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Eficácia da lei penal no espaço (partes 01, 02 e 03)

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Direito Penal – Eficácia da lei penal no espaço
SUMÁRIO
1.	Eficácia da lei penal no espaço	2
2.	Princípios norteadores	2
2.1.	Princípio da territorialidade (regra adotada no Brasil – art. 5º)	2
2.2.	Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa	2
2.3.	Princípio da nacionalidade ou personalidade passiva	2
2.4.	Princípio do domicílio	3
2.5.	Princípio da proteção, defesa ou real	3
2.6.	Princípio da justiça penal universal ou justiça cosmopolita	3
2.7.	Princípio da representação, pavilhão, da bandeira, da substituição ou da subsidiariedade	.............................................................................................................................3
3.	Lugar do crime – Locus comissi delicti	4
3.1.	Teoria da atividade ou ação	4
3.2.	Teoria do resultado, do efeito ou do evento	4
3.3.	Teoria mista, híbrida ou da ubiquidade	4
3.3.1.	Hipóteses de não aplicação da ubiquidade	5
3.3.2.	Lugar do crime nos crimes tentados, no concurso de pessoas e crimes continuados	.......................................................................................................................6
4.	Distância dos crimes	7
4.1.	Crimes à distância ou de espaço máximo	7
4.2.	Crimes em trânsito	7
4.3.	Crimes plurilocais ou de espaço mínimo	7
5.	Princípio da territorialidade (regra adotada no Brasil – art. 5º)	7
5.2.	Problemática do choque de embarcações	10
5.3.	Embaixada brasileira e embaixada estrangeira	10
5.4.	Direito de passagem inocente	10
6.	Extraterritorialidade (art. 7º)	11
6.1.	Incondicionada (art. 7º, §1º – crimes do art. 7º, I)	11
6.2.	Condicionada (art. 7º, §2º – crimes do art. 7º, II)	12
6.3.	Hipercondicionada (art. 7º, §3º)	13
7.	Pena cumprida no estrangeiro (extraterritorialidade incondicionada – art. 8º do CP)	14
· 
Eficácia da lei penal no espaço
1. Eficácia da lei penal no espaço
	O seu estudo visa apurar as fronteiras de atuação da lei penal nacional. O Código Penal brasileiro limita o campo de validade da lei penal com a observância de dois vetores fundamentais: a territorialidade (art. 5º – regra) e a extraterritorialidade (art. 7º – exceção). Com base neles se estabelecem princípios que buscam solucionar os conflitos de leis penais no espaço.
	A matéria se relaciona com o Direito Penal Internacional, ramo do Direito Internacional Público que estabelece as regras de determinação da lei penal aplicável na hipótese da conduta criminosa violar o sistema jurídico de mais de um país. 
1. 
2. Princípios norteadores[footnoteRef:1] [1: São a prova da existência de um territorialidade temperada ou mitigada.] 
2.1. Princípio da territorialidade (regra adotada no Brasil – art. 5º)
	Aplica-se a lei penal do local do crime, pouco importando a nacionalidade dos envolvidos ou do bem jurídico tutelado. É a lei “locus delicti”.
Art. 5º do CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
	A soberania do Estado é o que fundamenta o exercício de todas as competências sobre crimes praticados em seu território. Contudo, há exceções previstas no próprio artigo 5º do Código Penal. Fala-se que o Código Penal adotou o princípio da territorialidade temperada ou mitigada. Afinal, é possível que em função de regras internacionais um crime cometido no Brasil não sofra as consequências da lei brasileira.
2.2. Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa
	Não importa o local do crime, a nacionalidade do ofendido ou do bem jurídico tutelado. Aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente. 
	De acordo com a personalidade ativa, o agente é punido de acordo com a lei brasileira, independentemente da nacionalidade do sujeito passivo e do bem jurídico ofendido. Seu fundamento constitucional é a relativa proibição de extradição de brasileiros (art. 5º, LI da Constituição Federal), evitando a impunidade de nacionais que, após praticarem crimes no exterior, fogem para o Brasil.
2.3. Princípio da nacionalidade ou personalidade passiva
Não importa o local do crime, a nacionalidade do ofendido ou do bem jurídico tutelado. Aplica-se a lei penal da nacionalidade da vítima. 
2.4. Princípio do domicílio
	De acordo com esse princípio, o autor do crime deve ser julgado em consonância com a lei do país em que for domiciliado, pouco importando sua nacionalidade. 
	Previsto no art. 7º, I, alínea “d” (“domiciliado no Brasil”), do Código Penal, no tocante ao crime de genocídio no qual o agente não é brasileiro, mas apenas domiciliado no Brasil.
