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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL Muitas propriedades do concreto são influenciadas pelas características dos agregados, tais como: porosidade, composição granulométrica, absorção de água, estabilidade, forma e textura superficial dos grãos, resistência mecânica, módulo de deformação e substâncias deletérias presentes. Agregados: - Materiais pétreos, obtidos por fragmentação artificial ou já fragmentados naturalmente, com propriedades adequadas, possuindo dimensão máxima inferior a 100 mm e mínima superior ou igual a 0,075mm (NBR 9935: ABNT, 2011). São fragmentos de rochas, popularmente denominados “pedras” e “areias”. - Os agregados constituem um componente importante no concreto, contribuindo com cerca de 60-80% do volume e 20% do custo de concreto estrutural sem aditivos, de fck da ordem de 15 MPa; - Os agregados têm como função atuar nas argamassas e concretos como elemento inerte (que não sofre transformação química). São utilizados em quase todas as obras de infraestrutura civis, como edificações, pavimentações, barragens e saneamento. - Os agregados, além de serem resistentes, duráveis e sem ação química nociva sobre o aglomerante, não devem levar para o concreto ou argamassa elementos estranhos, prejudiciais às reações do aglomerante ou que dificultem a aderência da pasta com os grãos de pedra. - Exercem considerável influência na resistência, estabilidade dimensional e durabilidade do concreto. -Trazem consigo características da rocha-mãe. Origens das rochas: As rochas ígneas são aquelas com melhores condições como matéria-prima para produção de agregados devido à sua composição mineralógica, textura e estrutura, tendendo a produzir microestruturas mais densas e compactas. São exemplos típicos os granitos e basaltos, exceção dos basaltos com estrutura vesicular (que apresentam vazios nas cavidades). As rochas metamórficas também mostram um bom potencial como matéria- prima na produção de agregados para concreto, mas a textura orientada como nos xistos pode ser fator limitante do seu uso. São exemplos de rochas metamórficas que geram bons agregados o gnaisse e o quartzito. As rochas sedimentares apresentam a menor aptidão na produção de agregados para concreto devido à sua porosidade quase sempre alta, menor resistência mecânica e estrutura em forma de camadas. Exemplos: arenitos e argilitos. Classificação dos agregados quanto à origem: Naturais: encontrados na natureza já preparados para o uso sem outro beneficiamento que não sejam a lavagem (quando for o caso, sua classificação granulométrica é feita por peneiramento), como por exemplo, areia de rio, pedregulho, areia de cava, etc.; Britados: submetidos a processo de cominação (fragmentação), geralmente por britagem, para que se possam adequar-se ao uso como agregados para concreto, como pedra britada, pedrisco, pedregulho britado, etc.; Artificiais: derivados de processos industriais, como argila expandida e peletizada, o folhelho expandido por tratamento térmico, a vermiculita expandida, etc.; Reciclados: que podem ser resíduos industriais granulares ou provenientes do beneficiamento de entulho de construção ou demolição selecionado para essa aplicação. Exemplos: escória de alto-forno, entulho de obra. Classificação dos agregados quanto à dimensão dos grãos Agregado graúdo: segundo a norma ABNT NBR 7211:2004, é o agregado cujos grãos passam pela peneira com abertura de malha 152mm e ficam retidos na peneira com abertura de malha de 4,75mm. Agregado miúdo: é aquele cujos grãos passam pela peneira com abertura de malha de 4,75mm e ficam retidos na peneira com abertura de malha de 0,075mm. Classificação dos agregados quanto à massa unitária: Agregados com massa unitária menor que 1120 kg/m³ são geralmente considerados leves e possuem aplicação na produção de vários tipos de concretos-leves. A menor massa é devida à microestrutura celular ou altamente porosa (BERNARDI, 2006). Agregados leves: Agregados com massa unitária menor que 1120 kg/m³ são geralmente considerados leves e possuem aplicação na produção de vários tipos de concretos-leves. Agregados leves naturais são produzidos através do beneficiamento de rochas ígneas vulcânicas como pumicida, escória ou tufo. Agregados leves sintéticos podem ser fabricados através de tratamento térmico de vários materiais, como argila, folhelhos, ardósia, diatomita, perlita, vermiculita, escória de alto-forno e cinza volante (BERNARDI, 2006). Agregados Pesados: Utilizados na produção de concretos pesados (massa unitária entre 2.880 e 6.100 kg/m³) e tem aplicação para blindagem de radiações nucleares. Rochas naturais adequadas para a produção de agregados pesados: dois minérios de bário, vários