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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 02 Aj G – Bol da PM nº 06-09 JAN 91 ATO DO COMANDANTE GERAL APROVA o “MANUAL DE POLÍCIA MONTADA”. (M-9)” e determina sua impressão. O COMANDANTE GERAL DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, no uso de suas atribuições legais, e de acordo com o disposto no inciso II do Art. 11 do Decreto nº 913, de 30 de setembro de 1976 e, tendo em vista o previsto nos artigos 51, 72 e 73 das “Instruções Gerais para as publicações na PMERJ (IG-1)”. RESOLVE: Art.1º - APROVAR o “MANUAL DE POLÍCIA MONTADA”, que com este baixa. Art.2º - Identificar como “(M-9)” o referido manual. Art. 3º - Este ATO entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Rio de Janeiro, de de 1988. MANUEL ELYSIO DOS SANTOS FILHO CEL PM – CMT GERAL Por delegação: JORGE FRANCISCO DE PAULA CEL PM - CH EM 1 1 VOLUME I MANUAL DE POLÍCIA MONTADA CAPÍTULO I INTRODUÇÃO SEÇÃO I FINALIDADE Art. 1º - O presente Manual é um guia básico para instrução e o emprego da Policia Montada nas missões de policiamento e nas operações de controle de distúrbios e preservação da ordem pública, em todo o Estado do Rio de Janeiro. § 1º - Apresenta as normas de procedimentos específicos ao emprego de polícia Montada, quer seja nas missões de policiamento, quer seja nas operações de controle de distúrbios, sempre a cavalo. § 2º - As prescrições contidas neste Manual destinam-se aos quadros e a tropa de Unidade de Polícia Montada bem como aos cursos de formação e aperfeiçoamento da Corporação para instrução do pessoal destinado ao serviço em Unidade de Polícia Montada. § 3º - O presente Manual complementa com a parte de Polícia Montada as demais publicações reguladoras das missões e atividades inerentes à Polícia Militar. SEÇÃO II OBJETIVOS Art. 2º - Dentre os objetivos do Manual de Polícia Montada temos: I – Instruir os quadros e a tropa de Polícia Montada, desenvolvendo os conhecimentos sobre cavalo, razão básica do Policiamento Montado: II – Instruir sobre o arreiamento, equipamento e armamento específicos de Polícia Montada; III – Ministrar os rudimentos de equitação elementar necessários à formação dos quadros e da tropa de Polícia Montada; IV – Definir as características e as missões da Polícia Montada; V – Estabelecer a doutrina de emprego da Polícia Montada; VI – Orientar a instrução individual e coletiva na parte específica de Polícia Montada, dos quadros e da tropa; VII – Indicar a organização de Unidade e Subunidade PMont; VIII – Indicar a formação regimental de especialistas (enfermeiro-veterinário, ferrador, seleiro-correio e clarim); IX – Desenvolver o moral, a iniciativa, a confiança, o amor ao cavalo, a mística e o orgulho da tropa hipo-móvel. CAPÍTULO II GENERALIDADES SEÇÃO I DEFINIÇÕES I – POLICIAMENTO OSTENSIVO MONTADO (POG Mont) é a atividade exercida pela Unidade de Polícia Militar com as características e propriedades essenciais para o EMPREGO A CAVALO, seja em missões de policiamento, seja em operações de 2 2 controle de distúrbios, em qualquer local do Estado do Rio de Janeiro, apoiado e/ou apoiada por Unidade PM. II – UNIDADE MONTADA (U Mont) é um elemento policial-militar que utiliza em todas as missões que lhe são afetas, o HOMEM A CAVALO, quer em policiamento, quer em controle de distúrbio. III – REGIMENTO DE POLÍCIA MONTADA (RP Mont) Unidade Operacional Especial , destinada ao EMPREGO À CAVALO composta por Esquadrões de Polícia Montada. IV – ESQUADRÃO DE POLÍCIA MONTADA (Esqd PMont) é Subunidade constitutiva do RP Mont. É uma Unidade tática de emprego porque possui em seu cerne todas as qualidades, características e servidões da Tropa Hipo-móvel. É o elemento base de manobra do RP Mont porque é: 1- Flexível, adaptando-se rapidamente as situações; 2- Móvel, apto para agir em qualquer terreno e sob quaisquer condições de tempo; 3- Rápido, podendo realizar etapas diárias superiores a 40 Km; 4- Capaz, para o desempenho das missões normais que lhe sejam atribuídas. V – PELOTÃO DE POLÍCIA MONTADA (Pel Mont) constitutivo do Esqd PMont, reune as qualidades, características e servidões inerentes à Subunidade, de modo a dispor de condições de emprego isolado ou enquadrado no Esqd PMont. SEÇÃO II CARACTERÍSTICAS Art. 3º - A Polícia Montada baseia suas condições de emprego em características que lhe são próprias: I – MOBILIDADE, II – CAPACIDADE DE CHOQUE. § 1º - A mobilidade resulta da aptidão de seus elementos montados para os movimentos rápidos e flexíveis, em qualquer terreno, com vistas ao aproveitamento máximo dos efeitos da surpresa aliados aos efeitos psicológicos causados pela presença dos solípedes; § 2º - A Capacidade de Choque é oriunda da aptidão de seus elementos para o emprego montado em ações de Choque visando à dispersão rápida de amotinados e a varredura e ocupação de uma área. SEÇÃO III PROPRIEDADES Art. 4º - Do aproveitamento dos recursos oriundos da combinação das características surgem as seguintes propriedades: I- GRANDE RAIO DE AÇÃO, II- RAPIDEZ E FLEXIBILIDADE DE MANOBRA, III- CAPACIDADE DE COMBATE, IV- CAPACIDADE DE VER E SER VISTO A DISTÂNCIA, V- APROVEITAMENTO DOS EFEITOS PSICOLÓGICOS § 1º - O grande raio de ação permite executar missões em qualquer local que seja indicado, deslocando-se a cavalo ou em transportes motorizados especiais, dispondo de condições de emprego em apoio e / ou apoiada por outra OPM; 3 3 § 2º - A rapidez e flexibilidade de manobra permite mudanças rápidas de direção e de formação combinando o movimento com a obtenção de efeitos surpresa em proveito de uma forte ação de choque bem como deslocamentos rápidos para os pontos em que eventualmente seja necessário seu emprego; § 3º - A capacidade de combate que possibilita o cumprimento de suas diferentes missões a despeito de reações adversas bem como o emprego em ações rápidas e decisivas durante a operação; § 4º - A capacidade de ver e ser visto à distância se aplica somente em missões de policiamento preventivo e resulta do fato do homem montado ter condição de ver a distância e também ser visto facilmente, mesmo em locais de aglomeração pública; § 5º - Aproveitamento dos efeitos psicológicos motivados pelo medo e aversão normalmente causados pela presença e/ou proximidade do cavalo, pelo respeito causado pelo homem montado bem como aproximação de uma formação a cavalo. § 6º - As propriedades são complementadas com a possibilidade de informar-se e cobrir-se, sem depender de outras Unidades e pela aptidão de seus quadros e tropa para as missões mais diversas e arriscadas, o gosto da iniciativa, devido a sua formação peculiar. § 7º - Fundamentalmente a Polícia Montada, oriunda da cavalaria, baseia as suas condições de emprego em todas as missões de Polícia Militar nas características e propriedades essenciais da Arma, o que lhe permite atuar SEMPRE A CAVALO, em qualquer local do Estado do Rio de Janeiro, que lhe seja determinado. SEÇÃO IV MISSÃO Art. 5º - Executar especificamente o patrulhamento montado em qualquer ponto do Estado do Rio de Janeiro que lhe seja determinado (POG Mont e POT Mont). Art. 6º - Constituir reserva do CMT G/PMERJ para o pronto emprego de TROPA DE CHOQUE A CAVALO, em caso de perturbação da ordem, em qualquer local do Estado do Rio de Janeiro, que lhe seja determinado. Art. 7º - As missões de policiamento para emprego de tropa montada são as seguintes: I – Patrulhamento de ruas, avenidas e praças constituindo setores ou sub setores de patrulhamento; II – Patrulhamento de parques e jardins; III – Patrulhamento de praias; IV – Patrulhamento de terminais rodoviários;V – Patrulhamento florestal; VI – Patrulhamento de feiras; VII – Segurança de pontos sensíveis e instalações vitais; VIII – Segurança de estabelecimentos penais (parte externa); IX – Patrulhamento externo de praças de esportes; X – Policiamento de locais durante grandes eventos com concentração popular; XI – Patrulhamento externo de órgãos públicos; XII – Controle de trânsito. Parágrafo único – Eventualmente, por necessidade de serviço, a UMont poderá receber missão de interdição de local quando empregará patrulhamento montado também, com a característica de permanecer apeado no local da interdição. 4 4 Art. 8º - No caso de perturbação da ordem serão empregadas frações de choque a cavalo para o controle de distúrbios. Art. 9 º - A tropa de Polícia Montada executará ostensivamente ação preventiva e/ou repressiva conforme a situação apresenta. Art. 10 - A Polícia Montada poderá ser empregada também em missões de: - Segurança de Unidades; - Reconhecimento de instalações vitais; - Ocupação e defesa de instalações vitais; - Ações contra guerrilha. SEÇÃO V LOCAIS DE EMPREGO Art. 11 - A Polícia Montada será empregada na execução de missões próprias de policiamento ostensivo, SEMPRE A CAVALO em qualquer local e/ou qualquer terreno, em policiamento ou em operações de controle de distúrbios em: I – Zona urbana (essencialmente); II – Zona urbanizada (eventualmente); III – Zona não urbana; IV – Zona rural. Parágrafo único – Em tais zonas será empregada em: 1)- Centros comerciais; 2) – Centros industriais; 3) – Zonas residenciais; 4) – Centros de concentração popular. SEÇÃO VI ALCANCE Art. 12 – POG Mont, deslocando-se a cavalo, em razão das velocidades e andaduras regulamentares terá o seguinte alcance: I – Ao passo (andadura normal de patrulhamento) – 6 Km/h ou 100 m/min; II – Ao trote (pode ser usado no deslocamento, alternando períodos de passos) – 13 Km/h ou 220 m/min; III – Ao galope (somente para emergências) – 10 Km/h ou 320 m/min; § 1º - Em razão das velocidades e andaduras regulamentares, a tropa a cavalo se deslocará para emprego à distância de 6 Km de sua sede. Para deslocamentos maiores, sempre que possível, a cavalhada será transportada por meios motorizados. § 2º - As disposições acima se aplicam também ao deslocamento de tropa de choque a cavalo. 