	Questão CESPE: (2019 – TJDF – Adaptada)[footnoteRef:2]. Crime de genocídio praticado fora do território brasileiro poderá ser julgado no Brasil quando cometido contra povo alienígena por estrangeiro domiciliado no Brasil. [2: Gabarito: correto.] 
2.5. Princípio da proteção, defesa ou real
	Aplica-se a lei penal da nacionalidade do bem jurídico lesado, não importando o local do crime ou a nacionalidade dos envolvidos.
	Permite submeter à lei penal brasileira os crimes praticados no estrangeiro que ofendam bens jurídicos pertencentes ao Brasil, qualquer que seja a nacionalidade do agente e o local do delito.
2.6. Princípio da justiça penal universal ou justiça cosmopolita
	Outras denominações: “competência universal”, “jurisdição universal ou mundial”, “repressão mundial” e “universalidade do direito de punir”.
	O agente fica sujeito a lei penal do país no qual ele for encontrado, não importando o local do crime, a nacionalidade dos envolvidos ou o bem jurídico tutelado.
	O princípio está diretamente ligado à cooperação penal internacional: todos os países podem punir os autores de determinados crimes que se encontrem em seu território. 
	Não é qualquer crime, mas somente aqueles cuja punição a todos os países da comunidade internacional interessa. Eles estão previstos em tratados e convenções internacionais. Exemplos: tráfico de pessoas, comércio de órgãos humanos, genocídio e tortura.
2.7. Princípio da representação, pavilhão, da bandeira, da substituição ou da subsidiariedade
	A lei penal aplica-se aos crimes cometidos em aeronaves e embarcações privadas quando praticados no estrangeiro e aí não sejam julgados (inércia do país estrangeiro).
	Segundo esse princípio, deve ser aplicada a lei penal brasileira aos crimes cometidos em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando estiverem em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
	E se a aeronave ou embarcação brasileira for pública ou estiver a serviço do governo brasileiro? Não incide no caso o princípio da representação, mas sim o da territorialidade. Lembre-se: aeronaves e embarcações brasileiras, públicas ou a serviço do governo brasileiro, constituem extensão do território nacional (art. 5º, §1º do Código Penal).
	Sintetizando
	Princípio
	Hipótese
	Personalidade ativa
	Art. 7º do CP - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: os crimes: I - d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
	
	Art. 7º do CP do CP - II - os crimes: b) praticados por brasileiro;
	Personalidade passiva
	Art. 7º, §3º do CP - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
	Princípio do domicílio
	Art. 7º do CP - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
	Princípio da defesa, real ou da proteção
	Art. 7º, I, “a” do CP - contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
	
	Art. 7º, I, “b” do CP - contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
	
	Art. 7º, I, “c” do CP - contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
	Princípio da justiça universal
	Art. 7º, II do CP - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
	Princípio darepresentação
	Art. 7º, II do CP - os crimes: c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
3. Lugar do crime – Locus comissi delicti
3.1. Teoria da atividade ou ação
	Considera-se praticado o crime no local da conduta (ação ou omissão), pouco importando o local do resultado.
3.2. Teoria do resultado, do efeito ou do evento
	Considera-se praticado o crime no local do resultado, pouco importando o local da prática da conduta.
3.3. Teoria mista, híbrida ou da ubiquidade 
	Lugar do crime é tanto aquele em que foi praticada a conduta (ação ou omissão) quanto aquele em que se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Foi adotada pelo Código Penal, em seu art. 6º.
Art. 6º do CP - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
	O art. 6º não é aplicado para todo e qualquer crime. Ele é aplicado somente aos chamados crimes à distância ou crimes de espaço máximo e nos crimes em trânsito. São aqueles crimes em que a conduta e o resultado ocorrem em países diversos. Portanto, o problema é de soberania: um país não pode subtrair do outro, igualmente soberano, o direito de apurar, processar e julgar o criminoso. 
	Exemplo prático: “A” desfere tiros de arma de fogo contra “B” em solo brasileiro, mas a vítima falece no Paraguai. 
	“A” poderá ser processado e condenado e cumprir pena tanto no Brasil como no Paraguai? Sim. A situação acima não configuraria “bis in idem”? Sim. No entanto, o Direito brasileiro o contorna a situação pelas regras dos arts. 7º e 8º do CP. Exemplo: “a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas”.
	Se no Brasil ocorre somente o planejamento e/ou preparação do crime (atos preparatórios) e o resultado ocorre no exterior, o fato, em regra, não interessa ao direito brasileiro, salvo quando a preparação, por si só, caracterizar crime (exemplo: associação criminosa).