minérios de ferro e um de titânio. Agregado pesado sintético: fosfetos de ferro, minérios de ferro hidratado, minerais de boro, resíduos metalúrgicos granulares. Pó de Brita: Sua malha é de 5 mm, e é muito utilizado para obtenção de concreto com textura fina, como em calçadas, na fabricação de pré-moldados, já que dá maior facilidade de modelagem, como estabilizador de solo na produção de argamassa para o contrapiso. É também muito usado nas empresas que trabalham com produção de asfalto. Brita 0 (ou pedrisco): A malha é de 12 mm e ela é bem pequena, sendo muito usada na produção de vigas, lajes pré-moldadas, tubos, blocos de concreto para construção e fundação, paralelepípedos de concreto moldados, aqueles de encaixe, para a produção de chapisco, blocos e manilhas. Brita 1: A granulometria da brita 1 é de 20 mm, podendo variar de acordo com a necessidade. A variação pode ser de 18 mm a 22 mm. Usada em todos os processos na CC. Brita 2: é utilizada somente quando há necessidade de um concreto mais resistente, normalmente em construções de porte maior e que tenha que suportar mais peso. O concreto é chamado de concreto bruto, e é requerido em pisos de maior espessura. Brita 3: é comumente utilizada para Drenos e é a matéria prima da rebritagem que é o processo que dá origem a outras pedras como a Brita 1 e 2. Ela é vendida apenas sob encomenda. A sua granulometria poderá ter variações, mas o padrão é de 60 mm. Uso: Dreno - Rebritagem - Camadas de sub-base e base de pavimentação, nivelamento ferroviário Rachão, Pedra de mão ou Pedra Marroada: Obras de contenção para a estabilização de taludes, proteção de encontros de pontes e viadutos, muros de contenção e espera, revestimento de taludes, muros de contenção de aterros, rede para proteção contra as quedas de pedras, são as obras de defesa e consolidação das rodovias, aeroportos, áreas residenciais e comerciais, gabiões, calçamentos, concreto ciclópico. Muro de gabiões: Nas estruturas de contenção do tipo muro de gabiões, devem ser utilizados pedra-de-mão ou seixos rolados. Recomenda-se que as pedras- de-mão tenham procedência granítica. Devem ser excluídos os materiais com baixo peso específico ou que fragmentem com facilidade. Na construção de revestimentos para canais, barragens de terra e escadas dissipadoras, podem ser aplicados colchões do tipo Reno. Esses colchões são estruturas retangulares caracterizadas por sua grande área e pequena espessura, fabricados com malha hexagonal de arames. Quando instalados e cheios de pedras, os Colchões Reno se convertem em elementos estruturais drenantes de alta flexibilidade. Características dos agregados: - O conhecimento das características dos agregados é fundamental para a perfeita dosagem de concretos hidráulicos ou betuminosos. - As propriedades do concreto no estado fresco dependem da massa específica, da porosidade, da composição granulométrica, da forma e da textura dos agregados. - A composição mineralógica dos agregados, bem como sua porosidade, afeta a resistência mecânica, o módulo de elasticidadee a sanidade dos concretos endurecidos. - O consumo de cimento Portland ou de ligante betuminoso é altamente dependente da superfície específica e da porosidade dos grãos de agregados. - As características do agregado dependem da microestrutura da rocha matriz, expressas pela sua porosidade, massa específica e composição mineralógica, bem como de sua exposição prévia (grau de intemperismo) e das condicionantes do processo de fabricação, tais como uso de explosivos, tipo de britadores, etc. As características dos agregados podem ser divididas em três grupos: a) Características dependentes da porosidade: massa específica, absorção de água, resistência, módulo de elasticidade e sanidade; b) Características dependentes da composição química e mineralógica: resistência, módulo de elasticidade, substâncias deletérias presentes; c) Características dependentes das condições prévias e condicionantes de fabricação: tamanho, forma e textura das partículas. Índices físicos: - Alguns índices físicos revelam propriedades inerentes a um dado material, ou seu estado e estrutura atuais. - Muitas dessas propriedades são especificadas, estabelecendo-se limites de aceitação ou rejeição do material para uma dada aplicação. - Dentre os índices físicos mais importantes em um agregado, citam-se: umidade, absorção, massa específica e porosidade aparente. Esses índices são determinados com base em ensaios normatizados, os quais são, geralmente, realizados sobre uma amostra de agregados numa dada classe granulométrica mais ou menos uniforme. Absorção e Umidade: - Umidade refere-se ao teor de água presente em um material. - Umidade é definida como relação percentual entre a massa de água