5 5 § 3º - A Tropa Montada se deslocará a cavalo para qualquer tipo de emprego, a mais de 6 Km de sua sede em casos de extrema necessidade do serviço e/ou absoluta falta de condições de transporte motorizado da cavalhada. CAPÍTULO III INSTRUÇÃO SEÇÃO I INSTRUÇÃO DE POLÍCIA MONTADA Art. 13 – A INSTRUÇÃO DE POLÍCIA MONTADA tem por fim completar a instrução própria de Polícia Militar dos quadros e da tropa P Mont com fim de ensinar o homem a agir montado, individualmente, ou em proveito de uma ação coletiva, isto é, formar homens aptos ao emprego montado em todas as circunstâncias, enquadrado ou não, em missões de policiamento montado ou de controle de distúrbios. § 1º - Essa instrução compreende: 1) – Uma instrução individual destinada a ministrar ao cavaleiro os conhecimentos básicos para atuar, em qualquer situação, quer isolado, quer enquadrado; 2) – Uma instrução coletiva visando formar as frações Pmont aptas para emprego montado em missões de policiamento e/ou operações de controle de distúrbios. § 2º - A instrução individual e coletiva abrange também a preparação técnica do cavaleiro permitindo desenvolver paralelamente, o valor individual e a coesão. § 3 º - A instrução, mesmo ministrada na Subunidade, guarda o seu caráter individual se o instrutor: 1) – Der ao cavaleiro a liberdade de apreciar, por si mesmo a situação em que se encontrar, pedindo-lhe uma decisão; 2) – Fizer com que o cavaleiro compreenda a razão de ser do que foi executado ou ordenado; 3) – Mostrar materialmente em todas as ocasiões favoráveis, que o valor técnico e a energia do indivíduo são indispensáveis ao sucesso do conjunto, podendo a sua ignorância e desânimo compromete-lo seriamente; 4) – Essa maneira de proceder obriga cada um a fazer esforço de reflexão, de vontade e de iniciativa pessoal, sendo, entretanto necessário que a situação seja perfeitamente clara e por todos compreendidas. § 4º - A educação moral, base de toda instrução militar, é da mais alta e especial importância, devendo sempre ser relembrada durante a instrução do cavaleiro. É inútil ensinar a um graduado a comandar uma patrulha de choque ou a um cavaleiro como executar o patrulhamento montado de um setor ou sub setor, se não foi gravado em seu espírito, previamente, o sentimento de honra e do dever militar, bem como o amor a sua montada. 6 6 Art. 14 – O MORAL. O primeiro objetivo que a si próprio deve impor um instrutor é o desenvolvimento do moral de seus cavaleiros. Esta parte da instrução deve ser objeto de uma preocupação diária. Não basta preparar seus cavaleiros tecnica e taticamente para a instrução de conjunto das subunidades; necessários se tornar que estejam preparados para o emprego tanto em missão de policiamento como em operação de controle de distúrbios. § 1º - É preciso que a tropa seja animada, entusiasmada, moralizada, dotada do espírito da Arma de Cavalaria, para estar pronta para qualquer missão que lhe seja atribuída. Para fazer os cavaleiros adquirirem o moral próprio, incurtir-lhe a idéia de que se preparam para executar missões onde é primordial o emprego do cavalo é necessário que, desde o início se lhes erga o moral, se lhes mostre que do sacrifício exigido dos cavaleiros, depende o êxito do cumprimento da missão. § 2º - É a confiança do cavaleiro em sua força, na sua coragem, no valor de suas armas, no adestramento de sua montada, que constituem os alicerces do seu moral. Desenvolver a audácia, o sangue frio é a melhor maneira de dar-lhes confiança, § 3º - O valor moral dos quadros é o elemento essencial da confiança que ele inspiram à tropa. É preciso que o instrutor e chefe pratique as virtudes que tem obrigação de despertar e cultivar no soldado e que tenha sempre presente, que nenhum ensino verbal poderá substituir o exemplo. É no amor ardente à pátria, no conhecimento documentado e racionado de suas necessidades e perigos que ela pode correr, que um cavaleiro baseia nos altos sentimentos do dever, abnegação e do sacrifício, que são o nobre apanágio de sua carreira. Eis porque a educação moral dos quadros está ligada ao desenvolvimento da sua cultura geral. § 4º - O valor da Polícia Montada, por ser oriunda da cavalaria, reside não só na potência material que resulta do armamento, do cavalo e do cavaleiro, convenientemente preparados para o emprego, mas também da força moral, que torna quadros e homens capazes de vencer as mais duras provas. A força moral do soldado tem por base a fé na grandeza e nos destinos da Pátria, a convicção de defender uma causa justa, a confiança nos chefes e o sentimento no seu próprio valor como policial militar. A força moral é sustentada pelo espírito de disciplina que assegura a rigorosa obediência às ordens recebidas. Exaltar o patriotismo, desenvolver o espírito de sacrifício e sentimento de dever policial militar, inspirar a confiança e fazer compreender a necessidade de disciplina. Art 15 – A FORMAÇÃO MORAL A formação da moral destinada a aumentar o valor do combatente deve ser diferente desta vagas e fusos sentimentais e banalidades verbais. É necessário mostrar ao soldado objetivos claros, práticos e precisos, a saber; §1º - Desenvolver a tenacidade, trata-se de prepará-los submetendo-os à ação dos fatores que podem influir na tenacidade. São eles: a fadiga e sofrimento físico. Devem, portanto, os instrutores mostrar-se exigentes e severos, sem brutalidade, porque a tenacidade não se cultiva com pequenas abdicações. §2º-Quando nossos soldados houverem aprendidos a serrar os dentes para num grande esforço permanecerem em forma, poderemos contar com o êxito no cumprimento das missões atribuídas a Polícia Montada. 7 7 Art 16 – Desenvolver a combatividade, é desenvolver o gosto e mesmo a paixão pela luta e dedicação ao cumprimento da missão recebida. Às vezes ela é natural, alguns nascem combativos; a combatividade adquire várias formas. §1º - Há combatividades ardentes e calmas, joviais e coléricas, agressivas e tenazes, cegas e refletivas, variáveis e constantes. Uma grande maioria de indivíduos não é combativa, mas pode tornar-se de uma certa medida por necessidade por contágio, por influência da educação militar, porque o hábito de certo gestos terminar por influir na mentalidade. §2º - Aumentar a combatividade por todos os meios, reforçando ou compensando as qualidades deprimentes, é a missão que se impõe aos instrutores. Art 17 - Desenvolver a consciência é necessário porque o cavalariano isolado, em missão de policiamento ou de segurança de local, escapa ao olhar disciplinador do chefe, que somente o fiscaliza a executar a supervisão. Parágrafo Único – O estado consciente é formado: 1) Criando imperativos categóricos, verdadeiros comandos próprios. Emprega-se para isso a leitura, o desenho, pequenas cenas a fim de impô-los com evidência ao instruendo. 2) Criando a consciência profissional. Art 18 – Desenvolver o patriotismo. O patriotismo é desenvolvido em palestras sobre os grandes feitos da historia, sobre os episódios da historia da Polícia Montada ou sobre acontecimentos da atualidade. Os grandes feitos maiores será fonte inesgotável de exemplos modeladores com que os instrutores ilustrarão as suas preleções sobre esse espírito de sacrifício intransigente e sem alarde, que foi em todas as épocas e apanágio de nosso povo. Art 19 – Desenvolver a confiança A confiança em si mesmo, fator primordial de uma temperatura moral elevada, nasci e se desenvolve progressivamente no soldado sem que ele sinta. A confiança nos chefes decorre da ação educativa resultante de seus atos, onde revelam o valor profissional, a justiça nos julgamentos e a dignidade moral de seu viver. §1º - A confiança do soldado nos seus camaradas surge durante os exercícios coletivos, conduzidos de forma a pôr em relevo a solidariedade dos combatentes. Cresci em todas as circunstâncias da vida militar que permitem evidenciar a audácia, o sofrimento mútuo e a camaradagem leal daqueles que trabalham entrono dele. §2º - A confiança recíproca entre chefes e subordinados incita estes últimos a fazerem trabalho de iniciativa própria, sem nunca comprometerem a disciplina. §3º - Em resumo, a confiança é conseqüência lógica de uma educação e de uma instrução militar bem conduzidas. O homem que tem confiança aceita mais facilmente as exigências da disciplina. Art. 20 - Desenvolver a iniciativa e o raciocínio Após o moral é preciso desenvolver no cavaleiro a iniciativa e o raciocínio. Ter iniciativa é exercer livremente a atividade no quadro da ordem recebida, ou atuar, mesmo na eventualidade de falta de ordem, segundo a vontade do chefe. Ao cavaleiro compete por si só escolher a decisão a tomar, quando por uma circunstância fortuita o chefe não estiver presente ou próximo. §1º - Em hipótese alguma deve o mesmo permanecer parado à espera que venha a ordem para cumprir uma determinada ação em proveito da coletividade; entra em ação nesse momento o raciocínio do cavaleiro. Longe do chefe, se um meio de comunicação com ele, o cavaleiro cuja moral o impõe a decidir apela para o seu raciocínio e estuda a situação, procura por sua iniciativa em beneficio da coletividade e de si próprio, qual ação conveniente a executar. §2º - O desenvolvimento do raciocínio no cavaleiro é, portanto uma das preocupações do instrutor que treinando-o verá por sua vez surgir a iniciativa do homem como conseqüência do seu esforço. Art 21 – O primeiro dever do chefe em quaisquer que sejam as circunstâncias, zelar pela execução integral das ordens. 