3.3.1. Hipóteses de não aplicação da ubiquidade
	Crimes conexos: são aqueles que de algum modo estão relacionados entre si. Não se aplica a teoria da ubiquidade, eis que os diversos crimes não constituem unidade jurídica. Cada um deles deve, portanto, ser processado e julgado no país em que foi cometido.
	Questão CESPE: (2018 – PC-MA – Delegado)[footnoteRef:3]. Nos crimes conexos, não se aplica a teoria da ubiquidade, devendo cada crime ser julgado pela legislação penal do país em que for cometido. [3: Gabarito: correto.] 
	Crimes plurilocais: são aqueles em que a conduta e o resultado ocorrem em comarcas diversas, mas no mesmo país. Aplica-se a regra delineada pelo art. 70, caput do Código de Processo Penal, ou seja, a competência será determinada pelo lugar em que se consumar a infração ou, no caso de tentativa, pelo local em que for praticado o último ato de execução.
Art. 70 do CPP - A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
	Nos crimes dolosos contra a vida, quando plurilocais, a jurisprudência adota a teoria da atividade. Fundamentos: a) fins probatórios (exemplo: reprodução simulada dos fatos, ouvida de testemunha etc.); e b) essência do Tribunal do Júri: o réu deve ser julgado perante a sociedade abalada pelo crime. Exemplo: X dispara três tiros de pistola contra Y na cidade de Petrolina. Y é levado ao hospital em Recife e morre em decorrência dos disparos. O foro competente para processar e julgar o fato é o da cidade de Petrolina.
	Infrações penais de menor potencial ofensivo: o art. 63 da Lei nº 9.099/1995 adotou a teoria da atividade. Art. 63 - “A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal”.
	Crimes falimentares: será competente o foro do local em que foi decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial (art. 183 da Lei nº 11.101/2005). 
	Atos infracionais: para os crimes ou contravenções penais praticados por crianças e adolescentes, será competente a autoridade do lugar da ação ou da omissão (art. 147, §1º da Lei nº 8.069/1990 – ECA).
3.3.2. Lugar do crime nos crimes tentados, no concurso de pessoas e crimes continuados
	A regra do art. 6º do Código Penal quanto ao lugar do crime foi criada com o intuito de evitar impunidade quando houvesse a prática de um crime em um determinado país, mas a consumação ocorresse em outro (hipótese de crimes à distância e crimes em trânsito). Logo, o art. 6º do Código Penal serve para solucionar esses casos.
	Fora dessa ambiência, a regra é aplicar o art. 70 do CPP.
Art. 70 do CPP - A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
§1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
§2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.
§3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
	No caso de crimes tentados, considera-se lugar do crime o local onde o agente praticar o último ato de execução. 
	Questão CESPE: (2018 – PC-MA – Delegado)[footnoteRef:4]. Nos crimes tentados, o lugar do crime será onde o agente pretendia que tivesse ocorrido a consumação do delito. [4: Gabarito: errado.] 
	A mesma sistemática aplicada aos crimes tentados também é válida aos crimes praticados em concurso de pessoas, devendo aplicar o art. 6º no caso de crimes à distância e crimes em trânsito, no caso de crime que não ultrapasse o território brasileiro a regra é aplicar o art. 70 do CPP.
	Questão CESPE: (2018 – PC-MA – Delegado)[footnoteRef:5]. No concurso de pessoas, o lugar do crime será somente aquele em que ocorrerem os atos de participação ou coautoria, independentemente do local do resultado. [5: Gabarito: errado.] 
	Considera-se crime continuado quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, e pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro (artigo 71 do CP). No caso dos crimes continuados que são praticados em dois ou mais países, aplica-se a lei brasileira aos crimes cometidos no território brasileiro e a legislação alienígena aos delitos ocorridos no respectivo país. Por mais que seja um crime continuando onde há uma relação entre eles, a lei brasileira não alcançará os outros crimes praticados em outros países para fins de territorialidade.
	Questão CESPE: (2018 – PC-MA – Delegado)[footnoteRef:6]. No crime continuado, somente será aplicada a lei nacional quando todos os fatos constitutivos tiverem sido praticados em território brasileiro, por se tratar de delito unitário. [6: Gabarito: errado.] 
4. Distância dos crimes
4.1. Crimes à distância ou de espaço máximo
	O crime percorre territórios de DOIS Estados soberanos. Gera conflito internacional de jurisdição, ou seja: qual país aplicará a lei? Aplica-se o art. 6º do CP (ubiquidade).
4.2. Crimes em trânsito
	O crime percorrer territórios de MAIS DE DOIS Estados soberanos. Gera conflito internacional de jurisdição, ou seja: qual país aplicará a lei? Aplica-se o art. 6º do CP (ubiquidade).
