadas no espaço sideral. R. E. Smalley, R. F. Curl, Jr. e H. W. Kroto dividiram o Prêmio Nobel de Química de 1996 por descobrirem essa nova for ma de carbono. Deram à substância o nome de buckminsterfulereno (muitas vezes abreviado para fulereno), porque sua estrutura lembrou lhes as cúpulas geodésicas, popularizadas por R. Buckminster Fuller, arquiteto americano e filósofo. Seu apelido é “buckyball”. Uma cúpula geodésica Consistindo de um cluster oco de 60 carbonos, o fulereno é a maior molécula simétrica conhecida. Como o grafite, o fulereno tem apenas carbonos sp2, mas em vez de serem dispostos em camadas, os carbonos são dispostos em anéis que se encaixam como as costuras de uma bola de futebol. Cada molécula tem 32 anéis entrelaçados (20 hexágonos e 12 pentágonos). À primeira vista, o fulereno parece ser aromático, por causa de seus anéis que lembram um benzeno. No entanto, a curvatura da bola impede que a molécula preencha o primeiro critério de aromaticidade — que seja planar. As buckyballs têm propriedades químicas e físicas extraordiná rias. Por exemplo, são extremamente robustas, como mostrado por sua capacidade de sobreviver às temperaturas extremas do espa ço sideral. Como são essencialmente gaiolas ocas, elas podem ser manipuladas para produzir materiais nunca antes conhecidos. Por exemplo, quando uma buckyball é “dopada” por meio da inserção de potássio ou césio em sua cavidade, tornase um excelente super condutor orgânico. Essas moléculas agora estão sendo estudadas para uso em muitas outras aplicações, incluindo o desenvolvimento de novos polímeros, novos catalisadores e novos sistemas de forne cimento de medicamentos. A descoberta dos fulerenos é uma forte lembrança dos avanços tecnológicos que podem ser obtidos como resultado da pesquisa básica. Richard E. Smalley (1943–2005) nasceu em Akron, Ohio. Ele recebeu o título de bacharel pela Universidade de Michigan e de doutor pela Universidade de Princeton. Foi professor de química na Universi dade Rice. Robert F. Curl, Jr. nasceu no Texas, em 1933. Ele recebeu o título de bacharel pela Universidade Rice e de doutor pela Universidade da Califórnia, Berkeley. É professor de química na Universidade Rice. Sir Harold W. Kroto nasceu em 1939 na Inglaterra e foi profes sor de química na Universidade de Sussex. Atualmente é professor de química na Universidade do Estado da Flórida. BUCKYBALLS M08_BRUI1104_02_SE_C08.indd 189 06/03/14 15:39 190 Fundamentos de química orgânica ProBLEmA 2♦ O pK a do ciclopentadieno é 15, enquanto o pK a do ciclopentano é > 60. Explique a diferença nos valores de pK a . (Dica: compare as estabilidades das bases conjugadas.) H H ciclopentano pKa > 60 ProBLEmA 3♦ Quais das seguintes moléculas são aromáticas? Explique sua escolha. ciclo-heptatrieno cátion ciclo-heptatrienila ânion ciclo-heptatrienila –+ ProBLEmA 4♦ Quais das seguintes moléculas são aromáticas? a. c. – b. d. CH 2 w CHCH w CHCH w CH 2 ProBLEmA 5♦ RESOLVIDO a. Quantos monobromonaftalenos existem? b. Quantos monobromofenantrenos existem? Solução para 5a Há dois monobromonaftalenos. A substituição não pode ocorrer em qualquer um dos carbonos compartilhados por ambos os anéis, porque esses carbonos não estão ligados a um hidrogênio. O naftaleno é uma molécula planar, então a substituição de um hidrogênio em qualquer outro carbono resul‑ tará em um dos dois compostos mostrados. Br Br 8.3 ComPoSToS HETEroCÍCLiCoS AromáTiCoS Um composto não precisa ser um hidrocarboneto para ser aromático. Muitos compos‑ tos heterocíclicos são aromáticos. Um composto heterocíclico é um composto cíclico em que pelo menos um dos átomos do anel é um átomo diferente do carbono. Um átomo do anel que não seja um carbono é chamado de heteroátomo. O nome vem da palavra grega heteros, que significa “diferente”. Os heteroátomos mais comuns são N, O e S. compostos heterocíclicos pirrol H piridina N furano O tiofeno SN Moléculas em 3D: 1‑cloronaftaleno; 2‑cloronaftaleno Bruice_book.indb 190 25/02/14 13:48 CAPÍTuLo 8 Aromaticidade 191 A piridina é um composto heterocíclico aromático. Cada um dos seis átomos do anel da piridina é hibridizado em sp2, o que significa que cada um tem um orbital p, e a mo- lécula contém três pares de elétrons π. (Não se deixe confundir pelo par de elétrons não ligante no nitrogênio, eles não são elétrons π.) Como o nitrogênio é hibridizado em sp2, ele possui três orbitais sp2 e um orbital p. O orbital p é usado para formar a ligação. Dois dos orbitais sp2 do nitrogênio sobrepõem-se aos orbitais sp2 dos carbonos adjacentes e o terceiro orbital sp2 do nitrogênio contém o par não ligante. este é um orbital p N estrutura de orbitais da piridina estes elétrons estão em um orbital sp2 perpendicular aos orbitais p Não fica imediatamente evidente que os elétrons representados como par de elétrons não ligante no átomo de nitrogênio do pirrol são elétrons π. Os contribuintes de ressonân- cia, no entanto, mostram que o nitrogênio é hibridizado em sp2 e usa seus três orbitais sp2 para a ligação com dois carbonos e um hidrogênio. + – – – –N H N H + N H + N H + N H contribuintes de ressonância do pirrol O par de elétrons não ligante, portanto, deve estar em um orbital p que se sobrepõe aos orbitais p de carbonos adjacentes, formando uma ligação π; assim, eles são elétrons π. O pirrol, portanto, tem três pares de elétrons π e é aromático. N H O estrutura de orbitais do pirrol estes elétrons estão em um orbital p estes elétrons estão em um orbital p estrutura de orbitais do furano estes elétrons estão em um orbital sp2 perpendicular aos orbitais p Da mesma forma, o furano e o tiofeno são compostos aromáticos estáveis. Tanto o oxigênio no furano quanto o enxofre no tiofeno são hibridizados em sp2 e possuem um par não ligante em um orbital sp2. O segundo par não ligante de cada composto está em um orbital p que se sobrepõe aos orbitais p de carbonos adjacentes, formando uma ligação π. Assim, eles são elétrons π. contribuintes de ressonância do furano O O O O O – – ––+ + + + Bruice_book.indb 191 25/02/14 13:48 192 Fundamentos de química orgânica Quinolina, indol, imidazol, purina e pirimidina são outros exemplos de compostos heterocíclicos aromáticos. N N N quinolina indol imidazol purina pirimidina N H NHN N N N N H ProBLEmA 6 a. Desenhe as setas para mostrar o movimento dos elétrons indo de um contribuinte de ressonância para o próximo no pirrol. b. Quantos átomos do anel compartilham a carga negativa? ProBLEmA 7♦Consulte os mapas de potencial eletrostático na página 186 para responder às seguintes perguntas: a. Por que a parte inferior do mapa de potencial eletrostático do pirrol é azul? b. Por que a parte inferior do mapa de potencial eletrostático da piridina é vermelho? c. Por que o centro do mapa de potencial eletrostático do benzeno é mais vermelho do que o centro do mapa de potencial eletrostático da piridina? O heme, que é encontrado na hemoglobina e na mioglobina, contém um íon ferroso (Fe2+) ligado pelos quatro nitrogênios de um sistema de anéis porfirínicos. A ligação ocorre pelo compartilhamento de um par de elétrons não ligante com um íon metálico. C H3C –OOCCH2CH2 H C N N FeII C CH3 HC CH2 C C C CH3 CH CH2CH2COO– C N C HC NC C H C C C CH3CC C H C H2C CC um sistema de anéis porfirínicos