contida em uma amostra e a massa da amostra totalmente seca (massa de sólidos) e é calculada como: Quanto às condições de umidade, uma amostra pode se encontrar em quatro situações diferentes: a) Condição ambiente ou seca ao ar; b) Condição saturada com superfície úmida; c) Condição saturada com superfície seca (SSS); d) Condição completamente seca. - Pode-se definir o teor de umidade para qualquer situação da amostra; natural, seca ao ar, totalmente seca, totalmente saturada, partículas saturadas com superfície úmida ou partículas saturadas com superfície seca. - A massa de água é determinada pela diferença entre o peso da amostra (sólidos e água) e o peso da amostra totalmente seca. Absorção: - Absorção do agregado está diretamente relacionada com a quantidade de vazios comunicantes ou porosidade aparente dos grãos sólidos. - Os valores da absorção das rochas ígneas e metamórficas geralmente são inferiores a 0,5% e raramente excedem 1,0%. - Alguns tipos de basalto são exceções e podem ter alta absorção. - As rochas sedimentares têm maior capacidade de absorção. - Areias podem sofrer um fenômeno conhecido como inchamento. Dependendo do teor de umidade e composição granulométrica do agregado, pode ocorrer um aumento considerável do volume aparente da areia, porque a tensão superficial da água mantém as partículas afastadas. Porosidade dos agregados: Porosidade dos agregados pode ser determinada, direta ou indiretamente, através de vários métodos. Um método muito utilizado para determinar a porosidade total é determinar a densidade aparente (massa específica aparente) e a densidade real (massa específica real), e calcular a porosidade pela razão entre as duas. A porosidade total é um indicador da capacidade de absorção máxima do agregado, que na prática, pode nunca vir a ocorrer. Massa específica e massa unitária: - Para fins de dosagem do concreto não é necessário determinar a massa específica real de um agregado, sendo necessário conhecer o volume ocupado pelas partículas do agregado incluindo os poros existentes dentro das partículas. - Define-se massa específica (g) como a relação entre a massa (M) e o volume (V) de um material, incluindo os poros internos. Para muitas rochas utilizadas, a massa específica varia entre 2600 e 2700 kg/m³. - Da mesma forma que umidade, pode-se definir massa específica para o material em diversas condições. Contudo, para se caracterizar um agregado, independentemente de seu teor de umidade, deve-se tomar sua massa completamente seca. - Por outro lado, o volume ocupado pelo material pode se referir ao volume real (Vr) ocupado pelos sólidos, descontando-se todos os vazios permeáveis (nos grãos e entre grãos), ou ao volume aparente (Va), o qual inclui todos os vazios permeáveis. Massa específica e massa unitária: - Dessa forma, distingue-se entre massa específica real ou absoluta de um agregado (g r ) e massa específica aparente (g a ) ou massa unitária. - A massa unitária é definida como a massa de partículas do agregado que ocupam uma unidade de volume. - O fenômeno da massa unitária surge, pois não é necessário empacotar as partículas dos agregados juntas, de tal forma que não haja vazios. O termo massa unitária é assim relativo ao volume ocupado por ambos agregados e vazios. - Massa unitária diz respeito apenas a materiais granulares. - A massa unitária aproximada dos agregados comumente usados em concreto normal varia de 1300 a 1750 kg/m³. Diferença conceitual entre massa específica e densidade: - A massa específica tem estreita relação com outra grandeza e importante propriedade dos materiais, a Densidade. - Massa específica é uma relação entre massa e volume, e pode ter módulos diferentes em função do sistema de unidades considerado. - Densidade de um material é definida como a relação entre a massa de determinada quantidade desse material pela massa de igual volume de água. Por ser uma relação entre duas massas, as unidades se cancelam em qualquer sistema de unidades considerado. Por isso, densidade não tem unidade. Exemplo: µ = 2,70 kg/dm³ (SI) = 2,70 g/cm³ (CGS) = 2700 kg/m³ (SI) = 279 utm/m³ (ST) = 0,097 lb/pol³ (S Inglês). D = 2,70 (Em qualquer um destes sistemas de unidades, ou qualquer outro. Composição granulométrica: - Granulometria é a proporção da massa que cada fração de tamanho representa em relação à massa total da amostra. - A composição granulométrica, assim, mostra a distribuição dos grãos que constitui os agregados, geralmente é expressa em termos de porcentagens individuais ou acumuladas retidas em cada uma das peneiras da chamada série normal ou intermediária que são estabelecidas na ABNT NBR 7211:2009. - São também habitualmente utilizados como referência para avaliar a composição granulométrica a