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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SANIDADE E PRODUÇÃO ANIMAL DAIANE KOSINSKI PAGLIA UTILIZAÇÃO DE ADITIVO FITOGÊNICO A BASE DE CARDOL, CARDANOL E ÁCIDO RICINOLÉICO NA QUALIDADE FÍSICO - QUÍMICA DO LEITE E NO PERFIL BIOQUÍMICO DE VACAS HOLANDESAS XANXERÊ - SC 2020 DAIANE KOSINSKI PAGLIA UTILIZAÇÃO DE ADITIVO FITOGÊNICO A BASE DE CARDOL, CARDANOL E ÁCIDO RICINOLÉICO NA QUALIDADE FÍSICO - QUÍMICA DO LEITE E NO PERFIL BIOQUÍMICO DE VACAS HOLANDESAS Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Sanidade e Produção Animal (MSPA), como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre pela Universidade do Oeste de Santa Catarina. Orientadora: Prof. Dra. Lilian Kolling Girardini Coorientadora: Prof. Dra. Giovana Camillo XANXERÊ- SC 2020 DAIANE KOSINSKI PAGLIA UTILIZAÇÃO DE ADITIVO FITOGÊNICO A BASE DE CARDOL, CARDANOL E ÁCIDO RICINOLÉICO NA QUALIDADE FÍSICO - QUÍMICA DO LEITE E NO PERFIL BIOQUÍMICO DE VACAS HOLANDESAS Esta dissertação foi julgada e aprovada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Sanidade e Produção Animal no Programa de Mestrado em Sanidade e Produção Animal da Universidade do Oeste de Santa Catarina Xanxerê, 27 de Fevereiro de 2020 ________________________________ Prof. Dr. Sérgio Abreu Machado Coordenador do Programa BANCA EXAMINADORA Dra. Lilian Kolling Girardini Universidade do Oeste de Santa Catarina Orientadora e Presidente da Comissão Dra. Silvana Giacomini Collet Dra. Fernanda Maria Pazinato Universidade do Oeste de Sc Universidade do Oeste de SC RESUMO Esse estudo teve como objetivo avaliar a eficácia de aditivo fitogênico a base de cardol, cardanol e ácido ricinoléico na qualidade físico-química do leite e no perfil bioquímico de bovinos da raça Holandês. A pesquisa foi realizada em uma propriedade leiteira localizada no município de Abelardo Luz, no Oeste de Santa Catarina, onde foram utilizados 19 animais, fêmeas, em fase de lactação, divididos em dois grupos: grupo controle (GI) e grupo tratado (GII). O estudo foi dividido em duas etapas: Inicialmente, o grupo tratado (GII) recebeu um total de 10g de aditivo fitogênico, sendo 5g de manhã e 5g à tarde, juntamente com o concentrado, após a ordenha da manhã e da tarde, durante 60 dias. Passado esse período, inverteu-se os grupos e procedeu-se o mesmo tratamento por mais 60 dias. Nas duas etapas do estudo, nos dias 0,15,30,45 e 60 foram realizadas coletas de leite para análises posteriores. Dentre essas, a contagem de bactérias totais, contagem de células somáticas, proteína, lactose, ureia, sólidos totais e gordura. Além disso, nos dia 0 e 60 das duas etapas do estudo, foram coletadas amostras de sangue para a determinação do colesterol, aspartato aminotransferase, ureia, creatinina e gama glutamil transferase. Os resultados obtidos apresentaram variação estatística significativa (p< 0,05%) para os parâmetros de contagem de células somáticas, proteína e aspartato aminotransferse. Os demais parâmetros avaliados não sofreram influência com o uso do fitogênico. Palavras-chaves: Aditivo fitogênico, qualidade de leite, perfil bioquímico ABSTRACT This study aimed to evaluate the effectiveness of the phytogenic additive (cashew nuts and castor beans) on the physicochemical quality of milk and on the biochemical profile of Holstein cattle. The research project was carried out in a dairy farm located in the municipality of Abelardo Luz, in the west of Santa Catarina. Nineteen dairy females were divided into two groups: Control Group (GI) and Treated Group (GII). The study was divided into two stages: the first treated group (GII) received a total of 10g of phytogenic additive, 5g of morning and 5g in the afternoon with concentrate, after milking in the morning and afternoon for 60 days. After this period the groups were inverted and the group (GI) became the treated group and the group (GII) the control group, the GI group treated group received 10 g of phytogenic 5 g in the morning and 5 g in the afternoon concentrated at the same times. Over a period of 60 days. Ten milk collections were carried out at the times 0,15,30,45 and 60 in both stages. The analyzes performed were total bacteria count, somatic cell count, protein, lactose, urea, total solids and fat. Blood samples were collected on days 0 and 60 of the two study steps for the determination of cholesterol, aspartate amino transferase, urea, and creatinine and gamma glutamyltransferase. The results obtained presented significant statistical variation (p <0.05%), between the somatic cell count, protein and amino aspartate transfer parameters and the other parameters evaluated were not influenced by the use of phytogenic. Keywords: biochemical profile, milk quality, phytogenic additive LISTA DE FIGURAS Figura 1 - a) Contagem Bacteriana Total (UFC/ml) em função dos dias de avaliação no leite de fêmeas dos grupos GI (- - -) ou GII (___); b) Contagem de Células Somáticas (CCS/ml) em função dos dias de avaliação em fêmeas dos grupos GI (- - -) ou GII (___); c) Gordura (%) em função dos dias de avaliação no leite de fêmeas dos grupos GI (- - -) ou GII (___); d) Proteína (%)em função dos dias de avaliação no leite de fêmeas dos grupos GI (- - -) ou GII (___); e) Lactose (%)em função dos dias de avaliação no leite de fêmeas dos grupos GI (- - -) ou GII (___); f) Ureia (mg/dL) em função dos dias de avaliação no leite de fêmeas dos grupos GI (- - -) ou GII (___); .................................................................................................................................. 26 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Análise dos alimentos utilizados na dieta de vacas no período de lactação, durante o estudo. ...................................................................................................... 24 Tabela 2. Médias dos quadrados mínimos e erros-padrão das médias (EPM) e valor de P para: contagem bacteriana total (CBT), contagem de células somáticas (CCS), gordura, proteína, lactose e ureia em fêmeas Holandesas de Grupo Controle (GI) e suplementadas com aditivo fitogênico a base de cardol, cardanol e ácido ricinoléico (GII) ........................................................................................................................... 25 Tabela 3 - Médias dos quadrados mínimos e erros-padrão das médias (EPM) e valor de P para: Aspartato Amino-Transferase (AST), ureia, colesterol, Gama-glutamil- transferase (GGT) e creatinina em fêmeas Holandesas de Grupo Controle (GI) e suplementadas com aditivo fitogênico a base de cardol, cardanol e ácido ricinoléico (GII) ........................................................................................................................... 27 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS AST - Aspartato aminotrasferase ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas APCBRH - Associação Paranaense dos Criadores da Raça Holandesa CMT - California Mastitis Test CCS - Contagem de células somáticas FDA – Food and Drug Administration FDN - Fibra em Detergente Neutro FDA - Fibra em Detergente Ácido Ca++- Cálcio G - Gramas GGT - Gamaglutamiltransferase ISO - Internacional Organization of Standardization IEC - International Electrotechnical Commission IN - Instrução Normativa K+- Potássio MAPA - Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento MPS - Matéria parcialmente seca MS - Matéria seca MM - Matéria mineralMg++- Magnésio Mg/dL- Miligramas por decilitros NDT - Nutrientes digestíveis totais NBR - Norma Brasileira Regulamentada Na+- Sódio PB - Proteína bruta % - Porcentagem RBQL - Rede Brasileira de Monitoramento da Qualidade de Leite UFC - Unidade formadora de Colônia U/L - Unidade por Litro SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 9 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 11 2.1 QUALIDADE DO LEITE ................................................................................... 11 2.1.1 Parâmetros Da Composição Físico-Química Do Leite .................................. 11 2.1.2 Análises Bioquímicas séricas ........................................................................ 13 2.1.3 Mastite .......................................................................................................... 14 2.1.3.1 Diagnóstico e controle das mastites ........................................................... 