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2 - Direitos e Garantias Fundamentais

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Direito Constitucional 
Direitos e Garantias Fundamentais 
1. Distinção entre direitos e garantias fundamentais 
Pode-se dizer que os direitos fundamentais são os bens jurídicos em si 
mesmos considerados, de cunho declaratório ,narrados no texto constitucional. Por sua 
vez, as garantias fundamentais são estabelecidas na mesma Constituição Federal como 
instrumento de proteção dos direitos fundamentais e, como tais, de cunho assecuratório . 
Assim, ao direito fundamental à liberdade de ir, vir e permanecer (liberdade de locomoção, 
previsto no art. 5º, XV) corresponde a garantia fundamental do habeas corpus (art. 5º, 
LXVIII). 
 
Direitos Garantias 
Bens Jurídicos Instrumentos 
Cunho Declaratório Cunho Assecuratório 
Liberdade de Locomoção Habeas Corpus (art 5º, LXVIII) 
 
2. Evolução dos direitos e garantias fundamentais 
Os direitos e as garantias fundamentais passaram por uma significativa evolução 
nos diferentes ordenamentos constitucionais. 
As Constituições modernas, notadamente a partir do século XX, passaram a 
reconhecer novos direitos como fundamentais aos indivíduos, em face da evolução da 
própria ideia do constitucionalismo. Com essa evolução, os direitos e as garantias 
fundamentais deixaram de ter como proteção unicamente a liberdade do indivíduo ( status 
negativo), passando a exigir, também, uma atuação positiva por parte do Estado ( status 
positivo) – migração do Estado Liberal para o Estado Social. 
Em reconhecimento a essa evolução, a doutrina elaborou uma classificação para 
os direitos e garantias fundamentais, a partir do critério cronológico , isto é, levando-se em 
 
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conta o momento em que tais direitos foram reconhecidos como fundamentais e 
incorporados aos textos constitucionais. 
Assim, os direitos e garantias fundamentais podem ser classificados como de 
primeira, de segunda ou de terceira gerações (parcela da doutrina defende, ainda, a 
existência de direitos e garantias fundamentais de quarta e quinta gerações). 
Vale destacar que alguns doutrinadores preferem a utilização do termo 
“dimensão” em detrimento do termo “geração”, sob o argumento de que, com o advento de 
uma geração poderia se supor a superação da anterior, o que não corresponde à 
classificação proposta. Aqui, as gerações de direitos e garantias fundamentais são 
cumulativas , ou seja, não excludentes. Na verdade, podemos considerar como sinônimos 
os termos geração e dimensão para designar a evolução dos direitos e garantias 
fundamentais no tempo. 
Passemos, a partir de então, a tecer breves comentários acerca das gerações 
dos direitos e garantias fundamentais. 
a. Direitos fundamentais de primeira geração 
Os direitos fundamentais de primeira geração (ou direitos de liberdades) foram 
os primeiros reconhecidos pelos ordenamentos constitucionais. Surgiram com as revoluções 
liberais do final do século XVIII, objetivando a restrição do poder absoluto do Estado, a partir 
do respeito das liberdades públicas dos cidadãos. Possuem as seguintes características : 
a) surgiram no final do século XVIII, no contexto da Revolução Francesa, fase inaugural do 
constitucionalismo moderno, e dominaram todo o século XIX; b) ganharam relevo no 
contexto do Estado Liberal, em oposição ao Estado Absoluto; c) estão ligados ao ideal de 
liberdade; d) são direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado em favor das 
liberdades públicas; e) possuíam como destinatários o indivíduo como forma de proteção 
em face da ação opressora do Estado; f) são os direitos civis e políticos, considerados como 
direitos de resistência perante o Estado. 
b. Direitos fundamentais de segunda geração 
Num segundo momento, os ordenamentos constitucionais começaram a 
expressar a preocupação com os desamparados, com a necessidade de se assegurar um 
mínimo de igualdade entre os homens (igualdade material), fazendo nascer a segunda 
geração de direitos fundamentais, que têm as seguintes características : a) surgiram no 
 
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início do século XX; b) apareceram no contexto do Estado Social, em oposição ao Estado 
Liberal; c) estão ligados ao ideal de igualdade; d) são direitos positivos, que passaram a 
exigir uma atuação positiva do Estado ; e) correspondem aos direitos sociais, culturais e 
econômicos, como o direito às condições mínimas de trabalho, à previdência social, à 
assistência social, à habitação, ao lazer, a um salário que assegure um mínimo de dignidade 
ao homem, à sindicalização, à greve dos trabalhadores etc. 
Sublinhe-se que não se pode afirmar que todos os direitos de segunda 
dimensão são de índole positiva, pois a Constituição Federal de 1988 consagra alguns 
direitos sociais que são de natureza negativa , como o direito à sindicalização e à greve. 
c. Direitos fundamentais de terceira geração 
Em um próximo momento histórico, foi despertada a preocupação com os bens 
jurídicos da coletividade , com os denominados “interesses metaindividuais” (difusos, 
coletivos e individuais homogêneos), nascendo os direitos fundamentais de terceira 
geração . 
Cumpre, diferenciar as espécies de direitos metaindividuais: a) interesses 
difusos : são aqueles indivisíveis, cujos titulares são pessoas indeterminadas e ligadas por 
circunstâncias de fato. b) interesses coletivos : são aqueles de natureza indivisível de que 
seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas, ligadas entre si ou com a parte contrária 
por uma relação jurídica (ou seja, pessoas determináveis). c) interesses individuais 
homogêneos : são aqueles de natureza divisível, cujos titulares são pessoas determinadas 
ligadas entre si por uma situação fática. 
 Natureza Destinatários 
Difusos Indivisível Indeterminados 
Coletivos Indivisível Determináveis, ligados por relação jurídica 
Individuais Divisível Determináveis, ligados por uma situação fática 
 
Com efeito, os direitos fundamentais de terceira geração possuem as seguintes 
características : 
a) surgiram no século XX; 
b) estão ligados ao ideal de fraternidade (ou solidariedade), que deve nortear o convívio dos 
 