heme N N HN NH Os átomos de ferro na hemoglobina e na mioglobina, além de serem ligados aos quatro nitrogênios do anel porfirínico, também são ligados a um componente da proteína (globina), e o sexto ligante é o oxigênio ou o dióxido de carbono. O monóxido de carbono tem aproxi‑ madamente o mesmo tamanho e a forma do O2, mas CO liga‑se mais firmemente do que O 2 ao Fe2+. Consequentemente, respirar monóxido de carbono pode ser fatal, porque ele se liga à hemoglobina mais fir‑ memente do que o oxigênio e interfere no transporte de oxigênio pela corrente sanguínea. O extenso sistema conjugado da heme confere ao sangue sua cor vermelha característica. Concentrações de até 1 × 10–8 M podem ser detectadas por espectroscopia na região do UV (Seção 7.12). O sistema de anéis na clorofila a, a substância responsável pela cor verde das plantas, é semelhante a um sistema de anel porfirínico. O átomo de metal na clorofila a é o magnésio (Mg2+). A vitamina B 12 também possui um sistema de anéis semelhante a um sistema de anel porfirínico, mas, nesse caso, o íon metálico é o cobalto (Co3+) (Seção 17.10). H3C MgII CH2 H3C CH2CH3 CH3 CH3HC clorofila a N H H N N N C OCH3 OO O O HEmE E CLoroFiLA Bruice_book.indb 192 25/02/14 13:48 CAPÍTuLo 8 Aromaticidade 193 O ser humano em média decompõe cerca de 6 g de hemoglobina diariamente. A porção de proteína (globina) e o ferro são reaproveitados, mas o anel porfirínico é fragmentado, sendo reduzido primeiro a biliverdina, um composto verde, e depois a bilirrubina, um composto amarelo. Se mais bilirrubina é formada do que pode ser excretada pelo fígado, ela se acumula no sangue. Quando sua concentração sérica atinge um determinado nível, difunde‑se para os tecidos, dando‑lhes uma coloração amarelada. Essa condição é conhecida como icterícia. PorFiriNA, BiLirruBiNA E iCTErÍCiA 8.4 A NomENCLATurA DoS BENZENoS moNoSSuBSTiTuÍDoS Alguns benzenos monossubstituídos são nomeados simplesmente adicionando-se o termo “benzeno” ao nome do substituinte. bromobenzeno clorobenzeno nitrobenzeno usado como um solvente de graxa de sapato etilbenzeno Br Cl NO2 CH2CH3 Alguns benzenos monossubstituídos têm os nomes que incorporam o nome do substi- tuinte. Infelizmente, tais nomes precisam ser memorizados. tolueno anilina fenol ácido benzenossulfônico CH3 OH NH2 SO3H OH O C anisol benzaldeído H O estireno ácido benzoico CCHOCH3 CH2 Quando um anel benzênico é um substituinte, ele é chamado de grupo fenila. Um anel benzênico com um grupo metileno é chamado de grupo benzila. Moléculas em 3D: Tolueno; Bromobenzeno A clorofila a é o pigmento responsável pela cor verde das plantas. Esse composto altamente conjugado absorve luz roxa, que faz com que as plantas reflitam a luz verde (Seção 7.12). Bruice_book.indb 193 25/02/14 13:48 194 Fundamentos de química orgânica clorometilbenzeno cloreto de benzila CH2Cl um grupo fenila um grupo benzila CH2 O éter dibenzílico éter difenílico CH2OCH2 Um grupo arila (Ar) é o termo geral para um grupo fenila ou um grupo fenila substituí- do, assim como um grupo alquila (R) é o termo geral para um grupo derivado de um alcano. Em outras palavras, ArOH pode ser usado para designar qualquer um dos seguintes fenóis: OH OH Br OH CH2CH3 O benzeno, que foi amplamente utilizado em síntese química e frequentemente é usado como um solvente, é uma substância tóxica. Os principais efeitos adversos da exposição crônica são vistos no sistema nervoso central e na medula óssea; o benzeno provoca leucemia e anemia aplástica. Uma incidência de leucemia maior do que a média, por exemplo, foi observada em trabalhadores industriais com exposição prolongada a quan‑ tidades tão pequenas quanto 1 ppm de benzeno na atmosfera. O tolueno substituiu o benzeno como solvente porque, embora também seja um depressor do sistema nervoso central, não causa leucemia nem anemia aplástica. “Cheirar cola”, uma atividade altamente perigosa, produz efeitos narcóticos no sistema nervoso central, porque a cola contém tolueno. A ToXiCiDADE Do BENZENo ProBLEmA 8♦ Desenhe a estrutura de cada uma das seguintes moléculas: a. 2‑fenil‑hexano b. álcool benzílico c. 3‑benzilpentano 8.5 Como o BENZENo rEAGE Os compostos aromáticos como o benzeno sofrem reações de substituição eletro- fílica aromática: um eletrófilo substitui um dos hidrogênios ligados ao anel benzênico. H H H H H H H Y H H H H Y++ H++ um eletrófilo Agora vejamos por que ocorre essa reação de substituição. A nuvem de elétrons π acima e abaixo do plano do seu anel faz com que o benzeno seja um nucleófilo. Ele irá, portanto, reagir com um eletrófilo (Y+). Quando um eletrófilo se liga a um anel benzêni- co, é formado um intermediário carbocátion. YY+ + H + intermediário carbocátion Bruice_book.indb 194 25/02/14 13:48 CAPÍTuLo 8 Aromaticidade 195 Essa descrição deve lembrá-lo da primeira etapa em uma reação de adição eletrofílica de um alceno: o alceno reage com um eletrófilo e forma um intermediário carbocátion (Seção 5.1). Na segunda etapa de uma reação de adição eletrofílica de um alceno, o car- bocátion reage com um nucleófilo (Z–) para formar um produto de adição. Y++CHRRCH intermediário carbocátion produto de adição eletrofílica Y CHR Z – RCH + Y CHRRCH Z Se o intermediário carbocátion formado a partir da reação do benzeno com um ele- trófilo reagisse da mesma forma com um nucleófilo (representado como caminho b na Figura 8.1), o produto da reação não seria aromático. Mas se o carbocátion perder um próton do sítio de ataque eletrofílico (representado como caminho a na Figura 8.1), a aromaticidade do anel benzênico é restaurada. Y Y Z Y+ + H b b a a Z– + intermediário carbocátion um composto não aromático produto de adição eletrofílica Y um composto aromático produto de substituição eletrofílica + HZ Como o produto da substituição aromática é muito mais estável do que o produto da adição não aromática (Figura 8.2), o benzeno sofre reações de substituição eletrofílica que preservam a aromaticidade em vez de reações de adição eletrofílica — as reações características dos alcenos — que destruiriam a aromaticidade. A reação de substituição é chamada mais precisamente de uma reação de substituição eletrofílica aromática, já que o eletrófilo substitui um hidrogênio de um composto aromático. Progresso da reação En er g ia li vr e Z– + H Y + produto de adição produto de substituição Y Y Z HZ+ Y Z+ Figura 8.1 Reação do benzeno com um eletrófilo. Como o produto aromático é mais estável, a reação prossegue como (a) uma reação de substituição eletrofílica em vez de (b) uma reação de adição eletrofílica. Figura 8.2 Diagrama da coordenada de reação para a substituição eletrofílica do benzeno e adição eletrofílica do benzeno. Bruice_book.indb 195 25/02/14 13:48 196 Fundamentos de química orgânica 8.6 o mECANiSmo GErAL PArA AS rEAÇÕES DE SuBSTiTuiÇÃo ELETroFÍLiCA AromáTiCA Em uma reação de substituição eletrofílica aromática, um eletrófilo se liga a um car- bono do anel e um H+ sai do mesmo carbono do anel. YH Y++ H++ uma reaçãode substituição eletrofílica aromática um eletrófilo A seguir, temos as cinco reações de substituição eletrofílica aromática mais comuns: 1. Halogenação: um bromo (Br) ou um cloro (Cl) substitui um hidrogênio. 2. Nitração: um grupo nitro (NO2) substitui um hidrogênio. 