8 8 § 1º - Não basta que o soldado se submeta exteriormente a regra da disciplina, é ainda necessária a sua convicção de que elas são indispensáveis; é finalmente preciso que obedeça com convicção, e não por termos de castigos. Ser disciplinado é aceitar conscientemente e sem vacilação a necessidade de uma lei comum que regule e coordene os esforços de todos. § 2º - O moral de uma Unidade é o trabalho de seu comandante. Sua atuação judiciosa em todos os atos de serviço faz nascer o – espírito de corpo – expressão lídima no valor moral da tropa. Na sua tarefa de educador, o comandante da unidade tem como auxiliares todos os oficiais. § 3º - O esquadrão é por excelência, a unidade de educação moral do soldado. Seu efetivo é tal que o capitão pode e deve conhecer todos os seus homens, aprecia-lhes as virtudes e os defeitos; é por isso, quem melhor pode exercer sobre eles uma ação pessoal continuada e orientar as mentalidades que deixe a desejar. O capitão dá ou solicita as recompensas, examina os motivos das menores punições, preside todos os detalhes da vida diária da subunidade e, pelo o modo de administra-la assegura o bem estar dos seus homens. É enfim no âmbito do Esquadrão que se desenvolve, camaradagem, fonte fecunda da solidariedade e do devotamento. Art 22 – Desenvolver o amor ao cavalo. Acima de tudo deve se procurar desenvolver ao grau máximo, amor ao cavalo, estimulando os graduados e praças a escolher a sua montada, dispensar todos os cuidados ao bem estar do animal. §1º - O cavalo é a razão básica de uma Unidade Montada, é o seu meio disponível e essencial para o cumprimento de todas as missões que lhe sejam atribuídas. §2 – O cavalo é o companheiro direto e leal de todo o cavaleiro, em todos os momentos de sua atividade militar; é o fato de diferença da Polícia Montada com relação às outras OPM em razão de seu emprego essencialmente montado. SEÇÃO II PAPEL DO INSTRUTOR Art. 23 – Qualidade do Instrutor §1º - Uma doutrina sem mestre é votada de ante mão à esterilidade. O instrutor é, pois, a chave do ensino eqüestre e a alma de sua escola de instrução. Além dos predicados de “homem – cavalo” deve possuir uma resistência de toda prova, elevação e firmeza de caráter, e manter sempre a condição de exemplo nos uniformes, atitudes e ações precisas. §2º - Suas palavras ao serviço de um real saber é sempre medida e severamente livre de impropriedades, pois, um homem destituído de auto domínio não é digno de comandar outros homens. §3º - O instrutor deve ser benévolo para irradiar confiança, enérgico a fim de exigir a execução necessária, prudente para evitar acidentes, audacioso para tornar audácia um habito, paciente para suportar a lentidão do progresso e pertinaz para atingir os objetivos. §4º - Conforme as circunstâncias, de tempo e local, estabelece para o seu trabalho uma progressão lógica, acorde com os preceitos regulamentares, assegura a sucessão normal das etapas prefixadas e prende a atenção dos instruendos pelas variedades de ensino, enriquecido dia a dia com elemento novo e previsto. §5º - As explicações a dar durante o trabalho montado serão reduzidas ao estritamente necessário, formuladas com precisão e enunciadas de maneira e localização tais que todos os cavaleiros as ouçam; são infrutíferas nas andaduras vivas, e por isso indevidas. De outro lado é imprescindível não deixar sem observação qualquer erro individual relativo à posição do cavaleiro e governo do cavalo, pois, só a critica incessante dos mesmos erros logrará corrigir-los. 9 9 §6º - Em resumo, o instrutor deverá decompor cada dificuldade em tantas partes quantas as necessárias pra vence-la; conduz metodicamente o trabalho seriando as exigências. Terá sempre em mente, que o progresso, não é uma conseqüência do movimento, porem,da maneira como o movimento é executado. §7º - O conjunto destas prescrições constitui a essência do método, este é o esqueleto e não a alma da instrução. §8º - O instrutor encontrará na fertilidade da inteligência e amor à profissão, idéias a introduzir e palavras a empregar para impressionar a imaginação, recrear, persuadir e treinar seus cavaleiros. §9º - Uma boa instrução é conduzida com alegria e eficiência, o bom humor dos cavaleiros, fraqueza do olhar, empenho perspicaz, atração pelo cavalo são as provas de sua confiança e o penhor da rapidez dos progressos. §10 – Bem mais alto, acima de todas as virtudes do instrutor há um sentimento fundamental a iluminar seu ensino: a fé depositada na sua missão. §11 – Transformar uma turma de recrutas em tropa de cavaleiros voluntariosos, com cérebro trabalhando e imbuído do sentimento do dever, abnegação e sacrifício com base do espírito militar, e missão bem digna de atrair todas as forças de entusiasmo de uma alma de chefe. Art 24 – Objetivos a Atingir §1º - O trabalho preparatório adiante descrito com sobriedade intencional, comporta, sob o ponto de vista instrutor, alguns desenvolvimentos, sem os quais não daria os resultados dele justamente esperados. §2º - Nesta primeira etapa da instrução os objetivos sucessivos a atingir são: 1) tornar o cavaleiro confiante; 2) capacitá-lo com os meios para se manter a cavalo; 3) levá-lo a adquirir a independência das ajudas; 4) dar-lhe a posição regular do cavaleiro a cavalo. Art 25 – Aquisição de Confiança A instrução eqüestre do recruta é entravada no campo pela reação involuntária e instintiva do sistema nervoso e muscular causadora da contração. Corrige-se esse defeito geral pelo volteio conduzido alegremente, pelas conversas mantidas entre os próprios recrutas durante os passeios no exterior, o mesmo, se necessário, com parcas antigas cabresteando os cavalos dos mais desajeitados. Os cânticos em tom lento são também meios de obter a distração, estado psíquico a alcançar. As contrações particulares, surgidas desde o começo do trabalho individual, desaparecem pela pratica dos flexionamentos indicados na Escola do Cavaleiro. Para não perder nenhum dos efeitos úteis, é necessário seguir uma lógica: começar pela renal, espáduas, braços e a cabeça. Somente iniciar a execução dos movimentos das coxas e das pernas, depois de obtido o desembaraço da cabeça, tronco e braços. Mas os melhores flexionamentos são o bom humor e a alegria a conduzir rápida e definitivamente à aquisição da confiança. É necessário a eles juntar os complementos que desenvolvam o amor próprio e em seguida a autoconfiança, como poderosas alavancas na exploração do cavalo. Art 26 – Meio de Firmeza §1º - Estabelecido um primeiro grau de confiança é preciso dar aos cavaleiros os meios de firmeza que permitam o prosseguimento de sua instrução. O cavaleiro se mantém na sela pelo assento e pelos estribos. §2º - O Assento – é a qualidade que permite ao cavaleiro permanecer senhor de seu equilíbrio em todas as circunstâncias, sejam quais forem às reações do cavalo. É a principal qualidade a se buscar, pois, constitui a base da solidez em seguimento a obtenção da confiança e é garantia da boa mão de rédea, sem a qual não há conduta do cavalo nem adestramento possível. O assento resulta de uma descontração geral e em particular da flexibilidade da região renal que permitem o equilíbrio e aderência na sela. Prepara-se o por uma ginástica racional das articulações e é adquirido e aperfeiçoado com o tempo, pelo trote e 10 10 galope executados sem estribos, assim como pelo numero e diversidade dos cavalos montados. Só o assento liga realmente o cavaleiro ao cavalo. Para consegui-lo porem, é preciso longa pratica é por isso procurar grande perfeição desde o trabalho preparatório traz o risco de comprometer o objetivo e atingir devido às escoriações e fadigas. §3º - Os estribos – É necessário, portanto, para dar rapidamente confiança aos cavaleiros, principalmente, lançar mão de um segundo meio de firmeza, recurso insuficiente por si só porem útil, os estribos que permitem manter os recrutas mais tempo montados, progredir sem se ferirem e causar danos para a boca do cavalo. O trote sem estribos será empregado, apenas, no picadeiro, ou em pequenos percursos no exterior como ginástica e prova de descontração. Inicialmente sua execução