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ESTUDO TÉCNICO SETORIAL
DA CERÂMICA VERMELHA
Estudo Desenvolvido no Âmbito do Convênio 076/2010 - ABDI | MDIC
Subsídios para a Elaboração do Plano de Desenvolvimento
Sustentável da Cadeia Produtiva de Cerâmica Vermelha
ESTUDO TÉCNICO SETORIAL
DA CERÂMICA VERMELHA
Estudo Desenvolvido no Âmbito do Convênio 076/2010 - ABDI | MDIC
Subsídios para a Elaboração do Plano de Desenvolvimento
Sustentável da Cadeia Produtiva de Cerâmica Vermelha
2
ESTUDO TÉCNICO SETORIAL
DA CERÂMICA VERMELHA
Estudo Desenvolvido no Âmbito do Convênio 076/2010 - ABDI | MDIC
Subsídios para a Elaboração do Plano de Desenvolvimento
Sustentável da Cadeia Produtiva de Cerâmica Vermelha
ESTUDO TÉCNICO SETORIAL
DA CERÂMICA VERMELHA
Estudo Desenvolvido no Âmbito do Convênio 076/2010 - ABDI | MDIC
Subsídios para a Elaboração do Plano de Desenvolvimento
Sustentável da Cadeia Produtiva de Cerâmica Vermelha
ESTUDO TÉCNICO SETORIAL
DA CERÂMICA VERMELHA
Estudo Desenvolvido no Âmbito do Convênio 076/2010 - ABDI | MDIC
Subsídios para a Elaboração do Plano de Desenvolvimento
Sustentável da Cadeia Produtiva de Cerâmica Vermelha
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Sustentável da Cadeia Produtiva de Cerâmica Vermelha
ESTUDO TÉCNICO SETORIAL
DA CERÂMICA VERMELHA
Estudo Desenvolvido no Âmbito do Convênio 076/2010 - ABDI | MDIC
Subsídios para a Elaboração do Plano de Desenvolvimento
Sustentável da Cadeia Produtiva de Cerâmica Vermelha
ESTUDO TÉCNICO SETORIAL 
DA CERÂMICA VERMELHA
República Federativa do Brasil
Dilma Rousseff
Presidenta
Ministério do Desenvolvimento, Indústria 
e Comércio Exterior
Armando Monteiro
Ministro
Agência Brasileira de Desenvolvimento 
Industrial - ABDI
Alessandro Teixeira
Presidente
Maria Luisa Campos Machado Leal
Diretora de Desenvolvimento Tecnológico 
e Inovação
Miguel Antônio Cedraz Nery
Diretor de Desenvolvimento Produtivo
Charles Capella de Abreu
Chefe de Gabinete 
Carla Maria Naves Ferreira
Gerente de Desenvolvimento Tecnológico 
e Inovação
Cynthia Araújo Nascimento Mattos
Coordenadora de Promoção da Inovação
Supervisão
Coordenação Geral
Maria Luisa Campos Machado Leal
Diretora de Desenvolvimento Tecnológico 
e Inovação
Equipe Técnica ABDI
Cynthia Araújo Nascimento Mattos
Coordenadora de Promoção da Inovação
Claudionel de Campos Leite
Líder do Projeto
Willian Cecilio de Souza
Assistente de Projetos
Equipe Técnica MDIC
Marcos Otávio Bezerra Prates
Diretor do Departamento das Indústria 
Intensivas em Mão de Obra e Recursos 
Naturais
Talita Tormin Saito
Coordenadora-Geral das Indústrias Inten-
sivas em Mão de Obra
Gabriela Maretto Figueiredo
Coordenadora-Geral de Arranjos Produti-
vos Locais
Equipe Técnica Inventta
Daniel Daher Saad - Diretor
Ana Carolina Calçado - Coordenadora
Renato Silva - Analista
Rafael Martins de Oliveira - Analista
Vinicius Muraro da Silva - Analista
Coordenação de Comunicação
Bruna de Castro
Coordenadora de Comunicação 
Preparação de Texto
Hamilton Fernandes / Tikinet
Revisão de Texto
Ariane Lesnyak / Tikinet
Projeto Gráfico e Diagramação
Rodrigo Martins / Tikinet
©2016 – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI
Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.
ABDI
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
SCN Quadra 1, Bloco D, Ed. Vega Luxury Design 
Offices, Torre Empresarial A Asa Norte, Brasília – DF 
CEP 70.711-040 – Tel.: (61) 3962 8700
www.abdi.com.br
SUMÁRIO
6 Configuração da cadeia produtiva da cerâmica vermelha e 
caracterização do segmento produtivo de cerâmica vermelha
87 Cenários macroeconômicos, histórico e perspectivas de 
evolução da cadeia produtiva de cerâmica vermelha na 
economia brasileira no longo prazo
126 Benchmarking de experiências internacionais de organização 
da Cadeia Produtiva de Cerâmica Vermelha que podem servir 
de referência para o Brasil
156 Aspectos institucionais, tributários e tecnológicos da 
indústria de cerâmica vermelha no Brasil
200 Mapeamento, identificação e caracterização das 
aglomerações produtivas de cerâmica vermelha no país; 
subsídios para elaboração do Plano de Gerenciamento de 
Resíduos e do Plano de Eficiência Energética para APLs; e 
Desafios horizontais para atuação em Arranjos Produtivos 
Locais de cerâmica vermelha
249 Análise da competitividade da cadeia produtiva da cerâmica 
vermelha nacional e agendas estratégicas para incremento de 
sua competitividade
CONFIGURAÇÃO DA CADEIA 
PRODUTIVA DA CERÂMICA VERMELHA 
E CARACTERIZAÇÃO DO SEGMENTO 
PRODUTIVO DE CERÂMICA VERMELHA
Relatório Técnico 1
LISTA DE FIGURAS
12 Figura 1 – Cerâmica vermelha na classificação do setor cerâmico
14 Figura 2 – Cadeia produtiva da cerâmica vermelha
15 Figura 3 – Estimativa do custo de produção nos elos da cadeia 
produtiva
17 Figura 4 – Produção por tipo de produto
21 Figura 5 – Reservas de argila no Brasil
21 Figura 6 – Regiões produtoras de minerais industriais cerâmicos
24 Figura 7 – Dados da cadeia de cerâmica vermelha em 2010
27 Figura 8 – Polos de cerâmica vermelha
33 Figura 9 – Produtos de cerâmica vermelha
38 Figura 10 – Comparação entre o bloco cerâmico e o bloco de 
concreto
40 Figura 11 – Processo produtivo da cerâmica vermelha
60 Figura 12 – Distribuição das lojas de materiais de construção 
pelo Brasil
63 Figura 13 – Instituições de capacitação e treinamento
64 Figura 14 – Desafios da capacitação e treinamento
66 Figura 15 – Prospecção de grupos de pesquisa atuantes em 
cerâmica vermelha
67 Figura 16 – Focos de pesquisa
69 Figura 17 – Disponibilidade de máquinas e equipamentos
70 Figura 18 – Disponibilidade de serviços de P&D
LISTA DE GRÁFICOS
18 Gráfico 1 – Distribuição dos tipos de produto por região (%)
22 Gráfico 2 – Produção de cerâmica vermelha por estado em 2011
25 Gráfico 3 – Número de empresas por região em 2011
27 Gráfico 4 – Produção brasileira de cerâmica vermelha por 
região
28 Gráfico 5 – Concentração das empresas em polos em 2012
29 Gráfico 6 – Histórico da produção de cerâmica vermelha no 
Brasil a partir de 2001 (em bilhões de peças) 
30 Gráfico 7 – Previsão de produção de cerâmica vermelha (em 
bilhões de peças)
31 Gráfico 8 – Previsão da produção de argila para cerâmica 
vermelha (em milhões de toneladas)
34 Gráfico 9 – Evolução do consumo per capita de cerâmica 
vermelha no Brasil
36 Gráfico 10 – Projeção do consumo total (109 peças) entre 2011 
e 2022
36 Gráfico 11 – Projeção do consumo de cerâmica vermelha per 
capita (peças/hab.) com base no PIB entre 2011 e 2022
38 Gráfico 12 – Comparação: bloco cerâmico versus bloco 
de concreto – número de reclamações sobre qualidade e 
padronização/normalização de produtos
42 Gráfico 13 – Produção e produtividade por região brasileira em 
2012
45 Gráfico 14 – Perfil de distribuição dos combustíveis no setor 
de cerâmica vermelha (em 103 tep)
49 Gráfico 15 – Perfil dos fornos no Brasil em 2011
51 Gráfico 16 – Percentual de olarias em relação ao total de 
empresas por estado em 2011
53 Gráfico 17 – Empresas qualificadas no PSQ e estimativa até 
2022
57 Gráfico 18 – Fonte de recursos para investimentos do setor de 
cerâmica vermelha no Espírito Santo
57 Gráfico 19 – Objetivos dos investimentos dos ceramistas do 
Espírito Santo
58 Gráfico 20 – Distribuição dos cursos de qualificação para os 
profissionais do setor de cerâmica entre os estados em 2013
59 Gráfico 21 – Quantidade de cursos de qualificação para os 
profissionais do setor de cerâmica em 2013
60 Gráfico 22 – Tempo de existência das lojas (em %) (Dados de 
2011)
67 Gráfico 23 – Nível de cooperação com instituições de ensino e 
pesquisa no Espírito Santo
LISTA DE TABELAS
15 Tabela 1 – Agentes econômicos da cadeia
17 Tabela 2 – Produção por tipo de produto segundo classificação 
do IBGE (2010)
19 Tabela 3 – Preço de mercado por tipo de produto
23 Tabela 4 – Dados dos principais polos brasileiros produtores 
de cerâmica
25 Tabela 5 – Dados do segmentode cerâmica vermelha
25 Tabela 6 – Número de empresas em 2011 por estado
32 Tabela 7 – Previsão dos investimentos
35 Tabela 8 – Projeção de crescimento do PIB
44 Tabela 9 – Consumo total de energia para fabricação de 
cerâmica vermelha (em 103 tep)
47 Tabela 10 – Comparação dos dois principais grupos de forno
52 Tabela 11 – Número de olarias por região em 2011
61 Tabela 12 – Dados do segmento de cerâmica vermelha
62 Tabela 13 – Perspectivas da demanda de recursos humanos 
em segmentos de transformação associados a atividades de 
mineração (2010-2030)
63 Tabela 14 – Perspectivas da demanda de profissionais de nível 
superior e de nível médio em segmentos de transformação 
associados a atividades de mineração (2010-2030)
SUMÁRIO
12 Introdução
13 Análise da cadeia produtiva de 
cerâmica vermelha
16 Situação atual da produção de cerâmica vermelha no Brasil
24 Parque industrial/estrutura de mercado
29 Produção e investimentos
33 Consumo
39 Processo produtivo
44 Eficiência energética e resíduos
51 Perfil empresarial
61 Recursos humanos
65 Tecnologia
72 Referências
76 Anexo 1
83 Anexo 2
12 Relatório 1
INTRODUÇÃO
O setor cerâmico compreende todos os materiais inorgânicos, não metálicos, obtidos geralmen-
te após tratamento térmico em temperaturas elevadas. É amplo e heterogêneo, o que induz 
a dividi-lo em subsetores ou segmentos em razão de diversos fatores, como matérias-primas, 
propriedades e áreas de utilização. Dessa forma, em geral, é adotada a classificação apresentada 
na Figura 1. Como podemos observar na figura a seguir, um dos segmentos do setor cerâmico é 
o de cerâmica vermelha, que compreende os materiais com coloração avermelhada empregados 
na construção civil (tijolos, blocos, telhas, elementos vazados, lajes, tubos cerâmicos e argilas 
expandidas) e também utensílios de uso doméstico e de adorno. A figura apresenta a estrutura 
desse setor:
Figura 1 – Cerâmica vermelha na classificação do setor cerâmico
Fonte: Adaptado do site da ABC. Elaboração Inventta
Cerâmica Vermelha
Abrasivos
Cerâmica Branca
Cerâmica de Alta Tecnologia/Cerâmica Avançada
Fritas e Corantes
Isolantes Térmicos
Materiais de Revestimento (Placas Cerâmicas)
Materiais Refratários
Vidro, Cimento e Cal
SETOR CERÂMICO
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelhaRelatório 1
Para transformar a matéria-prima bruta em produtos como tijolos, telhas, pisos e revestimentos 
ou louças existe uma cadeia produtiva composta por diversos agentes econômicos. Esses agen-
tes, como podemos observar na figura a seguir, podem ser divididos em quatro categorias de 
acordo com as atividades desempenhadas, de acordo com o Sebrae (2004b). São elas:
 » empresas relacionadas ao segmento de mineração; 
 » empresas envolvidas no processo produtivo;
 » empresas de distribuição dos produtos derivados da cerâmica;
 » empresas responsáveis pelos canais de venda ao consumidor. 
O primeiro estágio reúne as empresas relacionadas ao segmento de mineração. Nessa etapa 
ocorre a extração das matérias-primas brutas e o tratamento desses insumos. Esse processo é 
de grande importância, pois garante a qualidade do produto da matéria-prima que será utilizada 
durante o processo. Até poucos anos atrás, era comum as empresas cerâmicas possuírem jazi-
das e reservas; hoje é possível encontrar empresas que tercerizam essa parte do processso. As 
empresas fornecedoras normalmente são de pequeno porte, e estão presentes em todo o país, 
principalmente nos arredores de polos de consumo de cerâmica.
Já o segundo estágio inclui as empresas envolvidas no processo produtivo da cerâmica. Nele estão as 
empresas envolvidas no processo produtivo em si, que produzem as peças e inspecionam o material 
para o consumo. Essas empresas costumam estar localizadas próximas às jazidas, já que algumas 
grandes empresas dessa etapa internalizam os procedimentos que ocorrem na etapa anterior – pro-
cesso de mineração. Contudo, o setor não é caracterizado apenas por empresas de grande porte, 
mas por uma grande diversidade, dispondo de empresas com os mais diversos graus de capitalização, 
 ANÁLISE DA CADEIA 
PRODUTIVA DE 
CERÂMICA VERMELHA
14 Relatório 1
tecnologia e porte, que se diferenciam tanto pelos produtos obtidos como também pelos mercados 
nos quais estão inseridos. Um dos segmentos de produção é composto por empresas mais simples, 
cujo ramo de atividade está relacionado com a cerâmica estrutural de cor avermelhada que produz 
tijolos, telhas, blocos cerâmicos, manilhas e pisos cerâmicos rústicos.
Figura 2 – Cadeia produtiva da cerâmica vermelha
Fonte: Elaboração Inventta
A terceira etapa é caracterizada pela presença de empresas atacadistas envolvidas na distribui-
ção dos produtos derivados da cerâmica para o pequeno varejo e grandes redes. Existem casos 
em que o próprio fabricante tem um sistema de distribuição.
O último estágio corresponde aos canais de venda ao consumidor, representados pelo grande e 
pequeno varejo. O grande varejo é composto pelos home centers, grandes redes de lojas e grandes 
lojas de materiais de construção; o pequeno varejo é composto por olarias, lojas da fábrica, lojas de 
utilidades do lar e pequenas lojas de material de construção de bairros.
Na figura a seguir podemos observar quais as características das empresas que compõem cada 
categoria citada anteriormente.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Tabela 1 – Agentes econômicos da cadeia
Pequenas e Médias Empresas Grandes Empresas
Segmento de 
Mineração
Pequenos extratores próprios de jazidas 
de cerâmicas tradicionais e extratores 
terceirizados da cerâmica técnica e 
avançada
Grandes empresas mineradoras e beneficiadoras 
ligadas aos fabricantes de produtos da cerâmica 
técnica e avançada
Processo 
Produtivo
Pequenas e médias empresas fabricantes 
de produtos derivados da cerâmica 
vermelha e da branca, especialmente 
olarias
Fabricantes de produtos derivados da cerâmica 
branca, especialmente louças (Schmidt) e pisos e 
revestimentos (Incepa)
Comércio 
Atacadista
Distribuidores que trabalham 
regionalmente, fornecendo produtos 
principalmente para o pequeno varejo
Distribuidores que trabalham em um raio de 
atuação maior, fornecendo produtos tanto para o 
pequeno quanto para grandes varejistas
Comércio 
Varejista
Olarias, pequenas lojas da fábrica, lojas 
de utilidades do lar e pequenas lojas de 
material de construção de bairros
Home centers, grandes redes de lojas e grandes 
lojas de materiais de construção
Fonte: Sebrae (2004)
Segundo dados de 2004 do Sebrae, é possível observar que, ao longo da cadeia produtiva, ocor-
re uma agregação de valor de 10 a 12 vezes. A sequência de valor para cada estágio da cadeia, 
ou seja, o custo médio do processo para a produção de um milheiro de tijolos é apresentada na 
figura a seguir:
Figura 3 – Estimativa do custo de produção nos elos da cadeia produtiva
R$10,00 
o milheiro
R$70,00 
o milheiro
R$100,00 a R$120,00 
o milheiro
Custo de aquisição da 
argila, incluindo o frete
Custo de produção
de 1 milheiro de tijolos
Preço de venda 
de 1 milheiro de tijolos, 
incluindo a entrega
Fonte: Sebrae (2004)
A distribuição dos custos varia de acordo com o tamanho da empresa, tipo de produto, distância 
do mercado consumidor e da jazida de argila, entre outros. Estima-se que para as empresas me-
nores, maioria no mercado de cerâmica vermelha, a proporção dos custos com mão de obra seja 
maior, enquanto a proporção dos custos com energia seja menor, por causa do menor grau de 
automação. Os impostos para essas empresas também são significativamente menores.
16 Relatório 1
Existe certa divergência nos dados sobre o setor de cerâmica no Brasil. As duas princi-
pais associações do setor, a Anicer (Associação Nacional da Indústria Cerâmica) e a ABC 
(Associação Brasileira de Cerâmica), divergem quanto ao número de empresasexistentes, 
empregos gerados e faturamento do setor. Segundo dados da Anicer, em 2008 existiam 
cerca de 5.500 empresas, entre cerâmicas e olarias, sendo responsáveis por mais de 400 mil 
empregos diretos, 1,25 milhões indiretos e gerando um faturamento anual de R$ 6 bilhões, 
o que corresponde a algo em torno de 4,8% do faturamento da indústria da construção ci-
vil. Já a ABC considerava que existam 11.000 empresas de pequeno porte distribuídas pelo 
país, empregando cerca de 300 mil pessoas, e gerando um faturamento da ordem de R$ 2,8 
bilhões (Sebrae, 2008). O motivo dessa diferença nos dados deve-se ao alto índice de in-
formalidade existente em toda cadeia de construção civil do país, o que dificulta uma maior 
precisão nos dados do setor. 
Essa dificuldade de informação sobre o setor ainda persiste. Consulta recente ao site da ABC1 
verificou que a instituição se abstém de se posicionar sobre os dados do setor de cerâmica 
vermelha, remetendo para a Anicer a fonte ou referência adequada para esses dados. Assim, na 
mesma data foi consultado o site da Anicer2, onde puderam ser identificadas cerca de 6.903 em-
presas, entre cerâmicas e olarias, sendo responsáveis por quase 300 mil empregos diretos, 900 
mil indiretos, com um faturamento anual de R$ 18 bilhões e uma representatividade em torno 
de 4,8% da construção civil.
Segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME) (2011a), estima-se que a produção de 
cerâmica vermelha foi de 84,8 bilhões de peças, sendo que 70% dessa produção corresponde a 
blocos e tijolos, e 30% a telhas.
1  Consulta efetuada em 08/10/2015 no www.abceram.org.br 
2  Consulta efetuada em 08/10/2015 no portal.anicer.com.br/setor/
SITUAÇÃO ATUAL DA 
PRODUÇÃO DE CERÂMICA 
VERMELHA NO BRASIL
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Figura 4 – Produção por tipo de produto
Fonte: MME (2011a)
A seguir, podemos observar os dados de produção por tipo de produto em 2010, segundo o 
IBGE. As informações podem ser consideradas limitadas pelo baixo número de empresas res-
pondentes em relação ao total de empresas do setor existentes no país. Como podemos obser-
var, os tijolos são os itens que têm a produção com maior valor nesse setor, correspondendo a 
aproximadamente 63% do valor gerado no setor em 2010.
Tabela 2 – Produção por tipo de produto segundo classificação do IBGE (2010)
Classes de atividades e descrição 
dos produtos
Unidade de 
medida
Número de 
informações
Produção
Quantidade Valor (em R$ 1.000,00)
Tijolos perfurados, tapa-vigas e 
outros tijolos de cerâmica para 
construção, exceto refratários
mil 912 5.226.646 1.385.392
Telhas de cerâmica mil 447 2.230.687 744.855
Tubos, canos, calhas ou outros 
acessórios para canalização de 
cerâmica
kg 15 12.049.110 66.835
Fonte: IBGE (2010)
No gráfico a seguir é apresentada a distribuição dos tipos de produtos por região. Apesar de 
todas as regiões apresentarem produção mais expressiva de tijolos e blocos, regiões como a 
Centro-Oeste têm se destacado pela produção de telhas. 
18 Relatório 1
Gráfico 1 – Distribuição dos tipos de produto por região (%)
Fonte: INT (2012)
Em relação aos preços praticados, temos na tabela a seguir o preço dos principais produtos de 
cerâmica na cidade de São Paulo, capital do estado com maior produção de cerâmica vermelha. 
O preço do tijolo cerâmico varia de R$ 0,30 a R$ 0,78 a unidade, dependendo do tamanho e 
número de furos, enquanto a telha varia de R$ 0,85 a R$ 3,45. O bloco cerâmico tipo tijolo tem 
preço médio de R$ 0,65, enquanto o bloco estrutural tem preço de R$ 1,88. O tubo de cerâmica 
varia de R$ 7,96 a R$ 124,11 o metro, de acordo com seu diâmetro.
Quando comparados os bens metálicos ou energéticos, as rochas e minerais industriais usual-
mente não sofrem grandes oscilações de preços. Os fatores, segundo o MME (2011b), que mais 
influenciam a variação dos seus preços têm diversas origens, podendo ser de natureza tecnológi-
ca (descoberta de novas tecnologias), desempenho econômico do país (aumento do PIB do país 
produtor, investimentos em construção e obras públicas) e razões de mercado (aparecimento no 
mercado de substitutos ou similares e variações do preço de energia).
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Tabela 3 – Preço de mercado por tipo de produto
Insumo UN Preço Mediano (R$)
Média dos 
Preços (R$)
TIJOLO CERÂMICO FURADO 10 × 20 × 20 cm
UN
0,65
0,54
TIJOLO CERÂMICO FURADO (3 FUROS) 10 × 15 × 30 cm 0,37
TIJOLO CERÂMICO FURADO (4 FUROS) 10 × 10 × 20 cm 0,57
TIJOLO CERÂMICO FURADO (6 FUROS) 10 × 10 × 20 cm 0,54
TIJOLO CERÂMICO FURADO (6 FUROS) 10 × 15 × 20 cm 0,57
TIJOLO CERÂMICO FURADO (8 FUROS) 10 × 18 × 18 cm 0,73
TIJOLO CERÂMICO FURADO (8 FUROS) 10 × 20 × 20 cm 0,65
TIJOLO CERÂMICO FURADO (8 FUROS) 10 × 20 × 30 cm 0,78
TIJOLO CERÂMICO MACIÇO APARENTE (2 FUROS) 6,5 × 10 × 20 cm 0,44
TIJOLO CERÂMICO MACIÇO APARENTE 5,5 × 11 × 23 cm 0,57
TIJOLO CERÂMICO MACIÇO APARENTE 6 × 12 × 24 cm 0,58
TIJOLO CERÂMICO MACIÇO 5 × 10 × 20 cm 0,3
TIJOLO CERÂMICO MACIÇO 5 × 10 × 20 cm 0,3
TELHA CERÂMICA TIPO CANAL COMP = 50 cm / 26 UN/m2
UN
1,15
1,53
TELHA CERÂMICA TIPO CAPANAL – 17 UN/m2 0,96
TELHA CERÂMICA TIPO COLONIAL COMP = 46,0 A 50,0 cm – 25 A 27 UN/m2 1,7
TELHA CERÂMICA TIPO COLONIAL COMP = 46,0 A 50,0CM – 25 A 27 UN/m2 1,7
TELHA CERÂMICA TIPO COLONIAL COMP = 56 cm – 16 UN/m2 3,45
TELHA CERÂMICA TIPO COLONIAL 2A QUAL COMP = 46 A 50,0 cm – 25 A 27 UN/m2 0,85
TELHA CERÂMICA TIPO DUPLANA 2,06
TELHA CERÂMICA TIPO FRANCESA – 16 UN/m2 1,75
TELHA CERÂMICA TIPO PAULISTA – 26 UN/m2 0,98
TELHA CERÂMICA TIPO PAULISTINHA (TRAPEZOIDAL) – 26 UN/m2 0,98
TELHA CERÂMICA TIPO PLAN COMP = 46 A 50,0 cm – 26 A 33 UN/m2 1,66
TELHA CERÂMICA TIPO ROMANA COMP = 41 cm – 18 UN/m2 1,15
BLOCO CERÂMICO (TIJOLO) FURADO 9 × 19 × 19 cm 
UN
0,65
1,27
BLOCO ESTRUTURAL CERÂMICO – 14 × 19 × 29 cm – FBK > OU = 4,5 mpa – NBR 15270 1,88
TUBO DE CERÂMICA ESG EB-5 PB DN 100 
M
8,2
40,3
TUBO DE CERÂMICA ESG EB-5 PB DN 150 11,37
TUBO DE CERÂMICA ESG EB-5 PB DN 200 19,05
TUBO DE CERÂMICA ESG EB-5 PB DN 250 32,75
TUBO DE CERÂMICA ESG EB-5 PB DN 300 49,52
TUBO DE CERÂMICA ESG EB-5 PB DN 350 67,45
TUBO DE CERÂMICA ESG EB-5 PB DN 375 74,28
TUBO DE CERÂMICA ESG EB-5 PB DN 400 88,03
TUBO DE CERÂMICA ESG EB-5 PB DN 450 124,11
TUBO DE CERÂMICA ESG EB-5 PB DN 75 7,96
TUBO CERÂMICO PERFURADO DN 100 mm – PARA DRENAGEM 8,65
TUBO CERÂMICO PERFURADO DN 150 mm – PARA DRENAGEM 11,9
TUBO CERÂMICO PERFURADO DN 200 mm – PARA DRENAGEM 20,63
Fonte: Caixa Econômica Federal e IBGE (2012)
20 Relatório 1
O setor de cerâmica vermelha para construção utiliza basicamente como matéria-prima a argila. 
Segundo o Sebrae (2008), as matérias-primas provêm de depósitos dos seguintes tipos:
 » argilas residuais: permanecem na zona de intemperismo (argila de inundação);
 » argilas sedimentares: que se deslocam da zona de intemperismo para a de acúmulo;
 » argilas diagenéticas: alteradas química e mineralogicamente, após soterramento.
A preparação da massa que será usada para produção de peças de cerâmica vermelha é feita pela 
mistura de dois tipos de argila: uma magra (rica em quartzo e menos plástica, podendo ser carac-
terizada também como um material redutor de plasticidade) e outra gorda (de alta plasticidade, 
granulometria fina e composta essencialmente de argilominerais). Esse processo de produção 
busca produzir uma argila com duas características que são essenciais para a produção de uma 
peça de qualidade: a plasticidade e a fusibilidade. Essas duas características propiciam trabalha-
bilidade e resistência mecânica durante a queima da cerâmica (BNB, 2012).
Ainda segundo o relatório do Sebrae (2008), os fornecedores de matéria-prima podem ser agru-
pados em duas categorias:
 » pequenas e médias empresas de capital nacional que se utilizam de técnicas rudimentares 
de exploração, com produção local.
 » grandesmineradoras (em geral associadas a multinacionais ou ao setor de revestimento), 
mais organizadas e com oferta de produtos de melhor qualidade, com produção regional.
Segundo dados do MME (2011a), atualmente a argila é o produto com a 4ª maior produção da 
mineração no país. A partir da produção estimada de 84,8 bilhões de peças cerâmicas, em 2010, 
e considerando a massa média de 2,0 kg/peça, pode-se estimar que foram utilizadas, em 2010, 
170 milhões de toneladas de argila no país.
Mais de 70% das reservas medidas estão concentradas em quatro estados brasileiros. Neles 
também estão localizados os mais importantes polos de cerâmica vermelha. Apesar do grande 
potencial mineral, é difícil fazer uma estimativa mais precisa das reservas de argila para cerâmica 
vermelha, uma vez que os depósitos e as jazidas, em geral, são pouco avaliados.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Figura 5 – Reservas de argila no Brasil
Fonte: Motta et al. (2000b)
No caso da argila vermelha, a partir de uma visão nacional, baseada em um estudo de Tanno et 
al. (2004), identificam-se as regiões Sudeste, Sul e Nordeste como principais produtoras.
Figura 6 – Regiões produtoras de minerais industriais cerâmicos
Fonte: Tanno et al. (2000)
22 Relatório 1
As principais regiões brasileiras produtoras de cerâmica vermelha são São Paulo, Minas Gerais 
e Rio Grande do Sul, que corresponderam a mais de 44% da produção nacional em 2012 (INT, 
2012). São Paulo, que é o mais importante centro econômico do país, destaca-se como maior 
produtor, tendo sido responsável por aproximadamente 21% da produção nacional.
Gráfico 2 – Produção de cerâmica vermelha por estado em 2011
Fonte: INT (2012). Elaboração Inventta
O estado de São Paulo tem a maior produção e número de empresas cerâmicas e trabalha-
dores. Contudo, essa diferença não é muito grande em relação a Minas Gerais e Rio Grande 
do Sul, como é possível observar na tabela a seguir. Desse modo, o estado paulista tem 
a maior produtividade do país, produzindo 975 (milheiros/empresa-mês), enquanto Minas 
Gerais produz 576 (milheiros/empresa-mês) e o Rio Grande do Sul 700 (milheiros/empresa-
-mês). Além disso, nos três estados há predominância na produção de blocos estruturais com 
relação à produção de telhas.
Analisando o estado de São Paulo, o que mais se destaca no país, temos como principais 
polos o de Itu e região (ACEVIR) e o de Tietê e Barra Bonita (ACEIBB). No polo de Itu 
existem 67 empresas cerâmicas, que empregam 3.000 trabalhadores e produzem 65.000 
(milheiros/mês) – média de 970 (milheiros/empresa-mês). Já o polo de Tietê e Barra Bonita 
tem 60 empresas, que empregam 2.000 pessoas e têm produção total de 15.000 (milheiros/
mês), produzindo em média 250 (milheiros/empresa-mês). 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Tabela 4 – Dados dos principais polos brasileiros produtores de cerâmica
SP MG RS
Total 
Estado
Polo de Itu e região 
(ACEVIR)
Tietê e Barra Bonita 
(ACEIBB)
Total 
Estado
Total 
Estado
Empresas 750 67 60 740 708
Trabalhadores 36.000 3.000 2.000 28.000 25.000
Produção (milheiros/mês) 731.000 65.000 15.000 426.000 356.000
Média (milheiros/empresa-
mês) 975 970 250 576 700
Blocos estruturais (%) 92,6 54 Não disponível 85 60
Telhas (%) 7,4 46 95 15 30
Fonte: INT (2012). Elaboração Inventta
A comercialização dos produtos cerâmicos tem um forte limitador, que são os custos logísticos 
envolvidos no transporte dos produtos finais até as regiões de consumo. Como o valor dos pro-
dutos é relativamente baixo, os custos de transporte se tornam bastante representativos. 
Os fabricantes de cerâmicas têm capacidade de atuação de no máximo 700 km, dependendo 
do tipo de produto que fornecem. Os produtores de alguns tipos de telhas especiais são os que 
conseguem atingir essa distância; já os produtores de telhas comuns não conseguem ter um 
alcance maior do que 500 km. Os produtores dos outros tipos de produtos de cerâmica têm um 
raio de atuação de no máximo 250 km. Essa limitação deve-se aos altos custos de transporte, 
que inviabilizam as entregas.
24 Relatório 1
Segundo dados do MME (2011a), em 2010 a indústria cerâmica registrou 293 mil empregados 
diretos, a existência de, aproximadamente, 7.400 empresas e faturamento do setor de R$ 18 
bilhões. A produtividade média estimada foi de 24,1 mil peças/operário/mês, com variações 
regionais.
Figura 7 – Dados da cadeia de cerâmica vermelha em 2010
Fonte: Anicer apud MME (2011a)
Os dados apresentados na Tabela 5 sugerem o aumento da utilização de tecnologia pelo setor, o 
que gerou uma elevação da produtividade, apesar da diminuição dos empregos diretos. A regu-
lamentação e fiscalização do estado quanto à sáude do trabalhador e passivo ambiental também 
afetam as atividades do setor.
PARQUE INDUSTRIAL/
ESTRUTURA DE MERCADO
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Tabela 5 – Dados do segmento de cerâmica vermelha
Dado 2006 2007 2008 2009 2010
Faturamento – R$ Bilhões 6,2 6,5 6,8 7,0 18,0
Nº de empresas 5500 5500 5500 7400 7400
Empregos diretos (mil) 400 400 400 293 293
Produtividade (mil peças/operário/mês) 14,0 14,6 15,8 15,8 24,1
Fonte: Anicer apud MME (2011a)
A distribuição de empresas do setor por região é apresentada no Gráfico 3. Sul e Sudeste são as 
regiões que têm o maior parque industrial, espaço territorial no qual se agrupa uma série de ativi-
dades industriais ou empresariais relacionada ao setor de cerâmica vermelha.
Gráfico 3 – Número de empresas por região em 2011
Fonte: INT (2012). Elaboração Inventta
Tabela 6 – Número de empresas em 2011 por estado
Estado RS SC PR SP RJ MG ES BA SE AL PE PB RN CE
Empresas em 2011 708 625 620 750 220 740 110 338 100 55 180 100 186 400
Estado PI MA PA TO AM AC AP RO RR GO DF MS MT
Empresas em 2011 60 150 570 60 100 21 40 80 13 350 16 120 150
Fonte: INT (2012). Elaboração Inventta
26 Relatório 1
Comparativamente aos dados que constam no estudo do INT (2012), a região Nordeste apre-
sentou um aumento da participação relativa no número de empresas (15,7%), com queda das 
regiões Sudeste (41,7%) e Sul (30,2%). Apesar de as instituições estarem difundidas por todo o 
país, o estado de São Paulo possui a maior parcela (21%), seguido por Minas Gerais (12%), Rio 
Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná (estes últimos com cerca de 9% cada). Dez estados são 
responsáveis por 80% das instituições.
A respeito da tipologia das unidades de transformação, percebe-se uma variedade considerável 
de tipos de equipamento utilizados pelas indústrias de cerâmica vermelha, que tem relação com 
o tamanho da empresa e tipo de produto. Informações sobre os tipos de equipamento utilizados 
foram retiradas de Schwob (2007). Os fornos mais empregados pelas indústrias do setor de ce-
râmica vermelha no Brasil são:
 » intermitentes: 70% (abóbada, plataforma, chama reversível – circulares e paulistinha, cam-
panha e caieira);
 » semicontínuos : 28% (Hoffman e pequena parcela do tipo Federico); 
 » contínuos: 2% (túnel).
Os fornos intermitentes são utilizados por pequenos fabricantes, em razão do menor custo ini-
cial. Para médias empresas, ocorre o predomínio de fornos semicontínuos e parcela de fornos 
intermitentes de maior capacidade ou maior quantidade de fornos por empresa. Nos últimos 
anos, vêm sendo desenvolvidos no Brasil os fornos túnel de pequena capacidade e baixo custo 
de construção, adequados à maioria das plantas de produção no país e às capacidades de aqui-
sição das empresas.
