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Sumário 
DIREITO CIVIL ..................................................................................................................................................... 6 
1.Teoria Geral Dos Contratos (Artigos 421 Ao 480 Do Cc)................................................... 6 
Leitura Dos Artigos 421 A 480 Do Código Civil .......................................................................... 6 
Princípios Que Regem A Relação Contratual ............................................................................. 13 
Dos Vícios Redibitórios ........................................................................................................................ 20 
Da Evicção .................................................................................................................................................. 22 
Da Responsabilidade Civil Pré-Contratual ................................................................................... 24 
Os Contratos Preliminares .................................................................................................................. 25 
Formação Dos Contratos ..................................................................................................................... 27 
Fase De Negociações Preliminares Ou De Puntuação ........................................................... 28 
Fase De Proposta, Policitação Ou Oblação ................................................................................. 28 
2.Direito Das Sucessões – Arts. 1.784 Ao 2.027 Do Cc ........................................................ 30 
Leitura Dos Arts. 1.784 Ao 2.027 Do Cc ....................................................................................... 30 
Conceitos Básicos E O Entendimento Jurisprudencial .. Erro! Indicador não definido. 
Princípios Do Direito Sucesório ........................................................................................................ 33 
Linha Sucessória – Sucessão Legítima ........................................................................................... 36 
Da Primeira Classe De Sucessores .................................................................................................. 38 
Da Sucessão Pelos Ascendentes ...................................................................................................... 40 
Da Sucessão Do Cônjuge Ou Companheiro............................................................................... 41 
Da Sucessão Dos Colaterais ............................................................................................................... 41 
Da Sucessão Pelo Entre Público ....................................................................................................... 42 
Sucessão Testamentária ....................................................................................................................... 45 
Do Testamento ........................................................................................................................................ 45 
Modalidades Do Testamento Ordinário ....................................................................................... 46 
Do Testamento Público ........................................................................................................................ 46 
Do Testamento Cerrado ...................................................................................................................... 48 
Do Testamento Particular .................................................................................................................... 49 
Das Modalidades Especiais Ou Extraordinárias De Testamento ........................................ 50 
Dos Testamentos Marítimo E Aeronáutico .................................................................................. 51 
Do Testamento Militar .......................................................................................................................... 52 
Do Codicilo ................................................................................................................................................ 53 
Da Deserdação ......................................................................................................................................... 53 
Da Indignidade ........................................................................................................................................ 55 
Da Legitimidade Para Demandar A Exclusão Do Herdeiro Ou Legatário...................... 55 
Dos Efeitos Da Exclusão Do Indigno .............................................................................................. 56 
Da Reabilitação Do Indigno ............................................................................................................... 56 
3.Direito Das Coisas (Arts. 196 Ao 1.276 Do Cc) ..................................................................... 57 
Diferença Entre Direitos Reais E Direito Das Coisas................................................................ 57 
Da Propriedade ........................................................................................................................................ 58 
Principais Características Do Direito De Propriedade ............................................................. 60 
Formas De Aquisição Da Propriedade Imóvel ........................................................................... 62 
Posse ............................................................................................................................................................ 67 
Regras Do Condomínio ........................................................................................................................ 69 
A Desapropriação Judicial Privada Por Posse-Trabalho (Art. 1.228, §§ 4.º E 5.º, Do 
Cc/2002) ...................................................................................................................................................... 74 
4.Direito Das Obrigações (Arts. 233 Ao 420 Do Cc) .............................................................. 76 
Elementos Constitutivos Da Obrigação ........................................................................................ 76 
Espécies De Obrigação Quanto Ao Seu Conteúdo ................................................................. 78 
Diferenças Entre Solidariedade E Indivisibilidade ..................................................................... 80 
Cessão De Crédito E Débito .............................................................................................................. 81 
As Regras Do Pagamento Direto ..................................................................................................... 82 
Consequências Do Inadimplemento Relativo E Absoluto..................................................... 88 
A Cláusula Penal ...................................................................................................................................... 90 
Os Juros Legais ........................................................................................................................................ 92 
5.Direito De Família ................................................................................................................................. 93 
Casamento ................................................................................................................................................. 93 
Capacidade Para O Casamento ........................................................................................................ 93 
Relativamente Incapazes ..................................................................................................................... 94 
Impedimentos ..........................................................................................................................................94 
Causas Suspensivas ................................................................................................................................ 95 
Incompetência Da Autoridade .......................................................................................................... 97 
Casamento Civil ....................................................................................................................................... 97 
Casamento Por Moléstia Grave ........................................................................................................ 98 
Casamento Por Procuração ................................................................................................................ 99 
Possibilidade De Alteração Do Regime De Bens .................................................................... 100 
Espécies De Regime De Bens .......................................................................................................... 101 
Comunhão Parcial De Bens .............................................................................................................. 101 
Comunhão Universal De Bens ......................................................................................................... 102 
Separação Obrigatória ........................................................................................................................ 103 
Separação Convencional .................................................................................................................... 104 
Participação Final Nos Aquestos .................................................................................................... 104 
Dissolução Da Sociedade Conjugal .............................................................................................. 105 
Divórcio Administrativo Ou Extrajudicial .................................................................................... 105 
União Estável .......................................................................................................................................... 105 
Do Casamento Entre Pessoas Do Mesmo Sexo ...................................................................... 106 
Adoção Entre Pessoas Do Mesmo Sexo ..................................................................................... 107 
Dos Alimentos (Lei 5.478/68) .......................................................................................................... 108 
Do Procedimento De Averiguação Oficiosa (Lei 8.560/92) ................................................ 112 
Da Adoção Após A Morte ................................................................................................................ 114 
Da Responsabilidade Civil Em Caso De Abandono Afetivo ............................................... 116 
Da Paternidade Socioafetiva ............................................................................................................ 122 
Da Alienação Parental ......................................................................................................................... 123 
Da Tomada De Decisão Apoiada ................................................................................................... 127 
Da Guarda, Tutela E Curatela .......................................................................................................... 130 
6.Responsabilidade Civil (Arts. 185 Ao 188 E 927 Ao 954 Do Cc) ............................... 133 
Pressupostos Do Dever De Indenizar .......................................................................................... 133 
Responsabilidade Civil Subjetiva .................................................................................................... 135 
Responsabilidade Civil Objetiva ..................................................................................................... 136 
Excludentes De Responsabilidade ................................................................................................. 138 
Dano Moral ............................................................................................................................................. 141 
Teoria Da Perda De Uma Chance .................................................................................................. 141 
 
DIREITO CIVIL 
 
1.Teoria Geral dos Contratos (artigos 421 ao 480 do CC) 
 
LEITURA DOS ARTIGOS 421 A 480 DO CÓDIGO CIVIL 
 
Veremos abaixo os principais artigos comentados para você dar início ao estudo da teoria 
geral dos contratos. 
 
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do 
contrato. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) 
 
Flávio Tartuce afirma que a função social do contrato é uma norma geral de ordem 
pública, através da qual o contrato necessariamente deve ser interpretado de acordo com o 
contexto do todo social, não devendo trazer desproporções entre as partes e muito menos 
desembocar em injustiças sociais. Os contratos também não podem extrapolar os interesses 
metainidividuais ou aqueles que se relacionam com a dignidade humana.1 
 
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da 
intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. (Incluído pela 
Lei nº 13.874, de 2019) 
A Lei da Liberdade Econômica alterou o art. 421 do Código Civil. Destacamos o parágrafo 
único, que acrescenta que devem prevalecer a intervenção mínima e que a revisão do contrato 
por parte do poder público deve ser feita em caráter excepcional. O que demonstra que as 
 
1 TARTUCE, Flávio. MANUAL DE DIREITO CIVIL. 9° Edição. Método, 2019. 
relações contratuais devem ser construídas e resolvidas entre as partes, buscando garantir a 
autonomia para contratar de maneira mais ampla. 
 
Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos 
até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa 
presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido 
também que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
 
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a 
interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de 
resolução; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
 
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e 
(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
 
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. 
(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) 
 
Mais um artigo acrescentado pela Lei da Liberdade Econômica, o qual possibilita a criação 
de regras de interpretação das disposições contratuais. 
 