dimensão máxima característica e o módulo de finura. Dimensão máxima característica: é a grandeza associada à distribuição granulométrica do agregado correspondente à abertura nominal, em milímetros, da malha da peneira da série normal ou intermediária na qual o agregado apresenta uma porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente inferior a 5% em massa; - Módulo de finura corresponde à soma das porcentagens retidas acumuladas, em massa, de um agregado, nas peneiras da série normal, dividida por 100. - A NBR 7211:2009 apresenta curvas de distribuição granulométrica correspondentes à zona utilizável e à zona ótima, que especifica limites granulométricos dos agregados para concretos convencionais. - Em geral, areias muito grossas podem produzir misturas de concreto ásperas e não trabalháveis, enquanto as muito finas aumentam o consumo de água (portanto, o consumo de cimento para uma dada relação água/cimento). Granulometria: no caso de concreto armado estrutural, o diâmetro máximo do agregado graúdo a usar é função da peça a concretar, do diâmetro e da quantidade de barras da armadura. O diâmetro máximo do agregado deverá ser inferior ao espaçamento entre as barras e à distância delas à parede da fôrma. - A NBR 6118 regulamenta os diâmetros máximos emfunção desses parâmetros, como se segue: O diâmetro máximo não deverá ser maior do que: -1/4 da largura das vigas; -1/1,2 do espaço entre as barras da armadura. -1/4 da menor dimensão da peça a ser executada; -1/3 da espessura das lajes; - 5/6 do espaçamento horizontal da armadura; Agregados para concreto: - 5/6 do espaçamento horizontal da armadura; - ½ do espaçamento vertical da armadura; -½ do diâmetro da tubulação para concreto bombeável com seixos rolados; -1/3 do diâmetro da tubulação para concreto bombeável com agregado britado; Forma e textura: - A forma dos grãos, no caso dos agregados naturais e das partículas ou fragmentos que compõem os demais tipos de agregados para concreto, influenciam as propriedades do concreto no estado fresco. - A forma e a textura superficial do agregado miúdo consistem num dos itens avaliados visualmente na ABNT NBR 7389:2009; - Os agregados de origem eólica, como aqueles provenientes de algumas regiões do interior de São Paulo, caracterizam-se pela forma extremamente arredondada e textura superficial lisa e têm sido usados nos traços de concreto, proporcionando diminuição do consumo de água e induzindo ganho de trabalhabilidade em função de suas características. - Textura muito lisa, especialmente nos agregados graúdos, pode induzir uma aderência menor entre a pasta de cimento e a superfície do agregado, chegando, em alguns casos, a prejudicar o nível da resistência à tração do concreto especialmente nas primeiras idades. - Os agregados britados, conhecidos pela angulosidade de sua forma e aspereza de sua superfície merecem sempre um estudo rigoroso para determinação do traço do concreto de modo a otimizar seu desempenho. - A rocha submetida à fragmentação mecânica produz fragmentos com diferentes tamanhos e formas. A forma dos agregados é bastante influenciada pela estrutura e textura da rocha mãe. - Rocha de estrutura maciça, como os basaltos compactos, produzem britas de forma cúbica; - Rocha com estrutura xistosa, como é típico em rochas sedimentares e alguns tipos de rochas metamórficas formadas a partir destas, com frequência produzem fragmentos de formas alongadas e lamelares. - Para os agregados graúdos, deve-se dar preferência à forma equidimensional. Partículas que se distanciam dessa forma tendem a ter maior área superficial. - Partículas alongadas ou lamelares tendem a se acomodar segundo um plano e se rompem em flexão quando compactadas, funcionando como vigas bi apoiadas sobre outras partículas. - Em concretos hidráulicos, partículas lamelares podem prejudicar a durabilidade, devido à acumulação de bolhas de ar e água de exsudação sob elas. - As partículas angulosas, do ponto de vista da resistência, são as preferíveis, pois implicam em melhor entrosamento (imbricamento) entre as partículas individuais. Por outro lado, partículas angulosas têm maior área superficial e exigem uma maior quantidade de água para a mesma trabalhabilidade em concretos. - A textura superficial do agregado tem influência sobre sua aderência com a pasta de cimento Portland e com o ligante betuminoso. - Agregados com textura mais áspera favorecem a aderência com a pasta de cimento ou com o cimento asfáltico. Isso influencia na resistência do concreto (hidráulico ou betuminoso), principalmente quando submetidos à flexão. Outros aspectos importantes de serem levados em consideração na caracterização dos agregados: - Substâncias deletérias presentes: são aquelas que estão presentes