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Erosão Hídrica e Preservação dos Recursos Naturais

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04
Introdução
Os atuais níveis de crescimento populacional e a consequente 
necessidade de ampliar a produção de alimentos, fibras e energia, tem 
promovido uma intensa utilização dos recursos naturais que geram 
muitas vezes impactos indesejáveis ao meio ambiente. Dentro deste 
contexto é importante considerar que os recursos naturais devem 
servir não apenas para suprir as necessidades da sociedade atual, mas 
também das futuras gerações. Essa condição baseada em princípios 
éticos quando transposta ao nosso cotidiano quer dizer que devemos 
realizar um esforço para aperfeiçoar nossa capacidade de gerenciar a 
utilização dos recursos naturais com maior habilidade de forma a 
conciliar as nossas necessidades atuais sem comprometer as 
necessidades futuras. Diferente do que alguns podem imaginar, os 
interesses de produção e da preservação dos recursos naturais não são 
conflitivos, já que a preservação do solo e da água são fatores 
importantes para garantir as necessidades econômicas e sociais de uma 
nação. Neste contexto é importante considerar que o estabelecimento 
de políticas públicas voltadas para a preservação dos recursos naturais 
são fundamentais para estabilidade de uma sociedade.
Dentre inúmeros fatores relacionados com a degradação dos 
recursos naturais, a erosão hídrica assume papel de destaque, 
contribuindo significativamente para a situação atual de degradação 
dos solos e da água por todo o planeta. A erosão hídrica provoca 
impactos indesejáveis ao ambiente tanto “no local” onde essa ocorre 
como também “fora do local” onde os solos foram erodidos. Os 
,
,
,
,
, ,
,
Processos e modelagem da erosão: 
da parcela à bacia hidrográfica
 Jean Paolo Gomes Minella
Gustavo Henrique Merten
José Miguel Reichert
Elemar Antonino Cassol
105
principais problemas referentes aos efeitos fora do local da erosão 
estão relacionados ao depauperamento da qualidade da água, o 
assoreamento dos corpos de água e à degradação dos ecossistemas 
aquáticos. Esses impactos, têm sido considerados nos últimos anos, um 
assunto de grande importância para a sociedade e têm merecido a 
atenção da comunidade científica internacional.
Nesse sentido, quando se estuda o processo erosivo, devem ser 
focalizados não apenas os processos envolvidos nos locais onde esse 
processo ocorre, mas também os locais onde o material erodido foi 
transferido. Os estudos do processo erosivo, baseados na escala de 
bacia, têm possibilitado a compreensão mais adequada desses 
processos.
Nas últimas décadas, a comunidade científica tem exercido um 
grande esforço no desenvolvimento de técnicas de monitoramento e 
modelagem da erosão na escala de bacia hidrográfica (DICKINSON; 
COLLINS, 1998; RICKSON, 2006). Esse esforço tem contribuído, de 
forma substancial, para a integração das informações entre as 
diferentes escalas, permitindo com isso representar adequadamente 
as diferentes fases do processo erosivo (destacamento, transporte e 
deposição), bem como os elos entre os diferentes componentes do 
sistema (fontes, redes de transporte, depósitos, rede fluvial). A análise 
dos impactos “no local” e “fora do local” da erosão depende 
fundamentalmente de informações de estudos desde a escala de 
parcelas, passando pelas encostas até as bacias hidrográficas, 
envolvendo profissionais de diversas áreas como ciência do solo, 
geomorfologia, hidrologia, dentre outros. 
Mecanismos da erosão hídrica
A erosão do solo é um processo geomórfico natural, que pode 
ser intensificado quando a ocupação das terras e as práticas de uso e 
manejo do solo são inadequadas. Segundo Morgan (2005) o processo 
erosivo consiste de três fases: desagregação, transporte, e quando não 
existe energia suficiente para o transporte das partículas desagregadas 
ocorre a deposição. O processo inicia com o impacto das gotas de chuva 
sobre o solo, sendo que a energia cinética da gota de chuva é transferida 
para o solo, causando a desagregação das partículas de solo 
106
(desagregação física) e também o transporte das partículas em alguns 
poucos centímetros pelo salpicamento das gotas levando consigo 
partículas de solo. A taxa de destacamento é proporcional à energia 
cinética da chuva, à declividade do terreno e à altura da lâmina de água. 