3. Sulfonação: um grupo ácido sulfônico (SO3H) substitui um hidrogênio. 4. Acilação de Friedel-Crafts: um grupo acila (RC w O) substitui um hidrogênio. 5. Alquilação de Friedel-Crafts: um grupo alquila (R) substitui um hidrogênio. Todas essas reações de substituição eletrofílica aromática ocorrem pelo mesmo me- canismo em duas etapas. rápidaH Y + uma base na mistura da reação lentaY+ + + + HB++H BB Y H Y Y o próton é removido do carbono que formou a nova ligação com o eletrófilo mecanismo geral para substituição eletrofílica aromática •� O benzeno (um nucleófilo) reage com um eletrófilo (Y+), formando um interme- diário carbocátion. A estrutura do intermediário carbocátion pode ser prevista por três contribuintes de ressonância. •� Uma base (:B) na mistura da reação tira um próton do intermediário carbocátion e os elétrons que seguram o próton movem-se para dentro do anel, para restabelecer sua aromaticidade. Note que o próton é sempre removido do carbono que formou a nova ligação com o eletrófilo. A primeira etapa é relativamente lenta e consome energia, porque um composto aro- mático está sendo convertido em um intermediário carbocátion não aromático muito me- nos estável (Figura 8.2). A segunda etapa é rápida e libera energia, porque essa etapa restaura a aromaticidade, aumentando a estabilidade. Vamos analisar individualmente cada uma dessas cinco reações de substituição ele- trofílica aromática. Ao estudar as reações, observe que elas diferem apenas pelo modo como é gerado o eletrófilo (Y+) necessário para iniciar a reação. Uma vez que o eletrófilo é formado, todas as cinco reações seguem o mesmo mecanismo de duas etapas para a substituição eletrofílica aromática. Em uma reação de substituição eletrofílica aromática, um eletrófilo (Y+) se liga a um carbono do anel e um H+ sai do mesmo carbono do anel. Bruice_book.indb 196 25/02/14 13:48 CAPÍTuLo 8 Aromaticidade 197 8.7 HALoGENAÇÃo Do BENZENo A bromação ou cloração do benzeno requer um catalisador ácido de Lewis como o brometo férrico ou o cloreto férrico. Lembre-se de que um ácido de Lewis é um composto que aceita compartilhar um par de elétrons (Seção 2.9). Br Br2+ + HBr FeBr3 bromação bromobenzeno Cl Cl2+ + HCl FeCl3 cloração clorobenzeno Doar um par não ligante para o ácido de Lewis enfraquece a ligação Br — Br (ou Cl — Cl), que torna Br2 (ou Cl2) um eletrófilo melhor. + Br Br FeBr3 + –Br Br FeBr3 um eletrófilo melhorum eletrófilo O mecanismo para a bromação é mostrado a seguir. Por razões de clareza, somente um dos três contribuintes de ressonância do intermediário carbocátion é mostrado no presente mecanismo e nos subsequentes para as reações de substituição eletrofílica aromática. Tenha em mente, no entanto, que cada intermediário carbocátion realmente tem os três contribuintes de ressonância mostrados na Seção 8.6. Br ++ HB+ + FeBr4 B+ H BrBr Br FeBr3 + – – mecanismo para a bromação •� O eletrófilo liga-se ao anel benzênico. •� Uma base (:B) da mistura reacional (como –FeBr4 ou o solvente) remove um pró- ton do intermediário carbocátion, restaurando, desse modo, o anel aromático. A cloração do benzeno ocorre pelo mesmo mecanismo da bromação. Cl ++ HB+ + FeCl4 B+ H ClCl Cl FeCl3 + – mecanismo para a cloração – Clorobenzeno Bruice_book.indb 197 25/02/14 13:48 198 Fundamentos de química orgânica A tiroxina, que é um hormônio produzido pela glândula tireoide, regula a taxa metabólica do organismo, causando um aumento na velocidade com que as gorduras, carboidratos e proteínas são metabolizados. Sem a tiroxina, o desenvolvimento no jovem cessaria. Os seres humanos obtêm tiroxina da tirosina (um aminoácido) e do iodo. A glândula tireoide é a única parte do corpo que usa o iodo, o qual adquirimos principalmente do sal iodado na nossa dieta. Uma enzima chamada iodo peroxidase converte o I– que ingerimos para I+, o eletrófilo necessário para colocar um substituinte iodo no anel benzênico. tirosina um aminoácido tiroxina CH2CHCO +NH3 O HO HO I I I I – CH2CHCO NH3 O O + – Níveis de tiroxina cronicamente baixos causam aumento da glândula tireoide, uma condição conhecida como bócio. Os níveis baixos de tiroxina podem ser corrigidos pela ingestão de tiroxina por via oral. O Synthroid, a marca mais popular de tiroxina nos EUA, é a sexta droga mais prescrita nos Estados Unidos (veja a Tabela 21.1 na página 531). TiroXiNA 8.8 NiTrAÇÃo Do BENZENo A nitração do benzeno com ácido nítrico requer ácido sulfúrico como um catalisador. NO2 HNO3+ + H2O H2SO4 nitração nitrobenzeno Para gerar o eletrófilo necessário, o ácido sulfúrico protona o ácido nítrico. O ácido nítrico protonado perde água para formar um íon nitrônio, o eletrófilo necessário para a nitração. íon nitrônioácido nítrico HO NO2 + H OSO3H HO NO2 H + +NO2 + H2O + HSO4– O mecanismo para a nitração é o mesmo que os mecanismos descritos na Seção 8.7. NO2 + H NO2 mecanismo para a nitração +NO2+ :B + HB+ •� O eletrófilo liga-se ao anel benzênico. •� Uma base (:B) da mistura reacional (como H2O, HSO4 –, ou o solvente) remove um próton do intermediário carbocátion, restaurando, desse modo, o anel aromático. ácido nítrico O– N O HO íon nitrônio O ON + + Molécula em 3D: Nitrobenzeno Bruice_book.indb 198 25/02/14 13:48 CAPÍTuLo 8 Aromaticidade 199 8.9 SuLFoNAÇÃo Do BENZENo O ácido sulfúrico fumegante (uma solução de SO3 em ácido sulfúrico) ou ácido sulfú- rico concentrado é usado para sulfonar os anéis aromáticos. SO3H H2SO4+ + H2O sulfonação ácido benzenossulfônico ∆ Invista um minuto para analisar as semelhanças entre os mecanismos de formação do eletrófilo para sulfonação e do eletrófilo para nitração. íon sulfônio ácido sulfúrico HO + H OSO3H HO H + + H2O + HSO4– SO3H SO3H +SO3H O mecanismo para sulfonação é o mesmo que os outros mecanismos que já vimos para a substituição eletrofílica aromática. + H + :B + HB++SO3H SO3H SO3H mecanismo para a sulfonação •� O eletrófilo liga-se ao anel benzênico. •� Uma base (:B) da mistura reacional remove um próton do intermediário carbocá- tion, restaurando, desse modo, o anel aromático. 8.10 ACiLAÇÃo DE FriEDEL-CrAFTS Do BENZENo Duas reações de substituição eletrofílica levam os nomes dos químicos Charles Frie- del e James Crafts. A acilação de Friedel‑Crafts coloca um grupo acila em um anel ben- zênico e a alquilação de Friedel‑Crafts coloca um grupo alquila em um anel benzênico. O C um grupo acila R um grupo alquila R Um cloreto de acila é usado para gerar o eletrófilo para uma acilação de Friedel- -Crafts. Um cloreto de acila tem um Cl no lugar do grupo OH de um ácido carboxílico. + + HCl AlCl3 acilação de Friedel-Crafts O C R um cloreto de acila R O C Cl um grupo acila O eletrófilo (um íon acílio) é formado pela reação de um cloreto de acila com AlCl3, um ácido de Lewis. Charles Friedel (1832–1899), nascido em Estrasburgo, na França, foi professor de química e diretor de pesquisa na Sorbonne. Seu interesse por mineralogia, a certa altura, levou‑o a tentar fazer diamantes sintéticos. Ele conheceu James Crafts quando ambos estavam realizando pesquisas na L’Ecole de Médicine de Paris. Colaboraram cientificamente um com o outro durante a maior parte de suas vidas, descobrindo as reações de Friedel‑Crafts no laboratório de Friedel em 1877. BioGrAFiA Bruice_book.indb 199 25/02/14 