A distribuição da produção de cerâmica por regiões, segundo dados da Anicer de 2008 apresentados 
na tabela do gráfico a seguir, se assemelha à distribuição das empresas e instituições, o que reafirma a 
relevância das regiões Sudeste, Sul e Nordeste no Parque Industrial de Cerâmica.
No Gráfico 4 é apresentada uma visão da distribuiçãoda produção brasileira de cerâmica 
vermelha por região, elaborado pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT, 2012) a partir 
de um levantamento de visitas a empresas, associações, sindicatos, secretarias estaduais e 
municipais.
Atualmente, no Brasil existem diversos polos de produção de cerâmica vermelha, regiões onde 
se concentram grande número de empresas. Esses polos produtores são aglomerações de em-
preendimentos voltados à cadeia produtiva de cerâmica vermelha e de atividades correlatas 
com potencialidade de se organizar na forma de Arranjo Produtivo Local (APL). Na figura a 
seguir são apresentadas as localizações dos principais polos produtivos de cerâmica vermelha 
no Brasil.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Figura 8 – Polos de cerâmica vermelha
Fonte: INT (2012). Elaboração própria
A partir da análise do dados do número total de empresas e do número de empresas concentra-
das nos polos produtivos, foi elaborado o Gráfico 5. Consideramos uma escala de 0 a 1, sendo 
0 ocorrendo quando as empresas do estado não se encontram em polos e 1 quando todas as 
empresas do estado se encontram dentro dos polos de cerâmica. Segundo a análise realizada, as 
empresas estão mais concentradas em polos nos estados do RN e RJ.
Gráfico 4 – Produção brasileira de cerâmica vermelha por região
Regiões Produção (mil milheiros/mês)
Sudeste 1.427
Sul 857
Nordeste 780
Centro-Oeste 220
Norte 165
Fonte: INT (2012). Elaboração Inventta
28 Relatório 1
Gráfico 5 – Concentração das empresas em polos em 2012
Fonte: INT (2012). Elaboração Inventta
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
No gráfico a seguir é possível observar a evolução da produção de cerâmica vermelha no Brasil 
a partir de 2001. Para a estimativa de produção nesse período, foram utilizados dados de con-
sumo disponibilizados no Anuário MME (2011a) e pelo Sebrae (2008). No caso dos minerais 
não metálicos, o mercado internacional pouco afeta a dinâmica da produção e do consumo. O 
desempenho dessa classe de bens minerais depende muito mais do esforço e dos movimentos 
internos de oferta e demanda. 
Podemos observar que, no intervalo entre 2001 e 2005, houve uma elevação muito grande na 
produção de cerâmica vermelha. Esse crescimento está relacionado com o aquecimento do setor 
de construção civil no período, em decorrência do programa Bolsa Família do Governo Federal 
e do aquecimento da economia. Nos anos após 2005, o mercado continua a se expandir, porém 
a uma taxa menor.
Gráfico 6 – Histórico da produção de cerâmica vermelha no Brasil a partir de 2001 (em bilhões de peças) 
Fonte: Adaptado de Sebrae (2008) e MME (2011a)
PRODUÇÃO E 
INVESTIMENTOS
30 Relatório 1
No Plano Nacional de Mineração 2030, elaborado pelo MME, a previsão é de que a produção 
de cerâmica vermelha, com base em 2008, deverá crescer de três a cinco vezes até 2030. Dada 
a dificuldade de obtenção de informações do setor, os valores projetados para a demanda se-
guem as taxas de crescimento aplicadas ao cimento, por ser um bem usado na construção civil. 
Segundo o MME (2011b), há uma expectativa de crescimento médio de 5,6% ao ano até 2022, 
pois se considera o esperado crescimento em infraestrutura, saneamento e habitações. De 2022 
a 2030, a taxa utilizada é mais moderada, de 4,6% ao ano. O cenário considerado por esse rela-
tório para fazer essas estimativas cogita que o PIB nacional crescerá em média 5,1% ao ano e a 
economia mundial 3,8% ao ano.
Gráfico 7 – Previsão de produção de cerâmica vermelha (em bilhões de peças)
Fonte: Elaboração Inventta a partir de dados do MME (2011b)
A seguir estão apresentados os dados de evolução da produção de argila para cerâmica verme-
lha, para a qual foram utilizadas as mesmas premissas apresentadas anteriormente para as peças 
de cerâmica.
Essa estimativa foi realizada em um estudo do MME (2009b), realizado considerando-se o com-
portamento do PIB brasileiro entre 2010 e 2030. Uma grande característica dos investimentos 
realizados em pesquisa mineral em argila para cerâmica vermelha é o fato de eles serem rea-
lizados como parte do processo de legalização das empresas de cerâmica, visando atender às 
exigências do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Gráfico 8 – Previsão da produção de argila para cerâmica vermelha (em milhões de toneladas)
140
205
300
430
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
2008 2015 2022 2030
Fonte: MME (2011b)
Por fim, espera-se uma produção no país de 304 a 740 milhões de toneladas de argila até 2030. 
Segundo o MME (2009b), os custos de investimentos para novas unidades (greenfield projects) é 
de aproximadamente R$ 1,2 milhão, o que corresponde, dependendo da escala de produção da 
empresa, de R$ 12,50 a R$ 25,00 por tonelada de argila (capacidade produtiva anual). Já para 
os investimentos do tipo brownfield projects, que buscam expandir a capacidade produtiva, os 
investimentos são de aproximadamente R$ 600 mil, o que equivale ao aporte de R$ 6,25 a R$ 
12,50 por tonelada de argila – levando em conta a transformação de uma mina cativa (produção 
anual de até 23 mil toneladas) para uma mina de pequeno e médio porte.
Até 2030, o MME prevê investimentos em pesquisa mineral, mineração e transformação mineral 
(metalurgia e não metálicos), quase todos originários da iniciativa privada, em torno de US$ 270 
bilhões, além de ser esperado mais 30% sobre esse valor para investimentos em infraestrutura e 
logística, alcançando US$ 350 bilhões (MME, 2011b). Esses investimentos objetivam aumentar 
a capacidade de produção nos próximos 20 anos, de modo a atender à demanda projetada. Os 
investimentos destinados exclusivamente à pesquisa mineral, relacionados à expansão das re-
servas, ou melhor aproveitamento das já existentes, estão estimados em US$ 10,5 bilhões. No 
entanto, para os minerais não metálicos, grupo do qual a cerâmica vermelha faz parte, estima-se 
que estarão destinados apenas 2,98% desse valor. Não foi apresentado no estudo do MME um 
valor representativo para investimentos na pesquisa mineral de argilas para cerâmica vermelha. 
As atividades de pesquisa mineral são realizadas por empresas privadas de grande porte, de pe-
queno porte e empresas estatais. 
32 Relatório 1
Ainda segundo o MME, desde 1990, as grandes empresas vêm reduzindo os investimentos na 
etapa de pesquisa mineral, etapa na qual cada vez mais se destacam as pequenas empresas. Para 
o Ministério, existem três fatores que impedem que haja um conhecimento geológico maior do 
território brasileiro. São eles:
 » ausência, insuficiência ou descontinuidade de investimentos governamentais por cerca de 
três décadas;
 » dificuldade logística para o mapeamento na Amazônia e na Plataforma Continental; 
 » escassez de recursos humanos capacitados para essa atividade.
O aumento de investimento apresentado pela CPRM (Serviço Geológico do Brasil), a partir de 
2004, parece não ter afetado o setor de cerâmica vermelha (MME, 2011b). O relatório também 
mostra uma estimativa de investimentos futuros para esse setor, como pode ser visto na Tabela 
7. Para a mineração de argilas para cerâmica vermelha, referente à lavra e ao beneficiamen-
to, está previsto o investimento de US$ 958 milhões de 2010 a 2030, o que representa 1,1% 
do total previsto para investimento em mineração no Brasil, enquanto no mesmo período está 
previsto o investimento de aproximadamente US$ 13 bilhões na transformação mineral desse 
produto, 7,7% do investimento total na área. Da classe dos minerais não metálicos, os investi-
mentos em argilas para cerâmica se sobressaem, juntamente com fosfato, o potássio, as rochas 
britadas e ornamentais, as areias, o caulim e a água mineral.
Tabela 7 – Previsão dos investimentos
Etapa Custo (US$/t)*
Investimentos(US$ milhões)
2010-2015 2016-2022 2023-2030 2010-2030
Mineração – argila cerâmica 
vermelha 2,75 215 314 429 958
Transformação mineral – cerâmica 
vermelha 90.270 2.934 4.297 5.867 13.098
(*) Custo por capacidade instalada adicionada
Fonte: MME (2011b)
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
O setor de cerâmica vermelha no Brasil gera como produtos principais blocos, tijolos, telhas, ele-
mentos vazados, lajes, lajotas, ladrilhos vermelhos, tubos e agregados leves. A diversidade de 
produtos é muito grande pelas próprias exigências do mercado consumidor que, muitas vezes, 
demanda uma variedade de dimensões que acabam afetando a padronização. Os produtos mais 
comuns, considerando a grande variedade existente, são:
Figura 9 – Produtos de cerâmica vermelha3
Fonte: Elaboração Inventta
3 No Anexo 1 é possível encontrar mais informações sobre cada tipo de produto fabricado a partir da cerâmica vermelha
//
CONSUMO
34 Relatório 1
No período mais recente, entre 2009 e 2010, houve um crescimento de 14,2% no consumo, e o 
faturamento do setor apresentou uma variação de 48,8%. Outro fato de destaque surge quan-
do analisamos o histórico de consumo da cerâmica vermelha. Em 2005, ocorreu um expressivo 
aumento relacionado às políticas de incentivo do governo para as atividades da construção civil 
(Programa Minha Casa Minha Vida, principalmente). Veja no Gráfico 9 a evolução histórica do 
consumo de cerâmica vermelha no Brasil.
Gráfico 9 – Evolução do consumo per capita de cerâmica vermelha no Brasil
Fonte: MME (2011a)
Segundo projeções do MME (Tabela 8), foi estimado o PIB brasileiro até 2030 segundo três 
cenários distintos: cenário frágil, com crescimento médio de 2,3% a.a.; cenário vigoroso, com 
crescimento médio de 4,6% a.a.; e cenário inovador, com crescimento de 6,9% a.a. Este último 
cenário é o que mais se aproxima do crescimento considerado para o PIB do setor de construção 
civil, de 6% a.a. no período de 2011-2022. A seguir, a descrição dos três distintos cenários para 
o PIB, conforme mostrado pelo MME (2011b):
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Tabela 8 – Projeção de crescimento do PIB
CENÁRIO CARACTERIZAÇÃO Projeção do Crescimento do PIB (% a.a.)
Frágil
Instabilidade e Retrocesso:
Considera uma possível reversão dos atuais condicionamentos 
sociopolíticos e a desestabilização do atual contexto fiscal e 
monetário. O país deverá regredir no processo de estabilização de 
sua economia, concomitantemente a retrocessos no plano externo, 
com deterioração do atual contexto de integração competitiva à 
economia internacional.
Médio - Período 
2010 a 2030 2,3
2010 a 2015 2,8
2015 a 2020 2,5
2020 a 2030 2,0
Vigoroso
Estabilidade e Reformas:
Pressupõe a manutenção e o aperfeiçoamento das atuais condições 
de estabilidade e de aprofundamento das reformas político-
institucionais, especialmente nos campos da gestão pública (reforma 
administrativa), fiscal (reforma tributária) e da previdência social 
(reforma previdenciária), além das concessões de serviços de 
infraestrutura (saneamento, energia, portos e transporte rodoviário, 
fluvial e marítimo).
Médio - Período 
2010 a 2030 4,6
2010 a 2015 4,0
2015 a 2020 4,5
2020 a 2030 5,0
Inovador
Estabilidade, Reformas e Inovação
Admite um condicionamento ainda mais virtuoso, no qual – além 
do aperfeiçoamento da estabilização e do aprofundamento 
das reformas institucionais – o país empreende uma vigorosa 
mobilização nacional pela inovação, contando com uma 
ampla participação de instituições públicas, entidades não 
governamentais, empresas e da sociedade como um todo. Admite-
se que tal processo de mobilização concentre-se em planos 
e programas direcionados a uma ampla geração e difusão de 
informação, conhecimento e aprendizado, como estímulo a projetos 
específicos de pesquisa, desenvolvimento e inovação. 
Médio - Período 
2010 a 2030 6,6
2010 a 2015 5,0
2015 a 2020 6,5
2020 a 2030 8,0
Fonte: MME (2011b)
De acordo com os cenários descritos e os dados referentes ao consumo de cerâmicas vermelhas 
em 2010, projeta-se que o crescimento no consumo total medido em unidades atingiria mais de 
170 bilhões em 2022. Já o consumo per capita irá variar na faixa de 600 peças/habitantes no 
cenário mais frágil e 900 peças/habitantes no cenário mais inovador; se o crescimento for de 6% 
a.a., irá chegar a 894 peças/habitantes, conforme mostra o Gráfico 10.
36 Relatório 1
Gráfico 10 – Projeção do consumo total (109 peças) entre 2011 e 2022
Fonte: Elaboração Inventta a partir de dados do MME (2011b)
Gráfico 11 – Projeção do consumo de cerâmica vermelha per capita (peças/hab.) com base no PIB entre 
2011 e 2022
Fonte: Elaboração Inventta a partir de dados de MME (2011b)
Embora a demanda esteja aquecida, com previsão de crescimento de até 20% somente neste 
ano, os produtores de cerâmica vermelha de todo o país veem com preocupação a crescente 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
substituição dos tradicionais tijolos, blocos e telhas cerâmicas por produtos feitos com outros 
materiais, como plástico, metal e concreto, por exemplo. O problema já é detectado pelo setor 
há mais de 50 anos, com a entrada da telha de amianto no mercado, mas a situação hoje é con-
siderada crítica pelos produtores, já que o setor opera a capacidade máxima e não consegue 
dar conta de toda a demanda. Essa questão, inclusive, foi foco dos debates do 39º Encontro 
Nacional do setor promovido pela Associação Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha 
(Anicer), ocorrido em 2010 (LIMA, 2012).
Luis Lima, presidente da Anicer, ressalta que o setor sempre deteve historicamente a maior 
parcela do mercado. “Sempre tivemos uma parcela de até 90% do mercado de coberturas e 
alvenarias do país e conseguíamos atender à demanda. Hoje, no entanto, trabalhamos com 
capacidade produtiva máxima, atendendo cerca de 60% do mercado, porque não consegui-
mos atender a este aumento do consumo”, acrescentando que “ao deixar de atender parte da 
demanda, o espaço ficou livre para ser atendido pela concorrência, com produtos que, se no 
início eram considerados apenas de oportunidade, hoje já se consolidaram no mercado”. Entre 
esses materiais que se consolidaram no mercado para a alvenaria estrutural estão os produtos 
à base de concreto e os sistemas do tipo drywall.
O que pode ser observado atualmente é que os novos materiais concorrentes dos produtos 
tradicionais de cerâmica vermelha apresentam possibilidades de uso que propiciam um me-
lhor aproveitamento do material. Isso ocorre porque há uma redução das perdas envolvidas na 
produção, transporte e nas obras em si – as novas técnicas e produtos acabam redefinindo e 
modificando os métodos da construção civil. Um exemplo dado por Schwob (2007) é a cerâmica 
“rolada”, técnica que envolve a produção de blocos estruturais de grande porte (maior que 15 
kg/unidade) e com alta precisão dimensional (blocos com superfície de assentamento retificado, 
com precisão de cerca de 0,5 mm), e uso de argamassa com espessuras de até 3 mm, permitindo 
modularidade, rapidez, isolação termoacústica (blocos vazados), precisão construtiva e minimi-
zação de perdas e de custos.
Portanto, um mercado em crescente expansão, somado a uma defasagem na produtividade das 
empresas do setor de cerâmica vermelha, tem contribuído para uma maior atratividade dos pro-
dutos substitutos. Além disso, diferenciais que contribuem para acelerar o processo de constru-
ção tem contribuído ainda mais para aumentar o consumo dos blocos de concreto, principal con-
corrente dos blocos de cerâmica vermelha. Veja no Gráfico 12 a comparação entre os principais 
aspectos dos blocos cerâmicos e dos blocos de concreto.
38 Relatório 1
Uma análise mais específica demonstra que para as construtoras, principal comprador dosblo-
cos de cerâmica vermelha, as características dos blocos de concreto são mais atrativas para suas 
necessidades. Veja a comparação na figura a seguir.
Figura 10 – Comparação entre o bloco cerâmico e o bloco de concreto
Custo
Aspectos de Decisão de Compra Bloco Cerâmico Bloco de Concreto
Acústico
unitário na obra
Resistência
Logística da construção (peso)
Perda
Padronização e normalização
Conforto térmico
Permeabilidade
Mudanças climáticas
Saúde Humana
Qualidade do Ecossistema
Recursos
Retirada de água
+
-
-
-
-
-
-
-
-
--
-
-
-
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
Compradores
Legenda:
Todos
Construtoras
Cons. Final e Varejo
Baixa sensibilidade
61,2%
das vendas do setor
Fonte: Anicer (2011)
Gráfico 12 – Comparação: bloco cerâmico versus bloco de concreto – número de reclamações sobre 
qualidade e padronização/normalização de produtos
Fonte: Fiesp (2004) apud Sebrae (2008)
 » O bloco de concreto tem apresentado 
melhor qualidade para a construção, além 
de ser um produto mais padronizado, 
sendo um diferencial em comparação aos 
blocos cerâmicos.
 » A produção de blocos de concreto é re-
alizada por empresas maiores, com melhor 
organização.
 » Com um parque industrial pulverizado, 
o setor de cerâmica vermelha tem tido 
dificuldades de se movimentar diante da 
ameaça de substituição.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Para a fabricação dos produtos de cerâmica vermelha, as etapas do processo produtivo são 
bem determinadas e seguem a sequência apresentada na Figura 11. O modo tradicional de 
preparação da massa e moldagem na indústria brasileira inclui a transferência da massa argilosa 
estocada no setor de armazenamento por esteiras transportadoras, preparação da massa no 
caixão alimentador, destorroamento, desintegração, laminação, refinação, extrusão, procedida 
na maromba e corte.
Em resumo, existem três formas básicas de preparo de massa, que resultam em produtos bas-
tante diferentes:
 » forma tradicional via úmida: laminação de argila plástica, sem moagem, voltada para pro-
dutos mais simples, de limitado valor agregado;
 » via seca: moagem de argila dura, em pó, com até 6% de umidade; incorpora a matéria plás-
tica em processo de hidratação, mistura e laminação;
 » via semiúmida: moagem conjunta das massas de argila plástica e dura, até 12%-14% de 
umidade, sem necessidade de laminação, mas demanda hidratação contínua e aquecimento 
da massa na moagem.
Os processos por via seca ou semiúmida tendem a ser a solução futura para a melhoria da qua-
lidade dos processos de cerâmica vermelha, pela possibilidade de reformular a estrutura física 
da matéria processada. Verifica-se que todo o arranjo de equipamentos de preparo da massa 
depende dos tipos de argila disponível e da qualidade desejada no produto final.
PROCESSO PRODUTIVO
40 Relatório 1
A etapa de extrusão, presente nos processos tradicionais de laminação e via semiúmida, consis-
te da passagem da massa argilosa por um perfil de extrusão com a forma desejada, conforme a 
seção transversal da peça.
Figura 11 – Processo produtivo da cerâmica vermelha
Fonte: Adaptado de Sebrae (2004)
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
A moagem é um processo de redução da granulometria da matéria-prima através de moinhos, 
com o objetivo de aumentar a qualidade do produto final. Trata-se de uma etapa do processo 
via seca ou semiúmida, ainda pouco empregado no Brasil, com uso mais frequente na produção 
de telhas de alta qualidade e blocos estruturais, casos em que a estética superficial do produto 
final é mais exigida. 
A secagem pode ser natural, procedida de forma lenta, sob a ação do tempo (radiação solar e 
circulação eólica natural/artificial) ou com as peças dispostas em posição horizontal em prate-
leiras cobertas, estabelecendo-se um processo natural mais controlado, porém ainda lento. Para 
aumentar a produção, reduzir as perdas e melhorar a qualidade, é preciso adotar processos de 
secagem artificial. Os secadores podem ser dos tipos contínuo, semicontínuo e estático. Seca-
dores estáticos costumam ser de pequeno ou médio porte e são mais aplicados na fabricação 
de telhas, peças especiais ou de grande porte. São também indicados para peças de produção 
em pequena escala, produtos com espessura irregular, de grande proporções ou que envolvem 
argila de alta contração. Secadores contínuos são equipamentos de maior porte, nos quais os 
produtos ficam em movimento; envolvem alta complexidade de ajuste operacional, consideran-
do-se a dificuldade de regulagem adequada dos pontos da curva de secagem (temperatura e 
umidade).
No Gráfico 13 é apresentada a produtividade das empresas por região. A produção e produtivi-
dade das empresas da região Sudeste se destacam pelo maior grau de modernização/automati-
zação de suas fábricas.
De acordo com as informações divulgadas em um estudo sobre a APL de ITU (ITU, 2007), a pro-
dutividade brasileira da indústria de cerâmica vermelha atinge aproximadamente 12 mil peças/
operário/mês. A grande defasagem tecnológica ligada a equipamentos antigos, baixo nível de 
automação e pouca capacitação dos operários contribui muito para esse baixo valor na produti-
vidade. Já nos países europeus, o processo de desenvolvimento tecnológico das últimas quatro 
décadas refletiu uma mudança no perfil de custos de produção de alguns insumos importantes 
da indústria de cerâmica vermelha. A grande modernização – equipamentos automáticos e uma 
maior capacitação dos operários – fez o valor da produtividade atingir 200 mil peças/operário/
mês. Um valor dezesseis vezes maior que o encontrado no Brasil.
Dessa forma, pode-se notar que, como consequência de um parque industrial bastante atrasado, 
o setor de cerâmica vermelha brasileiro tem como resultado um baixo valor de produtividade. 
Isso gera uma produção que não consegue atender à demanda e abre espaço para a concorrên-
cia dos materiais substitutos conforme citado anteriormente.
42 Relatório 1
Gráfico 13 – Produção e produtividade por região brasileira em 2012
1.600
1.400
1.200
1.000
800
600
400
200
-
Sul Sudeste Nordeste Centro-Oeste Norte
Produção de Peças
(mil milheiros/mês)
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
Sul Sudeste Nordeste Centro-Oeste Norte
Produtividade Média das Empresas
(mil.milheiros/mês.empresa)
 
Fonte: Elaboração Inventta a partir de dados do INT (2012)
Quando comparamos as regiões do Brasil, a Sudeste se destaca por uma produtividade 
bastante superior às demais. Cabe destacar também o posicionamento do Nordeste com 
uma produtividade intermediária. Em seguida, estão as outras regiões.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
As argilas de queima vermelha ou argilas comuns são as que mais se destacam entre as substân-
cias minerais, por causa do volume de produção e do maior consumo, sendo especialmente utili-
zadas na produção de cerâmica vermelha e de revestimento. Por se tratar de matérias-primas de 
baixo valor unitário, os produtores consideram inviável o transporte a grandes distâncias, condi-
cionando a instalação de unidades industriais cerâmicas o mais próximo possível das jazidas. As 
reservas de argila para cerâmica vermelha são de grande porte e distribuem-se por praticamente 
todas as regiões do país, sendo que essa matéria-prima representa entre 40% e 50% das subs-
tâncias minerais produzidas no Brasil. De forma geral, a localização das cerâmicas é determinada 
por dois fatores principais: a proximidade das jazidas (em razão do volume de matéria-prima 
processada e da necessidade de transporte desse grande volume e peso) e a proximidade dos 
mercados consumidores. O setor de Cerâmica Vermelha para Construção (CVPC) utiliza como 
matéria-prima basicamente a argila comum; a massa resultante pode ser denominada simples ou 
natural,sendo composta por matéria orgânica, impurezas e minerais de ferro, que permitem sua 
sinterização a baixas temperaturas (entre 900 e 1.100 °C).
Os fornecedores de matéria-prima podem ser agrupados em duas categorias:
 » pequenas e médias empresas de capital nacional que se utilizam de técnicas rudimentares 
de exploração;
 » grandes mineradoras (em geral, associadas a multinacionais ou ao setor de revestimento), 
mais organizadas e com oferta de produtos de melhor qualidade.
A produção, como citado anteriormente, é regional ou até local (no caso de MPEs), devido à 
localização das jazidas e dos compradores.
Há pouca variedade de subprodutos gerados no processo de produção da cerâmica vermelha. O 
principal deles consiste em peças quebradas e/ou trincadas após o processo de queima. Segun-
do estudo do MME, “as perdas no pós-queima podem variar de 5% (nas cerâmicas mais estrutu-
radas e com tecnologia mais moderna) a 20% (nas cerâmicas mais desorganizadas e defasadas 
tecnologicamente)” (MME, 2009a).
Atualmente, esses subprodutos são, na maior partes das vezes, reaproveitados de diversas for-
mas. Uma opção que vem sendo explorada pelas empresas é a geração do denominado “chamo-
te”. As peças quebradas são trituradas até formarem um pó. Esse pó é misturado com as argilas 
para novamente passar pelo processamento e conformação do produto. Outras opções que 
também estão sendo praticadas são: cascalhamento de estradas, produção de saibro para as 
quadras de tênis, mistura com cimento, utilização em pavimentação, entre outras.
Portanto, a geração de subprodutos não parece ser um dos pontos críticos do setor, uma vez 
que não se trata de um resíduo perigoso e para grande parte dele está sendo dado algum tipo de 
destinação ou reaproveitamento.
44 Relatório 1
De acordo com as informações publicadas pelo MME para os setores de mineração e transfor-
mação mineral no ano de 2010, o consumo total de energia para fabricação de cerâmica verme-
lha está descrito na tabela a seguir:
Tabela 9 – Consumo total de energia para fabricação de cerâmica vermelha (em 103 tep)
  1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2007 2008 2010
Cerâmicas 1.542 2.088 2.511 2.479 2.331 2.521 3.068 3.412 4.157 4.107 4.527
Fonte: MME (2011a)
O setor de cerâmica vermelha é um grande consumidor de energia, além de causar grande im-
pacto ambiental por causa do uso intensivo de lenha. Os principais tipos de lenha usados são a 
lenha nativa e os resíduos de madeira (cavaco, serragem, briquetes e outros resíduos). Contudo, 
já existem movimentos incentivando o uso de madeira de reflorestamento, para um consumo 
energético mais sustentável (MME, 2011a).
Segundo o balanço energético referente a 2010, realizado pela Empresa de Pesquisa Energética 
(EPE) para o setor de cerâmica, a lenha foi responsável por cerca de 50% da energia utilizada, 
seguida pelo gás natural, com 25%. Apesar de a pesquisa ter mostrado que, ao longo de 10 anos, 
o consumo de energia para este setor aumentou cerca de 50%, essa proporção de utilização das 
principais fontes de energia permanece relativamente constante. Ademais, pode ser percebida 
uma tendência de diminuição da utilização de óleo combustível.
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 
E RESÍDUOS
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Gráfico 14 – Perfil de distribuição dos combustíveis no setor de cerâmica vermelha (em 103 tep)
*tep = toneladas equivalentes de petróleo, onde 01 tep = 41,87 x 1 bilhão J = 10 x 10 bilhões cal = 11,63 MWh
Fonte: EPE (2011)
Segundo relatório do Sebrae (2008), a lenha apresenta baixo rendimento energético, o que afeta 
a qualidade e os padrões técnicos dos produtos, resultando em até 30% de perda. A alternativa 
seria a análise por parte dos produtores para o uso de outras fontes de energia que não a lenha, 
minimizando aspectos ambientais e proporcionando menor perda produtiva pelo fato de outras 
fontes apresentarem maior poder energético. Por causa da representatividade dos volumes de 
consumo de lenha, a atividade cerâmica deve também dar atenção especial aos problemas am-
bientais causados por sua queima, devido à produção de cinzas, óxidos de enxofre, dióxido de 
carbono e óxidos de nitrogênio, que causam a chuva ácida e danos à camada de ozônio.
Os dados demonstram que ocorre o predomínio da lenha como principal combustível no setor. E, 
ao longo dos últimos anos, houve um pequeno aumento no consumo desse tipo de combustível. 
Entretanto, também é possível notar que as outras opções correspondem a praticamente metade 
do consumo energético. Algumas opções de combustíveis alternativos já estão sendo testadas 
em menor escala, buscando aproveitar resíduos do agronegócio de determinadas regiões.
São exemplos de alguns desses combustíveis:
46 Relatório 1
 » Bagaço de cana
 » Casca de amendoim
 » Casca de mamona
 » Palha de arroz
 » Palha de algodão
 » Palha de soja
 » Bambu
 » Capim-elefante
 » Serragem
 » Carvão mineral
 » Carvão vegetal
 » Resíduo da construção civil
 » Corte de árvores (prefeituras)
 » Açaí, dendê, caju e cacau
 » Cavaco
 » Casca de castanha de caju
Como mostrado por Schwob (2007), os fornos mais empregados pelas indústrias do setor de 
cerâmica vermelha no Brasil são os fornos intermitentes, os semicontínuos e os contínuos. A 
seguir, apresentaremos os principais tipos de forno utilizados no Brasil e algumas de suas carac-
terísticas.
FORNOS INTERMITENTES
Os fornos do tipo intermitentes são aqueles em que os blocos a serem aquecidos são colocados 
em uma determinada posição e permanecem estáticos até alcançar uma determinada tempe-
ratura, sendo então resfriados até a temperatura ambiente e retirados da maneira como foram 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
colocados. Nesse tipo de forno, o processo ocorre por batelada. Esses fornos são característicos 
das firmas pequenas, que produzem de 100 a 500 milheiros/mês ou 200 a 1,00 t/mês. Os princi-
pais tipos são: abóbada, plataforma, chama reversível, circulares, paulistinha, campanha e caieira.
FORNOS SEMICONTÍNUOS
Com 28% de participação na indústria de cerâmica vermelha no Brasil, o forno semicontínuo 
apresenta rendimento térmico razoável, sendo bastante econômico em termos operacionais, 
com boa produtividade e fácil operação, porém com alto custo de construção. Por isso, nos últi-
mos vinte anos, a indústria brasileira não mais construiu fornos desse tipo. Diferentemente dos 
fornos contínuos, esse tipo de forno está mais presente em empresas de médio e grande porte, 
com produção entre 500 e 1.500 milheiros/mês ou 1.000 e 3.000 t/mês. Os principais tipos são 
o Hoffman e o Frederico.
FORNOS CONTÍNUOS
Os fornos do tipo contínuo são aqueles em que a queima é realizada sem interrupção para 
carregamento ou descarga dos blocos cerâmicos. Neles, enquanto um lote está saindo, outro 
está entrando. Esses fornos são usados em apenas 2% das empresas de cerâmica vermelha. O 
principal tipo é o túnel.
Os fornos intermitentes e os semicontínuos podem ser agrupados em uma mesma categoria 
devido às suas similaridades. Dessa forma, podemos comparar as vantagens e desvantagens dos 
dois principais grandes grupos de forno: intermitentes e contínuos.
Tabela 10 – Comparação dos dois principais grupos de forno
Vantagens Desvantagens
Intermitente
- Concepção simples; 
- Rápida e fácil construção; 
- Ciclo de queima rápido; 
- Baixo custo de construção; 
- Baixo nível de qualificação e mão de 
obra.
- Inexistência de controle de gases; 
- Aquecimento irregular; 
- Difícil reaproveitamento dos gases de exaustão; 
- Grandes perdas de produtos e alto consumo de 
combustível; 
- Baixa produtividade, longo tempo para pré-
aquecimento; 
- Interrupções para carga e descarga dos blocos.
Contínuo
- Controle maior sobre a atmosfera do 
forno; 
- Aquecimento e queima uniforme; 
- Reaproveitamento dos gases utilizados 
na queima; 
- Menorconsumo de combustível; 
- Maior capacidade de produção; 
- Pequena perda de rejeitos; 
- Baixo custo de mão de obra.
- Elevado custo para a sua construção; 
- Eficiência maior com combustíveis mais nobres 
(óleo e gás); 
- Exigência de mão de obra qualificada para 
operação e controle do equipamento.
Fonte: Elaboração Inventta
48 Relatório 1
Quanto à eficiência energética de cada forno, os mais eficientes são os fornos mais modernos. 
Assim, os fornos contínuos são aqueles com maior eficiência energética, seguidos pelos fornos 
semicontínuos. Os fornos intermitentes são os menos eficientes.
A partir dessa classificação dos fornos e dos dados mostrados no Gráfico 15 sobre cada região 
produtora de cerâmica vermelha, pode-se identificar que a região Sudeste tem a mais alta inci-
dência de fornos mais modernos. Já as regiões Nordeste e Sul têm uma situação intermediária, 
enquanto as regiões Centro-Oeste e Norte têm uma quantidade muito baixa de fornos mais 
modernos e eficientes. Embora haja uma variação regional na incidência desses fornos mais 
modernos e eficientes, no cenário brasileiro predominam os fornos de baixa eficiência do tipo 
intermitente. Alguns dados estabelecidos para determinadas regiões do Brasil indicam que a 
distribuição de fornos segue de forma qualitativa o mapa mostrado na figura do Gráfico 15.
Como a lenha é o principal combustível utilizado no segmento de cerâmica vermelha, o con-
sumo de energia nesse setor tem grande impacto ecológico. A queima desse combustível gera 
emissões de efluentes gasosos (CO2, H2O) e os particulados. Em relação à emissão de CO2, se-
gundo o MME (2009a), utilizando uma estimativa do consumo específico de energia de 485 mil 
kcal/t, obtemos o valor de 185 kg CO2/t de peças (370 kg CO2/mil peças). Assim, considerando 
a produção de aproximadamente 85 bilhões de peças produzidas em 2009, as emissões de CO2 
geradas correspondem a 31 milhões de toneladas.
De maneira geral, as olarias não têm dispositivo de controle das emissões atmosféricas. Os gases 
são lançados sem tratamento à atmosfera, onde sofrem dispersão. As chaminés normalmente 
atingem uma altura variando entre 8 e 12 metros e são dimensionadas para controlar o processo 
de queima, dificultando inclusive a ampliação de sua altura. O que ocorre mais frequentemente, 
por parte dos órgãos fiscalizadores, é a proibição da queima de carvão por essas atividades em 
áreas onde há maior concentração populacional.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Gráfico 15 – Perfil dos fornos no Brasil em 2011
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Sudeste: maior incidência de 
fornos e�cientes
Sul e Nordeste: média 
incidência de fornos e�cientes
Centro-Oeste e Norte: menor 
incidência de fornos e�cientes
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Forno de Baixa E�ciência Forno de Média E�ciência Forno de Alta E�ciência
Fonte: INT (2012)
Entretanto, embora ainda haja pouca conscientização para que ocorram maiores intervenções 
buscando a redução de emissões, as empresas começam a se interessar pelo tema. Esse interes-
se ocorre porque algumas empresas do setor (aproximadamente 50) já estão obtendo retorno 
financeiro com a venda de créditos de carbono.
Um exemplo de empresa que está usufruindo dos créditos de carbono é mostrado pela Agência 
Sebrae (2012). Na reportagem é mostrada uma empresa localizada em Ituiutaba, a 700 km de 
Belo Horizonte. Essa empresa trocou o uso de lenha nativa sem manejo florestal por biomassas 
de origem renováveis, como serragem, cavaco e resíduos de madeira. Desse modo, ela conse-
gue, por meio de uma empresa terceirizada que atua no mercado de crédito de carbono, a Social 
Carbon, vender créditos de carbono dentro e fora do país.