 Ao estabelecer parâmetros objetivos para interpretação de cláusulas negociais e 
pressupostos de revisão, ou resolução, há a óbvia possibilidade de serem 
reduzidos os problemas das cláusulas que possam ser ambíguas. Além disso, há 
um claro instrumento para que as disposições negociadas, bem como seus 
desdobramentos, fiquem protegidas e evidentes na sua forma de aplicação. 
 Ao estabelecer e desenvolver um negócio, as partes possuem ciência dos riscos 
presentes. Com a inclusão deste inciso, os riscos assumidos serão respeitados, o 
que pode prevenir alguma intervenção que provoque alguma mudança brusca 
ou inviabilize a atividade. 
 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, 
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 
 
Os princípios da probidade e da boa-fé estão ligados não só à interpretação dos contratos, 
mas também ao interesse social de segurança das relações jurídicas, uma vez que as partes 
têm o dever de agir com honradez e lealdade na conclusão do contrato e na sua execução. 
 
 
 
RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO 
ARTIGO 535 DO CÓDIGO DE PROCESSOCIVIL. AUSÊNCIA. 
DECLARATÓRIOS PROCRASTINATÓRIOS. MULTA. CABIMENTO. 
CONTRATO. FASE DE TRATATIVAS. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA 
BOA-FÉ. DANOS MATERIAIS. SÚMULA Nº 7/STJ. 1. Não há falar em 
negativa de prestação jurisdicional se o tribunal de origem motiva 
adequadamente sua decisão, solucionando a controvérsia com a 
aplicação do direito que entende cabível à hipótese, apenas não no 
sentido pretendido pela parte. 2. "No caso, não se pode afastar a 
aplicação da multa do art. 538 do CPC, pois, considerando-se que a 
pretensão de rediscussão da lide pela via dos embargos 
declaratórios, sem a demonstração de quaisquer dos vícios de sua 
norma de regência, é sabidamente inadequada, o que os torna 
protelatórios, a merecerem a multa prevista no artigo 538, parágrafo 
único, do CPC' (EDcl no AgRg no Ag 1.115.325/RS, Rel. Min. Maria 
Isabel Gallotti, Quarta Turma, DJe 4/11/2011). 3. A responsabilidade 
pré-contratual não decorre do fato de a tratativa ter sido rompida 
e o contrato não ter sido concluído, mas do fato de uma das 
partes ter gerado à outra, além da expectativa legítima de que o 
contrato seria concluído, efetivo prejuízo material. 4. As instâncias 
de origem, soberanas na análise das circunstâncias fáticas da causa, 
reconheceram que houve o consentimento prévio mútuo, a afronta 
 Jurisprudência Selecionada 
à boa-fé objetiva com o rompimento ilegítimo das tratativas, o 
prejuízo e a relação de causalidade entre a ruptura das tratativas e o 
dano sofrido. A desconstituição do acórdão, como pretendido pela 
recorrente, ensejaria incursão no acervo fático da causa, o que, como 
consabido, é vedado nesta instância especial (Súmula nº 7/STJ). 5. 
Recurso especial não provido. 
 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas que gerem dúvida 
quanto à sua interpretação, será adotada a mais favorável ao aderente. (Redação 
dada pela Medida Provisória nº 881, de 2019) (Vide Lei nº 13. 874, de 2019) 
 
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor (vide Art. 54) “Contrato de adesão é 
aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas 
unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa 
discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.” 
Porém, esta regra não exclui a possibilidade de a intenção das partes ser aclarada por 
outros elementos, pois, nos termos do art. 112 do Código Civil, o fundamental é a intenção 
consubstanciada nas declarações de vontade. Desse modo, por exemplo, a própria prática que 
os contratantes estabelecerem para cumprimento do contrato revela o intento delas ao contratar. 
A interpretação mais favorável ao aderente, é, portanto, uma regra subsidiária. 
 
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia 
antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. 
 
O dispositivo determina a nulidade de cláusula relativa à natureza do negócio e, portanto, 
pressupõe a validade do negócio. Isto é, embora determine a nulidade de cláusula essencial 
para o contrato, o dispositivo permite que o contrato produza efeitos típicos validamente. 
 
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais 
fixadas neste Código. 
 
O dispositivo é dispensável, visto que ao código Civil cumpre regular apenas os negócios 
jurídicos mais frequentes, complexos e de maior relevância prática, sem prejuízo de toda 
variedade de negócios que possam ser criados. 
 
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
 
Regra geral do direito das sucessões a respeito do patrimônio de terceiros, atente-se! 
 
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar 
dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. 
 
Para obrigar, a vontade deve ser certa. Exemplos de declarações não sérias são as feitas 
por brincadeiras, por reserva mental conhecida do destinatário, com caráter puramente 
potestativo, por mera cortesia e as incompletas. 
 
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: 
 
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. 
Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio 
de comunicação semelhante; 
 
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para 
chegar a resposta ao conhecimento do proponente; 
 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do 
prazo dado; 
 
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte 
a retratação do proponente. 
 
Atente-se às hipóteses que a proposta perde a força obrigatória para o proponente! 
 
 
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos 
essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. 
 
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, 
desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. 
 
De acordo com os artigos 30 e 35 do Código de Defesa do Consumidor, a oferta ao 
público ou a pessoa determinada é a feita por meio de anúncios, circulares, catálogos, 
aparelhos automáticos, exposição em vitrines, entre outros. Ela obriga o proponente se for 
suficientemente precisa. 
 
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao 
conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, 
sob pena de responder por perdas e danos. 
 
Chegar tarde, no caso acima, significa não apenas fora do prazo eventualmente fixado para 
a resposta, nem apenas a que ultrapassa o prazo suficiente para chegar ao conhecimento do 
proponente, mas a que, sendo extemporânea, deixa de ser acatada pelo proponente. Isto é, o 
proponente deve comunicar imediatamente ao aceitante a recusa de se vincular ao contrato por 
causa da extemporaneidade da chegada da resposta. 
 
Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, 
importará nova proposta. 
Para que haja o encontro de vontades, a proposta deve ser aceita tal como formulada. 
Qualquer alteração introduzida pelo aceitante extingue a força vinculante da proposta inicial e 
passa a representar nova proposta que tem de ser aceita integralmente pelo proponente original. 
 
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação 
expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, 
não chegando a tempo a recusa. 
 
Os contratos devem ser interpretados segundo os usos e costumes. 
 
 Por exemplo: Se é hábito de um comerciante adquirir produtos de um distribuidor para 
revenda, de forma continuada, não poderá alegar ausência de aceitação se, após, 
longo prazo deixar de recusar os produtos que recebeu com base na prática 
comercial costumeira. 
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao 
proponente a retratação do aceitante. 
 
Este dispositivo é uma exceção à regra, pois, uma vez que o aceitante se arrependa e 
comunique seu arrependimento ao proponente, fazendo chegar a este a retratação 
simultaneamente ou anteriormente à própria aceitação, o contrato não estará formado. 
 
Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação 
é expedida, exceto: 
 
I - no caso do artigo antecedente; 
 
II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; 
 
III - se ela não chegar no prazo convencionado. 
 
O dispositivo cuida de três exceções ao critério da expedição da aceitação. 
 
 No caso do inciso I, fala-se é o de retratação do aceitante que a faz chegar ao 
proponente antes ou no mesmo tempo em que este toma conhecimento da 
aceitação; 
 O contrato não será considerado formado com o envio da aceitação se o proponente 
tiver condicionado a proposta ao recebimento da aceitação em determinado prazo 
e isso não acontecer. Se o proponente houver se comprometido a esperar a resposta estará preso a essa 
condição desde o momento em que envia a proposta, porém, o contrato somente 
ter-se-á formado quando da expedição da aceitação, como na regra geral. 
 
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. 
 
Regra geral, a celebração do contrato é realizada no local da proposta. 
 