4.3. Crimes plurilocais ou de espaço mínimo
	O crime percorre DUAS ou MAIS comarcas diversas, mas dentro do mesmo Estado soberano. Aplica-se o art. 70 do CPP[footnoteRef:7] (teoria do resultado – local ondeconsumar a infração). [7: Contudo, prevalece o entendimento jurisprudencial de que, no caso de homicídio doloso, o foro competente é o do local da conduta.] 
	Nos crimes à distância a questão de fundo é a soberania dos países envolvidos; nos crimes plurilocais a questão é de competência.
5. Princípio da territorialidade (regra adotada no Brasil – art. 5º do CP)
5.1. Conceito de território
	Território é o espaço em que o Estado exerce a sua soberania política. O Brasil possui um território físico, mas também admite o território brasileiro por extensão: art. 5º, §1º do CP.
	O artigo 5º, §1º do CP deixa claro que território nacional é a soma do ESPAÇO GEOGRÁFICO OU FÍSICO (solo, subsolo, rios, lagos, espaço marítimo, espaço aéreo correspondente) + ESPAÇO JURÍDICO, POR FICÇÃO, POR EXTENSÃO OU POR EQUIPARAÇÃO (art. 5, §§1º e 2º do CP).
Art. 5º, §1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
Art. 5º, §2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
	Questão CESPE: (2018 – EMAP)[footnoteRef:8]. Aplica-se a lei penal brasileira a crimes cometidos dentro de navio que esteja a serviço do governo brasileiro, ainda que a embarcação esteja ancorada em território estrangeiro. [8: Gabarito: correto.] 
	Questão CESPE: (2019 – TJ-DF – Adaptada)[footnoteRef:9]. Crime praticado em embarcação de propriedade de governo estrangeiro, quando se encontrar em mar territorial brasileiro, ficará sujeito à lei penal brasileira. [9: Gabarito: errado. A embarcação de propriedade de governo estrangeiro é extensão do território estrangeiro.] 
	O território brasileiro compreende (aplica-se a lei penal brasileira):
· O espaço territorial delimitado pelas fronteiras, sem solução de continuidade, inclusive rios, lagos, mares interiores e ilhas, bem como o respectivo subsolo; 
· O mar territorial ou marginal se estende das 12 milhas marítimas de largura medida a partir da linha de baixa-mar do litoral continente e insular, na forma definida pela Lei nº 8.617/1993[footnoteRef:10]. A soberania brasileira alcança também o leito e o subsolo do mar territorial. O conceito de território não obsta, contudo, o direito de passagem inocente, isto é, a prerrogativa de navios mercantes ou militares de qualquer Estado de transitarem livremente pelo mar territorial, embora sujeitos ao poder de polícia do Brasil (vide art. 1º, Lei nº 8.617/93 e art. 11 do Código Brasileiro de Aeronáutica); [10: Contudo, a Zona Econômica Exclusiva (das 12 milhas do mar territorial às 200 milhas marítimas) não serve para aplicação da lei penal pelo princípio da territorialidade (nada impede a territorialidade incondicionada ou condicionada), mas a soberania ali serve para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos e não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar ao subsolo, e outras atividades para fins econômicos (art. 6º e 7º da Lei nº 8.617/93).] 
· O espaço aéreo, compreendido como a dimensão estatal da altitude. Em relação ao domínio aéreo, adotou-se a teoria da absoluta soberania do país subjacente, pela qual o Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu território e mar territorial (art. 11 da Lei nº 7.565/1986);
· Os rios e lagos internacionais, que são aqueles que atravessam mais de um Estado. Se forem sucessivos, ou seja, passarem por dois ou mais países, mas sem separá-los, considera-se o trecho que atravessa o Brasil. Caso sejam simultâneos ou fronteiriços, isto é, separarem os territórios de dois ou mais países, a delimitação da parte pertencente ao Brasil é fixada por tratados ou convenções internacionais entre os Estados interessados.
	Território brasileiro por extensão:
· Na forma definida pelo art. 5º, §1º, do CP, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem;
· As aeronaves e embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
	Da leitura do art. 5º, §2º podemos notar o princípio da reciprocidade se for embarcação ou aeronave (pública ou a serviço do governo estrangeiro) não se aplica a lei brasileira (é tido como território estrangeiro por extensão). 
	Se privados, quando em alto-mar ou espaço aéreo correspondente ao do alto-mar, seguem a lei da bandeira que ostentem[footnoteRef:11] (art. 5º, §1º), ainda que se trate de destroços. [11: Navio abortador: no caso específico, concluiu-se pela não incidência da lei pátria (nas mulheres brasileiras que se submeteram a esse procedimento em alto mar). Sabendo que no ordenamento penal holandês (do qual pertencia a bandeira do navio) a manobra abortiva assistida por médico é lícita e permitida, o fato não é punido.] 