Dessa forma, a substituição das fontes energéticas atuais (lenha) por fontes alternativas como 
a biomassa tem contribuído para reduzir as emissões e essa mudança é muito incentivada pelo 
mercado de crédito de carbono. Algumas empresas já estão se tornando modelo para o setor e 
atraindo a atenção de outros empresários para essa iniciativa.
Na indústria cerâmica, o chamote é o principal rejeito gerado. Após a etapa de queima, o material 
cerâmico descartado é submetido a um trituramento. Algumas indústrias cerâmicas de menor 
porte em Campos (RJ), por exemplo, chegam a apresentar 10% de perda da produção somente 
na etapa da queima. Conforme já salientamos anteriormente, estima-se que as perdas no pós-
-queima podem variar de 5% (nas cerâmicas mais estruturadas e com tecnologia mais moderna) 
50 Relatório 1
a 20% (nas cerâmicas mais desorganizadas e defasadas tecnologicamente). Esse subproduto, 
como já citado, é utilizado principalmente para o cascalhamento de estradas, produção de saibro 
para quadras de tênis, mistura com cimento e uso em pavimentação.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
A indústria cerâmica apresenta uma estrutura empresarial bastante heterogênea, composta por 
(a) pequenos empreendimentos familiares, como as olarias; (b) cerâmicas de pequeno e médio 
porte, que possuem deficiências de mecanização e gestão; e (c) empreendimentos de grande 
porte, possuidores de tecnologia moderna. 
Nas regiões Norte e Centro-Oeste predominam as empresas pequenas, chamadas olarias, fre-
quentemente familiares, com baixo nível de estruturação. No gráfico a seguir é apresentada a 
proporção de olarias em relação ao total de empresas, em percentual, por região.
Gráfico 16 – Percentual de olarias em relação ao total de empresas por estado em 2011
Fonte: Elaboração Inventta a partir de INT (2012).
PERFIL EMPRESARIAL
52 Relatório 1
Tabela 11 – Número de olarias por região em 2011
Região Olarias Não olarias Total Proporção (Olarias/Total)
Sul 611 1.342 1.953 31,29%
Sudeste 449 1.358 1.807 24,85%
Nordeste 605 964 1.569 38,56%
Norte 682 251 933 73,10%
Centro-Oeste 331 305 636 52,04%
Fonte: Elaboração Inventta a partir de dados do INT (2012)
A mineração de argila tem a predominância de minas de pequeno porte, apresentando baixo 
valor unitário, o que faz que a mineração opere de modo cativo para a sua própria cerâmica ou 
abasteça mercados locais. É uma atividade que gera significativos impactos ambientais e que 
conta com poucos funcionários por mina. O diesel é o principal combustível utilizado nos equi-
pamentos de extração de argila. 
Nas olarias, prepondera a fabricação de tijolos maciços por meio de métodos e processos consi-
derados rudimentares. É comum o uso de métodos manuais de preparação da mistura de argila 
e fabricação das peças, secagem ao sol e queima em forno de lenha. De maneira geral, a renda 
do segmento tende a permanecer nos locais de produção, com impacto econômico e social sig-
nificativo (MME, 2011a).
As empresas predominantemente com origem e administração familiar têm muitas vezes uma 
estrutura de gerenciamento pouco dinâmica e profissional, além de estruturas empresariais ar-
caicas. Outros problemas recorrentes são o baixo percentual de reinvestimento, a baixa veloci-
dade de atualização, modernização restrita e pouca incorporação de inovações. Conforme ob-
servado por Schwob (2007), esses problemas evidenciam um processo de avanço tecnológico 
lento e defasado em relação a outros segmentos do setor da construção civil, assim como a 
manutenção, em diversos casos, dos mesmos métodos de administração de décadas passadas. 
As dificuldades de se colocar em prática um modelo adequado de gestão têm levado muitas 
empresas a se aproximarem da informalidade.Dado o aumento da concorrência no mercado de cerâmica, e uma vez que existem muitas em-
presas concorrendo entre si, tornou-se cada vez mais necessário que as empresas do setor ob-
tenham certificações e se adequem a normas de qualidade para que possam ter uma melhor 
posição no mercado. Segundo o Programa Setorial de Qualidade (PSQ)4, um produto com a 
qualidade certificada permite: 
 » modulação na construção;
 » redução de perdas no processo produtivo; 
4  “O Programa Setorial da Qualidade (PSQ) foi adotado no setor de cerâmica vermelha, com o apoio do Inmetro 
que, através da revisão de normas técnicas de produtos, visa incrementar seu processo certificação e assim aumen-
tar o nível de qualidade da produção e de competitividade das empresas do segmento” (Schwob, 2007).
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
 » maior eficiência energética; 
 » maior durabilidade do produto e das construções; 
 » melhor aproveitamento da mão de obra; 
 » redução do volume de transporte para redistribuição de material.
De acordo com o MME (2011a), em 2010 o segmento de cerâmica teve um aumento de 70% de 
empresas qualificadas no PSQ de blocos cerâmicos e de 57% de empresas qualificadas de telhas 
cerâmicas – hoje existem 55 empresas certificadas pelo Organismo de Certificação do Produto 
(OCP) do Centro Cerâmico do Brasil. Entretanto, é um número baixo comparado ao cenário de 
6.900 empresas existentes no Brasil. Segundo Luis Lima, atual presidente da Anicer, de 2009 a 
2011, houve um aumento de 107% nas qualificações, totalizando 106 cerâmicas no Programa 
Setorial de Qualidade.
Seguindo esse ritmo de crescimento, espera-se que o setor estará totalmente qualificado em 
aproximadamente 11 anos, segundo Luis Lima, em palestra no 41º Encontro Nacional de Cerâ-
mica Vermelha. Para o fim do ano de 2013, estimou-se que 220 empresas estariam certificadas, 
o que significaria um crescimento de mais de 3 vezes desde 2009. Contudo, é importante res-
saltar que esse ritmo é lento devido à força da concorrência, tanto interna quanto de produtos 
substitutos. 
Gráfico 17 – Empresas qualificadas no PSQ e estimativa até 2022
Fonte: Lima (2012). Elaboração Inventta
Há uma concentração de mão de obra especializada na construção de fornos, na manutenção 
de equipamentos e na queima de produtos, além de certa especialização de oficinas e comércio 
de revenda de peças e equipamentos. Problemas ligados à exploração das jazidas, assim como 
54 Relatório 1
outros ligados à instabilidade do mercado, à gestão organizacional e tecnológica, sazonalidade e 
acesso a capital de giro contribuem para os gargalos apresentados por esse segmento. A indústria 
apresenta facilidade de entrada para novos concorrentes por causa da baixa relação “custo de 
implantação e alto valor relativo dos produtos finais”. Outros fatores que afetam as atividades 
do setor são decorrentes dos controles e regulamentações do Estado e de organizações não 
governamentais (ONGs), cada vez mais exigentes quanto à saúde dos trabalhadores e ao passivo 
ambiental (BNB, 2010).
O fato de haver informações divergentes liga-se a um grande problema que permeia toda a ca-
deia da construção civil no Brasil, qual seja o índice de informalidade. Um estudo realizado pela 
UNC (União Nacional da Construção), em agosto de 2006, revelou que dos R$ 37,85 bilhões do 
valor adicionado ao PIB nacional, 22,5% vieram da atividade informal. 
A despeito dessas inconsistências, dada a existência de várias empresas pulverizadas no merca-
do nacional, a principal convergência em relação às empresas que produzem cerâmica vermelha 
é o fato de serem, na maioria, de micro, pequeno e médio portes – as quais, segundo dados do 
Sebrae, utilizam processos produtivos tradicionais.
Retomando a abordagem sobre a questão da qualidade, a organização responsável pela certifica-
ção no Brasil de produtos cerâmicos e de sistemas de gestão da qualidade é o Centro Cerâmico 
Brasileiro (CCB), um organismo de avaliação da conformidade que está vinculado à coordenação 
geral de acreditação do Inmetro. Essa certificação analisa se os produtos cerâmicos estão em 
conformidade com a norma NBR 13582 (Paschoal, 2003). Seu escopo de atuação abrange a 
certificação de:
 » placas cerâmicas para revestimento;
 » telhas cerâmicas;
 » blocos cerâmicos;
 » telhas de concreto;
 » argamassa de reajuntamento;
 » porcelanato e pastilhas de porcelana.
Segundo site do CCB, o procedimento de obtenção de uma certificação se inicia quando uma 
empresa solicita a certificação ao órgão por meio do envio de um formulário de solicitação, 
contendo informações sobre a empresa, seus processos de fabricação, catálogo, memoriais des-
critivos e normas técnicas aplicáveis. A partir desse documento, o CCB avalia a viabilidade de se 
emitir uma certificação e envia à empresa uma proposta técnica comercial.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Caso aceite a proposta e deseje continuar com o processo, a empresa então passará por uma au-
ditoria na unidade fabril e realização de testes dentro da fábrica e em laboratório cadastrados de 
amostras dos produtos fabricados. Segundo Paschoal (2003), essa certificação ocorre segundo o 
modelo n° 05 da International Organizations for Standardization (ISO), verificando, no mínimo, os 
seguintes pontos (Paschoal, 2003):
 » controle do processo dos produtos;
 » calibração dos equipamentos utilizados no processo produtivo;
 » inspeção de processo e inspeção final;
 » registros da qualidade referentes aos ensaios de rotina;
 » meios utilizados no tratamento de não conformidades de produtos.
A partir dos resultados dessas duas etapas são realizados relatórios para a avaliação da Comissão 
de Certificação, que emitirá um parecer recomendando ou não a concessão do certificado.
Após emitida a certificação, o CCB passa então a acompanhar o estabelecimento do sistema de 
gestão da qualidade na empresa. Segundo as normas nacionais que organizam o sistema de cer-
tificação ISO (ABNT, 2005), a gestão da qualidade refere-se ao “sistema de gestão para dirigir e 
controlar uma organização no que diz respeito à qualidade” e tem como objetivo central auxiliar 
as organizações a aumentar a satisfação do cliente. Segundo a norma ISO, existem oito princí-
pios que devem ser usados pela alta direção para melhorar o desempenho da empresa. São eles:
FOCO NO CLIENTE Entender as necessidades atuais e futuras dos clientes, seus requisistos e exceder suas expectativas.
LIDERANÇA Líderes devem manter um ambiente interno que envolva as pessoas para atingir os objetivos da organização.
ENVOLVIMENTO DE PESSOAS Envolver as pessoas de modo que as suas habilidades sejam usadas para o benefício da organização.
ABORDAGEM DE PROCESSOS Gerenciar atividades e recursos relacionados como um processo.
ABORDAGEM SISTÊMICA PARA A 
GESTÃO
Identificar, entender e gerenciar processos inter-relacionados como um 
sistema, buscando aumentar a eficiência e eficácia da organização na 
busca de seus objetivos.
MELHORIA CONTÍNUA Tornar a melhoria contínua do desempenho global da organização um objetivo permanente.
ABORDAGEM FACTUAL PARA A 
TOMADA DE DECISÃO Uso de dados e análises na tomada de decisões.
BENEFÍCIOS MÚTUOS 
NAS RELAÇÕES COM OS 
FORNECEDORES
Manter uma boa relação com os fornecedores; uma relações de benefícios 
mútuos aumenta a habilidade de ambos em agregar valor.
Fonte: Adaptado de ABNT (2005). Elaboração Inventta
56 Relatório 1
É válido salientar que a introdução de um sistema de qualidade incentiva as organizações a ana-
lisar os requisitos do cliente, visando definir processos que gerem um produto que seja aceitável 
por ele, além de aumentar sua satisfação, uma vez que passará a ter uma estrutura para a me-
lhoria contínua (ABNT, 2005). Para o CCB, os principais benefícios que uma empresa obtém ao 
requerer a certificação de seus produtos são:» garantia que o produto ou o sistema atendem às normas vigentes no país;
 » condição essencial para exportação para diversos mercados;
 » redução das perdas no processo produtivo e melhoria de sua gestão;
 » mobilização de pessoas em torno de um objetivo comum;
 » oportunidade para alavancar a imagem da empresa;
 » diferenciação dos produtos em relação a seus concorrentes;
 » aumento da satisfação dos clientes;
 » maior credibilidade e competitividade dos produtos em relação aos clientes;
 » diminuição de controles e avaliações por parte de seus clientes.
Desse modo, podemos constatar que o grande objetivo da organização em obter uma certifica-
ção é passar a seu cliente a segurança de que ele está adquirindo um produto que atende a seus 
requisitos e o deixa satisfeito.
Os investimentos feitos por empresas cerâmicas geralmente se concentram em capital fixo, sen-
do os principais: despesas pré-operacionais, criação da empresa, imóveis (terreno, prédios indus-
triais/administrativos, galpões), construção, urbanização e edificações, imobilizações intangíveis, 
reserva de contingência, máquinas e equipamentos (Sebrae, 2012).
Ainda segundo o Sebrae (2012), outro tipo de investimento muito importante para a empresa é a 
capacitação de mão de obra, já que diversos estudos apontam que a qualificação da mão de obra 
no setor é baixa. Além disso, é essencial o investimento em desenvolvimento e pesquisa (design) 
e aquisição de novas tecnologias, com o objetivo de criar um diferencial para a empresa diante 
da concorrência muito acirrada no setor. Por fim, temos também os investimentos em normati-
zação ambiental, que geram certificações que atestam a qualidade do produto. 
A pesquisa do Sebrae (2012) ainda ressalta que é necessário entre R$ 500 mil a R$ 2 milhões 
para se estruturar uma empresa cerâmica, dependendo dos tipos de equipamento utilizados, o 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
subsetor em que irá atuar e a dimensão da planta. Uma das alternativas para financiar esse tipo 
de investimento são os financiamentos de longo prazo do BNDES, principalmente para a aquisi-
ção de máquinas e equipamentos.
Um estudo interessante que ajuda a entender um pouco mais a estrutura de capital e endivida-
mento dessas empresas é o realizado pelo Sebrae (2009), especificamente o caso do estado do 
Espírito Santo. Segundo esse estudo, a maior parte dos investimentos é realizado com capital 
dos próprios ceramistas, resultado de questões culturais e de acesso a crédito. Os principais 
motivadores para esse tipo de investimento do setor são a incerteza com relação ao futuro do 
mercado, a questão cultural, a falta de acesso ao crédito e a irregularidade de parte das empre-
sas, questões que as impedem de conquistar o crédito de terceiros por falta de documentação 
regularizada.
Gráfico 18 – Fonte de recursos para investimentos do setor de cerâmica vermelha no Espírito Santo
Fonte: Sebrae (2009)
A maior parte dos investimentos dos ceramistas destina-se ao aumento da capacidade de pro-
dução, o que demonstra um pensamento de ações de curto prazo por parte dos empresários. O 
investimento em qualidade também tem se sobressaído.
Gráfico 19 – Objetivos dos investimentos dos ceramistas do Espírito Santo
Fonte: Sebrae (2009)
58 Relatório 1
Uma das características da indústria cerâmica brasileira é a desqualificação e o baixo nível de 
instrução formal da mão de obra, apesar de o país ter importantes instituições de qualificação e 
capacitação, e até algumas universidades com cursos de nível superior (Sebrae, 2012). Ainda se-
gundo o Sebrae, para uma pessoa atuar no ramo de cerâmica, é necessário possuir no mínimo o 
segundo grau completo e cursos de especialização em cerâmica, composição de massas e áreas 
afins ao processamento de uma indústria cerâmica.
A indústria cerâmica também demanda profissionais de nível superior, principalmente engenhei-
ros e químicos para atuar nas áreas de composição de materiais, realização de ensaios de confor-
midade e qualidade, além dos cargos de gerência e ligados à gestão da empresa.
Segundo dados da ABCERAM, existem hoje no Brasil 24 instituições de qualificação para profis-
sionais do ramo de cerâmica, que oferecem 77 cursos – desde cursos técnicos até de pós-gra-
duação. Estão espalhados por 11 estados, sendo São Paulo o que possui mais cursos (44). Vale 
destacar a relevância do Senai nesse cenário, com 38 cursos, sendo praticamente 85% deles 
em São Paulo (32 no total, sendo 26 na cidade de São Bernardo). Entre os cursos universitários 
destacados pela ABCERAM, existe um especificamente voltado para o setor ceramista: o curso 
de Engenharia Cerâmica, oferecido pelo Centro Universitário Barriga Verde, situado em Cocal 
do Sul, Santa Catarina. 
Gráfico 20 – Distribuição dos cursos de qualificação para os profissionais do setor de cerâmica entre os 
estados em 2013
Fonte: ABCERAM (2012) e Senai (2013). Elaboração Inventta
Como podemos observar no Gráfico 21, há oferta de cursos para formação e aperfeiçoamento 
de mão de obra de nível superior e técnico-profissionalizante. É importante ressaltar que en-
quanto os cursos de nível superior são ofertados por diversas instituições do país, os cursos de 
nível técnico e profissionalizante são, praticamente, todos oferecidos pelo Senai. Hoje existem 
no país 34 opções de cursos de nível superior, sendo 17 de graduação e 17 de pós-graduação. 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Por outro lado, existem 38 cursos do Senai. No Anexo 2 podem ser encontradas mais informa-
ções sobre os cursos disponíveis no Brasil.
Gráfico 21 – Quantidade de cursos de qualificação para os profissionais do setor de cerâmica em 2013
Fonte: ABCERAM (2012) e Senai (2013). Elaboração Inventta
Os canais mais comuns de comercialização dos produtos da indústria de cerâmica vermelha são 
as grandes lojas de material de construção, para o grande varejo, e as olarias, lojas da fábrica, 
lojas de utilidades do lar e pequenas lojas de material de construção de bairro. Segundo dados 
da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), existem hoje 
no Brasil 138 mil lojas de materiais de construção, sendo que 77% dessas lojas são pequenos 
e médios estabelecimentos. A maioria dessas lojas (42%) está concentrada na região Sudeste, 
sendo o estado de São Paulo o que possui mais lojas (24%).
60 Relatório 1
Figura 12 – Distribuição das lojas de materiais de construção pelo Brasil
Fonte: Anamaco (2012). Elaboração Inventta
Outro ponto interessante é que a maioria das lojas de material de construção está estabelecida 
há mais de 20 anos. Em 2001, 34% das lojas estavam estabelecidas há 20 anos e 16% entre 16 
e 20 anos – a média de tempo de existência em 2013 era de 19 anos. Quando dividimos as lojas 
em pequeno/médio e grande porte, temos uma parcela de lojas abertas há mais de 20 anos de 
31% e 76%, respectivamente.
Gráfico 22 – Tempo de existência das lojas (em %) (Dados de 2011)
Fonte: Anamaco (2012). Elaboração Inventta
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Nos últimos anos foi possível observar no setor de cerâmica vermelha uma mudança na quan-
tidade de empregos direto após 2007. Isso se deve a um movimento das micro e pequenas 
empresas que, ameçadas pela concorrência dos grandes produtores, passaram a aumentar o 
investimento em novas tecnologias e capacitação de mão de obra, visando melhorar o produto 
e tornar o processo produtivo mais eficiente. Esse movimento fica mais claro ao compararmos 
os dados já apresentados anteriormente (Tabela 1 da seção 5, “Produção e investimentos”, e que 
retomamos aqui) de empregos diretos e produtividade das empresas do setor. 
Tabela 12 – Dados do segmento de cerâmica vermelha
Dados 2006 2007 2008 2009 2010
Nº de empresas 5.500 5.500 5.500 7.4007.400
Empregos diretos (mil) 400 400 400 293 293
Produtividade (mil peças/operário/mês) 14,0 14,6 15,8 15,8 24,1
Fonte: Anicer apud MME (2011a)
Uma forte característica do setor mínero-cerâmico, conforme mostrado pelo MME (2009b), é 
que o segmento tem grande presença de empresas de pequeno porte que não dispõem de 
quadro técnico especializado. Contudo, dado o crescimento do investimento esperado no se-
tor, como mostrado anteriormente, estima-se que serão criados até 2030 em torno de 580 mil 
postos de emprego no setor de argilas para mineração. Levando em consideração apenas os 
profissionais de nível superior e técnicos de nível médio, estima-se que serão necessários 60 mil 
funcionários de nível superior para o setor de transformação associado à mineração – geólogos, 
engenheiros de minas etc. – e 80 mil profissionais de nível básico e médio. 
Para uma melhor análise da necessidade de profissionais nesse setor nos próximos anos, o MME 
adotou os seguintes critérios na projeção das demandas de engenheiros e técnicos metalurgistas 
de nível médio (MME, 2009a, p. 127): 
RECURSOS HUMANOS
62 Relatório 1
 » profissionais de nível superior: participação em relação à demanda total evoluindo de 6%, 
em 2010, para 10%, em 2030;
 » profissionais de nível médio: participação em relação à demanda total evoluindo de 4%, 
em 2010, para 16%, em 2030;
 » engenheiros e técnicos metalurgistas: correspondendo a 10% das correspondentes de-
mandas totais.
Desse modo, dada a estrutura atual de formação desse tipo de profissional no país, entende-se 
que será necessário ampliar os cursos para capacitação e treinamento existentes.
Um resultado direto de uma melhora da capacitação dos profissionais seria o aprimoramento 
da competitividade do setor. Segundo o MME, “a falta de profissionais especializados e o baixo 
padrão da tecnologia utilizada nas operações de lavra são fatores que prejudicam a competitivi-
dade do setor mínero-cerâmico brasileiro” (MME, 2009a, p. 23).
Tabela 13 – Perspectivas da demanda de recursos humanos em segmentos de transformação associa-
dos a atividades de mineração (2010-2030)
Segmentos de 
transformação
2010 a 
2014
2015 a 
2018
2019 a 
2022
2023 a 
2026
2027 a 
2030 Total % a.a.
Argilas para cerâmica 
vermelha 96.562 93.129 110.029 129.995 153.585 583.300 4,26
Rochas ornamentais e 
de revestimento 18.570 17.483 20.215 23.373 27.025 106.667 3,70
Gipsita 181 179 217 263 318 1.158 4,91
Crisotila – Fibrocimento 5.959 6.022 7.420 9.141 11.262 39.805 5,35
Titânio 225 213 248 288 335 1.309 3,83
Quartzo 141 146 185 233 294 1.000 6,00
Gemas coradas 148 154 194 245 309 1.050 6,00
Diamante: gema e 
industrial 106 110 139 175 221 750 6,00
Água mineral 2.551 2.429 2.837 3.314 3.870 15.000 3,96
Total 124.442 119.866 141.483 167.027 197.220 750.039 4,03
Fonte: MME (2009a)
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Tabela 14 – Perspectivas da demanda de profissionais de nível superior e de nível médio em segmentos 
de transformação associados a atividades de mineração (2010-2030)
Categorias Profissionais 2010 a 2014
2015 a 
2018
2019 a 
2022
2023 a 
2026
2027 a 
2030 Total
Profissionais de nível superior 7.467 8.391 11.319 15.032 19.722 61.930
Engenheiros metalurgistas 747 839 1.132 1.503 1.972 6.193
Outros de nível superior 6.720 7.552 10.187 13.529 17.750 55.737
Técnicos de nível médio 4.978 8.391 14.148 21.714 31.555 80.785
Técnicos metalúrgicos 498 839 1.415 2.171 3.156 8.079
Outros técnicos de nível médio 4.480 7.552 12.733 19.542 28.400 72.707
Total geral 12.444 16.781 25.467 36.746 51.277 142.716
Participação sobre a demanda total (%) 10 14 18 22 26 19
Fonte: MME (2009a)
O setor não apresenta forte demanda por profissionais de nível superior. Há maior demanda por 
capacitação de profissionais em nível técnico. As instituições que oferecem capacitação e trei-
namento no setor concentram-se em consultoria técnica e gerencial.
Figura 13 – Instituições de capacitação e treinamento
Fonte: Elaboração Inventta
Apesar de a oferta de capacitação ter reconhecimento no país, a qualificação enfrenta o desafio 
da falta de capilaridade para atender a todo o Brasil.
64 Relatório 1
Figura 14 – Desafios da capacitação e treinamento
Fonte: Elaboração Inventta
Como apresentado na figura anterior, um exemplo é a atuação da escola Mario Amato, da rede 
Senai. Localizada em São Paulo e considerada referência em ensino técnico no setor, a escola 
recebe interessados de todo o país, que consideram não possuir capacitação semelhante em sua 
região. Por outro lado, um número relevante não consegue ter acesso à capacitação de qualidade 
oferecida. Outra questão é que, quando passam pela qualificação, profissionais de empresas de 
outros estados se distanciam da prática diária e são relatadas dificuldades em se aliar teoria e 
prática ao final do curso.
Outro desafio, ligado à capacitação gerencial, refere-se ao suporte engessado no modelo de 
APLs, que não atende à totalidade de empresas, além da baixa aderência das empresas a esse 
tipo de capacitação. Esse desafio é relacionado à cultura dos empresários quanto a capacitar-se 
em conjunto, além do bom momento do mercado, que faz que os empresários não sintam a ne-
cessidade de aprimoramento.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
As empresas brasileiras de cerâmica têm como característica técnicas em que predominam pro-
cessos de baixa eficiência energética e qualidade produtiva inferior. Exemplo disso é o uso dos 
fornos caieiras e do caipira, muito comum em empresas de pequeno e médio porte no Brasil. 
Contudo, já é possível observar no Brasil, como mostrado pelo INT (2012), que as firmas de 
cerâmica brasileiras vêm mudando seu padrão tecnológico, trocando esses tipos de forno por 
modelos mais eficientes, como os fornos abóboda, também conhecidos como fornos redondos 
ou de chama reversível, fornos semicontínuos, principalmente os do tipo Hoffman, e até fornos 
contínuos. Esses tipos de forno permitem a produção com maior qualidade através de processos 
com melhor desempenho energético.
A prospecção tecnológica mostrou a existência de 12 grupos de pesquisa com atuação em ce-
râmica vermelha, em 12 instituições de ciência em tecnologia no país, como apresentado na 
Figura 15, segundo dados da Base de Grupos de Pesquisa do CNPq. Esses grupos são concen-
trados nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste do país. Entre os grupos de pesquisa se destacam os 
da UENF (Universidade Estadual do Norte Fluminense) por terem todas as linhas de pesquisa 
voltadas para cerâmica vermelha, demonstrando uma importante atuação no setor. Essa atuação 
provavelmente se deve à proximidade da instituição ao APL de Campos dos Goytacazes. Temos 
também no Rio de Janeiro o grupo de Meio Ambiente e Eficiência Energética do Cefet, que 
realiza estudos interdiciplinares na área de inovação tecnológica, tendo como foco de estudo 
a cerâmica vermelha desde 1999. Os pontos centrais desse grupo são os processos de criação, 
absorção, utilização e aplicação no mercado de novas tecnologias. Como resultados, já foram 
gerados, até 2012, doze dissertações de mestrado, quatro projetos finais de graduação e oito 
projetos de iniciação científica.
Os focos de pesquisa dos grupos levantados, obtidos por meio da análise de suas linhas de pes-
quisa, podem ser resumidos nos seguintes temas: qualidade da matéria-prima, otimização do 
processo produtivo, qualidade do produto final e incorporação de resíduos na matéria-prima.
TECNOLOGIA
66 Relatório 1
Figura 15 – Prospecção de grupos de pesquisa atuantes em cerâmica vermelha
 
Fonte: Análise Inventta a partir de dados de CNPq [s.d.]
Na figura a seguir são apresentadas as principais linhas de pesquisa dos grupos e instituições 
levantados na prospecção, agrupados em temas.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtivade cerâmica vermelha
Figura 16 – Focos de pesquisa
Fonte: Análise Inventta a partir de dados do CNPq [s.d.]
A partir do estudo do Sebrae (2009), podemos observar o modo como ocorre a cooperação das 
empresas com instituições de pesquisa e ensino no Espírito Santo. A maioria delas não coopera 
com essas instituições, como podemos ver a seguir. Contudo, podemos observar que existe 
parcela dos empresários interessados em iniciar um processo de transferência de conhecimento 
visando ao desenvolvimento de novos produtos e/ou processos.
Gráfico 23 – Nível de cooperação com instituições de ensino e pesquisa no Espírito Santo
Fonte: Sebrae, 2009.
Segundo o MME (2009b), são poucos os investimentos mais arrojados em Pesquisa, Desenvolvi-
mento e Inovação (PD&I) no setor de mineração e beneficiamento. Como destacado pelo MME 
(2009b), um salto tecnológico importante para a modernização do elo mineral do setor míne-
68 Relatório 1
ro-cerâmico poderia ser dado caso dois desenvolvimentos ocorressem no país: implantação de 
mineradoras comuns e centrais de massa cerâmica.
Por outro lado, foram lançados pelo governo, via Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação 
(MCTI), junto com o Sebrae e a Finep, projetos de inovação tecnológica de micro e pequenas 
empresas (MPEs), visando fomentar a cooperação destas com instituições de ciência e tecno-
logia. O programa representa um projeto conjunto do MCTI/Finep e do Sebrae para o apoio 
financeiro não reembolsável a projetos de inovação de produtos e processos de MPEs, em co-
operação com Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs). A ação teve início em 2005, com a 
Chamada Pública MCTI/Sebrae/Finep – Ação Transversal – Cooperação ICTs – MPEs 10/2005, 
cuja continuidade se deu, em 2006, com a Chamada Pública 07/2006, e, em 2007, com a Cha-
mada Pública 04/2007. 
Destaque também para outras iniciativas, como o Plano de Desenvolvimento Produtivo do APL 
de Cerâmica Vermelha do Norte Goiano, iniciado em 2007 e o Plano de Ação para Adequação 
Ambiental e Energética das Indústrias de Cerâmica Vermelha no estado de Minas Gerais, de 
2012.
Mais recentemente tivemos as seguintes Chamadas Públicas, envolvendo o setor de cerâmica 
vermelha: Finep/Fapesc-PAPPE Subvenção/Inovação 01/12 – Fapesc nº 09/2012-14-PAPPE e 
Fapesc nº 04/2013.
As Chamadas Públicas visam a selecionar propostas apresentadas e a serem executadas por ICTs, 
públicas ou privadas, voltadas ao apoio de projetos de inovação tecnológica envolvendo um gru-
po mínimo de três micro e pequenas empresas, em duas linhas de ação: 
 » MPEs inseridas em Arranjos Produtivos Locais (APLs);
 » MPEs atuantes em setores definidos como estratégicos ou como portadores de futuro 
pela Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE). 
As propostas são pré-qualificadas segundo o atendimento aos objetivos e requisitos da Chama-
da Pública. Então é feita a avaliação de mérito por um comitê de avaliação formado por técnicos 
da Finep e do Sebrae, bem como por especialistas de universidades e de instituições de pesquisa 
indicados, os quais avaliam se a proposta atende ou não aos critérios definidos no edital, com 
respectivos pesos e notas. O processo de seleção prossegue com a análise técnico-jurídica e a 
deliberação das diretorias da Finep e do Sebrae. 
Na definição do montante dos recursos do programa, 50% são supridos pelo Sebrae e 50% pelos 
seguintes fundos setoriais: Tecnologia da Informação (CT-Info), Petróleo e Gás e Plano Nacio-
nal de Ciência e Tecnologia (CT-Petro), Energia Elétrica (CT-Energ), Transportes Aquaviários e 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Construção Naval (CT-Aquaviário) e Fundo Verde-Amarelo (FVA). No mínimo, 30% dos recursos 
deverão ser aplicados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. 
O apoio financeiro, por empresa, varia de R$ 200 mil a R$ 500 mil, para a cobertura de despesas 
correntes e de capital. Os recursos são repassados por meio das ICTs, e não podem ser utilizados 
na cobertura de despesas de produção comercial. Assim como as empresas, cujo valor do aporte 
depende da localização geográfica, as ICTs devem aportar contrapartida com percentual variável 
em conformidade com o porte e a localização geográfica dos municípios.
O Sistema Sebrae é encarregado da contratação dos convênios com as ICTs. O acompanhamen-
to técnico e financeiro dos projetos das empresas cabe ao Sebrae e à Finep. As liberações dos 
recursos são efetivadas em duas parcelas, com intervalo de seis meses, das quais a primeira é, 
em geral, utilizada na aquisição.
Há disponibilidade no Brasil de máquinas e equipamentos voltados ao setor (Figura 17). Os 
principais fornecedores são as fabricantes brasileiras, as multinacionais exportadoras e as mul-
tinacionais com produção no Brasil – a crise do mercado europeu tem aumentado a atuação 
dessas empresas no país. O crescimento da competitividade pode ser explicado pelo aumento 
de investimentos das multinacionais no mercado brasileiro. 
Figura 17 – Disponibilidade de máquinas e equipamentos
Fonte: Análise Inventta
É também observada a disponibilidade de serviços de P&D, por algumas instituições, como 
demonstrado na Figura 18. Essas instituições foram citadas em projetos de parceria com o setor. 
Entretanto, ainda são poucas instituições que dedicam projetos e atividades de pesquisa e de-
senvolvimento para esse setor.
70 Relatório 1
Figura 18 – Disponibilidade de serviços de P&D
Fonte: Elaboração Inventta
Todos os microprodutores realizam transações comerciais localmente, como a aquisição de 
equipamentos, componentes e peças, embora também comprem máquinas de outros estados e 
utilizem serviços de manutenção da própria região, mas consideram as vendas de produtos na 
região de pouca importância e raras. Quanto à compra de máquinas, equipamentos e peças de 
reposição, cabe destacar o papel exercido pelo arranjo produtivo metal/mecânico do município 
de Tabuleiro do Norte no qual são produzidos esses artefatos. 
Os pequenos produtores afirmaram que o mercado local atende em parte às necessidades por 
insumos, matéria-prima, equipamentos e serviços, pois determinados equipamentos, compo-
nentes e peças só são fornecidos pelas autorizadas na região Sudeste e Sul do país. Contudo, 
69,4% compram equipamentos nas localidades, 77,8% adquirem componentes e peças, 94,4% 
realizam manutenção de máquinas internamente e apenas 25% vendem parte de seus produtos 
no município ou região.
Uma tendência que se pode observar hoje nas empresas de cerâmica é a instalação de centrais 
de massa nas etapas de preparação de misturas balanceadas, para a melhoria de diversos pro-
cessos e obtenção de produtos de melhor qualidade. Essa medida melhora e dá maior controle 
da qualidade das matérias-primas, além de simplificar e especializar as plantas industriais (MME, 
2009a, p. 24).
Outra tendência que surge no setor cerâmico e que pode ser considerada também como um de-
safio para essas empresas é a adequação de suas plantas e processos às normas da Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Segundo o Sebrae (2009), o principal objetivo dessa mu-
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
dança é fazer que as empresas reduzam a emissão de poluentes e explorem de maneira mais 
sustentável a argila, um recurso finito e fundamental para a produção de cerâmica. 
Uma alternativa que existe no mercado é a utilização de fornos a gás (forno túnel) em vez de 
fornos que usam lenha. Existem parcerias para desenvolver melhor esse tipo de forno e viabi-
lizar seu uso. Um exemplo de iniciativa existente é a parceria desde 2000 entre a Universidade 
Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Petrobras para efetuarem testes em fornos com diferentes 
percentuais de gás natural e de serragem para a queima de diversos produtos cerâmicos. Apesar 
de esse tipo de forno ser mais caro que um forno normal(em média custa R$ 800 mil, enquanto 
um tradicional custa R$ 35 mil) e o custo de uso do gás natural ser maior do que o da lenha, o 
produto final desse tipo de forno tem melhor qualidade, além de permitir que a firma diminua 
sua emissão de gases poluentes, o que permitiria que atuasse dentro dos padrões estabelecidos 
pelas instituições governamentais ambientais (Sebrae, 2009a). 