PRINCÍPIOS QUE REGEM A RELAÇÃO CONTRATUAL 
 
Alguns já foram citados na teoria geral dos contratos, mas é importante que você conheça 
cada um deles. 
I. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA PRIVADA 
O princípio da liberdade das partes, ou autonomia da vontade, consiste na máxima da 
liberdade contratual entre os contratantes, ou seja, o poder que os contratantes têm de estipular 
livremente, mediante o acordo de vontades, a regulamentação de seus interesses. 
Para Flávio Tartuce,2 
Entre os autores nacionais, quem observa muito bem o significado do princípio 
da autonomia privada é Francisco Amaral, sendo interessante transcrever as suas 
palavras: 
“A autonomia privada é o poder que os particulares têm de regular, pelo 
exercício de sua própria vontade, as relações que participam, estabelecendo-
lhe o conteúdo e a respectiva disciplina jurídica. Sinônimo de autonomia da 
vontade para grande parte da doutrina contemporânea, com ela, porém não se 
confunde, existindo entre ambas sensíveis diferenças. A expressão ‘autonomia 
da vontade’ tem uma conotação subjetiva, psicológica, enquanto a autonomia 
privada marca o poder da vontade no direito de um modo objetivo, concreto 
e real”. 
Não se pode esquecer que o principal campo de atuação do princípio da autonomia 
privada é o patrimonial, onde se situam os contratos como ponto central do Direito Privado. 
Esse princípio traz limitações claras, principalmente relacionadas com a formação e 
reconhecimento da validade dos negócios jurídicos. A eficácia social pode ser apontada como 
uma dessas limitações, havendo clara relação entre o preceito aqui estudado e o princípio da 
função social dos contratos. 
 
2 TARTUCE, Flávio. MANUAL DE DIREITO CIVIL. 9° Edição. Método, 2019. 
Ainda segundo Tartuce, é interessante deixar claro que a função social não elimina 
totalmente a autonomia privada ou a liberdade contratual, mas apenas atenua ou reduz o 
alcance desse princípio. Esse é o teor citado do Enunciado n. 23 do CJF/STJ, aprovado na I 
Jornada de Direito Civil , um dos mais importantes enunciados entre todos os aprovados nas 
Jornadas de Direito Civil, que merece mais uma vez transcrição:3 
“A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não 
elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance 
desse princípio, quando presentes interesses metaindividuais ou interesse 
individual relativo à dignidade da pessoa humana”. 
 
II. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS 
 
A palavra função social deve ser visualizada com o sentido de finalidade coletiva, sendo 
efeito do princípio em questão a mitigação ou relativização da força obrigatória das convenções 
(pacta sunt servanda). Nesse contexto, o contrato não pode ser mais visto como uma bolha, 
que isola as partes do meio social. Simbolicamente, a função social funciona como uma agulha, 
que fura a bolha, trazendo uma interpretação social dos pactos. Não se deve mais interpretar 
os contratos somente de acordo com aquilo que foi assinado pelas partes, mas sim levando-se 
em conta a realidade social que os circunda. Na realidade, à luz da personalização e 
constitucionalização do Direito Civil, pode-se afirmar que a real função do contrato não é a 
segurança jurídica, mas sim atender aos interesses da pessoa humana.4 
 
III. PRINCÍPIO DA FORÇA OBRIGATÓRIA DO CONTRATO (PACTA SUNT 
SERVANDIA) 
A força obrigatória constitui exceção à regra geral da socialidade, secundária à função 
social do contrato, princípio que impera dentro da nova realidade do direito privado 
contemporâneo. Certo é, portanto, que o princípio da força obrigatória não tem mais encontrado 
a predominância e a prevalência que exercia no passado. 
 
3 TARTUCE, Flávio. MANUAL DE DIREITO CIVIL. 9° Edição. Método, 2019. 
4 TARTUCE, Flávio. MANUAL DE DIREITO CIVIL. 9° Edição. Método, 2019. 
 
 
De acordo com Tartuce, o princípio em questão está, portanto, mitigado ou relativizado, 
sobretudo pelos princípios sociais da função social do contrato e da boa-fé objetiva. A par de 
tudo isso, no momento, não há ainda como concordar com o posicionamento no sentido de que 
o princípio da força obrigatória do contrato foi definitivamente extinto pela codificação 
emergente. Isso porque, tal conclusão afasta o mínimo de segurança e certeza que se espera do 
ordenamento jurídico, principalmente a segurança no direito, ícone também importante, como a 
própria justiça, objetivo maior buscado pelo Direito e pela ciência que o estuda. 
 
IV. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA 
 Tornou-se comum afirmar que a boa-fé objetiva, conceituada como sendo exigência de 
conduta leal dos contratantes, está relacionada com os deveres anexos ou laterais de conduta, 
que são ínsitos a qualquer negócio jurídico, não havendo sequer a necessidade de previsão no 
instrumento negocial. São considerados deveres anexos, entre outros: 
 
 Dever de cuidado em relação à outra parte negocial; 
 Dever de respeito; 
 Dever de informar a outra parte sobre o conteúdo do negócio; 
 Dever de agir conforme a confiança depositada; 
 Dever de lealdade e probidade; 
 Dever de colaboração ou cooperação; 
 Dever de agir com honestidade; 
 Dever de agir conforme a razoabilidade, a equidade e a boa razão. 
 
Segundo os ensinamentos de Tartuce, além da relação com esses deveres anexos, 
decorrentes de construção doutrinária, o Código Civil de 2002, em três dos seus dispositivos, 
apresenta três funções importantes da boa-fé objetiva. 
1º Função de interpretação (art. 113 do CC) – eis que os negócios jurídicos devem ser 
interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar da sua celebração. Nesse dispositivo, a boa-
fé é consagrada como meio auxiliador do aplicador do direito para a interpretação dos negócios, 
da maneira mais favorável a quem esteja de boa-fé. Essa função de interpretação, repise-se, 
também parece estar presente no Novo CPC, no seu art. 489, § 3.º, devendo o julgador ser guiado 
pela boa-fé das partes ao proferir sua decisão. 
2º Função de controle (art. 187 do CC) – uma vez que aquele que contraria a boa-fé 
objetiva comete abuso de direito (“Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao 
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela 
boa-fé ou pelos bons costumes”). Vale mais uma vez lembrar que, segundo o Enunciado n. 37 do 
CJF/STJ, aprovado na I Jornada de Direito Civil, a responsabilidade civil que decorre do abuso de 
direito é objetiva, isto é, não depende de culpa, uma vez que o art. 187 do CC adotou o critério 
objetivo-finalístico. Dessa forma, a quebra ou desrespeito à boa-fé objetiva conduz ao caminho 
sem volta da responsabilidade independentemente de culpa, seja pelo Enunciado n. 24 ou pelo 
Enunciado n. 37, ambos da I Jornada de Direito Civil. Não se olvide que o abuso de direito 
também pode estar configurado em sede de autonomia privada, pela presença de cláusulas 
abusivas; ou mesmo no âmbito processual. 3.º) Função de integração (art. 422 do CC) – segundo 
o qual: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua 
execução, os princípios de probidade e boa-fé”. Relativamente à aplicação da boa-fé em todas as 
fases negociais, foram aprovados dois enunciados doutrinários pelo Conselho da Justiça Federal 
e pelo Superior Tribunal de Justiça. De acordo com o Enunciado n. 25 do CJF/STJ, da I Jornada 
de Direito Civil, “o art. 422 do Código Civil não inviabiliza aaplicação, pelo julgador, do princípio 
da boa-fé nas fases pré e pós-contratual”. Nos termos do Enunciado n. 170 da III Jornada, “A 
boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase de negociações preliminares e após a 
execução do contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do contrato”. Apesar de serem 
parecidos, os enunciados têm conteúdos diversos, pois o primeiro é dirigido ao juiz, ao aplicador 
da norma no caso concreto, e o segundo é dirigido às partes do negócio jurídico. 
 
V. PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS CONTRATUAIS 
O contrato gera efeitos inter partes, em regra, máxima que representa muito bem o 
princípio em questão. Contrapõe-se tal regramento, inerente ao direito obrigacional, à eficácia 
erga omnes dos direitos reais, regidos pelo princípio da publicidade. De qualquer forma, o 
princípio da relatividade dos efeitos contratuais, consubstanciado na antiga máxima res inter alios, 
encontra exceções, na própria codificação privada. Em outras palavras, é possível afirmar que o 
contrato também gera efeitos perante terceiros. Quatro exemplos de exceções podem ser 
destacados:5 
 
1ª Exceção – A estipulação em favor de terceiro, tratada entre os arts. 436 a 438 
do CC – hipótese em que um terceiro, que não é parte do contrato, é beneficiado 
por seus efeitos, podendo exigir o seu adimplemento. Exemplo típico é o que 
ocorre no contrato de seguro de vida, em que consta terceiro como beneficiário. 
Esse contrato é celebrado entre segurado e seguradora, mas os efeitos atingem 
um terceiro que consta do instrumento, mas que não o assina. Em suma, na 
estipulação em favor de terceiro, os efeitos são de dentro para fora do contrato, 
ou seja, exógenos, tornando-se uma clara exceção à relativização contratual. 
 