	Questão CESPE: (2014 – TJ-DFT – Juiz substituto – Adaptada)[footnoteRef:12]. Caso, a bordo de embarcação privada, em alto-mar, de propriedade de uma organização não governamental que ostente bandeira de país onde o aborto seja legalizado, um médico brasileiro provoque aborto em uma gestante brasileira, com seu consentimento, ambos responderão pelo crime de aborto previsto na lei penal brasileira. [12: Gabarito: errado. Se o navio é privado e está em alto-mar, aplica-se o princípio do pavilhão/bandeira. Sendo assim será aplicada a regra do país da bandeira que o navio ostenta, não haverá aplicação da lei penal brasileira.] 
	Questão CESPE: (2015 – TRE-MT – Analista Judiciário – Adaptada)[footnoteRef:13]. A lei penal brasileira aplica-se ao crime perpetrado no interior de navio de guerra de pavilhão pátrio, ainda que em mar territorial estrangeiro, dado o princípio da territorialidade. [13: Gabarito: correto.] 
	Questão CESPE: (2014 – TJ-DFT – Juiz substituto – Adaptada)[footnoteRef:14]. Sujeitar-se-á à jurisdição penal brasileira cidadão chileno que praticar, a bordo de navio estrangeiro em águas marinhas correspondentes à zona econômica exclusiva brasileira, homicídio contra cidadão italiano domiciliado no Brasil. [14: Gabarito: errado. A pegadinha da questão está em confundir Zona Econômica Exclusiva – 200 milhas náuticas (não faz parte do território brasileiro para fins penais) com Mar territorial brasileiro – 12 milhas náuticas.] 
	Questão CESPE: (2014 – TJ-DFT – Juiz substituto – Adaptada)[footnoteRef:15]. A expressão “águas jurisdicionais brasileiras”, contida na Lei n.º 9.605/1998, é sinônima de mar territorial brasileiro, cuja extensão é de duzentas milhas, contadas do baixa-mar do litoral continental e insular. [15: Gabarito: errado. A extensão é de 12 milhas.] 
5.2. Problemática do choque de embarcações
	E no caso de choque de embarcações em alto mar? Exemplo: jangada construída com pedaço de navios de duas nacionalidades diferentes com dois estrangeiros de nacionalidades diferentes entre si e dos destroços da jangada (quatro nacionalidades) não será aplicada a lei da bandeira que ostentam as embarcações que colidiram, pois há uma confusão de nacionalidades. Buscando não haver surpresa para o autor do delito, será aplicada a lei penal do autor do crime (princípio da nacionalidade ativa).
	Embarcação pública argentina atracada no litoral brasileiro – marinheiro argentino praticou crime em solo brasileiro:
· Se estava a serviço do governo: aplica-se a lei argentina;
· Se não estava a serviço do governo (Ex.: dia de folga): aplica-se a lei brasileira.
5.3. Embaixada brasileira e embaixada estrangeira 
	A embaixada brasileirano exterior é extensão do território brasileiro? Não. E vice-versa para os outros países com embaixada no Brasil. Contudo, as embaixadas são dotadas de inviolabilidade (Convenção de Viena sobre relações diplomáticas), para que as autoridades do território do país acreditado possam entrar na embaixada e investigar o crime é necessário vencer procedimentos burocráticos (Consentimento do Chefe da Missão Diplomática). Logo, crime cometido em embaixada será aplicada a lei do país acreditado, salvo a incidência de convenção, tratado ou regra de direito internacional.
	As embaixadas estrangeiras não são consideradas território estrangeiro, aplicando-se a lei penal do país onde se encontre aos crimes praticados no seu interior, salvo quando o autor for agente diplomático ou possua imunidade diplomática.
A inviolabilidade das embaixadas decorre da Convenção de Viena de 1965, segundo a qual “Os locais da Missão são invioláveis. Os Agentes do Estado acreditado não poderão nêles penetrar sem o consentimento do Chefe da Missão” (art. 22. 1, Dec. nº 56.435/65).	
5.4. Direito de passagem inocente
	Art. 5º, §2º do CP + Art. 3º da Lei nº 8.617/93 não se aplica a lei brasileira ao crime cometido a bordo de embarcação privada estrangeira de passagem pelo mar territorial (direito de passagem inocente), desde que preenchidos os requisitos do art. 3º da retromencionada lei (a passagem não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo a passagem ser contínua e rápida). Nesses casos tem prevalecido a aplicação da lei penal da nacionalidade do sujeito ativo. O Brasil deve ser apenas caminho de passagem, se atracar aplicará a lei brasileira.	