13:48 200 Fundamentos de química orgânica O C AlCl3 –AlCl4 ClR C OR+ + + um íon acílioum cloreto de acila O mecanismo de acilação de Friedel-Crafts é mostrado a seguir. C B O H C O R R + HB++ + C OR + mecanismo para a acilação de Friedel-Crafts •� O eletrófilo liga-se ao anel benzênico. •� Uma base (:B)da mistura reacional remove um próton do intermediário carbocá- tion, restaurando, desse modo, o anel aromático. ProBLEmA 9 Escreva o mecanismo para a reação a seguir: + + HClAlCl3 O C CH3 H3C O C Cl 8.11 ALQuiLAÇÃo DE FriEDEL-CrAFTS Do BENZENo A alquilação de Friedel-Crafts coloca um grupo alquila em um anel benzênico. alquilação de Friedel-Crafts + + HCl R RCl AlCl3 um grupo alquila O eletrófilo nessa reação é um carbocátion que é formado pela reação de um haleto de al- quila com AlCl3. Os fluoretos de alquila, cloretos de alquila, brometos de alquila e iodetos de alquila podem todos ser usados. + + –AlCl4Cl AlCl3R R+ um haleto de alquila um carbocátion O mecanismo de alquilação de Friedel-Crafts é mostrado a seguir. R R++ HB++ mecanismo para a alquilação de Friedel-Crafts H R + B •� O eletrófilo (R+) liga-se ao anel benzênico. •� Uma base (:B) da mistura reacional remove um próton do intermediário carbocá- tion, restaurando, desse modo, o anel aromático. James mason Crafts (1839–1917) nasceu em Boston, filho de um fabricante de produtos de lã. Graduou ‑se em Harvard em 1858 e foi professor de química na Universidade de Cornell e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Foi presidente do MIT de 1897 a 1900, quando foi forçado a se aposentar por problemas de saúde. BioGrAFiA Bruice_book.indb 200 25/02/14 13:48 CAPÍTuLo 8 Aromaticidade 201 Além de reagir com carbocátions gerados a partir de haletos de alquila, o benzeno pode reagir com carbocátions gerados a partir da reação de um alceno com um ácido (Seção 5.1). alquilação do benzeno por um alceno CHCH2CH3 CH3CH CHCH3+ HF sec-butilbenzeno CH3 ProBLEmA 10 Escreva o mecanismo para a alquilação do benzeno por but‑2‑eno + HF. ProBLEmA 11♦ Qual seria o produto de uma reação de alquilação de Friedel‑Crafts usando os cloretos de alquila a seguir? a. CH 3 CH 2 Cl b. CH3CH2CHCH3 Cl c. CH 2 w CHCH 2 Cl 8.12 Como ALGuNS SuBSTiTuiNTES Em um ANEL BENZÊNiCo PoDEm SEr QuimiCAmENTE moDiFiCADoS Anéis benzênicos com substituintes diferentes daqueles listados na Seção 8.6 podem ser preparados primeiramente sintetizando-se um daqueles benzenos substituídos e então modificando quimicamente o substituinte. Por exemplo, os grupos carbonila e os grupos nitro podem ser reduzidos por hidrogenação catalítica (Seção 5.12). Quando um compos- to orgânico é reduzido, o número de ligações C — H (ou N — H) aumenta. H2+ Pd/C Pd/C O C CH2CH3 CH3 H2+ NO2 NH2 Como o benzeno é um composto muito estável, suas ligações duplas não reagem com o H2 sob essas condições. Um grupo alquila ligado a um anel benzênico pode ser oxidado a um grupo COOH. Quando um composto orgânico é oxidado, ou o número de ligações C — O aumenta ou o número de ligações C — H diminui. O ácido crômico (H2CrO4) é um agente oxidante comumente utilizado; a reação requer calor. (Como o anel benzênico é muito estável, não será oxidado — apenas o grupo alquila é oxidado.) CH3 tolueno H2CrO4 ∆ COOH ácido benzoico Bruice_book.indb 201 25/02/14 13:48 202 Fundamentos de química orgânica Independentemente do comprimento do substituinte alquila, ele vai ser oxidado para um grupo COOH, desde que um hidrogênio esteja ligado ao carbono benzílico. COOHCHCH3 CH3 CH2CH2CH2CH3 H2CrO4 ∆ COOH m-butilisopropilbenzeno ácido m-benzenodicarboxílico Se o grupo alquila não possuir um hidrogênio benzílico, a reação de oxidação não ocor- rerá, porque a primeira etapa na reação de oxidação é a remoção de um hidrogênio do carbono benzílico. C CH3 terc-butilbenzeno não há reação CH3 CH3 H2CrO4 ∆ não tem um hidrogênio benzílico ProBLEmA 12♦ Dê os produtos das seguintes reações: a. H2CrO4 ∆ CH3 CHCH3 b. H2CrO4 ∆CH3 CH2CH3 ProBLEmA 13 Mostre como os seguintes compostos podem ser preparados a partir do benzeno: a. NH2 b. COOH c. CH2CH2CH3 8.13 A NomENCLATurA DoS BENZENoS DiSSuBSTiTuÍDoS A posição relativa dos dois substituintes em um anel benzênico pode ser indicada por números ou pelos prefixos orto, meta e para. Os substituintes adjacentes são chamados orto, os substituintes separados por um carbono são nomeados meta e os substituintes localizados em frente um ao outro são designados para. Muitas vezes, apenas as abrevia- turas para esses prefixos (o, m, p) são usadas nos nomes dos compostos. Br Br Br Br Br Br 1,4-dibromobenzeno para-dibromobenzeno p-dibromobenzeno 1,3-dibromobenzeno meta-dibromobenzeno m-dibromobenzeno 1,2-dibromobenzeno orto-dibromobenzeno o-dibromobenzeno ácido meta-bromobenzoico orto-cloronitrobenzeno ácido para-iodobenzenossulfônico Bruice_book.indb 202 25/02/14 13:48 CAPÍTuLo 8 Aromaticidade 203 Se os dois substituintes são diferentes, eles são listados em ordem alfabética. O pri- meiro substituinte mencionado recebe a posição 1 e o anel é numerado na direção que dá ao segundo substituinte o menor número possível. Cl I 1-cloro-3-iodobenzeno meta-cloroiodobenzeno Br NO2 CH2CH3 Cl 1-bromo-3-nitrobenzeno meta-bromonitrobenzeno 1-cloro-4-etilbenzeno para-cloroetilbenzeno Se um dos substituintes pode ser incorporado em um nome (Seção 8.4), esse nome é usado e ao substituinte incorporado é dada a posição 1. Cl CH3 NO2 NH2 OH 2-clorotolueno orto-clorotolueno não orto-clorometilbenzeno CH2CH3 4-nitroanilina para-nitroanilina não para-aminonitrobenzeno 2-etilfenol orto-etilfenol não orto-etil-hidroxibenzeno ProBLEmA 14♦ Desenhe a estrutura de cada uma das seguintes moléculas: a. p‑bromofenol c. 2‑bromo‑4‑iodofenol b. o‑nitroanilina d. 2,5‑dinitrobenzaldeído ProBLEmA 15♦ Nomeie os seguintes compostos: CH2CH3 OH a. Cl Brb. O Br C H c. CH3 CH2CH3 d. ProBLEmA 16♦ Corrija os seguintes nomes incorretos: a. 2,4,6‑tribromobenzeno c. para‑metilbromobenzeno b. 3‑hidroxinitrobenzeno d. 1,6‑diclorobenzeno 8.14 o EFEiTo DoS SuBSTiTuiNTES SoBrE A rEATiViDADE Como o benzeno, os benzenos substituídos sofrem as cinco reações de substituição eletrofílica aromática listadas na Seção 8.6: halogenação, nitração, sulfonação, acilação e alquilação. Agora, precisamos descobrir se um benzeno substituído é mais reativo ou me- nos reativo que o benzeno comum. A resposta depende do substituinte. Alguns substituin- tes fazem com que o anel seja mais reativo que o benzeno para a substituição eletrofílica aromática e alguns o tornam um pouco menos reativo do que o benzeno. A etapa lenta de uma reação de substituição eletrofílica aromática é a adição de um ele- trófilo ao anel aromático nucleofílico para formar um intermediário carbocátion (Seção 8.6). Moléculas em 3D: p‑nitrotolueno; m‑clorotolueno; p‑metilfenol; p‑clorotolueno Bruice_book.indb 203 25/02/14 13:48 204 Fundamentos de química orgânica Os substituintes que doam elétrons para o anel benzênico estabilizam tanto o interme‑ diário carbocátion quanto o estado de transição que leva à sua formação (Seção 5.2), aumentando assim a velocidade da substituição eletrofílica aromática; estes são chama- dos substituintes ativantes. Por outro lado, os substituintes que retiram elétrons do anel benzênico desestabilizam o