15 2.1.3.2 Antimicrobianos no tratamento das mastites.............................................. 16 2.1.3.3 Resistência bacteriana aos antimicrobianos .............................................. 17 2.2.1 Composição do aditivo fitogênico .................................................................. 21 3. CAPÍTULO 1: ARTIGO.................................................................................................... 22 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 29 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .................................................................................... 33 9 1. INTRODUÇÃO As mudanças na pecuária leiteira do Brasil sofrem grande influência do mercado mundial, ocorridas a partir da abertura do mercado brasileiro para o comércio internacional, diante, principalmente, das perspectivas de exportação. Em âmbito mundial a produção de leite tem sido crescente, e a participação do Brasil, mesmo que ainda modesta, vem mostrando sinais de potencial futuro (CARVALHO; COSTA, 2016). A produção de leite cresceu ao longo das últimas décadas, com taxas superiores à do Produto Interno Bruto (PIB), denotando que tal comportamento histórico do setor tem superado a média da economia brasileira. Entretanto, o cenário econômico atual tem imposto desafios gerenciais ao setor produtivo, implicações que repercutem na posição competitiva do país frente à exportação de produtos lácteos (CARVALHO; COSTA, 2016). No Brasil, o leite é um dos seis produtos mais importantes da agropecuária brasileira, sendo essencial no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para a população desde o início da década de 90. A atividade leiteira tem passado por grandes transformações em nosso país, buscando tornar-se competitivo e inovador no mercado global, focando na produção em escala com qualidade, agregação de valor e industrialização de produtos diferenciados (EMBRAPA, 2018). O manejo dos rebanhos utilizando antimicrobianos para diversas finalidades tornou-se habitual. Estes compostos são empregados para fins terapêuticos (tratamento de infecções em animais que apresentam sinais clínicos); metafiláticos (tratamento de animais clinicamente saudáveis que pertençam ao mesmo rebanho ou cercados dos animais com sinais clínicos); profiláticos (antimicrobiano aplicado em animais saudáveis para a prevenção de doenças) e ainda como melhorador de desempenho (antimicrobiano adicionado continuamente à ração para ganho do peso via melhora da conversão alimentar) (AARESTRUP, 2005). O emprego de antimicrobianos, principalmente na bovinocultura, é essencial para manutenção da saúde animal e sustentabilidade da produção. No entanto, há crescentes preocupações globais sobre a resistência a antimicrobianos, com implicações severas tanto sobre a saúde animal como sobre a saúde pública (FAO, 2016). Nesse contexto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem se preocupando com o controle de resíduos e contaminantes em alimentos, resultando em constantes pesquisas e desenvolvimento de ferramentas para controle do 10 uso de diversas substâncias (antibióticos, hormônios, pesticidas e parasiticidas) na produção animal (BRITO; BRITO, 2003). Cresce a importância da segurança alimentar como atributo decisivo no momento da compra, com aumento da demanda por produtos sem o uso de antibióticos no sistema de produção animal e produzidos sob preceitos ambientais e de bem estar animal. Diante das questões econômicas e de saúde pública, existe o crescente interesse científico por alternativas aos antimicrobianos. Dentre as diversas opções, os compostos extraídos de plantas (fitogênicos), como os óleos essenciais/funcionais têm grande potencial a ser explorado, visto sua reconhecida atividade antimicrobiana, anti-inflamatória e analgésica (TEDESCHI et al., 2011). A busca por estes produtos naturais tem se intensificado, especialmente após a União Europeia proibir o uso de antibióticos como promotores de crescimento na dieta de ruminantes. A melhora no desempenho dos animais tem sido pautada, especialmente, na modificação do padrão de fermentação ruminal e do metabolismo (TEDESCHI et al., 2011). As plantas produzem vários compostos secundários para se protegerem de insetos, animais, fungos ou bactérias. Óleos extraídos de determinadas plantas podem interagir com a membrana celular microbiana, inibindo o desenvolvimento de algumas bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. Como resultado de tal inibição, a adição de alguns extratos de plantas no rúmen tem resultado em aumento na concentração de propionato e redução na concentração de acetato, com consequente redução na produção de metano no rúmen (KOHlERTet al., 2000). Os extratos de origem fitogênica representam uma nova geração em produtos melhoradores da fermentação ruminal. O uso de produtos com composição e controle de qualidade garantidos podem resultar em melhorias significativas da digestibilidade e do ganho de peso dos animais, com a vantagem de não alterar as caraterísticas organolépticas do leite, além da possibilidade de serem usados sem as restrições que apresentam os antibióticos (CALSAMIGLIA et al., 2007). 11 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 QUALIDADE DO LEITE A qualidade dos produtos alimentares é, atualmente, uma das maiores preocupações tanto no ramo de atuação profissional como cientifico, sendo cada vez mais necessário aprimorar a qualidade dos alimentos que são destinados ao consumidor, este, cada vez mais exigente com os produtos que consome. O Brasil é um importante produtor de leite mundial e além da importância econômica, é um alimento natural de grande valor nutritivo, com boas concentrações de cálcio, proteínas de alto valor biológico, vitaminas e minerais. (COSER et al., 2012). Os parâmetros de qualidade do leite de vacas leiteiras são provenientes da composição química, características físico-químicas e higiene. Obter leite de qualidade adequada ao consumo em termos nutricionais e de segurança do alimento, depende de um processo de produção controlado em todas as etapas, desde a formação do rebanho até o processamento na usina de beneficiamento. Fatores como manejo, sanidade, alimentação, potencial genético pode estar associado a qualidade do leite obtido. Contudo, uma das principais causas da queda de qualidade e perdas quantitativas, que gera grande prejuízo à pecuária leiteira, é a mastite. Ressalva-se ainda, a importância da mastite em relação à saúde pública, devido ao envolvimento de bactériaspatogênicas que podem colocar em risco a saúde humana (COSER et al., 2012). A produção leiteira no Brasil, movimenta a economia de pequenas cidades, ajuda na distribuição de renda e gera empregos permanentes. Em termos de quantidade e qualidade do leite produzido por animal, a atividade ainda precisa ser mais produtiva e lucrativa (VOLTOLINI et al., 2001). 2.1.1 Parâmetros Da Composição Físico-Química Do Leite O controle sanitário do leite é fundamental para não haver riscos de contaminação. Este, quando recebido na plataforma, deve ser analisado e estar em cumprimento com todas as normas regulamentadoras que determinam os padrões de identidade e qualidade do leite in natura, além disso, não deve apresentar resíduos de antibióticos, deve possuir contagens máximas de CCS, CBT e não apresentar nenhum tipo de adulteração em sua composição (MARCÍLIO, 2008). É fundamental que seja realizado o 12 controle de qualidade do leite por meio de análises físico-químicas e microbiológicas, a fim de fornecer os requisitos mínimos de qualidade, devido à importância deste produto na alimentação e a sua natureza perecível (PANCOTTO, 2011). Os teores de proteína, gordura, lactose, sais minerais e vitaminas determinam a qualidade do produto, que por sua vez, é influenciada por fatores como alimentação, manejo, genética e raça do animal. Fatores ligados a cada animal, como o período de lactação, o escore corporal ou situações de estresse também são importantes na qualidade composicional (BRITO e BRITO, 2005). De acordo com as instruções normativas (INs) 76 e 77, foram definidos os novos critérios para obtenção de leite de qualidade, englobando desde a organização da propriedade, suas instalações e equipamentos, até a formação e capacitação dos responsáveis pelas tarefas cotidianas, o controle sistemático de