2ª Exceção – A promessa de fato de terceiro (arts. 439 e 440 do CC) – figura 
negocial pela qual determinada pessoa promete que uma determinada conduta 
seja praticada por outrem, sob pena de responsabilização civil. O art. 440 do 
CC/2002, entretanto, enuncia que se o terceiro pelo qual o contratante se obrigou 
comprometer-se pessoalmente, estará o outro exonerado de responsabilidade. No 
caso, a promessa pessoal substitui a promessa feita por um terceiro, havendo uma 
cessão da posição contratual, pois o próprio terceiro é quem terá a 
responsabilidade contratual. O exemplo é o de um promotor de eventos que 
promete um espetáculo de um cantor famoso. Caso o cantor não compareça ao 
show, no melhor estilo Tim Maia, responderá aquele que fez a promessa perante 
o outro contratante. Todavia, se o próprio cantor assumiu pessoalmente o 
compromisso, não haverá mais a referida promessa de terceiro. Os efeitos são de 
fora para dentro do contrato, ou endógenos, porque a conduta de um estranho 
ao contrato repercute para dentro deste. Exceção – O contrato com pessoa a 
declarar ou com cláusula pro amico eligendo (arts. 467 a 471 do CC) – no 
momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se à faculdade 
 
5 TARTUCE, Flávio. MANUAL DE DIREITO CIVIL. 9° Edição. Método, 2019. 
de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele 
decorrentes (art. 467 do CC). Tal figura é muito comum no contrato preliminar. 
 
3ª Exceção – A tutela externa do crédito ou eficácia externa da função social do 
contrato (art. 421 do CC) – repisando, veja-se o teor do Enunciado n. 21 do 
Conselho da Justiça Federal, aprovado na I Jornada de Direito Civil: “A função 
social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula 
geral, a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em 
relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito”. Ainda para ilustrar, 
além do art. 608 do CC, poderia ser citado entendimento anterior da 
jurisprudência superior pelo qual a vítima de evento danoso poderia propor ação 
direta contra a seguradora, mesmo não havendo relação contratual direta entre 
as partes (STJ, REsp 228840, 3.ª Turma, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, 
m.v., DJU 04.09.2000, p. 402; e STJ, REsp 397229/MG, 4.ª Turma, Rel. Min. Ruy 
Rosado de Aguiar, ac. un., DJU 12.08.2002). Com maior relevo, a seguinte decisão: 
“A visão preconizada nestes precedentes abraça o princípio constitucional da 
solidariedade (art. 3.º, I, da CF/1988), em que se assenta o princípio da função 
social do contrato, este que ganha enorme força com a vigência do novo Código 
Civil (art. 421). De fato, a interpretação do contrato de seguro dentro desta 
perspectiva social autoriza e recomenda que a indenização prevista para reparar 
os danos causados pelo segurado a terceiro seja por este diretamente reclamada 
da seguradora. Assim, sem se afrontar a liberdade contratual das partes – as quais 
quiseram estipular uma cobertura para a hipótese de danos a terceiros –, 
maximiza-se a eficácia social do contrato com a simplificação dos meios jurídicos 
pelos quais o prejudicado pode haver a reparação que lhe é devida. Cumpre-se 
o princípio da solidariedade e garante-se a função social do contrato” (REsp 
444.716/BA, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 11.05.2004). Todavia, cumpre anotar que 
a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça acabou por rever esse seu 
entendimento anterior, passando a concluir que a vítima não pode ingressar com 
ação apenas e diretamente contra a seguradora do culpado, mas somente contra 
ambos. Vejamos os principais trechos de um dos acórdãos publicado no seu 
Informativo n. 490: “Recurso repetitivo. Seguro de responsabilidade civil. 
Ajuizamento direto exclusivamente contra a seguradora. A Seção firmou o 
entendimento de que descabe ação do terceiro prejudicado ajuizada, direta e 
exclusivamente, em face da seguradora do apontado causador do dano, porque, 
no seguro de responsabilidade civil facultativo, a obrigação da seguradora de 
ressarcir os danos sofridos por terceiros pressupõe a responsabilidade civil do 
segurado, a qual, de regra, não poderá ser reconhecida em demanda na qual este 
não interveio, sob pena de vulneração do devido processo legal e da ampla 
defesa. Esse posicionamento fundamenta-se no fato de o seguro de 
responsabilidade civil facultativa ter por finalidade neutralizar a obrigação do 
segurado em indenizar danos causados a terceiros nos limites dos valores 
contratados, após a obrigatória verificação da responsabilidade civil do segurado 
no sinistro. Em outras palavras, a obrigação da seguradora está sujeita à condição 
suspensiva que não se implementa pelo simples fato de ter ocorrido o sinistro, 
mas somente pela verificação da eventual obrigação civil do segurado. Isso porque 
o seguro de responsabilidade civil facultativo não é espécie de estipulação a favor 
de terceiro alheio ao negócio, ou seja, quem sofre o prejuízo não é beneficiário 
do negócio, mas sim o causador do dano. Acrescente-se, ainda, que o ajuizamento 
direto exclusivamente contra a seguradora ofende os princípios do contraditório 
e da ampla defesa, pois a ré não teria como defender-se dos fatos expostos na 
inicial, especialmente da descrição do sinistro. (...)” (STJ, REsp 962.230/RS, Rel. Min. 
Luis Felipe Salomão, j. 08.02.2012). O entendimento revisado causa estranheza, eis 
que, presente a solidariedade, a vítima pode escolher contra quem demandar (art. 
275 do CC). Ademais, a nova posição acaba representando um retrocesso em 
relação ao entendimento anterior na perspectiva da função social do contrato. A 
demonstrar a discordância da doutrina quanto a essa alteração na jurisprudência 
do STJ, na VI Jornada de Direito Civil, em 2013, foi aprovado o Enunciado n. 544, 
que admite a ação proposta diretamente contra a seguradora. É a sua redação: 
“O seguro de responsabilidade civil facultativo garante dois interesses, o do 
segurado contra os efeitos patrimoniais da imputação de responsabilidade e o da 
vítima à indenização, ambos destinatáriosda garantia, com pretensão própria e 
independente contra a seguradora”. Em suma, o debate parece ainda estar em 
aberto no Brasil. De toda forma, essa discordância da doutrina não convenceu o 
STJ que, em 2015, editou a Súmula 529, expressando que, “No seguro de 
responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo terceiro 
prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador 
do dano”. 
 
DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS 
 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada 
por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, 
ou lhe diminuam o valor. 
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. 
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato ( art. 441 ), pode o 
adquirente reclamar abatimento no preço. 
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que 
recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor 
recebido, mais as despesas do contrato. 
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em 
poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da 
tradição. 
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no 
preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, 
contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, 
reduzido à metade. 
§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o 
prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo 
de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os 
imóveis. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art441
§ 2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos 
serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, 
aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras 
disciplinando a matéria. 
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula 
de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta 
dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. 
 
Vício Redibitório é um vício oculto em uma coisa, que a torna imprestável para sua 
utilidade ou que cause uma depreciação em seu apreço financeiro. É uma das manifestações do 
princípio da segurança jurídica, já que o alienante tem que garantir o uso da coisa, para que sua 
finalidade seja alcançada, ao adquirente. 
 
 
 VÍCIO REDIBITÓRIO ERRO 
 
 
O prazo para reclamação no vício redibitório é 
de 30 dias para bens móveis e um ano para 
bens imóveis. 
 
Enquanto no erro o prazo é de quatro anos. 
anos; 
 
Enquanto no vício redibitório o defeito está na 
coisa. 
 
No erro a coisa é perfeita e o adquirente é quem 
a adquire por engano; 
 
Por fim, o vício redibitório dá ensejo à rescisão 
ou revisão contratual. 
 