	O direito de passagem inocente é só para embarcação ou também abrange aeronaves? Não há previsão no art. 3º da Lei nº 8.617/93 sobre aeronaves, somente fala em navios.
· 1ª Corrente: não existe sentido razoável para limitar o direito de passagem inocente somente para navios, devendo ser aplicado também ao direito aeronáutico. Desde que o crime não tenha contato com a população brasileira ou influência sobre ela.
· 2ª Corrente: nem o código da aeronáutica nem a Convenção de Aviação Civil Internacional tratam do direito de passagem inocente, estando diante de um silêncio eloquente do legislador que não admite sequer analogia in bonam partem.
	Questão CESPE: (2013 – DEPEN – Agente penitenciário)[footnoteRef:16]. A lei penal brasileira será aplicada aos crimes cometidos no território nacional ainda que praticados a bordo de aeronaves estrangeiras de propriedade privada em voo no espaço aéreo correspondente, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional. [16: Gabarito: correto.] 
6. Extraterritorialidade (art. 7º) 
	Ocorre quando a lei penal brasileira extrapola os limites do território nacional e alcança crimes cometidos exclusivamente no estrangeiro não sendo hipótese de territorialidade. A extraterritorialidade não se aplica para contravenções penais praticadas no estrangeiro.
	Justifica-se pelo fato de o Brasil ter adotado, relativamente à lei penal no espaço, o princípio da territorialidade temperada ou mitigada (art. 5º do CP), o que autoriza, excepcionalmente, a incidência da lei penal brasileira a crimes praticados fora do território nacional.
	Não se admite a aplicação da lei penal brasileira às contravenções penais praticadas no estrangeiro, de acordo com a regra estabelecida pelo art. 2º da LCP.
6.1. Incondicionada (art. 7º, §1º - Crimes do art. 7º, I)
	O agente é punido segundo a lei brasileira ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. A lei brasileira para ser aplicada não depende do preenchimento de qualquer requisito.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes:
a) contra a VIDA ou a LIBERDADE do Presidente da República (princípio da defesa ou real);
b) contra o PATRIMÔNIO ou a FÉ PÚBLICA da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público (princípio da defesa ou real);
c) contra a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, por quem está a seu SERVIÇO (princípio da defesa ou real);
d) de GENOCÍDIO[footnoteRef:17], quando o agente for brasileiro (personalidade ativa) ou domiciliado no Brasil (princípio do domicílio[footnoteRef:18]).  [17: Por força da EC nº 45/2004 o art. 5º, §4º da CRFB/88 o TPI tem competência subsidiária.] [18: Cleber Masson fala em princípio do domicílio quando se refere a esse trecho final do dispositivo. Segundo o autor, o princípio do domicílio determina que o agente deve ser julgado pela lei do país em que ele é domiciliado, pouco importando a sua nacionalidade. Se o agente fosse brasileiro aplicar-se-á o princípio da personalidade ativa. Já Rogério Sanches entende que a alínea “d” por completo está relacionada ao princípio da justiça universal ou da justiça cosmopolita.] 
§1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
	Questão CESPE: (2019 – TJ-DF – Adaptada)[footnoteRef:19]. Crime contra a administração pública nacional praticado no exterior ficará sujeito à lei brasileira quando o agente criminoso que estava a serviço da administração regressar ao Brasil. [19: Gabarito: errado. Não há necessidade que o sujeito regresse ao Brasil para que a lei penal brasileira possa ser aplicada (territorialidade condicionada), pois tal crime é hipótese de extraterritorialidade incondicionada.] 
	Questão CESPE: (2012 – TJ-AL – Auxiliar Jurídico)[footnoteRef:20]. Determinado cidadão brasileiro praticou delito de genocídio na Argentina, tendo matado membros de um grupo étnico daquele país, onde foi condenado definitivamente à pena máxima de oito anos de reclusão, segundo a legislação argentina. Após ter cumprido integralmente a pena, esse cidadão retornou a Maceió, cidade onde sempre estabeleceu domicílio. A partir dessa situação hipotética, assinale a opção correta em relação à extraterritorialidade da lei penal, à pena cumprida no estrangeiro e à eficácia da sentença estrangeira. Nesse caso, o brasileiro poderá ser condenado novamente pela justiça do Brasil e, se a pena aplicada no Brasil for superior àquela cumprida na Argentina, será atenuada.	 [20: Gabarito: correto.] 
6.2. Condicionada (art. 7º, §2º - Crimes do art. 7º, II) 
	A lei só vai extrapolar as fronteiras do território brasileiro se presentes as condições do art. 7º, §2º do CP.
a) Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir (princípio da justiça universal ou da justiça cosmopolita);
b) Crimes praticados por brasileiros (princípio da nacionalidade ativa);
c) Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados (princípio da bandeira, pavilhão ou representação).