mastites entre outros (MAPA, 2018). De acordo com a instrução normativa nº 76 de novembro de 2018, as caraterísticas de qualidade do leite cru refrigerado ficam aprovados com os regulamentos técnicos. Art. 5º O leite cru refrigerado deve atender os seguintes parâmetros físico- químicos: Teor mínimo de gordura de 3,0g/100g (três gramas por cem gramas); Teor mínimo de proteína total de 2,9g/100g (dois inteiros e nove décimos de gramas por cem gramas); Teor mínimo de lactose anidra de 4,3g/100g (quatro inteiros e três décimos de gramas por cem gramas); Teor mínimo de sólidos totais de 11,4g/100g (onze inteiros e quatro décimos de gramas por cem gramas); (MAPA, 2018). Teor mínimo de sólidos não gordurosos de 8,4g/100g (oito inteiros e quatro décimos de gramas por cem gramas); (MAPA, 2018). Ainda, o leite cru refrigerado de tanque individual ou de uso comunitário deve apresentar médias geométricas trimestrais de Contagem Padrão em Placas de no máximo 300.000 UFC/ml (trezentas mil unidades formadoras de colônia por mililitro) e de Contagem de Células Somáticas de no máximo 500.000 CCS/ml (quinhentas mil células por mililitro). Já o leite cru refrigerado de silo, segundo o art. 8º, deve apresentar limite máximo para Contagem Padrão em Placas de até 900.000 UFC/ml (novecentas mil unidades formadoras de colônia por mililitro) antes do seu processamento no estabelecimento beneficiador. 13 2.1.2 Análises Bioquímicas séricas A composição bioquímica sanguínea reflete a situação metabólica dos tecidos animais, de forma a poder indicar lesões teciduais, transtornos no funcionamento dos órgãos, adaptação do animal diante de desafios nutricionais e fisiológicos e desequilíbrios metabólicos específicos ou de ordem nutricional (GONZÁLEZ & SCHEFFER 2003). A interpretação do perfil bioquímico é complexa e pode ser aplicada tanto a rebanhos quanto a indivíduos, devido a mecanismos que controlam o nível sanguíneo de vários metabólitos. Além disso, pela grande variação desses níveis em função de fatores como raça, idade, estresse, dieta, nível de produção leiteira, manejo, clima e estado fisiológico (GONZÁLEZ & SCHEFFER 2003). De acordo com SOUZA (1997) entre os inúmeros exames que auxiliam o Médico Veterinário em sua atuação como clínico, merecem destaque as provas bioquímicas realizadas no soro ou plasma sanguíneo, as quais avaliam o estado funcional do fígado e dos rins, sendo fundamentais para o diagnóstico, prognóstico e tratamento de muitas doenças que acometem os referidos órgãos ou que sobre eles repercutem. Contudo, para que se possam utilizar tais exames em sua plenitude, faz-se necessário que existam, para as diferentes espécies de animais domésticos, valores padrões de referência para os vários parâmetros da classe sanguínea. Os padrões considerados normais em bovinos são: colesterol 80 a 100 mg/dL, ureia 23 a 58 mg/dL, creatinina 1 a 2 mg/dL, gamaglutamiltransferase 6.1 a 17,4 U/L e aspartato aminotrasferase 78 a 132 U/L. Alimentos produzidos de maneira inócua cada vez mais têm se tornado o centro das atenções, visto a crescente busca por uma alimentação saudável e qualidade de vida. Além disso, é notória a conscientização das pessoas em relação ao seu direito de consumir produtos seguros à saúde. O leite é um alimento consumido diariamente e, desta maneira, deve apresentar condições sanitárias apropriadas, isento de qualquer forma de contaminação ou substância estranha. A qualidade higiênica é influenciada por diversos fatores, entre eles o estado sanitário do rebanho, manejo dos animais e equipamentos utilizados durante a ordenha, presença de microrganismos, resíduos de produtos de uso veterinário e odores estranhos. Os antimicrobianos podem ser incorporados ao leite de modo acidental pelo tratamento medicamentoso sem respeitar o período de carência, ou ainda como adulterantes para evitar a proliferação de microbiota contaminante ou deteriorante (SILVA et al. 2013). 14 2.1.3 Mastite A mastite bovina caracteriza-se como um processo inflamatório da glândula mamária que provoca diminuição da produção de leite, despesas veterinárias e com medicamentos, perda na qualidade e na produção de leite e o seu descarte durante o tratamento, além de perda do animal por ocasião do descarte ou óbito. É uma doença multifatorial que apresenta como principais agentes as bactérias (BIRGEL, 2004). A ocorrência da mesma está relacionada ao manejo do animal, principalmente durante a ordenha, onde este está mais susceptível à exposição aos agentes bacterianos (BIRGEL. 2004). Ainda, outros fatores podem influenciar como a conformação do úbere e tetos, status imunitário dos animais, condições de higiene dos equipamentos de ordenha e no momento da ordenha, bem como a higiene pessoal do ordenhador (BIRGEL, 2004). Os tetos constituem a primeira barreira física contra a invasão microbiana e, devido às características anatômicas e fisiológicas, inibem parcialmente a entrada de microrganismos. Agentes que sobrepõem esta barreira inicial necessitam ultrapassar as barreiras imunológicas para sobreviver. No entanto, devido à presença de glóbulos de gordura e caseína o leite torna-se um meio desfavorável à ação do sistema imune na glândula mamária, sendo necessário um rigoroso manejo pré-ordenha, durante e após a mesma, para que se previna, ao máximo, a invasão da glândula mamária por agentes infecciosos, responsáveis pelos casos de mastite (OLIVEIRA, 2006). As mastites classificam-se, de acordo com as manifestações, em clínica e subclínica, sendo a subclínica a de maior importância, pois pode permanecer quiescente no rebanho sem apresentar alterações macroscópicas no úbere e no leite (MEDEIROS e SOUZA, 2009). As principais perdas decorrentes das mastites (entre 70 e 80% das perdas totais) são causadas pelas mastites subclínicas, que embora não apresentem sinais visíveis, diminuem a síntese do leite, bem como alteram a constituição do mesmo. Já os casos clínicos provocam 20 a 30% das perdas (MEDEIROS e SOUZA,2009). A forma clínica da mastite apresenta sinais visíveis, enquanto a forma subclínica apresenta alterações na composição do leite, bem como aumento na contagem de células somáticas (CCS) do leite, podendo esta última, ser diagnosticada por meio de testes como California Mastitis Test (CMT) ou por meio da CCS eletrônica, que apresenta correlação positiva com a presença de mastite. Portanto, a CCS passou a ser um método clássico para interpretar a saúde da glândula mamaria, principalmente quando há 15 presença de mastite subclínica, e tem sido amplamente utilizada pelos produtores de leite (BARBOSA et al.; 2007). Os microrganismos patogênicos frequentemente relacionados às infecções da glândula mamária em bovinos podem ser divididos em dois grupos: patógenos contagiosos e patógenos ambientais. Os principais agentes causadores de mastite contagiosa são Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae. Como os microrganismos contagiosos são bem adaptados à glândula mamária, frequentemente ocasionam infecções crônicas com duração de semanas, meses ou até anos (MARTINS et al., 2010). A glândula infectada é a principal fonte desses agentes em um rebanho leiteiro e a transmissão para quartos mamários não infectados e/ou vacas suscetíveis ocorre, principalmente, durante a ordenha, especialmente em animais que de alguma forma apresentem baixa imunidade, seja por infecções bacterianas prévias, ou ainda infecções virais (BARKEMA et al., 2009). Já os patógenos ambientais penetram na glândula mamária a partir de ambientes contaminados, geralmente devido às falhas no manejo dos animais e do ambiente, que é a principal fonte de contaminação nestes casos (SHUM et al., 2009). As mastites ambientais apresentam como agentes etiológicos patógenos como Streptococcus uberis, Escherichia coli, Nocardia spp. dentre outros agentes (QUINN et al., 2011). Staphylococcus spp. coagulase negativa é um grupo de agentes oportunistas, cuja capacidade de persistir e permanecer em diferentes ambientes faz com que causem uma variedade de enfermidades tanto nos animais como no homem. Em vacas em lactação, estes agentes eram considerados patógenos secundários no desenvolvimento da mastite bovina. No entanto, estudos têm demonstrado a importância destes no desenvolvimento da mastite em bovinos e outras espécies como cabras e ovelhas. As espécies geralmente isoladas de rebanhos leiteiros são S. chromogenes, S. haemolyticus, S. simulans e S. epidermidis (THORBERG et al., 2009; PIESSENS et al., 2011). 