Enquanto o erro é passível de anulação do 
negócio. 
 
O adquirente prejudicado pelo vício redibitório pode fazer uso das ações edilícias, nos 
termos do art. 442 do CC. Anote-se que a expressão “edilícias” tem origem no Direito Romano, 
pois a questão foi regulamentada pela aediles curules, por volta do século II a.C., “com o objetivo 
de evitar fraudes praticadas pelos vendedores no mercado romano. Ressaltemos que os 
vendedores eram, em geral, estrangeiros (peregrinos) que tinham por hábito dissimular muito 
bem os defeitos da coisa que vendiam”.64 Assim, poderá o adquirente, por meio dessas ações: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DA EVICÇÃO 
 
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste 
esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. 
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir 
a responsabilidade pela evicção. 
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta 
se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se 
não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. 
1. Pleitear abatimento proporcional no preço, por meio de ação quanti minoris ou ação estimatória. 
Requerer a resolução do contrato (devolvendo a coisa e recebendo de volta a quantia em 
dinheiro que desembolsou), sem prejuízo de perdas e danos, por meio de ação redibitória. 
Para pleitear as perdas e danos, deverá comprovar a má-fé do alienante, ou seja, que o 
mesmo tinha conhecimento dos vícios redibitórios (art. 443 do CC). Todavia, a ação 
redibitória, com a devolução do valor pago e o ressarcimento das despesas contratuais, cabe 
mesmo se o alienante não tinha conhecimento do vício. 
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição 
integral do preço ou das quantias que pagou: 
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; 
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que 
diretamente resultarem da evicção; 
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. 
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da 
coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso 
de evicção parcial. 
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada 
esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. 
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver 
sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia 
que lhe houver de dar o alienante. 
Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a 
evicção, serão pagas pelo alienante. 
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas 
pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida. 
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre 
a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao 
desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização. 
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa 
era alheia ou litigiosa. 
Tendo em vista as regras constantes da codificação privada material e a interpretação 
doutrinária e jurisprudencial que vem sendo dada à categoria, a evicção pode ser conceituada 
como sendo a perda da coisa diante de uma decisão judicial ou de um ato administrativo que a 
atribui a um terceiro. Quanto aos efeitos da perda, a evicção pode ser total ou parcial (arts. 447 
a 457 do CC). 
De toda a sorte, é interessante deixar claro que o conceito clássico de evicção é que ela 
decorre de uma sentença judicial. Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça tem entendido que a 
evicção pode estar presente em casos de apreensão administrativa, não decorrendo 
necessariamente de uma decisão judicial (nesse sentido: STJ, REsp 259.726/RJ, 4.ª Turma, Rel. Min. 
Jorge Scartezzini, Data da decisão: 03.08.2004, DJ 27.09.2004, p. 361).6 
 
DA RESPONSABILIDADE CIVIL PRÉ-CONTRATUAL 
 
Responsabilidade pré-contratual ocorre no momento anterior à formação do contrato, no 
momento das negociações para a efetivação deste, capaz de gerar direitos e obrigações 
provenientes do princípio da boa-fé objetiva. 
 Apresenta os seguintes requisitos: 
o Consentimento às negociações; 
o Confiança da seriedade das tratativas; 
o Dano patrimonial; 
o Relação de causalidade e inobservância ao princípio da boa-fé, vez que a 
obrigação não se esgota ou limita à obrigação principal, mas, ao mesmo tempo, 
impõe o respeito aos deveres anexos ou secundários. 
Assim posto, aquele que consente a outra parte a efetuar despesas e trabalhos acerca das 
negociações, tem responsabilidade pelo seu rompimento arbitrário ou imprudente,pois gerou 
confiança na outra parte em relação à efetivação do contrato. Não pode, assim, o indivíduo 
incorrer em prejuízo por uma atitude arbitrária ou imprudente da outra parte. 
 
6 TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Editora Método: 2018. 
Da mesma forma, a parte prejudicada deve demonstrar a legítima confiança da seriedade 
das tratativas. O indivíduo necessita provar a sua convicção de que o contrato seria realizado. Por 
fim, deve existir um dano efetivo, pois sem ele não haverá responsabilidade e muito menos o 
consequente dever de indenizar. 
OS CONTRATOS PRELIMINARES 
 
Os contratos preliminares estão dispostos nos artigos 462 ao 466 da Código Civil, vejamos: 
 
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os 
requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. 
 
O dispositivo exige que o contrato preliminar deve atender aos requisitos necessários ao 
contrato (que será definitivo). Estes requisitos são: 
1. Partes; 
2. Objeto; 
3. Prazo; 
4. Forma. 
 
 
 
 
 
Nesta esteira de raciocínio o artigo seguinte, 463 do mesmo diploma, a norma dispõe da 
seguinte maneira: 
 
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo 
antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer 
das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à 
outra para que o efetive. 
 
Sem o estabelecimento destes requisitos no pré-contrato, o mesmo torna-se inválido. 
 
Se o pré-contrato preencher os requisitos mínimos exigíveis legalmente, de todo modo ele é válido. 
 
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. 
 
Como o pré-contrato tem por escopo a realização de um outro contrato, fica a critério 
das partes a necessidade de convenção de cláusula de arrependimento. Ela inexistindo, garante a 
qualquer das partes envolvidas a possibilidade de exigir, mediante notificação à outra, prazo para 
que o contrato definitivo seja realizado, possibilitando o pedido por perdas e danos, caso não 
realizado no tempo acordado. 
O parágrafo único, ressalta a necessidade de ser levado o contrato preliminar ao registro 
competente para ser validado publicamente perante terceiros. 
 
 
 
 
 
 
O artigo 464 do referido Código, preconiza a possibilidade do juiz, quando 
esgotado o prazo, e a pedido da parte, conferir definitividade ao contrato 
preliminar. 
 
Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a 
vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato 
preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. 
 
Percebe-se que o que a norma deseja é o cumprimento da obrigação pactuada em sede 
preliminar contratual. 
Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a 
outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. 
 
Isto posto, se o contrato preliminar preenche todos os requisitos pautados em Lei, e ainda 
foi levado a registro, ele passa a gerar direitos e obrigações, caso que, o seu descumprimento 
gera a parte lesada o direito as perdas e danos. 
 
E por fim, resta a análise do artigo 466 da Lei em comento estabelece: 
 
A cláusula de arrependimento pactuada entre as partes no contrato preliminar, 
impossibilitou a reclamação por danos morais e materiais à outra parte. 
 
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a 
mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo 
este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor. 
 
O dispositivo cuida do negócio unilateral que obriga o promitente a realizar contrato, 
denominado promessa unilateral ou opção. Na promessa de compra (opção de venda) uma das 
partes obriga-se a comprar algum bem nas condições que prevê (opção de compra)e a outra 
obriga-se a vender um determinado bem. O descumprimento da promessa unilateral obriga a 
parte inadimplente a indenizar em perdas e danos, ou realizar a obrigação específica. 
 
FORMAÇÃO DOS CONTRATOS 
 
De acordo com Flávio Tartuce,7 o contrato nasce da conjunção de duas ou mais vontades 
coincidentes, sem prejuízo de outros elementos, o que consubstancia aquilo que se denomina 
autonomia privada. Sem o mútuo consenso, sem a alteridade, não há contrato. Desse modo, 
reunindo o que há de melhor na doutrina, é possível identificar quatro fases na formação do 
contrato civil: 
o Fase de negociações preliminares ou de pontuação; 
o Fase de proposta; 
o policitação ou oblação; 
o Fase de contrato preliminar; 
o Fase de contrato definitivo ou de conclusão do contrato. 
 
 
7 TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Editora Método: 2018. 
 
FASE DE NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES OU DE PUNTUAÇÃO 
 
Essa é a fase em que ocorrem debates prévios, entendimentos, tratativas ou 
conversações sobre o contrato preliminar ou definitivo. Cumpre assinalar que a expressão 
puntuação foi difundida, na doutrina clássica, por Darcy Bessone, estando relacionada a acordos 
parciais na fase pré-contratual. A origem está no francês pourparlers e no italiano puntuazione 
(antecontrato, declaração). 
Essa fase não está prevista no Código Civil de 2002, sendo anterior à formalização da 
proposta, podendo ser também denominada fase de proposta não formalizada, estando presente, 
por exemplo, quando houver uma carta de intenções assinada pelas partes, em que elas apenas 
manifestam a sua vontade de celebrar um contrato no futuro. 
 