intermediário carbocátion e o estado de transição que leva à sua formação, diminuindo assim a velocidade da substituição eletrofílica aromática; estes são chamados substituintes desativantes. Z doa elétrons para o anel benzênico Y retira elétrons do anel benzênico > > Z Y velocidades relativas da substituição eletrofílica Há duas maneiras pelas quais os substituintes podem doar elétrons — indutivamente ou por ressonância. Os substituintes também podem retirar elétrons indutivamente ou por ressonância. Doação e retirada indutiva de elétrons Se um substituinte que está ligado a um anel benzênico é um retirador de elétrons mais fraco do que um hidrogênio, os elétrons na ligação σ que une o substituinte ao anel benzênico se deslocarão em direção ao anel mais facilmente do que aqueles na ligação σ que ligam um hidrogênio ao anel. Tal substituinte doa elétrons indutivamente em com- paraçãocom um hidrogênio. A doação de elétrons através de uma ligação σ é chamada doação indutiva de elétrons. Já vimos que os substituintes alquílicos (tais como CH3) doam elétrons indutivamente em comparação com um hidrogênio (Seção 5.2). CH3 NH3 + o substituinte doa elétrons indutivamente (comparado com um hidrogênio) o substituinte retira elétrons indutivamente (comparado com um hidrogênio) Se um substituinte que está ligado a um anel benzênico é melhor retirador de elétrons do que um hidrogênio, ele retirará mais fortemente os elétrons do anel benzênico do que um hidrogênio. A retirada de elétrons através de uma ligação σ é chamada retirada in- dutiva de elétrons. O grupo +NH3 é um exemplo de um substituinte que retira elétrons indutivamente, porque é mais eletronegativo do que um hidrogênio. Doação e retirada de elétrons por ressonância Se um substituinte tem um par não ligante no átomo ligado diretamente ao anel ben- zênico, o par não ligante pode ser deslocalizado para o anel; diz-se que esses substituintes doam elétrons por ressonância. Substituintes como NH2, OH, OR e Cl doam elétrons por ressonância. Esses substituintes também retiram elétrons indutivamente, porque o átomo ligado ao anel benzênico é mais eletronegativo do que um hidrogênio. OCH3 +OCH3 +OCH3 +OCH3 OCH3 doação de elétrons por ressonância em um anel benzênico anisol – – – Substituintes que doam elétrons aumentam a reatividade do anel benzênico frente à substituição eletrofílica aromática. Substituintes que retiram elétrons reduzem a reatividade do anel benzênico frente à substituição eletrofílica aromática. Bruice_book.indb 204 25/02/14 13:48 CAPÍTuLo 8 Aromaticidade 205 Se um substituinte está ligado ao anel benzênico por um átomo que é duplamente ou triplamente ligado a um átomo mais eletronegativo, os elétrons π do anel podem ser deslocalizados para o substituinte. Diz-se que esses substituintes retiram elétrons por ressonância. Os substituintes como C w O, C { N, SO3H e NO2 retiram elétrons por res- sonância (veja as estruturas na página 206). Esses substituintes também retiram elétrons indutivamente, porque o átomo ligado ao anel benzênico tem uma carga positiva parcial ou total e, portanto, é mais eletronegativo que um hidrogênio. N O retirada de elétrons por ressonância de um anel benzênico + + + O– N O O– N O O–– N + O O–– + + N O O–– + nitrobenzeno + ProBLEmA 17♦ Para cada um dos seguintes substituintes, indique se ele doa elétrons indutivamente, retira elétrons induti‑ vamente, doa elétrons por ressonância ou retira elétrons por ressonância. (Os efeitos devem ser comparados com os de um hidrogênio. Lembre‑se de que muitos substituintes podem ser caracterizados em mais de uma maneira.) a. Br b. CH 2 CH 3 c. O CCH3 d. NHCH 3 e. OCH 3 f. N + (CH 3 ) 3 reatividade relativa de benzenos substituídos Os substituintes mostrados na Tabela 8.1 estão listados de acordo com o modo como afetam a reatividade do anel benzênico em direção à substituição eletrofílica aromática, comparados com o benzeno — no qual o substituinte é um hidrogênio. Os substituintes ativantes fazem com que o anel benzênico torne‑se mais reativo para a substituição eletrofílica; os substituintes desativantes fazem com que o anel benzênico seja menos reativo. Lembre-se de que os substituintes ativantes doam elétrons para o anel e os subs- tituintes desativantes retiram elétrons do anel. Todos os substituintes ativantes (exceto substituintes alquílicos) doam elétrons para o anel por ressonância e retiram elétrons do anel indutivamente. O fato de ter sido detectado experimentalmente que esses substituintes tornam o anel benzênico mais reativo indica que sua doação de elétrons por ressonância para o anel é mais significativa do que a sua retirada indutiva de elétrons do anel. OH BrNH2 OCR O Já vimos que um substituinte alquila, comparado com um hidrogênio, doa elétrons indutivamente. Os halogênios são substituintes fracamente desativantes; eles também doam elétrons para o anel por ressonância e retiram elétrons do anel indutivamente. Como foi detectado experimentalmente que os halogênios tornam o anel benzênico menos reativo, podemos concluir que eles retiram elétrons indutivamente mais fortemente do que doam elétrons por ressonância. Bruice_book.indb 205 25/02/14 13:48 206 Fundamentos de química orgânica Todos os substituintes que são mais fortemente desativantes do que os halogênios retiram elétrons indutivamente e por ressonância, exceto para os íons amônio (+NH3, +NH2R, +NHR2 e +NR3). Os íons amônio não têm nenhum efeito de ressonância, mas a carga positiva sobre o átomo de nitrogênio faz com que eles retirem fortemente elétrons indutivamente. C N C O R O S O OH NR3 + N O O–+ Tabela 8.1 Efeitos dos substituintes na reatividade de um anel benzênico frente a substituição eletrofílica NH2 NHR NR2 OH OR NHCR O OCR R H Substituintes ativantes Mais ativantes Fortemente ativantes Orientadores orto/para Moderadamente ativantes Fracamente ativantes Fracamente desativantes Fortemente desativantes Moderadamente desativantes Padrão de comparação F Cl Br I Substituintes desativantes O CH O CR COR O COH O CCl C N SO3H NR3 NO2 Mais desativantes O NH2R + Orientadores meta NHR2 + NH3 + + O Bruice_book.indb 206 25/02/14 13:48 CAPÍTuLo 8 Aromaticidade 207 Invista um minuto para comparar os mapas de potencial eletrostático para ani- sol, benzeno e nitrobenzeno. Observe que o substituinte doador de elétrons do anisol (OCH3) faz com que o anel seja mais vermelho (mais negativo), enquanto o substituinte que retira elétrons do nitrobenzeno (NO2) faz com que o anel seja menos vermelho (menos negativo). ProBLEmA 18♦ Liste os seguintes compostos em ordem decrescente de reatividade frente à substituição eletrofílica aromática: a. benzeno, fenol, tolueno, nitrobenzeno, bromobenzeno b. diclorometilbenzeno, difluorometilbenzeno, tolueno, clorometilbenzeno 8.15 o EFEiTo DoS SuBSTiTuiNTES NA oriENTAÇÃo Quando um benzeno substituído sofre uma reação de substituição eletrofílica, onde o novo substituinte vai se ligar? O produto da reação é o isômero orto, o isômero meta ou o isômero para? isômero paraisômero metaisômero orto + Y+ ou ou X X Y X Y X Y O substituinte que já está ligado ao anel benzênico determina a posição do novo subs- tituinte. O substituinte ligado terá um dos dois efeitos: orientará um substituinte que entra para as