2.1.3.1 Diagnóstico e controle das mastites Um programa de controle para a mastite bovina é baseado na redução da prevalência dos casos contagiosos e no controle e diminuição dos quadros de mastite ambiental, uma vez que esta é impossível de ser erradicada pela presença natural dos agentes no ambiente dos animais. Esse baseia-se nas medidas de boas práticas de produção, dentre as quais podemos citar o monitoramento do rebanho através de dados de CCS individual e do tanque, CMT, teste da caneca de fundo escuro, índices de casos 16 clínicos e subclínicas, perfil microbiológico e resistência aos antibióticos, confrontados com os dados gerais do rebanho. Outras medidas profiláticas são relacionadas ao conforto térmico e ambiental dos animais, higiene na ordenha, do ordenhador, que deve ser treinado para o ofício, limpeza correta dos equipamentos de ordenha e instalações, além da manutenção dessas conforme as normas internacionais. Ainda, o tratamento dos animais no momento da secagem, tratamento imediato dos casos clínicos de mastite sob orientação veterinária, bem como o descarte das vacas com infecção crônica e melhoria da genética com animais menos predispostos à enfermidade são fundamentais. Práticas estas aliadas à nutrição com aporte de todos os nutrientes necessários para a produção, com atenção especial às vitaminas A, E, selênio, cobre e betacarotenos que aumentam a resistência dos animais frente às mastites (MÜLLER, 2002). Estão disponíveis vacinas que podem auxiliar no programa de controle para coliformes e S. aureus reduzindo a incidência e a gravidade das mastites (MÜLLER, 2002). Imprescindível no controle e considerado padrão ouro é o diagnóstico microbiológico, pois gera resultados seguros na identificação dos problemas do rebanho. Quando empregado o isolamento do agente, em casos clínicos direciona a terapia a ser utilizada, auxilia na decisão do descarte e no tratamento de infecções severas que não responderam a tratamentos anteriores. Já o perfil microbiológico do tanque de resfriamento fornece uma avaliação da qualidade do leite, o status de saúde do úbere dos animais do rebanho e principalmente aponta as alterações relacionadas ao manejo que devem ser inseridas em um programa de controle dentro de uma fazenda (BRITO, 2010). 2.1.3.2 Antimicrobianos no tratamento das mastites O controle das mastites é realizado geralmente com a aplicação de antimicrobianos, seja durante a lactação ou ainda no momento da secagem dos animais. Muitas vezes os tratamentos são instituídos de forma empírica, sem a identificação dos agentes e sem resultados de testes de antibiograma. Entretanto, segundo Mota et al. (2012), o uso inadequado de antibióticos e desinfetantes pode promover a resistência das bactérias às substâncias usadas no controle da mastite. Os resultados obtidos mostram a necessidade da realização periódica de testes de sensibilidade in vitro, pois existem variações no perfil de sensibilidade e resistência que podem comprometer o tratamento 17 do animal bem como os programas de controle da mastite bovina (MEDEIROS et al., 2009). Em virtude da elevada prevalência de mastite, mesmo antes do primeiro parto, uma das medidas de controle que pode ser implantada é o tratamento com antibiótico intramamário, que visa diminuir o nível de infecção. Os resultados obtidos com o uso de antibioticoterapia são a redução do número de quartos infectados e a diminuição de CCS das primíparas. Em termos de produção de leite, as novilhas tratadas com antibiótico antes do parto produzem mais leite durante a lactação quando comparadas aquelas não tratadas, além de apresentarem menor CCS. Os efeitos benéficos em termos de produção leiteira aumentada justificam economicamente a aplicação da infusão intramamária de antibiótico antes do parto para rebanhos que tenham identificado a ocorrência de mastite em novilhas (FONSECA e SANTOS, 2007). Ainda, a terapia da vaca seca com antibióticos pode diminuir a prevalência de infecções existentes na secagem e reduzir a incidência de novas infecções durante o período seco (LENTS et al., 2007). Segundo Sear e Mccaryhy(2003), essa terapia pode eliminar 80 a 100% das infecções por Staphylococcus spp. coagulase negativos. 2.1.3.3 Resistência bacteriana aos antimicrobianos A resistência bacteriana aos antimicrobianos é atualmente um dos grandes problemas na medicina veterinária e consequentemente na área da saúde pública, uma vez que muitas bactérias antes suscetíveis aos antibióticos usualmente utilizados deixaram de responder a essas drogas. Esta resistência é um fenômeno natural, resultante da pressão seletiva exercida pelo uso de antibióticos, mas que tem sofrido uma expansão acelerada devido à utilização inadequada e indiscriminada destes fármacos, existindo uma correlação muito clara entre um maior consumo de antibióticos e níveis mais elevados de resistência bacteriana (KOLLEF MH. 2000). Ademais, os resíduos de antibióticos no leite podem gerar fenômenos alérgicos em indivíduos sensíveis, desencadeando efeitos tóxicos. Por isso, têm-se estimulado a busca por alternativas que reduzam tais problemas (FREITAS et al., 2005). Uma das alternativas é a indicação dos aditivos fitogênicos, pois os mesmos não deixam resíduos e possuem ação contra vários microrganismos dentre eles bactérias, fungose protozoários (BURT, 2004). A mastite bovina é a causa mais comum para o uso de antimicrobianos na pecuária leiteira (ERSKINE et al., 2004), chegando a representar mais de 40% do total do consumo 18 nas explorações pecuárias (KORB et al., 2011). Diversos estudos sobre suscetibilidade a antimicrobianos de patógenos de mastite bovina demonstraram elevados percentuais de resistência, principalmente para Staphylococcus spp. (BRITO et al., 2001; MATEU & MARTIN, 2001; OLIVEIRA et al., 2002; MACHADO et al., 2008). Ainda, os antimicrobianos utilizados em animais pertencem essencialmente às mesmas classes de antimicrobianos utilizados na medicina humana (ARIAS & CARRILHO, 2012), constituindo assim, um grande problema do ponto de vista clínico e de saúde pública. A liberação de resíduos antimicrobianos no meio ambiente devido ao uso, por vezes indiscriminado, destes fármacos no tratamento de animais, pode contribuir para mudanças de populações locais de microrganismos, além de favorecer o desenvolvimento de resistência entre patógenos, incluindo espécies de importância em medicina humana (AARESTRUP & SCHWARZ, 2006). As bactérias são capazes de suplantar os efeitos de agentes antimicrobianos por meio de uma grande variedade de mecanismos. De maneira geral, as estratégias de resistência aos agentes antimicrobianos baseiam-se em modificações ou substituições do sítio alvo da droga, inativação enzimática do fármaco e fluxo da droga e redução da assimilação. Em termos gerais, a resistência é classificada como intrínseca ou adquirida (AARESTRUP & SCHWARZ, 2006). A primeira está relacionada às características estruturais ou funcionais das células bacterianas, as quais conferem tolerância a um fármaco específico ou classe de antimicrobianos (GUARDABASSI & COURVALIN, 2006). A mesma é uma propriedade da espécie ou gênero-específico e resulta de processos adaptativos geralmente relacionados à multiplicação bacteriana necessária para a maioria das ações antimicrobianas das drogas (WRIGHT, 2005). Complexidade da parede celular ou mecanismos de extrusão do fármaco e produção de enzimas que inativam as droga são exemplos destes mecanismos de resistência bacteriana (GUARDABASSI & COURVALIN, 2006). Por outro lado, a resistência adquirida decorre de alterações no genoma bacteriano, as quais podem ocorrer por mutação espontânea (resistência endógena) ou transferência horizontal de genes que codificam algum determinante de resistência (resistência exógena). A disseminação de genes de resistência para cepas sensíveis pode ocorrer por conjugação, por transdução mediada por bacteriófagos ou ainda, por transformação (BERGER-BACHI & McCALLUM, 2006). Uma vez que distintos genes de resistência são frequentemente agrupados, a transferência horizontal de um único elemento genético pode resultar em aquisição de múltiplos genes de resistência pelas bactérias receptoras (TAVARES, 2000; GUARDABASSI et al., 2010). Acredita-se 19 que concentrações subinibitórias de penicilina, por exemplo, estimulam a transferência de DNA plasmidial entre espécies (BERGER-BACHI & McCALLUM, 2006). Independente do antimicrobiano ou do mecanismo de resistência, a exposição de bactérias a estes agentes resulta na seleção de genótipos resistentes, permitindo sua predominância na população bacteriana (WRIGHT, 2005). 