se restringe a pequenos e freqüentes tempos de trote curto para obter a descida das coxas e ajustagem do assento. Todo o trabalho do picadeiro, incluído o salto da barra, deve ser realizado sem estribos. Em contra posição todos os trabalhos demorados ou com armas serão realizados com os estribos. A progressão racional do trabalho, as longas sessões de exterior, as marchas e evoluções em ordem unida e dispersa numa palavra – o tempo – acabam a tarefa esboçada no trabalho preparatório sem estribos e consolidam na medida do possível o assento, para cavaleiros formados no serviço militar em curto prazo. Esse processo dará o ganho de tempo indispensável a consagrar a segunda parte da instrução: o governo do cavalo. Art. 27 – Ginástica especial do cavaleiro O governo do cavalo exige fundamentalmente a independência das ajudas com base de seu futuro acordo. Esta dependência é conseqüente da ginástica especial a executar com os recrutas desde o trabalho preparatório. Inicialmente surgem os reflexos elementares do manejo das rédeas e ação das pernas para em seguida serem aumentados, completados e mesmo aperfeiçoados. Art 28 – O instrutor buscará §1º - A independência das mãos em relação aos movimentos do alto do corpo e das pernas. Este resultado é obtido pelas flexões do busto, cada vez mais pronunciados, para frente, retaguarda, direita, esquerda e flexionamento da articulação da espádua, etc... Durante a execução de qualquer destes movimentos, a mão ou as mãos que seguram as rédeas permanecem sem rigidez no seu lugar, em contato com a boca do cavalo e independente dos movimentos do busto. É preciso proceder de modo idêntico com a referência às pernas; as elevações e rotações das coxas e flexão das pernas não devem repercutir na boca do cavalo, bem como sofrerem ou causarem reflexos em relação ao alto do corpo. §2º - Independência mútua de mãos e pernas: Tal objetivo é alcançado pela execução de todos os flexionamentos que permitam isolar ou liberar os movimentos de umas das mãos ou pernas em relação às demais. Os exercícios mais apropriados a esse fim são a rotação do braço para trás, os socos de revés, acariciar com uma das mãos a anca oposta do cavalo, afrouxar e ajustar a cilha, usar uma das mãos para gestos normais como tirar um objeto do bolso ou gorro e recolocá-lo e praticar exercícios com uma perna isolada. §3º - A execução de todos esse movimentos deve ser cuidadosa e vigiada para que o deslocamento de uma parte do corpo não altere a posição ou tranqüilidade das demais. §4º - Constatam-se os resultados do trabalho nos alargamentos de andadura, trote sentado ou sem estribo. §5º - Se a ginástica for bem dirigida e praticada, as articulações adquirem flexibilidade e os membros independência a tal ponto, que as reações do cavalo refletidas na coluna vertebral do cavaleiro, nenhuma repercussão ocasionam na mão deste, por isso mantida ao mesmo tempo fixa e leve. 11 11 §6º - Desde do inicio é necessário levar os cavaleiros à compreensão sobre a importância desses exercícios, como também zelar para que nunca deixem seus cavalos no vazio, nem abusem da própria força, e assim se lhes possa, em síntese, incutir o sentimento da boca do cavalo, sentimento que desenvolvido permitirá pouco a pouco chegarem os cavaleiros, no governo do cavalo ao principio das rédeas tensas e contato suave da mão com a boca do cavalo, cuja aplicação se lhes deve desde de cedo incutir. Art 29 – Posição do Cavaleiro A posição do cavaleiro descrita nos Artigos adiante. Seu valor resultada localização que impõe as ajudas superiores e inferiores, para permitir as mãos e pernas intervirem com a máxima presteza e oportunidade (a propósito) e com a intensidade ou firmeza desejada. §1º - Certos flexionamentos facilitam o jogo das articulações, corrigem imperfeições físicas e anulam as contrações decorrentes. §2º - Obtida a flexibilidade geral, um novo mister se apresenta, qual seja o de colocar o cavaleiro e depois fixar sua posição em todas as andaduras e em quaisquer cavalos e terrenos. Tão logo o instrutor começa a ter em vista a posição, aproveita os tempos de passo para bem colocar individualmente os cavaleiros antes de comandar o trote. Assim que começam os mesmos a desajustar a posição, faz retornar o passo, corrige-se e prossegue na mesma alternância indicada. Por isso impõe-se o cuidado no inicio, de tempos de trote freqüentes e curtos e que constitui um processo seguro para aquisição das boas e elegantes atitudes. §3º - A “fixidez” a cavalo é a ausência de qualquer movimento involuntário ou inútil e a redução ao estritamento necessário dos que são indispensáveis. É um oposto do oscilante e garante a possibilidade de intervenção das ajudas com precisão e oportunidade para gerar a calma do cavalo e contribuir para a “Justeza”. Fica bem entendido que a regularidade da posição cede diante da necessidade de “Ligar-se ao cavalo” ou seja, harmonizar-se com suas atitudes e movimentos. §4º - “Estar com o cavalo” é a primeira das qualidades do cavaleiro e algumas conformações muito perderiam, se violentadas pelo academismo da posição sem esquecer que “Estar bem colocado” leva geralmente a estar com seu cavalo. A boa posição do cavaleiro depende sobre tudo da direção do olhar e colocação dos punhos, nádegas e joelhos. §5º - O fato de manter os olhos atentos e de abarcar franca e naturalmente o horizonte com o olhar, obriga o cavaleiro a conservar a cabeça erguida, o busto ereto e as nádegas no fundo da sela. Assim, desde o começo os homens se habituam a observar tudo que passa entrono deles. §6º - Se os punhos são mantidos bem colocados, devidamente separados com as unhas se defrontado, os cotovelos se aproximam naturalmente do corpo em conseqüência as espáduas se endireitam, o peito se salienta e a cabeça fica desembaraçada. §7º - Se ao contrário, as unhas se voltam para baixo, os cotovelos se afastam, as espáduas avançam e o peito retrai, a cabeça se abaixa, o olhar desce enquanto as nádegas tendem a deslizar para trás. §8º - O “assento” depende da posição das nádegas que se devem deslocar tanto quanto possível para frente, sem entretanto, ocasionar o encurvamento exagerado da coluna vertebral. §9º - Se os joelhos estão com suficiente aderência à sela, os músculos da coxa ficam no seu lugar sob o fêmur e a coxa se acomoda naturalmente de chapa da sela. A posição do joelho determina a do pé que cai normalmente. Art. 30 – Os flexionamentos Do que ficou dito acima conclui-se o papel importante dos flexionamentos na instrução do cavaleiro e bem assim a atenção e senso particular exigidos para seu emprego. 12 12 §1º - Bem explorada pelo instrutor essa ginástica transforma com êxito e rapidez os cavaleiros, mesmo os mais desajeitados, ao passo que quando conduzida sem ordem e método produz apenas resultados medíocres. §2º - Encarados de maneira geral, os flexionamentos visam três finalidades, pois servem para obter: - 1º a descontração geral; - 2º a independência sumária das ajudas; e, - 3º a regularidade da posição. §3º - O instrutor escolhe e agrupa, para cada uma dessas três finalidades, os flexionamentos julgados mais apropriados para atingi-las. §4º - Nos dois primeiros casos os flexionamentos comandados se destinam a toda a escola, porque encaram finalidades gerais no último caso é conveniente, ao contrário, prescrever para cada cavaleiro o flexionamento a executar, uma vez que os defeitos a corrigir são individuais. §5º - Além disso, é interessante ressaltar que alguns desses flexionamentos se contrariam, motivo pelo qual se torna importante saber exatamente o que se tem em vista alcançar. §6º - A elevação das coxas, por exemplo, particularmente favorável à aquisição do assento, destrói, evidentemente, o benefício da rotação da coxa destinado a acomodá- la de chapa na sala e a descer a perna. §7º - No fim de algumas semanas de instrução bem conduzida, haverá confiança e as contrações diminuem; os cavaleiros começam a sentir o fundo da sela e a nela se manter; suas articulações adquirem a liberdade e por conseqüência eles ficam mais senhores de seus movimentos. §8º - É, pois, este o momento exato para abordar incisivamente o governo do cavalo e os princípios correspondentes, pois, a própria posição do cavaleiro já se delineia. 