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Sistema Miofascial Músculos + Fáscia Sistema Fascial 1ª parte Fáscia “A palavra fáscia foi inventada pelos osteopatas que foram os primeiros a terem noção de globalidade.” Bienfait,1999 Sistema Fascial • conjunto membranoso muito extenso no qual tudo esta ligado em continuidade. • todas as peças anatômicas são consideradas mecanicamente solidárias, onde o menor tensionamento repercute no conjunto. Conjunto funcional indissociável Elemento elástico (tec. conjuntivo fibroso) + Elemento Motor (tec. Muscular) Transmite e distribui as tensões Realiza os tensionamentos Constituição Fáscia Tecido conjuntivo • Células conjuntivas (fibroblastos) • Colágeno (porção sólida do tecido – trama protéica não pode ser alongada); • Elastina (deformam-se quando tensionados - absorvem as forças de tensão ); • Substância Fundamental (preenche os espaços entre as células conjuntivas). • “Quanto mais feixes colaginosos têm o tecido menos elástico ele será e vice e versa.” (BIENFAIT, 1999) Tecido conjuntivo Substância Fundamental líquido lacunar Principais componentes: - ácido hialurônico: substância viscosa que lubrifica o colágeno, a elastina e as fibras musculares possibilitando o deslizamento de um sobre o outro com fricção mínima. - Proteoglicanos: formam um gel da substância fundamental. São altamente hidrófilos permitindo a absorção das forças compressivas de movimento. SUBSTÂNCIA FUNDAMENTAL X LINFA INTERSTICIAL A substância fundamental, ou seja, o líquido lacunar é denominado “linfa intersticial” porque no interior dele que todos os capilares linfáticos retiram os elementos que vão transforma-se em linfa. A linfa intersticial é sede de uma imensa atividade metabólica, possui grande número de células nutritivas e células macrófagas, conferindo assim funções de nutrição celular e eliminação. • “É inútil lembrar o quanto a densificação do tecido conjuntivo reduz os espaços lacunares , o quanto todas as tensões que impedem sua mobilidade perturbam os fenômenos vitais de nutrição e eliminação.” (BIENFAIT, 1999) Tecido conjuntivo Frouxo • Não há predominância dos componentes (colágeno /elastina) • Localização (pele, mucosas, membranas que revestem as visceras) • Consistência – delicada e flexível • Função principal: nutrição Denso • Predominância das fibras colagenosas • Consistência: + rígido e menos flexível • Função: resistir tensões impostas • Modelado e não modelado Tecido conjuntivo denso Modelado • Apresenta feixes colaginosos orientados seguindo uma organização fixa, trata-se de um tecido conjuntivo que formou colaginosas em resposta à tração exercida num determinado sentido. EX: ligamentos e tendões Não modelado • Este tecido possui uma trama tridimensional, o que confere ao tecido certa resistência às trações exercidas em qualquer direção. EX: fáscia “As aponeuroses, tendões, cápsulas e ligamentos são um mesmo sistema mecânico englobado no vocábulo fáscia. Apenas os nomes mudam de acordo com a função e textura.” (BIENFAIT, 1999) Divisões da Fáscia • “A fáscia é continua de região para região e reveste totalmente todos os outros elementos do corpo, as várias porções de fáscia recebem nomes específicos mas a fáscia é toda continua.” (GREENMAN, 2001) • Fáscia superficial • Fáscia profunda • Fáscia suberosa Superficial: - abaixo da derme; - formada por tecido conjuntivo frouxo; - mobilidade característica da pele; Profunda: - diretamente abaixo da superficial; - compartimentaliza o corpo contribuindo para o contorno e função do corpo; - Envolve e separa os músculos; - O tecido conjuntivo é mais ou menos denso. • Suberosa: -É a mais profunda; - Situa-se em volta das cavidades do corpo, cobre e sustenta as vísceras, ou seja, é um tecido frouxo que reveste os órgãos viscerais internos; Particularidades do Tec. Conjuntivo: • Renovação • Fator de liberação • Densificação X Espaço lacunar Renovação • Elastina = PTN estável – longa duração • Colágeno = PTN instável – modifica-se a vida toda se o colágeno renova-se com mais freqüência que a elastina, é fácil entender porque os tecidos tendem a densificação uma vez que o colágeno é a porção sólida/rígida do tecido conjuntivo. Fator de liberação • Fator excitante para a secreção de colágeno = tensionamento do tecido • Fator excitante para a secreção de elastina = desconhecido Tensão + colágeno < elasticidade> densificação > Rigidez tecidual “O envelhecimento do homem é uma densificação progressiva do seu tecido conjuntivo.” (BIENFAIT,1999) Funções da Fáscia • Revestimento • Proteção • Inserção muscular • Facilita a circulação de retorno • Nutritiva • Absorve as forças compressivas de mov. • Cicatrização tecidual • Coordenação