Na etapa seguinte, a erosão é controlada pelo escoamento 
superficial. A formação e magnitude do escoamento superficial 
dependem fundamentalmente da infiltração, sendo que esta depende 
das características da precipitação, relevo, vegetação e características 
do perfil do solo. A variabilidade espacial dos fatores condicionantes 
determina que a geração do escoamento superficial em bacias 
hidrográficas seja governada por uma complexa dinâmica hidrológica 
(ROSE, 2004). Duas teorias são utilizadas para descrever a 
variabilidade espacial e temporal da infiltração e, consequentemente, 
do escoamento superficial: mecanismo hortoniano e as áreas de 
afluência variável. O primeiro ocorre quando a intensidade de 
precipitação excede a taxa de infiltração (HORTON, 1947), e o segundo 
quando o solo torna-se saturado, sendo que qualquer precipitação 
adicional causará escoamento (BEVEN; KIRKBY, 1979).
Para os estudo de erosão é preciso diferenciar o escoamento 
difuso do escoamento concentrado. O escoamento difuso ocorre 
através de uma rede de canais anastomosados, que se movimenta por 
canalículos de forma difusa, em função das características do 
microrelevo e rugosidade da superfície. Este se forma pelo volume além 
daquele que ficou armazenado nas microdepressões e não infiltrou. O 
escoamento concentrado ocorre com o acúmulo do volume de água, 
proveniente do escoamento difuso, formando sulcos bem definidos e 
com maior velocidade que o escoamento difuso. A taxa de 
desagregação, devido ao escoamento, é em função da velocidade do 
fluxo de água descontada a parcela de energia do escoamento que se 
encontra comprometida com o transporte de sedimentos (TOY et al., 
2002). A capacidade de transporte de sedimentos pelo escoamento é 
decorrente de algumas variáveis hidráulicas e das características dos 
sedimentos.
A intensidade do processo erosivo é decorrente da quantidade 
do material que é desagregado e pela capacidade do escoamento em 
transportar os sedimentos. Desta maneira a intensidade da erosão pode 
ser limitada tanto pela quantidade de material desagregado (limitado 
107
pela desagregação) ou pela capacidade de transporte (limitado pelo 
transporte). É importante considerar que na sua grande maioria os 
modelos de erosão desenvolvidos, para serem aplicados em áreas 
agrícolas, são capazes de simular apenas os processos de erosão do tipo 
entressulco e em sulco. Entretanto cabe lembrar, que outros processos 
erosivos são importantes também e podem representar uma parcela 
significativa na quantidade de sedimentos que são produzidos em uma 
bacia. Entre esses processos, destacam-se a erosão que ocorre nas 
estradas, as voçorocas, a erosão subsuperficial também denominada 
erosão em pipes, a erosão fluvial, a erosão eólica e os processos de fluxo 
de massa ou erosão por remoção em massa como deslizamentos e 
colapso de barrancos em rios (HADLEY et al., 1985). Estes tipos de 
erosão não ocorrem necessariamente isolados um do outro. Eles são 
influenciados pelos fatores que compõem a paisagem e também pelas 
características da chuva. Sendo assim, a modelagem da erosão depende, 
fundamentalmente, da identificação dos mecanismos erosivos 
dominantes na escala de interesse. Assim, quando se simula a erosão 
em uma lavoura, certamente os processos erosivos do tipo sulco e 
entressulcos são importantes, mas na escala de bacia predominam 
outros processos importantes que estão relacionados principalmente 
com a erosão que ocorre no canal fluvial (YAN et al., 2010).
Modelagem matemática dos processos erosivos
Em função do problema crescente de degradação dos recursos 
naturais,existe uma grande demanda por informações relativas à 
quantificação da erosão, da produção de sedimentos e dos seus 
impactos sobre as atividades econômicas e de meio ambiente. O 
conhecimento das taxas de erosão e o conhecimento do fluxo de 
sedimentos e dos poluentes em uma bacia são considerados 
informações importantes para possibilitar uma gestão adequada dos 
recursos naturais (WALLING, 2005).