2.2 ADITIVOS FITOGÊNICOS A utilização de aditivos fitogênicos na alimentação animal é permitida por serem substâncias geralmente reconhecidas como seguras, de acordo com o FDA – Food and Drug Admnistration, órgão governamental dos Estados Unidos responsável pelo controle dos alimentos. Segundo Burt (2004), por conta de seus aromas, sabor e propriedades antissépticas e/ou conservantes estes vem sendo utilizados a séculos. Os aditivos fitogênicos são de grande importância como matéria prima para indústrias, na manufatura de produtos dos setores de perfumaria, cosmética, farmacêutica, higiene, limpeza, alimentícia e bebidas (BAKKALI et al., 2008). São componentes secundários dos organismos vegetais e podem ser extraídos mediante destilação a vapor ou extração com solventes (PRATA E SAXENA, 2010). A ação antioxidante, anti-inflamatória e antimicrobiana observada em grande número de substâncias extraídas de plantas confere a estes compostos um potencial importante como aditivo alternativo para uso na nutrição animal (CALSAMIGLIA et al., 2007; BENCHAAR et al., 2008). Dentre os aditivos fitogênicos existentes, o óleo da mamona (Ricinus communis L) e líquido da casca de caju (Anacardium occidentale) têm sido utilizados de forma combinada na dieta de ruminantes (CONEGLIAN, 2009) e não- ruminantes, especialmente pela sua ação antimicrobiana (BESS et al., 2012), surgindo como potencial substituto aos antibióticos utilizados como promotores de crescimento, comumente empregados na nutrição animal nas últimas décadas. Os componentes ativos são cardol, cardanol e ácido ricinoléico. Com isso, pesquisas tem investigado o potencial desses na manipulação da fermentação ruminal, visando a melhoria na utilização dos nutrientes pelos ruminantes (CONEGLIAN 2009). Bactérias Gram-positivas são mais susceptíveis às propriedades antibacterianas dos aditivos fitogênicos quando comparadas às Gram-negativas, uma vez que estas últimas possuem uma membrana externa que contêm lipossacarídeos formando uma superfície hidrofílica. O caráter hidrofílico cria uma 20 barreira à permeabilidade das substâncias hidrofóbicas, como os óleos (DORMAN; DEANS, 2000; BURT, 2004). O óleo da casca da castanha de caju (Anacardium occidentale L.) é obtido de uma árvore nativa do Brasil que é encontrada em quase todo território nacional, sendo o nordeste a região com maior área cultivada, com a maior produção nacional. Esta planta é cultivada no leste da África e Índia, maior produtor mundial de castanha de caju e responsável por 50% das exportações mundiais do produto (PUREVJAV, 2011). Os princípios ativos do óleo de caju são o ácido anacárdico, cardol e cardanol. O ácido anacárdico e o cardol têm ação antimicrobiana, o qual funciona como um ionóforo monovalente (NAGABHUSA et al., 1995). O cardanol é o composto que se encontra em maior quantidade no óleo de caju, com atividade tanto anti-inflamatória quanto antioxidante (AMORATTI et al., 2001 e TREVISAN et al., 2005). Foi constatada atividade antimicrobiana do ácido anacárdico sobre as bactérias Gram-positivas Streptococcus mutans e Staphylococcus aureus (LIMA et al. 2000). Estudos de Kubo et al. (2003) e Muroi et al. (2004) também mostraram atividade contra Staphylococcus aureus, sendo esta atividade decorrente, em parte, da inibição da atividade de enzimas da cadeia respiratória. O líquido da casca da castanha do caju também apresentou atividade antioxidante (TREVISAN et al., 2005), atividade anti-tumoral (ITOKAWA et al., 1989) e atividade antimicrobiana (KUBO et al., 2003). O cardol e o cardanol são os componentes do óleo de caju com ação antimicrobiana. Ambos são compostos fenólicos que funcionam como ionóforo monovalente (NAGABHUSA et al., 1995). O cardanol, especificamente, tem ação anti-inflamatória e antioxidante (AMORATTI et al., 2001 e TREVISAM et al., 2006). O óleo de mamona (Ricinus communis L.), por sua vez, é extraído de uma planta que pertence à família Euphorbiaceae, que engloba um grande número de plantas nativas de regiões tropicais. De origem africana, a mamona foi introduzida no Brasil pelos portugueses durante a colonização. É uma planta de hábito arbustivo, com diversas colorações de caule, folhas e racemos (cachos), podendo ou não possuir cera no caule e pecíolo. A mamona apresenta entre 39,6-59,5% de óleo na semente (MACHADO et al., 2006). O cultivo desta tem grande importância econômica e social principalmente para os estados do Nordeste, pela capacidade de produzir em condições de baixa precipitação pluviométrica(BELTRÃO et al., 2003). Seu óleo é obtido por prensagem das sementes, contém cerca de 90% de ácido ricinoleico, o que confere ao óleo características únicas e permite uma ampla utilização na indústria (FERREIRA et al., 2002). O ácido ricinoléico 21 apresenta função analgésica, anti-inflamatória e possui ação bactericida e citolítica. Ainda, estudos preliminares apontam efeitos anticancerígenos atribuídos ao óleo de mamona e a ação bactericida se dá principalmente contra bactérias Gram positivas, as quais são produtoras de ácido acético, butírico, láctico e hidrogênio e estão presentes em maiores proporções no rúmen dos bovinos alimentados com dietas de alto grão (LARA et al., 2009). Ainda, o ácido ricinoléico é um ácido graxo extraído do óleo de mamona, que funciona como ionóforo divalente (VIEIRA et al., 2001) 2.2.1 Composição do aditivo fitogênico Os princípios ativos do líquido da casca de caju são cardol (15 a 20%) e cardanol (75 a 80%). Todos os componentes são caracterizados pela presença de cadeia linear de 15 carbonos, com variações quanto ao grau de instauração (DORMAN; DEANS, 2000). A mamona, por sua vez, tem em sua composição o acido ricinoleico, que contém um grupo carboxila no carbono 1, uma dupla ligação no carbono 9 e outra hidroxila no carbono 12 que conferem a esse composto alta estabilidade e alta viscosidade. (VIEIRA,2001). Bactérias Gram-positivas são mais susceptíveis às propriedades antibacterianas dos aditivos fitogênicos do que as Gram-negativas. As bactérias Gram-negativas possuem uma membrana externa que contêm lipossacarídeos formando uma superfície hidrofílica. O caráter hidrofílico cria uma barreira à permeabilidade das substâncias hidrofóbicas, como os óleos fitogênicos (DORMAN; DEANS, 2000). 22 3. CAPÍTULO 1: ARTIGO UTILIZAÇÃO DE ADITIVO FITOGÊNICO A BASE DE CARDOL, CARDANOL E ÁCIDO RICINOLÉICO NA QUALIDADE FÍSICO - QUÍMICA DO LEITE E NO PERFIL BIOQUÍMICO DE VACAS HOLANDESAS USE OF PHYTHOGENIC ADDITIVE BASED ON CARDOL, CARDANOL AND RICINOLEIC ACID IN THE PHYSICAL - CHEMICAL QUALITY OF MILK AND IN THE BIOCHEMICAL PROFILE OF DUTCH COWS AUTORES: DAIANE KOSINSKI PAGLIAI, SILVANA GIACOMINI COLLETII, FERNANDA MARIA PAZINATOIII ,GIOVANA CAMILOIV, ALAN MIRANDA PRESTESV, ARTHUR VALÉRIO CONYVI, LILIAN KOLLING GIRARDINIVII, Artigo a ser submetido à revista Pesquisa Veterinária Brasileira (PVB) Resumo Esse estudo teve por objetivo avaliar a eficácia dos aditivos fitogênicos de caju e mamona (a base de cardol, cardanol e ácido ricinoléico) na qualidade físico química do leite e perfil bioquímico de vacas Holandesas. Foram avaliadas 19 animais em uma propriedade localizada no município de Abelardo Luz, Oeste de Santa Catarina. Os animais foram divididos em dois grupos, Grupo controle (GI) e Grupo tratado (GII). O grupo tratado (GII), recebiam 5g do aditivo fitogênico de manhã e 5g a tarde após a ordenha juntamente com o concentrado, as analises do leite eram coletadas entre os momentos 0,15,30,45 e 60 as análises do sangue foram coletadas entre os momentos 0 e 60 por um período de 60 dias, após esse período foi invertidos os grupos e o grupo (GI) passou a ser o grupo tratado e grupo(GII) controle por mais 60 dias. Nas amostras de leite foram avaliadas contagem de células somáticas, contagem bacterianas totais, lactose, ureia, proteína, gordura e sólidos totais. No sangue os parâmetros bioquímicos analisados foram ureia plasmática, aspartato aminotranferase, colesterol e gamaglutamiltranferase. Os resultados obtidos apresentaram variação estatística