como constituintes minoritários, tanto nos agregados graúdos quanto nos miúdos, mas que são capazes de prejudicar a trabalhabilidade, a pega e endurecimento e as características de durabilidade do concreto. - Causa decomposição da pasta, eflorescências e manchamento no concreto. Podem interferir na hidratação do cimento (podendo até inibir a hidratação). Ocorre frequentemente em areias de naturais Ex: Matéria orgânica (NBR NM 49), material pulverulento (NBR 7219), sais minerais (NBR 9917), Minerais reativos (NBR 9773/9771/10340), Argilas em Torrões e Materiais Friáveis (NBR 7218) Friabilidade: tendência do agregado desagregar. Segundo a Norma NM 51: 2001, Abrasão Los Angeles é o desgaste sofrido pelo agregado, quando colocado com uma carga abrasiva, submetida a um determinado número de rotações da máquina do ensaio à velocidade de 30 a 33 rpm (até 500 rotações). Aglomerante Aglomerante é o material ativo, ligante, cuja principal função é formar uma pasta que promove a união entre os grãos do agregado. São utilizados na obtenção das argamassas e concretos, na forma da própria pasta e também na confecção de natas. Os aglomerantes funcionam como elementos ativos nas pastas, argamassas e concretos, isto é, sofrem transformação química. Pastas: mistura de aglomerantes com água. São poucos usadas devido aos efeitos secundários causados pela retração. Podem ser utilizadas nos rejuntamentos de azulejos e ladrilhos. Natas: são pastas preparadas com excesso de água. As natas de cal são utilizadas em pintura, e as de cimento são usadas sobre argamassas para obtenção de superfícies lisas. Classificação dos aglomerantes quanto ao tipo de pega: Ativos: 1) Aéreos: endurecem pela ação química do CO2 do ar. Ex.: cal aérea, gesso, cimento sorel, etc. 2) Hidráulicos: endurecem pela ação exclusiva da água de amassamento. Esse fenômeno recebe o nome de hidratação. Ex.: cal hidráulica, cimento romano, cimento portland comum, cimento de escória, cimento branco, etc. Inertes (inativos): endurecem por secagem. Ex.: argilas e betumes Nota: o cimento magnesiano, cimento sorel ou magnésia sorel, é um aglomerante muito resistente, obtido pela reação do óxido de magnésio e cloreto de magnésio. Classificação dos aglomerantes quanto à composição: Aglomerantes simples: são constituídos de um único aglomerante, podendo ser misturadas outras substâncias em pequenas quantidades, com a finalidade de regular a pega. Ex.: cal, cimento portland comum. Classificação dos aglomerantes quanto à composição: Aglomerantes compostos: é um aglomerante simples misturado com produtos tais como a pozolana e a escória. Ex.: cimento pozolânico, cimento de escória, cal pozolânica, etc. Conceito de Pega: Pega é a perda da fluidez da pasta. Ao se adicionar, por exemplo, água a um aglomerante hidráulico, depois de certo tempo, começam a ocorrer reações químicas de hidratação, que dão origem à formação de compostos, que, aos poucos, vão fazendo com que a pasta perca sua fluidez, até que deixe de ser deformável para pequenas cargas e se torne rígida. Início de pega de um aglomerante hidráulico é o período inicial de solidificação da pasta. É contado a partir do lançamento da água no aglomerante até o início das reações químicas com os compostos do aglomerante. Esse fenômeno é caracterizado pelo aumento brusco da viscosidade e pela elevação da temperatura da pasta. Fim de pega de um aglomerante hidráulico é quando a pasta se solidifica completamente, não significando, entretanto, que ela tenha adquirido toda a sua resistência, o que só será conseguido após um longo tempo, podendo chegar a anos. O cimento Portland: - O cimento Portland é um ligante hidráulico, produto obtido pela pulverização do clínquer constituído essencialmente de silicatos hidráulicos de cálcio, com uma certa proporção de sulfato de cálcio natural (3% a 5%), contendo essencialmente, adições de certas substâncias que modificam suas propriedades ou facilitam seu emprego. - Seu uso é expressivo na construção civil por suas inúmeras aplicações. Com cimento Portland se podem preparar pastas, argamassas, concretos, grautes e outros compósitos, que servem à execução de artefatos como blocos, telhas, tubos, pavimentos, postes, mourõespara cercas, vasos, guias; bem como elementos estruturais pré-fabricados como vigas, pilares, lajes, painéis, estacas e incontáveis tipos de estruturas moldadas in loco. - A propriedade mais conhecida dos diversos tipos de compósitos preparados a partir do cimento Portland é a resistência à compressão. Destaca-se também: facilidade de uso, possibilidades de moldagem de formas variadas, boa interação com outros materiais e durabilidade. Constituintes do cimento Portland: Constituintes: - Cal (CaO); - Sílica (SiO2 ) - Alumina (Al2O3 ) - Óxido de ferro (Fe2O3 ) - Magnésia (MgO) - Anidrita (CaSO4 ) – para retardar tempo de pega. Impurezas: - Óxido de sódio (Na2O) – álcali do cimento - Óxido de potássio (K2O) – álcali do cimento - Óxido de Titânio (TiO2) Combinações químicas: -silicato tricálcico (3CaO. SiO2 ) = Ca3 S - Alita -Silicato bicálcico (2CaO. SiO2 ) = Ca2 S - Belita - Aluminato tricálcico (3CaO. Al2O3 ) = Ca3A – Celita ou Aluminato - Ferro aluminato tetra-cálcico (4CaO. Al2O3 . Fe2O3 ) = C4AFe - Ferrita A composição potencial do cimento Portland varia em função das condições de operação do forno e subsequente resfriamento. Constituintes do cimento Portland: - Papel dos compostos constituintes do cimento: - Silicato tricálcico (Ca3 S) - Alita: é o maior responsável pela resistência em todas as idades, especialmente até o fim do primeiro mês de cura; - Silicato bicálcico (Ca2 S) - Belita: adquire maior importância no processo de endurecimento em idades mais avançadas, sendo largamente responsável pelo ganho de resistência a um ano ou mais; - Aluminato tricálcico (Ca3A) – Celita ou Aluminato: contribui para a resistência, especialmente no primeiro dia; - Ferro aluminato tetracálcico (C4AFe) – Ferrita: em nada contribui para a resistência, contribuindo em muito para o calor de hidratação, especialmente no início do período de cura; o C3 S também contribui no processo de liberação de calor. - O aluminato de cálcio quando presente na forma cristalina é o responsável pela rapidez de pega. Com a adição de proporção conveniente de gesso, o tempo de hidratação é controlado. - O silicato tricálcico (C3 S) é o segundo componente com responsabilidade pelo tempo de pega do cimento. Adições: As adições são as outras matérias-primas, que misturadas ao clínquer na fase de moagem, fazem com que se obtenha os diversos tipos de cimento Portland disponíveis no mercado. As principais matérias-primas adicionadas ao clínquer são: o gesso, as escórias de alto-forno, os materiais pozolânicos e os materiais carbonáticos. Gesso: tem como função básica regular o tempo de pega do cimento; Escória de alto-forno: é o subproduto obtido durante a produção de ferro-gusa nas indústrias siderúrgicas, resultante do processo de fusão do minério de ferro, com cal e carvão. A escória se separa do ferro gusa por diferença de densidade. Quimicamente, é composta de uma série de silicatos que ao serem adicionados ao clínquer do cimento, são capazes de sofrer reações de hidratação e posterior endurecimento. A adição de escória contribui para a melhoria de algumas propriedades do cimento, como, por exemplo, a durabilidade e a resistência a agentes químicos; Materiais pozolânicos: são rochas vulcânicas ou matérias orgânicas fossilizadas encontradas na natureza (terras diatomáceas), certos tipos de argilas queimadas em elevadas temperaturas e derivados da queima de carvão mineral nas usinas termelétricas, entre outros. Esses materiais, também apresentam propriedades ligantes, se bem que de forma potencial (para que passem a desenvolver a propriedade de ligante não basta a água, é necessária a presença de mais um outro material, por exemplo o clínquer). O cimento com adição desse material apresenta a vantagem de conferir maior impermeabilidade as misturas com ele produzidas; Materiais carbonáticos: são minerais moídos e calcinados. Contribui para tornar a mistura mais trabalhável, servindo como um lubrificante entre as partículas dos demais componentes do cimento. Pozolanas: Nota: O uso conveniente das pozolanas nos concretos de cimento Portland melhora muitas das qualidades desse material, como por exemplo, a trabalhabilidade; além disso, diminui o calor de hidratação, aumenta a impermeabilidade, assim como a resistência aos ataques por águas sulfatadas, águas puras e águas do mar, diminui os riscos de reação álcali-agregado, a eflorescência por percolação de água e , finalmente, os custos. Fabricação do Cimento: - As matérias-primas utilizadas na fabricação do cimento Portland são, usualmente, misturas de materiais calcários e argilosos em proporções adequadas que resultem em composições químicas apropriadas para o cozimento. - Entre os materiais calcários utilizados encontram-se o calcário propriamente dito, conchas de origem marinha, etc. - Entre os materiais argilosos encontram-se a argila, xistos (rocha metamórfica laminada), ardósia e escórias de alto-forno. - A fabricação do cimento Portland comporta seis operações principais, a saber: 1. Extração de matéria-prima; 2. Britagem; 3. Moedura e mistura; 4. Queima; 5. Moedura do Clínquer; 6. Expedição. Queima: - O forno é constituído por um longo tubo de chapa de aço, revestido internamente de alvenaria refratária, girando lentamente em torno de seu eixo, levemente