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diferentes povos, em defesados bens da coletividade; 
c) são direitos positivos , a exigir do Estado e dos diferentes povos uma firme atuação no 
tocante à preservação dos bens de interesse coletivo; 
d) correspondem ao direito à preservação do meio ambiente, à autodeterminação dos 
povos, à paz, ao progresso da humanidade, ao patrimônio histórico e cultural etc. 
Destaque-se que alguns doutrinadores fazem um paralelo entre os ideais da 
Revolução Francesa e as gerações dos direitos fundamentais, vale dizer, “liberdade, 
igualdade e fraternidade” seriam a representação dos direitos fundamentais de primeira, 
segunda e terceiras gerações, respectivamente. 
d. Direitos fundamentais de quarta geração 
A globalização política é o fator histórico que deu origem aos direitos 
fundamentais de quarta geração . 
Os direitos fundamentais de quarta geração estão ligados à democracia, à 
informação e ao pluralismo e, como se pode observar, também são transindividuais. 
A democracia , como direito fundamental de quarta geração, não é mais vista, 
tão somente, em seu aspecto formal (vontade da maioria), mas sim sob a ótica substancial – 
a democracia abrange a vontade da maioria, mas sem se apartar da proteção dos direitos 
fundamentais das minorias . 
A democracia positivada, enquanto direito de quarta geração, há de ser, 
necessariamente, uma democracia direta, materialmente possível graças aos avanços da 
tecnologia de comunicação e legitimamente sustentável graças à informação correta e às 
aberturas pluralistas do sistema. 
Por outro lado, quando a Constituição fala em pluralismo político em seu art. 
1º, não se refere apenas ao pluralismo político- partidário. A previsão é bem mais ampla, 
englobando o pluralismo religioso, o cultural, o artístico, o ideológico etc. 
e. Direitos fundamentais de quinta geração 
O direito à paz (art. 4º, VI) representaria o direito fundamental de quinta 
geração . A dignidade jurídica da paz deriva do reconhecimento universal da necessidade 
de paz enquanto pressuposto qualitativo da convivência humana, elemento de conservação 
da espécie, reino de segurança dos direitos. 
 
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Ademais, o direito à paz somente seria alcançado, em termos constitucionais, 
mediante a elevação autônoma da paz como direito fundamental de quinta geração, 
retirando-o da categoria dos direitos de terceira geração. 
 
f. Características dos direitos e garantias fundamentais 
São características dos direitos e garantias fundamentais: a) historicidade: não 
nasceram de uma só vez, revelando sua índole evolutiva (sobre o tema, estudaremos a 
evolução dos direitos e garantias fundamentais); b) universalidade: destinam-se a todos os 
indivíduos, independentemente de características pessoais, desde que o direito versado 
seja compatível com a sua natureza (aprofundaremos o assunto ao tratar dos destinatários 
dos direitos e garantias fundamentais); c) relatividade: não são absolutos, mas sim 
relativos; d) irrenunciabilidade: não podem ser objeto de renúncia, o que pode e o seu não 
exercício; e) inalienabilidade: são indisponíveis e inalienáveis por não possuírem conteúdo 
econômico-patrimonial; f) imprescritibilidade: são sempre exercíveis, não desaparecendo 
pelo decurso do tempo. 
 
g. Destinatários dos direitos e garantias fundamentais 
Em sua origem , os direitos e garantias fundamentais possuíam como titulares as 
pessoas físicas , também chamadas de pessoas naturais, uma vez que representavam 
limites à atuação do Estado na relação com seus súditos. Com o tempo, passou-se a 
reconhecer os direitos e garantias fundamentais também às pessoas jurídicas e ao 
próprio Estado . 
Isso não significa que todos os direitos e garantias fundamentais têm como 
titulares as pessoas naturais, as pessoas jurídicas e as pessoas estatais, mas tão somente 
aqueles direitos e garantias que puderem ser por eles usufruídos (não há que se atribuir o 
direito fundamental à saúde a uma empresa; o estrangeiro não goza de direitos políticos). 
Importante destacar que a interpretação literal do caput do art. 5º conduz a um 
equívoco crasso. Diz a norma que: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes (…)”. A melhor interpretação da citada norma constitucional não leva à 
compreensão de que apenas os brasileiros e os estrangeiros residentes sejam destinatários 
 
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dos direitos e garantias fundamentais. Na verdade, todas as pessoas físicas (nacionais – 
natos e naturalizados –, estrangeiros – residentes ou não – e, até mesmo, os apátridas – 
expressão que designa aqueles que não possuem nenhuma nacionalidade), jurídicas 
(inclusive de direito público) são destinatárias dos direitos e garantias fundamentais, desde 
que compatíveis com a sua natureza . 
h. Eficácia horizontal dos direitos e garantias fundamentais 
Os direitos e as garantias fundamentais visavam regular as relações entre o 
Estado e o particular, ou seja, foram concebidos para proteger os súditos em face da ação 
opressora do Estado. Nesse caso, fala-se em eficácia vertical dos direitos e garantias 
fundamentais. 
Ocorre que a evolução constitucional conduziu à aplicação de tais direitos às 
relações privadas ou horizontais . Quanto ao tema, vale registrar o leading case (caso 
paradigmático) Recurso Extraordinário 201.819/RJ,12 da relatoria da Min. Ellen Gracie, em 
que o STF reconheceu a aplicação direta de direitos fundamentais às relações entre 
particulares , mantendo ordem judicial prolatada para determinar a uma associação 
privada a reintegração de um associado que havia sido excluído de seus quadros. 
Entendeu-se, nesse julgado, que fora violado o direito de defesa do associado excluído , 
porque não teve oportunidade de refutar o ato que resultara na sua punição. 
Assim, é verdadeira a afirmação de que os direitos e garantias fundamentais, 
muito embora criados para regular as relações verticais, de subordinação, entre o Estado e 
os seus súditos, passam a ser empregados nas relações privadas, horizontais, decoordenação, envolvendo pessoas físicas e jurídicas de direito privado. 
i.Natureza relativa dos direitos e garantias fundamentais 
Como visto, uma das características dos direitos e garantias fundamentais é o 
seu caráter não absoluto (caráter relativo), uma vez que encontram limites nos demais 
direitos constitucionalmente consagrados, bem como são limitados pela intervenção 
legislativa ordinária, nos casos expressamente autorizados pela própria Constituição 
(princípio da reserva legal). 
Não podem os direitos e garantias fundamentais serem utilizados como escudo 
para a prática de atividades ilícitas. Assim, a liberdade de pensamento não será oponível 
ante a prática de racismo, ou a garantia da inviolabilidade das correspondências não poderá 
 