13 13 SEÇÃO III CANÇÃO DA CAVALARIA Arma ligeira que transpõe os montes. Caudais profundos, com ardor e glória, Estrela-guia em negros horizontes, É o caminho da luta e da vitória. Cavalaria, cavalaria, Tu és na guerra A nossa estrela-guia Montando sobre o dorso deste amigo. O cavalo que altivo nos conduz, Levamo-lo também para o perigo, Para lutar conosco sob a cruz. Cavalaria, ............. Arma de tradição que o peito embala, Cuja história é de luz e de esplendor. Pelo choque, na carga ela avassala, E o inimigo impõe o seu valor Cavalaria, .............. De Andrade Neves, a Osório o Legendário E outros heróis, que honram a nossa história Evoquemos o valor extraordinário Pelo Brasil, a nossa maior glória Cavalaria, cavalaria, Tu és na guerra A nossa estrela-guia 14 14 CAPÍTULO IV O CAVALO SEÇÃO I HISTÓRICO Sou o que chamam de “Perissodátilo Ungulado”, vulgarmente conhecido entre vocês como “CAVALO”. - Minha história é muita longa e pode ser medida não por séculos, mas por milhares de anos e por isso procurarei resumi-la. Antes, porém, pediria que todos se sentassem à vontade aqui na minha frente e perdoassem o arroubo e os exageros de um velho contador de casos e se munissem de um pouco de paciência e boa vontade. - Há alguns milhares de anos atrás levava eu uma vida que poderia ser chamada de “Rei”; belos campos verdejantes, campinas floridas, riachos cristalinos, liberdade completa e nas horas de tédio, algumas “esposas” para quebrar a monotonia. - Eis que um dia surge a minha frente outro animal, diferente da minha raça, com apenas duas pernas e falando uma estranha língua, desconhecida por mim e por meus semelhantes. - Dentre esses seres esquisitos, apareceu, se a memória não me falha, um tal de GENGIS KHAN. Indelicadamente, sem ao menos perguntar se concordava, começou a utilizar-me para dar maior mobilidade a sua horda de selvagens e maior potência de choque quando investia sobre seus adversários da espécie humana. - Passados os sustos iniciais, pois não estava a isso habituado comecei a sentir satisfação quando percebi que minha presença era indispensável nos campos de batalha e que inúmeras vezes era eu quem decidia a sorte dos combates. - Assim atravessei séculos e mais séculos, conhecendo personagens ilustres como: Julio César, Alexandre o grande, Murat, Ney, Napoleão, Osório, Andrade Neves, Mena Barreto e muitos outros igualmente gloriosos dos quais cheguei a tornar-me amigo íntimo. - Uma única coisa, porém me aborrecia: era considerado apenas como um terrível procedimento de guerra. Quase ninguém procurava compreender que afinal também sou um ser que tem um sentimento, que vibra e entristece, que sente, cala e consente – na maioria das vezes. Nos primórdios dos séculos XX, mais uma vez os homens se desentenderam e a lá fui eu chamado às armas para cumprir meu destino histórico. Mas uma surpresa desagradável me estava reservada. As primeiras arremetidas que dei, percebi que um grande número de companheiros meus caíaceifado por engenho diabólicos aos quais os homens chamavam de metralhadora, canhão, sei lá! O que havia de real era que se diferiam na forma e no nome, os efeitos sobre mim eram diabólicos e mortíferos. Senti que aqueles dias gloriosos de cargas avassaladoras, de correria desenfreadas contra o inimigo, haviam findado. Somente os que, como eu viveram essa época, podem compreender a melancolia e a tristeza que se abateram sobre a minha humilde pessoa. Relegado assim, ao segundo plano, assisti desolado passar em direção às linhas de frente uns amontoados de aços que despejaram um fogo mortífero que rangiam e faziam um barulho infernal. E eram esses monstros que iriam assenhorar-se daqueles privilégios seculares da minha raça. Por toda parte só e ouvia falar: ai vêm os tanques! Ai vêm os tanques! - Bem, a vida é assim mesmo!não a mau que sempre cure, nem bem que perdure! Em minha filosofia, moldada através dos séculos, compreendi que havia soado hora de retirar-me em definitivo dos campos de luta.”Um outro valor mais alto se alevantava”, pensei. Um consolo restava entretanto: se não mi era mas permitido participar das jornadas épicas, das vitórias e das derrotas, da sublimidade do sacrifício em defesa de justa causa, pelo menos em centro elegantes e pacíficos minha missão tornar-se-ia mais 15 15 agradável – participar de reuniões sociais, saltando obstáculos ou correndo atrás de raposas ou nos campos de pólo, demonstrando a habilidade, coragem e destreza adquiridas ao curso dos logos anos de aprendizado abnegado. - E agora, cá entre nós, vou-lhes contar uma coisa: se soubessem das declarações de amor que ouvi durante os belos passeios que dava pelos bosques, das conspirações que ilustres cavalheiros das quais fui obrigado a participar, das mensagens de importância vital que ajudei a transportar! Ah! Se eu pudesse contar! Mas minha lealdade sempre impediu-me revelar esses segredos, assim não foram fatalmente teria mudado o curso de muitas vidas e muitas nações. Sinceramente, sem falsa modéstia, acho que em realidade mereço o titulo com que fui agraciado: "O NOBRE AMIGO”. Alguns anos de paz e tranqüilidade decorreram até que, novamente, essas espécies incompreensível que é o “Homem”, dispôs-se a resolver seus problemas no campo de batalha. Bem, pensei, desta vez não vou me meter na fornalha! Esses monstros de aços que vomitam a morte e aqueles pássaros exóticos que voam espalhando a destruição, eles que solucione as divergências. Desta vez eu não! - Ilusão! Pura ilusão! Bem mais cedo do que jamais poderia imaginar, fui chamado a participar novo e tremendo conflito, e, pasmem vocês, meus amigos, quando lhes disser dos modos pelos os quais o fiz. Caberia num livro o relato de minhas peripécias, mas, apenas para que tirem suas conclusões, vou-lhes dar uma breve idéia. Mandaram-me, por exemplo, fazer companhia àqueles monstros de aço, os tais carros de combate, para, em coordenação com eles, levar destruição às legiões inimigas. Naturalmente que de inicio fui recebido com um sorriso metálico de escárnio. O fato é que, após algum tempo de trabalho em conjunto, esses senhores dos campos de batalha passaram a votar um grande respeito por mim, quando particularmente nas estepes geladas da Rússia, mostre-lhes meio valor, audácia e eficiência ao enfrentar o inimigo. E pasmem vocês, como eles o fizeram! Não dispunha eu de qualquer proteção contra adversário, a não ser a coragem. Ouro cãs que gostaria de contar ocorreu do lado oposto ao que acima me referi. Lembram-se dos destruidores pássaros exóticos que citei pouco atrás? Pois bem! Dentre esses pássaros havia um espécime todo particular, a que chamavam “STUKAS”. Para pilota-lo devido às suas características o homem devia possuir, em alto grau, espírito agressivo, destemor, reflexos imediatos e coordenados, senso de oportunidade e golpe de vista. Sabem o que me pediram, então? Para colaborar no desenvolvimento destas qualidades. E confesso, envergonhado, que inúmeras vezes, ao início dos treinamentos sorri interiormente quando, ao enfrentar obstáculos de troncos, barrancos íngremes e largas valas na pista de cross-country, senti aqueles indômitos pilotos capazes das maiores prezas nos ares, tremerem diante daquelas dificuldades às quais não estavam habituados. Mas, para felicidade minha e desses meus inusitados cavaleiros, com a seqüência de instrução verifiquei que, ao final, os trêmulos e acanhados ginetes haviam me transformado em indivíduos audazes, haviam adquirido a força, elasticidade e agilidade necessárias aos duros combates em que iam empenhar-se. É uma satisfação que só é da sentir em toda sua plenitude, a aqueles que algum dia tiveram a felicidade de compor o estranho binômio cavalo aviador. Agora perguntarão vocês: - i a guerra atômica? Que vantagens poderá você nos proporcionar hoje, em plena era dos mísseis- teleguiados e aviões supersônicos? Continuará a fazer companhia aos carros de combate? Prosseguirá complementando a formação de pilotos? Realmente para min, humilde “PERISSODÁTILO UNGULADO” é um tanto difícil responder a tão complexas perguntas. No entanto, dentro de minhas modestas possibilidades sou capaz de proporcionar-lhes: 16 16 - A aquisição de habilidades e destrezas na condução de meus semelhantes; - A assimilação de conhecimentos práticos sobre a colocação na sela, escola das ajudas e cuidados comigo; - O desenvolvimento do gosto pela equitação em suas diferentes modalidades e a afeição pela minha pessoa; - O desenvolvimento de atitudes favoráveis ao aprimoramento de qualidades ao cultivo de virtudes indispensáveis ao militar tanto na paz como na guerra. ANTI A TUMBA DE MEUS ANCESTRAIS PROMETO-LHES SOLENIMENTE QUE PROCURAREI AO MÁXIMO: 1º - Contribuir para formação do caráter de vocês, pelo desenvolvimento de suas qualidades morais. 2º - Fazer com que adquiram hábitos capazes de coloca-los progressivamente diante das dificuldades que terão que enfrentar no desempenho das missões em campanha pelo desenvolvimento das qualidades viris necessárias aos combatentes de todas as naturezas, face ao acréscimo de suas possibilidades físicas e psíquicas. 3º - Habitua-los a lutar contra força imponderável e a vontade imprevisível de um elemento estranho à formação peculiar das demais armas ou serviços. 4º - Contribuir para que, dentro da Polícia Militar possam isufruir de uma formação tão completa quanto possível. 5º - Assegurar a existência da Policia Montada, em condições de pronto emprego a cavalo, em qualquer ponto do Estado do Rio de Janeiro, em patrulhamento e/ou operações de controle de distúrbios. 6º - Ajudar a provar que “HAVERÀ SEMPRE UMA CAVALARIA”. - Bem amigos, creio que após esta nossa conversa vocês possam melhor compreender o porque de minha presença junto de vocês! SEÇÃO II EXTERIOR DO CAVALO Art 31 – A nomenclatura do exterior do cavalo e a desiguinação dos nomes de todas as regiões exteriores que estão à vista do observador sem entre tanto, entrar em detalhes anatômicos e fisiológicos. Para facilidade de estudo, o corpo dos solípedes é dividido em quatro partes: - cabeça, pescoço, tronco e membros; poder-se-ia também, dividi-lo em duas partes: - antemão e post-mão. Ainda há uma divisão em três partes: cabeça, tronco (incluindo o pescoço) e membros. 