inclinado, tendo na extremidade mais baixa um maçarico onde se processa a queima de combustível e recebendo pela sua boca superior o cru. - A operação de queima da mistura crua leva à produção do clínquer, subsequentemente resfriado. O processo de queima leva de 3 horas e meia a 4 horas. O clínquer sai do forno incandescente e é resfriado mediante corrente de ar ou mesmo por ação de água. O clínquer resfriado é conduzido a depósitos apropriados. Moedura do Clínquer: - A operação de moagem do clínquer é realizada em moinhos de bola conjugados com separadores a ar. Sendo o clínquer um material extremamente duro, a moagem é uma operação dispendiosa, onde são consumidas as esferas de aço duro utilizadas dentro do moinho. O clínquer entra no moinho já com a parcela de gipsita utilizada para controle do tempo de pega do cimento. - O clínquer pulverizado é conduzido pneumaticamente para os separadores de ar, um ciclone que reconduz ao moinho os grãos de tamanho grande e dirige os de menor tamanho, o cimento propriamente dito, para os silos de estocagem. Expedição: - O produto acabado, o cimento Portland artificial, é então ensacado automaticamente em sacos de papel apropriado (papel kraft) ou simplesmente encaminhado a granel para os veículos de transporte; - A maior parte do cimento consumido em obras é ensacada e transportada, por via ferroviária ou rodoviária. Envolve tal operação perda por sacos rasgados, que alcança até 2%. Armazenamento: - O cimento exige algum cuidado no canteiro de serviço. É necessário evitar qualquer risco de hidratação. Os sacos de papel não garantem a impermeabilização necessária, razão pela qual não se deve armazenar cimento por muito tempo; - Os barracões para armazenamento de cimento devem ser bem cobertos e bem fechados lateralmente, devendo ser o soalho bem acima do nível do solo. - Para armazenagem por curto espaço de tempo, podem-se cobrir as pilhas de sacos de cimento com lona, sendo elas colocadas sobre estrados de madeira convenientemente elevados do solo. Não se recomenda o armazenamento de cimento por mais de três meses. - Quando se inicia a hidratação, o que se reconhece pela existência de nódulos que não se desmancham com a pressão dos dedos, o cimento torna-se suspeito. Pode ser usado, após peneiramento, somente em serviços secundários, como argamassas, pavimentos secundários, etc. TIPOS DE CIMENTO: Cimento Portland comum (CP-I): - O CP-I, é otipo mais básico de cimento Portland, indicado para o uso em construções que não requeiram condições especiais e não apresentem ambientes desfavoráveis como exposição à águas subterrâneas, esgotos, água do mar ou qualquer outro meio com presença de sulfatos. - A única adição presente no CP-I é o gesso (cerca de 3%, que também está presente nos demais tipos de cimento Portland). O gesso atua como um retardador de pega, evitando a reação imediata da hidratação do cimento. - A norma brasileira que trata deste tipo de cimento é a NBR 5732. Cimento Portland comum com adição (CP I-S): - O CP I-S, tem a mesma composição do CP I (clínquer+gesso), porém com adição reduzida de material pozolânico (de 1 a 5% em massa). - Este tipo de cimento tem menor permeabilidade devido à adição de pozolana. - A norma brasileira que trata deste tipo de cimento é a NBR 5732. Cimento portland composto com escória (CP II-E) – NBR 11578: - Os cimentos CP II são ditos compostos pois apresentam, além da sua composição básica (clínquer+gesso), a adição de outro material. - O CP II-E, contém adição de escória granulada de altoforno, o que lhe confere a propriedade de baixo calor de hidratação. - O CP II-E é composto de 94% à 56% de clínquer+gesso e 6% à 34% de escória, podendo ou não ter adição de material carbonático no limite máximo de 10% em massa. - O CP II-E, é recomendado para estruturas que exijam um desprendimento de calor moderadamente lento. - O cimento Portland Composto com escória, CP II-E-32 pode ser aplicado em argamassas de assentamento, revestimento, contrapiso e chapisco, em concretos simples, armado, rolado ou projetado, em blocos de concreto e elementos pré-moldados de cimento, pavimentos e calçadas, além de solo- cimento (mistura de cimento e terra), concreto com agregados reativos e outros. Cimento portland composto com pozolana (CP II-Z) – NBR 11578: - O CP II-Z contém adição de material pozolânico que varia de 6% à 14% em massa, o que confere ao cimento menor permeabilidade, sendo ideal para obras subterrâneas, principalmente com presença de água, inclusive marítimas. - O cimento CP II-Z, também pode conter adição de material carbonático (fíler) no limite máximo de 10% em massa. - Aplicações: Concreto simples, armado ou usinado, estruturas de concreto em geral, fundações, estacas, galerias