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ser invocada para acobertar determinada prática criminosa. 
Nesse sentido, podemos afirmar que os direitos e garantias fundamentais gozam 
de um caráter relativo , limitados por outras normas de mesma estatura jurídica e por 
normas infraconstitucionais, nos casos permitidos pela Carta Política. 
Por outro lado, o fenômeno da limitação dos direitos e garantias fundamentais 
sofre, também, limites na órbita jurídica – é o que se denomina “ teoria dos limites dos 
limites” aos direitos fundamentais (chamado pela doutrina alemã de Schranken- 
Schranken ). 
Informa a teoria dos limites dos limites que a restrição ao direito fundamental, 
que decorre da própria Constituição, somente é válida se respeitado o núcleo essencial 
da norma constitucional. O núcleo essencial , por sua vez, apresenta-se como um conteúdo 
mínimo e intangível do direito fundamental, que deve sempre ser protegido em quaisquer 
circunstâncias, sob pena de se criar grave situação inconstitucional. 
Cita-se o voto do Ministro Rodrigues Alckmin proferido na 
Representação 930 sobre a liberdade de exercício de qualquer 
profissão, já prevista na Constituição de 1967/1969: “(…) Que 
adiantaria afirmar ‘livre’ o exercício de qualquer profissão, se a lei 
ordinária tivesse o poder de restringir tal exercício, a seu critério e 
alvitre, por meio de requisitos e condições que estipulasse, aos casos 
e pessoas que entendesse? É preciso, portanto, um exame 
aprofundado da espécie, para fixar quais os limites a que a lei ordinária tem de ater-se, ao 
indicar as ‘condições de capacidade’. E quais os excessos que, decorrentes direta ou 
indiretamente das leis ordinárias, desatendem à garantia constitucional”. 
Pode-se concluir que as limitações aos direitos e garantias fundamentais 
encontram sua constitucionalidade na preservação do núcleo essencial , vale dizer, 
segundo a teoria dos limites dos limites, as restrições impostas ao direito fundamental 
versado encontram seus limites na manutenção do núcleo essencial do mandamento 
constitucional, sob pena de ser declarada inconstitucional a limitação efetivada. 
 
j. Colisão entre direitos e garantias fundamentais 
Os princípios constitucionais são normas jurídicas dotadas de normatividade, 
 
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que obrigam e vinculam. No caso de colisão entre direitos e garantias fundamentais (que 
são princípios), um deles deve “ceder”. Isso não significa que o princípio do qual se abdica 
seja declarado nulo. Na verdade, vigora a ideia de peso ou valor, de modo que o princípio 
de maior peso é que deve preponderar no caso concreto. 
Com efeito, para a solução de conflitos entre princípios , no caso concreto, 
utiliza-se o princípio da proporcionalidade , também conhecido como “metaprincípio” ou o 
“princípio dos princípios”. Utiliza-se a ponderação de bens como método para se adotar 
uma decisão de preferência entre direitos ou bens em colisão. 
O princípio da proporcionalidade determina que a relação entre o fim que se 
busca e o meio utilizado deva ser proporcional , ou seja, não excessiva. 
Vimos que os direitos fundamentais não são absolutos. Encontram seus limites 
em outros direitos, também fundamentais. 
Para que possam ter convivência harmoniosa, devem ser ponderados quando 
estiverem em colisão. 
Enfim, como e quando ponderar esses direitos? Somente diante de um caso 
concreto. 
Para que se possa ter um entendimento mais completo sobre o princípio da 
proporcionalidade é necessária a identificação dos chamados subprincípios ou princípios 
parciais do princípio da proporcionalidade. A doutrina subdividiu o princípio da 
proporcionalidade em três outros princípios, quais sejam: o princípio da adequação , o 
princípio da necessidade e o princípio da proporcionalidade em sentido estrito . 
O subprincípio da adequação traduz a ideia de que qualquer medida restritiva 
deve ser idônea à consecução da finalidade pretendida . Isto é, deve haver a existência 
de relação adequada entre o fim buscado e o meio utilizado. 
Com relação ao subprincípio da necessidade , a medida restritiva deve ser 
realmente indispensável e que não possa ser substituída por outra de igual eficácia e 
menos gravosa . Assim, se há várias formas de se obter o resultado almejado, impõe- se 
que se opte pela medida que irá afetar com menor intensidade os direitos envolvidos na 
questão. 
Por fim, o subprincípio da proporcionalidade em sentido estrito caracteriza-se 
pela ideia de que os meios eleitos devem manter-se razoáveis com o resultado 
 
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perseguido , ou seja, o ônus imposto pela norma deve ser inferior ao benefício por ela 
engendrado. Trata-se da verificação da relação custo-benefício da medida, da ponderação 
entre os danos causados e os resultados a serem obtidos. 
Pelo exposto, o princípio da proporcionalidade sob o seu triplo aspecto 
(adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) é a ferramenta apta a 
resolver choques entre princípios esculpidos na Carta Política, sopesando a incidência de 
que cada um no caso concreto, preservando ao máximo os direitos e garantias 
fundamentais constitucionalmente consagrados. 
O princípio da proporcionalidade vem sendo utilizado na jurisprudência do STFcomo instrumento para solução de colisão de direitos fundamentais, citando, como exemplo, 
a obrigatoriedade (ou não) de submissão ao exame de DNA, em ação de paternidade, 
acentuando-se a existência de outros meios de prova igualmente idôneos e menos 
invasivos ou constrangedores (HC 76.060). 
k. Os quatro status de Jellinek 
Com a finalidade de explicar a relevante função desempenhada pelos direitos e 
garantias fundamentais, Georg Jellinek desenvolveu, no final do século XIX, a doutrina dos 
quatros status em que o indivíduo pode-se encontrar diante do Estado: o status passivo, o 
status negativo, o status positivo e o status ativo. Vejamos cada um deles: 
 
a) status passivo ou subjectionis : quando o indivíduo se encontra em posição de 
subordinação aos poderes públicos, caracterizando-se como detentor de deveres para 
com o Estado; 
b) status negativo : caracterizado por um espaço de liberdade de atuação dos 
indivíduos sem ingerências dos poderes 
públicos; 
c) status positivo ou status civitatis : posição que coloca o indivíduo em situação de 
exigir do Estado que atue positivamente em seu favor; 
d) status ativo : situação em que o indivíduo pode influir na formação da vontade 
estatal , correspondendo ao exercício dos direitos políticos manifestados principalmente 
por meio do voto. 
 