posições orto e para, ou orientará um substituinte que entra para a posição meta. Todos os substituintes ativantes e os halogênios fracamente desativantes são orientadores orto-para, e todos os substituintes que são mais desativantes do que os halogênios são orientadores meta. Assim, os substituintes podem ser divididos em três grupos: 1. Todos os substituintes ativantes direcionam um eletrófilo de entrada para as posi- ções orto e para. p-bromotolueno o-bromotoluenotolueno FeBr3+ +Br2 CH3 CH3 CH3 Br Br 2. Os halogênios fracamente desativantes também direcionam um eletrófilo que en- tra para as posições orto e para. p-bromoclorobenzeno o-bromoclorobenzenobromobenzeno FeCl3+ +Cl2 Br Br Br Cl Cl nitrobenzeno anisol benzeno Todos os substituintes ativantes são orientadores orto-para. Os halogênios fracamente desativantes são orientadores orto-para. Bruice_book.indb 207 25/02/14 13:48 208 Fundamentos de química orgânica 3. Todos os substituintes moderadamente desativantes e fortemente desativantes di- recionam um eletrófilo que entra para a posição meta. m-nitroacetofenona acetofenona H2SO4+ HNO3 C O CH3 C O CH3 NO2 m-bromonitrobenzeno nitrobenzeno FeBr3+ Br2 NO2 NO2 Br Para entender por que um substituinte direciona um eletrófilo que entra para uma determinada posição, precisamos examinar a estabilidade do intermediário carbocátion, porque, como mostra a Figura 8.2 na página 195, a formação do carbocátion é a etapadeterminante da velocidade (Seção 4.8). Quando um benzeno substituído sofre uma reação de substituição eletrofílica, três diferentes intermediários carbocátions podem ser formados: um carbocátion orto-substi- tuído, um carbocátion meta-substituído e um carbocátion para-substituído (Figura 8.3). A estabilidade relativa dos três carbocátions nos permite determinar o caminho preferencial da reação, porque quanto mais estável for o carbocátion, mais estável será o estado de transição para sua formação e mais rapidamente ele será formado (Seção 5.2). Quando o substituinte é o que pode doar elétrons por ressonância, os carbocátions formados colocando-se o eletrófilo que entra nas posições orto e para têm um quarto con- tribuinte de ressonância (destacado na Figura 8.3). Ele é um contribuinte de ressonância especialmente estável, porque é o único cujos átomos (exceto o hidrogênio) têm octetos completos (ou seja, todos têm camadas externas que contêm oito elétrons; Seção 1.3). Ele é obtido apenas quando um substituinte de entrada é dirigido para as posições orto e para. Portanto, todos os substituintes que doam elétrons por ressonância são orientado‑ res orto‑para. Todos os substituintes desativantes (exceto os halogênios) são orientadores meta. Figura 8.3 As estruturas dos intermediários carbocátions formados a partir da reação de um eletrófilo com anisol nas posições orto, meta e para. anisol Y H Y H Y H Y H Y H Y H Y H YH YH YH YH OCH3 Y++ OCH3 OCH3 OCH3OCH3 OCH3 OCH3 OCH3 OCH3 OCH3 OCH3 orto meta para relativamente estável relativamente estável + + ++ + + + + + OCH3 + + Bruice_book.indb 208 25/02/14 13:48 CAPÍTuLo 8 Aromaticidade 209 Quando o substituinte é um grupo alquila, os contribuintes de ressonância que são destacados na Figura 8.4 são os mais estáveis. Nesses contribuintes, o grupo alquila está ligado diretamente ao carbono carregado positivamente e pode estabilizá-lo pela doação indutiva de elétrons. Um contribuinte de ressonância relativamente estável é obtido so- mente quando o grupo que entra é direcionado para uma posição orto ou para. Portanto, os substituintes alquila são orientadores orto‑para. Y H Y H Y H Y H Y H Y H YH YH YH CH3 CH3 Y+ + CH3 + CH3 + CH3 + CH3 + CH3 + CH3 + CH3 + CH3 + tolueno orto meta para mais estável mais estável + Os substituintes com uma carga positiva ou uma carga parcial positiva sobre o átomo ligado ao anel benzênico retirarão elétrons indutivamente do anel benzênico e a maioiria retirará elétrons por ressonância também. Para todos esses substituintes, os contribuintes de ressonância destacados na Figura 8.5 são os menos estáveis, porque têm uma carga positiva em cada um dos dois átomos adjacentes, então o carbocátion mais estável é Figura 8.5 As estruturas dos intermediários carbocátions formadas a partir da reação de um eletrófilo com anilina protonada nas posições orto, meta e para. Figura 8.4 As estruturas de intermediários carbocátions formadas a partir da reação de um eletrófilo com tolueno nas posições orto, meta e para. Y H Y H Y H Y H Y H Y H YH YH YH Y++ NH3 + NH3 + NH3 + NH3 + NH3 + NH3 + NH3 + NH3 + NH3 + NH3 + orto meta para menos estável menos estável anilina protonada ++ + + + ++ + + Bruice_book.indb 209 25/02/14 13:48 210 Fundamentos de química orgânica formado quando o eletrófilo que entra é direcionado para a posição meta. Assim, todos os substituintes que retiram elétrons (exceto os halogênios, que são orientadores orto‑para, porque doam elétrons por ressonância) são orientadores meta. Observe que os três intermediários carbocátions possíveis nas figuras 8.4 e 8.5 são os mesmos, exceto pelo substituinte. A natureza do substituinte determina se os contribuin- tes de ressonância com o substituinte ligado diretamente ao carbono carregado positiva- mente serão os mais estáveis (como com substituintes doadores de elétrons) ou os menos estáveis (como com substituintes retiradores de elétrons). Em resumo, conforme mostrado na Tabela 8.1: •� todos os substituintes ativantes e os halogênios fracamente desativantes são orien- tadores orto-para. •� todos os substituintes mais desativantes que os halogênios são orientadores meta. Em outras palavras, todos os substituintes que doam elétrons por ressonância ou indu- tivamente são orientadores orto-para; todos os substituintes que não podem doar elétrons são orientadores meta. Você não precisa recorrer à memorização para ser capaz de identificar se um substi- tuinte é orientador orto-para ou orientador meta. É fácil diferenciá-los: todos os orienta- dores orto-para, exceto os grupos alquila, têm pelo menos um par não ligante no átomo diretamente ligado ao anel; todos os orientadores meta têm uma carga positiva ou uma carga parcial positiva sobre o átomo ligado ao anel. Invista alguns minutos para examinar os substituintes listados na Tabela 8.1 para constatar que isso é verdade. ProBLEmA 19 Quais os produtos que resultam da nitração de cada uma das seguintes substâncias? a. propilbenzeno d. ácido benzenossulfônico b. bromobenzeno e. ciclo‑hexilbenzeno c. benzaldeído f. ácido benzoico 8.16 SiNTETiZANDo BENZENoS DiSSuBSTiTuÍDoS Planejar a síntese de um benzeno dissubstituído requer a avaliação cuidadosa da or- dem em que os substituintes vão ser colocados no anel. Por exemplo, se você quiser sintetizar o ácido meta-bromobenzenossulfônico, o grupo ácido sulfônico tem que ser colocado no anel primeiro, porque esse grupo direcionará o substituinte bromo para a posição meta desejada. SO3H SO3H Br H2SO4 Br2 ácido m-bromobenzenossulfônico FeBr3∆ No entanto, se o produto desejado for o ácido para-bromobenzenossulfônico, a ordem das duas reações deve ser invertida, porque somente o substituinte bromo é um orientador orto-para. Br Br SO3H + ácido p-bromobenzenossulfônico Br SO3H ácido o-bromobenzenossulfônico H2SO4Br2 FeBr3 ∆ Todos