17 17 orelhas parótidas face ou chatos das bochechasfontes Regiões Pares covas ou olhais bochecha olhos Cabeça narinas ganachas pálpebras nuca Testa ou fronte labios superior Chanfro comissuras lábias inferior focinho lábios língua canal da língua boca Regiões ímpares maxilares superior Barbada assoalho inferior palato Gengivas 12 incisivos Calha ou fauce dentes 04 caninos Garganta Barras 24 molares mento 1º Figura da folha 20 apostila 1-cabeça, 2-tabua do pescoço, 3- goteira da jugular, 4- crineira ou bordo superior do pescoço, 5- bordo inferior do pescoço, 6- palêta, palheta, pá ou espada, 7- peito, 8- encontros, 9-braço, 10- ante-braço, 11-joelho, 12- canela, 13-boleto, 14- quartela, 15- coroa, 16- casco, 17- codilho, 18- castanha ou espelho, 19- machinho ou esporão, 20- cilhadouro, 21- garrote, cernelha, cruz ou cruzeta, 22- dorso, 23- barriga, 24- flanco, 25- vazio do flanco, 26- anca, 27- garupa, 28-cola, cauda ou rabo (sabugo e crinas), 29- nádega, 30- coxa, 31- soldra, babilha ou gordilho, 32- perna, 33- jarrete ou garrão, 34- canela, 35- bolêto, 36- quartela, 37- coroa, 38- casco, 39- castanha ou espelho, 40- virilha, 41- tendão, 42- machinho ou esporão, 43- prepúcio ou bolsa, 44- umbigo, 45- lombo ou rins, 46- costado. 18 18 2º Figura da folha 20 apostila 1- crineira, 2- nuca, 3- topete, 4- orelha, 5- têmporas, 6- testa, 7- olhais, 8- olhos, 9- chanfro, 10- narinas, 11- comissuras, 12- boca, 13- lábios, 14- mento, 15- barbada, 16- calha, 17- ganacha, 18- bochecha, 19- chato da bochecha, 20- garganta, 21- parótida, 22- focinho. Superior ou crineira 2 bordos inferior direita PESCOÇO 2 tábuas esquerda direita 2 goteiras da jugular esquerda 19 19 cernelha dorso face superior lombo anca garupa fio do lombo peito extremidade ombros anterior inter-axilas axilas faces costado TRONCO laterais flanco cilhadouro ventre virilha face inferior bolsa, prepúcio ou bainha (macho) pênis ou verga (macho) mamas (fêmeas) bolsa escrotal ou escroto (macho inteiro) cauda, cola ou rabo extremidade períneo posterior órgãos genitais (vulva na fêmea) 1- orelha; 2- testa; 3- têmporas; 4- olhais; 5- olhos; 6- chanfro; 7- bochechas; 8- narinas; 9- lábios (beiços); 10- focinho. Figura da folha 21 apostila 1- pescoço; 2- cernelha; 3- dorso; 4- lombo; 5- anca; 6- garupa; 7- fio do lombo; 8- costado; 9- vasio e flanco. Figura cavalo por cima pág. 22 20 20 1- cilhadouro; 2- ventre; 3- virilha; 4- bolsa; 5- verga; 6- umbigo; 7- úbere com mamas (fêmeas); 8- bolsa escrotal; 9- interaxila; 10- axila Figura cavalo por baixo pág. 22 1- peito; 2- encontros; 3- pescoço; 4- cabeça; 5- antebraço; 6- joelho; 7- canela; 8- boleto; 9- quartela; 10- coroa; 11- casco; 12-interaxila; 13-períneo; 14- nádega; 15- cola; 16-ânus; 17- vulva (fêmea). Figura cavalo frente e traseira pág 22 21 21 paleta Regiões próprias braço Dos anteriores codilho antebraço joelho coxa regiões próprias nádega das posteriores soldra ou babilha perna jarrete MEMBRO canela boleto pinça regiões quartela ombros comuns machinho face quartos dos coroa superior talões membros bordalete perioplice casco sola ranilha face barras inferior glumas Art.32 – Considerando a divisão do corpo do solípede em três partes, temos: o antemão, o corpo e o post-mão. §1º - O antemão compreende as partes do cavalo que ficam à frente do corpo do cavaleiro, quando este está montado: cabeça, pescoço, espádua e membros anteriores. §2º - O corpo é a parte do cavalo que fica sob o cavaleiro montado: dorso, rins, ventre e flancos. §3º - O post-mão compreende as partes do cavalo que ficam para trás do cavaleiro montado: garupa, membros posteriores. §4º - Na boca, entre os dentes da frente e os de trás existe intervalo sem dentes chamado barras, sobre as quais se assenta e atua o bocado do freio. §5º - A parte do beiço superior que se une ao inferior chama-se comissuras labiais, onde fica e atua o bocado do bridão. §6º - O pé compreende uma parte interna de ossos articulados e um tecido podofiloso sobrepondo-se a esses ossos, contidos num envólucro exterior, de tecido córneo e duro chamado casco. §7º - O casco compreende: 1)- a parede ou taipa, que é a parte que se pode ver, quando o cavalo está em pé pousado no solo; 22 22 Na parede distingui-se as seguintes partes: a)- a pinça na frente; b)- as muralhas, uma de cada lado; c)- os quartos, sobre os lados da parede; d)- os talões parte de trás da parede. 2)- a sola, que é a palmilha do casco, sensivelmente côncava e cavada, de forma que não descansa no solo. 3)- atrás do casco encontra-se a ranilha, que é colocada entre os talões, formando uma saliência em forma de alongado, de matéria córnea, pouco dura; os vazios que se notam no meio de cada lado da ranilha são as lacunas. 4)- na sola notam-se o prolongamento da ranilha, as barras, o arrebotante, a ponta da ranilha, e o bordo inferior da parede. O pé deve ser proporcional aoporte do solípede, nem muito grande, nem muito pequeno; a parte anterior deve formar com o solo um ângulo de cerca de 45º. Não deve apresentar nem solução de continuidade ou círculos nem rachaduras; os talões devem ser bastante altos e afastados. A ranilha deve ser bem desenvolvida e a sola bem côncava. Os pés anteriores são mais redondos que os posteriores. O pe é chato ou espalmado quando a pinça é alongada, a sola rasa e plana, ficando exposta a contusões. O pé é encastelado quando todo o casco é muito estreito, fechado, com talões unidos. SEÇÃO III PROPORÇÕES Art. 33 – Proporções são as relações das diferentes regiões do corpo do animal entre si e com o conjunto formado por elas. §1º - O cavalo é bem proporcionado se as partes do corpo, observadas em conjunto, constituem um todo harmônico capaz para o funcionamento a que se destina. O cavalo é mal proporcionado, defeituoso ou desarmônico, se as regiões do corpo não mantém entre si plástica harmônica, de modo a estabelecer o equilíbrio natural dos diversos órgãos nos seus respectivos funcionamentos. O cavalo bem proporcionado é geralmente “belo” e “bom”. Os termos “beleza” e “bondade”, no exame das proporções, apresentam um significado ligeiramente diferente, quando se consideram as partes do corpo em suas recíprocas relações. A harmonia nas proporções não quer dizer que todos os cavalos sejam obrigados a ter a mesma conformação, enquadrada em um verdadeiro “gabarito”, que sejam, de um único tipo. É necessário, mesmo que a conformação seja diversa, porém de acordo com o fim a que se destina – tração, carga ou sela. Daí, então, estudaremos as “belezas absolutas”, imprescindíveis a todos os animais e as “belezas relativas” variáveis com a finalidade do animal. 23 23 Figura pág 25 apostila §2º - Portanto, “beleza” diz mais respeito à harmonia plástica, ou seja, à estética; enquanto que “bondade” se refere especialmente à verdadeira utilidade funcional, ou seja, à dinâmica. Art. 34 – Proporções Lineares O sistema eclético é baseado no comprimento da cabeça normal para o tipo de sela mediolíneo, apresenta as relações seguintes: a largura, tomada abaixo dos olhos é igual a um terço e a maior espessura é igual à metade. Altura da fronte ........................................................................................ 1/3 Altura da cernelha .................................................................................... 2 ½ Altura da garupa ....................................................................................... 2 ½ Comprimento do corpo ............................................................................. 2 ½ Altura do tórax ......................................................................................... 1/6 Vazio subesternal ..................................................................................... 1 2/6 Comprimento do pescoço ......................................................................... 1 Bordo superior do pescoço ....................................................................... 1 1/3 Bordo inferior do pescoço ........................................................................ 5/6 Largura do pescoço junto às espáduas 5/6 Largura do pescoço do nível da garganta ................................................. ½ Comprimento da espádua ......................................................................... 1 Comprimento do braço ............................................................................. 2/3 Espessura do corpo do dorso ao ventre .................................................... 1 Do escápulo à ponta da anca .................................................................... 1 Da parte anterior da cernelha ao alto da garupa ....................................... 1 1/3 Comprimento dorso-lombar ..................................................................... 5/6 Largura da garupa ..................................................................................... 5/6 Distância da rótula a anca ......................................................................... 