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3. Direitos e deveres individuais e coletivos em espécie 
O art. 5º consagra uma boa parte do rol de direitos e garantias fundamentais 
previstos na Constituição. Não se pode afirmar, todavia, que o catálogo trazido pelo citado 
artigo esgota os direitos e garantias fundamentais, já que, na verdade, encontram-se 
espalhados por todo o texto constitucional. 
Como as bancas tem cobrado com frequência a literalidade dos incisos e 
parágrafos do art. 5º, é fundamental o entendimento e a memorização de seus comandos. 
a. Direito à vida 
O direito à vida está consagrado no caput do art. 5º e deve ser observado por 
dois prismas: o direito de permanecer vivo (vida intrauterina e extrauterina) e o direito a uma 
vida digna. O direito a permanecer vivo pode ser observado na vedação à pena de morte 
(salvo em caso de guerra externa declarada) previsto no art. 5º, XLVII, a . Já o direito a uma 
vida digna , garante as necessidades vitais básicas, proibindo qualquer tratamento 
desumano como a tortura, penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis etc. (art. 5º, 
III e XLVII). 
Sobre o direito à vida, importante o julgamento da ADI 3.510, que tinha como 
objeto a possibilidade (ou não) de pesquisas com células-tronco embrionárias . Essa 
ação direta, proposta pelo Procurador-Geral da República, questionava o art. 5º da Lei 
11.105/2005, que permitia a pesquisa com células-tronco embrionárias que não fossem 
utilizadas na fertilização in vitro , sob o argumento de que o embrião já é uma pessoa viva, 
cuja dignidade restaria violada. 
Após intenso debate e em votação apertada, o STF deliberou pela 
constitucionalidade da norma, liberando a utilização de células-tronco embrionárias em 
pesquisas científicas e terapias. Ficou consignado naquela assentada que não há , na 
manipulação das células-tronco embrionárias, ofensa ao direito à vida , que só começaria 
no momento da nidação (fixação do embrião no útero materno). Na espécie, prevaleceu o 
voto do Min. Carlos Britto, relator, que asseverou que “as pessoas físicas ou naturais seriam 
apenas as que sobrevivem ao parto , dotadas do atributo a que o art. 2º do Código Civil 
denomina personalidade civil , assentando que a Constituição Federal, quando se refere à 
‘dignidade da pessoa humana’ (art. 1º, III), aos ‘direitos da pessoa humana’ (art. 34, VII, b ), 
 
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ao ‘livre exercício dos direitos… individuais’ (art. 85, III) e aos ‘direitos e garantias 
individuais’ (art. 60, § 4º, IV), estaria falando de direitos e garantias do indivíduo-pessoa . 
Assim, numa primeira síntese, a Carta Magna não faria de todo e qualquer estádio da vida 
humana um autonomizado bem jurídico, mas da vida que já é própria de uma concreta 
pessoa , porque nativiva, e que a inviolabilidade de que trata seu art. 5º diria respeito 
exclusivamente a um indivíduo já personalizado”. 
Ainda merece destaque o julgamento da ADPF 54, em que o STF, por maioria, 
julgou procedente a ação para declarar a inconstitucionalidade da interpretação segundo a 
qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta tipificada nos arts. 124, 126, 
128, I e II, todos do Código Penal, julgado em 12.04.2012. Reconheceu-se naquela 
assentada o direito da gestante de submeter-se ao procedimento de antecipação 
terapêutica do parto na hipótese de gravidez de feto anencéfalo, previamente diagnosticada 
por profissional habilitado. De acordo com o voto do Min. Relator Marco Aurélio, “(…) a 
incolumidade física do feto anencéfalo, que, se sobreviver ao parto, o será por poucas horas 
ou dias, não pode ser preservada a qualquer custo, em detrimento dos direitos básicos da 
mulher. No caso, ainda que se conceba o direito à vida do feto anencéfalo – o que, na minha 
óptica, é inadmissível, consoante enfatizado –, tal direito cederia, em juízo de ponderação, 
em prol dos direitos à dignidade da pessoa humana, à liberdade no campo sexual, à 
autonomia, à privacidade, à integridade física, psicológica e moral e à saúde, previstos, 
respectivamente, nos artigos 1º, inciso III, 5º, cabeça e incisos II, III e X, e 6º, cabeça, da 
Carta da República”. 
b. Direito à igualdade 
A igualdade , princípio fundamental proclamado pela Constituição Federal e 
base do princípio republicano e da democracia, deve ser encarada sob duas óticas: a 
igualdade material e a igualdade formal. A igualdade formal é aquela prescrita no início do 
caput do art. 5º e seu inciso I. É a identidade de direitos e deveres concedidos aos membros 
da coletividade por meio da norma. Por sua vez, a igualdade material tem por finalidade a 
busca da equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o jurídico. É a 
consagração da máxima de Aristóteles , para quem o princípio da igualdade consistiaem 
“tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida em que eles se 
desigualam”. 
Sob o pálio da igualdade material, caberia ao Estado promover a igualdade de 
 
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oportunidades por meio de políticas públicas e leis que, atentos às características dos 
grupos menos favorecidos, compensassem as desigualdades decorrentes do processo 
histórico da formação social. 
Vejamos, a partir de agora, algumas questões relevantes sobre o tema 
igualdade, iniciando pelas discriminações previstas nos editais dos exames de admissão a 
cargos públicos. O art. 7º, XXX, enuncia, como um dos direitos sociais, a proibição de 
diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de 
sexo, idade, cor ou estado civil. Apesar do posicionamento topográfico do citado artigo 
(Título II, Capítulo II – Direitos Sociais), é incontroverso que essa norma também se aplica 
aos concursos públicos , todavia, tal proibição comporta atenuações. 
À luz da jurisprudência do STF, pode-se concluir que é possível a adoção 
excepcional de critérios diferenciados de admissão em concursos públicos, desde que 
atendidos os seguintes requisitos cumulativos: a) previsão legal anterior; b) relação com a 
natureza das atribuições a serem exercidas. 
Sobre o tema, registre-se o enunciado da Súmula 683, do STF, que limita a 
idade nos concursos públicos: “ o limite de idade para a inscrição em concurso público só se 
legitima em face do art. 7º, XXX, da CF, quando possa ser justificado pela natureza das 
atribuições do cargo a ser preenchido”. 
Ainda na seara do princípio da igualdade, destaque-se a atuação do Estado na 
implantação das ações afirmativas tendentes a concretização da igualdade material. Com 
efeito, as ações afirmativas consistem em políticas públicas transitórias desenvolvidas 
com a finalidade de reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações históricas, por 
meio da concessão de algum tipo de vantagem compensatória, viabilizando a igualdade 
material em detrimento de uma mera igualdade formal. Como exemplo, podemos citar as 
cotas sociais nas universidades públicas, a implementação de cursinhos pré-vestibulares 
gratuitos, a concessão de bolsas de estudo e incentivos fiscais direcionados à determinadas 
categorias etc. 
Importante destacar que o STF, no julgamento da ADPF 186, concluiu pela 
constitucionalidade das políticas de ação afirmativa; da utilização dessas políticas na 
seleção para o ingresso no ensino superior, especialmente nas escolas públicas; do uso do 
critério étnico racial por essas políticas; da autoidentificação como método de seleção; e da 
modalidade de reserva de vagas ou de estabelecimento de cotas. Ademais, o citado julgado 
 