subterrâneas, argamassas de assentamento e revestimento, concreto magro para passeio e revestimento. Cimento portland composto com Fíler (CP II-F) – NBR 11578: - O CP II-F é composto de 90% à 94% de clínquer+gesso com adição de 6% a 10% de material carbonático (fíler) em massa. - Este tipo de cimento é recomendado desde estruturas em concreto armado até argamassas de assentamento e revestimento, porém não é indicado para aplicação em meios muito agressivos. USOS: Pisos industriais e comerciais; Argamassas de revestimento, assentamento, regularização, armada e chapisco; Concreto para pavimentação Concreto estrutural e protendido (lajes, pilares e vigas) Argamassas industrializadas. Fibrocimento (caixa d'água,telhas). Cimento Portland de alto-forno (CP III) – NBR 5735: - O cimento portland de alto-forno contém adição de escória no teor de 35% a 70% em massa, que lhe confere propriedades como: baixo calor de hidratação, maior impermeabilidade e durabilidade. - É recomendado tanto para obras de grande porte e agressividade (barragens, fundações de máquinas, obras em ambientes agressivos, tubos e canaletas para condução de líquidos agressivos, esgotos e efluentes industriais, concretos com agregados reativos, obras submersas, pavimentação de estradas, pistas de aeroportos, etc) como também para aplicação geral em argamassas de assentamento e revestimento, estruturas de concreto simples, armado ou protendido, etc. Cimento Portland Pozolânico (CP IV) NBR 5736: - O cimento portland Pozolânico contém adição de pozolana no teor que varia de 15% a 50% em massa. Este alto teor de pozolana confere ao cimento uma alta impermeabilidade e consequentemente maior durabilidade. - O concreto confeccionado com o CP IV apresenta resistência mecânica à compressão superior ao concreto de cimento Portland comum a longo prazo. É especialmente indicado em obras expostas à ação de água corrente e ambientes agressivos. Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI): - O CP V-ARI assim como o CP-I não contém adições (porém pode conter até 5% em massa de material carbonático). O que o diferencia deste último é processo de dosagem e produção do clínquer. - O CP V-ARI é produzido com um clínquer de dosagem diferenciada de calcário e argila se comparado aos demais tipos de cimento e com moagem mais fina. Esta diferença de produção confere a este tipo de cimento uma alta resistência inicial do concreto em suas primeiras idades, podendo atingir 26MPa de resistência à compressão em apenas 1 dia de idade. - É recomendado o seu uso, em obras onde seja necessário a desforma rápida de peças de concreto armado. - A norma brasileira que trata deste tipo de cimento é a NBR 5733. Cimento Portland Resistente a Sulfatos (RS): Qualquer um dos tipos de cimento Portland anteriormente citados pode ser classificado como resistentes a sulfatos, desde se enquadrem dentro de uma das características abaixo: • Teor de aluminato tricálcico (C3A) do clínquer e teor de adições carbonáticas de no máximo 8% e 5% em massa, respectivamente; • Cimentos do tipo alto-forno que contiverem entre 60% e 70% de escória granulada de alto-forno, em massa; • Cimentos do tipo pozolânico que contiverem entre 25% e 40% de material pozolânico, em massa; • Cimentos que tiverem antecedentes de resultados de ensaios de longa duração ou de obras que comprovem resistência aos sulfatos. - É recomendado para meios agressivos sulfatados, como redes de esgotos de águas servidas ou industriais, água do mar e em alguns tipos de solos. Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC): - Da mesma forma que o cimento resistente a sulfatos, qualquer um dos tipos de cimento Portland anteriormente citados pode ser classificado como de baixo calor de hidratação, desde que cumpra com esse requisito específico. - Os cimentos de baixo calor de hidratação são especialmente indicados para obras de grandes dimensões, como barragens, de forma a evitar processos de fissuração por gradiente térmico. - Segundo NBR 13116 (ABNT, 1994) são aqueles que geram até 260 J/g e até 300 J/g aos 3 dias e 7 dias de hidratação, respectivamente, e podem ser qualquer um dos tipos básicos. Cimento Portland Branco (CPB) NBR 12989: - O cimento portland branco é um tipo de cimento que se diferencia dos demais pela coloração. A cor branca é conseguida a partir de matérias-primas com baixos teores de óxidos de ferro e manganês e por condições especiais durante a fabricação, especialmente com relação ao resfriamento e à moagem do produto. Substitui-se a argila por caulim. - Segundo a NBR 12989, o cimento Portland branco é classificado em dois subtipos: cimento portland branco estrutural e cimento portland branco não estrutural.
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