Atualmente, a discretização espaço-temporal da erosão e da 
produção de sedimentos tem contribuído, significativamente para 
auxiliar no planejamento econômico e ambiental dos recursos naturais 
(LIM et al., 2005). Além da obtenção da taxa de erosão média de longo 
período para áreas homogêneas, tem sido possível obter a variação 
108
Figura 1. Desenho ilustrando os ambientes (subsistemas) de uma bacia hidrográfica e 
processos erosivos dominantes.
espaço-temporal dessas taxas (SUMMER; WALLING, 2002; DE ROO; 
JETTEN, 1999, DE ROO et al., 1996). A tendência é que os modelos 
matemáticos se tornem ferramentas cada vez mais refinadas para 
descrever os processos de erosão e sedimentação que ocorrem em uma 
bacia hidrográfica. 
Nos estudos da erosão e sedimentação na escala de bacia é 
necessário considerar a influência de todos os ambientes 
(subsistemas) que compõem a paisagem como, por exemplo, os 
diferentes usos agrícolas, as áreas urbanas, as estradas, as florestas, as 
áreas úmidas e os rios (Figura 1). Os subsistemas não podem ser 
avaliados isoladamente porque afetam e são afetados pelos outros 
subsistemas, formando uma rede complexa de interações (OWENS, 
2005). Os resultados deste conjunto de interações, envolvendo diversos 
ambientes e diferentes processos erosivos, refletirão nas 
características das descargas líquidas e sólidas na rede de drenagem. 
Cada ambiente exercerá influência na geração e no movimento do 
escoamento superficial, bem como na erosão e transporte de 
sedimentos. Sendo assim, a produção de sedimentos e as características 
físicas e químicas dos sedimentos nos rios é um reflexo da integração de 
todos os subsistemas que compõem a paisagem, dentro dos limites de 
uma bacia hidrográfica.
109
Na simulação da erosão hídrica na escala de bacia, através de 
modelos matemáticos, é necessário considerar os três processos 
fundamentais que são: desagregação, transporte e deposição. Na 
desagregação as partículas de solo são removidas pelo impacto da gota 
de chuva e/ou pelo escoamento, sendo dependente das características 
físicas e químicas do solo, que definem sua susceptibilidade à 
desagregação. Na desagregação, parte da energia é proveniente da 
chuva e parte do escoamento. O processo de transporte de sedimentos 
ocorre através do escoamento concentrado em sulcos e da energia 
disponível para realização desse trabalho. A deposição dos sedimentos 
obedece a uma condição que ocorre quando a quantidade de 
sedimentos, que está sendo transportada, supera a capacidade de 
transporte. A deposição, no entanto, é um processo complexo de 
modelar, porém considera-se que essa etapa é de fundamental 
importância para possibilitar o processo de transferência de 
sedimentos das suas fontes para os locais de depósito que pode ser a 
bacia vertente ou a calha fluvial (Figura 2).
As fontes de sedimentos mais comuns encontradas em uma 
bacia hidrográfica são as áreas agrícolas, os locais de construção, as 
áreas com vegetação alterada, as estradas e a rede de drenagem. O 
110
Figura 2. Desenho esquemático do processo de transferência de 
sedimentos das suas fontes para os locais de depósito.
processo de transporte dos sedimentos erodidos ocorre em caminhos 
preferenciais do escoamento superficial que são sulcos de erosão, 
canais, voçorocas e a rede de drenagem. As áreas de depósito ocorrem 
nas faixas de vegetação, reservatórios, lagos, banhados, locais de relevo 
côncavo, áreas de escoamento divergente e junto a planície aluvial. 
Sendo assim, a modelagem da erosão e dos processos 
hidrossedimentológicos, na escala de bacia deve incluir os processos de 
desagregação, transporte e deposição nos diferentes ambientes 
levando-se em consideração os processos que possibilitam a 
conectividade entre esse ambientes.