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ratificou o caráter transitório dos programas de ação afirmativa, já que as desigualdades 
entre brancos e negros decorreriam de séculos de dominação econômica, política e social 
dos primeiros sobre os segundos. Dessa forma, na medida em que essas distorções 
históricas fossem corrigidas, não haveria razão para a subsistência dos programas de 
ingresso nas universidades públicas. Se eles ainda assim permanecessem, poderiam 
converter-se em benesses permanentes, em detrimento da coletividade e da democracia. 
c. Princípio da legalidade e da reserva legal 
O princípio da legalidade significa que, para instituir obrigações, poderá o 
Estado valer-se de lei em sentido formal, bem como de atos normativos infralegais, desde 
que estes sejam expedidos nos estreitos limites estabelecidos em lei anterior. É a expressão 
do inciso II do art. 5º: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão 
em virtude de lei” . Nesse caso, lei quer dizer normas constitucionais, atos normativos 
primários e atos normativos secundários (decretos, portarias, instruções normativas etc.). 
Por seu turno, o princípio da reserva legal exige que a regulamentação de 
determinadas matérias constitucionais devam ser feitas necessariamente por lei em sentido 
formal. É o que ocorre no inciso XXXIX do art. 5º, que exige lei formal para a instituição de 
crimes e penas. Aqui, lei significa ato normativo primário , emanado do Poder Legislativo. 
Sublinhe-se que a reserva legal pode ser absoluta ou relativa. Quando a 
Constituição exigir a regulamentação integral de sua norma por lei em sentido formal, 
estamos diante da reserva legal absoluta . Por outro lado, se a Carta Política, muito embora 
exigir a edição de lei em sentido formal para regulamentação de determinado tema, permitir 
que a lei regulamentadora fixe apenas parâmetros gerais de atuação a serem 
complementados por atos infralegais, teremos a reserva legal relativa . 
Do exposto, pode-se concluir que o princípio da legalidade é de abrangência 
mais ampla do que o princípio da reserva legal. Além do que, o princípio da legalidade 
possui uma menor rigidez quando comparado às hipóteses constitucionais de reserva legal. 
Por importante, convém trazer à baila a diferenciação entre lei em sentido 
apenas formal, lei em sentido apenas material e lei em sentido material e formal. 
Com efeito, lei em sentido apenas formal é o ato normativo emanado do Poder 
Legislativo, independentemente de seu conteúdo, que obedecem aos critérios do processo 
legislativo preconizados na Constituição Federal. À luz do art. 59, são sempre leis em 
 
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sentido formal: emendas à Constituição; leis complementares; leis ordinárias; leis 
delegadas; medidas provisórias; decretos legislativos e resoluções. Como exemplo de uma 
lei em sentido meramente formal, temos o Decreto Legislativo 1.785-A, de 2005, que 
autoriza o Poder Executivo a implantar o aproveitamento hidrelétrico de Belo Monte. Este 
ato normativo não é uma lei em sentido material porque não possui generalidade e 
abstração, pelo contrário, dirige-se a um fato determinado, qual seja, o aproveitamento 
hidrelétrico de Belo Monte. 
Além disso, lei em sentido apenas material é a norma emanada de qualquer 
órgão do Estado, dotada de generalidade e abstração. Como exemplo, o Regimento Internodo STF – não é lei em sentido formal, haja vista que não foi produzido pelo Poder 
Legislativo, segundo os ditames do devido processo legislativo constitucional, no entanto, 
possui generalidade e abstração suficientes para regular fatos indeterminados. 
Por fim, leis em sentido a um só tempo material e formal são aquelas 
produzidas pelo Poder Legislativo, de acordo com o devido processo legislativo 
constitucional, dotadas de generalidade e abstração (exemplo: Lei 8.666/1993). 
d. Vedação à tortura e ao tratamento desumano ou degradante 
Art. 5º (…) 
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; [vai 
ao encontro do direito à vida sob a ótica da garantia da existência digna] 
e. Liberdade de expressão 
Art. 5º (…) 
IV – é livre a manifestação do pensamento , sendo vedado o anonimato ; 
V – é assegurado o direito de resposta , proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem; (…) 
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura ou licença ; (…) 
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando 
necessário ao exercício profissional; 
 
 
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f. Liberdade de consciência, de crença e de convicção filosófica ou 
política 
Art. 5º (…) 
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença , sendo assegurado o livre 
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e 
a suas liturgias; (…) 
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas 
entidades civis e militares de internação coletiva; 
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de 
convicção filosófica ou política , salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal 
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa , fixada em lei [é o que a 
doutrina chama de escusa de consciência]; 
g. Inviolabilidade da intimidade, da privacidade, da honra e da 
imagem 
Art. 5º (…) 
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas , 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação; 
 
h. Direito à inviolabilidade domiciliar 
A proteção constitucional ao domicílio emerge da regra inscrita no art. 5º, XI, que 
proclama que: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Nesse contexto, ninguém, 
especialmente a autoridade pública, pode penetrar em casa alheia sem consentimento do 
morador, exceto: a) em caso de flagrante delito (a qualquer hora); b) desastre (a qualquer 
hora); c) socorro (a qualquer hora); d) por determinação judicial (durante o dia). 
Acresça-se que o conceito de “casa”, para os fins da proteção 
 
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jurídico-constitucional a que se refere o art. 5º, XI, reveste-se de caráter amplo, pois, 
compreende: a) qualquer compartimento habitado; b) qualquer aposento ocupado de 
habitação coletiva; e c) qualquer compartimento privado onde alguém exerce profissão ou 
atividade. 30 Esse amplo sentido conceitual da noção jurídica de “casa” revela-se plenamente 
consentâneo com a exigência constitucional de proteção à esfera da liberdade e da 
privacidade. 31 É por essa razão que a doutrina, ao destacar o caráter abrangente desse 
conceito jurídico, adverte que o princípio da inviolabilidade domiciliar se estende ao espaço 
em que alguém exerce, com exclusão de terceiros, qualquer atividade de índole profissional. 
Continuando, há que se definir o que seja “dia” para os fins da inviolabilidade 
domiciliar. Para essa definição jurídica, a doutrina utiliza-se de dois critérios: o 
físico-astronômico e o cronológico. O critério físico-astronômico afirma que “dia” é o 
espaço temporal existente entre a aurora e o crepúsculo, ou seja, enquanto houver sol. Já 
pelo critério cronológico , “dia” é o intervalo de tempo entre as 6 horas da manhã até as 18 
horas da tarde. 
Apesar de haver uma parcela doutrinária que defende a adoção do critério 
físico-astronômico (entre a aurora e o crepúsculo), a melhor doutrina defende a tese de que 
“dia” seria o interregno entre 6 e 18 horas, em razão do critério objetivo que favorece a 
segurança jurídica. 
Por derradeiro, vejamos o seguinte questionamento: em uma operação de 
grande complexidade, o mandado judicial começa a ser cumprido durante o dia, adentrando 
na noite; nesse caso, a ação poderia ultrapassar as 18h? A resposta é positiva. Se a 
diligência começou dentro do horário adequado (durante o dia), porém, em face da 
complexidade do fato, estendeu-se para além das 18 horas, não se fala em violação da 
proteção constitucional ao domicílio (não se pode arguir a ilicitude da prova). 
 