motora Coordenação Motora Mecanorreceptores (estão situados do tecido conjuntivo): • Terminações de Rufini • Terminações de Pacini • Nociceptores • Fuso Neuromuscular • Órgão tendinoso de Golgi Informação Sensorial • O sistema fascial está ricamente inervado por mecanorreceptores, principalmente os receptores de Golgi. • Menos de 10% dos receptores se encontram nos tendões (Schleip, 1989 e 2002). • Os 90% restante se encontra na porção muscular da junção mio-tendínea, nas cápsulas articulares e nos ligamentos das articulações periféricas (Schleip, 2002). Sistema Nervoso • O comportamento do sistema fascial está intimamente ligado ao tecido nervoso. • As alterações patológicas criam alterações na recepção e na informação, produzindo tensões no sistema fascial e alterando a neuromecânica do sistema nervoso (Bora et al., 1980; Dahlin et al., 1986). Epimísio Perimísio Endomísio “esvaziamento” das fibras musculares Tendão Contração da fibra muscular Tensionamento tec. conjuntivo Transmissão de tensão ao tendão Movimento da alavanca “Uma fibra muscular solta, fora desse invólucro é inútil. Portanto o elemento mecânico de transmissão de força é a fáscia muscular.” (Bienfait,1999) Miofáscia • Ao se considerar que o músculo é um tecido contrátil que permite ao corpo realizar distintos tipos de movimentos, se deve considerar a fáscia como um tecido conjuntivo intramuscular e as fibras musculares como uma unidade funcional, então: Cada contração muscular mobiliza o sistema fascial e cada restrição do sistema fascial afeta o funcionamento correto do sistema muscular. Restrição fascial As restrições fasciais começam a puxar o corpo para fora de seu alinhamento tridimensional em relação ao eixo vertical da gravidade, levando a movimentos e posturas com alta demanda de energia e biomecanicamente ineficiente. Lesão Fascial “Se a fáscia estiver restrita na hora do trauma, as forças não poderão ser dispersadas propriadamente e então áreas do corpo estarão sujeitas a um impacto tolerável. O resultado é a lesão.” (Hammer,2003) Tensão Colágeno Espaço Lacunar Nutrição e eliminação dos dendritos Ácido hialurônico e proteoglicanos Lesão Cadeias Musculares Noção globalidade Conceito Quando uma parte se movimenta, o corpo responde como um todo. Funcionalmente, o único tecido ao qual se pode atribuir tal resposta, é o tecido conjuntivo (fáscia). Exemplos Cadeias musculares Cadeia mestra anterior: • Ecom e Escalenos • Longo da cabeça e do pescoço • Cordão diafragmático (fáscia cérvico-tóraco-abdominipélvica) • Psoas-ilíaco • Adutores pubianos • Tibial anterior • Extensores dos dedos Cadeia Mestra Posterior • Espinhais • Pelves trocanterianos • Glúteos • Ísquios tibiais • Poplíteo • Tríceps sural • Plantares Cadeia anterior do braço • Bíceps braquial • Braquial • Pronador redondo • Braquiorradial • Flexores dos dedos e punho Sistema muscular 2ª parte Músculos Características macroscópicas Grupos musculares • Ficamcontidos em compartimentos por meio da fáscia; • Os compartimentos dividem os músculos em grupos funcionais; • Os compartimentos servem para manter os músculos organizados; Organização muscular individual • Porção central – músculo é mais espesso = ventre muscular; • Alguns músculos possuem um ventre muito pronunciado, outros possuem ventre que não são muito aparentes; Cada músculo pode conter milhares de fibras musculares São organizadas em compartimentos dentro do próprio músculo Feixes de fibras musculares são chamados de fásciculos (pode conter até 200 fibras musculares) Fibras musculares Revestimentos musculares • Epimísio – reveste a parte mais extena do músculo; • Perimísio – reveste os fascículos; • Endomísio – reveste cada fibra muscular; Funções dos tecidos de revestimento Fáscia • Papel vital na transferência de tensão para os tendões promovendo aplicação da força muscular no osso; • Proteção das fibras musculares; • Leva os capilares e nervos que nutrem e inervam cada fibra muscular; • Endomísio serve como isolante para a atividade neurológica dentro do músculo. Organização das fibras Arquitetura da fibra muscular O formato e arranjo das fibras no músculo determinará se o músculo é capaz de gerar grandes quantidades de força ou se tem boa capacidade de encurtamento. Principais categorias de arranjo das fibras: • Músculos fusiformes (arranjo em paralelo); • Músculos peniformes (arranjo em forma de pena); Músculos fusiformes • Formato de fuso; • As fibras possuem orientação paralela em relação ao eixo longitudinal do músculo; • As fibras correm paralelamente à linha de tração do músculo, de modo que a força da fibra é na mesma direção da musculatura; • São mais compridos e o comprimento da fibra muscular