Apesar de mais caro, o estudo do Sebrae (2009) apresenta diversos pontos positivos do uso de 
um forno a gás. O primeiro deles é que o uso de fornos a gás pode ser flexível, o que permite 
a produção de peças em menos tempo sem que a qualidade da peça seja afetada. O segundo é 
que o produto feito em fornos a gás tende a ser bem aceito em países latino-americanos, como a 
Argentina e o Uruguai, permitindo assim que essas empresas exportem. Por fim, existe também 
a possibilidade de se reutilizar a energia utilizada no processo de queima da cerâmica, evitando 
o desperdício do calor.
72 Relatório 1
ABC - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CERÂMICA. Informações Técnicas – Definição e Classifi-
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74 Relatório 1
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Caulins. Cerâmica Industrial, 9 (2) Marçop/Abril, 2004.
76 Relatório 1
ANEXO 1
BLOCOS DE VEDAÇÃO
Os blocos de vedação são utilizados em alvenarias de vedação (paredes e muros) e têm suas es-
pecificações determinadas pela Norma NBR 15270, da Associação Brasileira de Normas Técnicas 
(ABNT), o que proporciona uma maior qualidade para o consumidor. No caso da construção de 
estruturas para aplicar esse tipo de bloco é necessária a construção de vigas, pois esses blocos 
suportam apenas cargas leves. Além disso, esse tipo de bloco tem furos na horizontal ou na 
vertical, sendo esse último tipo utilizado para alvenarias de vedação racionalizada. Veja a seguir, 
alguns exemplos dos blocos de vedação.
16,5 Peças/m2 12,5 Peças/m2-- Peças/m2 -- Peças/m2
25 Peças/m2 -- Peças/m216,5 Peças/m2 12,5 Peças/m2
2,3 Peso(kg) 3,5 Peso(kg) 1,75 Peso(kg) 4,7 Peso(kg)
3,8 Peso(kg) 1,9 Peso(kg) 5,5 Peso(kg) 2,75 Peso(kg)
9 × 19 × 19 L × H × X(cm) 9 × 19 × 29 L × H × X(cm) 9 × 19 × 14,5 L × H × X(cm) 9 × 19 × 39 L × H × X(cm) 
11,5 × 19 × 29 L × H × X(cm) 11,5 × 19 × 14,5 L × H × X(cm) 11,5 × 19 × 39 L × H × X(cm) 11,5 × 19 × 19 - L × H × X(cm) 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
16,5 Peças/m2 12,5 Peças/m2-- Peças/m2 -- Peças/m2
16,5 Peças/m2 12,5 Peças/m2-- Peças/m2 -- Peças/m2
4,45 Peso(kg) 2,22 Peso(kg) 6,1 Peso(kg) 3 Peso(kg)
6 Peso(kg) 3 Peso(kg) 8 Peso(kg) 4 Peso(kg)
14 × 19 × 29 L × H × X(cm) 14 × 19 × 14,5 L × H × X(cm) 14 × 19 × 39 L × H × X(cm) 14 × 19 × 19 L × H × X(cm) 
19 × 19 × 29 L × H × X(cm) 19 × 19 × 14,5 L × H × X(cm) 19 × 19 × 39 L × H × X(cm) 19 × 19 × 19 - L × H × X(cm) 
Na tabela a seguir, estão as dimensões padrões para os blocos cerâmicos de vedação:
Dimensões de blocos de vedação
Largura (L) Altura (H)
Comprimento (C)
Bloco Principal ½ Bloco
9
9
19 9
24 11,5
14
19 9
24 11,5
29 14
19
19 9
24 11,5
29 14
39 19
11,5
11,5 24 11,5
14 24 11,5
19
19 9
24 11,5
29 14
39 19
14 19
19 9
24 11,5
29 14
39 19
78 Relatório 1
Dimensões de blocos de vedação
Largura (L) Altura (H)
Comprimento (C)
Bloco Principal ½ Bloco
19 19
19 9
24 11,5
29 14
39 19
24 24
24 11,5
29 14
39 19
BLOCOS ESTRUTURAIS
Os blocos estruturais são utilizados nas alvenarias com função estrutural, pois suportam cargas 
oriundas de edificações. Seu emprego permite construir edificações sem o uso de vigas e pilares. 
As especificações desses blocos também são determinadas pela Norma NBR 15270. Veja alguns 
exemplos desses blocos e a respectiva tabela com as medidas.
11,5 × 19 × 39 L × H × X(cm) 
6,3 Peso(kg)
12,5 Peças/m2 16,5 Peças/m2-- Peças/m2 -- Peças/m2
12,5 Peças/m2 16,5 Peças/m212,5 Peças/m2 -- Peças/m2
12,5 Peças/m2 12,5 Peças/m2-- Peças/m2 -- Peças/m2
3,3 Peso(kg) 5,3 Peso(kg) 2,65 Peso (kg)
6,9 Peso(kg) 3,45 Peso(kg) 9,4 Peso(kg) 4,7 Peso (kg)
4,1 Peso(kg) 5,9 Peso(kg) 5,4 Peso(kg) 3,7 Peso (kg)
11,5 × 19 × 19 L × H × X(cm) 14 × 19 × 29 L × H × X(cm) 14 × 19 × 14 L × H × X(cm) 
14 × 19 × 39 L × H × X(cm) 14 × 19 × 19 L × H × X(cm) 19 × 19 × 39 L × H × X(cm) 19 × 19 × 19 L × H × X(cm) 
9 × 19 × 29 L × H × X(cm) 11,5 × 19 × 19 L × H × X(cm) 14 × 19 × 29 L × H × X(cm) 11,5 × 19 × - L × H × X(cm) 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Dimensões de blocos estruturais
Largura (L) Altura (H)
Comprimento (C)
Bloco Principal ½ Bloco Amarração L Amarração T
11,5
11,5 24 11,5 - 36,5
19
25 11,5 - 36,5
29 14 26,5 41,5
39 19 31,5 51,5
14 19
29 14 - 44
39 19 34 54
19 19
29 14 34 49
39 19 - 59
TIJOLOS
Os tijolos se dividem em dois grupos: maciços ou perfurados. Os perfurados têm até 25% de 
furos em sua superfície. Tanto os maciços quanto os perfurados são produzidos em dimensões 
menores que os blocos e têm diversos tipos de acabamento, cores e formatos de furo.
TIJOLOS MACIÇOS
Tijolos sem furos que podem ter um rebaixo em uma face de assentamento. São os mais procu-
rados pelos arquitetos pelo charme e rusticidade que conferem aos ambientes.
TIJOLOS PERFURADOS
Semelhantes aos maciços, com as mesmas dimensões externas, mas com furos na vertical ou 
horizontal, encontrados geralmente com 2, 4, 10, 18 ou 21 furos.
80 Relatório 1
TELHAS
As telhas são utilizadas em sistemas de cobertura e têm suas especificações determinadas pela 
Norma NBR 15310/2009 da ABNT. Essa norma define quais informações (fabricante, medidas, 
galga média, entre outras) serão impressas nas telhas. As telhas se dividem em quatro principais 
categorias.
TELHAS ESMALTADAS E ACESSÓRIOS
Esse grupo de produtos cerâmicos, em geral, possui maior valor agregado por causa de suas ca-
racterísticas estéticas e também da durabilidade, como as telhas esmaltadas (maior resistência 
a todo tipo de intempéries). Veja a seguir alguns exemplos dos principais produtos desse grupo.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
TUBOS
Os tubos cerâmicos são aplicados nos sistemas de abastecimento de água e saneamento por 
causa de sua grande longevidade (cerca de 100 anos), o que proporciona uma redução significa-
tiva dos custos de manutenção. Os tubos possuem diâmetros variados, de 94 mm a 414 mm, e 
comprimentos de 1 m a 1,20 m, além de diversos acessórios e conexões aplicados para garantir 
uma vedação eficiente. Como esse produto tem uso mais limitado para obras de infraestrutura 
urbana, seu consumo é menor quando comparado ao de blocos e telhas.
LAJOTAS
As lajotas são elementos cerâmicos vazados destinados ao preenchimento de lajes, assentados 
entre as vigas. As dimensões desse produto são especificadas segundo a norma NBR 14.859, e 
as alturas mais comuns no mercado são H6 e H12 (6 cm e 12 cm, respectivamente).
82 Relatório 1
PLACAS DE REVESTIMENTO
A indústria de cerâmica vermelha também produz placas de revestimento para paredes ou pisos 
em pequenas dimensões. São produtos aplicados pelos arquitetos para a criação de ambientes 
rústicos. Nesse grupo se destacam as placas que simulam tijolos aparentes, as texturizadas e 
decoradas. Veja a seguir alguns exemplos.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
ANEXO 2
Cursos oferecidos no Brasil para qualificação da mão de obra para o setor de cerâmica.
Curso Instituição Departamento Estado Cidade
Educação Profissional – NOÇÕES 
BÁSICAS EM CERÂMICA VERMELHA Senai   CE  
CURSO DE ENGENHARIA DE 
MATERIAIS Unileste
Centro Universitário do 
Leste de Minas Gerais MG
Coronel 
FabricianoCURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA 
DE MATERIAIS
CNEN / 
CDTN
Comissão Nacional de 
Energia Nuclear –Centro 
de Desenvolvimento da 
Tecnologia Nuclear
MG Belo Horizonte
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA 
DE MATERIAIS UFMG   MG Belo Horizonte
CURSO TÉCNICO DE CERÂMICA Senai   MS Rio Verde de Mato Grosso
Iniciação Profissional – CERÂMICA 
ARTESANAL Senai   MT  
Iniciação Profissional – INICIAÇÃO EM 
CERÂMICA VERMELHA Senai   MT  
CURSO DE ENGENHARIA DE 
MATERIAIS UFCG
Universidade Federal de 
Campina Grande – Unidade 
Acadêmica de Engenharia 
de Materiais 
PB Campina Grande
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA 
DE MATERIAIS UFCG   PB
Campina 
Grande
CURSO DE ENGENHARIA DE 
MATERIAIS UEPG
Universidade Estadual de 
Ponta Grossa PR Ponta Grossa 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA 
DE MATERIAIS UEPG
Departamento de 
Engenharia de Materiais PR Ponta Grossa 
CURSO DE ENGENHARIA DE 
MATERIAIS PUC-RIO
Pontifícia Universidade 
Católica RJ Rio de Janeiro
CURSO DE ENGENHARIA DE 
MATERIAIS UENF
Universidade Estadual do 
Norte Fluminense Darcy 
Ribeiro 
RJ Campos dos Goytacazes
CURSO DE ENGENHARIA DE 
MATERIAIS UFRJ DMM-PEMM/COPPE/UFRJ RJ Rio de Janeiro
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA 
DE MATERIAIS IME
Instituto Militar de 
Engenharia RJ Rio de Janeiro
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA 
DE MATERIAIS PUC
Departamento de Ciência 
dos Materiais e Metalurgia RJ Rio de Janeiro
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA 
DE MATERIAIS UENF
Laboratório de Materiais 
Avançados – Lamav RJ
Campos dos 
Goytacazes
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA 
DE MATERIAIS UFRJ DMM-PEMM/COPPE RJ Rio de Janeiro
84 Relatório 1
Curso Instituição Departamento Estado Cidade
CURSO DE ENGENHARIA DE 
MATERIAIS UFRN
Departamento de 
Engenharia de Materiais RN Natal
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA 
DE MATERIAIS UFRN   RN Natal
CURSO DE ENGENHARIA DE 
MATERIAIS UCS 
Campus Universitário de 
Caxias do Sul RS Caxias do Sul
CURSO DE ENGENHARIA DE 
MATERIAIS UFRGS Departamento de Materiais RS Porto Alegre
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA 
DE MATERIAIS UCS   RS Caxias do Sul
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA 
DE MATERIAIS UFRGS   RS Porto Alegre
CURSO DE ENGENHARIA CERÂMICA Unibave / IMG 
Universidade Barriga Verde 
– Instituto Maximiliano 
Gaidzinski 
SC Cocal do Sul
CURSO DE ENGENHARIA DE 
MATERIAIS Unesc   SC Criciúma
CURSO DE GRADUAÇÃO DE DESIGN Unesc   SC Criciúma
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA 
DE MATERIAIS UFSC
Departamento de 
Engenharia Mecânica SC Florianópolis
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA 
EM CERÂMICA E VIDRO Unesc   SC Criciúma
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA 
EM DESIGN DE PRODUTO IF / SC
Instituto Federal de 
Educação, Ciência e 
Tecnologia de Santa 
Catarina
SC Florianópolis
CURSO TÉCNICO DE CERÂMICA IMG Instituto Maximiliano Gaidzinski – Colégio SC Cocal do Sul
CURSO TÉCNICO DE CERÂMICA Senai   SC Criciúma
CURSO TÉCNICO DE CERÂMICA Senai   SC Tijucas
Curso de Aperfeiçoamento Profissional 
– OPERADOR DE FORNOS CERÂMICOS Senai   SP
São Bernardo do 
Campo
Curso de aperfeiçoamento profissional 
– ASPECTOS RELEVANTES DA ETAPA 
DE REVESTIMENTO CERÂMICO NA 
FUNDIÇÃO DE PRECISÃO (PROCESSO 
POR CERA PERDIDA)
Senai   SP Osasco
Curso de Aperfeiçoamento Profissional 
– CONTROLES DE PROCESSO 
PRODUTIVO DE CERÂMICA 
VERMELHA
Senai   SP São Bernardo do Campo
Curso de Aperfeiçoamento Profissional 
– ENSAIOS DE CERTIFICAÇÃO PARA 
CERÂMICA VERMELHA
Senai   SP São Bernardo do Campo
Curso de Aperfeiçoamento Profissional 
– ENSAIOS GRANULOMÉTRICOS 
APLICADOS À CERÂMICA
Senai   SP São Bernardo do Campo
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelhaRelatório 1
Curso Instituição Departamento Estado Cidade
Curso de Aperfeiçoamento Profissional 
– ENSAIOS PRELIMINARES EM 
ARGILAS
Senai   SP São Bernardo do Campo
Curso de Aperfeiçoamento Profissional 
– ENSAIOS PRELIMINARES EM 
ARGILAS
Senai   SP Rio Claro
Curso de Aperfeiçoamento Profissional 
– EXTRUSOR DE CERÂMICA 
VERMELHA
Senai   SP São Bernardo do Campo
Curso de Aperfeiçoamento Profissional 
– FABRICAÇÃO DE CERÂMICA 
VERMELHA
Senai   SP São Bernardo do Campo
Curso de Aperfeiçoamento 
Profissional – FORMULAÇÃO DE 
VIDRADOS CERÂMICOS PARA ALTA 
TEMPERATURA
Senai   SP São Bernardo do Campo
Curso de Aperfeiçoamento 
Profissional – FORMULAÇÃO DE 
VIDRADOS CERÂMICOS PARA BAIXA 
TEMPERATURA
Senai   SP São Bernardo do Campo
Curso de Aperfeiçoamento Profissional 
– MANUTENÇÃO PREVENTIVA DE 
EQUIPAMENTOS PARA CERÂMICA 
VERMELHA
Senai   SP São Bernardo do Campo
Curso de Aperfeiçoamento Profissional 
– REGULAGEM DE BOQUILHAS Senai   SP
São Bernardo do 
Campo
Curso de Aperfeiçoamento Profissional 
– SECAGEM E QUEIMA DE PRODUTOS 
DE CERÂMICA VERMELHA
Senai   SP São Bernardo do Campo
Curso de Aprendizagem Industrial – 
MODELADOR INDUSTRIAL Senai   SP Osasco
Curso de Aprendizagem Industrial – 
MODELADOR INDUSTRIAL Senai   SP Piracicaba
CURSO DE ENGENHARIA DE 
MATERIAIS FEI 
Fundação Educacional 
Inaciana “Padre Sabóia 
de Medeiros” – Centro 
Universitário 
SP São Bernardo do Campo
CURSO DE ENGENHARIA DE 
MATERIAIS UFSCar
Departamento de 
Engenharia de Materiais SP São Carlos
CURSO DE ENGENHARIA DE 
MATERIAIS Unesp Campus de Guaratinguetá SP Guaratinguetá
CURSO DE ENGENHARIA DE 
MATERIAIS Univap
Faculdade de Engenharia, 
Arquitetura e Urbanismo – 
FEAU
SP São José dos Campos
CURSO DE ENGENHARIA DE 
MATERIAIS UPM
Coordenadoria de 
Engenharia de Materiais SP São Paulo
CURSO DE ENGENHARIA DE 
MATERIAIS USP Escola Politécnica SP São Paulo
CURSO DE ENGENHARIA DE 
MATERIAIS USP
Escola de Engenharia de 
Lorena SP Lorena
86 Relatório 1
Curso Instituição Departamento Estado Cidade
Curso de Especialização Profissional 
– OPERADOR DE CENTRO DE 
USINAGEM CNC PARA ROCHAS 
ORNAMENTAIS
Senai   SP São Bernardo do Campo
Curso de Especialização Profissional – 
OPERADOR DE MÁQUINA CNC PARA 
CORTE EM JATO D´ÁGUA
Senai   SP São Bernardo do Campo
Curso de Iniciação Profissional 
– ACABADOR PARA ROCHAS 
ORNAMENTAIS
Senai   SP São Bernardo do Campo
Curso de Iniciação Profissional 
– CORTADOR DE ROCHAS 
ORNAMENTAIS
Senai   SP São Bernardo do Campo
Curso de Iniciação Profissional – 
MEDIDOR PARA APLICAÇÃO DE 
ROCHAS ORNAMENTAIS
Senai   SP São Bernardo do Campo
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA 
DE MATERIAIS UFSCar   SP São Carlos
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA 
DE MATERIAIS Unesp   SP Ilha Solteira
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA 
DE MATERIAIS UPM
Coordenadoria de 
Engenharia de Materiais SP São Paulo
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA 
DE MATERIAIS USP Escola Politécnica SP São Paulo
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NA ÁREA 
DE MATERIAIS USP
Escola de Engenharia de 
Lorena SP Lorena
Curso de Qualificação Profissional 
– AUXILIAR EM FABRICAÇÃO DE 
CERÂMICA BRANCA
Senai   SP São Bernardo do Campo
Curso de Qualificação Profissional 
– AUXILIAR EM FABRICAÇÃO DE 
CERÂMICA VERMELHA
Senai   SP São Bernardo do Campo
Curso de Qualificação Profissional 
– AUXILIAR EM FABRICAÇÃO DE 
REVESTIMENTO CERÂMICO
Senai   SP Rio Claro
Curso de Qualificação Profissional – 
AUXILIAR EM PROCESSAMENTO DE 
ROCHAS ORNAMENTAIS
Senai   SP São Bernardo do Campo
Curso de Qualificação Profissional – 
CERAMISTA DECORADOR Senai   SP
São Bernardo do 
Campo
Curso de Qualificação Profissional – 
CERAMISTA MODELADOR Senai   SP
São Bernardo do 
Campo
CURSO TÉCNICO DE CERÂMICA Senai   SP São Bernardo do Campo
CURSO TÉCNICO DE CERÂMICA Senai   SP Rio Claro
Iniciação Profissional – MODELADOR 
DE PEÇAS CERÂMICAS EM TORNO Senai   SP
São Bernardo do 
Campo
Iniciação Profissional – MODELADOR 
DE PEÇAS CERÂMICAS EM ARGILA Senai   SP
São Bernardo do 
Campo
Fonte: Senai (2013) e ABCERAM (2013).
CENÁRIOS MACROECONÔMICOS, 
HISTÓRICO E PERSPECTIVAS DE 
EVOLUÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA DE 
CERÂMICA VERMELHA NA ECONOMIA 
BRASILEIRA NO LONGO PRAZO
Relatório Técnico 2
88 Relatório 2
LISTA DE FIGURAS
99 Figura 1 – Evolução da cadeia de cerâmica vermelha no Brasil 
(1950-1990) 
104 Figura 2 – Evolução da cadeia de cerâmica vermelha no Brasil(1998-2009)
110 Figura 3 – Distribuição dos biomas brasileiros – o Cerrado e a 
Caatinga
111 Figura 4 – Principais órgãos de articulação do PP Cerrado e PP 
Caatinga
114 Figura 5 – Desmatamento do Cerrado – meta e resultados
115 Figura 6 – PP Cerrado e PP Caatinga
118 Figura 7 – Lei de resíduos sólidos
LISTA DE GRÁFICOS
93 Gráfico 1 – Variação real anual do PIB brasileiro e mundial (% 
a.a.)
93 Gráfico 2 – Comparação da variação real anual do PIB brasileiro, 
da indústria e da indústria de construção civil (% a.a.)
94 Gráfico 3 – Evolução do investimento total e da indústria de 
construção civil (% a.a.)
95 Gráfico 4 – Evolução da taxa Selic, taxa de juros à pessoa 
física e jurídica (% a.a.)
95 Gráfico 5 – Comparação da evolução da taxa Selic com a 
variação do investimento na indústria de construção civil (% 
a.a.)
96 Gráfico 6 – Evolução das operações de crédito (eixo à direita 
em % a.a. e eixo à esquerda em milhões de R$ de 2013)
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
97 Gráfico 7 – Evolução da inflação (% a.a.)
100 Gráfico 8 – Histórico da produção de cerâmica vermelha no 
Brasil a partir de 2006 (em bilhões de peças)
101 Gráfico 9 – Evolução da participação do setor de não metálicos 
no PIB (em %)
102 Gráfico 10 – Número de pessoas ocupadas segundo o tipo de 
ocupação na empresa (em 31/12 do respectivo ano)
103 Gráfico 11 – Total de salários pagos, segundo o tipo de ocupação 
na empresa (em 31/12 do respectivo ano)
103 Gráfico 12 – Taxa de informalidade
104 Gráfico 13 – Produção brasileira de cerâmica vermelha por 
região em 2012
105 Gráfico 14 – Distribuição das empresas por região em 2011
106 Gráfico 15 – Percentual de olarias em relação ao total de 
empresas por estado em 2011
LISTA DE TABELAS
95 Tabela 1 – Evolução da taxa de investimento em relação ao PIB 
(%)
97 Tabela 2 – Evolução do valor do salário mínimo real (em R$ de 
2012)
101 Tabela 3 – Consumo aparente per capita de alguns produtos da 
indústria de não metálicos
102 Tabela 4 – Número de unidades industriais de fabricação de 
produtos cerâmicos no Brasil
105 Tabela 5 – Produção brasileira de cerâmica vermelha por estado 
em 2011
105 Tabela 6 – Número de empresas em 2011 por estado
106 Tabela 7 – Número de olarias por região em 2012
90 Relatório 2
106 Tabela 8 – Número de olarias por região em 2011
112 Tabela 9 – Resultados esperados para o PP Cerrado
113 Tabela 10 – Resumo dos recursos federais para o PP Cerrado – 
Fase 1 (2010-2011)
113 Tabela 11 – Resumo dos recursos federais para o PP Cerrado – 
Fase 2 (2014-2015)
117 Tabela 12 – Resultados esperados para o PP Caatinga
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
SUMÁRIO
92 Evolução histórica da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
98 Análise do setor de cerâmica
107 Tendências de organização industrial
109 Plano de ação para prevenção e controle do desmatamento e 
das queimadas no cerrado (PP cerrado)
111 Modelo de governança do PP Cerrado 
116 Plano de ação para prevenção e controle do desmatamento 
da caatinga (PP caatinga)
118 Lei de resíduos sólidos
121 Normas técnicas de desempenho e de coordenação modular
124 Referências
92 Relatório 2
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA 
CADEIA PRODUTIVA DE 
CERÂMICA VERMELHA
A partir do levantamento de dados existentes nas bases do IBGE e do Ipea e dos relatórios do 
Ministério de Minas e Energia (MME) e do Sebrae, é possível obter um panorama da situação 
econômica brasileira, analisar como nossa indústria se encontra hoje, qual a relevância dos mine-
rais não metálicos e, por fim, entender como se situa a indústria de cerâmica vermelha.
Para esta análise, utilizaremos dados levantados dessas bases de dados e buscaremos, a partir 
deles, discutir a importância e o papel do setor de cerâmica vermelha na economia brasileira.
Ao analisarmos a evolução do PIB brasileiro nos últimos anos, podemos observar que o país 
ainda sente os efeitos da crise mundial, que se iniciou em 2007 e ainda não apresenta sinais de 
ter sido superada. Principalmente a partir de 2005, podemos observar que em todos os anos 
houve crescimento do PIB até 2008, quando ocorreu um crescimento menor do que o do ano 
anterior. Fica mais evidente o efeito da crise do subprime no PIB brasileiro a partir de 2009, 
quando ocorreu uma retração de 0,3%, e nos anos seguintes, com exceção do crescimento de 
2010, fruto da grande recessão do ano anterior – houve retração do produto, que ficou abaixo 
do patamar de 2005. Se observarmos a variação do PIB mundial, podemos constatar que a 
crise não só afetou o Brasil, mas também a economia mundial, como pode ser visto no Gráfico 
1. Assim como no caso brasileiro, a economia mundial também apresentou uma inversão na 
tendência de crescimento em 2008, o que pôde ser notado pela retração do PIB mundial em 
2009, voltando a crescer nos anos subsequentes, mas em patamares inferiores ao de 2005.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Gráfico 1 – Variação real anual do PIB brasileiro e mundial (% a.a.)
Fonte: Ipeadata, FMI e IBGE
Ao analisarmos o PIB da indústria nacional, percebemos que há a mesma tendência durante o 
período analisado (2005 a 2012). Vale destacar o forte impacto que a crise teve sobre a indústria 
brasileira que, em 2009, apresentou retração de 5,6%. No caso específico da indústria de cons-
trução civil, setor que, segundo a Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer), abrange 
o setor de cerâmica vermelha, é possível observar um crescimento até 2008, com retração em 
2009. No ano de 2010, houve uma boa recuperação, com crescimento de 11,65%, seguido por 
crescimentos menores nos anos seguintes, apesar de mais altos do que o crescimento do PIB do 
país.
Gráfico 2 – Comparação da variação real anual do PIB brasileiro, da indústria e da indústria de constru-
ção civil (% a.a.)
Fonte: Ipeadata e IBGE
94 Relatório 2
Outro fator importante que devemos observar para entender a situação atual do país é o inves-
timento e o comportamento da taxa de juros, que influenciam diretamente no desenvolvimento 
do setor industrial. A queda na taxa de juros, como a observada nos últimos anos no Brasil, é um 
fator adicional que incentiva as empresas a investir, o que dinamiza a própria indústria, amplian-
do a produção e tornando-a mais produtiva, além de poder influenciar toda a cadeia de clientes 
e fornecedores. 
Podemos observar que no Brasil, desde 1999, houve queda da taxa de juros e aumento do in-
vestimento. Contudo, vale salientar que esse crescimento do investimento acompanha o cresci-
mento do PIB, uma vez que a relação entre investimento e PIB se mantém praticamente estável 
no período. Assim, apesar da redução dos juros, não há elevações consistentes no investimento 
brasileiro, o que muito se deve à incerteza gerada pela crise após 2009.
Gráfico 3 – Evolução do investimento total e da indústria de construção civil (% a.a.)
Fonte: Ipeadata, IBGE
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Gráfico 4 – Evolução da taxa Selic, taxa de juros à pessoa física e jurídica (% a.a.)
Fonte: Ipeadata, Banco Central do Brasil
Tabela 1 – Evolução da taxa de investimento em relação ao PIB (%)
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
15,66 16,80 17,03 16,39 15,28 16,10 15,94 16,43 17,44 19,11 18,07 19,46 19,29 18,16
Fonte: Ipeadata e IBGE
Gráfico 5 – Comparação da evolução da taxa Selic com a variação do investimento na indústria de cons-
trução civil (% a.a.)
Fonte: Ipeadata, IBGE e Banco Central do Brasil
96 Relatório 2
Como reflexo da redução dos juros, as operações de crédito também aumentaram. Esse fator é 
muito significativo para a indústria de cerâmica vermelha, uma vez que o setor de habitação de-
pende fundamentalmente do crédito. Atualmente noBrasil, os financiamentos imobiliários ofe-
recidos pelos bancos públicos, como a Caixa e o Banco do Brasil, e pelos bancos privados, além 
das linhas de crédito do BNDES, têm um papel fundamental na construção civil. Assim, esse 
aumento do volume de crédito beneficia diretamente o setor, alavancando a sua produção. Pelo 
gráfico abaixo, podemos observar que em todo o período as operações de crédito aumentaram, 
enquanto a taxa de crescimento das operações de crédito aumentou ano a ano até 2010. A partir 
de 2011, houve uma diminuição nessa taxa, mas manteve-se positiva. Apesar dos esforços do 
governo em manter a liquidez da economia durante a crise e disponibilizar crédito pelos bancos 
públicos, podemos perceber que ainda há muita incerteza, dado que o volume de crédito não 
voltou aos patamares pré-crise.
Gráfico 6 – Evolução das operações de crédito (eixo à direita em % a.a. e eixo à esquerda em milhões de 
R$ de 2013)
Fonte: Ipeadata e Banco Central do Brasil
Vale ressaltar que o setor de construção civil esteve muito aquecido em 2013 e 2014, principal-
mente por causa da Copa do Mundo, e espera-se uma retomada com as Olimpíadas no Rio de 
Janeiro em 2016. Ambos os eventos demandam diversas obras de infraestrutura e a construção 
e reforma de complexos esportivos, de modo a influenciar a demanda por produtos da indústria 
de construção civil e, concomitantemente, pela cerâmica vermelha.
Devemos lembrar ainda de dois outros elementos muito importantes que afetam a decisão de 
produzir das empresas: a inflação e o salário. Levando em conta uma determinada inflação espe-
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
rada, o produtor poderá estimar com mais precisão o lucro que obterá em determinado período, 
uma vez que dependerá do preço dos insumos usados para produzir. Como podemos ver a seguir, 
o nível de inflação1 de 2012 se encontrava em um patamar menor que em 2002, início de uma 
queda na inflação que durou até 2006. Vale ressaltar que o Índice Nacional de Custo da Cons-
trução (INCC), que mostra a evolução dos custos de construções habitacionais, também seguiu a 
mesma tendência do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), contudo, sempre em um 
patamar mais elevado.
O outro fator relevante para o produtor é o nível de salário, um preço também muito importante 
e que afeta suas decisões de produção. Desde 1999, os salários vêm se elevando, sendo que em 
2012 seu valor real era 104% maior do que em abril de 1999.
Gráfico 7 – Evolução da inflação (% a.a.)
Fonte: Ipeadata, IBGE e FGV/Conj. Econômica
Tabela 2 – Evolução do valor do salário mínimo real (em R$ de 2012)
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
320,70 353,27 393,31 398,92 401,04 379,76 385,91 502,72 527,66 544,15 576,14 599,02 602,21 655,28
Fonte: Ipeadata
1  Utilizaremos o IPCA como índice de inflação, levando em conta que o Banco Central do Brasil utiliza esse índice 
para o planejamento de sua política de metas de inflação. Para mais informações, consulte: http://www.bcb.gov.
br/?sismetas
98 Relatório 2
Tendo analisado o Brasil e sua indústria na última década, passemos a olhar com mais atenção 
para o setor de cerâmica vermelha, alvo de nossa análise.
O progresso da cerâmica no Brasil pode ser dividido em três períodos, de acordo com o avanço 
tecnológico da indústria de cerâmica vermelha e seu desenvolvimento no país (MDIC, 2007).
O primeiro período é o artesanal, que se inicia com a produção indígena durante o período co-
lonial e vai até o início do século XX. Nessa época surgiram as primeiras manufaturas produto-
ras de cerâmica no país, que utilizavam equipamentos ainda muito rudimentares, com base em 
tração animal e energia hidráulica. A produção destinava-se basicamente às necessidades locais, 
sendo os principais produtos: telhas, tijolos e tubos, além de artefatos decorativos.
O período seguinte é o da industrialização, que ocorre basicamente por causa do fim do uso da 
madeira nas construções por razões sanitárias e de escassez, que foi substituída por tijolos e 
telhas. Com o aumento da demanda, as olarias, na maioria familiares, passaram a aproximar-se 
mais dos centros urbanos e importaram técnicas e equipamentos da Europa. Principalmente 
após a Segunda Guerra Mundial, há uma expansão muito grande do parque cerâmico nacional, 
o que gera também um aumento da variedade de produtos produzidos – cresce a produção de 
materiais de revestimento, cerâmica sanitária, materiais abrasivos, entre outros.
O terceiro período, que se inicia na década de 1990, caracteriza-se pela introdução de programas 
de qualidade e busca do aumento da produtividade, dado o crescimento da competitividade do 
setor diante dos competidores nacionais e internacionais (MDIC, 2007).
Na Figura 1 a seguir, podemos observar resumidamente essa evolução da indústria de cerâmica 
vermelha no Brasil.
ANÁLISE DO SETOR DE 
CERÂMICA
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Figura 1 – Evolução da cadeia de cerâmica vermelha no Brasil (1950-1990) 
Fonte: Análise Inventta a partir de MDIC (2007)
A indústria de cerâmica vermelha brasileira ainda é muito heterogênea – é possível encontrar 
empresas com processos produtivos distintos e que se encaixam em cada uma das etapas des-
critas acima. O estado brasileiro que mais se destaca é São Paulo, com o maior parque industrial 
do setor e capacidade para atender ao mercado paulista e a outros mercados brasileiros, além de 
parte de sua produção ser exportada para alguns países da América Latina. 
Segundo a classificação do IBGE, o setor de cerâmica vermelha pertence à indústria de materiais 
não metálicos2, que possui uma participação pequena no PIB nacional. Segundo dados do MME 
(2014), esse setor deixou de corresponder a 4,2% do PIB da indústria e 1,6% do PIB nacional 
em 1970, passando, em 2013, a ser responsável por 3,91% e 0,87%, respectivamente (Gráfico 
9). Apesar da redução e das variações durante o período – que refletem a diversificação da eco-
nomia brasileira com o crescimento de outros setores industriais com maior agregação de valor 
e do setor de serviços –, os dados dos últimos anos do setor cerâmico apresentam perspectiva 
de melhoria, já em 2013 sua produção praticamente retomou o patamar de 70 bilhões de peças 
produzidas nos anos pré-crise 2007/2008 (Gráfico 8). Além disso, o consumo per capita também 
aumentou nos últimos anos, passando de 131 para 354 peças por habitante entre 1990 e 2013 
(MME, 2011 e 2014). Esse crescimento é melhor do que o de outros produtos da indústria de 
não metálicos no mesmo período, como o cimento, por exemplo (Tabela 3). Destaca-se ainda 
2  Setor de transformação não metálicos = cimento + cerâmicas (vermelha, revestimento, vidro, cal, gesso, refratário 
etc.). Não inclui fertilizantes.
100 Relatório 2
que a variação e queda na produção e consumo de produtos cerâmicos se deve também ao 
maior emprego na construção civil de outros produtos de vedação e cobertura, como o drywall, 
blocos e telhas de concreto. O Programa Minha Casa Minha Vida, lançado em 2009, voltou a 
estimular o uso de produtos cerâmicos, especialmente nos conjuntos habitacionais horizontais.