Além da erosão entressulco e em sulco, que são de ocorrência 
comum nas áreas agrícolas, existem outros processos erosivos como a 
erosão fluvial e a erosão em voçoroca, que são processos erosivos 
importantes que apresentam uma dinâmica complexa e que, de uma 
maneira geral, não são contempladas na maioria dos modelos de erosão 
que são aplicados na escala de bacia. Dependendo das características da 
bacia (geologia, relevo, área de drenagem) a importância de um ou mais 
destes tipos de erosão é predominante, e precisa ser identificado pelo 
modelador. Sendo assim, é importante que o usuário escolha o modelo 
que represente o processo que, de fato, contribui com a produção de 
sedimentos na bacia. Entretanto, em geral, os problemas erosivos em 
bacias envolvem mais um tipo de erosão sendo necessário o 
acoplamento de diferentes modelos a fim de englobar os fenômenos 
ocorrentes. 
Aplicação dos modelos matemáticos de predição de erosão
O desenvolvimento de modelos de predição de erosão hídrica 
ou eólica tem como motivação principal o desenvolvimento de uma 
ferramenta de auxílio voltada para o planejamento das ações de 
conservação do solo e da água. Mediante o uso de modelos diferentes, 
práticas de controle da erosão podem ser testadas a partir da simulação 
de diferentes cenários de uso e manejo do solo e variações climáticas.
Os modelos matemáticos de predição de erosão podem ser 
utilizados, tanto para o propósito com fins acadêmicos como aplicados. 
Os propósitos acadêmicos tem haver com a possibilidade de 
compreender e descrever os mecanismos da erosão. Já com o propósito 
111
aplicado, os modelos são aplicados para quantificar a erosão e 
identificar áreas mais afetadas por esse processo. A seguir seguem 
alguns exemplos de utilização acadêmica e aplicada dos modelos de 
predição de erosão:
Utilização acadêmica:
Ÿ Representar os diferentes tipos de erosão e suas interações;
Ÿ Analisar os processos de destacamento das partículas da massa de 
solo, transporte das partículas e deposição dos sedimentos erodidos, 
em função das características da chuva, do solo, do relevo e cobertura 
vegetal;
Ÿ Analisar os mecanismos de conexão entre os processos erosivos nas 
vertentes e na rede fluvial;
Ÿ Avaliar em que nível de discretização do meio físico é possível 
representar os processos erosivos e hidrológicos em diferentes escalas 
e condições.
Utilização aplicada:
Ÿ Calcular as taxas de erosão para avaliar as perdas do potencial 
produtivo dos solos, a degradação dos solos e os impactos econômicos;
Ÿ O planejamento integrado de bacias hidrográficas com vistas à 
preservação dos recursos hídricos e à manutenção do potencial 
produtivo dos solos;
Ÿ Demonstrar previamente os efeitos da alteração do uso e do manejo 
dos solos sobre o volume de escoamento superficial e a taxa de erosão.
Um dos principais campos de aplicação da modelagem de 
erosão encontra-se na engenharia de sedimentos. Nesta área os 
modelos de predição de erosão, aplicados na escala de bacia, são 
utilizados com o propósito de estimar o aporte de sedimentos, para fins 
de avaliação da vida útil de reservatórios (CARVALHO et al., 2000). 
A estimativa da erosão através de modelos matemáticos, no 
entanto, se torna difícil a medida que ocorre um aumento de escala 
onde esses modelos são aplicados. Esta condição ocorre não somente 
112
pela natureza variada das fontes de sedimentos, mas principalmente, 
pela complexa relação de transferência dos sedimentos da bacia 
vertente para a calha fluvial. Nestas condições a combinação de um 
levantamento do meio físico, para indificar os principais processos 
erosivos que ocorrem na bacia, pode contribuir para a seleção domodelo mais adequado a ser utilizado. 