i. Sigilo de correspondência, das comunicações telegráficas e das 
comunicações telefônicas 
Art. 5º (…) 
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de 
dados e das comunicações telefônicas , salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução 
 
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https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788530974145/epub/OEBPS/Text/22_chapter12.xhtml#ch12fn30
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788530974145/epub/OEBPS/Text/22_chapter12.xhtml#ch12fn31
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processual penal; 
 
A Constituição ressalva o sigilo das comunicações telefônicas, desde que haja 
uma ordem judicial que determine a interceptação e sempre para fins penais , seja na fase 
do inquérito policial (investigação criminal), ou na fase da instrução processual penal. Muito 
embora a Constituição exija que a interceptação telefônica sempre se dê na seara penal, é 
possível que a prova produzida no processo penal seja levada para o processo civil, até 
mesmo para o processo administrativo. 
No que tange ao sigilo das correspondências e das comunicações telegráficas ede dados, cabe um questionamento: seriam estes sigilos um direito absoluto? A resposta é 
negativa. Aplica-se à espécie a ponderação de interesses , já que, como assentado, os 
direitos fundamentais não podem servir como escudo para práticas de atividades ilícitas. 
Como exemplo, de acordo com a jurisprudência do STF, é admissível a interceptação da 
carta do preso pela administração penitenciária com a finalidade de se evitar a prática de 
ilícitos. 
j. Liberdade de atuação profissional 
Art. 5º (…) 
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
k. Liberdade de locomoção 
Art. 5º (…) 
XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer 
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
l. Liberdade de reunião 
Art. 5º (…) 
XVI – todos podem reunir-se pacificamente , sem armas , em locais abertos ao público, 
independentemente de autorização , desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à 
autoridade competente; 
O direito de reunião previsto no inc. XVI do art. 5º é o meio disponibilizado pela 
 
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Constituição Federal para viabilizar coletivamente o exercício da liberdade de expressão, o 
que, ao fim e ao cabo, propicia a participação ativa da sociedade civil por meio da exposição 
pública de ideias compartilhadas. Pressupõe o atendimento de 5 requisitos: 1) seja pacífico; 
2) seus integrantes não podem portar armas; 3) não depende de autorização; 4) exige 
prévio aviso à autoridade competente; 5) não pode frustrar outra reunião convocada para o 
mesmo espaço público. 
m. Liberdade de associação e representação dos associados 
Art. 5º (…) 
XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos , vedada a de caráter 
paramilitar ; 
XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de 
autorização , sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento ; 
XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas 
atividades suspensas por decisão judicial , exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito 
em julgado ; 
XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; 
XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas , têm 
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; 
n. Direito de propriedade 
Art. 5º (…) 
XXII – é garantido o direito de propriedade; 
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social; 
 
i. Desapropriação 
Art. 5º (…) 
XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou 
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, 
ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 
 
ii. Requisição administrativa 
 
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Art. 5º (…) 
XXV – no caso de iminente perigo público , a autoridade competente poderá usar de 
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano ; 
o. Proteção constitucional ao bem de família rural 
Art. 5º (…) 
XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela 
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua 
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; 
p. Direitos autorais 
Art. 5º (…) 
XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução 
de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
XXVIII – são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da 
imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; 
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de 
que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e 
associativas; 
q. Proteção à propriedade industrial 
Art. 5º (…) 
XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua 
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos 
nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o 
desenvolvimento tecnológico e econômico do País; 
r. Direito de sucessão 
Art. 5º (…) 
XXX – é garantido o direito de herança; 
 
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XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei 
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais 
favorável a lei pessoal do “de cujus”; 
 
s. Defesa do consumidor 
Art. 5º (…) 
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; 
t. Direito de informação 
Segundo o art. 5º, XXXIII: “todos têm direito a receber dos órgãos públicos 
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão 
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo 
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”. 
Trata-se de um remédio constitucional de natureza administrativa , corolário 
do princípio da publicidade . É um instrumento que viabiliza o controle popular sobre a coisa 
pública. Como exemplo, podemos citar o questionamento de um determinado cidadão junto 
à Administração Pública quanto ao valor que foi contratado um determinado serviço, ou 
quais as cláusulas de um contrato administrativo celebrado com uma determinada empresa. 
Não se trata de direito absoluto , podendo o Poder Público recusar-se a prestar 
a informação quando o sigilo for imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Esta 
ressalva encontra-se prevista na Lei 12.527, de 18 de novembro de 2011, que, dentre outras 
providências, regula o acesso a informações previsto no citado inciso XXXIII do art. 5º, 
conhecida como lei de acesso à informação. 
 
u. Direito de petição 
À luz do art. 5º, XXXIV, a , são a todos assegurados, independentemente do 
pagamentode taxas , o direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou 
contra ilegalidades ou abuso de poder. Cuida-se de remédio constitucional de natureza 
administrativa , cuja legitimidade ativa compete a qualquer pessoa, física ou jurídica, 
nacional ou estrangeira, não necessitando de assistência de advogado. 
 
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De acordo com o Min. Celso de Mello, o direito de petição “qualifica-se como 
prerrogativa de extração constitucional destinada à generalidade das pessoas pela Carta 
Política. Traduz direito público subjetivo de índole essencialmente democrática. O direito de 
petição, contudo, não assegura, por si só, a possibilidade de o interessado – que não dispõe 
de capacidade postulatória – ingressar em juízo, para, independentemente de advogado, 
litigar em nome próprio ou como representante de terceiros (…)” (AR 1.354 AgR, 
06.06.1997). 
Possui dupla finalidade: a) levar ao conhecimento dos poderes públicos fato 
ilegal ou abusivo, contrário ao interesse público, para que sejam tomadas as medidas 
adequadas; ou b) instrumento para a defesa de direitos perante aos órgãos públicos. 
O direito de petição constitui-se, portanto, em um mecanismo constitucional de 
controle político-fiscalizatório dos negócios jurídicos do Estado, tendo por finalidade a 
defesa da legalidade e do interesse público, cujo exercício independe de comprovação da 
existência de lesão a interesse próprio do peticionário. 
v. Direito de certidão 
São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas , a 
obtenção de certidão em repartição pública, para defesa de direitos e esclarecimento de 
situações de interesse pessoal (art. 5º, XXXIV, b ). 
Na mesma linha, trata-se de remédio jurídico-constitucional de natureza 
administrativa (exercitável junto à Administração Pública), no entanto, difere no que tange 
à legitimação, haja vista possuir natureza individual. Com efeito, o direito de certidão não se 
presta à obtenção de cópias de documentos que digam respeito a terceiros. 
Acresça-se que a negativa ilegal ao fornecimento de certidões dá ensejo à 
impetração de mandado de segurança , e não habeas data . 
w. Inafastabilidade da jurisdição 
Art. 5º (…) 
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
 