os substituintes que doam elétrons para o anel seja indutivamente ou por ressonância são orientadores orto-para. Todos os substituintes que não podem doar elétrons para o anel seja indutivamente ou por ressonância são orientadores meta. Bruice_book.indb 210 25/02/14 13:48 CAPÍTuLo 8 Aromaticidade 211 Outra questão a ser considerada é em que ponto em uma sequência de reação um subs- tituinte deve ser quimicamente modificado? Na síntese do ácido para-clorobenzoico a partir do tolueno, o grupo metila é oxidado depois que ele dirige o substituinte cloro para a posição para. (O ácido orto-clorobenzoico também é formado nessa reação.) CH3 CH3 Cl Cl COOH ácido para-clorobenzoico tolueno Cl2 FeCl3 H2CrO4 ∆ Na síntese do ácido meta-clorobenzoico, o grupo metila é oxidado antes da cloração, porque um orientador meta é necessário para se obter o produto desejado. CH3 COOH Cl COOH ácido meta-clorobenzoico Cl2 FeCl3 H2CrO4 ∆ Os dois substituintes da meta-nitroacetofenona são orientadores meta. No entanto, as reações de Friedel-Crafts são as mais lentas das reações de substituição eletrofílica aro- mática. Portanto, se o anel tiver um orientador meta, será pouco reativo para se submeter a uma reação de Friedel-Crafts. Assim, a reação de acilação de Friedel-Crafts deve ocor- rer primeiro, porque se o anel fosse nitrado primeiro, o anel benzênico do nitrobenzeno seria muito desativado para sofrer uma reação de Friedel-Crafts. C CH3 CH3 O O CH3CCl C NO2 O + m-nitroacetofenona AlCl3 HNO3 H2SO4H2SO4 ESTrATéGiA PArA rESoLuÇÃo DE ProBLEmAS Mostre como o ácido meta‑etilbenzenossulfônico pode ser sintetizado a partir do benzeno. O grupo ácido sulfônico não pode ser colocado primeiro no anel, porque um anel com um grupo ácido sulfônico que é orientador meta, não pode sofrer uma reação de Friedel‑Crafts. O grupo etila é um orientador orto‑para. Portanto, o substituinte de dois átomos de carbono deve ser colocado no anel usando uma reação de acilação de Friedel‑Crafts, em vezde uma reação de alquilação de Friedel‑Crafts, para que o grupo ácido sulfônico possa ser direcionado para a posição meta. A redução do grupo carbonila forma o produto desejado. CCH3 SO3H CCH3 CH2CH3 O O ácido meta-etilbenzenossulfônico H2SO4 H2CH3CCl O AlCl3 Pd/C∆ SO3H Agora, prossiga para o Problema 20. ProBLEmA 20♦ Mostre como os seguintes compostos podem ser sintetizados a partir do benzeno: a. m‑cloronitrobenzeno b. p‑cloronitrobenzeno c. ácido p‑etilbenzenossulfônico Bruice_book.indb 211 25/02/14 13:48 212 Fundamentos de química orgânica ProBLEmA 21 RESOLVIDO Dê o(s) produto(s) obtido(s) a partir da reação de cada um dos seguintes compostos com um equivalente de Br 2 e um catalisador FeBr 3 : a. O C O c. CH2O b. C COCH3H3C O O Solução para 21a O anel da esquerda está ligado a um substituinte que ativa o anel doando elétrons para o anel por ressonância. O anel da direita está ligado a um substituinte que desativa o anel retirando os elétrons do anel por ressonância. O C O O C O Portanto, o anel da esquerda é mais reativo frente à substituição eletrofílica aromática. O substituinte no anel da esquerda direcionará o bromo para as posições orto e para, dando os seguintes produtos. O C + O Br O C O Br 8.17 o EFEiTo DoS SuBSTiTuiNTES SoBrE o pKa Quando um substituinte retira elétrons ou doa elétrons para um anel benzênico, os valores de pKa dos fenóis substituídos, ácidos benzoicos e anilinas protonadas refletirão essa retirada ou doação. Os grupos que retiram elétrons estabilizam uma base e, portanto, aumentam a força de seu ácido conjugado. Os grupos que doam elétrons desestabilizam uma base e isso dimi- nui a força de seu ácido conjugado. (Lembre-se, quanto mais forte o ácido, mais estável [mais fraca] será sua base conjugada.) OX – a retirada de elétrons estabiliza a base, diminuindo a densidade eletrônica do oxigênio retirada de elétrons menor densidade eletrônica OX – a doação de elétrons desestabiliza a base, aumentando a densidade eletrônica do oxigênio doação de elétrons maior densidade eletrônica Por exemplo, o pKa do fenol em H2O a 25° C é 9,95. O pKa do para-nitrofenol é menor (7,14), porque o substituinte nitro retira elétrons do anel, enquanto o pKa do para-metilfe- nol é maior (10,19), porque o substituinte metila doa elétrons para o anel. pKa = 10,20 pKa = 10,19 pKa = 9,95 pKa = 9,38 pKa = 7,66 pKa = 7,14 OH OCH3 OH CH3 OH OH Cl OH HC O OH NO2 fenol Bruice_book.indb 212 25/02/14 13:48 CAPÍTuLo 8 Aromaticidade 213 Invista um minuto para comparar o efeito que um substituinte exerce sobre a rea- tividade de um anel benzênico em direção à substituição eletrofílica aromática com o efeito que o substituinte tem sobre o pKa do fenol. Observe que quanto mais fortemente desativante é o substituinte, menor é o pKa do fenol; e quanto mais fortemente ativante é o substituinte, maior é o pKa do fenol. Em outras palavras, a retirada de elétrons diminui a reatividade para a substituição eletrofílica aromática e aumenta a acidez, enquanto a doação de elétrons aumenta a reatividade para a substituição eletrofílica aromática e diminui a acidez. Um efeito semelhante dos substituintes sobre o pKa é observado para ácidos benzoicos substituídos e anilinas protonadas substituídas: substituintes que retiram elétrons aumen- tam a acidez; substituintes que doam elétrons diminuem a acidez. OCH3 COOH COOH COOH COOH COOH COOH CH3CCH3 Br O NO2 pKa = 4,47 pKa = 4,34 pKa = 4,20 pKa = 4,00 pKa = 3,70 pKa = 3,44 + + + + + + NH3 OCH3 NH3 CH3 NH3 NH3 Br NH3 HC O NH3 NO2 pKa = 5,29 pKa = 5,07 pKa = 4,58 pKa = 3,91 pKa = 1,76 pKa = 0,98 ProBLEmA 22♦ Qual dos compostos em cada um dos seguintes pares é mais ácido? a. CH3COH ou O ClCH2COH O c. FCH2COH ou O ClCH2COH O b. CH3CH2COH ou O H3NCH2COH O + d. HCOH ou O CH3COH O Quanto mais desativante (retirada de elétrons) for o substituinte, mais ele aumenta a acidez de um grupo COOH, OH ou +NH3 ligado a um anel benzênico. Quanto mais ativante (doador de elétrons) for o substituinte, mais ele reduz a acidez de um grupo COOH, OH ou +NH3 ligado a um anel benzênico. rESumo Para ser classificado como aromático, um composto deve ter uma nuvem cíclica ininterrupta de elétrons π que contém um número ímpar de pares de elétrons π. Um composto heterocíclico é um composto cíclico em que pelo menos um dos átomos do anel é um hete- roátomo — um átomo diferente do carbono. Piridina, pirrol, furano e tiofeno são compostos heterocíclicos aromáticos. A aromaticidade do benzeno faz com que ele sofra rea ções de substituição eletrofílica aromática. As rea- ções de adição eletrofílica que são características de al- cenos e dienos levariam a produtos não aromáticos muito menos estáveis. As reações de substituição eletrofílica aromática mais comuns são halogenação, nitração, sulfo- nação, e acilação e alquilação de Friedel-Crafts. Uma vez que o eletrófilo é gerado, todas essas reações de substitui- ção eletrofílica aromática ocorrem pelo mesmo mecanis- mo em duas etapas: (1) o composto aromático reage com um eletrófilo, formando um intermediário carbocátion; e (2) uma base retira um próton do carbono que formava a ligação com o eletrófilo. Alguns benzenos monossubstituídos são nomeados como benzenos substituídos (por exemplo, bromobenze- no, nitrobenzeno); outros têm nomes