Classificação geral dos modelos de erosão (perda de solo e 
produção de sedimentos)
Os modelos matemáticos de estimativa de perda de solo e 
produção de sedimentos diferem em termos de complexidade, dos 
processos considerados e dados requeridos. A escolha do modelo mais 
apropriado deve ser baseada no objetivo de uso, nas características do 
local de estudo e da disponibilidade de dados. Não existe o melhor 
modelo para todas as aplicações, mas sim aquele mais adequado ao 
objeto de estudo. As diferenças entre os modelos permitem agrupá-los 
segundo diferentes critérios: os objetivos, a base conceitual e a escala 
espacial e temporal. 
Os modelos apresentam características distintas, segundo os 
objetivos para os quais foram desenvolvidos. Os modelos de processos 
erosivos e hidrossedimentológico estão presentes em diferentes áreas 
do conhecimento, como por exemplo, na geografia, na engenharia e na 
agronomia. Sendo que o enfoque e a descrição matemática priorizarão 
os processos de interesse de cada campo de trabalho como por 
exemplo:
Ÿ Determinação da fragilidade ambiental à erosão hídrica;
Ÿ Determinação das taxas médias de perda de solo de longo período 
em áreas agrícolas;
Ÿ Determinação do balanço de sedimentos, diferença entre erosão e 
deposição na bacia, controlando a produção de sedimentos; 
Ÿ Análise dos processos de transferência de sedimentos, nutrientes e 
pesticidas das encostas para os depósitos e rede de drenagem; 
Ÿ Interpretação das relações entre os processos erosivos, observados 
nas encostas, com os processos de transporte na calha fluvial;
Ÿ Determinação da taxa de emissão de sedimentos (relação entre a 
perda de solo e a produção de sedimentos);
113
Ÿ Erosão fluvial, transporte e deposição de sedimentos em rios e 
reservatórios;
Ÿ Impacto na qualidade da água, pela presença de sedimentos e 
contaminantes associados (nutrientes, pesticidas, metais pesados e 
patógenos). 
Considerando a base conceitual dos modelos, outra maneira 
usual de classificação é segundo os processos erosivos considerados e 
pelos algoritmos utilizados. Considerando como exemplo os modelos 
para as áreas agrícolas, os processos de desagregação, transporte e 
deposição são controlados pela capacidade (energia) da chuva e do 
escoamento em desagregar e transportar o solo através das vertentes. O 
processo pode ser modelado pela relação entre desagregação e 
capacidade de transporte do escoamento. Para estes casos existem três 
tipos de modelos que utilizam essa relação para a estimativa da perda 
de solo: 
Ÿ Limitados pela desagregação - a quantidade de solo erodido é limitada 
pela capacidade da chuva e do escoamento desagregar o solo, 
assumindo que o escoamento pode transportar uma infinita 
quantidade de sedimentos, ou seja, tudo que for desagregado poderá 
ser transportado para uma determinada posição considerada. Nesses 
modelos o processo de deposição não é simulado e sim assumido que 
irá ocorrer onde a declividade do terreno for muito baixa ou onde o 
escoamento poderá ser canalizado. Este é o caso dos modelos 
relacionados com a Equação Universal de Perda de Solo - USLE 
(WISHMEYER; SMITH, 1978). Os resultados destes modelos são, 
frequentemente, utilizados como uma estimativa da desagregação nos 
dados de entrada de modelos que simulam a mobilização e deposição 
na bacia.
Ÿ Simulam as condições limitadas pela disposição de sedimentos e pela 
capacidade de transporte - o modelo assume que o escoamento pode 
transportar uma quantidade de sedimento controlada pela sua 
capacidade máxima de transporte de sedimentos. Desta forma, a 
deposição ocorre quando a carga de sedimentos a ser transportada é 
maior que a capacidade de transporte. Nestes modelos a capacidade de 
114
transporte não somente condiciona a transferência dos sedimentos que 
foram mobilizados através da energia da chuva, mas também 
condiciona o potencial de desagregação pelo escoamento concentrado. 
A energia para realização deste trabalho resulta da diferença entre a 
capacidade de transporte e a carga que esta sendo transportada. 