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x. Irretroatividade relativa das leis 
De acordo com o art. 5º, XXXVI, a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada. Essa norma constitucional tem por finalidade homenagear 
a segurança das relações jurídicas já consolidadas. 
A definição de direito adquirido nos é dado pelo art. 6º da Lei de Introdução às 
normas de Direito Brasileiro (Decreto-lei 4.657/1942), antiga Lei de Introdução ao Código 
Civil: “ consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, 
possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo, ou condição 
preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem”. Ou seja, o direito adquirido é aquele que já 
se incorporou ao patrimônio do seu titular, e, por isso, não poderá ser prejudicado por lei 
posterior. 
Importante consignar que o direito adquirido não é oponível em face de uma 
nova Constituição , uma vez que, conforme já tratado, o Poder Constituinte originário é 
incondicionado e ilimitado. Aplica-se a retroatividade mínima . No entanto, emendas 
constitucionais fruto do exercício do Poder Constituinte derivado reformador não podem 
violar o direito adquirido. 
Por sua vez, o ato jurídico perfeito é aquele consumado segundo a lei vigente, 
ainda que não exaurido, estando apto a produzir os efeitos que lhes são próprios (art. 6º, § 
1º, do Decreto-lei 4.657/1942). Como exemplo, citamos o contrato de locação firmado antes 
do advento da mudança legislativa; se durante o curso da relação contratual advém nova lei, 
alterando o regime jurídico locatício, o contrato em vigor continua a ser regido pela lei antiga 
(lei do tempo do fato). 
Por fim, considera-se coisa julgada a característica de uma decisão judicial 
contra a qual não caibam mais recursos, tornando-a imutável e indiscutível (art. 6º, § 3º, do 
Decreto-lei 4.657/1942). A coisa julgada pode ser observada pela ótica formal ou material. 
Coisa julgada formal é a impossibilidade de modificação da decisão judicial no mesmo 
processo, por não haver mais recursos possíveis. Já a coisa julgada material é a 
impossibilidade de modificação da matéria debatida. 
y. Direito ao juiz natural 
Art. 5º (…) 
 
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XXXVII– não haverá juízo ou tribunal de exceção; (…) 
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; 
z. Júri popular 
Art. 5º (…) 
XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, 
assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
 
a1. Princípios da legalidade e da retroatividade da lei penal mais 
benéfica 
Art. 5º (…) 
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação 
legal; 
 XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
a2. Punição às discriminações atentatórias 
Art. 5º (…) 
XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; 
 
 
a3. Crimes imprescritíveis 
Possui o Estado o jus puniendi – direito de punir –, cuja titularidade é expressão da 
soberania nacional. Esse poder sancionatório, como regra, sucumbe com o tempo 
(prescreve), em homenagem à segurança jurídica e à estabilidade das relações humanas. 
 
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A imprescritibilidade das infrações penais constitui exceção à regra geral vigente no 
Direito Penal brasileiro. Com efeito, só vigoram no Brasil duas hipóteses taxativas de 
crimes imprescritíveis previstas no texto constitucional: a) racismo (art. 5º, XLII); e b) ação 
de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático 
(art. 5º,XLIV). 
a4. Tortura, tráfico ilícito de drogas, terrorismo e crimes hediondos 
Art. 5º (…) 
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática 
da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como 
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo 
evitá-los, se omitirem; 
a5. Pessoalidade da pena, individualização da pena e penas proibidas 
Art. 5º (…) 
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar 
o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos; XLVII – não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada , nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
 
 
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a6. Cumprimento da pena e aleitamento materno 
Art. 5º (…) 
XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza 
do delito, a idade e o sexo do apenado; (…) 
L – às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus 
filhos durante o período de amamentação; 
a7. Respeito à integridade física e moral do preso 
Art. 5º (…) 
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 
 
a8.Extradição 
Art. 5º (…) 
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado , em caso de crime comum , 
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins , na forma da lei; LII – não será concedida extradição de 
estrangeiro por crime político ou de opinião; 
 
Extradição é um instituto do Direito Internacional Público baseado em convenções 
internacionais, em que um País pede ao outro a entrega de um indivíduo, para que lá seja 
processado e julgado por um crime que tenha cometido. 
A extradição pode ser ativa ou passiva. Quando o Brasil pede que outro Estado 
soberano entregue uma pessoa que lá está, é um caso de extradição ativa. Por outro lado, 
quando o Brasil é instado para entregar alguém que aqui está, trata-se de extradição 
passiva. Os incs. LI e LII são casos de extradição passiva. 
No inc. LI, a Constituição assegura que nenhum brasileiro nato será entregue pelo 
governo brasileiro a outro País para que lá seja processado e julgado por crimes cometidos 
naquele território. No entanto, permite a extradição de brasileiro naturalizado que cometeu 
crime comum antes da naturalização (ainda como estrangeiro) ou se envolveu em tráfico 
 
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ilícito de entorpecentes e drogas afins antes ou depois do processo de naturalização. 
Por seu turno, o inc. LII trata da possibilidade de extradição passiva de estrangeiros 
que estejam no nosso território, salvo se o crime cometido seja político ou de opinião. 
Questão interessante é saber a quem cabe a decisão final no julgamento da 
extradição. Ora, se o Supremo Tribunal Federal for favorável à extradição, a decisão final 
cabe ao Presidente da República que terá discricionariedade para tanto, por ser ele a 
autoridade responsável por manter relações com Estados estrangeiros (art. 84, VII). 
Entretanto, se o Supremo for contrário à extradição, o Presidente da República ficará 
vinculado, não podendo conceder o pedido extradicional. 
 
a8. Direito ao devido processo legal 
Art. 5º (…) 
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; 
 
a9. Direito ao contraditório e a ampla defesa 
Art. 5º (…) 
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
 
a10. Vedação às provas ilícitas 
Art. 5º (…) 
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 
 
b1. Princípio da presunção de inocência 
Art. 5º (…) 
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória; 
 