5/6 Distância da rótula à ponta da nádega ...................................................... 5/6 Distância da rótula ao centro do jarrete .................................................... 5/6 Vertical do jarrete ao solo ........................................................................ 5/6 Distância da rótula ao alto da garupa ....................................................... 1 Vertical do jarrete ao solo ........................................................................ 1 Da ponta do codilho à prega do joelho ..................................................... ¾ Vertical da prega do joelho ao solo .......................................................... ¾ Da parte interior do joelho à coroa ........................................................... ½ Índice torácico (relação entre a largura e a altura do tórax) ..................... 0,80 Índice corporal (relação entre o comprimento do corpo e o perímetro torácico) .................................................................................................................. 0,85 §1º - O comprimento do corpo do cavalo deve ser igual à altura. Quando for menor, o cavalo é curto e quando maior, longo. A altura total do cavalo de pende da altura do tronco e comprimento dos membros. A espessura do costado deve corresponder, relativamente, ao comprimento da cabeça. Quando estas dimensões guardam uma certa relação proporcional, o cavalo é classificado como mediolíneo, longilíneo ou brevilíneo. 24 24 Figura pág. 27 §2º - Pontos para tomada de medidas de altura e comprimento 1 – altura da cernelha ao solo 2 – altura do dorso ao solo 3 – altura da garupa 4 – altura dos costados 5 – altura do vazio subesternal 6 – comprimento da cabeça 7 – comprimento da espádua 8 – comprimento do pescoço 9 – comprimento do corpo 10 – comprimento horizontal do corpo 11 – comprimento da garupa 12 – altura da soldra 13 – altura do joelho 14 – altura do jarrete 15 – comprimento dorso-lombar. Art. 35 Proporções Angulares Além das relações entre as dimensões lineares das diversas regiões do corpo, é necessário saber as relações entre direção dos seus raios ósseos, que se mostram ligeiramente inclinados uns sobre os outros, de modo a formarem ângulos articulares. §1º - Os principais ângulos articulares são: 1)- Nos anteriores: vértebro-escapular: escapulo-umeral, úmero-radial ou codilho; metacarpo-falangeano ou do boleto. 2)- Nos posteriores: coxo femural; fêmur-tibial; tíbio-metatarsiano; metatarso- falangeano ou do boleto. §2º - Há uma perfeita analogia, não só de número, como de direção e funcionamento, dos ângulos do antemão e post-mão. 1. analisando comparativamente, observamos: a. O vértebro-escapular e o coxo-femural mostram abertura anterior, lado superior fixo e inferior móvel. b. O escápulo-umeral e o fêmur-tibial apresentam abertura voltada para trás, obliqüidade para os lados e mobilidade. 25 25 c. O úmero-radial e o tíbio-metatarsiano possuem abertura anterior, mobilidade dos lados com obliqüidade superior e verticalidade inferior. §3º - Nem todos os ângulos tem a mesma ação e efeito. Assim, por exemplo, os ângulos de abertura anterior possuem forte ação nos movimentos do animal e, por essa razão, são conhecidos, por impulsos; enquanto que os outros, isto é, os de abertura para trás são chamados de complementares ou de ligação. Para haver harmonia e equilíbrio nos andamentos é necessário que estes ângulos dos anteriores e dos posteriores mantenham uma perfeita concordância nas respectivas aberturas e direções. 1)- A variação destes ângulos para as diferentes raças e tipos de cavalos, é a seguinte: a – escápulo-umeral ...................................entre 102 e105 graus, b – úmero-radial ........................................ entre 140 e 150 graus, c – metacarpo-falangeano .......................... entre 150 e 159 graus, d – coxo-femural ....................................... entre95 e 105 graus, e – fêmur-tibial .......................................... entre 122 e 150 graus, f – tíbio-metatarsiano ................................ entre152 e 160 graus, g – metatarso-falangeano .......................... entre 150 e 158 graus, Art 36 – Relação de continuidade Além das regiões bem proporcionadas, deve haver uma perfeita harmonia geral nas relações de continuidade, ou seja, nas inserções da cabeça, pescoço, espáduas, dorso, lombo, garupa, cola e membros. Art 37 – Proporções gerais No estudo das proporções gerais, consideramos a altura, o comprimento, a largura, o peso e as respectivas relações. §1º - Altura: cavalo grande, quando ultrapassa 1,60m; médio entre 1,50 e 1,60m; pequeno com menos de 1,30m. Chamam-se “poneys”, pequiras ou petiços, os cavalos com menos de 1,30m. O cavalo deve apresentar a mesma altura de cernelha e garupa. Entretanto às vezes a cernelha é mais baixa e, neste caso o cavalo é dito “baixo de frente”. Outras vezes a cernelha é bem mais alta e o cavalo é dito “alto de frente”. Ambos constituem defeitos e essa desigualdade das alturas é conseqüente da abertura anormal dos ângulos articulares do ante e post-mão, para mais ou para menos, prejudicando o andamento e a resistência. As éguas apresentam normalmente o antemão, isto é, a cernelha, relativamente mais baixa que a garupa. Com referência a altura do animal, tirada da cernelha ao cilhadouro e deste ao solo, pode haver dois casos: o cavalo é “perto da terra”, quando a altura do tórax é maior que o vazio subesternal e o cavalo é “longe da terra” quando o vazio subesternal é maior que a altura do tórax. §2º - Comprimento: é o espaço compreendido, em linha reta, da ponta da espádua à ponta da nádega com o animal parado em posição ou enquadrado sobre o plano horizontal do solo. O comprimento da espádua e o comprimento da garupa têm grande importância para as relações com o comprimento de um modo geral. Assim, por exemplo, para que um cavalo seja bem proporcionado, é necessário que a parte média, correspondente ao dorso e lombo, seja relativamente curta, enquanto que a espádua, parte anterior, e a garupa, parte posterior, sejam longas. Justifica-se o comprimento da espádua, pela inclinação e da garupa pela horizontalidade. Se o dorso e o lombo forem compridos, com a espádua curta e reta e garupa pequena e obliqua, o animal é defeituoso e impróprio para qualquer espécie de trabalho. §3º - Largura: é o desenvolvimento transversal do corpo no nível do peito, do tórax e das ancas ou da agrupa. As proporções são boas se o desenvolvimento do corpo é de acordo com os membros e vice-versa; se há necessidade de uma mensuração precisa, lança-se mão da fita métrica ou de certos aparelhos apropriados para medir as diferentes regiões dos animais. 26 26 1)- Perímetro torácico: é o contorno exterior da cavidade torácica ao nível do cilhadouro. 2)- Largura do peito: é o espaço compreendido entre as pontas das espáduas. 3)- Largura da garupa: é o espaço que separa os ângulos das ancas. 4)- Perímetro da canela: é o contorno da canela tomado abaixo da cabeça dos metacarpianos rudimentares. §4º - Peso: é dado pelas balanças para animais de grande porte. Entretanto nem sempre se dispõe de balança especializada e, neste caso, pode se calcular o peso do animal aproximadamente por fórmulas criadas pelos hipotécnicos. A fórmula para calcular o peso médio do cavalo é a seguinte: P = c3 x 80 P representa o peso vivo procurado c é o perímetro torácico elevado a terceira potência e 80 é uma constante. SEÇÃO IV HIPOMETRIA OU MENSURAÇÃO Art 38 – HIPOMETRIA OU MENSURAÇÃO é a parte da Hipologia interessada em tomar certas medidas de diversas regiões do corpo do cavalo, com o objetivo de compará-las entre si no estudo das proporções; na obtenção de dados úteis à resenha, aos cálculos dos índices para apreciação das aptidões e do peso, na escolha de belos espécimes destinados a reprodução e, ainda, na seleção de diferentes tipos, de acordo com a utilização. Art 39 – Instrumentos – As medidas das regiões do corpo do animal obtêm-se com os seguintes instrumentos: hipômetro, artrogoniômetro, compasso comum de espessura, régua quadrada e fita métrica. §1º - O hipômetro é um zoômetro especial para as mensurações de altura, comprimento e largura do cavalo. Consta de duas partes: a haste e o braço. A haste do hipômetro é uma régua vertical de metal ou de madeira, graduada em centímetros. O braço é um ramo horizontal, móvel ao longo da haste, porém, podendo fixar-se em certos pontos dela por meio de encaixe e parafusos. Os hipômetros, normalmente têm o feitio de bengalas, o que torna de fácil manuseio e práticos para o transporte. §2º - A fita métrica é um zoômetro de manejo simples muito empregada para a tomada de medidas de perímetro, embora seja utilizada também na obtenção de outras medidas. §3º - O artrogoniômetro e o compasso com transferidor são empregados para tomar a direção dos raios dos ossos e o valor dos ângulos por ele formados. O artrogoniômetro é um compasso provido de um semicírculo graduado, fixado em um de seus ramos e cujo centro corresponde à articulação do compasso. Para melhor correção das mensurações, deve-se tomar as medidas com o cavalo em posição sobre o plano horizontal do terreno. Figuras instrumentos pág. 