FASE DE PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO 
 
A fase de proposta, denominada fase de oferta formalizada, policitação ou oblação, 
constitui a manifestação da vontade de contratar, por uma das partes, que solicita a concordância 
da outra. Trata-se de uma declaração unilateral de vontade receptícia, ou seja, que só produz 
efeitos ao ser recebida pela outra parte. Conforme o art. 427 do CC, a proposta vincula o 
proponente, gerando o dever de celebrar o contrato definitivo sob pena de responsabilização 
pelas perdas e danos que o caso concreto demonstrar. 
Esse caráter receptício é mantido se a promessa for direcionada ao público, conforme 
enuncia o art. 429 do CC, hipótese em que o oblato é determinável, não determinado. Também 
nessa hipótese, a proposta vincula aquele que a formulou quando encerrar os requisitos 
essenciais do contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. Em 
complemento, é possível revogar a oferta ao público, pela mesma via da divulgação, desde que 
ressalvada esta faculdade na oferta realizada, isto é, desde que respeitado o dever de informar 
a outra parte (art. 429, parágrafo único, do CC). Como exemplo de hipótese de oferta ao público, 
cite-se a comum e contemporânea oferta de venda feita pela internet. 
 São partes da proposta: 
o Policitante, proponente ou solicitante – aquele que formula a proposta, estando 
a ela vinculado, em regra. 
o Policitado, oblato ou solicitado – aquele que recebe a proposta e, se a acatar, 
torna-se aceitante, o que gera o aperfeiçoamento do contrato (choque ou 
encontro de vontades). O oblato poderá formular uma contraproposta, situação 
em que os papéis se invertem: o proponente passa a ser oblato e vice-versa. 
Sobre a manifestação da vontade na proposta e na aceitação, o Código Civil exige que 
esteja revestida pelas seguintes características: 
o Proposta (ou oferta, policitação ou oblação) – Deve ser séria, clara, precisa e 
definitiva – art. 427. 
o Aceitação – Deve ser pura e simples – art. 431. 
O art. 428 do CC/2002 desrespeito às hipóteses em que a proposta deixa de ser 
obrigatória. Vejamos: 
o Deixa de ser obrigatória a proposta, se, feita sem prazo a pessoa presente, não 
foi imediatamente aceita (art. 428, I). Esse mesmo dispositivo enuncia que deve 
ser considerada entre presentes a proposta feita portelefone ou outro meio 
semelhante, podendo nesse dispositivo se enquadrar o contrato eletrônico 
celebrado entre presentes (v.g., por videoconferência digital ou pelo Skype). A 
categoria jurídica em questão é denominada pela doutrina como contrato com 
declaração consecutiva. 
 
o Não será obrigatória a proposta se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver 
decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do 
proponente (art. 428, II, do CC). Trata-se do contrato com declarações intervaladas. 
O tempo suficiente é um conceito legal indeterminado denominado como prazo 
moral, deve ser analisado caso a caso pelo juiz, de acordo com a boa-fé, os usos 
e costumes do local e das partes (art. 113 do CC). 
 
o Não será obrigatória a proposta se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida 
a resposta dentro do prazo dado pelo proponente (art. 428, III, do CC). 
 
o Por fim, não obriga a proposta, se antes dela ou juntamente com ela, chegar ao 
conhecimento da outra parte – o oblato – a retratação do proponente (art. 428, 
IV, do CC). 
 
2.Direito Das Sucessões – arts. 1.784 ao 2.027 do CC 
 
LEITURA DOS ARTS. 1.784 AO 2.027 DO CC 
 
Inicialmente, cabe ao aluno a leitura dos arts. 1.784 
ao 2.027 do Código Civil para que conheça 
fielmente a letra de lei, e consiga entender os 
rumos do assunto. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O evento morte marca o fim da personalidade jurídica da pessoa natural. Devemos 
lembrar, contudo, que os direitos da personalidade (tais como o respeito à honra e à imagem da 
pessoa humana) podem ser projetados para além da vida física do indivíduo – em razão do 
efeito post mortem dos direitos da personalidade. Entretanto, em relação aos bens de titularidade 
do indivíduo, após a sua morte, o seu patrimônio é transferido de imediato para os seus 
sucessores, independentemente de qualquer formalidade, como a abertura do testamento ou a 
instauração do procedimento de inventário. Tal ficção jurídica ocorre pelo denominado Droit de 
Saisine. 
O Direito Sucessório está diretamente ligado ao direito de propriedade, possuindo o 
direto à sucessão aberta, status de norma constitucional fundamental, previsto no Art. 
5º, XXX e XXXI, da Constituição Federal de 1988 (CF/88): 
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: [...] 
XXX - é garantido o direito de herança; 
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela 
lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não 
lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus". (CF, 1988.) 
 
 
 
 Observe estes julgados recentes: 
No CC/1916, o cônjuge viúvo que casasse de novo ou constituísse união estável 
perdia o direito real de habitação; no CC/2002, não mais existe essa causa de 
extinção 
 
 Ementa Oficial 
Busque estar por dentro do entendimento jurisprudencial, esteja atento às novidades 
legislativas, aprenda a ler jurisprudências e entendê-las! 
DIREITO DAS SUCESSÕES. RECURSO ESPECIAL. SUCESSÃO ABERTA NA VIGÊNCIA 
DO CÓDIGO CIVIL DE 1916. CÔNJUGE SOBREVIVENTE. DIREITO REAL DE 
HABITAÇÃO. ART. 1.611, § 2º, DO CÓDIGO CIVIL DE 1916. EXTINÇÃO. 
CONSTITUIÇÃO DE NOVA ENTIDADE FAMILIAR. UNIÃO ESTÁVEL. RECURSO 
ESPECIAL PROVIDO. 1. O recurso especial debate a possibilidade de equiparação 
da união estável ao casamento, para fins de extinção do direito real de habitação 
assegurado ao cônjuge supérstite. 2. Em sucessões abertas na vigência do Código 
Civil de 1916, o cônjuge sobrevivente tem direito real de habitação enquanto 
permanecer viúvo. 
3. A atribuição do direto real de habitação consiste em garantia do direito de 
moradia por meio da limitação do direito de propriedade de terceiros, uma vez 
que herdeiros e legatários adquirem o patrimônio do acervo hereditário desde a 
abertura da sucessão, por força do princípio da saisine. 
4. Conquanto o marco para extinção fizesse referência ao estado civil, o qual 
somente se alteraria pela contração de novas núpcias, não se pode perder de 
vista que apenas o casamento era instituição admitida para a constituição de 
novas famílias. 
5. Após a introdução da união estável no sistema jurídico nacional, especialmente 
com o reconhecimento da família informal pelo constituinte originário, o direito 
e a jurisprudência paulatinamente asseguram a equiparação dos institutos quanto 
aos efeitos jurídicos, especialmente no âmbito sucessório, o que deve ser 
observado também para os fins de extinção do direito real de habitação. 
6. Tendo em vista a novidade do debate nesta Corte Superior, bem como a 
existência de um provimento jurisdicional que favorecia o recorrido e o induzia a 
acreditar na legitimidade do direito real de habitação exercido até o presente 
julgamento, deve o aluguel ser fixado com efeitos prospectivos em relação à 
apreciação deste recurso especial. 
7. Recurso especial provido. 
(REsp 1617636/DF, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, 
julgado em 27/08/2019, DJe 03/09/2019) 
 
O indivíduo que recebeu um imóvel gravado com cláusula de inalienabilidade 
pode transferir esse imóvel por meio de testamento, considerando que a cláusula 
de inalienabilidade vitalícia dura apenas enquanto o beneficiário estiver vivo. 
 