que incorporam o substituinte (por exemplo, tolueno, fenol, anilina, anisol). As posições relativas dos dois substituintes em um anel benzênico podem ser indicadas por números ou pelos pre- fixos orto, meta e para. Bruice_book.indb 213 25/02/14 13:48 214 Fundamentos de química orgânica A bromação ou a cloração requer um catalisador áci- do de Lewis. A sulfonação com ácido sulfúrico coloca um grupo SO3H no anel. A nitração com ácido nítrico re- quer ácido sulfúrico como um catalisador. Um cloreto de acila é usado para uma acilação de Friedel-Crafts, uma reação que coloca um grupo acila em um anel benzêni- co; um haleto de alquila é usado para uma alquilação de Friedel-Crafts, uma reação que coloca um grupo alquila em um anel benzênico. Os anéis benzênicos com substituintes diferentes de halo, nitro, ácido sulfônico, alquila e acila podem ser pre- parados sintetizando-se um desses benzenos substituídos e então alterando quimicamente o substituinte. A natureza do substituinte afeta tanto a reatividade do anel benzênico quanto a posição de um substituinte que entra: a velocidade de substituição eletrofílica aromática é aumentada por substituintes que doam elétrons e dimi- nuída por substituintes que retiram elétrons. Os substi- tuintes podem doar ou retirar elétrons indutivamente ou por ressonância. A estabilidade do intermediário carbocátion determi- na em qual posição o substituinte direciona um eletrófilo que entra. Todos os substituintes ativantes e os halogê- nios fracamente desativantes são orientadores orto-para, e todos os substituintes que são mais desativantes do que os halogênios são orientadores meta. No planejamento da síntese de benzenos dissubstituí- dos, a ordem na qual os substituintes são colocados no anel e o ponto em uma sequência de reação em que um substituinte é quimicamente modificado são considera- ções importantes. A acidez dos ácidos benzoicos substituídos, fenóis e íons anilínio é aumentada por substituintes que retiram elétrons e reduzida por substituintes que doam elétrons. rESumo DAS rEAÇÕES 1. Reações de substituição eletrofílica aromática: a. Halogenação (Seção 8.7) Br2+ HBr+ FeBr3 Br Cl Cl2+ HCl+ FeCl3 b. Nitração e sulfonação (seções 8.8 e 8.9) HNO3+ H2O+ H2SO4 NO2 H2SO4+ H2O+ SO3H∆ c. Acilação e alquilação de Friedel‑Crafts (seções 8.10 e 8.11) C O R HCl+ + RCl HCl+ + R O C ClR AlCl3 AlCl3 Bruice_book.indb 214 25/02/14 13:48 CAPÍTuLo 8 Aromaticidade 215 ProBLEmAS 23. Quais das seguintes moléculas são aromáticas? CH2 N H N NN N H H N N H N N H H N N O N++ CH2 O – ++ 24. Qual será o produto majoritário da reação do benzeno com cada um dos seguintes reagentes? CH3CHCH3 AlCl3+a. CH3CH CH2 HF+b. CH3CCl AlCl3+c. O Cl 25. Qual íon em cada um dos seguintes pares é mais estável? Explique sua escolha. a. ou + – b. + ou – c. ou + – 26. Desenhe a estrutura de cada uma das seguintes moléculas: a. m‑etilfenol b. ácido p‑nitrobenzenossulfônico c. o‑bromoanilina d. ácido p‑bromobenzoico e. (E )‑2‑fenilpent‑2‑eno f. 2,4‑diclorotolueno 27. Nomeie o seguinte: a. COOH Br b. CH3 Br c. CH3 28. Dê o(s) produto(s) das seguintes reações: a. ácido benzoico + HNO 3 /H 2 SO 4 b. isopropilbenzeno + ciclo‑hexeno + HF c. ciclo‑hexilbenzeno + Br 2 /FeBr 3 d. fenol + H 2 SO 4 + Δ e. etilbenzeno + Br 2 /FeBr 3 29. Liste os seguintes ânions em ordem decrescente de basicidade: O–CH3 O –CH3O O–CH3C O –Br O 30. Mostre como os seguintes compostos podem ser preparados a partir do benzeno: a. p‑nitrotolueno b. ácido m‑clorobenzenossulfônico c. 3‑fenilpentano 2. Reações de um substituinte em um anel benzênico (Seção 8.12) H2CrO4 ∆ COOHCH3 Pd/C C O CH3 H2 Pd/C H2 NO2 NH2 CH2CH3 Bruice_book.indb 215 25/02/14 13:48 216 Fundamentos de química orgânica 31. Desenhe as estruturas dos seguintes grupos de compostos e os dis‑ ponha em ordem decrescente de reatividade frente à substituição eletrofílica aromática: a. benzeno, etilbenzeno, clorobenzeno, nitrobenzeno b. 1‑cloro‑2,4‑dinitrobenzeno, 2,4‑dinitrofenol, 2,4‑dinitrotolueno c. benzeno, ácido benzoico, fenol, propilbenzeno d. p‑nitrotolueno, 2‑cloro‑4‑nitrotolueno, 2,4‑dinitrotolueno, p‑clorotolueno 32. Dê os produtos das seguintes reações: a. HNO3+ H2SO4 OCCH3 O b. + Br2 OCH3 O C FeBr3 c. FeCl3 CF3 Cl2+ 33. Para cada uma das afirmações na Coluna I, escolha um substi‑ tuinte da Coluna II que se encaixe na descrição para o seguinte composto: Z Coluna I Coluna II a. Z doa elétrons indutivamente, mas não doa nem retira elétrons por ressonância. OH b. Z retira elétrons indutivamente e retira elétrons por ressonância. Br c. Z desativa o anel e orienta orto‑para. +NH3 d. Z retira elétrons indutivamente, doa elétrons por ressonância e ativa o anel. CH2CH3 e. Z retira elétrons indutivamente, mas não doa nem retira elétrons por ressonância. NO2 34. Mostre como os seguintes compostos podem ser preparados a partir do benzeno: a. ácido p‑nitrobenzoico b. ácido m‑nitrobenzoico c. m‑cloroanilina d. p‑clorotolueno e. m‑bromoetilbenzeno f. o‑bromoetilbenzeno 35. Liste os seguintes compostos em ordem decrescente de reatividade frente à substituição eletrofílica aromática: diclorometilbenzeno, difluorometilbenzeno, tolueno, clorometilbenzeno 36. Qual dos compostos em cada um dos seguintes pares é mais ácido? a. NO2 Cl COOH ou COOH b. OCH3 CH3 COOH ou COOH 37. Para cada linha horizontal de benzenos substituídos mostrados a se‑ guir, indique a. o que seria o mais reativo em uma reação de substituição eletrofí‑ lica aromática. b. o que seria o menos reativo em uma reação de substituição eletro‑ fílica aromática. c. o que produziria o maior percentual de produto meta. 1. CH3 CHF2 CF3 2. N(CH3)3 + CH2N(CH3)3 + CH2CH2N(CH3)3 + 3. OCH2CH3 CH2OCH3 COCH3 O 38. Qual dos seguintes compostos reagirá com HBr mais rapidamente? CH CH2 ouCH3 CH CH2CH3O 39. Como o seguinte composto poderia ser sintetizado quando um dos reagentes for: a. tolueno b. benzeno C O CH3 40. Dê o produto de cada uma das seguintes reações: a. CH2CH2CH2CH2Cl AlCl3 b. CH3CHCH2CH2CHCH3 Cl Cl + AlCl3 41. Qual composto em cada um dos seguintes pares é uma base mais forte? Por quê? a. N ou N H b. NH2 CH3CHCH3 NH CH3CNH2ou Bruice_book.indb 216 25/02/14 13:48 CAPÍTuLo 8 Aromaticidade 217 42. Proponha um mecanismo para a reação a seguir: a. CH2CH2C CH2 CH3 H+ ClH3C 43. Dê os produtos das seguintes reações: a. AlCl3 CH2CH2CCl O b. CH2CH2CH2CCl O AlCl3 44. Proponha um mecanismo para a reação a seguir: DCl H H H H H H D D D D D D Experimentos no Virtual Lab Acesse a Sala Virtual (<sv.pearson.com.br>), conheça nossa proposta de experimento para este capítulo e coloque em prática seus conhe‑ cimentos através do Virtual Lab. As referências para os exercícios são: • VL 8‑4 – Reação de Friedel‑Crafts • VL 8‑5 – Reação de Friedel‑Crafts Se precisar de orientações para o acesso ao Virtual Lab, você encontrará um manual explicativo na própria Sala Virtual. Bruice_book.indb 217 25/02/14 13:48 p_1374490 p_1374491 p_1374492 p_1374493 p_1374494 p_1374495 p_1374496 p_1374497 p_1374498 p_1374499 p_1374500 p_1374501 p_1374502 p_1374503 p_1374504 p_1374505 p_1374506 p_1374507 p_1374508 p_1374509 p_1374510 p_1374511 p_1374512 p_1374513 p_1374514 p_1374515 p_1374516 p_1374517 p_1374518 p_1374519 p_1374520 p_1374521
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