Ainda na classificação da base conceitual, os modelos podem 
ser classificados como empíricos, conceituais e de base física (Tabela 
1):
Ÿ Modelos empíricos - são baseados em relações estatísticas entre 
variáveis consideradas importantes. Os parâmetros das equações são 
obtidos por calibração em parcelas experimentais. Nestas condições de 
grande controle experimental se estabelece as relações entre os fatores 
controladores e as variáveis de interesse (escoamento e perda de solo). 
Estes modelos necessitam pequeno número de variáveis em 
comparação com os modelos determinísticos, realizando boas 
estimativas de longo período. Estes modelos são utilizados em 
situações com limitação de dados, sendo importantes úteis na 
identificação das áreas críticas de erosão. 
Ÿ Os modelos conceituais - são baseados num conjunto de fórmulas 
que representam o sistema de forma simplificada, tendo um conjunto 
de componentes interligados e incorporando na sua estrutura 
mecanismos de geração e transferência de sedimentos, cada um 
requerendo alguma caracterização do seu comportamento dinâmico. 
Incluem uma descrição geral dos processos na bacia, sem incluir 
detalhes específicos das interações entre os processos. Permitem 
inserir dados da variabilidade espacial e temporal mesmo que com 
pouco detalhamento. Os parâmetros de ajuste do modelo são obtidos 
com dados medidos.
Ÿ Modelos de base física - os resultados são obtidos pela solução de 
equações físicas que descrevem os processos hidrológicos (infiltração, 
evapotranspiração e escoamento superficial) e erosivos (desagregação, 
transporte e deposição de sedimentos). O uso destas equações depende 
da obtenção ou estimativa dos parâmetros necessários, esta é uma 
limitação, principalmente, para áreas extensas e heterogêneas onde 
não existem dados ou com baixo nível de detalhamento. 
115
Outro critério de classificação dos modelos refere-se à escala 
espacial e temporal sendo esses classificados como concentrados ou 
distribuídos. Modelos concentrados referem-se àqueles cuja 
variabilidade espacial dos processos não é levada em conta ou seja o 
resultado representa um valor médio para uma área homogênea. Nos 
modelos distribuídos, os parâmetros, variáveis e resultados são obtidos 
para toda a área de interesse com discretização espacial. Este tipo de 
modelo é apropriado para áreas heterogêneas e extensas, permitindo 
identificar onde os processos erosivos (desagregação, transporte e 
deposição) estão ocorrendo. Em relação à escala temporal, os modelos 
de erosão podem gerar resultados médios de longo período ou 
resultados relativos à ocorrência de eventos de chuva. 
A escolha do modelo gera alguma incerteza em função da 
grande número de opções e diferença entre eles. É importante lembrar 
que o modelo adequado será aquele que representa explicitamente os 
processos requeridos. Além disso, é importante verificar a 
disponibilidade de dados, a representatividade dos processos para o 
local de interesse e a adequação à resolução espacial e temporal que se 
deseja modelar. A análise detalhada do fenômeno de interesse e dos 
116
Tabela 1. Resumo dos principais tipos de modelo segundo sua base de cálculo.
Fonte: Merritt (2003), Vente e Poesen (2005).
117
Contribuição das diferentes escalas para a modelagem da erosão
A evolução da modelagem de erosão, na escala de bacia, 
depende fundamentalmente do entendimento de como se conectam as 
informações geradas nas diferentes escalas, ou seja, da microparcela à 
grande bacia (Figura 3). O entendimento desta questão sem dúvida irá 
auxiliar também na elaboração de medidas mais efetivas de controle da 
produção de sedimentos, considerando que os sedimentos não são 
produzidos somente na bacia vertente, conforme já comentado.Com 
isso e importante considerar que as medidas de conservação de solos 
utilizadas em uma bacia são importantes, porém, não suficientes para 
reduzir a produção de sedimentos na mesma bacia. Fatores 
relacionados com os processos erosivos que ocorrem na calha fluvial 
também cumprem um papel importante neste processo. 