	São cinco condições CUMULATIVAS, ou seja, se somam, sem uma delas não é possível aplicar (art. 7º, §2º):
I. Entrar (não é permanecer, é tão somente pisar no território nacional) o agente no território nacional (espaço geográfico + espaço jurídico);
II. Ser o fato punível também no país em que foi praticado;
III. Estar o crime incluído entre aqueles que a lei brasileira autoriza a extradição. A Lei de migração traz os requisitos de extradição (art. 82 da Lei nº 13.445/2017);
IV. Não ter sido o agente absolvido no exterior ou se já cumpriu a pena no exterior;
V. Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade segundo a lei mais favorável.
	I – Condição de procedibilidade (sem a qual não é possível iniciar a ação);
	II a V – Condição objetiva de punibilidade (pode até haver processo, mas sem a qual não poderá se imposta pena, julgando improcedente a ação penal).
	Questão CESPE: (2015 – TCE-RN – Auditor)[footnoteRef:21]. Julgue o item a seguir, referentes à lei penal no tempo e no espaço e aos princípios aplicáveis ao direito penal. Situação hipotética: João, brasileiro, residente em Portugal,cometeu crime de corrupção e de lavagem de dinheiro no território português, condutas essas tipificadas tanto no Brasil quanto em Portugal. Antes do fim das investigações, João fugiu e retornou ao território brasileiro. Assertiva: Nessa situação, a lei brasileira pode ser aplicada ao crime praticado por João em Portugal. [21: Gabarito: correto.] 
	Questão CESPE: (2008 – MPE-RR – Promotor)[footnoteRef:22]. Considere a seguinte situação hipotética. Marcos cometeu crime de furto quando se encontrava em navio mercante brasileiro que navegava em águas argentinas. Nessa situação, o crime poderá ser julgado no primeiro porto brasileiro em que o navio aportar, aplicando-se o princípio da representação. [22: Gabarito: correto. Princípio da Representação ou da bandeira ou do pavilhão Por este princípio, aplica-se a lei penal brasileira aos crimes cometidos no estrangeiro, a bordo de aeronaves e embarcações privadas, mas que possuam bandeira brasileira, quando, no país em que ocorreu o crime, este não for julgado.] 
Art. 89 do CPP - Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado.
6.3. Hipercondicionada (art. 7º, §3º)
	Além dos requisitos do art. 7º, §2º acrescenta-se os requisitos do §3º, I e II:
§3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (princípio da nacionalidade passiva)  
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;  
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
	Se o autor de um crime de homicídio cometido no exterior, que está sendo investigado, foge e retorna ao território brasileiro, antes do fim das investigações, é possível a aplicação da lei penal brasileira com base no art. 7º, §2º do CP (deve ter os requisitos).
	A regra é o julgamento pela Justiça estadual (STJ – CC 115.375), salvo se houver interesse da União com base no art. 109 da CRFB.
	Com base no art. 88 do CPP, a comarca competente para processar e julgar os crimes praticados fora do território nacional será o juízo da capital do estado-membro onde houver por último residido o acusado ou se nunca houver residido no Brasil, será o juízo da capital da República.
Art. 90 do CPP - Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave. 
Art. 91 do CPP Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a competência se firmará pela prevenção.
7. Pena cumprida no estrangeiro (extraterritorialidade incondicionada - Art. 8º do CP)
Art. 8º do CP - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
	Na extraterritorialidade incondicionada há uma flexibilização do princípio da vedação ao bis in idem. O princípio da vedação ao bis in idem ou ne bis in idem é a regra, porém cabe exceções podendo limitar sua aplicação.
	“A CRFB de 1988 não prevê o princípio do ne bis in idem, embora alguns autores defendam que ele esteja implicitamente na Carta Magna. O Estatuto de Roma (criou o TPI) proíbe o bis in idem, contudo no próprio Estatuto de Roma prevê a possibilidade de sua relativização para garantir a autoridade do TPI”.
	O Brasil também flexibiliza o princípio para assegurar a soberania do país. O bis in idem gerado pela extraterritoridade incondicionada alcança o aspecto processual (processado no estrangeiro e no Brasil), material/penal (crime positivado no estrangeiro e no Brasil) e execucional (cumpre a pena no estrangeiro e no Brasil).
	O próprio artigo 8º do CP não evita o bis in idem, mas o atenua “abater ou atenuar a pena”.
	No caso de contravenção penal? Não se aplica a extraterritorialidade. O art. 7º do CP somente fala em crimes, bem como o art. 2º da LCP proíbe expressamente.