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b2.Identificação criminal 
Art. 5º (…) 
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas 
hipóteses previstas em lei; 
 
b3. Ação penal privada subsidiária da pública 
Art. 5º (…) 
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no 
prazo legal; 
 
b4. Princípio da publicidade dos atos processuais 
Art. 5º (…) 
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da 
intimidade ou o interesse social o exigirem; 
 
b5. Pressupostos constitucionais para a prisão 
Art. 5º (…) 
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada 
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime 
propriamente militar, definidos em lei; (…) 
LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade 
provisória, com ou sem fiança; 
b6.Direitos do preso 
Art. 5º (…) 
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
 
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imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; 
LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, 
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; 
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu 
interrogatório policial; 
LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; 
b7. Prisão civil por dívida e o status dos tratados internacionais 
sobre direitos humanos 
Art. 5º (…) 
LXVII – não haverá prisãocivil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento 
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; 
 
Muito embora o mandamento constitucional supratranscrito preveja duas 
hipóteses de prisão civil por dívida, o STF firmou relevante entendimento de que não é 
possível a prisão civil do depositário infiel . 
Desde a ratificação pelo Brasil do Pacto de San José da Costa Rica, no ano de 
1992, é grande a controvérsia sobre a possibilidade (ou não) de haver prisão civil do 
depositário infiel e, por equiparação, do devedor no contrato de alienação fiduciária em 
garantia. Isso porque o citado Pacto só permite a prisão civil na hipótese de não 
pagamento de obrigação alimentícia . 
Considerando que o referido Pacto foi ratificado sem ressalvas pelo Brasil, e que 
os direitos e garantias expressos na Constituição Federal não excluem outros decorrentes 
dos tratados internacionais de que a República Federativa do Brasil seja parte (art. 5º, § 2º), 
desenvolveu-se a tese segundo a qual teria o Tratado afastado a possibilidade de prisão 
civil do depositário infiel. 
Apreciando essa questão, o STF firmou posição de que a prisão civil por dívida é 
aplicável apenas ao responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação 
alimentícia (RE 466.343/SP, rel. Min. Cezar Peluso, 03.12.2008). Com efeito, a Corte, por 
maioria, passou a entender que os tratados e convenções internacionais sobre direitos 
humanos celebrados pelo Brasil possui status supralegal , situando-se abaixo da 
Constituição, mas acima das demais normas infraconstitucionais. Por força dessa 
supralegalidade, o multicitado Pacto tornou inaplicável a legislação infraconstitucional 
 
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sobre a prisão civil do depositário infiel. 
Convém destacar que a força revogadora do Pacto não recai sobre a 
Constituição , mas sim sobre a legislação infraconstitucional que a regulamenta, ou seja, o 
texto constitucional não é revogado pelo tratado, apenas se torna inaplicável. Quem é 
revogada pela norma internacional é a legislação infraconstitucional que regulamenta o 
dispositivo constitucional. 
Conclui-se que, ao reconhecer status de supralegalidade aos tratados 
internacionais sobre direitos humanos, o STF firmou entendimento de que desde a 
ratificação pelo Brasil, no ano de 1992, do Pacto de San José da Costa Rica não há base 
legal para aplicação da parte final do art. 5º, LXVII (a prisão civil do depositário infiel). 
Acrescente-se que o STF, depois de reiterados julgados sobre o tema, editou a 
súmula vinculante 25, in litteris : “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja 
a modalidade do depósito”. 
Dito isso, vejamos como se situam os tratados internacionais no escalonamento 
normativo brasileiro, considerando o entendimento firmado pela Suprema Corte e à luz do § 
3º do art. 5º, incluído pela Emenda Constitucional 45/2004: 
a) os tratados internacionais sobre direitos humanos (TIDH) aprovados após a 
emenda constitucional 45/2004 pelo rito especial previsto no § 3º do art. 5º, ou seja, em 
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de votação, por três quintos dos votos 
dos respectivos membros, terão status de norma constitucional ; 
b) os tratados internacionais sobre direitos humanos celebrados pelo Brasil antes da 
Emenda Constitucional 45/2004 têm 
status de supralegalidade , situando-se abaixo da Constituição, mas acima das demais leis 
infraconstitucionais; 
c) demais tratados internacionais que não se refiram a direitos humanos possuem 
status de lei ordinária . 
 
 
 
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b8. Habeas corpus 
A atual Carta Política prevê remédios constitucionais de natureza administrativa 
(direito de informação, direito de petição e direito de certidão, utilizados junto à 
Administração Pública) e remédios de natureza judicial ( habeas data , habeas corpus , 
mandado de segurança, mandado de injunção e ação popular, utilizados junto ao Poder 
Judiciário como verdadeiras ações constitucionais). 
O habeas corpus é uma espécie de remédio constitucional de natureza judicial 
que visa garantir a liberdade de locomoção em face de ilegalidades ou abusos de poder. 
Com efeito, de acordo com o art. 5º, LXVIII, “conceder-se-á habeas corpus sempre que 
alguém sofrer [HC repressivo, também chamado de liberatório] ou se achar ameaçado de 
sofrer [HC preventivo, também chamado de salvo-conduto] violência ou coação em sua 
liberdade de locomoção [direito de ir, vir e permanecer], por ilegalidade ou abuso de 
poder”. 
Cuida-se de uma ação constitucional de natureza penal , cuja legitimidade ativa 
é ampla , alcançando o Ministério Público e qualquer do povo, nacional ou estrangeiro, 
independentemente de capacidade civil, de idade, de sexo, de estado mental, que podem 
ingressar em benefício próprio ou alheio. 
Nada obsta que o estrangeiro seja o próprio impetrante do habeas corpus , no 
entanto, a jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que é obrigatório o uso do 
vernáculo (língua portuguesa), haja vista que o art. 13 determina que “a língua portuguesa é 
o idioma oficial da República Federativa do Brasil” e o art. 192 do Código de Processo Civil 
prevê que “em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso da língua 
 
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portuguesa”. Nesse sentido, é obrigatório que todas as manifestações processuais, orais e 
escritas, sejam feitas em língua portuguesa, em cumprimento ao princípio da publicidade, de 
modo a se permitir o perfeito entendimento do que nelas se contém pelas partes 
interessadas e por todos os cidadãos (HC 105.148, rel. Min. Cármen Lúcia, j. 14.10.2010). 
A jurisprudência admite, também, o manejo de habeas corpus por pessoa 
jurídica na qualidade de impetrante, em favor de pessoa física (chamada de paciente) a ela 
ligada (exemplo: empresa em benefício de seu diretor). 
Como autoridade coatora , podem figurar autoridades públicas (situação mais 
comum) e pessoas privadas (como exemplo: diretor de hospital privado que determina a

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