é maior que o comprimento do tendão; • Possui grande quantidade de encurtamento e movimento de alta velocidade; Músculos peniformes • As fibras se encontram dispostas obliquamente em relação ao eixo longitudinal do músculo; • Cada fibra no músculo penado se insere em um ou mais tendões, algumas se estendendo por todo comprimento do músculo; • Possuem movimentos mais lentos e não são capazes de produzir movimentos de grande amplitude; • Contém mais fibras por unidade de volume muscular e por isso podem gerar mais força que os músculos com fibras em paralelo de mesmo tamanho; • As fibras musculares podem apresentar mais de um ângulo de penação (ângulo de inserção) ao tendão; • Quando as fibras se encurtam giram ao redor de suas inserções tendíneas aumentando progressivamente o ângulo de penação; Ângulo de penação Músculos peniformes Reto femoral Gastrocnêmio Ações musculares Tipos de contração muscular • Contração concêntrica; • Contração isométrica; • Contração excêntrica. Contração concêntrica • Músculo se encurta causando mudança no ângulo articular; • Quando a tensão muscular produz um torque maior que o torque da resistência em uma articulação. Contração excêntrica • Tipo de contração na qual há aumento do comprimento (alongamento) de um músculo; • Quando um músculo é sujeito a um torque externo maior que o interno dentro do músculo, ocorre alongamento do músculo. • A contração excêntrica atua como mecanismo de frenagem para controlar a velocidade do movimento. Contração isométrica • Ocorre tensão muscular porém não ocorre alteração no comprimento muscular; • Comprimento do músculo permanece inalterado e não ocorre nenhum movimento na articulação; • Torque oponente em uma articulação atravessada pelo músculo for igual ao torque produzido pelo músculo; Funções desempenhadas pelos músculos Um músculo ativado desempenha apenas a função de desenvolver tensão, porém não atua de forma isolada; Os músculos atuam em conjunto no movimento de uma mesma articulação. Papel dos músculos Os músculos desempenham papeis diferentes quando um movimento é realizado. Movimentador primário x Movimentador secundário • Movimentador primário (músculo ou músculos, primariamente responsável pela produção de um determinado movimento; • Movimentador secundário (quanto maior força é requerida outros músculos contribuem como movimentadores assistentes). Músculo agonista • quando um músculo se contrai e causa movimento de um segmento corporal em uma articulação (motor primário); • Como geralmente vários músculos diferentes contribuem para a realização de um movimento , a distinção entre os agonistas primários e os músculos acessórios (motor secundário) ao movimento também é realizada em algumas ocasiões. Músculo antagonista • Músculos com ações opostas aos agonistas (opositores); • Precisam relaxar -se para permitir que ocorra um movimento ou precisam contrair-se ao mesmo tempo que os agonistas para controlar ou reduzir a rapidez de um movimento articular; • Desenvolvem tensão excêntrica ao mesmo tempo em que os agonistas causam o movimento; • Atua para tornar um movimento mais lento ou para interrompê-lo; • Muitas vezes estabelecem ações de controle ou de frenagem, em particular no final de movimentos rápidos e vigorosos(são ativados principalmente durante a desaceleração); Quando um músculo está fazendo o papel de antagonista fica mais susceptível a lesão no local de inserção muscular ou na própria fibra muscular. Isso ocorre porque o músculo está contraindo para retardar o movimento do membro ao mesmo tempo que está sendo alongado. Músculos estabilizadores • Estabilização de uma parte do corpo contra uma força, a força pode ser interna proveniente da tensão de outros músculos, ou externa produzida pelo peso de um objeto; Importância dos estabilizadores • Cintura pélvica e região do quadril durante a caminhada : Quando o pé está no solo durante a caminhada ou corrida, o glúteo médio contrai- se para manter a estabilidade da pelve para que não caia para o lado. Músculos neutralizadores ou sinergistas • Impedem as ações acessórias indesejadas, que em geral ocorrem quando os agonistas desenvolvem tensão concêntrica; • Exemplo 1 : bíceps braquial (supinaçao + flexão de cotovelo) Caso o movimento desejado seja apenas a flexão de cotovelo o pronador redondo deve atuar como neutralizador. • Exemplo 2: - o glúteo máximo realiza extensão e rotação externa de coxa; - se a rotação externa for uma ação indesejada, o glúteo mínimo e o tensor da fáscia lata irão contrair-se para produzir uma ação neutralizadora de rotação interna para cancelar a ação de rotação externa do glúteo máximo.
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