Gráfico 8 – Histórico da produção de cerâmica vermelha no Brasil a partir de 2006 (em bilhões de peças)
Fonte: Anuários MME (2011 e 2014)
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Gráfico 9 – Evolução da participação do setor de não metálicos no PIB (em %)
Fonte: Anuários MME, 2011 e 2014. Elaboração própria
Tabela 3 – Consumo aparente per capita de alguns produtos da indústria de não metálicos
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Cimento 
(Kg/hab) 100 160 227 155 177 179 233 215 272 271 314 338 357 353
Cerâmica 
Vermelha 
(peças/hab)
ND ND ND ND 131 145 176 353 396 384 456 357 359 354Cerâmica de 
Revestimento 
(m2/hab)
nd nd nd nd 1,08 1,64 2,31 3,15 3,9 4,2 8,8 4,4 4,4 4,2
Vidro (Kg/hab) nd nd nd nd nd 10,5 11,4 12,8 12,1 13,6 nd nd 10,0 nd
Cal (Kg/hab) nd nd 40 36 33 37 37 39 39,2 39,2 40,4 43 42,8 42,1
Gesso (Kg/
hab) 1,8 2,4 5 4,2 5,6 8,5 9 9,2 16,2 18 34,2 nd nd 22,1
Louça 
sanitária 
(peças/hab)
nd nd nd nd nd nd nd nd 0,10 0,11 0,12 0,12 0,13 0,12
Louça de mesa 
(peças/hab) nd nd nd nd nd nd nd 0,88 1,06 1,05 1,47 1,6 1,7 1,7
Fonte: Adaptado dos Anuários MME (2011; 2014)
Segundo o IBGE, em 2010 existiam no Brasil 5.075 empresas de fabricação de produtos cerâ-
micos, quantidade 5,6% maior do que em 2007. Como já visto em outras seções, é importante 
destacar que a Anicer apresenta em seu site o total de 6.903 empresas cerâmicas e olarias exis-
102 Relatório 2
tentes no Brasil. O INT, como é mostrado mais adiante, também apresenta números diferentes. 
Essas diferenças se devem à natureza da classificação de atividades considerada entre as fontes. 
Voltando aos dados do IBGE, em 2010 o setor empregava 166.831 pessoas, sendo 146.277 
assalariadas e ligadas à produção, 13.388 assalariadas não ligadas à produção e 7.191 que eram 
donas ou sócias da empresa e não assalariadas. Esse número é 12,1% superior ao de 2007, 
quando estavam empregadas 148.870 pessoas. Outro fator que mostra o crescimento do setor 
é a elevação do total de salários, retiradas outras remunerações pagas aos empregados nesse 
setor. Em 2007 esse valor era de mais de R$ 1,5 bilhões, enquanto em 2010 esse valor passou 
para mais de R$ 2,2 bilhões.
Tabela 4 – Número de unidades industriais de fabricação de produtos cerâmicos no Brasil
2007 2008 2009 2010
4.806 4.803 4.885 5.075
Fonte: IBGE
Gráfico 10 – Número de pessoas ocupadas segundo o tipo de ocupação na empresa (em 31/12 do res-
pectivo ano)
Fonte: IBGE
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Gráfico 11 – Total de salários pagos, segundo o tipo de ocupação na empresa (em 31/12 do respectivo 
ano)
Fonte: IBGE
Por fim, outra característica do setor cerâmico brasileiro que deve ser ressaltada é sua alta taxa 
de informalidade, uma vez que, de acordo com dados da Federação das Indústrias de São Paulo 
(Fiesp) (2008), aproximadamente 30% das empresas do setor ainda são informais. Para o setor 
de extração da argila, que é a matéria-prima na fabricação dos materiais cerâmicos, esse valor é 
ainda maior, chegando a 50% das empresas. 
Gráfico 12 – Taxa de informalidade
Produtos minerais não metálicos para construção
Produtos metalúrgicos não ferrosos p/ construção
Tintas para construção
Artefatos de concreto e outros
Material elétrico para construção
Indústria de materiais de construção
Produtos cerâmicos
Madeira e mobiliário para construção
Fab. E manutenção de máq. e equip. p/ construção
Artigos de plástico para construção
Outros produtos metalúrgicos para construção
Extração de pedra, areia e argila
Construção civil
Fonte: Abramat-FGV (2006) apud Fiesp (2008)
104 Relatório 2
No quadro a seguir, um resumo da evolução do setor de cerâmica vermelha no Brasil.
Figura 2 – Evolução da cadeia de cerâmica vermelha no Brasil (1998-2009)
Fonte: Adaptado de Silva (2009). Análise Inventta
A distribuição da produção de cerâmica vermelha no Brasil apresenta-se de maneira desigual. Há 
uma forte concentração da produção na região Sudeste, responsável por aproximadamente 41% 
da produção nacional, segundo o BNB (2010). Por outro lado, a região Norte é a que apresenta 
menor produção, sendo responsável por algo em torno de 5% da produção brasileira, como po-
demos observar no Gráfico 13.
Gráfico 13 – Produção brasileira de cerâmica vermelha por região em 2012
 
Regiões Produção (mil milheiros/mês)
Sudeste 1.427
Sul 857
Nordeste 780
Centro-
Oeste 220
Norte 165
Fonte: Análise Inventta a partir de INT (2012)
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Tabela 5 – Produção brasileira de cerâmica vermelha por estado em 2011
Estado RS SC PR SP RJ MG ES BA SE AL PE PB RN CE
Produção 
(mil milheiros/mês) 356 213 288 731 220 426 50 195 43 37 68 57 110 170
Estado PI MA TO RO AM AC PA AP RR GO MS MT DF
Produção 
(mil milheiros/mês) 43 57 40 20 43 9 46 5 2 170 24 21 5
Fonte: Análise Inventta a partir de INT (2012)
A distribuição das empresas por região, por outro lado, apresenta uma concentração nas regiões 
Sul e Sudeste, que juntas concentram 55% das empresas brasileiras. Desse modo, se comparar-
mos o gráfico anterior com o seguinte, podemos observar como são diferentes as produtividades 
de cada região, dado que as distribuições de produção e empresas são diferentes no país. Pode-
mos observar, por exemplo, que o Sudeste apresenta uma produtividade muito maior que a da 
região Norte. Um fator que contribui para explicar essa diferença é a predominância de olarias 
na região Norte diante de outros tipos de empresas, enquanto no Sudeste elas são minoria (73% 
e 25%, respectivamente – Tabela 7).
Gráfico 14 – Distribuição das empresas por região em 2011
Fonte: Análise Inventta a partir de INT (2012)
Tabela 6 – Número de empresas em 2011 por estado
Estado RS SC PR SP RJ MG ES BA SE AL PE PB RN CE
Empresas em 2011 708 625 620 750 220 740 110 338 100 55 180 100 186 400
Estado PI MA PA TO AM AC AP RO RR GO DF MS MT
Empresas em 2011 60 150 570 60 100 21 40 80 13 350 16 120 150
Fonte: Análise Inventta a partir de INT (2012)
106 Relatório 2
Gráfico 15 – Percentual de olarias em relação ao total de empresas por estado em 2011
Fonte: Análise Inventta a partir de INT (2012)
Tabela 7 – Número de olarias por região em 2012
Região Olarias Não olarias Total Proporção (Olarias/Total)
Sul 611 1342 1953 31,29%
Sudeste 449 1358 1807 24,85%
Nordeste 605 964 1569 38,56%
Norte 682 251 933 73,10%
Centro-Oeste 331 305 636 52,04%
Fonte: Análise Inventta a partir de INT (2012)
Como peculiaridade regional, o Sul do Brasil tem um consumo per capita de cerâmica vermelha 
bastante alto e, de acordo com a Anicer, isso acontece em decorrência do clima mais frio dessa 
região; além disso, as peças de cerâmica têm excelente propriedade de isolamento térmico. O 
valor do consumo per capita da região Sul (712 peças por habitante) está bastante acima da mé-
dia brasileira (445 peças por habitante).
Tabela 8 – Número de olarias por região em 2011
Material Brasil N NE CO SE S
Cerâmica Vermelha (peças) 445 284 360 420 446 712
Fonte: MME (2011)
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
A indústria de cerâmica vermelha vem se reestruturando há alguns anos, com mudanças em sua 
base tecnológica para tornar-se mais competitiva. Entre as principais atitudes tomadas pelas 
empresas estão o estabelecimento de programas de qualidade, estruturação de laboratórios, 
qualificação da mão de obra e o desenvolvimento de novas tecnologias, que passam pela pes-
quisa de novos combustíveis, busca da incorporação dos resíduos no processo produtivo e di-
versificação da produção. 
Outra medida que se destaca é a estruturação de Arranjos Produtivos Locais (APLs), uma inicia-
tiva que tem por objetivo integrar os empreendedores em busca de soluções comuns. Em muitas 
regiões do país já é possível observar a existência de articulações de empresários para aumentar 
o grau de competitividade do setor e evitar, assim, o desaparecimento de uma das mais tradicio-
nais formas industriais do país.
Assim, podemos observar que as empresas desse setor cada vez mais buscam se adequar à 
concorrência com outras empresas do setor e fabricantes de produtos substitutos, além de 
adequarem seus processos produtivos aos padrões de sustentabilidade exigidos no Brasil. 
Segundo o Sebrae (2009), essa mudança no mercado fez que nos últimos anos muitas empre-
sas de pequeno porte fechassem as portas, aumentando, assim, a participação dos grandes 
grupos, tornando o setormais verticalizado e tornando o mercado de cerâmica vermelha 
ainda mais concentrando. Para que essas grandes empresas se mantenham no mercado é 
fundamental que busquem três objetivos:
 » ampliar seus mercados, visando expandir seu raio de ação comercial e seu mercado con-
sumidor;
 » possuir uma posição financeira sólida, o que permite maior poder de negociação com as 
instituições financeiras;
TENDÊNCIAS DE 
ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL
108 Relatório 2
 » aumentar sua rentabilidade, agregando mais valor ao seu produto.
Para isso, é essencial que as empresas não só se reestruturem como também invistam em Pes-
quisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), seja por conta própria ou por meio de parcerias entre 
empresas ou com Instituições de Ciência e Tecnologia.
A indústria cerâmica apresenta uma estrutura empresarial bastante heterogênea, composta por 
(a) pequenos empreendimentos familiares, como as olarias; (b) cerâmicas de pequeno e médio 
porte, que possuem deficiências de mecanização e gestão; e (c) empreendimentos de grande 
porte, possuidores de tecnologia moderna. Atualmente, predominam os pequenos empreendi-
mentos familiares (olarias, principalmente) e cerâmicas de pequeno e médio porte. Segundo o 
MME (2011a), esses produtores menores tendem a ter deficiências de mecanização e gestão.
Assim, dada a estrutura da indústria cerâmica brasileira, são consideradas prioritárias as ações 
para ampliação e fortalecimento de programas de formalização e capacitação de MPEs, indivi-
duais ou organizadas na forma de APLs, de cooperativas garimpeiras e de associações. Desse 
modo, seria possível: (i) assegurar a dotação adequada de recursos com outros órgãos e entida-
des públicas e privadas; (ii) a criação de linha de financiamento para formalização e moderniza-
ção técnica das MPEs, visando ampliar a eficiência produtiva; e (iii) o incentivo ao treinamento 
gerencial e adoção de políticas para desenvolver as APLs, como meio de estimular formas de 
organização produtivas que ampliem os benefícios gerados pela mineração em prol do desenvol-
vimento regional, em articulação com os estados e municípios (MME, 2011b).
Por outro lado, incentivam-se também diversos outros tipos de esforços feitos pelos empresários, que 
equivalem a estruturas organizativas de APLs e contam com a participação ativa de órgãos como o 
Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Senai (Serviço Nacional de Apren-
dizagem Industrial) e outros centros de pesquisa e inovação. Uma ação fundamental é o incentivo 
ao associativismo, destacando-se a importância da cooperação e interação dos empreendedores em 
busca de soluções comuns para a resolução de entraves e desenvolvimento das atividades, favore-
cendo a regularização dos empreendimentos, minimizando custos de produção por meio da conjuga-
ção de equipamentos e melhorando o padrão de qualidade da matéria-prima, além da recuperação 
ambiental (Tanno, 2010).
Olhando para o futuro do setor, podemos observar algumas tendências no Plano Nacional de 
Mineração de 2030 do MME (2011b), que apresenta alguns desafios da política mineral bra-
sileira para os próximos anos. Um deles é a alteração na estrutura produtiva do setor mineral, 
buscando adensar a cadeia produtiva. O resultado desse processo seria a elevação do nível de 
emprego e renda, além de melhorar a qualidade dos produtos comercializados dentro do país e 
abrir possibilidades de inserção no mercado mundial. Para tanto, o relatório ressalta que se deve 
elevar a formalização e a modernização técnica e de gestão empresarial no setor.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
PLANO DE AÇÃO PARA 
PREVENÇÃO E CONTROLE 
DO DESMATAMENTO E DAS 
QUEIMADAS NO CERRADO 
(PP CERRADO)
Diante do desmatamento excessivo e não sustentável dos principais biomas brasileiros, o gover-
no federal lançou, no final de 2010, planos que servirão como guia para a utilização responsável 
dos recursos naturais presentes no Brasil. Dois dos principais planos de apoio a esses biomas são 
os Planos de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas do Cerrado (PP Cerrado) e 
da Caatinga (PP Caatinga).
Em ambos os Planos, o objetivo maior é, primeiramente, combater o desmatamento ilegal mi-
nimizando os impactos ambientais e, complementarmente, introduzir e estimular atividades so-
cioeconômicas sustentáveis, erradicando absurdos, como o trabalho infantil e/ou escravo nas 
carvoarias.
O Cerrado detém 5% da biodiversidade do planeta, sendo considerado a savana mais rica do 
mundo, porém é um dos biomas mais ameaçados do país. Se considerada a área original de 204 
milhões de hectares, o bioma já perdeu 47,84% de sua cobertura de vegetação até 2008 (MMA-
-IBAMA-PNUD, 2008).
O desmatamento do Cerrado ocorre de modo intenso em razão de suas características propícias 
à agricultura, à pecuária e pela demanda por carvão vegetal para a indústria. Do total de cerca de 
9,5 milhões de toneladas de carvão vegetal produzido no Brasil em 2005, 49,6% foram oriundos 
da vegetação nativa (MCT, 2010 apud AMS, 2007). Ademais, 54 milhões de hectares são ocupa-
dos por pastagens cultivadas e 21,56 milhões de hectares por culturas agrícolas (MMA, 2007b).
Assim, atrelado à Lei 12.187 de 29 de dezembro de 2009, que institui a Política Nacional sobre 
Mudança do Clima (PNMC), e após consultas públicas, o PP Cerrado foi lançado em 2010 com 
um conjunto de diretrizes e eixos de atuação. As ações do PP Cerrado se alinham na estratégia 
do governo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em pelo menos 40% até 2020.
110 Relatório 2
Figura 3 – Distribuição dos biomas brasileiros – o Cerrado e a Caatinga
Fonte: Associação Caatinga (2012).
Uma síntese das diretrizes, eixos de atuação e modelo de governança do PP Cerrado é mostrada 
a seguir.
Segundo o MMA (2010), o PP Cerrado é um plano de ação (tático-operacional) que reúne ações 
para a redução do desmatamento no Cerrado e a viabilização de alternativas de proteção e de 
uso sustentável dos recursos naturais. O plano tem o objetivo de fomentar as atividades pro-
dutivas sustentáveis, o monitoramento e o controle, o ordenamento territorial e a educação 
ambiental. Com o plano, o governo busca:
 » reduzir o desmatamento em até 40% em 2020;
 » reduzir as queimadas e incêndios florestais;
 » disseminar práticas silviculturais sustentáveis;
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
 » aumentar o consumo de carvão de florestas plantadas de ferro gusa;
 » aumentar o volume de recursos disponibilizados em linhas de crédito rural subvencionadas 
para ações de recuperação de áreas degradadas;
 » aumentar a agilidade das ações de controle e fiscalização do desmatamento.
Modelo de governança do PP Cerrado 
O PP Cerrado tem como função articular e integrar as ações do governo federal e dos gover-
nos estaduais com o intuito de aprimorar a prevenção e o controle do desmatamento no Cer-
rado. Seu modelo de governança conta com um arranjo institucional que abrange instituições 
do governo federal, os estados que compõem o bioma Cerrado e a sociedade civil por meio de 
seus coletivos. No modelo de governança mostrado na Figura 3 e que integra o plano de ação 
do MMA (2010), são sugeridas duas esferas: 
 » Consultiva, na qual está a Comissão Nacional do Pograma Cerrado Sustentável (Conacer), 
e é formada por órgãos do governo federal e dos governos estaduais e organizações não 
governamentais; 
 » Executiva, formada por um Grupo Permanente de Trabalho Interministerial (GPTI), que 
avalia e implementa ações, além de propor novas medidas para reduzir os índices de desma-
tamento e queimadas no Cerrado. Nessa esfera ainda se encontram os órgãos estaduais de 
meio ambiente dos estados que compõem o bioma do Cerrado.
Figura 4 – Principais órgãos de articulação do PP Cerrado e PP Caatinga
Fonte: MMA (2010)
O relatório do MMA (2010) sobre o PP Cerrado,disponível no site do Ministério, explica que o 
Plano está divido em dois horizontes: um de curto prazo, com ações para os anos 2010-2011 
(1ª Fase) e 2014-2015 (2ª Fase), e outro de longo prazo, com resultados a serem alcançados até 
2020.
112 Relatório 2
A Tabela 9 mostra os principais resultados de longo prazo.
Tabela 9 – Resultados esperados para o PP Cerrado
Principais resultados até 2020:
Melhoria na qualidade dos planos de manejo florestal. 
Ampliação no volume de recursos financeiros disponibilizados para manejo florestal no Cerrado.
Ampliação do número de famílias atendidas pela assistência para manejo florestal. 
Aumento de áreas no Cerrado sob manejo florestal. 
Aprimorar a gestão da informação das áreas degradadas. 
Ampliação dos investimentos para o desenvolvimento de tecnologias de produção sustentável do bioma Cerrado. 
Aumento das práticas sustentáveis de produção. 
Aumento do número de agricultores familiares aptos à condução de projetos diversificados e sustentáveis. 
Aumento do consumo e valorização dos produtos da sociobiodiversidade do Cerrado. 
Aumento da oferta de recursos financeiros para atender às diferentes modalidades produtivas. 
Valorização e aumento do uso sustentável de espécies nativas com potencial produtivo. 
Aumento no volume de aquisição dos produtos da sociobiodiversidade. 
Aumento do número das cadeias estruturadas de comercialização de produtos da sociobiodiversidade do 
Cerrado.
Aumento do número de microbacias com APP preservada e restaurada. 
Mapeamento sistemático das áreas desmatadas, em processo de degradação e em regeneração florestal. 
Aumento da agilidade das ações de controle e fiscalização do desmatamento. 
Aumento da eficiência do controle e da fiscalização do desmatamento. 
Redução do desmatamento ilegal no entorno e no interior das Unidades de Conservação e das Terras Indígenas. 
Redução dos incêndios florestais e das queimadas. 
Aumento da responsabilização administrativa por desmatamento ilegal. 
Aumento da capacidade dos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente (OEMAs) para gestão florestal. 
Fonte: MMA (2010)
As ações estratégicas de curto prazo (Fase 1: 2010-2011 e Fase 2: 2014-2015) também contri-
buem para os resultados de longo prazo. Nas fases 1 e 2 do Plano, as ações foram agrupadas em 
eixo temáticos e macro-objetivos distintos e estruturantes. 
Do ponto de vista operacional e de recursos, as tabelas a seguir resumem os volumes dos recur-
sos federais alocados no PP Cerrado Fase 1 (2010-2011) e Fase 2 (2014-2015).
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Tabela 10 – Resumo dos recursos federais para o PP Cerrado – Fase 1 (2010-2011)
Eixo Temático Investimento em 2010 (R$) Investimento em 2011 (R$) TOTAL (R$)
Fomento às Atividades 
Produtivas Sustentáveis 89.729.137,05 128.723.971,59 218.43.108,65
Monitoramento e 
Controle 52.461.121,75 49.646.870,25 102.107.992,00
Áreas Protegidas e 
Ordenamento Territorial 5.547.548,74 7.321.792,46 12.869.341,20
Tema Transversal: 
Educação Ambiental 562.820,00 623.500,00 1.186.320,00
TOTAL 148.300.627,54 186.316.134,30 334.616.761,84
Fonte: MMA (2010)
Tabela 11 – Resumo dos recursos federais para o PP Cerrado – Fase 2 (2014-2015)
Eixo Temático Investimento em 2014 (R$) Investimento em 2015 (R$) TOTAL (R$)
Fomento às Atividades 
Produtivas Sustentáveis 211.647.089,39 309.722.717,23 521.369.800,62
Monitoramento e Con-
trole 32.537.791,65 31.226.616,25 63,764.407,90
Áreas Protegidas e Orde-
namento Territorial 11.518.976,30 17.376.371,00 28.895.347,30
TOTAL 255.703.851,34 358.325.704,48 617.029.555,82
Fonte: MMA (2014)
Para avaliar o impacto do PP Cerrado, e porque não dizer também do PP Caatinga, no setor 
cerâmico, e vice-versa, deve-se considerar o importante o papel da madeira, enquanto insumo 
energético para a produção das cerâmicas e olarias. Segundo o MME, o setor cerâmico usa ma-
deira em quase 90% do total da energia que consome, sendo 48% de lenha e 39% de resíduos 
de madeira (MME, Anuários 2011 e 2014). 
Os dados do balanço energético do MME (BEN-EPE/MME, 2014) ainda demonstram que, ape-
sar de a participação da energia elétrica no consumo final do setor cerâmico ter crescido muito 
nos últimos anos – saiu do patamar de 1.900 GWh nos anos 1980 para 4.400 GWh em 2013 
–, também houve acréscimo no consumo de madeira que, no mesmo período, saiu de aproxi-
madamente 2,2 milhões para 4,4 milhões de tep (tonelada equivalente de petróleo). Contudo, 
se considerarmos que 1 GWh equivale a 86 tep, podemos inferir que o setor tem contribuído 
efetivamente com os PPs Cerrado e Caatinga e, assim, minimiza os impactos ambientais já que 
substitui gradativamente o consumo de lenha/resíduos de madeira nativas como seu principal 
114 Relatório 2
insumo energético por outras fontes, principalmente a energia elétrica, ou mesmo madeira re-
plantada.
O PP Cerrado se alinha nessa direção uma vez que contempla no eixo “Fomento às Atividades 
Produtivas Sustentáveis”, um conjunto de ações estratégicas que constituem o “Macro Objetivo 
1 – Fomentar a plantação de florestas energéticas, como meio de reduzir a pressão sobre a ve-
getação nativa do Cerrado para produção de lenha e carvão vegetal”. Para alcance desse objetivo 
foram alocados em torno de R$ 20 milhões na fase 1 (2010-2011) e mais R$ 9,57 milhões na 
fase 2 (2014-2015).
O Relatório do PP Cerrado Fase 2 (MMA, 2014) mostra que os resultados observados em 2009 
e 2010, considerando o desmatamento geral do Cerrado, já foram bons e sinalizam tendência 
otimista para o futuro. A Figura 5 a seguir apresenta esses resultados.
Figura 5 – Desmatamento do Cerrado – meta e resultados
Fonte: MMA (2014)
Por fim, devemos considerar outro aspecto relativo ao impacto ambiental: o fator cultural do 
empresário brasileiro – atender às demandas de produção com novos processos e novas tecno-
logias, alinhando-as com a dimensão da sustentabilidade socioambiental é o desafio presente, 
que requer visão e atitude. 
Nesse contexto, um importante fato a ser notado é que se pode vincular o grau de desmata-
mento relacionado às cerâmicas nos biomas Cerrado e Caatinga com o grau de informalidade 
do setor. Empresários da área dizem que as olarias legalizadas não trabalham na clandestinidade 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
e dificilmente usam madeiras sem certificação, haja vista o alto nível de fiscalização ambiental 
atual e as multas dela decorrentes. Segundo eles – representantes do Sindicer (RJ) e ceramistas 
de Minas Gerais –, a fiscalização faz que seja financeiramente inviável o uso de madeiras ilegais, 
considerando o alto valor das multas aplicadas pelo governo. Assim, o alinhamento ou reposicio-
namento atitudinal também tem seu viés “induzido” ou “forçado”.
Figura 6 – PP Cerrado e PP Caatinga
Fonte: Entrevistas e análise Inventta
116 Relatório 2
A Caatinga é uma das regiões mais biodiversas do planeta e há muitos anos vem sofrendo com o 
desmatamento. Segundo o MMA, essa região tem uma característica marcante em comparação 
às outras regiões semiáridas do planeta: é densamente povoada, e essa população depende dos 
seus recursos naturais, dadas as dificuldades impostas pelas condições climáticas. A vegetação 
nativa é muito resiliente e largamente utilizada pela população do Semiárido.
Entre 2002 e 2008 foram perdidos mais de 16 mil km² de áreas nativas, o equivalente a 2% da 
superfície total da Caatinga (MMA-IBAMA-PNUD, 2008).
O desmatamento desse bioma está ligado à extração de madeira e carvão vegetal, principais ma-
trizes energéticas da região, e de uma grande quantidade de produtos florestais não madeireiros 
usados no dia a dia da população local – cascas e raízes para a produção de tanino, extração de 
fibras e coleta de frutos. 
Por outro lado, há indícios de que a região Nordeste tem a maior quantidade de cerâmicas infor-
mais. Portanto, assimcomo se aplica no Cerrado, se o desmatamento desses biomas brasileiros 
está diretamente ligado ao grau de formalidade das empresas da região e da fiscalização que 
essas empresas sofrem, o bioma mais onerado pelo desmatamento das empresas do setor é a 
Caatinga.
Assim como o PP Cerrado, o PP Caatinga foi lançado pelo governo federal em 2010 e também 
objetiva criar um planejamento de prevenção e controle do desmatamento e queimadas no bio-
ma da Caatinga. O plano tem três principais eixos que abrigam diversos resultados que devem 
ser alcançados pelo programa.
PLANO DE AÇÃO PARA 
PREVENÇÃO E CONTROLE 
DO DESMATAMENTO DA 
CAATINGA (PP CAATINGA)
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Tabela 12 – Resultados esperados para o PP Caatinga
Eixos Resultados a serem alcançados
Controle e 
monitoramento
Fortalecimento das ações integradas de fiscalização do desmatamento em áreas 
prioritárias.
Fortalecimento do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) para a gestão 
florestal.
Ordenamento 
territorial / áreas 
protegidas
Aumento das áreas protegidas por unidades de conservação.
Aumento de áreas protegidas por meio do reconhecimento dos direitos de uso e 
ocupação da terra dos povos e comunidades tradicionais.
Fomento às 
atividades 
sustentáveis
Aumento da eficiência energética das indústrias, domicílios e demais consumidores de 
matéria-prima florestal (lenha e carvão vegetal).
Aumento da participação da biomassa florestal oriunda do Manejo Florestal 
Sustentável de Uso Múltiplo na matriz energética industrial, comercial e domiciliar.
Aumento da produção e da comercialização de produtos florestais não madeireiros 
oriundos do Manejo Florestal Sustentável da Caatinga e do Agroextrativismo.
Ampliação da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) apropriada ao bioma, 
com ênfase nas atividades florestais, para os povos e comunidades tradicionais e da 
agricultura familiar.
Aumento da quantidade de produtores rurais que adotam práticas sustentáveis, com 
ênfase em sistemas agrossilvipastoris, considerando a segurança hídrica, energética e 
alimentar.
Redução das áreas degradadas e subutilizadas (reincorporação ao processo produtivo) 
e do passivo ambiental dos imóveis rurais (reserva legal e APP).
Ampliação do conhecimento da população brasileira sobre o bioma Caatinga, visando a 
sua valorização, divulgação e conservação.
Fonte: MMA (2011)
No contexto relacionado ao eixo de fomento às atividades sustentáveis destacamos as ações es-
tratégicas que visam contribuir para o aumento da eficiência energética das indústrias, domicílios e 
demais consumidores de matéria-prima florestal (lenha e carvão vegetal) e, ainda, para o aumento 
da participação da biomassa florestal oriunda do Manejo Florestal Sustentável de Uso Múltiplo na 
matriz energética industrial, comercial e domiciliar.
Quanto aos recursos financeiros alocados para o PP Caatinga, não foi encontrada nenhuma 
informação disponível e consistente, tanto no Relatório MMA 2010 – de diagnóstico para subsi-
diar a estruturação do plano – quanto no próprio site do Ministério. Na verdade, o PP Caatinga 
ainda não está em operação. A única informação consistente e disponível é o Relatório MMA 
2010, de diagnóstico e subsídio.
Com relação aos impactos do PP Caatinga com o setor cerâmico, e vice-versa, ainda que o plano 
não esteja funcionando, valem a análise e considerações apresentadas para o PP Cerrado, sob 
a ótica da expectativa de resultados esperados dada ao alinhamento de ações muito similares.
118 Relatório 2
Estabelecida em agosto de 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) obrigou o setor 
público e o privado a repensarem o modo como lidavam com a fabricação de produtos, serviços 
e a destinação final de resíduos sólidos. A partir da instituição da Lei n° 12.305/10, que insti-
tui a PNRS, a responsabilidade dos geradores de resíduos passou a ser compartilhada com os 
fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, cidadãos e titulares de serviços de ma-
nejo dos resíduos sólidos urbanos na logística reversa dos resíduos e embalagens pós-consumo 
(MMA, 2013). A meta do plano, segundo o MMA, é de que o país alcance um índice de recicla-
gem de resíduos de 20% em 2015.
Em relação ao setor de cerâmica vermelha, a lei de resíduos sólidos afeta diretamente a equação 
do melhor fim para os resíduos gerados na quebra do processo produtivo. 
Figura 7 – Lei de resíduos sólidos
Fonte: Análise Inventta
LEI DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Sobre os resíduos sólidos do setor cerâmico, a opinião da iniciativa privada é de que a sua des-
tinação não é um problema tão grave quanto parece. Os resíduos cerâmicos moídos geram o 
chamado “chamote”, que, segundo especialistas e ceramistas, pode ter outras utilidades. Após 
a etapa de queima, o material cerâmico descartado é submetido a um trituramento. Algumas 
indústrias cerâmicas de menor porte em Campos (RJ), por exemplo, chegam a ter 10% de perda 
da produção somente na etapa da queima. Estima-se que as perdas no pós-queima podem variar 
entre 5% (nas cerâmicas mais estruturadas e com tecnologia mais moderna) e 20% (nas cerâmi-
cas mais desorganizadas e tecnologicamente defasadas). Esse subproduto é utilizado principal-
mente como cascalhamento de estradas, produção de saibro para quadras de tênis, mistura com 
cimento e pavimentação. Olarias que já usam argila forte e rica podem utilizar o chamote para 
enfraquecer um pouco a matéria-prima, dissolvendo o chamote e fazendo a reintegração das 
perdas do processo produtivo.
Entende-se que até hoje não foi descoberta uma forma de lucrar com esses resíduos. Os cera-
mistas dizem que é muito difícil estabelecer um processo que tenha viabilidade financeira na 
reutilização dos resíduos no processo produtivo ou em outras alternativas. O importante é que 
o setor já possui algumas formas de escoar e liberar esses resíduos sem causar consequências 
graves ao ambiente.
Existem outras formas de transformar o perfil da cadeia ceramista, que já foi vista como grande 
agressora do meio ambiente. Segundo Carlos Cruz, autor da passagem “Cerâmica Verde”, da 
revista Anicer (n. 76), “outro exemplo que acontece no setor de cerâmica vermelha, onde bio-
massas renováveis descartadas pela agroindústria, como o bagaço da cana, cascas de coco e de 
castanha do Pará, sementes de açaí, palhas de café, milho e arroz, além do pó de serragem da 
indústria moveleira e podas de árvores, vêm sendo utilizadas como combustível para os fornos. 
Essa mudança em direção à sustentabilidade tem possibilitado que um grande número de ce-
râmicas obtenha certificados de redução de emissões de carbono”. Tal eficiência energética é 
possível pelo uso de materiais que antes eram considerados resíduos por essa indústria.
Vinicius Scaramel, fundador de uma consultoria em resíduos sólidos, em entrevista, ressaltou 
que realmente o resíduo é leve e não polui tanto. A preocupação é maior com a questão do pós-
-consumo, e não com a transformação. O trabalho no canteiro de obras é separar o vermelho do 
cinza, pois o resíduo vermelho pode ser triturado e reaproveitado.
À medida que essas construtoras forem pressionadas, toda a cadeia sentirá os impactos. Por 
exemplo, no transporte do material pode haver diminuição de quebra. Deve-se atentar também 
para a disponibilidade de produtos em diversas medidas para diminuir a quebra do material. Fica 
então mais perceptível que a busca pelas certificações, principalmente a normatização na Coor-
denação Modular, é o caminho que o setor precisa seguir para não ficar atrás de produtos subs-
titutos. Vale lembrar que as construtoras – o mercado consumidor de materiais de construção 
mais representativo, representando 60% do volume –, arcam com esse prejuízo da quebra dos 
materiais (CBIC, 2013). Segundo o Artigo 3º da Resolução Conama 307, queclassifica os resídu-
120 Relatório 2
os da construção civil, os componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento 
etc.) estão na Classe A – resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados. Segundo Cabral 
(2008, p. 01), essa classe de resíduo, constituída por argamassa, concreto e materiais cerâmicos, 
representa 62% do total de Resíduos da Construção e Demolição (RCD) das cidades brasileiras.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
As normas técnicas buscam introduzir padrões e quesitos que permitam mensurar o desempe-
nho dos produtos cerâmicos em diversos aspectos. Desse modo, o que se pretende com essas 
normas é atestar e assegurar a qualidade e o desempenho do produto para o cliente. 
No Brasil, o uso tradicional de produtos cerâmicos de baixa qualidade, motivado no passado pela 
falta de exigência dos construtores e consumidores, está rapidamente sendo superado. Proje-
tistas, construtores e consumidores, agora cada vez mais alinhados a mercados globalizados e 
mais exigentes, demandam dos fabricantes produtos de maior qualidade, inclusive aderentes 
às normas técnicas. A seguir, listamos exemplos das Normas ABNT aplicáveis na fabricação de 
produtos de cerâmica vermelha.
 » ABNT NBR 15270-1: Componentes Cerâmicos – Parte 1: Componentes Cerâmicos para 
alvenaria de vedação – Terminologia e requisitos;
 » ABNT NBR 15270-2: Componentes Cerâmicos – Parte 2: Componentes Cerâmicos para 
alvenaria estrutural – Terminologia e requisitos;
 » ABNT NBR 15310: Componentes Cerâmicos – Telhas – Terminologia, requisitos e método 
de ensaio;
 » ABNT NBR 5645/1991: Tubo cerâmico para canalizações; 
 » ABNT NBR 6549/1991: Tubo cerâmico para canalizações – Verificação da permeabilidade;
 » ABNT NBR 6582/1991: Tubo cerâmico para canalizações – Verificação da resistência à 
compressão diametral; 
NORMAS TÉCNICAS 
DE DESEMPENHO E DE 
COORDENAÇÃO MODULAR
122 Relatório 2
 » ABNT NBR 7529/1991: Tubo e conexão cerâmicos para canalizações – Determinação da 
absorção de água; 
 » ABNT NBR 7530/1991: Tubo cerâmico para canalizações – Verificação dimensional; 
 » ABNT NBR 7689/1991: Tubo e conexão cerâmicos para canalizações – Determinação da 
resistência química;
 » ABNT NBR 8410/1994: Conexão cerâmica para canalização – Verificação dimensional; 
 » ABNT NBR 8409/1996: Conexão cerâmica para canalizações – Especificação; 
 » ABNT NBR 14208/2005: Sistemas enterrados para condução de esgotos – Tubos e cone-
xões com juntas elásticas – Requisitos.
As normas de desempenho aplicáveis às Edificações Habitacionais (ABNT NBR 15575:2013, 
Partes 1 a 6) são desafios correntes para todos os segmentos atuantes na construção civil. Pu-
blicadas em 2013, passaram a ser vinculadas às exigências contratuais de empreendimentos 
públicos ou privados. Seus requisitos impõem melhorias de produtos e do processo construtivo. 