 
 
 
 Ementa Oficial 
RECURSO ESPECIAL. CIVIL. AÇÃO ANULATÓRIA DE TESTAMENTO. NEGATIVA DE 
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. CLÁUSULA DE 
INALIENABILIDADE, INCOMUNICABILIDADE E IMPENHORABILIDADE. VIGÊNCIA 
DA RESTRIÇÃO. VIDA DO BENEFICIÁRIO. ATO DE DISPOSIÇÃO DE ÚLTIMA 
VONTADE. VALIDADE. RECURSO PROVIDO. 
1. Inexiste afronta ao art. 535 do CPC/1973 quando a Corte local pronuncia, de 
forma clara e suficiente, sobre as questões deduzidas nos autos, manifestando-
se sobre todos os argumentos que, em tese, poderiam infirmar a conclusão 
adotada pelo Juízo. 
2. Conforme a doutrina e a jurisprudência do STJ, a cláusula de inalienabilidade 
vitalícia tem duração limitada à vida do beneficiário - herdeiro, legatário ou 
donatário -, não se admitindo o gravame perpétuo, transmitido sucessivamente 
por direito hereditário. 
3. Assim, as cláusulas de inalienabilidade, incomunicabilidade e 
impenhorabilidade não tornam nulo o testamento que dispõe sobre transmissão 
causa mortis de bem gravado, haja vista que o ato de disposição somente produz 
efeitos após a morte do testador, quando então ocorrerá a transmissão da 
propriedade. 
4. Recurso especial provido para julgar improcedente a ação de nulidade de 
testamento. 
(REsp 1641549/RJ, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, 
julgado em 13/08/2019, DJe 20/08/2019) 
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO SUCESÓRIO 
 
 Princípio da Saisine ou Droit de Saisine 
Vejamos o conceito e a origem deste princípio, segundo os ensinamentos de Tartuce 
(2019): 
“Nas duas formas da sucessão, o regramento fundamental consta do 
Art. 1.784 do CC, pelo qual aberta a sucessão – o que ocorre com a 
morte da pessoa –, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros 
legítimos e testamentários. Trata-se da consagração da máxima droit de 
saisine. A expressão, segundo Jones Figueirêdo Alves e Mário Luiz 
Delgado, tem origem na expressão gaulesa le mort saisit le vif, pela qual 
com a morte, a herança transmite-se imediatamente aos sucessores, 
independentemente de qualquer ato dos herdeiros. O ato de aceitação 
da herança, conforme veremos posteriormente, tem natureza 
confirmatória.” 
Portanto, a base legal deste instituto está no Art. 1.784 do CC/2002, que assim inaugura 
o Livro V do Código Civil de 2002, que trata do Direito Sucessório: “Aberta a sucessão, a herança 
transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”. Princípio da Territorialidade 
Pelo Princípio da Territorialidade, e nos 
exatos termos do Art. 1.785 do CC/2002, “a 
sucessão abre-se no lugar do último domicílio do 
falecido”. Tal princípio possui extrema relevância, 
principalmente no campo do Direito Processual, 
pois, em razão desse princípio, por exemplo, pode-
se saber qual será o foro competente para a 
distribuição da ação de inventário e partilha, de 
arrolamento de bens ou, ainda, do pedido de alvará 
judicial, medidas que serão analisadas ainda no 
módulo de Direito Sucessório. 
 
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que 
domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a 
situação dos bens. 
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei 
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os 
represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. 
§ 2º A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. 
(BRASIL, 1942.) 
 Princípio Non ultra vires hereditatis 
Você se pergunta se os sucessores do autor da herança (de cujus) responderão pelas dívidas 
deixadas pelo falecido? 
Este princípio estabelece que o herdeiro não responderá por débitos que ultrapassem o 
patrimônio da herança. Ou seja, o sucessor, não aceitando a herança por ter percebido que o 
patrimônio deixado é superado pelas dívidas do monte, não será economicamente penalizado, 
conforme disposto no Art. 1.792 do CC/2002: 
Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da 
herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que 
a escuse, demonstrando o valor dos bens herdados. (CC, 2002.) 
 Princípio da Temporariedade 
Com base na análise do Art. 1.787 do CC/2002, que assim dispõe: 
“Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo 
da abertura daquela”, podemos extrair o Princípio da Temporariedade 
da Sucessão. 
Portanto, a lei aplicável à sucessão será a vigente no momento 
da abertura da sucessão, ou seja, no momento da morte do autor da 
herança (Droit de Saisine). 
 
 
 Princípio do Respeito à Vontade Manifestada 
Pelo referido princípio, a vontade do titular originário do patrimônio (de cujus) deverá 
ser respeitada sempre que tiver sido manifestada, desde que dentro dos limites impostos pela lei. 
 
LINHA SUCESSÓRIA – SUCESSÃO LEGÍTIMA 
 
Primeiramente, cabe ressaltar que a sucessão legítima se refere ao conjunto de normas 
disciplinadoras da sucessão patrimonial causa mortis. Sobre as considerações iniciais acerca deste 
tema, prelecionam Gagliano e Pamplona Filho:8 
“A denominada “Sucessão Legítima” traduz o conjunto de regras que disciplina 
a transferência patrimonial post mortem, sem a incidência de um testamento 
válido.” 
Nos termos do Código Civil, “morrendo a pessoa sem testamento, transmite a 
herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não 
forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o 
testamento caducar, ou for julgado nulo”.9 
 
 
8 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: contratos. Volume 4. TOMOS I e II. 2. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2019. 
9 Art. 1.788 do CC. 
Se as regras da Sucessão Legítima existem para a preservação da parte indisponível da 
herança — prestigiando-se alguns dos herdeiros —, não se pode negar que o estabelecimento de 
uma ordem de vocação hereditária tem por finalidade, também, permitir a transmissibilidade do 
patrimônio do falecido, especialmente para os casos em que ele não manifestou, de forma prévia, 
a sua vontade sobre o sentido do direcionamento daqueles bens. Por isso, a própria lei cuida de 
imprimir destinação ao patrimônio, segundo uma suposta vontade presumível do autor da 
herança.10 
Nos 
exatos termos do Art. 1.829 do atual Código Civil (CC/2002), a sucessão legítima defere-
se na seguinte ordem: 
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se 
casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da 
separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da 
comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais. 
 
 
 
10 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: contratos. Volume 4. TOMOS I e II. 2. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2019. 
Nesse contexto, é muito importante frisarmos que é característica básica 
do sistema a regra segundo a qual o sucessor mais próximo exclui o 
mais remoto. 
Da primeira classe de sucessores 
 
Como vimos pela leitura do inciso I do dispositivo anterior, os descendentes estão na primeira 
classe de sucessores legítimos. Há, contudo, uma questão importante a ser enfrentada: o cônjuge 
sobrevivente, a depender do regime de bens adotado no casamento, herdará em concorrência 
com os descendentes. 
Falecido o autor da herança, esta será deferida ao(s) seu(s) descendente(s), primeira classe 
sucessória, respeitada a regra segundo a qual o parente mais próximo exclui o mais remoto. A 
questão, porém, não é mais tão simples, pois é preciso verificar se haverá a concorrência do(a) 
cônjuge em relação ao descendente, nos termos do referido inciso I do art. 1.829.11 
Nos termos desse dispositivo legal, havendo cônjuge sobrevivente (viúva ou viúvo), este NÃO 
terá direito de concorrer com o descendente, se o regime de bens adotado foi de: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: contratos. Volume 4. TOMOS I e II. 2. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2019. 
COMUNHÃO 
UNIVERSAL 
SEPARAÇÃO 
OBRIGATÓRIA 
COMUNHÃO PARCIAL SE O 
AUTOR DA HERANÇA NÃO 
DEIXOU BENS 
PARTICULARES 
Por outro lado, haverá, SIM, direito de concorrer com o descendente, se o regime de 
bens adotado foi de: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como visto, o cônjuge sobrevivente, na parte do patrimônio em que for meeiro do autor 
da herança, não concorrerá como herdeiro com os descendentes do de cujus, na hipótese 
do inciso I do Art. 1.829. 
Todavia, quando adotado determinado regime de bens em que há um patrimônio que 
se submente à meação e outro patrimônio particular de cada cônjuge (como, por exemplo, 
ocorre no regime da comunhão parcial de bens), será o sobrevivente meeiro da parte comum 
(bens adquiridos na constância do casamento, por exemplo) e será herdeiro necessário sobre 
PARTICIPAÇÃO 
FINAL NOS 
AQUESTOS SEPARAÇÃO 
CONVENCIONAL 
COMUNHÃO 
PARCIAL, SE O 
AUTOR DA 
HERANÇA 
DEIXOU BENS 
PARTICULARES 
ATENÇÃO! 
a parte da qual não possui a meação (bens adquiridos antes do casamento, por exemplo), 
concorrendo apenas sobre essa parte com os demais descendentes do falecido. 
Inciso I do Art. 1.829 do CC/2002: Majoritariamente, no que se refere ao regime da comunhão 
parcial de bens, da separação convencional de bens ou da participação final nos aquestos, há 
o entendimento de que o cônjuge, além de meeiro, será também herdeiro necessário em 
concorrência com os descendentes do falecido, apenas se o de cujus deixou bens particulares, 
restringindo a concorrência apenas a tais bens (particulares). 
Nesse sentido, assim expressa o enunciado 27 da II Jornada de Direito Civil do CJF: 
O art. 1.829, inc. I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrência 
com os descendentes do autor da herança quando casados no regime da 
separação convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunhão 
parcial ou participação final nos aquestos, o falecido possuíssebens 
particulares, hipóteses em que a concorrência se restringe a tais bens, devendo 
os bens comuns (meação) ser partilhados exclusivamente entre os descendentes. 
 