	No caso de cometimento de ato infracional no exterior? 
· 1ª corrente: art. 103 do ECA “considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal”. Logo, poderia aplicar a extraterritorialidade.
· 2ª corrente: não, pois o ECA não fala em extraterritorialidade do ato infracional, sendo aplicação de analogia in malam partem.
	A pena cumprida no estrangeiro:
· ATENUA a pena imposta no Brasil PELO MESMO CRIME quando DIVERSAS. Exemplo: pecuniária nos EUA e PPL no Brasil, atenua a pena a ser imposta no Brasil.
· Nela é COMPUTADA quando IDÊNTICAS. Exemplo: PPL nos EUA de 8 anos (cumprida) e PPL no Brasil de 10 anos Cumpre 2 anos no Brasil.
	Atenção:
	O artigo 8º do CP é aplicado no caso de extraterritorialidade incondicionada. Afinal, no caso de extraterritorialidade condicionada ou hipercondicionada, não existirá a possibilidade de ocorrer “bis in idem”, pois que, se um indivíduo cumprir a sua pena no exterior (ou se ele tiver sido absolvido), ficará afastada a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira (art. 7º, §2º do CP). Desta forma, como ele foi condenado e cumpriu pena no exterior ou foi absolvido, não há falar-se em cumprimento de pena da lei brasileira, pois ele já respondeu pelo crime que cometeu, lá no estrangeiro, sendo uma causa impeditiva da aplicação da lei penal brasileira a fatos ocorridos no estrangeiro.
	Diferentemente seria no caso de extraterritorialidade incondicionada (art. 7º, I do CP), em que é possível ao agente responder por dois processos: um no exterior e outro aqui no Brasil – sobrevindo, pois, duas condenações. Se isso ocorresse, aplicar-se-ia o art. 8º do CP, determinando que pena cumprida no exterior atenua a imposta no Brasil (se diversas) ou nela é computada (se idênticas). Seria o caso, e.g., de crime contra a vida do PR ou de genocídio.
	Questão CESPE: (2013 – PC-DF – Escrivão)[footnoteRef:23]. Considere a seguinte situação hipotética. Jurandir, cidadão brasileiro, foi processado e condenado no exterior por ter praticado tráfico internacional de drogas, e ali cumpriu seis anos de pena privativa de liberdade. Pelo mesmo crime, também foi condenado, no Brasil, a pena privativa de liberdade igual a dez anos e dois meses. Nessa situação hipotética, de acordo com o Código Penal, a pena privativa de liberdade a ser cumprida por Jurandir, no Brasil, não poderá ser maior que quatro anos e dois meses. [23: Gabarito: errado.] 
	Questão CESPE: (2012 – TJ-BA – Juiz substituto)[footnoteRef:24]. Suponha que João, brasileiro de vinte e dois anos de idade, sequestre Maria, brasileira de vinte e quatro anos de idade, nas dependências do aeroporto internacional da cidade do Rio de Janeiro – RJ, levando-a, imediatamente, em aeronave alemã, para o Paraguai. A esse caso aplica-se a lei penal brasileira, sendo irrelevante eventual processamento criminal pela justiça paraguaia. [24: Gabarito: correto. Uma coisa é a possibilidade de a condenação penal no estrangeiro ser considerada para fins de fixação de pena, outra bem diferente é afirmar que o PROCESSAMENTO CRIMINAL pela justiça paraguaia vai interferir na persecução penal brasileira. De fato, considerada a teoria da ubiquidade, aplica-se a lei penal brasileira, não há dúvidas.] 
8. Disposições finais
	Há territorialidade quando o crime acontece no Brasil e para este crime aplica-se a lei brasileira (art. 5º do CP – regra).
	Há extraterritorialidade quando o crime acontece no estrangeiro e para este crime aplica-se a lei brasileira (art. 7º do CP).
	Há intraterritorialidade[footnoteRef:25] quando o crime acontece no Brasil e para este crime aplica-se a lei estrangeira (art. 5º do CP – exceção). Exemplo:imunidade diplomática. Não é o juiz o Brasil que vai processar o crime e aplicar a pena ao fato que ocorreu no Brasil, mas sim o juiz do estrangeiro, que através da homologação da sentença previamente possibilitará a sua execução no Brasil para obrigar o condenado a reparar o dano. [25: É a aplicação da lei estrangeira a crimes cometidos no Brasil. Exemplo: imunidades diplomáticas e de Chefes de Governo estrangeiro.] 
	A sentença condenatória estrangeira é eficaz no Brasil para diversos fins, inclusive para fins de reincidência, nos termos do art. 63 do CP.
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