Por exemplo, a Norma especifica VUP3 mínimo de 20, 20 e 40 anos, respectivamente para siste-
mas de cobertura, vedação interna e vedação externa, nos quais os produtos do setor cerâmica 
vermelha são aplicados.
A nova norma de Coordenação Modular (CM)4 (ABNT NBR 15873:2010 – Coordenação Mo-
dular para Edificações – Termos e Definições) pode trazer diversos benefícios para o setor da 
construção civil. Tem como objetivo modular uma medida padrão dos componentes e produtos, 
facilitando assim o uso desses produtos nas construções. Os sistemas e componentes teriam 
medidas padronizadas, de forma industrial e compatibilizados desde o projeto. Assim, busca-se 
reduzir os resíduos e evitar desperdício de materiais nas construções. 
Um entrave para que essa medida se generalize no país é o fato de muitas empresas ainda não 
possuírem as medidas certas de seus produtos, inviabilizando, assim, a padronização. Estudo 
realizado pela ABDI em 20105 mostrou que somente os segmentos de painéis de gesso e blocos 
de concreto já estavam totalmente aderentes à norma e praticando correntemente a CM em 
seus produtos. Na ocasião, a avaliação para o segmento de cerâmica vermelha foi de aderência/
prática parcial, havendo necessidade de compatibilização.
3  VUP – Vida Útil de Projeto: parâmetro que indica o período de tempo em que os requisitos mínimos de desem-
penho (indicados pela Norma) devem ser atendidos pela edificação, supondo a correta manutenção.
4  A Coordenação Modular (CM) consiste no conceito e uso da medida coordenada modular de 10 cm. A incorpora-
ção desse processo, desde o planejamento, projeto e produção (de componentes, elementos e do próprio ambiente 
construído) vai permitir a intercambialidade entre elementos da construção e, de modo especial, reduzir significati-
vamente os desperdícios na construção.
5  Avaliação dos Esforços para Implantação da Coordenação Modular no Brasil, disponível em ww.abdi.com.br.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Desde então, segundo a Anicer, esforços contínuos têm sido empreendidos pelo setor para aten-
der integralmente, não somente à norma de CM, mas também à de desempenho e dos quesitos 
relativos à sustentabilidade. A grande evolução dos indicadores do PSQ6 atestam os ótimos re-
sultados desses esforços.
Assim, o setor de cerâmica vermelha está praticamente pronto para atender à norma de coorde-
nação modular, pois todos os seus produtos já têm medidas coordenadas modularmente. Essa 
característica permite diminuir muito os resíduos gerados pelas obras. 
Quanto ao estabelecimento dessa norma, Sérgio Leusin, professor de arquitetura da Universida-
de Federal Fluminense (UFF) e participante do grupo que elaborou o documento que deu origem 
à norma técnica de Coordenação Modular, acredita que será gradual, dependendo de negocia-
ções. O governo poderia, por meio da Caixa Econômica Federal, induzir esse processo, fazendo 
que as obras financiadas fossem coordenadas modularmente. Contudo, é necessário primeiro 
que as empresas se adaptem e estejam prontas para ofertar produtos condizentes com a nova 
regulamentação (AFEL, 2010).
6  PSQ – Programa Setorial de Qualidade (PBQP-H) do Ministério das Cidades. 
124 Relatório 2
AFEL – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE FABRICANTES DE ESQUADRIAS DE ALUMÍNIO (2010). 
Coordenação modular será norma. Informativo AFEL. Edição 87, Ano XIII – 2010 Abril/Maio. 
Disponível em: http://www.afeal.com.br/portal/dados/imagens/1271339474.pdf. Acesso em: 
01/02/2013.
ASSOCIAÇÃO CAATINGA (2012). Caatinga, única floresta exclusivamente brasileira. Disponível 
em: http://www.acaatinga.org.br/index.php/2012/caatinga-unica-floresta-exclusivamente-bra-
sileira/mapa-3/. Acesso em: 11/10/2012.
BNB – BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S/A (2010). Informe Setorial Cerâmica Vermelha, 
outubro/2010. Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste – ETENE. Disponível em: 
https://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/etene/etene/docs/ano4_n21_informe_setorial_ce-
ramica_vermelha.pdf. Acesso em: 01/02/2013.
CBIC – CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUAÇÃO (2013). Diversas informa-
ções. Disponível em: http://www.cbicdados.com.br/home/. Acesso em: 01/02/2013.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (2008). Proposta de Política Indus-
trial para a Construção Civil – Edificações. Disponível em: www.fiesp.com.br/arquivo-downloa-
d/?id=2901. Acesso em: 01/02/2013.
INT – INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA (2012). Panorama da Indústria de Cerâmica 
Vermelha no Brasil. Disponível em: http://redladrilleras.net/documentos_galeria/PANORA-
MA%20DA%20INDUSTRIA%20DE%20CERAMICA.pdf. Acesso em: 11/10/2012.
REFERÊNCIAS
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (2007). Plano de Desenvolvimen-
to do Arranjo Produtivo Local das Indústrias Cerâmicas de Tatupi e Região – São Paulo. Disponí-
vel em: http://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1248288157.pdf.Acesso em: 01/02/2013.
MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (2010). Plano de Ação para prevenção e controle 
do desmatamento e das queimadas no Cerrado. PP Cerrado; Conservação e desenvolvimento. 
Brasília.
MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (2011). Subsídio para a elaboração do plano de 
ação para a prevenção e controle do desmatamento na Caatinga. Brasília. Disponível em: http://
www.mma.gov.br/estruturas/168/_arquivos/diagnostico_do_desmatamento_na_caatinga_168.
pdf. Acesso em: 01/02/2013.
MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (2013). Política Nacional de Resíduos Sólidos. Dis-
ponível em: http://www.mma.gov.br/pol%C3%ADtica-de-res%C3%ADduos-s%C3%B3lidos. 
Acesso em: 01/02/2013.
MME – MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA (2011a). Anuário Estatístico: Setor de Transfor-
mação de Não metálicos / Secretria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral. Brasília: 
SGM.
MME – MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA (2011b). Plano Anuário Nacional de Mineração 
2030 (PNM – 2030). Geologia, Mineração e Transformação Mineral. Brasilia.
Sebrae – SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (2009). 
Diagnóstico setorial da indústria de cerâmica vermelha e olaria do Espírito Santo. Disponível 
em: http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/75DBDE7F84BCE729832575F3004C-
CD00/$File/Diagn%C3%B3stico%20de%20Cer%C3%A2mica%20Vermelha%20do%20ES-
2009.pdf. Acesso em: 01/02/2013.
TANNO, Luiz Carlos. Os desafios da cerâmica vermelha. 8 ed. NovaCer: 2010.
BENCHMARKING DE EXPERIÊNCIAS 
INTERNACIONAIS DE ORGANIZAÇÃO 
DA CADEIA PRODUTIVA DE CERÂMICA 
VERMELHA QUE PODEM SERVIR DE 
REFERÊNCIA PARA O BRASIL
Relatório Técnico 3
LISTA DE FIGURAS
130 Figura 1 – Perspectiva e fatores do cenário internacional de 
cerâmica vermelha
150 Figura 2 – Principais pontos mapeados no Benchmarking
LISTA DE GRÁFICOS
130 Gráfico 1 – Produção de Cerâmica na União Europeia (EU-27) – 
2011
136 Gráfico 2 – Dados do setor de habitação (2001-2011)
136 Gráfico 3 – Comparativo empresas, produção (× 1.000 t/ano) e 
empregados (1992-2011)
137 Gráfico 4 – Produção do setor cerâmico em 2011
LISTA DE TABELAS
129 Tabela 1 – Produção mundial de cerâmica (2011)
137 Tabela 2 – Dados do setor de cerâmica estrutural
141 Tabela 3 – Estrutura típica de custos das empresas de cerâmica 
estrutural (intervalos de variação, em porcentagem)
SUMÁRIO
129 Introdução
133 China
135 Espanha
140 Portugal
144 Itália
146 Alemanha
148 França
149 Aprendizados para o Brasil
153 Referências
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
INTRODUÇÃO
A China e os demais países asiáticos, além de serem os maiores consumidores, são também os 
maiores produtores mundiais de cerâmica. No caso de produtos de cerâmica vermelha, para 
efeito deste estudo, é importante destacar os grandes produtores localizados na Europa. Assim, 
Itália, Espanha, Polônia, Alemanha e Portugal, com a China, lideram a produção mundial. Não di-
ferente de muitas outras áreas econômicas/industriais, a China desponta com vertiginoso cres-
cimento do setor de Cerâmica Vermelha, impulsionado pelo boom das construções. 
Tabela 1 – Produção mundial de cerâmica (2011)
Produção Mundial de Cerâmica 2011 - por área geográfica
Áreas Geográficas Produção 2011 (Milhões m2) Percentual da Produção Mundial
China 4.800 45,66%
Ásia Outros (excluindo China) 2.379 22,63%
União Européia (EU-27) 1.178 11,21%
América do Sul e Central 1.051 10,00%
Europa Outros (incluindo Turquia) 490 4,66%
África 326 3,10%
América Outros (incluindo México) 284 2,70%
Oceania 5 0,05%
Total Mundial 10.513 100,00%
Fonte: Adaptado de Stock (2012)
Se por um lado a China tem se beneficiado do seu vertiginoso crescimento econômico, muitas 
vezes questionado sob os aspectos de regulação das condições trabalhistas, por outro, os eu-
ropeus desfrutam hoje de resultados dos investimentos em modernização e automatização da 
produção, iniciados décadas atrás. Além da relevante produção de cerâmica vermelha desses 
países, as diferenças e características comuns do perfil da cadeia produtiva de cada país, bem 
como as estratégias adotadas para o seu desenvolvimento, foram as motivações para a seleção 
130 Relatório 3
e avaliação dos países neste estudo de benchmarking. Dada as dificuldades de acesso/informa-
ções, não foi realizada a avaliação da Polônia. 
Gráfico 1 – Produção de Cerâmica na União Europeia (EU-27) – 2011
Fonte: Adaptado de Stock (2012)
A Figura 1 apresenta vários aspectos do cenário internacional de cerâmica vermelha.
Figura 1 – Perspectiva e fatores do cenário internacional de cerâmica vermelha
Fonte: Elaboração Inventta
Os principais países produtores de cerâmica vermelha se encontram na Europa. De certa forma, 
o perfil produtivo da indústria de cerâmica vermelha de cada país europeu reflete a geologia 
específica do solo, clima e microclimas, além da cultura e tradições. Esses dois últimos aspec-
tos têm sido influenciados cada vez mais pela demanda dos mercados de consumo dos países 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
vizinhos, assim como pelas crescentes restrições ambientais em relação à lavra de argila e aos 
métodos de produção cerâmica.
Uma das mais recentes fronteiras de crescimento do setor é a China, onde o segmento de blo-
cos cresceu enormemente em um período de tempo muito curto. Além da China, surgem como 
novos polos produtores os países de língua árabe, no norte da África (Moutin, 2006), além de 
alguns países da América do Sul, como Colômbia e Argentina.
Na Europa, desde a Revolução Industrial começou-se a empregar acionamentos mecânicos e, 
posteriormente, elétricos em máquinas de preparo de massa e de extrusão. Até o pós-Guerra, 
predominavam na maioria das empresas processos intensivos de mão de obra, fornos intermi-
tentes e produtos de qualidade limitada. Até o final da década de 1950, ainda predominava nos 
países de clima mais quente da Europa o uso da secagem natural, aproveitando a radiação solar 
local, envolvendo o emprego de mão de obra barata em trabalho ainda de caráter artesanal em 
muitas etapas do processo produtivo. 
No final da década de 1950, começou na Europa o processo de modernização do setor produtivo 
de cerâmica vermelha, que se deu de forma ampla, com a introdução gradativa dos processos 
contínuos de maior escala produtiva, equipamentos modernos e automatizados, menos intensi-
vos em mão de obra, deixando a parcela remanescente apenas para as tarefas de supervisão e 
manutenção. Diante desse processo de mudança, as escalas de produção unitária das empresas 
de maior destaque passaram de 18 a 20 toneladas por ano, como ocorria até meados da década 
de 1950, para valores de produção anual da ordem de 150 mil toneladas para empresas de maior 
capacidade na década de 1990, com algumas produzindo até 250 mil toneladas/ano, atingindo 
elevados ganhos de produtividade por causa dessa escala produtiva elevada. Essas novas plan-
tas de produção de grande capacidade foram substituindo gradativamente as pequenas plantas 
obsoletas, fazendo que caísse de modo rápido o número de empresas produtoras nos mercados 
europeus, o que também alterou muito o índice de oferta de empregos no setor (Facincani, 
1994).
Nos anos 1950, a maior incidência da mão de obra sobre os custos de produção na Europa era 
refletida no índice de produtividade média, que era de apenas 700 t/homem.ano, enquanto em 
2005, com os processos automatizados, passou para a ordem de 3.500 t/homem.ano. Como 
comparação, a média brasileira atual é da ordem de 290 t/homem.ano (Ascer, 2005). De certo 
modo, o processo de desenvolvimento tecnológico ocorrido nas últimas quatro décadas refle-
tiu uma mudança no perfil de custos de produção de alguns insumos importantes da indústria 
europeia de cerâmica vermelha. Enquanto a mão de obra deixou de ser o insumo mais represen-
tativo em razão da automatização dos processos e equipamentos, o insumoenergético cresceu 
em importância, pela incorporação de maquinaria, introdução de secadores, sistemas logísticos, 
como o de transporte de matéria-prima e produto. Isso ocorreu de tal modo que, no período 
entre 1960 e 1983, o custo de mão de obra no setor aumentou 15 vezes, enquanto que o de 
combustíveis cresceu 21 vezes (Facincani, 1994). 
132 Relatório 3
Nos países europeus, antes de se montar uma fábrica, tudo o que envolve o empreendimento é 
estudado: matéria-prima, localização e até variações climáticas. Um ponto importante abordado 
diz respeito às fontes de energia. A queima da lenha, fonte tradicional de energia do setor, e que 
à primeira vista pode parecer a opção mais vantajosa, perde essa condição para o gás natural 
quando analisamos uma série de fatores, como o acabamento final do objeto cerâmico, a produ-
tividade, os custos com mão de obra, transporte, entre outros. Desse modo, o gás natural, apesar 
de possuir um preço alto no Brasil, pode ser uma saída interessante no futuro para o ceramista 
(Folha Regional, 2012).
A seguir são apresentados dados e análises do setor de cerâmica vermelha de alguns dos princi-
pais países produtores no mundo.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
O uso da argila e métodos diferenciados na construção civil estão presentes na cultura chinesa, 
e o país tem alta demanda, uma vez que possui 1,3 bilhões de habitantes. O volume, o design 
arrojado e a exuberância das obras construtivas são relevantes (Anicer, 2009). Segundo dados 
de 2009 (Anicer, 2009), a China conta com cerca de 10 mil fábricas, grande parte de pequeno 
e médio porte, que estão espalhadas por oito províncias e geram mais de 3 milhões de postos 
de trabalho. A produção de telhas é por volta de 5,5 bilhões de metros quadrados anuais e a de 
blocos, 150 milhões de unidades por ano.
Nesse país, a cerâmica é considerada um bem precioso e finito e por isso deve ser usada pelas 
empresas com moderação, evitando desperdícios. A criação de uma lei em 2011 – que proibiu 
a fabricação de blocos maciços compostos apenas por uma matéria-prima – é um exemplo de 
como os chineses se preocupam com esse bem. Alguns inclusive passaram a ter um tamanho 
maior e furos, para garantir um consumo menor de argila (Anicer, 2009).
Outra importante diferença em relação ao Brasil que podemos notar é que, em uma construção, 
os chineses consideram o telhado como o elemento definidor do projeto, tendo grande volume 
e com diversos tipos de acabamento, modelos e cores. Em relação aos blocos, na China são mais 
usados tijolos maciços, maiores do que os brasileiros. Em alguns casos, esses blocos podem levar 
outros materiais em sua composição, como cimento e resíduos de construção civil (moídos e 
inseridos na hora da fabricação), ou até não serem cerâmicos. 
Os países europeus são importantes consumidores da cerâmica chinesa. Em 2010, importaram 
da China 63,8 milhões de metros quadrados, o que corresponde a aproximadamente 6,5% do 
consumo total europeu. Contudo, a partir de setembro de 2011, estabeleceram-se taxas de 
importação aos produtos chineses para o mercado europeu, com o objetivo de restaurar um 
nível justo de competição e permitir que os produtores locais mantenham sua competitividade 
(Confindustria Ceramica, 2012).
CHINA
134 Relatório 3
A seguir apresentaremos duas empresas chinesas do setor cerâmico com atuação no Brasil.
A empresa Keda é responsável pela fabricação de máquinas para cerâmica, equipamentos usa-
dos para a fabricação de blocos e telhas, por processos de prensagem. Presente em todo o mun-
do, a empresa começou a fazer negócios com empresários brasileiros há quatro anos. Hoje tem 
mais de dez clientes espalhados pelo território nacional, todos da área de revestimentos.
A empresa Red Lion é responsável pela produção de telhas e revestimentos em argila. Com mais 
de 50 anos de história, a empresa produz uma peça a cada três segundos com o auxílio de mais 
de 800 colaboradores apenas na linha de produção. Por mês, são elaborados mais de 900 mil 
itens compostos exclusivamente de argila com ou sem esmaltação. A empresa vende seus pro-
dutos na China e em mais de 70 países e regiões. 
A Red Lion obteve a certificação ISO9001:1994, certificação do sistema de padrão internacio-
nal de qualidade em 1999, e ISO9001:2000, padrão de qualidade internacional Certificação do 
Sistema de Gestão em 2003. Outra preocupação da empresa é o desenvolvimento de novos 
produtos – um exemplo é a máquina que mescla o uso de pó de argila e pressão para composição 
do produto. A tecnologia garante uma telha com espessura de 0,5 cm e absorção de água que 
varia entre 5% e 8% em comparação com os 20% de absorção definidos pela norma da ABNT 
no Brasil. 
O processo para a fabricação das telhas utiliza queima e secagem a rolo. Inicialmente, no pro-
cesso de compactação a seco, a massa, em pó, com umidade em torno de 6%, é compactada 
em uma prensa hidráulica, o que lhe dá certa resistência mecânica, mesmo antes da secagem. O 
processo de compactação a seco permite maior precisão no formato do produto, além de faci-
litar o trabalho com reentrâncias, como é o caso das telhas. Por apresentar uma baixa umidade, 
comparado ao processo de extrusão, a etapa de secagem torna-se mais simples e rápida, ou seja, 
maior produtividade com menor custo. A secagem se dá em um secador a rolo, com queimadores 
de gás natural, ou mesmo utilizando a temperatura do ar retirado da queima. A seguir, a queima 
se dá em fornos a rolos, onde o produto é transportado por rolos cerâmicos ligados a um mo-
tor, com queimadores acima e abaixo, alimentados com gás natural (Neckel; Lorenço Jr., 2008). 
A fase de queima tem duração de duas horas. Por dia, o equipamento é capaz de produzir 150 
mil peças esmaltadas. No caso da produção de blocos não cerâmicos, o grande diferencial é a 
inserção de agregados de construção na massa, como o pó de restos de peças cerâmicas. Esses 
produtos são maciços, sem furos e fabricados com cura a vapor. Em média, as peças de vedação 
recebem entre 5% e 10% de cimento em sua massa. Também não passam por secagem e queima, 
mas por uma prensagem intensa. 
Os processos de fabricação mesclam um cuidadoso sazonamento da matéria-prima e prepara-
ção de massa. Além disso, a empresa tem ciclos de produção similares aos das indústrias brasi-
leiras e utiliza secagem artificial e forno túnel. O grande diferencial de suas peças está no design 
e na utilização de texturas, que garantem maior valor agregado aos produtos.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
O setor cerâmico espanhol é o maior produtor europeu desse material e a segunda potência 
mundial depois da China, com presença em todos os continentes, sendo não somente o pri-
meiro país produtor mas também referência em nível de ciência e tecnologia industrial, graças 
aos investimentos em P&D realizados. Ainda que tradicionalmente a estratégia competitiva das 
empresas espanholas tenha se baseado em custos, nos últimos anos essa estratégia se tornou 
insustentável por causa da competição de produtos provenientes da China, Brasil e Turquia. 
Nos três primeiros anos da década de 2000, houve investimentos de 270 milhões de euros em 
P&D, destinados a processos de produção e organização industrial, o que provocou alto impacto 
na produtividade. As fábricas espanholas também alcançaram alto nível de eficiência energética, 
o que lhes permitiu aliar o incremento de produtividade a uma redução significativa de emissões 
de poluentes (Hyspalit, 2012; Rodríguez, 2010). 
A partir de 2006, houve queda na quantidade de construções na Espanha, como pode ser obser-
vado na figura a seguir, o que afetou o setor de cerâmica estrutural.
Em geral, por causa da queda das vendas que o setor sofreu depois do ano de 2008, as empresas 
foram obrigadas a se adaptar à situação, concentrando a produção em determinadosmeses do 
ano. Isso teve um impacto direto sobre outras áreas, como o número de empregados, volume de 
negócios etc. No gráfico a seguir são apresentados alguns dados do setor de cerâmica estrutural 
espanhol até o ano de 2011 (Hyspalit, 2012).
ESPANHA
136 Relatório 3
Gráfico 2 – Dados do setor de habitação (2001-2011)
Fonte: Hyspalit (2012)
Gráfico 3 – Comparativo empresas, produção (× 1.000 t/ano) e empregados (1992-2011)
Pr
od
uç
ão
 / 
Em
pr
eg
ad
os
Em
presas
Empresas Produção Empregados
Fonte: Adaptado de Hyspalit (2012)
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Em 2011, a Espanha apresentou produção de 6,9 milhões de toneladas de produtos de cerâmica 
estrutural, um terço de sua produção em 2007, com 260 empresas e 9.600 empregados. O setor 
movimentou 360 milhões de euros, cerca de 25% do montante movimentado em 2007.
Tabela 2 – Dados do setor de cerâmica estrutural
Ano N° de empresas
Produção 
(1.000 t/ano)
N° de 
empregados
Faturamento 
(milhões de euros)
Volume 
médio de 
negócios
Força de 
trabalho 
média
2007 430 28.800 14.140 1505 3,5 32,88
2008 300 20.000 12.850 1000 3,33 42,38
2009 280 9.400 11.370 700 2,5 40,61
2010 275 7.700 10.230 450 1,64 37,2
2011 260 6.900 9.600 360 1,38 36,92
Comparativo 
2010-11 −5,45% −10,39% −6,16% −20% −15,85% −0,75%
Fonte: Hyspalit (2012)
Na figura a seguir é apresentada a proporção dos tipos de produto de cerâmica estrutural pro-
duzidos na Espanha.
Gráfico 4 – Produção do setor cerâmico em 2011
Paralelepípedos e pavimentos
Tijolo
Abobadilha
Tabiques e muros
Coberturas para telhado 
Telhas
Bloco cerâmico
Outros
Tabiques e muros, 58.12%
Fonte: Adaptado de Hyspalit (2012)
Segundo a Associação Espanhola de Fabricantes de Blocos e Telhas de Argila Cozida (Hyspalit, 
2012), o processo de concentração do mercado produtivo da indústria de cerâmica vermelha 
começou a se consolidar no início da década de 1960, com a redução de empresas e com o au-
mento da participação de novas plantas de produção de maior capacidade. Esse processo ainda 
perdura, uma vez que somente no começo do século XXI começaram a entrar em operação no 
país empresas com grande capacidade. Essas empresas passaram a introduzir permanentemente 
inovações técnicas com o objetivo de se manter no mercado, em contraponto às antigas em-
presas familiares, pouco avançadas do ponto de vista tecnológico. Contudo, a partir do final da 
década de 1980, iniciou-se um fenômeno de concentração do mercado produtivo espanhol de 
forma mais intensa. Com o crescimento da oferta de gás natural, viabilizou-se a operação de 
138 Relatório 3
equipamentos e processos em maior escala de produção e mais eficientes, incluindo a possibili-
dade de cogeração. 
Com relação ao tamanho, as indústrias cerâmicas têm, em geral, maior porte na Espanha (183 
t/dia) que no Brasil (33 t/dia), sendo frequente na Espanha a ocorrência de empresas com ca-
pacidade acima de 800 t/dia e até mais de 1.000 t/dia. É importante destacar que, com maior 
capacidade, são viabilizados os projetos de cogeração e recuperação de calor, envolvendo o pa-
gamento de tarifas mais baixas de gás natural. Em 2006, uma planta espanhola tinha 5,7 vezes 
a capacidade média de produção de uma planta de produção no Brasil (Ascer, 2006). Estima-se 
que o segmento trabalha atualmente na Espanha com apenas 20% da capacidade produtiva. 
No final da década de 1990, foi criada uma legislação de cogeração na Espanha, o que fez que 
muitos ceramistas se tornassem mais geradores de eletricidade para a rede do que propriamente 
ceramistas, por terem dimensionado o sistema de cogeração em paridade com a carga térmica, 
o que levava a uma produção excedente de eletricidade. 
Em 2005, a Ascer apontava a demanda por qualidade como o fator que influenciava o segmento, 
já que se trata de um valor cada vez mais exigido pela sociedade e pela legislação específica.
Os últimos anos têm sido difíceis para as empresas do setor de cerâmica estrutural, que têm en-
frentado este momento com investimento em inovação e desenvolvimento de novos produtos e 
sistemas. Isso é evidenciado pela criação em 2010 do Grupo de Empresas Inovadoras da Indús-
tria Cerâmica Estrutural (AEI Cerâmica), com o objetivo de lançar a pesquisa e desenvolvimento 
para permitir que o setor possa ter acesso a novos mercados. Além disso, o setor tem pleiteado 
outras medidas estratégicas como apoio ao processo de negociação do Acordo Coletivo do Se-
tor, em que estabelecem regras na relação trabalhista existente, fixação de um período máximo 
de pagamento entre empresas, entre outros (Hyspalit, 2012).
As políticas de sustentabilidade ambiental no setor industrial cerâmico se orientam de acordo 
com três aspectos básicos: (i) a redução das emissões de gases contaminantes para a atmosfera, 
(ii) o tratamento sustentável dos resíduos e (iii) melhoria dos processos produtivos para reduzir 
o consumo energético. Vale ressaltar que o setor cerâmico cumpre as exigências do Protocolo 
de Kyoto, uma vez que emite menos de 1% das emissões de gases do efeito estufa na Espanha, 
3% do total dos setores industriais afetados pelo regime de comércio de direitos de emissões de 
gases de efeito estufa (Hyspalit, 2012).
Entre os principais estudos desenvolvidos na Espanha no setor cerâmico, destaca-se o uso do 
laser para garantir melhor acabamento dos produtos e diminuir a temperatura de cozimento, 
visando reduzir o consumo energético, a aplicação de nanotecnologia e a produção de telhas 
fotovoltaicas (captadoras de energia) e de cerâmicas translúcidas que mudam de cor conforme a 
temperatura (Economia SC, 2010).
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Um exemplo de empresa espanhola do ramo é a Talleres Felipe Verdés, que fabrica e vende má-
quinas, equipamentos e instalações para a indústria de cerâmica estrutural, bem como minérios 
não ferrosos e tratamento de resíduos, com experiência de mais de 100 anos de história na 
indústria de cerâmica. 
Localizada em Barcelona, é um dos fabricantes mais conhecidos e reputados de máquinas e 
equipamentos para a indústria mundial de cerâmica. Fornece máquinas nos cinco continentes, 
resultando em um amplo know-how. Possui produtos como alimentadores lineares, dragas, moi-
nhos, desintegradores, laminadores, entre outros. 
Em 1975, a empresa trouxe ao Brasil sua filial, que se tornou o braço produtivo para América La-
tina. A Verdés Brasil surgiu para estreitar as relações com o mercado latino-americano, desenvol-
vendo soluções em sintonia com as necessidades específicas desse mercado. Esse compromisso 
estende-se por mais de 30 anos e se consolida em incessantes investimentos para a produção de 
equipamentos com tecnologia de ponta, atendimento técnico especializado, pronta assistência 
e, acima de tudo, na antecipação de tendências mundiais.
A fábrica brasileira possui mais de 65 mil m² e está localizada na cidade de Itu, São Paulo, e tem 
o Centro Tecnológico mais moderno da América Latina, equipado com máquinas CNC de última 
geração, o que permite que desenvolva soluções e equipamentos dotados com a mais avançada 
tecnologia existente no mercado mundial. 
A Verdés Brasil é a única indústria da América Latina que tem sistema de qualidade certificado 
pelo ISO-9001 de abrangência internacional, além de garantia total do produto e serviços efi-
cientes de pós-venda que garantem a pronta assistência e o menor tempo de parada dos equi-
pamentos.
140 Relatório 3
Portugal tem cerca de 60 empresas de cerâmica ativas. Em 2008, essas empresas tiveram uma 
produção estimada de 3,4 milhões de toneladas, cerca de 70% referentes à produção de tijolos 
e abobadilhas e o restante de telhas e acessórios, o que corresponde a algo em torno de 150 mi-
lhões de euros. Estima-se também que em torno de 52% da capacidade instalada é utilizada no 
país. Entre 2007 e 2008, a variação de produção decerâmica estrutural registrou um decréscimo 
de cerca de 7% no total de toneladas produzido.
A média da produtividade de mão de obra é de 1.800 toneladas de produto por colaborador por 
ano. A produtividade para tijolos é menor e assume valores mais díspares do que a produtivida-
de para telhas. Essas diferenças são majoritariamente relacionadas ao grau de automação, mas 
também à tipologia de produtos, sendo que os produtos com características rústicas têm um 
componente superior de mão de obra. Desde 2003 a balança comercial apresenta um volume 
maior de exportações do que de importações, o que se deve principalmente às telhas cerâmicas 
(Apicer, 2009).
A cerâmica estrutural sofre as consequências decorrentes da crise sentida no setor da constru-
ção civil e das alterações significativas da conjuntura econômica do país. Os reflexos induzidos 
pela economia têm conduzido ao fechamento de algumas unidades fabris, em algumas situações 
envolvendo a venda do equipamento para unidades de produção que serão construídas em ou-
tros países, como Angola. As empresas mencionam as dificuldades de mercado, associadas ao 
aumento de custos com energia e mão de obra como os principais fatores que estão na origem 
do deslocamento para outro país. 
As exigências das disposições regulamentares para a atividade industrial são um fator tido como 
relevante, mas não determinante, para o fim das atividades da empresa. É nítida a tendência para 
o “desaparecimento” das empresas com menor capacidade instalada e para a estabilização das 
empresas de capacidade média e alta. Apesar dessa tendência global de diminuição apresentada 
PORTUGAL
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
pelo setor, houve empresas que conseguiram manter alguma estabilidade de produção. Desta-
cam-se empresas que diversificaram o tipo de produto, outras que concentraram esforços para 
desenvolver alternativas em nichos de mercado, com produtos de características inovadoras. 
Algumas empresas do setor têm conjugado a produção de produtos cerâmicos com a instalação 
de cogeração, constituindo a venda de energia elétrica à rede pública uma fonte de receita com-
plementar à da atividade principal (Apicer, 2009). 
A concorrência de novos produtos (como os blocos de cimento, por exemplo), que nos últimos 
anos passaram a ocupar um espaço tradicionalmente destinado aos produtos cerâmicos, e a re-
tração do mercado da construção são fatores que estão na origem de algumas medidas avulsas, 
como a mudança no formato dos tijolos, reorganização comercial etc. Contudo, essas mudanças 
vêm ocorrendo sem que seja feito um movimento global e concentrado de reestruturação. A 
prioridade de ação tem sido centrada na redução de custos e na otimização dos recursos huma-
nos (Apicer, 2009).
Abaixo é apresentada a estrutura típica de custos das empresas de cerâmica estrutural.
Tabela 3 – Estrutura típica de custos das empresas de cerâmica estrutural (intervalos de variação, em 
porcentagem)
Empresas com capacidade 
instalada (t/dia)
Custos com 
pessoal
Custos com 
energia
Custos com 
matéria-prima
Custos com 
transportes
Outros 
custos
Telhas e acessórios 31 - 35 18 - 21 07 - 12 04 - 07 30 - 47
Tijolos e 
abobadilha
<= 200 29 - 35 14 - 30 04 - 25 0 - 08 25 - 35
200-400 30 - 35 30 - 40 07 - 12 0 - 10 20 - 30
>= 400 16 - 20 25 - 40 10 - 20 5 - 15 20 - 25
Fonte: Apicer (2009)
As grandes empresas tendem a alargar a área de mercado, com os correspondentes custos de trans-
porte. Os custos com pessoal representam uma percentagem menor nas fábricas maiores, consequ-
ência do maior grau de automação. Nas unidades industriais de menor dimensão está generalizado 
o uso de combustíveis sólidos ou uma mistura de combustíveis. As empresas de maior capacidade 
privilegiam a utilização de combustíveis de última geração (gás natural), pelo que se observa uma 
tendência de aumento nos custos energéticos, comparativamente com as empresas que recorrem a 
combustíveis alternativos (Apicer, 2009).
Com o objetivo de reduzir custos sem prejudicar a qualidade do produto, muitas empresas subs-
tituíram total ou parcialmente o combustível que utilizava há alguns anos. A opção mais escolhi-
da, por cerca de 50% das empresas, foi a biomassa, seguida por coque de petróleo micronizado 
(42%). A mudança para biomassa teve, para muitas empresas, uma dupla vantagem, pois além 
de o seu custo ser menor, as empresas tiveram possibilidade de gerar uma receita extra, graças 
à venda das licenças de emissão de CO2. A utilização de biomassa tem, para efeitos do comércio 
de emissões, associado um fator de emissão zero, sendo portanto o combustível privilegiado 
142 Relatório 3
(desde que tecnicamente viável). Foi definida uma nova metodologia para a gestão dos consu-
mos de energia, com o objetivo de reduzir o consumo global (elétrico e térmico) 1% ou 0,5% ao 
ano, de acordo com o consumo das empresas. Cabe a elas monitorar consumos e analisar quais 
as medidas passíveis de implementação que podem melhorar a utilização de energia (Apicer, 
2009). 
As cotas de emissão de gases do efeito estufa têm afetado de modo intenso o segmento de 
cerâmica vermelha em Portugal, pois são consideradas muito restritivas e relacionadas a aumen-
tos de custo de produção. Essas cotas foram estabelecidas em Portugal pelo Plano Nacional de 
Atribuição de Licenças de Emissão (PNALE) e têm causado dificuldades ao setor, em razão da 
necessidade de combustíveis de alto custo, como é o caso do gás natural em Portugal, o que tem 
imposto uma desvantagem competitiva da produção portuguesa, fato constatável nos processos 
de concorrência comercial com os produtos fabricados na Espanha, onde as cotas de emissão 
são menos restritivas e o custo do gás natural é inferior (Diário de Notícias, 2006). 
Quanto à gestão de resíduos, a maioria das empresas tem uma gestão adequada dos resíduos, 
recorrendo a operadores licenciados e efetuando sua contabilização anual. As principais medi-
das para aumento da eficiência energética praticadas são (Apicer, 2009):
 » medidas de gestão e eficiência: monitorizar e seguir através de indicadores os consumos 
de cada forma de energia utilizada;
 » medidas associadas à produção de calor: seleção de motores elétricos, suas condições de 
operação e conservação, recuperação de calor;
outras medidas de utilização racional de energia: medidas relacionadas com a iluminação, ar 
comprimido, climatização e ventilação; otimização de fornos e secadores; utilização de proces-
sos de extrusão dura ou assistidos com vapor; utilização de combustíveis alternativos e sistemas 
de aproveitamento de energias renováveis. 