Os resultados na escala de microparcela têm grande aplicação e 
importância no suporte de parâmetros para os modelos de base física e 
distribuídos, já que definem com grande precisão os parâmetros 
necessários para a caracterização específica de processos interferentes 
como, por exemplo: a) estudos para a determinação da energia cinética 
modelos é fundamental para o planejamento da obtenção dos 
parâmetros, monitoramento e, finalmente, da modelagem. Na Tabela 2 
são apresentados alguns modelos de erosão e suas principais 
características.
Tabela 2. Exemplos de modelos de erosão e suas principais características.
Na escala de parcela e vertente é possível definir das taxas de 
erosão para diferentes solos e níveis de cobertura, numa condição mais 
representativa da realidade e com grande controle experimental. 
Nessas escalas é possível fazer uma grande discretização das variáveis 
de solo e vegetação, permitindo quantificar seus efeitos. Existe também 
a possibilidade de realizar experimentos com chuva simulada e 
estabelecer variáveis como erodibilidade e importância da erosão em 
sulco. Outro aspecto muito importante nesta escala é a possibilidade de 
compreender a dinâmica da infiltração e escoamento superficial em 
função de manejos diferentes.
Na escala de pequenas bacias é possível avaliar os mecanismos 
de interação entre os processos erosivos da bacia vertente com a calha 
fluvial. Condições geomorfológicas associadas à hidrologia afetam 
fortemente a dinâmica da erosão, e o processo de mobilização, 
deposição e transporte, bem como transferência de sedimentos para a 
calha fluvial.
Na escala de grandes bacias são avaliados os impactos regionais 
118
da gota de chuva – erosividade, b) salpico, c) formação de selo 
superficial, d) avaliação da cobertura do solo, e) influência da 
estabilidade de agregados, coesão do solo, granulometria.
Figura 3. Desenho esquemático da representação da conexão das escalas de monitoramento 
e modelagem para a representação dos processos erosivos e hidrossedimentológicos.
da erosão sobre a degradação dos recursos hídricos, a economia 
regional e a saúde da população. Os processos relacionados à erosão e à 
produção de sedimentos tornam-se ainda mais complexos devido à 
participação de fontes de sedimentos de diferentes naturezas (sulco, 
entressulco, voçorocas, remoção em massa e erosão fluvial) e também 
da dinâmica deposicional devido à ocorrência de várzeas, lago e 
reservatórios, além da redução natural da declividade do canal fluvial.
Considerações finais
A modelagem da erosão do solo e da produção de sedimentos, 
sem dúvida nenhuma tem se tornado uma ferramenta importante para 
auxiliar na gestão sustentável dos recursos naturais, principalmente 
quando aplicada a escala de bacia hidrográfica. Porém, é justamente 
nesta escala que são encontrados os vazios do conhecimento que 
limitam o desenvolvimento de modelos mais robustos. Os vazios de 
conhecimentos devem ser traduzidos como desafios a serem realizados 
por parte da comunidade científica envolvida neste tema. Dessa forma, 
sugere-se que os principais desafios da modelagem de erosão e da 
produção de sedimentos consiste na: a) representação da 
complexidade natural do ambiente minimizando a quantidade de 
parâmetros necessários; b) transferência de informação entre 
diferentes escalas; c) compreensão dos mecanismos de ligação entre os 
processos nas pendentes e na calha fluvial e a redistribuição de 
sedimentos na bacia; e d) compreensão dos padrões de infiltração e 
formação do escoamento superficial na escala de bacia.
Referências bibliográficas
BEVEN, K. J.; KIRBY, M. J. A physically based, variable contributing area 
model of basin hydrology. Bulletin Hydrologiques, v. 24, n. 1, p. 43-69, 
1979.
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L. Guia de Avaliação de Assoreamento de Reservatórios. Brasília: 
ANEEL, 2000. 140 p.
119
DE ROO, A P. J.; WESSELING, C.G.; RITSEMA, C. J. LISEM: a single-event 
physically based hydrological and soil erosion model for drainage 
basins. I: theory, input and output. Hydrological Processes, v. 10, p. 
1107-1117, 1996.
DE ROO, A. P .J.; JETTEN, V. Calibrating and validating the LISEM model 
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