30 27 27 SEÇÃO V IDADES Art 40 – A idade é o tempo de vida no animal a contar do seu nascimento A vida do cavalo é dividida, fisiologicamente, em 3 períodos: a infância, a idade adulta e a velhice. §1º - Infância ou período de crescimento, em que o organismo se completa e se aperfeiçoa anatômica e funcionalmente; vai do nascimento até os 5 anos. Neste período o cavalo se chama potro. §2º - Idade adulta ou período de estacionamento, em que o organismo, tendo alcançado o seu completo desenvolvimento, acha-se na plenitude das suas funções; vai dos 5 anos aos 12 e o cavalo se chama adulto. §3º - Velhice ou período de decrescimento, em que organismo pouco a pouco, vai definhando, física e funcionalmente; caindo na decrepitude, perdendo a energia vital; começa aos 13 anos e vai até a morte – e o cavalo é reputado como velho. Para determiná- la podemos lançar mão de vários elementos que podem ser classificados em: a – elementos secundários e b – elementos principais. Art 41 – Elementos Secundários. §1º - Covas – as covas geralmente são pouco pronunciadas nos animais novos e à medida que esses vão se tornando mais velhos elas vão se acentuando cada vez mais, a ponto de, na velhice serem bem profundas. §2º - Ganachas – nos novos as ganachas são grossas, espessas e arredondadas, ao passo que, nos velhos são finas, afiladas e cortantes. §3º - Nevado ou geado na fronte, bochechas, parótidas, ganachas, virilhas, jarretes, etc. – nos animais velhos, de pelagens escuras, estas regiões se tornam nevadas (interpoladas de pelos brancos ou grisalhos) à medida que a idade vai progredindo e conforme o tipo de pelagem (tordilhos) há um clareado total. §4º - Flacidez da pele na face, ganachas, etc. – nos cavalos velhos é bastante acentuada, de modo que se fazendo uma ruga na pele, nestas regiões, demora bastante tempo para voltar ao normal, quando nos jovens a ruga se desfaz imediatamente. §5º - As rugas ou nós da base da cauda, podem determinar praticamente a idade no 3º período de vida do animal: aos 13 anos podem-se observar uma pequena saliência ou nó na base da cola, dos 17 aos 18 anos um segundo nó; dos 19 aos 21 anos um terceiro nó, etc... §6º - Relaxamento do lábio inferior – é comum em cavalos bastante idosos. §7º - Arcadas dentárias - formando ângulo cada vez mais agudo,denunciam a velhice cada vez mais acentuada. 28 28 Art 42 – Elementos principais para o reconhecimento da idade. Os elementos principais para o reconhecimento aproximado da idade nos são fornecidos pelos dentes, os órgãos capazes de dar informações mais ou menos precisas sobre os diversos períodos da idade através das contínuas modificações que se operam na sua forma, pelo gasto e crescimento. Para se aprender o reconhecimento da idade pelos dentes é necessário saber a estrutura, configuração do desgastes dos dentes. §1º - O cavalo adulto possui 40 dentes, assim distribuídos: 6/6 incisivos (6 para cada maxilar situados na frente); 2/2 caninos (2 para cada maxilar e situados um de cada lado) e 12/12 molares (12 para cada maxilar situado 6 de cada lado). §2º - Os caninos também chamados presas, colmilhos ou gaviões, faltam nas fêmeas e nos machos jovens. Excepcionalmente, podem haver éguas adultas dotadas de colmilhos, que recebem o nome vulgar de “machorras”, como, também podem aparecer cavalos adultos sem presas, que tomam neste caso o nome de “afeminados”. §3º - Para o reconhecimento da idade, geralmente, só se levam em consideração os dentes incisivos e os caninos, que se mostram mais a vista, na extremidade anterior dos maxilares. Os incisivos se dividem: pinças, os dentes centrais, situados na frente da mandíbula; médios, situados ao lado das pinças e cantos ou extremos, situados ao lado dos médios e na extremidade da arcada incisiva. §4º - Os caninos estão implantados entre os incisivos e os molares deixando um espaço vago, denominados ”barras”. Figura da pág 32 29 29 SEÇÃO VI PERÍODOS DE IDADE PERÍODO CARACTERÍSTICAS 1 – do nascimento até 1 ano Do 8º ao 15º dia nascem as pinças; do 30º ao 40º dia nascem os médios, estando as pinças niveladas; Do 6º mês até um ano nascem os cantos, as pinças estão rasas, os médios nivelados e geralmente rompem os molares. Figura pág 33 30 30 Figuras da Pág 34 PERÍODO CARACTERÍSTICA 2 – de um ano aos dois e meio De um ano e meio a dois, os médios e os cantos estão rasos e geralmente rompem os quintos molares de cada série; aos dois anos e meio, caem os primeiros pré-molares de leite. 3 – dos 3 aos 5 anos Aos 3 anos caem as pinças de leite, nascem os adultos, rompem os sextos pré-molares e é substituído o segundo pré-molar; Aos 4 anos, acém os médios de leite, nascem as pinças, são niveladas ao 5 anos, caem os cantos de leite, nascem os adultos, as pinças estão gastas nos dois bordos e os médios nivelados; geralmente despontam os colmilhos. 4 – dos 6 aos 8 anos Aos 6 anos as pinças rasa, os médios gastos nos dois bordos e os cantos nivelados; Aos 7 anos as pinças e os médios estão rasos e os cantos gastos nos bordos nota-se, nos cantos da mandíbula superior uma chafradura chamada cauda de andorinha. Aos 8 anos, todos os incisivos estão rasos; A partir daí (idade máxima para a remonta militar) começa a aparecer sobre a parte chata do dente, uma mancha esbranquiçada, chamada inicialmente mancha estrelada e depois estrela dentária. 31 31 Figura pág 36 32 32 Figura pág 37 33 33 Figura pag 38 34 34 PERIODO CARACTERISTICA 5 – 9 aos 12 anos Aos 9 anos as pinças têm a mesa rechada em forma circular; Aos 10 anos o mesmo acontece com os médios; Aos 11 anos o mesmo ocorre com os cantos; Aos 12 anos a mancha ocupa o centro da mesa dentária em todos os incisivos e se alastra visivelmente. 6 – entre os 13 e 17 anos Dos 17 aos 19 anos as pinças são triangulares, se acentuam horizontalmente e há divergência. Aos 20 anos os médios são bi-angulares e a horizontalidade e a divergência se acentuam. Dos 21 para os 22 anos os cantos bi-angulares e a horizontalidade e divergência são extremas. SEÇÃO VII PELAGENS Art 43 – Definição Pelagem é o conjunto de pêlos e crinas que cobrem a superfície do corpo do cavalo, protegendo o pêlo da ação direta dos agentes exteriores, em distribuição e disposição variadas, cujo todo determina a cor do animal. As pelagens, pelas grandes diferenças de cor e sinais particulares que podem apresentar, permitam distinguir um cavalo dentre os demais. O estudo das pelagens compreende duas partes: I ) – PELAGENS PROPRIAMENTE DITAS II ) – PARTICULARIDADES DAS PELAGENS §1º - Pelagens propriamente ditas – quanto a cor, as pelagens podem ser simples, compostas, ou justapostas. 1. PELAGENS SIMPLES – quando formadas por pêlos e crinas de uma só cor, com a mesma uniformidade de coloração em toda superfície do corpo. 2. PELAGENS COMPOSTAS – quando formadas por pêlos bicolores (de duas cores) ou mais diferentes, combinadas em proporção e disposição diversas, ou ainda por pêlos de uma única cor, possuindo obrigatoriamente crineiras, cola e membros escuros. 35 35 FIGURAS PAG 40 36 36 Figuras pág 41 37 37 3. PELAGENS CONJUGADAS OU JUSTAPOSTAS – se uma ou mais pelagens simples ou compostas, se conjugam ou se justapõem com o branco sem se confundirem formando malhas mais ou menos largas ou pintas, geralmente de contorno irregular, porém bem distintas. A cor predominante forma o fundo e a de menor proporção constitui o remendo. Ora há predominância do branco sobre os outros tipos (castanho, alazão, preto, rosilho, baio, etc.) e ora há predominância dos outros tipos sobre o branco; portanto, o branco às vezes é fundo e outras vezes é remendo. Em cada uma dessas modalidades de pelagens distingue-se diversos tipos estabelecidos pela cor geral, e numerosas variedades dependentes, em particular, ad disposição e proporção dos pêlos; as variedades são pois as modificações mais ou menos extensas dos tipos. §2º - Pelagens simples – as pelagens simples apresentam 4 tipos: branco, alazão, baio simples, preto. 1. Tipo Branco – cujo nome a cor já indica possuir diversas variedades, a saber: porcelana, pombo ou leite, e sujo. 2. Tipo Alazão – é uma pelagem mais ou menos aloirada clara até uma avermelhada, aproximando-se da canela carregada ao ruivo. Tem as seguintes variedades: claro, aloirado, ordinário, tostado ou escuro queimado, cereja ou ruivo e vermelho. 3. Tipo Preto – formado por pelos negros, que vão de um preto desbotado até um preto de intenso brilho, com quatro variedades, preto maltino ou pezenho, franco ou murzelo, azeviche e comum. 4. Tipo Baio Simples ou Camurça – formados por pelos brancos amarelados em todo corpo, que vão de um matiz claro da palha do trigo ou milho, até bem escuro, mais ou menos bronzeado, de modo a constituir cinco variedades: claro, ordinário, escuro, encerado e amarelo ou amarilho. §3º - Pelagens compostas – para melhor sistematizar o estudo, as pelagens compostas precisam ser divididas em três grupos: 1. Grupo “A” – pelagem composta formada por pelos bicolores apresentando um único tipo que é o lobuno (libuno ou lobeiro), formados por pelos bicolores, isto é, amarelos na base e pretos na s extremidades, de modo que dão ao conjunto
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