Considera-se que uma das medidas que a indústria deve privilegiar é a instalação de sistemas de 
monitoramento em tempo real do estado de utilização de energia. A tomada de decisão sobre 
o que é passível de melhoria e a forma de fazê-lo é assim fundamentada e quase intuitiva. As 
novas exigências da eficiência energética e da qualidade e conforto na habitação constituem 
oportunidades de excelência para a inovação dos produtos e das técnicas de construção. De-
ve-se desenvolver produtos multifuncionais e com um comportamento em obra que facilite a 
aplicação de acabamentos e a racionalidade dos conjuntos complementares da vida da habitação 
(rede de águas, comunicações, multimídia, esgotos, energia etc) (Apicer, 2009).
Outros setores desenvolvem e apresentam soluções construtivas e de produtos, sem as qua-
lidades e o potencial da cerâmica, que têm ocupado o espaço tradicionalmente reservado aos 
produtos cerâmicos. O desenvolvimento e a inovação do produto e dos materiais de construção 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
devem ser prioridades. Cada vez mais terá sentido o conceito das alvenarias funcionais com 
desempenhos otimizados, permitindo maior conforto na habitação e economias na aplicação, 
no consumo deargamassas e na instalação de outros elementos na construção. A contribuição 
para a sustentabilidade da construção/habitação deve ser uma constante na inovação de novos 
produtos e na forma de aplicação e uso da cerâmica estrutural. A sustentabilidade dos produtos 
cerâmicos deve também ser uma preocupação na estratégia de marketing das empresas (Apicer, 
2009).
144 Relatório 3
Segundo Facincani (1994), a Itália era até a década de 1980 o maior fabricante europeu, produ-
zindo anualmente entre 15 e 25 milhões de toneladas, com amplo predomínio de pisos e boa 
participação de blocos ocos, semiocos e maciços, mas com mínima produção de telhas – entre 
1,0 e 1,5 milhão de toneladas de telhas por ano –, cerca de 5% da produção total. Para efeito 
de comparação, no Brasil a participação das telhas na massa total produzida é entre 13% e 16% 
(ABC, 2006). 
Entre os anos 1970 e 1990, a produção cerâmica na Itália quase dobrou, enquanto sua demanda 
energética caiu pela metade, evidenciando os esforços de implementação de medidas de economia 
de energia a partir da crise do petróleo. Em 2006, a energia representava 20% do custo médio de 
produção no setor cerâmico italiano. No mesmo ano, a indústria cerâmica consumia 1.500 Mm3/ano 
(4,1 Mm3/dia) e 1,8 TWh/ano, sendo 0,5 TWh/ano (27,8%) através de cogeração, iniciativa na qual o 
gás natural de destaca (Assopiastrelle, 2006).
Sinais de desaceleração na economia europeia, a deterioração do mercado imobiliário e a contínua 
volatilidade de mercados não europeus foram os elementos-chave do primeiro trimestre de 2012. 
O forte crescimento nas vendas para países fora da UE foi compensado pela queda de alguns pon-
tos percentuais em mercados europeus e da queda nas vendas no mercado interno italiano. Em 
2011, telhas produzidas na Itália geraram 4,72 bilhões de euros (1,86% mais que em 2010), como 
resultado da combinação de 4,58% de crescimento da exportação, e 5,75% de queda das vendas 
no mercado doméstico. As 163 fabricantes de telhas cerâmicas na Itália em 2011 (9 a menos que 
em 2010) empregaram 22.189 pessoas (4,98% a menos que em 2010), produziram 399,7 milhões 
de metros quadrados de telhas (aumento de 3,17%) e tiveram vendas de 413,1 milhões de metros 
quadrados (aumento de 0,09%). Os investimentos em 2011 cresceram 10,89% em relação a 2010 
para 248,4 euros, 5,27% do volume de negócios anual (Confindustria Ceramica, 2012).
ITÁLIA
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
As imagens dos produtos da Itália e Espanha aparecem associadas a atributos, serviços, garantia, 
qualidade, prestígio e investimento em P&D. Por outro lado, os atributos relacionados com a 
reputação da indústria e estética do produto parecem se relacionar aos produtos da Itália, mos-
trando que a indústria cerâmica italiana compete com base nas vantagens do efeito pioneiro e o 
referente a made in Italy (Rodríguez, 2010).
146 Relatório 3
O parque fabril da Alemanha passou por grande processo de avanço tecnológico nos anos 1980 
e 1990, sendo composto em 2005 por empresas modernas, de grande capacidade, operando 
com gás natural, carvão mineral, GLP e resíduos industriais de outros processos aplicados na 
massa cerâmica, tais como isopor, serragem de madeira, grafite e resíduo de celulose. 
Trata-se de plantas de produção com investimentos da ordem de US$ 30 a 60 milhões, ple-
namente automatizadas, operando de dois a três turnos diários, com fornos túnel e secadores 
contínuos de grande capacidade e variedade de produtos, muitas vezes acima de uma centena, 
a partir de diversos tipos de argila, cuja composição é adequada nas dependências da planta 
produtiva. As jazidas de argila se localizam com frequência a distâncias elevadas, muitas vezes 
acima de 100 km, evidenciando a restrição ambiental para sua legalização. 
O preço médio da telha na Alemanha é da ordem de R$ 2.000,00/milheiro ou acima, dependen-
do do tipo de revestimento, sendo boa parte exportada para os países árabes e o leste europeu. 
Os blocos estruturais apresentam preço de mercado acima de R$ 5.000,00/milheiro, abaste-
cendo o mercado alemão, assim como países vizinhos, como Itália, Áustria e outros, envolvendo 
distâncias menores, em razão do menor valor agregado do produto (Schwob, 2007). 
Na Alemanha, causou polêmica a redução gradativa das oportunidades de emprego na indústria 
cerâmica, por causa da acelerada automatização, o que trouxe a discussão da necessidade de 
criação de impostos para as empresas muito automatizadas e de incentivos para as que criam ou 
mantêm empregos (Schwob, 2007). Nos últimos 20 anos, cresceu também na Alemanha, assim 
como na Europa, o número de empresas de produção híbrida, envolvendo a fabricação conjunta 
de cerâmica vermelha (telhas, blocos de vedação e blocos estruturais), refratários, cerâmica de 
revestimento, grés porcelânico, gesso, cimento e outros. Trata-se de uma clara demonstração 
da noção conjunta que o empresariado local tem do setor de minerais não metálicos, ao operar 
plantas múltiplas de produção, num cenário em que as empresas não se consideram concorren-
ALEMANHA
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
tes, levando em conta a multiplicidade de aplicação dos minerais não metálicos destinados à 
construção civil. 
Na Europa, a visão concorrencial está mais ligada à função do material construtivo. Uma mesma 
empresa pode produzir e fornecer divisórias de gesso acartonado, gesso puro, cimento ou de 
material cerâmico, com a mesma possibilidade de aplicação, podendo também ser de forma mais 
elaborada, pré-montada, modulada, entre outras (Schwob, 2007). 
Com a chegada do gás natural da Sibéria na Europa Ocidental na década de 1980, o mercado 
produtor da indústria cerâmica na Alemanha, a exemplo de outros países, sofreu um processo 
gradativo de aumento das escalas de produção das unidades produtivas, viabilizando processos 
de cogeração, aumento de produtividade e automatização. Todavia, as cerâmicas sofrem com a 
alta dos preços do petróleo e do gás natural, tanto que, em muitos casos, a cogeração produz 
energia elétrica mais cara que a da rede. Na Alemanha, quando a empresa vende energia elétrica 
para a rede, a concessionária desconta 1 kWh produzido por kWh consumido, o que depende da 
natureza da energia gerada, ou seja, se é alternativa, renovável e limpa (Schwob, 2007). 
A partir de meados da década de 1990, o mercado de energia elétrica na Europa ficou desregu-
lamentado e, por isso, em países como a Alemanha, era possível comprar energia elétrica mais 
barata da França ou da Rússia, dando maior flexibilidade comercial às empresas, permitindo a 
escolha do distribuidor e do comercializador de energia elétrica em contratos de fornecimento 
com vigência entre 1 e 2 anos. Na Alemanha, isso permitiu a redução de custo com energia elé-
trica, que antes representava 30% do custo de fabricação e em 2012 representava 20%. Os cus-
tos referentes aos combustíveis representavam em 2005 por volta de 30%, um total de 50% de 
participação da energia no custo de produção, percentual um pouco alto em relação ao cenário 
da indústria cerâmica do Brasil, mesmo considerando a produção de maior valor agregado. Nas 
políticas empresariais de redução de custo, contribuíram muito os esforços de conservação de 
energia em todas as etapas do processo, desde a mineração, considerando que as perdas totais 
eram por volta de 20% e atingiram entre 2% e 3% (Batz, 2000).
Na indústria de cerâmica vermelha da Europa, a questão ambiental tem pressionado o aprofun-
damento do estudo dos processos de adição de resíduos industriais na massa cerâmica, como 
serragem, papel, carvão (linhito) e isopor, que podem fornecer energia equivalente a 100 kcal/
kg ou cerca de 30% da demanda de energia térmica. Esses processos também visam dar desti-
nação ao lixo industrial, conferir melhor distribuição de calor nas peças, reduzir a demandade 
combustível e dar porosidade ao material, com menor peso específico, sem comprometer as 
características mecânicas do produto final (Schwob, 2007). 
Também são comuns os processos de adição de vapor ou água quente à massa cerâmica, o que 
melhora as condições de laminação e conformação das peças, além de ceder calor ao conjunto 
forno/secador da ordem de 10 kcal/kg, o que pode representar quase 3% da demanda de calor 
na operação conjunta de secagem e queima.
148 Relatório 3
A França, um dos maiores fabricantes europeus, com valor de produção total próximo ao da Es-
panha, destaca-se na fabricação de telhas, enquanto a Espanha, Alemanha e Itália são grandes 
fabricantes de blocos no continente. Nesse país há menos jazidas de argila, havendo, no entanto, 
mineração de calcário, o que explica sua tradição na indústria de cimento, com destaque para a 
Lafarge, maior empresa do setor no mundo, e para a Bouygues, uma das maiores construtoras no 
mercado mundial. Na França predominam as construções de pedra ou de argamassa de cimento, 
mas com telhas de cerâmica (Facincani, 1994). 
Segundo dados referentes a 2007, da Fédération Française des Tuiles et des Briques (Federa-
ção Francesa de Telhas e Tijolos), existem 152 empresas de cerâmica estrutural na França, que 
empregam 6.170 colaboradores e cujo faturamento chegou a 1,1 bilhões de euros. Em valores 
médios, uma empresa do setor tem 41 colaboradores e uma produtividade de mão de obra de 
1.023 toneladas/ano. A distribuição dos materiais de construção por tipo de produto é de 41,9% 
para tijolos de furação vertical e 51,4% para telhas e acessórios. 
Entre 1985 e 1990, desenvolveu-se na França a queima de telhas prensadas por via úmida, po-
rém com vagonetas baixas, com cada telha separada em seu suporte refratário com passagem 
superior e inferior dos gases de queima. Esse sistema visava uniformizar a telha, estabelecendo 
pilhas de telha com o suporte com não mais que 1,2 m de altura (minimização da variação verti-
cal de temperatura). Essa conformação era mantida desde a secagem (mesma vagoneta), permi-
tindo um trabalho térmico em cada telha de forma quase individual, com moldes adequados para 
sua acomodação, inclusive para a aplicação em separado de engobe e esmalte.
Na época, já eram obtidos ciclos completos de 7 a 8 horas (em indústrias colombianas, de 5 a 
6 horas). Nessa conformação do secador em série com o forno já eram possíveis, na década de 
1980, ritmos de produção de cerca de 35.000 telhas/dia/forno sem manipulação do produto, 
entre a moldagem e a etapa final no forno (Facincani, 1994).
FRANÇA
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Após analisados os países do benchmarking, foi possível observar diversas estratégias e inicia-
tivas desenvolvidas em suas cadeias de cerâmica vermelha. Essas ações podem ser agrupadas 
em nove pontos-chave. Nesta seção do relatório, buscaremos identificar o que poderia ser 
implementado no complexo produtivo brasileiro, tendo em vista a situação atual da nossa 
estrutura produtiva, suas potencialidades, limitações e especificidades.
Identificamos cinco grandes temas, sendo eles: articulação, produtos, tecnologia, energia e re-
síduos. Em cada um desses grandes temas, foi possível observar diversas medidas adotadas 
pelos países abordados e que já foram explicitadas nas seções anteriores. As principais ações 
observadas, e que acreditamos que poderiam servir de inspiração para o setor de cerâmica brasi-
leiro, estão apresentadas na figura a seguir com os respectivos países nos quais as identificamos.
Quanto às medidas de articulação das empresas, foi possível observar ações de valorização do 
setor e o desenvolvimento de empresas com produção híbrida, o que permite que fabriquem 
produtos de outros materiais além da cerâmica vermelha.
Medidas de valorização do setor foram identificadas principalmente na Itália, onde se buscou 
divulgar para os principais mercados consumidores de seus produtos de cerâmica vermelha que 
os produtos italianos têm alta qualidade e garantia, e são feitos investimentos em P&D neste se-
tor, entre outras iniciativas dos ceramistas. Buscou-se, desse modo, associar os produtos made in 
Italy com alta qualidade, valorizando assim a cerâmica produzida no país. No Brasil, associações 
de classe e governo poderiam se organizar para divulgar o produto cerâmico nacional.
APRENDIZADOS 
PARA O BRASIL
150 Relatório 3
Figura 2 – Principais pontos mapeados no Benchmarking
Fonte: Elaboração Inventta
Na Alemanha se destacam iniciativas de desenvolvimento da empresa com produção híbrida. 
Essas empresas, além de fabricarem produtos de cerâmica vermelha, produzem, por exemplo, 
refratários, cerâmica de revestimento, grés porcelânico, gesso e cimento. Com essa alteração na 
estrutura produtiva, elas diversificam sua produção e são capazes de atuar em novos setores do 
mercado de construção civil. No Brasil, seria interessante que as empresas considerassem es-
truturas híbridas como opção estratégica ou que empresas de produtos voltados para o setor de 
construção civil se articulassem para produzir em conjunto, visando criar sinergias e economias 
de escala e escopo. Com a diversificação da sua produção, as empresas aumentariam seu know-
-how em produtos para o setor de construção civil de maneira geral, o que também poderia criar 
novos estímulos para o desenvolvimento de atividades de P&D.
Já entre as medidas encontradas para alterar os produtos da indústria de cerâmica vermelha, 
constata-se que na China houve incentivo ao uso de novas matérias-primas na mistura utilizada 
para produção. Como observamos anteriormente, na China foi estabelecida uma lei em 2011 
proibindo a fabricação de blocos maciços com apenas uma matéria-prima. Aliados a essa lei, fo-
ram criados incentivos para o uso de resíduos com essa mistura de matérias-primas. No Brasil já 
existem algumas iniciativas para o uso dos subprodutos provenientes da produção de cerâmica 
vermelha. Hoje os ceramistas brasileiros, em geral, trituram as peças quebradas e/ou trincadas 
até formarem um pó que é misturado com a argila, para novamente passar pelo processamento 
e conformação do produto.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Também observamos que na Espanha houve iniciativas para incentivar a adoção pelas empresas 
de medidas que elevassem o padrão de qualidade das empresas. O mercado passou a exigir 
essa melhoria de qualidade, o que inclusive gerou uma alteração na legislação do país. No Brasil, 
observamos nos últimos anos um aumento das empresas qualificadas no Programa Setorial de 
Qualidade (PSQ). Segundo o MME (2011a), em 2010 ocorreu um aumento de 70% de empresas 
qualificadas no PSQ de blocos cerâmicos e de 57% de empresas qualificadas de telhas cerâmi-
cas. Contudo, atualmente existem apenas 55 empresas certificadas pelo Organismo de Certifi-
cação do Produto (OCP) do Centro Cerâmico do Brasil, o que é muito pouco, considerando que 
no país existem cerca de 7 mil empresas.
Quanto à tecnologia, várias iniciativas interessantes foram mapeadas, como a criação na Espa-
nha do Grupo de Empresas Inovadoras da Indústria Cerâmica Estrutural (AEI Cerâmica), visando 
incentivar a pesquisa e o desenvolvimento no setor. Poderia haver também no Brasil a associa-
ção de empresas não apenas para reduzir os custos de produção, mas também para desenvolver 
as atividades de P&D. Poderiam ser utilizadas as estruturas das APLs não só para aproveitar 
economias de escala, mas para a divisão dos custos e riscos envolvidos nas atividades de PD&I. 
Por outro lado, identificamos em Portugal o estudo de produtos multifuncionais, que facilitam 
a aplicação de acabamentos e a implementação da estrutura de redes de esgoto, comunicação, 
multimídia, energia etc. Esse tipo de produto também poderia ser pesquisado no Brasil, já que 
ainda existe uma grande especialização dasempresas, que não produzem produtos polivalentes. 
A aproximação das empresas com os centros de pesquisa em cerâmica vermelha no Brasil pode-
ria contribuir para o estudo e desenvolvimento desse tipo de produto.
Com relação às medidas relacionadas à energia, observamos diversas iniciativas para melhorar a 
gestão e utilização da energia nas empresas, incentivar a cogeração e o estudo de fontes alter-
nativas. Esse foi o tópico em que observamos mais ações em nosso benchmarking.
Na Espanha, observamos uma transformação nas empresas ao longo dos anos com o objetivo 
de aumentar o nível de eficiência energética, além do incentivo a projetos de cogeração e recu-
peração de calor. Houve inclusive o estabelecimento de uma legislação de cogeração no país, 
tornando muitos ceramistas também geradores de eletricidade. 
Em Portugal houve um grande movimento de substituição da principal matriz energética da 
empresa, sendo a opção mais escolhida hoje pelos ceramistas a biomassa e o coque de petróleo 
micronizado. O país também adotou medidas para reduzir o consumo e aumentar a eficiência 
energética. 
Na Itália houve esforços para diminuir o uso de energia proveniente de combustíveis fósseis 
após a crise do petróleo. Por fim, na Alemanha priorizou-se o estudo da conservação da energia, 
que gerou como resultado uma diminuição nas perdas totais de 20% para algo entre 2 e 3%.
152 Relatório 3
De modo geral, todas essas medidas deveriam ser observadas com atenção pelo setor cerâmico 
brasileiro, uma vez que utiliza principalmente fornos com pouca eficiência energética, e que tem 
como principal combustível a lenha, que, entre outros problemas, emite grande quantidade de 
gases durante a queima. Energeticamente mais eficientes, as empresas se tornariam mais rentá-
veis e menos poluentes.
Temos também as medidas relacionadas aos resíduos da cadeia de cerâmica vermelha. Uma mui-
to interessante foi a adotada pela China, que incentiva o uso de resíduos na composição dos blo-
cos, como já citado anteriormente. Além disso, observamos na Espanha políticas para incentivar 
o tratamento sustentável dos resíduos. De modo geral, no Brasil ainda existem poucas iniciativas 
desse tipo – é preciso um melhor entendimento do uso desses resíduos de modo sustentável e 
sua incorporação no processo produtivo.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
ABC – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CERÂMICA (2006). Anuário Estatístico da Indústria Bra-
sileira de Cerâmica Vermelha. Ano base 2005. São Paulo.
ANICER – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA CERÂMICA (2009). A cerâmica verme-
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ASPECTOS INSTITUCIONAIS, TRIBUTÁRIOS 
E TECNOLÓGICOS DA INDÚSTRIA DE 
CERÂMICA VERMELHA NO BRASIL
Relatório Técnico 4
LISTA DE FIGURAS
161 Figura 1 – Instituições de referência do segmento de cerâmica 
vermelha
162 Figura 2 – 41º Encontro da Cerâmica Vermelha – Campo Grande 
(MS)
168 Figura 3 – Normas técnicas
170 Figura 4 – PP Cerrado e PP Caatinga
171 Figura 5 – Distribuição dos biomas brasileiros
173 Figura 6 – Distribuição dos principais grupos que atuam no PP 
Cerrado
175 Figura 7 – Lei de Resíduos Sólidos
181 Figura 8 – Distribuição dos principais grupos de pesquisa da 
cerâmica vermelha
183 Figura 9 – Disponibilidade de bens de capital
184 Figura 10 – Um dos stands da 15ª Expoanicer, agosto/2012 – 
Campo Grande (MS) 
187 Figura 11 – Focos da eficiência energética no setor
LISTA DE GRÁFICOS
177 Gráfico 1 – Número de formandos em nível superior nas áreas 
de maior interesse do setor
189 Gráfico 2 – Perfil de distribuição dos combustíveis no setor de 
cerâmica vermelha (em 103 tep)
192 Gráfico 3 – Perfil dos fornos no Brasil em 2012
LISTA DE TABELAS
164 Tabela 1 – Consolidação dos principais gargalos legislativos 
173Tabela 2 – Resultados esperados para o PP Cerrado
177 Tabela 3 – Resultados esperados para o PP Caatinga
178 Tabela 4 – Perspectivas de demanda de recursos humanos 
em segmentos de transformação associados a atividades de 
mineração (2010-2030)
179 Tabela 5 – Perspectivas de demanda de profissionais de nível 
superior e de nível médio em segmentos de transformação 
associados a atividades de mineração (2010–2030)
188 Tabela 6 – Consumo total de energia para fabricação de 
cerâmica vermelha (em 103 tep)
191 Tabela 7 – Comparação dos dois principais grupos de forno
195 Tabela 8 – Caso de comparação de resultados entre diferentes 
empresas do setor
196 Tabela 9 – ICMS recolhido pelas empresas (R$)
SUMÁRIO
161 Quadro institucional
164 Legislação e normas
165 Legislação minerária
165 Legislação ambiental
166 Desafios das legislações minerária e ambiental
167 Legislação trabalhista
168 O contexto das normas técnicas 
no setor de cerâmica vermelha
169 Implantação de norma de desempenho
169 Norma de coordenação modular
170 Planos de prevenção e controle do desmatamento e queimadas (PP 
Caatinga e PP Cerrado)
175 Lei de Resíduos Sólidos 
177 Recursos humanos
180 PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação)
180 Principais gargalos que inibem o investimento em PD&I por parte das 
empresas
181 Disponibilidade de infraestrutura para PD&I (pública e privada)
182 Recursos humanos qualificados para atuação em PD&I
183 Participação da indústria brasileira de bens de capital (máquinas e 
equipamentos) no atendimento à indústria de cerâmica vermelha
184 Participação da indústria brasileira de serviços (P&D, consultoria e 
engenharia) no atendimento à indústria de cerâmica vermelha
187 Eficiência energética
188 Consumo energético e principais combustíveis utilizados
190 Identificação dos tipos de fornos utilizados
194 Aspectos tributários
197 Referências 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
QUADRO INSTITUCIONAL
O quadro institucional do setor de cerâmica vermelha é composto por instituições que podem 
ser agrupadas como instituições de apoio, de desenvolvimento e de formalização. Na figura a 
seguir são apresentadas algumas dessas principais instituições.
Figura 1 – Instituições de referência do segmento de cerâmica vermelha
Fonte: Análise Inventta
As duas principais instituições de apoio existentes no Brasil são a Associação Nacional da Indús-
tria de Cerâmica Vermelha (Anicer) e a Associação Brasileira de Cerâmica (ABC).
A Anicer foi fundada na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em 20 de janeiro de 
1992. Ela representa o empresariado do setor na relação com as instituições públicas e privadas, 
162 Relatório 4
tendo como missão lutar pelos interesses e defender os direitos das empresas do setor cerâmico. 
Formada por ceramistas em seu corpo técnico/gerencial, a Anicer busca o constante apoio ao 
setor para que cresça de forma estruturada e seja cada vez mais competitivo no mercado (Ani-
cer, 2012).
Figura 2 – 41º Encontro da Cerâmica Vermelha – Campo Grande (MS)
Fonte: Acervo Inventta
A ABC, fundada em 09 de setembro de 1953, é uma associação civil, sem fins econômicos, com 
sede na cidade de São Paulo. Sua missão é promover a interação de pessoas físicas e jurídicas 
envolvidas no meio cerâmico e áreas conexas, realizar cursos e eventos, manter publicações de 
caráter científico e tecnológico, promover o intercâmbio com especialistas e associações do país 
e do exterior, participar de ações de formação de pessoal, pesquisa, desenvolvimento e inova-
ção tecnológica, além de divulgar e defender a cerâmica nos planos artístico, científico, cultural, 
didático, empresarial, industrial e tecnológico (ABC Cerâmica, 2012). 
Dentro do escopo de cada associação, a Anicer reúne as indústrias de cerâmica vermelha con-
centrando-se no crescimento contínuo e sustentável do setor de cerâmica estrutural, enquanto 
a ABC Cerâmica possui um viés mais acadêmico e tecnológico como forma de representar e 
contribuir para o apoio e crescimento do setor de cerâmica vermelha e de outros segmentos da 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
indústria cerâmica. Assim, não existe concorrência e área de sombreamento, mas sim comple-
mentariedades na representatividade e atuação das duas entidades. 
Além de instituições de apoio, o Brasil possui também instituições de desenvolvimento. As prin-
cipais são o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), 
o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro 
e Pequenas Empresas (Sebrae).
O INT possui ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação, tecnologia industrial e serviços 
tecnológicos com foco no desenvolvimento sustentável da indústria. No setor de cerâmica 
vermelha sua atuação é mais voltada para o desenvolvimento de trabalhos em eficiência ener-
gética do setor (INT, 2013). Já o IPT, apesar de dar suporte ao crescimento do setor como um 
todo, possui um foco em mapeamento e pesquisa mineral.
O Senai é o principal órgão fornecedor de infraestrutura laboratorial para que as empresas do 
setor possam fazer os testes necessários tanto em matérias-primas quanto em produtos aca-
bados. Além da infraestrutura laboratorial e de serviços técnicos para o setor cerâmico, a rede 
Senai também possui larga experiência na formação, capacitação e qualificação de recursos 
humanos para o setor cerâmico através do oferecimento de diversos cursos para os mais va-
riados perfis. Podemos destacar o curso de “Técnico Cerâmico”, com duração média de cinco 
semestres, incluindo estágio de 300 horas, que equivale a um curso superior (tecnólogo) e 
abrange ciências dos materiais, testes e ensaios laboratoriais, projeto, design, desenvolvimen-
to e produção de produtos cerâmicos. 
O Sebrae auxilia na estruturação de Arranjos Produtivos Locais (APLs), fornecendo treinamentos 
em todas as áreas da gestão e concentrando-se na parte de controle financeiro. Os contatos 
podem surgir tanto das APLs existentes que procuram ajuda (o que ocorre com mais frequência) 
quanto do Sebrae, através de um mapeamento e percepção de demanda.
Por fim, temos as instituições de formalização, das quais destacam-se a Associação Brasileira de 
Normas e Técnicas (ABNT), que regulamenta as normas mais importantes do setor, incluindo as 
de Coordenação Modular e Norma de Desempenho, e novamente a Anicer, responsável pela re-
gulamentação do Programa Setorial de Qualidade (PSQ) no setor de cerâmica vermelha. O PSQ 
tem o intuito de agrupar e atender a todas as normas necessárias para a comercialização de um 
produto competitivo.
164 Relatório 4
As principais leis aplicáveis à cadeia de cerâmica vermelha estão relacionadas às legislações 
minerária, ambiental e trabalhista. Essas leis implicam importantes desafios para os agentes do 
segmento, uma vez que causam impactos relevantes referentes à sua aplicação.
Na tabela a seguir são apresentadas as principais leis aplicáveis à cadeia de cerâmica vermelha, 
os principais órgãos responsáveis por elas, além da análise de seus principais problemas e dos 
desafios que representam em termos de soluções possíveis.
Tabela 1 – Consolidação dos principais gargalos legislativos 
Leis Problemas Desafios
Lei Minerária
Registro de licença x concessão da 
lavra Ausência de estrutura em gestão
Assinatura de um engenheiro/
técnico Alta burocracia
Lei Ambiental
Projeto de recuperação da lavra Alto custo para os ceramistas
Geólogo/técnico responsável pelo 
projeto Perda de competitividade
Lei Trabalhista
Caráter arcaico/más condições de 
trabalho Modernização da produção
Despreparo de funcionários Certificação e capacitação de operários
Fonte: Elaboração Inventta
LEGISLAÇÃO E NORMAS
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelhaLegislação minerária
De acordo com o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), a matéria-prima 
do setor cerâmico é a argila, uma substância mineral que faz parte do patrimônio mineral 
brasileiro. A Constituição Federal define que “os recursos minerais, inclusive os do subso-
lo” são propriedade da União. Foi determinado que o DNPM é o órgão regulador do setor 
mineral, ou seja, tem a responsabilidade de preparar as autorizações para a exploração dos 
minerais e de fiscalizar a mineração (DNPM, 2000).
Segundo o DNPM, existem dois caminhos possíveis para a regularização das empresas do setor: 
registro de licença e concessão de lavra. A diferença entre eles é que o primeiro é extremamente 
simplificado e em questão de dias a atividade estará regularizada. O segundo é uma alternativa 
que passa obrigatoriamente por uma fase de pesquisa antes da obtenção do direito de explo-
rar – consequentemente, um pouco mais lenta. As duas têm vantagens e desvantagens, e isso 
depende da visão de negócios de cada empresário (DNPM, 2000).
O caminho do registro de licença, mais conhecido como licenciamento, necessita basicamente 
de quatro documentos, dos quais três no momento do requerimento deverão ser entregues no 
guichê do DNPM: licença da autoridade administrativa do município (prefeito) onde se localiza 
a área; declaração de propriedade do solo (de que o requerente é dono da terra) ou autorização 
do proprietário; e prova de recolhimento da taxa correspondente a R$ 110,82 (cento e dez reais 
e oitenta e dois centavos).
É importante destacar que o DNPM fornece os formulários para o requerimento e também, se 
necessário, os modelos de licença e autorização. Detalhe importante é que o encaminhamento 
tem de ser firmado por técnico legalmente habilitado no CREA; isto é essencial, pois dará a ga-
rantia dos serviços que estão sendo prestados.
Uma vez dada a entrada na documentação, o DNPM analisará rapidamente, verificando a dispo-
nibilidade da área, e emitirá uma exigência para a apresentação da licença ambiental. Apresenta-
da a licença, num prazo de 15 dias a área estará regularizada (DNPM, 2000).
Legislação ambiental
De acordo com a Constituição Federal, Art. 225, todos têm direito ao meio ambiente ecologi-
camente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impon-
do-se ao poder público e à coletividade em geral o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações. Ainda segundo a Constituição brasileira, temos que:
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente 
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão ambiental competente. 
166 Relatório 4
O processo de licenciamento ambiental é obrigatório para que o DNPM conceda a legalização 
minerária ao requerente, portanto um processo depende do outro. O licenciamento ambiental 
é o conjunto de procedimentos administrativos que permitirão uma avaliação dos impactos am-
bientais decorrentes da exploração mineral proposta e a ser executada (ou em execução), sendo 
a decisão final dessa avaliação peça indispensável para se concretizar o efetivo direito de explo-
ração do bem mineral (Ministério Público de Minas Geraos [MPMG], 2009).
A Deliberação Normativa COPAM nº 74, de 9 de setembro de 2004, estabelece critérios para 
classificação, segundo o porte e potencial poluidor, de empreendimentos e atividades modifica-
doras do meio ambiente passíveis de autorização ou de licenciamento ambiental no nível estadu-
al. De acordo com essa deliberação, as atividades que representam potencial poluidor devem ser 
classificadas segundo critérios tanto de tamanho e porte do empreendimento quanto de poten-
cial poluidor/degradador do meio ambiente. No processo, são equacionadas as variáveis de porte 
e potencial poluidor com os projetos de recuperação da lavra e, então, é dado o parecer do órgão 
ambiental (MPMG, 2009).
Desafios das legislações minerária e ambiental
De acordo com as indicações do DNPM, o processo de licenciamento de empresa é simples 
e relativamente rápido. Entretanto, há muitas reclamações por parte das empresas, de APLs e 
de integrantes do Sebrae quanto à falta de sensibilidade do governo com as dificuldades dos 
ceramistas. A maioria dos entrevistados entende que um dos principais gargalos no setor é a 
legalização de uma cerâmica. 
São necessários vários documentos de diferentes órgãos nas esferas federais, estaduais e mu-
nicipais para extrair a argila e transformá-la no produto final. É necessário obter a licença mine-
rária do DNMP, outra licença da prefeitura e no âmbito estadual. Dependendo do tamanho do 
projeto, é necessário o EIA-RIMA, além de um plano de recuperação de lavra e um estudo feito 
por um geólogo, entre outros. 
Geralmente, as cerâmicas são empresas pequenas, com baixa capacidade técnica para obter 
rápido êxito nesse processo. Por isso, é um processo que onera muito os ceramistas e faz que 
eles percam competitividade em relação às cerâmicas mais bem estruturadas e aos produtos 
substitutos.
Outro problema apontado é a falta de sinergia entre os diversos órgãos de fiscalização perten-
centes às três esferas responsáveis por exercer a fiscalização de vários fatores: o Departamento 
de Recursos Minerais (DRM), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis (Ibama), a Polícia Florestal, e até o Ministério do Trabalho. O gargalo está na falta de 
sinergia desses órgãos tanto entre si quanto com os órgãos que representam o setor. De acordo 
com os ceramistas, cada órgão responsável pela fiscalização tem uma demanda diferente e mui-
tas vezes não têm coerência, havendo um confronto de demanda e interesses. 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
De acordo com Wesley Prado, técnico do Sebrae no APL de Ituiutaba, o principal gargalo do 
setor é a desorganização da informação dos agentes envolvidos na questão ambiental. Isso 
significa que os agentes municipais, estaduais e federais não “conversam” entre si. Seria necessário 
um alinhamento entre todos esses agentes reguladores e fiscalizadores para que as empresas 
conseguissem entender de forma clara quais documentações são necessárias para estarem em dia 
com as obrigações legais em relação aos aspectos ambientais.
O processo de legalização minerária é o mais importante, já que só depois de iniciar esse proces-
so é que o ceramista pode dar entrada com o pedido de licença ambiental. Entretanto, represen-
tantes do setor, entre eles ceramistas e técnicos do Sebrae, avaliam esse processo como um dos 
maiores gargalos da cadeia atualmente. Alguns ceramistas levam mais de dois anos para legalizar 
sua cerâmica. Além da morosidade do processo, outro aspecto que chama atenção é o fato de os 
ceramistas entrarem com o processo de legalização da jazida e se depararem com um terreno já 
sob concessão de lavra a um terceiro. Essa concessão de lavra geralmente já foi fornecida para 
terceiros que fizeram o requerimento de estudo e a posterior concessão da lavra para uso do 
subsolo com outros fins. Isso causa um imbróglio jurídico, e a maioria dos ceramistas não possui 
estruturas que deem suporte para a resolução desse processo sem que sua produtividade seja 
seriamente afetada.
Outro ponto a ser discutido são os embargos que algumas prefeituras estabelecem para a reali-
zação desse tipo de atividade minerária nos territórios municipais. É compreensível que certos 
tipos de exploração sejam impedidos pela prefeitura por causa das más condições de trabalho 
e despreparo dos projetos para atender aos requerimentos, entretanto fatores políticos e até 
mesmo questões visuais – a extração de jazidas pode sujar cidades e modificar relevos – faz que 
esses embargos sejam implicados, aumentando a burocracia e dificultando ainda mais o trabalho 
dos ceramistas (Mineropar, 2000).
Legislação trabalhista
Grande parte das olarias brasileiras ainda não evoluiu em relaçãoao tipo de processo de auto-
mação; mesmo as empresas que iniciaram esse processo ainda têm muito que crescer. O tipo de 
trabalho a ser realizado no processo produtivo das olarias, responsável por elevado turnover do 
segmento, é maçante, desgastante e, dependendo da função, perigoso. 