Da sucessão pelos ascendentes 
 
Não havendo herdeiros na primeira classe (descendentes), serão chamados à sucessão os que 
se encontram na SEGUNDA CLASSE, composta pelos ascendentes, em concorrência com o cônjuge. 
Ou seja, na sucessão pelos ascendentes, o cônjuge será herdeiro necessário, independentemente 
do regime de bens adotado no casamento, conforme disposto no inciso II do Art. 1.829 do 
CC/2002. 
No mesmo sentido expressa o enunciado 609, aprovado na VII Jornada de Direito Civil 
do CJF: 
“O regime de bens no casamento somente interfere na concorrência sucessória 
do cônjuge com descendentes do falecido”. 
 
 Da sucessão do cônjuge ou companheiro 
 
Sobre a sucessão do cônjuge e do companheiro, esclarece Tartuce: 
"Faltando descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro e 
isoladamente ao cônjuge sobrevivente, que está na terceira classe de herdeiros 
(arts. 1.829, III, e 1.838 do CC). Como se pode notar, tal direito é reconhecido ao 
cônjuge independentemente do regime de bens adotado no casamento com o 
falecido. Com as recentes decisões do STF, publicadas no seu Informativo n. 864, 
deve-se incluir o convivente em todas essas regras, inclusive se houver uma 
relação homoafetiva."12 
Assim, se o de cujus não deixou descendentes ou ascendentes, herdará o cônjuge e 
também o companheiro, independentemente do regime de bens adotado no casamento. 
Outra regra importante está prevista no Art. 1.830 do CC/2002: 
"Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo 
da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de 
fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se 
tornara impossível sem culpa do sobrevivente.”13 
 
 Da sucessão dos colaterais 
 
São colaterais, nos termos do Artigo 1.592 do CC/2002, aquelas pessoas provenientes do 
mesmo tronco, sem descenderem umas das outras. Entretanto, para efeitos sucessórios, há uma 
limitação para que o colateral seja chamado a suceder: 
 
 
12 TARTUCE, Flavio. Manual de Direito Civil. Volume único. 9. ed. São Paulo: Método, 2019. 
13 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil Brasileiro. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm. Acesso em: 04 abr. 2019. 
Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no 
art. 1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau. 
 
Ou seja, apenas herdará o colateral do de cujus até o quarto grau. Contudo, no caso da 
sucessão pelos irmãos do falecido, há uma importante regra que diferencia os irmãos bilaterais 
(também conhecidos como germanos) dos irmãos unilaterais: 
Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos 
unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar. 
Art. 1.842. Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão, em partes 
iguais, os unilaterais. 
 
 
 
 
 
 
Da sucessão pelo entre público 
 
Assim dispõe o Art. 1.844 do CC/2002: 
“Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, 
ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito 
Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada 
em território federal” 
 
Assim, se forem chamados à sucessão irmãos do de cujus, filhos do mesmo pai e da 
mesma mãe, juntamente com outros que forem irmãos apenas por parte do pai ou da mãe, 
os irmãos do mesmo pai e da mesma mãe herdarão o dobro do que os irmãos unilaterais 
(irmãos apenas por parte de pai ou por parte de mãe). 
 
Nesse caso, surgirá a herança jacente (quando não há qualquer herdeiro para receber 
o patrimônio deixado pelo falecido) ou a herança vacante (quando todos os herdeiros 
renunciarem à herança). 
 
NOTÍCIA SELECIONADA 
 Companheira tem direito à totalidade da herança na falta de filhos ou ascendentes 
Nos casos de ausência de descendentes ou ascendentes, é garantido à companheira o 
direito de recebimento dos bens deixados pelo companheiro falecido, ressalvada a 
existência de manifestação de última vontade. Portanto, o direito da companheira 
sobrevivente prepondera em relação aos parentes colaterais, como irmãos, tios e sobrinhos, 
em virtude da ordem legal prevista pelo Código Civil. 
O entendimento foi fixado pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) 
ao negar provimento ao recurso especial de parentes de quarto grau contra acórdão do 
Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) que reconheceu à companheira o direito à 
totalidade da herança do falecido, incluídos os bens adquiridos antes do início da união 
estável. 
“Não há mais que se considerar a concorrência do companheiro com os parentes 
colaterais, os quais somente herdarão na sua ausência. O artigo 1.790, III, do Código Civil de 
2002, que inseria os colaterais em terceiro lugar na ordem de vocação hereditária, não subsiste 
mais no sistema”, apontou o relator do recurso especial, ministro Villas Bôas Cueva. 
Norma geral e especial 
Após reconhecer a existência de união estável, o juiz de primeiro grau resolveu a 
questão do direito sucessório da companheira com base no artigo 1.790, inciso III, do 
CC/2002, concluindo que ela deveria concorrer com os outros parentes do falecido – irmãos 
e sobrinhos, especificamente – no processo de sucessão, com direito a um terço da herança. 
Todavia, o TJMG reconheceu o direito da companheira à sucessão integral com base no 
artigo 2º, inciso III, da Lei 8.971/94, que prevê ao companheiro o direito à totalidade da 
herança, na falta de descendentes ou ascendentes. Para o tribunal, a norma especial não 
foi revogada pela legislação geral – o Código Civil – e teria prevalência sobre ela. 
Por meio de recurso especial, os parentes do falecido argumentaram violação do artigo 
1.790 do Código Civil, ao argumento de que a companheira deveria concorrer com os 
parentes colaterais até o quarto grau nos direitos hereditários do autor da herança. Para os 
recorrentes, deveriam ser garantidos à companheira os direitos sucessórios, mas apenas em 
relação aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, na proporção de um 
terço da herança. 
Dispositivo inconstitucional 
O ministro Villas Bôas Cueva lembrou que, em maio de 2017, o Supremo Tribunal Federal 
(STF) reconheceu incidentalmente a inconstitucionalidade do artigo 1.790 do Código Civil, 
dispositivo que estabelecia a diferenciação dos direitos de cônjuges e companheiros para fins 
sucessórios. Para o STF – em entendimento também adotado pelo STJ –, deveria ser aplicado 
em ambos os casos o regime estabelecido pelo artigo 1.829 do CC/2002. 
De acordo com o artigo 1.829, a sucessão legítima é estabelecida, em ordem, aos 
descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente; aos ascendentes, em 
concorrência com o cônjuge; ao cônjuge sobrevivente; e aos parentes colaterais. 
Já de acordo com o artigo 1.839 do Código Civil, incidente por analogia aos 
companheiros, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente no caso de 
ausência de descendentes e ascendentes. 
“Logo, é possível concluir que o companheiro, assim como o cônjuge, não partilhará 
herança legítima com os parentes colaterais do autor da herança, salvo se houver disposição 
de última vontade, como, por exemplo, um testamento”, concluiu o ministro, ainda que por 
fundamentos diversos, ao manter o acórdão do TJMG. 
O número deste processo não é divulgado em razão de segredo judicial.14 
 
14 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Companheira tem direito à totalidade da herança na falta de filhos ou ascendentes. 
2018. 
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA 
 
Sucessão

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