significativa (p< 0,05%), entre os parâmetros de contagem de células somáticas, proteína e aspartato amino transferse os demais parâmetros avaliados não sofreram influencia com o uso do fitogênico. Palavras chaves: Aditivos fitogênicos, parâmetros físicos e químicos, parâmetros bioquímicos. Abstract This study aimed to evaluate the effectiveness of cashew and castor bean phytogenic additives (based on cardol, cardanol, and ricinoleic acid) on the chemical physical quality of milk and biochemical profile of Holstein cows. Nineteen animals were evaluated in a property located in the municipality of Abelardo Luz, west of Santa Catarina. The animals were divided into two groups, Control Group (GI) and Treated Group (GII). The treated group (GII) received 5g of phytogenic additive in the morning and 5g in the afternoon after milking together with the concentrate, the milk analyzes were collected between the times 0,15,30,45 and 60 the blood analyzes were collected between moments 0 and 60 for a period of 60 days, after this period the groups were inverted and the group (GI) became the treated group and the control group (GII) for another 60 days. The milk samples were evaluated somatic cell count, total bacterial count, lactose, urea, and protein, fat and total solids. In the blood, the biochemical parameters analyzed were plasma urea, aspartate aminotranferase, cholesterol and gammaglutamyltranferase. The results obtained presented significant statistical variation (p <0.05%), between the somatic cell count, protein and amino aspartate transfer parameters and the other parameters evaluated were not influenced by the use of phytogenic. Keywords: Phytogenic additives, physical and chemical parameters, biochemical parameters _____________________________________________________________________________ Mestranda do Programa de Mestrado em Sanidade e Produção Animal, Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), Xanxerê, SC, Brasil. II Acadêmica do curso de Medicina Veterinária da Unoesc Xanxerê. III Biólogo, Técnico de Laboratório. IV Professores da Universidade do oeste de Santa Catarina (UNOESC),89820-000 Campus II, Xanxerê, SC, Brasil. * E-mail: lilian.kolling@unoesc.edu.br. Autor para correspondência. 23 Introdução A qualidade do leite é definida por parâmetros de composição química, características físico-químicas e higiene. Estes parâmetros sofrem influência da alimentação, manejo, genética e raça do animal, bem como período de lactação, escore corporal ou situações de estresse (Ver uma referencia). As exigências de qualidade e higiene para o leite cru e derivados lácteos são definidas com base em parâmetros estabelecidos para a proteção da saúde humana e preservação das propriedades nutritivas desses alimentos. O controle de qualidade e sanitário do leite é fundamental para não haver riscos de contaminação. Este pode ser realizado por meio de análises físico-químicas e microbiológicas, a fim de fornecer os requisitos mínimos de qualidade, devido à importância deste produto na alimentação e a sua natureza perecível (PANCOTTO, 2011). A ampla utilização de antimicrobianos na criação de bovinos leiteiros, para diversas finalidades tornou- se habitual. No entanto, há crescentes preocupações globais sobre a resistência a antimicrobianos, com implicações severas tanto sobre a saúde animal como sobre a saúde pública (FAO, 2016). Com isso, cresce a importância da segurança alimentar como atributo decisivo no momento da compra, com aumento da demanda por produtos sem o uso de antibióticos no sistema de produção animal e produzidos sob preceitos ambientais e de bem estar animal. Diante das questões econômicas e de saúde pública, existe o crescente interesse científico por alternativas aos antimicrobianos. Dentre as diversas opções, os compostos extraídos de plantas (fitogênicos) como os óleos essenciais/funcionais têm grande potencial a ser explorado, visto sua reconhecida atividade antimicrobiana, anti-inflamatória e analgésica, bem como melhora no desempenho dos animais, pela modificação do padrão de fermentação ruminal e do metabolismo (TEDESCHI et al., 2011). Neste contexto, objetivou-se avaliar o efeito da utilização de um aditivo fitogênico a base de cardol, cardanol e ácido ricinoléico na qualidade do leite e perfilbioquímicos de vacas leiteiras da raça Holandês. MATERIAL E MÉTODOS Localização e delineamento experimental O estudo foi conduzido em uma propriedade leiteira, com sistema semi-confinado, localizada no município de Abelardo Luz, na região Oeste de Santa Catarina. Foram utilizados 19 animais, fêmeas da raça Holandesa, em fase de lactação, divididas em dois grupos. O Grupo I (GI) considerado Grupo controle, constituído por nove animais e o Grupo II (GII) Grupo tratado, constituído por 10 animais. Dos 19 animais utilizados no projeto 08 eram primíparas, 11 multíparas, sendo nove vacas com até 100 dias de lactação, duas com 200 dias de lactação e oito acima de 201 dias de lactação. Previamente ao início das coletas (30 dias) retirou-se o sal com monensina sódica. O experimento foi realizado em duas etapas, sendo que a partir dos 30 dias sem a utilização de monensina, os animais do grupo I (controle) receberam a dieta padrão, sem adição de nenhum produto. Os animais pertencentes ao grupo II (tratado) passaram a receber 10g (5g pela manhã e 5g a tarde) do aditivo fitogênico, juntamente com o concentrado, no momento posterior às ordenhas, por um período de 60 dias. Ao final deste período os animais permaneceram 30 dias sem o fornecimento dos aditivos e em seguida deu-se início à segunda etapa, na qual os os grupos foram invertidos, ou seja, os animais que pertenciam ao grupo GI passaram a pertencer ao GII e vice- versa. Novamente, o grupo tratado (GII) passou a receber 10g (5g pela manhã e 5g a tarde) do aditivo fitogênico, juntamente com o concentrado, no momento posterior às ordenhas por um período de mais 60 dias, totalizando 150 dias de experimento. Foram realizadas análises quanto aos parâmetros físicos e químicos do leite (CBT, CCS, proteína, gordura, lactose, sólidos totais e ureia) e os parâmetros bioquímicos (creatinina, ureia, aspartato aminotrasferase, colesterol e gama-glutamil-transferase). Para tanto, seguiu-se um cronograma, no qual as amostras de leite foram coletadas nos momentos 0,15, 30, 45 e 60 dias e as amostras de sangue foram coletadas nos momentos 0 e 60 dias. Dieta A dieta dos animais foi a mesma do inicio ao final do experimento, sendo esta composta de volumoso (silagem de milho) oferecido no cocho, 20kg por dia por animal. O concentrado era produzido na propriedade com as seguintes proporções de ingredientes: milho em grão (52kg), farelo de soja (32kg), casquinha de soja (9 kg), sal mineral (5kg), tamponante (1 kg) e ureia (1 kg). Esse era oferecido de acordo com a produção média dos animais. A análise bromatológica da alimentação fornecida aos animais está descrita na Tabela 1. 24 Os animais apresentavam produção de leite média variando de 28 a 35 litros ao dia, recebendo ração balanceada, silagem e pastagem de Jiggs. Tabela 1- Análise dos alimentos utilizados na dieta de vacas no período de lactação, durante o estudo. Coleta e análises a partir do leite Nos momentos 0, 15, 30, 45 e aos 60 dias de experimento efetuaram-se as coletas de leite. Essas foram realizadas a partir do copo coletor e encaminhadas ao laboratório da Associação Paranaense dos Criadores da Raça Holandesa (APCBRH). No local, foram realizadas as análises de contagem de células somáticas (CCS), contagem bacteriana total (CPP), ureia, proteína, lactose, gordura e sólidos totais. As análises de gordura, ureia, lactose, proteína e sólidos totais foram realizadas pelo método Infravermelho, segundo: FIL/IDF, Internacional IDF Standard: 141C:2000. Já a determinação de contagem de células somáticas (CCS) e CBT, foi realizada pela técnica de Citometria de Fluxo, recomendado pela IDF Standart 148-2:2006 (INTERNATIONAL DAIRY FEDERATION [IDF], 2006) Coleta e análises a partir do sangue As amostras de sangue foram coletadas em dois momentos, nos dias 0 e 60 da primeira e segunda etapas do experimento. Para tanto, realizou-se a venopunção da veia coccígea e após, as amostras foram submetidas a centrifugação a 3.000 g por 10 minutos para obtenção do soro, sendo este posteriormente armazenado em microtubos, a -80ºC até o momento das análises. As análises bioquímicas foram realizadas no Laboratório de Patologia Clínica da Unoesc Xanxerê através de espectrofotometria, com auxílio de espectrofotômetro semi-automático (Bio Plus 2000). Foram avaliadas as enzimas aspartato-aminotransferase (AST), gama-glutamil-transferase (GGT) e os metabólitos colesterol, creatinina e ureia, através de kits específicos (Labtest Diagnóstica SA, Lagoa Santa, Brasil). O coeficiente de variação para cada análise é inferior a 10%. Análise estatística Realizou-se análise de variância com medidas repetidas ao longo do tempo através do procedimento MIXED do software estatístico SAS (2018) com nível de significância de 5% (p<0,05). Comissão de ética no uso de animais O presente trabalho foi aprovado pela Comissão de ética no uso de Animais (CEUA) da Universidade do Oeste de Santa Catarina, sob protocolo n° 058/2018. Resultados e Discussão Nesse estudo não se observou diferença estatística para CBT (P=0,328), porém, houve uma tendência entre tratamentos para CCS (P=0,092), com resultados de 264,460 CCS/ml e 131,290 CCS/ml, para GI e GII, respectivamente (Tabela 2 e Figura 1). Essa redução de CCS para o GII pode estar associada ao efeito positivo do aditivo fitogênico, juntamente com as boas práticas de higiene na ordenha. Como a CCS é um parâmetro diretamente relacionado à saúde da glândula mamária do rebanho, esta influencia diretamente nas características organolépticas do leite e derivados, bem como no rendimento industrial para fabricação de lácteos e o tempo de prateleira dos produtos finais (SANTOS & FONSECA, 2006). Neste sentido, a utilização de aditivo fitogênico pode ser considerada, uma vez que é um produto natural, com atuação semelhante ao ionóforo monovalente, tendo também ação anti-inflamatória. Desta forma atua também como um importante incremento no controle de células somáticas, o que consequentemente melhora o desempenho dos animais (CALSAMIGLIA, 2007). 25 A inclusão do aditivo fitogênico, não teve influência na contagem de bactérias totais nos animais avaliados no projeto, conforme figura 1 (Gráfico A). Cabe ressaltar que a contagem de bactérias totais é um critério importante que auxilia na avaliação da qualidade higiênico sanitária do leite e na qualidade do produto final e está diretamente relacionada à contaminação ambiental, a partir do animal ou do próprio manipulador, neste caso por falhas nos procedimentos de manejo (ARCURI et al., 2006). Segundo (Brito & Brito 2004), A contagem de bactérias totais , refere-se a contagem do número total de microorganismos aeróbicos, dando um resultado em determinada quantidade de bactérias ou unidades formadoras de colônias, permitindo avaliar a qualidade do leite desde o momento de ordenha até sua estocagem. Tabela 2. Médias dos quadrados mínimos e erros-padrão das médias (EPM) e valor de P para: contagem bacteriana total (CBT), contagem de células somáticas (CCS), gordura, proteína, lactose e ureia em fêmeas Holandesas de Grupo Controle (GI) e suplementadas com aditivo fitogênico a base de cardol, cardanol e ácido ricinoléico (GII) Em relação aos níveis de gordura do leite, não constatou -se diferença significativa entre os grupos (p=0,296) (Tabela 2 e Figura 1), mas foi possível observar diferença significativa entre os tratamentos na avaliação da proteína, onde os GI e GII tiveram médias de 3,20 e 2,97, respectivamente (Tabela 2). Na Figura 1 observa-se que o GI teve uma elevação no dia 30, o que pode ter aumentado a média de lactose do grupo, é importante ressaltar que a lactose é o constituinte do leite que menos sofre oscilação, e possui alta capacidade osmótica. Redução nos teores de lactose pode implicar em menor produção de leite, sendo assim, em glândula mamária sadia, quando mais lactose é secretada,mais litros de leite são produzidos.( BOTARO et al., 2011). Cabe destacar que os dois grupos mantiveram parâmetros mínimos de proteína ao longo do estudo, segundo o recomendado pela IN 76 de 2018 (MAPA ,2018). A proteína é um dos componentes mais nobres do leite, por apresentar alto valor nutricional tanto pelos teores de aminoácidos essenciais, quanto pela sua digestibilidade (GONZÁLEZE, NORO 2011). Este é o componente que apresenta menor variação sazonal, entretanto a fase de lactação e idade dos animais impacta nos teores de proteína. Pesquisas indicam que os valores de proteína aumentam no decorrer da lactação, sendo que vacas com idade superior a sete anos tendem a produzir leite com maiores teores de proteína quando comparadas a animais de primeiro parto (LACERDA et al ,2012). O GII obteve valores mais baixos de proteína quando comparado com ao GI, e essa redução pode ter correlação com menor número de vacas multíparas nesse grupo. VILELA, (2016) relata que a composição da proteína no leite também pode ser afetada pelo estágio da lactação, sendo menor nos três primeiros meses e aumentando progressivamente à medida que a lactação avança. 26 Figura 1 - a) Contagem Bacteriana Total (UFC/ml) em função dos dias de avaliação no leite de fêmeas dos grupos GI (- - -) ou GII (___); b) Contagem de Células Somáticas (CCS/ml) em função dos dias de avaliação em fêmeas dos grupos GI (- - -) ou GII (___); c) Gordura (%) em função dos dias de avaliação no leite de fêmeas dos grupos GI (- - -) ou GII (___); d) Proteína (%)em função dos dias de avaliação no leite de fêmeas dos grupos GI (- - -) ou GII (___); e) Lactose (%)em função dos dias de avaliação no leite de fêmeas dos grupos GI (- - -) ou GII (___); f) Ureia (mg/dL) em função dos dias de avaliação no leite de fêmeas dos grupos GI (- - -) ou GII (___); Segundo AIRES, (2011) os teores de gordura do leite diminuem quando as vacas são expostas a estresse térmico devido à variação no consumo de forrageiras pelos animais, o que provoca uma alteração na relação acetato/propionato, alterando assim a composição do leite. A produção de proteína do leite parece ser mais diretamente afetada pela temperatura, pois durante períodos de estresse por calor há redução da síntese de proteínas do leite. Geralmente nas regiões temperadas o teor de gordura e proteína do leite podem diminuir, em média, 0,4% e 0,2%, respectivamente, no verão, em comparação com os meses de inverno (COLLIER, 2012). Cabe ressaltar a influência da CCS em outros parâmetros como gordura e proteína. Em estudo com vacas holandesas e mestiças, Gonzalez et al. (2003) encontraram efeito estatisticamente relevante (p<0,01) quando comparados os parâmetros de CCS em relação aos teores de proteína e de gordura no leite. Foi observado que com o aumento da CCS, ocorreu diminuição no teor de proteína e aumento no de gordura. Já Cunha et al.(2008), avaliando vacas de raça holandesa, observaram correlação positiva entre CCS e porcentagens de gordura e de proteína do leite. Em contrapartida, Benchaar et al. (2006) não encontraram alteração nas concentrações de gordura e proteína, bem como no teor de lactose, de vacas alimentadas com até 10 g/dia de aditivo fitogênico. De forma semelhante, Giannenas et al. (2011), também não observaram efeito positivo na adição de aditivo 27 fitogênico (orégano) na contagem de células somáticas (CCS), que foram significativamente menores nos grupos tratados. Rez-Yazdii et al. (2014), ao avaliar 32 vacas holandesas, utilizando 2g/vaca/dia de aditivo fitogênicos (orégano) durante o período de estresse térmico não observaram nenhum efeito (P> 0,05) na gordura e na proteína do leite em relação ao grupo controle, embora identificou-se uma tendência (P = 0,06) para um aumento da lactose. Ainda, utilizando o mesmo aditivo do estudo anterior, Benchaar et al. (2006) também não observaram alteração nas concentrações de gordura, proteína e no teor de lactose, bem como não houve alteração nos teores de gordura com a utilização de 1g/dia de cinamaldeído (BENCHAAR & CHOUINARD, 2009). Em contrapartida, Santos et al. (2010), obtiveram aumento no teor de gordura no leite, sem influência no CMS (consumo de matéria seca), ao utilizarem 1 g/dia de mistura aditivos fitogênicos (eugenol, acetato de geranil e óleo de coentro). Para a lactose não houve diferença entre os grupos avaliados (P= 0,784). Diferentemente do que foi encontrado neste estudo, Kung et al. (2008), ao utilizar aditivos fitogênicos (caju e mamona), na proporção de 2g por dia no concentrado dos animais, observaram aumento no teor de lactose, assim como Petit & Ganon (2011). Entretanto, este último avaliou aditivo fitogênico a base de casca de linho. A ureia presente no leite não apresentou diferença entre os grupos (P=0,127), assim como se observa na tabela 2 e figura 1. Da mesma forma os sólidos totais não diferiram entre GI e GII (Tabela 2). Mesmo não apresentando diferença a ureia esteve dentro dos parâmetros considerados normais, no grupo tratado o índice chegou a 17,41 (mg/dL), conforme demonstra a tabela 2. Segundo (Grande et al 2010), considera-se normal índices em torno de 18 (mg/dL). O nitrogênio uréico no leite (NUL) é um indicativo da adequação ou excesso de amônia ruminal em relação à energia disponível para o crescimento microbiano no rúmen. Alta quantidade de proteínas disponíveis no rúmen em relação às quantidades de carboidratos resulta em altos níveis de NUL (RAJALA- SCHULTZ et al, 2001). O NUL é uma ferramenta para o monitoramento da nutrição proteica para vacas leiteiras. Em propriedades que apresentam altos níveis, pressupõe-se que as vacas não utilizam eficientemente a proteína e, ao invés disso, excretam grande quantidade de nitrogênio uréico no leite e na urina. Isto pode estar ocorrendo devido ao excesso de proteína, ou à falta de uma boa fonte energética. Quando a uréia no leite está em níveis baixos, é um indicativo de que o nitrogênio dietético está sendo bem aproveitado ou existe a deficiência proteica na dieta. Nutricionistas podem usar os níveis de NUL para fazer ajustes na dieta (GRANDE et al, 2010). A porcentagem de sólidos totais no grupo tratado (GII) está de acordo com a instrução normativa nº 76, a qual define um padrão mínimo de 11,40%, uma vez que o GII apresentou 11,99% (p=0,162), embora não tenha sido observada diferença estatística quando comparado ao grupo controle (tabela 2). Os sólidos totais representam uma das frações importantes nos parâmetros físico–químicos do leite, sendo este parâmetro utilizado para aferir a qualidade e composição do leite, resultando em maior valor agregado. Na tabela 3 pode-se observar que a adição do aditivo fitogênico foi positivo no parâmetro de Aspartato Amino Transferase (AST) (p=0,019), para o qual o GII apresentou parâmetros bioquímicos de 88,012 U/L, caracterizando os animais como clinicamente saudáveis. O restante dos parâmetros não sofreu alteração quando comparados ao grupo controle. A AST é um importante indicativo de perfil metabólico energético na prevenção de problemas metabólicos relacionados ao status nutricional dos bovinos, sendo que níveis normais indicam saúde dos animais (GONZÀVES E SILVA, 2006). Tabela 3 - Médias dos quadrados mínimos e erros-padrão das médias (EPM) e valor de P para: Aspartato Amino-Transferase (AST), ureia, colesterol, Gama-glutamil-transferase (GGT) e creatinina em fêmeas Holandesas de Grupo Controle (GI) e suplementadas com aditivo fitogênico a base de cardol, cardanol e ácido ricinoléico (GII) 28 Gregory et al. (1999), em um experimento realizado no Brasil, determinaram que os valores normais de AST em vacas Jersey são de 33,91 (+10,99) UI/L, enquanto KANECO (1997) cita valores entre 78 e 132 UI/L como sendo normais para bovinos, sendo estes semelhantes aos encontrados neste estudo. Santos (1998), estudando o efeito do período de lactação sobre a concentração plasmática deAST em vacas holandesas, encontrou os seguintes valores em seus respectivos períodos de lactação: 27,78 UI/L (1-28 dias pós-parto), 28,89U/l (29-56 dias pós-parto), 30,46UI/L (57-140 dias pós-parto), 30,13UI/L (141-280 dias pós-parto) e 26,8 U/L (período seco). Os valores médios de ureia dos animais do GI e GII podem ser observados na Tabela 3. Não houve efeito de tratamento e nem de tratamento e tempo, mas os níveis da ureia mantiveram-se dentro do fisiológico para a espécie (GREGORY et al., 2004). A determinação da ureia revela informações da atividade metabólica proteica, além da relação entre energia: proteína (LÓPEZ et al., 2004). Quanto aos valores de colesterol, creatinina, e gamaglutamiltransferase não houve diferença estatística significativa. A média do colesterol do grupo tratado (GII) apresentou 146,21 mg\dL (p=0,413), a creatinina 1,431 mg\dL (p=0,521), ficando o valor dentro dos padrões legais. Para gamaglutamiltransferase o valor foi 33,90mg\dL (p=0,521), conforme demonstrado na tabela 03. A creatinina é um composto nitrogenado produzido a partir da fosfocreatina muscular. A quantidade de creatinina formada por dia depende da quantidade de creatina no organismo, que por sua vez depende da massa muscular. Entretanto, a quantidade de creatinina formada é relativamente constante para determinado indivíduo, sendo pouco afetada pela alimentação, principalmente pelo consumo de proteína (KANEKO et al., 2008). Sendo seus níveis sanguíneos pouco afetados pela dieta, a creatinina é usada como referência para corrigir mudanças nas variações de uréia sanguínea. O déficit de colesterol ocorre especialmente antes do início da lactação devido à mobilização de gordura, como forma de adaptação do organismo animal, pela diminuição no consumo voluntário de matéria seca, crescimento fetal e preparação da glândula mamária para lactação (CEBALLOS et al. 2002), além disso, pode refletir dieta deficiente de nutrientes energéticos. De acordo com Pogliani (2006), os valores encontrados de colesterol até o parto foram inferiores aos de referência (80-120mg/dL), proposto por KANECO et al. (2008) e de vacas Holandesas até a primeira semana pós-parto (94,63-146,93mg/dL). A enzima gama glutamiltransferase (GGT) ocorre em todas as células com exceção das células musculares. Sua atividade é alta nos rins e no fígado, mas somente a GGT de origem hepática é encontrada no plasma O aumento da atividade desta enzima ocorre em afecções hepatobiliares com colestase e quando for observado deve-se realizar biopsia para avaliar a intensidade das lesões hepáticas (BORGES ,2008). Com isso, observa-se que a adição de aditivos fitogênicos moduladores de fermentação ruminal (cardol, cardanol e ácido ricinoléico) não compromete, de forma geral, a qualidade do leite, tendo resultados positivos para alguns parâmetros específicos como CCS, proteína e aspartato aminotransferase. CONCLUSÃO Conclui-se com esse estudo que a utilização do aditivo fitogênico a base de cardol, cardanol e ácido ricinoléico diminuiu a contagem de células somáticas no leite de vacas tratadas, melhorou a proteína e diminuiu os níveis séricos de Aspartato Amino-Transferase. Os demais parâmetros não foram influenciados pelo uso do aditivo. 29 REFERÊNCIAS AIRES, A. R. 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Assim, pode ser compreendido que a composição centesimal do leite pode ser influenciada e variar quanto ao nível de produção, ordem de parto, estádio de lactação, raça, alimentação, idade, temperatura ambiental, estação do ano, fatores fisiológicos, patológicos, quartos mamários, porção da ordenha e intervalo entre ordenhas ( SILVA DP et al. 2013 ). A saúde dos bovinos está diretamente ligada à vida produtiva e a produtividade o grande potencial produtivo dos animais de elevado grau genético só e a calçado através da alimentação e manejo assim a utilização desses aditivos naturais fitogênicos tem a função de favorecem a degradação do rumem atuando na população especifica, contribuindo na produção e qualidade do leite. Em busca por alternativas naturais para manter a saúde do rebanho podemos destacar o uso dos óleo fitogênico e um incremento natural onde a principal função desse aditivo natural no rúmen é controlar o ambiente ruminal, favorecendo a fermentação, melhorando a digestão e aproveitamento dos alimentos que são fornecidos. Este incremento visa a melhora no desempenho produtivo, aumentando a produção de sólidos totais no leite. Desempenho as funções semelhantes aos aditivos ionoforos, trazendo benefícios ao processo fermentativo no rúmen ou mecanismos de proteção à mucosa ruminal e intestinal, favorecendo a digestão e absorção dos alimentos, além do benefício ao ambiente e a produção de leite sustentável livre de resíduos. (AIRES et al. 2012). 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS AARESTRUP F.M. & Schwarz S. 2006. Antimicrobial Resistance in Staphylococci and Streptococci of Animal Origin, p.187-212. In: Aarestrup F.M. Antimicrobial Resistance in Bacteria of Animal Origen. 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