Alguns operadores precisam ser certificados para trabalhar com certas máquinas do processo 
produtivo, principalmente com fornos. Por isso, os ceramistas devem se precaver com relação à 
legislação trabalhista. Há ainda reclamações de trabalhadores que pedem um adicional de insalu-
bridade por contato com agentes insalubres – agentes químicos (ácidos e bases) e físicos (ruído e 
calor). Entretanto, os juízes não têm dado sentença favorável aos trabalhadores e utilizam o EPI 
corretamente (Porto e Maia, 2013).
168 Relatório 4
O contexto das normas técnicas 
no setor de cerâmica vermelha
Atualmente, não é percebida uma movimentação por parte da maioria dos ceramistas na ade-
quação às normas de qualidade. O que se vê são casos pontuais em que, muitas vezes, as em-
presas de maior porte buscam as certificações. O processo de certificação tem um custo, e esse 
é um dos motivos pelos quais as certificações não atingiram em massa empresas de menor porte 
que conseguem prover tal investimento. Entretanto, empresas pequenas que participam de gru-
pos do setor como APLs, nos quais podem dividir uma parte dos custos e investimentos, entre 
eles testes laboratoriais, já conseguem atingir o nível máximo de certificação no setor.
O certificado mais difundido entre os ceramistas é o Programa Setorial de Qualidade (PSQ), 
estabelecido pela Anicer, que atesta os requisitos dimensionais, físicos e mecânicos das normas 
que regulamentam esses produtos. Logo, uma empresa que possui o PSQ fabrica produtos com 
qualidade apropriada, de acordo com o melhor que o setor pode oferecer. Não existem graves 
consequências para a ausência de normatização atualmente, já que a demanda pelo produto é 
considerável. Entretanto, em um futuro próximo, assim como ocorre na Europa, esses padrões 
de qualidade serão rigorosamente exigidos pelo consumidor, processo visto como inevitável. É 
necessário deixar de lado a visão imediatista e pensar na certificação como investimentos para o 
médio e o longo prazo.
Na figura a seguir é apresentado um resumo da análise de normas técnicas aplicáveis no Brasil 
no segmento de cerâmica vermelha relacionadas à qualidade do produto.
Figura 3 – Normas técnicas
Norma de Desempenho
Mensura o desempenho dos produtos
cerâmicos em diversos quesitos.
Atualmente o mercado absorve produtos
sem exigência signi�cativa de qualidade. 
No futuro a situação pode se inverter (caso 
Europa).
Não há grande manifestação do setor para 
atender à norma.
Norma de Coordenação Modular
Sistemas e componentes com medidas
padronizadas de forma industrial e 
compatibilizados desde o projeto. 
Muitas empresas ainda não têm as 
medidas corretas
Diminuição da geração de resíduos +
-
Fonte: Elaboração Inventta
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Implantação de norma de desempenho
A norma de desempenho estabelece o desempenho mínimo obrigatório para alguns sistemas de 
edifícios ao longo de uma vida útil. Essa norma não é descritiva. O desempenho mínimo obriga-
tório foi definido para alguns sistemas de edifícios (estruturas, pisos internos, paredes e veda-
ções, coberturas e sistemas hidrossanitários), seguindo as diretrizes da ISO 6241/1984. Portan-
to, seu intuito é mensurar o desempenho dos blocos estruturais em diferentes quesitos, como 
resistência ao calor, resistência ao som, impermeabilidade, segurança contra incêndio, segurança 
estrutural e outros. Os testes são feitos em paredes construídas com os blocos estruturais em 
análise. A parede em questão deve obter notas satisfatórias nos quesitos em análise para estar 
em conformidade com a norma.
É importante salientar que o desempenho de uma construção em todo seu ciclo depende de 
uma série de agentes, que vão desde os incorporadores, construtores, projetistas, fabricantes de 
materiais e pós-obra até os responsáveis pelo descarte. Todos os agentes do setor da construção 
civil dividem a responsabilidade pelo projeto (Acital, 2010).
Norma de coordenação modular
A norma de coordenação modular se enquadra no âmbito dimensional dos produtos cerâmicos. 
Um dos aspectos negativos dos blocos e tijolos cerâmicos corresponde ao alto teor de perda 
deste produto, tendo em vista a baixa uniformidade das dimensões dos produtos cerâmicos 
brasileiros. Esta norma objetiva aumentar a eficiência em obras mais econômicas e obras como 
escolas, hospitais e galpões industriais, ou seja, obras que devem ter um melhor padrão de exe-
cução. 
As construções de empreendimentos mais luxuosos deram à coordenação modular o papel de 
coadjuvante em razão da alta variação de materiais sob medida. Segundo Luiz Carlos, presidente 
da Anicer, que é favorável ao sistema de normatização, a construção só tem a ganhar com essa 
nova norma. O setor de cerâmica vermelha está pronto para atender à norma de coordenação 
modular, pois todos os seus produtos já possuem medidas prefixadas e formais. Tal evento irá 
diminuir muito os resíduos gerados pelas obras. Luiz afirma que quando se quebra um tijolo pela 
metade não se está perdendo apenas os R$ 0,50 de uma unidade, mais sim todo o trabalho de 
extração, desde o petróleo que resultou na gasolina para transportar a argila até a olaria, pas-
sando pela lenha que foi gasta em sua transformação até o transporte do produto pronto para 
a obra.
Quanto à velocidade com que essa implantação ocorrerá, o arquiteto Sérgio Leusin, em entre-
vista ao Informativo Afeal, diz acreditar que irá depender de diversas negociações: “Imagine se a 
Caixa Econômica Federal, a partir de agora, só financiar obras coordenadas modularmente. Não 
há um momento específico definido para termos a coordenação modular completamente esta-
170 Relatório 4
belecida. É um processo com certa complexidade e adaptação gradual da indústria, assim como 
aconteceu com o PBQP-H” (Afeal, 2010).
Planos de prevenção e controle do desmatamento 
e queimadas (PP Caatinga e PP Cerrado)
Conforme já foi detalhado anteriormente neste estudo, no final de 2010 o Governo 
Federal lançou Planos-guia para contenção do desmatamento e manejo sustentável dos 
biomas brasileiros. Entre eles, o Plano de Prevenção Caatinga (PP Caatinga) e o Plano 
de Prevenção Cerrado (PP Cerrado) preveem um conjunto de diretrizes e ações na bus-
ca da utilização para o uso responsável dos recursos naturais presentes nesses biomas. 
Resgatando as informações anteriores, é importante reforçar que foi notada uma rela-
ção entre o grau de desmatamento exercido pelas cerâmicas nos biomas com o grau de 
informalidade do setor. Apesar da intensificação e avanços da fiscalização nos últimos 
anos, há indícios de que ainda persistem atividades informais e, consequentemente, 
ações danosas ao meio-ambiente, especialmente na região Nordeste, com impactos di-
retos sobre a Caatinga. Pode-se encontrar mais detalhes no Parte/Relatório II; contudo, 
chamamos a atenção para a relevância do assunto, com os dados e análises que seguem.
Figura 4 – PP Cerrado e PP Caatinga
Fonte: Elaboração Inventta
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Figura 5 – Distribuição dos biomas brasileiros
Fonte: Associação Caatinga (2012)
Segundo o MMA (2010), o PP Cerrado é um plano de ação (tático-operacional) para a redução 
do desmatamento no Cerrado e a viabilização de alternativas de proteção e de uso sustentável 
dos recursos naturais. O plano visa fomentar as atividades produtivas sustentáveis, o monitora-
mento, o controle, ordenamento territorial e educação ambiental. Com o plano, o governo busca:
 » reduzir o desmatamento em até 40% em 2020;
 » reduzir as queimadas e incêndios florestais;
 »disseminar práticas silviculturais sustentáveis;
 » aumentar o consumo de carvão de florestas plantadas de ferro-gusa;
 » aumentar a quantidade de recursos disponibilizados em linhas de crédito rural subvencio-
nadas para ações de recuperação de áreas degradadas;
 » aumentar a agilidade das ações de controle e fiscalização do desmatamento.
172 Relatório 4
Assim, o PP Cerrado tem como função articular e integrar as ações do governo federal e dos 
governos estaduais com o intuito de aprimorar a prevenção e o controle do desmatamento no 
Cerrado. Seu modelo de governança conta com um arranjo institucional que abrange institui-
ções do governo federal, os estados que compõem o bioma Cerrado e a sociedade civil por meio 
de seus coletivos. No modelo de governança mostrado na Figura 6 e que integra o plano de ação 
do MMA (2010), são sugeridas duas esferas: 
 » Consultiva, da qual faz parte a Conacer. É formada por órgãos do governo federal e dos 
governos estaduais e organizações não governamentais; 
 » Executiva, formada por um Grupo Permanente de Trabalho Interministerial (GPTI), que 
avalia e institui ações, além de propor novas medidas para reduzir os índices de desmatamen-
to e queimadas no Cerrado. Nessa esfera ainda se encontram os órgãos estaduais de meio 
ambiente dos estados que compõem o bioma do Cerrado.
Por fim, o relatório do MMA (2010) que cria o PP Cerrado expõe quais são os principais resulta-
dos esperados para cada ação estratégica, como podemos ver na tabela 2.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Figura 6 – Distribuição dos principais grupos que atuam no PP Cerrado
Fonte: MMA (2010).
Tabela 2 – Resultados esperados para o PP Cerrado
Principais resultados até 2020
Melhoria na qualidade dos planos de manejo florestal. 
Ampliação no volume de recursos financeiros disponibilizados para manejo florestal no Cerrado.
Ampliação do número de famílias atendidas pela assistência para manejo florestal. 
Aumento de áreas no Cerrado sob manejo florestal. 
Aprimorar a gestão da informação das áreas degradadas. 
Ampliação dos investimentos para o desenvolvimento de tecnologias de produção sustentável do bioma Cerrado. 
Aumento das práticas sustentáveis de produção. 
Aumento do número de agricultores familiares aptos à condução de projetos diversificados e sustentáveis. 
Aumento do consumo e valorização dos produtos da sociobiodiversidade do Cerrado. 
Aumento da oferta de recursos financeiros para atendimento às diferentes modalidades produtivas. 
Valorização e aumento do uso sustentável de espécies nativas com potencial produtivo. 
Aumento no volume de aquisição dos produtos da sociobiodiversidade. 
Aumento do número das cadeias estruturadas de comercialização de produtos da sociobiodiversidade do Cerrado.
Aumento do número de microbacias com APP preservada e restaurada. 
Mapeamento sistemáticos das áreas desmatadas, em processo de degradação e em regeneração florestal. 
Aumento da agilidade das ações de controle e fiscalização do desmatamento. 
Aumento da eficiência do controle e da fiscalização do desmatamento. 
Redução do desmatamento ilegal no entorno e no interior das Unidades de Conservação e das Terras Indígenas.
Redução dos incêndios florestais e das queimadas. 
Aumento da responsabilização administrativa por desmatamento ilegal. 
Aumento da capacidade dos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente (OEMAs) para gestão florestal. 
Fonte: MMA (2010).
174 Relatório 4
A Caatinga é uma das mais biodiversas regiões do planeta, mas que há muitos anos vem sofren-
do com o desmatamento. Segundo o MMA, essa região tem uma característica marcante em 
comparação às outras regiões semiáridas do planeta: é densamente povoada, e essa população 
depende dos seus recursos naturais, dadas as dificuldades impostas pelas condições climáticas. 
A vegetação nativa é altamente resiliente e largamente utilizada pela população do Semiárido.
Os principais motivos que geram o desmatamento desse bioma devem-se à extração de madeira e 
carvão vegetal, principais matrizes energéticas da região, e de uma grande quantidade de produtos 
florestais não madereiros usados no dia a dia da população local – utilização de cascas e raízes para 
a produção de tanino, extração de fibras e coleta de frutos.
Assim como o plano anteriormente visto, este também objetiva criar um planejamento de prevenção 
e controle do desmatamento e queimadas no bioma da Caatinga. O plano contém três principais eixos 
que abrigam diversos resultados que devem ser alcançados pelo programa.
Tabela 3 – Resultados esperados para o PP Caatinga
Eixos Resultados a serem alcançados
Controle e 
monitoramento
Fortalecimento das ações integradas de fiscalização do desmatamento em áreas prioritárias.
Fortalecimento do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) para a gestão florestal.
Ordenamento 
territorial / 
áreas protegidas
Aumento das áreas protegidas por unidades de conservação.
Aumento de áreas protegidas por meio do reconhecimento dos direitos de uso e ocupação da 
terra dos povos e comunidades tradicionais.
Fomento às 
atividades 
sustentáveis
Aumento da eficiência energética das indústrias, domicílios e demais consumidores de 
matéria-prima florestal (lenha e carvão vegetal).
Aumento da participação da biomassa florestal oriunda do manejo florestal sustentável de uso 
múltiplo na matriz energética industrial, comercial e domiciliar.
Aumento da produção e da comercialização de produtos florestais não madeireiros oriundos de 
Manejo Florestal Sustentável da Caatinga e do Agroextrativismo.
Ampliação da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) apropriada ao bioma, com ênfase 
nas atividades florestais, para os povos e comunidades tradicionais e da agricultura familiar.
Aumento da quantidade de produtores rurais que adotam práticas sustentáveis, com ênfase 
nos sistemas agrossilvipastoris, considerando a segurança hídrica, energética e alimentar.
Redução das áreas degradadas e subutilizadas (reincorporação ao processo produtivo) e do 
passivo ambiental dos imóveis rurais (reserva legal e APP).
Ampliação do conhecimento da população brasileira sobre o bioma Caatinga, visando sua 
valorização, divulgação e conservação.
Fonte: MMA (2011)
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Lei de Resíduos Sólidos 
Instalada em agosto de 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) obrigou o setor 
público e o privado a repensarem o modo como lidavam com a produção de produtos, servi-
ços e a destinação final de resíduos sólidos. A partir da instituição da Lei nº 12.305/10, que 
institui a PNRS, a responsabilidade dos geradores de resíduos passou a ser compartilhada com 
os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, cidadãos e titulares de serviços de 
manejo dos resíduos sólidos urbanos na logística reversa dos resíduos e embalagens pós-con-
sumo (MMA, 2013). A meta do plano, segundo o MMA, é de que o país alcance um índice de 
reciclagem de resíduos de 20% em 2015.
Com relação ao setor de cerâmica vermelha, a Lei de Resíduos Sólidos afeta diretamente a equa-
ção de qual seria o melhor fim para os resíduos gerados na quebra do processo produtivo. Esse é 
um ponto que provavelmente não sofrerá regresso. A política determina que os lixões sejam ex-
tintos no Brasil até 2014 e substituídos por alternativas mais limpas como os aterros sanitários, 
e que até 2015 todos os municípios tenham seus planos de gestão de resíduos sólidos. 
Figura 7 – Lei de Resíduos Sólidos
Fonte: Elaboração Inventta
Sobre os resíduos sólidos do setor cerâmico, a opinião da iniciativa privada é de que a des-
tinação desses resíduos não é um problema tão grave quanto parece. Os resíduos cerâmicos 
moídos geram o chamado “chamote”, que, segundo especialistas e ceramistas, pode ter outras 
utilidades. Após a etapa de queima, o material cerâmico descartado é submetido a trituramento.Algumas indústrias cerâmicas de menor porte em Campos (RJ), por exemplo, chegam a ter 10% 
de perda da produção somente na etapa da queima. Estima-se que as perdas no pós-queima 
podem variar entre 5% (nas cerâmicas mais estruturadas e com tecnologia mais moderna) e 20% 
(nas cerâmicas mais desorganizadas e defasadas tecnologicamente). Esse subproduto é utilizado 
principalmente para o cascalhamento de estradas, produção de saibro para as quadras de tênis, 
176 Relatório 4
mistura com cimento e uso em pavimentação. Outras olarias que já têm uma argila forte e rica 
podem utilizar o chamote para enfraquecer um pouco a matéria-prima, dissolvendo o chamote 
e fazendo a reintegração das perdas do processo produtivo. 
Entende-se que até hoje não foi descoberta uma forma de lucrar com esses resíduos. Os cera-
mistas dizem que é raro estabelecer um processo que tenha viabilidade financeira na reutiliza-
ção dos resíduos no processo produtivo ou em outras alternativas. O importante é que o setor 
já tem algumas formas de escoar e liberar esses resíduos sem causar graves consequências ao 
ambiente. Atualmente, não é exigido do setor uma conduta ambientalmente correta em todo 
seu processo produtivo; entretanto, a situação caminha para que cada vez mais o setor fique 
pressionado para tal.
Existem outras formas de transformar o perfil da cadeia ceramista, que já foi visto como gran-
de agressor do meio ambiente, criando uma imagem que pode contribuir para o ecossistema. 
Segundo Carlos Cruz, autor da passagem “Cerâmica Verde” da revista Anicer de nº 76, “outro 
exemplo que acontece no setor de cerâmica vermelha, onde biomassas renováveis descartadas 
pela agroindústria, como o bagaço da cana, cascas de coco e de castanha-do-pará, sementes 
de açaí, palhas de café, milho e arroz, além do pó de serragem da indústria moveleira e podas 
de árvores, vêm sendo utilizadas como combustível para os fornos. Essa mudança em direção à 
sustentabilidade tem possibilitado que um grande número de cerâmicas obtenha certificados de 
redução de emissões de carbono”. 
Vinicius Scaramel, fundador de uma consultoria em resíduos sólidos, em entrevista, ressaltou 
que realmente o resíduo é leve e não polui tanto. A preocupação é maior com a questão do pós-
-consumo, nem tanto com a transformação. O maior trabalho no canteiro de obras é separar o 
vermelho do cinza, pois o resíduo vermelho pode ser triturado e reaproveitado.
Atualmente, a questão dos resíduos das obras é uma das que recebem mais atenção, tanto é que 
a empresa de Scaramel já possui serviços na área. Entretanto, à medida que essas construtoras 
forem sendo pressionadas, toda a cadeia pode sentir os impactos. Por exemplo, no transporte 
do material pode haver a diminuição da quebra. Deve-se atentar também para a disponibilidade 
de produtos em diversas medidas para diminuir a quebra do material. Fica então mais percep-
tível que a busca pelas certificações, principalmente a normatização na coordenação modular, 
é o caminho que o setor precisa seguir para não ficar atrás dos produtos substitutos neste as-
pecto. Vale lembrar que as construtoras, mercado consumidor de materiais de construção mais 
representativo, com mais de 60% do volume, acabam arcando com esse prejuízo da quebra dos 
materiais. (CBIC, 2013).
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
A maioria das empresas do segmento mínero-cerâmico é constituída por micro e pequenos em-
preendimentos, que não dispõem de quadro técnico especializado. De modo geral, acredita-se 
que nas próximas décadas deve ocorrer o fortalecimento dos principais aglomerados produtivos 
mínero-cerâmicos mapeados. Para tanto, e considerando os cenários de crescimento estabeleci-
dos na Tabela 4 e a situação atual da maioria das minerações, haverá a necessidade em 2030 de 
pelo menos 19 mil profissionais de nível superior, compreendendo geólogos e engenheiros de 
minas. Para as vagas de níveis básico e médio, considerando também os mesmos cenários, serão 
necessários aproximadamente 31 mil funcionários. 
Gráfico 1 – Número de formandos em nível superior nas áreas de maior interesse do setor
Fonte: Dados do Inep. Elaboração Inventta
RECURSOS HUMANOS
178 Relatório 4
Supõe-se que esse número de profissionais seja razoável para atender às demandas crescentes 
do segmento até o final da década de 2020. Para o quadro atual, por causa do baixo nível de 
escolaridade e especialidade dos funcionários que atuam nas atividades de lavra, serão necessá-
rios cursos para capacitação e treinamento (MME, 2009b).
Fator relevante para o aprimoramento da competitividade do setor mínero-cerâmico é a melho-
ria da capacitação dos profissionais e proprietários dos empreendimentos. A falta de profissio-
nais especializados e o baixo padrão da tecnologia utilizada nas operações de lavra são fatores 
que prejudicam a competitividade do setor mínero-cerâmico brasileiro. 
Tabela 4 – Perspectivas de demanda de recursos humanos em segmentos de transformação associados 
a atividades de mineração (2010-2030)
Segmentos de 
transformação
2010 a 
2014
2015 a 
2018
2019 a 
2022
2023 a 
2026
2027 a 
2030 Total % a.a.
Argilas para cerâmica 
vermelha 96.562 93.129 110.029 129.995 153.585 583.300 4,26
Rochas ornamentais e de 
revestimento 18.570 17.483 20.215 23.373 27.025 106.667 3,70
Gipsita 181 179 217 263 318 1.158 4,91
Crisotila – fibrocimento 5.959 6.022 7.420 9.141 11.262 39.805 5,35
Titânio 225 213 248 288 335 1.309 3,83
Quartzo 141 146 185 233 294 1.000 6,00
Gemas coradas 148 154 194 245 309 1.050 6,00
Diamante: gema e 
industrial 106 110 139 175 221 750 6,00
Água mineral 2.551 2.429 2.837 3.314 3.870 15.000 3,96
Total 124.442 119.866 141.483 167.027 197.220 750.039 4,03
Fonte: MME (2009a).
Tendo por referência as informações e sinalizações oferecidas nos RTs dos segmentos compre-
endidos, foram adotados os seguintes critérios na projeção das demandas de engenheiros e 
técnicos metalurgistas de nível médio: 
 » profissionais de nível superior: participação em relação à demanda total evoluindo de 6%, 
em 2010, para 10%, em 2030;
 » profissionais de nível médio: participação em relação à demanda total evoluindo de 4%, 
em 2010, para 16%, em 2030;
 » engenheiros e técnicos metalurgistas: correspondendo a 10% das correspondentes de-
mandas totais. 
Nos segmentos de transformação compreendidos na Tabela 5, a demanda de recursos humanos 
com formação específica (profissionais de nível superior e de nível médio), para preenchimento 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
de novos postos de trabalho, deverá se expandir de 12.444 profissionais no quinquênio (2010-
2014) para 51.277 no quadriênio (2027-2030), com o que a participação da mão de obra técnica 
aumentará de 10% para 26%. 
Tabela 5 – Perspectivas de demanda de profissionais de nível superior e de nível médio em segmentos 
de transformação associados a atividades de mineração (2010–2030)
Categorias profissionais 2010 a 2014
2015 a 
2018
2019 a 
2022
2023 a 
2026
2027 a 
2030 Total
Profissionais de nível superior 7.467 8.391 11.319 15.032 19.722 61.930
Engenheiros metalurgistas 747 839 1.132 1.503 1.972 6.193
Outros de nível superior 6.720 7.552 10.187 13.529 17.750 55.737
Técnicos de nível médio 4.978 8.391 14.148 21.714 31.555 80.785
Técnicos metalúrgicos 498 839 1.415 2.171 3.156 8.079
Outros técnicos de nível médio 4.480 7.552 12.733 19.542 28.400 72.707
Total geral 12.444 16.781 25.467 36.746 51.277 142.716
Participação s/ demanda total (%) 10 14 18 22 26 19
Fonte: MME (2009a).
No período entre 2010 e 2030, há uma estimativa de que 19% dos novos postos de trabalho 
serão ocupados por profissionais de nível superior (8,2%) ou por técnicos de nível médio (10,8%). 
Uma importante questão que abarca o setor de mineração é que a maioria das empresas não 
possui uma cultura de qualificação, investimento em recursos humanose melhoria de processos 
através da qualificação de mão de obra. Há uma visão de curto prazo que foca suas forças na 
compra de máquinas sem qualquer programação ou até mesmo pesquisa prévia.
180 Relatório 4
Principais gargalos que inibem o 
investimento em PD&I por parte das empresas
No 41º Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha, o maior encontro do setor, a equi-
pe de consultores pôde ter contato com vários ceramistas e especialistas da área (técnicos do 
Sebrae, mestrandos na área, técnicos do Senai, profissionais do INT e outros) e pôde entender 
que a questão de investimento em PD&I está mais relacionada a aspectos culturais do que eco-
nômicos e de acessibilidade. Muitos ceramistas possuem a mesma visão imediatista que a maior 
parte do empresariado brasileiro, principalmente quando o mercado está aquecido, portanto é 
complicado conscientizar um ceramista de que ele deve sair de sua zona de conforto para que 
sua empresa invista nessa área, sendo que o mercado já absorve 100% do que sua empresa 
produz. 
Outra questão relevante é o porte das empresas no Brasil. Pelo fato de grande parte das empre-
sas não ter estruturas desenvolvidas e capacitadas, o investimento em PD&I não se configura 
como uma prioridade. As empresas carecem de estrutura tanto em gestão quanto no setor pro-
dutivo, para assim dar sustentação a uma possível execução de investimentos em P&D.
É importante lembrar que empresas que não estão totalmente legalizadas ou com qualquer em-
bargo burocrático não podem ser financiadas pelo BNDES, por exemplo. Mesmo que queiram 
ter acesso ao crédito, algumas delas não têm estrutura humana para adquirir todos os documen-
tos necessários e buscar esses financiamentos. 
PD&I (PESQUISA, 
DESENVOLVIMENTO 
E INOVAÇÃO)
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Disponibil idade de infraestrutura 
para PD&I (pública e privada)
Atualmente, o único órgão de referência em disponibilização de infraestrutura para PD&I no 
Brasil é o Senai. Com laboratórios em várias capitais, ainda falta capilaridade para que o Senai 
consiga atingir grande parte das cerâmicas brasileiras, tendo em vista a considerável distribuição 
das empresas do setor por todo o território brasileiro.
Entre as instituições de ciência e tecnologia com projetos de pesquisa que englobam os inte-
resses do setor de cerâmica vermelha, a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) 
se destaca por possuir dois grupos de pesquisa, sendo que um deles conta com todas as linhas 
de pesquisa focadas em cerâmica vermelha. Essa situação pode ser explicada pela influência 
de um dos maiores APLs do Brasil, o APL de Campos dos Goytacazes. Há também no Rio de 
Janeiro o grupo de Meio Ambiente e Eficiência Energética do Cefet, que realiza estudos inter-
disciplinares na área de inovação tecnológica, com foco no estudo de cerâmica vermelha, desde 
1999. Os pontos principais dos trabalhos desse grupo são os processos de criação, absorção, 
utilização e aplicação no mercado de novas tecnologias. Como resultado, já foram gerados, até 
2012, doze dissertações de mestrado, quatro projetos finais de graduação e oito projetos de 
iniciação científica.
Outras instituições, como a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a Universida-
de Federal de Sergipe (UFS), a Universidade de São Paulo (USP) e o IPT, têm linhas de pesquisa 
que englobam o setor de cerâmica vermelha; entretanto, dividem espaço com estudos de outras 
cadeias.
Figura 8 – Distribuição dos principais grupos de pesquisa da cerâmica vermelha
Fonte: Análise Inventta a partir de dados de CNPq [s.d.]
182 Relatório 4
Recursos humanos qualif icados 
para atuação em PD&I
Na área de extração e pesquisa mineral os profissionais mais requisitados são os geólogos e en-
genheiros de minas. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do Estado de São Paulo, é uma 
das maiores, senão a melhor referência na área de pesquisa mineral no Brasil.
O IPT conta com laboratórios capacitados e equipe de pesquisadores e técnicos altamente qua-
lificados, atuando basicamente em quatro grandes áreas: (i) inovação, pesquisa e desenvolvi-
mento; (ii) serviços tecnológicos; (iii) desenvolvimento e apoio metrológico; e (iv) informação e 
educação em tecnologia.
Destaque para os serviços tecnológicos de avaliação técnica e ensaios de produtos para a cons-
trução civil. O IPT realiza ensaios normalizados, análises e avaliações técnicas de componentes 
e produtos de construção civil, em especial produtos empregados em obras de edifícios como 
janelas, placas cimentíceas, chapas para drywall, esquadrias, revestimento de paredes e pisos, 
tijolos e blocos para alvenaria, telhas, divisórias, portas etc.
O Instituto executa ensaios mecânicos, de estanqueidade e de durabilidade, entre outros, de 
acordo com as normas técnicas brasileiras ou internacionais, a critério do cliente. As análises 
realizadas pelo IPT são empregadas tanto para avaliação como para assessoria tecnológica ao 
desenvolvimento e aprimoramento de produtos para construção de edifícios.
Além dos projetos e linhas de pesquisa, desenvolvimento e inovação na área mineral e de mate-
riais, o IPT atua em diversos outros setores/áreas, de forma colaborativa, com empresas, univer-
sidades e outros institutos. Para mais informações, acesse: www.ipt.br.
Ao tratarmos da parte de transformação da cadeia, as pessoas qualificadas na área de estudos 
para cerâmica ou que pretendem se qualificar têm como principal figura de suporte o Senai. Exis-
tem vários centros de estudo espalhados pelo Brasil, porém alguns são referências, como o Ma-
ria Amato, em São Paulo. Não há abundância de conhecimento no setor, portanto o empresário 
que quiser uma qualificação de grande qualidade provavelmente deve deslocar seu funcionário 
e investir nesse processo. 
O curso do Senai tem duração de um ano e o objetivo de habilitar profissionais para atuar em 
plantas industriais, laboratórios de análises químicas, de testes físicos e de pesquisa, planejando, 
coordenando, orientando, supervisionando e controlando a qualidade de produtos e processos, 
realizando estudos para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de produtos cerâmicos, com pro-
fissionais de formação científica e/ou tecnológica sempre que necessário, fundamentando suas 
ações em requisitos de sistemas da qualidade e de preservação ambiental (Senai, 2013).
http://www.ipt.br
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Portanto, as pessoas formadas nesse curso estão aptas a trabalhar com geólogos e engenheiros 
que podem contribuir para o processo de PD&I. Entretanto, como supracitado, é uma oferta 
relativamente baixa de serviço e precisa ser expandida pelas demais regiões do Brasil. 
Participação da indústria brasileira de 
bens de capital (máquinas e equipamentos) 
no atendimento à indústria de cerâmica vermelha
Atualmente, a concessão de crédito está entre as carências mais destacadas por todos os agen-
tes da cadeia, começando pelos ceramistas, passando por técnicos do Sebrae que estão pre-
sentes no dia a dia do empresariado e terminando pelos próprios fabricantes de máquinas e 
equipamentos. Obviamente que, quando indagados sobre o assunto, os ceramistas reivindicam 
juros mais baixos por dois motivos. Primeiro porque o consumidor, na maioria das vezes, irá fazer 
reenivindicações esperando a diminuição da carga taxada, e segundo porque comparado com 
outros países os juros no Brasil são mais elevados.
Figura 9 – Disponibilidade de bens de capital
Fonte: Análise Inventta
Em 2007, a Expoanicer gerou R$ 15 milhões em negócios fechados durante sua realização. Fo-
ram R$ 5 milhões a mais do que a edição de 2006. Já na 14ª edição, em 2011, o evento produziu 
um volume de negócios de aproximadamente R$ 38 milhões, segundo dados da Revista Anicer, 
edição nº 72.
O fator mais marcante da 15ª Expoanicer foi a presença maciça defabricantes estrangeiros no 
salão de exposição – os participantes da feira eram, na maioria, da Europa e EUA, e ficou clara a 
184 Relatório 4
existência de investimentos dos players mundiais no setor de máquinas e equipamentos de ce-
râmica vermelha brasileiro. Esse movimento de expansão de mercado foi influenciado pela crise 
europeia. Segundo o Portal ECB (2012), o mercado de construção civil “em comparação a junho 
de 2011, obteve queda de 2,8%, e 5,8% considerando os 27 países do bloco. Portugal se destaca 
por registrar elevado recuo de 18,9% em junho de 2012”.
Outro fato a se destacar é que algumas empresas, como a espanhola Verdés, já têm fábricas no 
Brasil há alguns anos, e outras planejam seguir este mesmo caminho tendo em vista que, para 
comercializar seus produtos com uma diminuição tributária, é necessário executar no mínimo 
70% do processo produtivo em território brasileiro, tendo em vista a necessidade de se alinhar 
com o Código de Situação Tributária nacional (Convênio ICMS 38/2013). As poucas empresas 
brasileiras que estavam presentes na feira também partilharam da mesma opinião. 
Figura 10 – Um dos stands da 15ª Expoanicer, agosto/2012 – Campo Grande (MS) 
Fonte: Acervo Inventta
Participação da indústria brasileira de 
serviços (P&D, consultoria e engenharia) no 
atendimento à indústria de cerâmica vermelha
Com relação ao oferecimento de serviços de P&D, consultoria e engenharia para a indústria de 
cerâmica vermelha, é possível afirmar que houve uma oferta satisfatória em 2012. Fato esse 
não tão influenciado por uma alta oferta de serviços e sim por uma baixa demanda provinda do 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
empresariado. É uma realidade que está mudando à medida que os ceramistas se conscientizam 
da importância de produzirem produtos de qualidade, dentro das normas estabelecidas, e que a 
melhoria do processo produtivo deve ser vista como um investimento e não como gastos pro-
dutivos.
A oferta desses serviços é ligada a instituições de pesquisas, universidades e empresas de con-
sultoria. As instituições citadas nos parágrafos a seguir realizam projetos de parceria com o setor. 
Entretanto, ainda são poucas instituições que se dedicam a projetos e atividades de pesquisa e 
desenvolvimento para esse setor.
O programa “Anicer na sua Empresa” é um programa de apoio tecnológico que compreende 
ações de consultoria e assessoria técnica, auditorias e treinamentos de pessoal, contribuindo 
para a evolução tecnológica, a adequação às normas técnicas e a qualificação dos colaboradores 
em todas as etapas do processo produtivo (Anicer, 2012).
Já o Senai é o principal órgão fornecedor de infraestrutura laboratorial para que as empresas do 
setor possam fazer os testes necessários em matérias-primas e produtos acabados. Além do Se-
nai, o IPT e o INT também têm estrutura laboratorial; contudo, o IPT desenvolve trabalhos mais 
voltados para a área de pesquisa minerária e mapeamento de jazidas, enquanto o INT possui 
trabalhos focados na área de eficiência energética.
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do estado de São Paulo, é uma das maiores, senão a 
melhor referência na área de pesquisa mineral no Brasil e conta com laboratórios capacitados e 
equipe de pesquisadores e técnicos altamente qualificados. Damos um destaque para os servi-
ços tecnológicos de avaliação técnica e ensaios de produtos para a construção civil. O IPT realiza 
ensaios normalizados, análises e avaliações técnicas de componentes e produtos de construção 
civil, especialmente produtos empregados em obras de edifícios como janelas, placas cimentí-
cieas, chapas para drywall, esquadrias, revestimento de paredes e pisos, tijolos e blocos para 
alvenaria, telhas, divisórias, portas etc. O Instituto executa ensaios mecânicos, de estanqueidade 
e de durabilidade, entre outros, de acordo com as normas técnicas brasileiras ou internacionais, 
a critério do cliente. As análises realizadas pelo IPT são empregadas tanto para avaliação como 
para assessoria tecnológica ao desenvolvimento e aprimoramento de produtos para construção 
de edifícios. Além dos projetos e linhas de pesquisa, desenvolvimento e inovação na área mineral 
e de materiais, o IPT atua em diversos outros setores/áreas, de forma colaborativa, com empre-
sas, universidades e outros institutos. 
Há também o Centro de Produção Industrial Sustentável (Cepis), um dos apoiadores do projeto 
de Eficiência Energética (EELA) no Brasil. Seu foco consiste no aperfeiçoamento de processos, 
eficiência energética e incentivo à utilização de técnicas ecologicamente “mais limpas” de pro-
dução pelas empresas.
186 Relatório 4
Por último, mas não menos importante, o Sebrae tem o papel de dar suporte em gestão para os 
empresários do setor. Para conseguir representatividade, o modelo adotado é o de parceria com 
APLs.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Para os ceramistas existem dois caminhos a serem estudados e melhorados do ponto de vista da 
eficiência energética de uma olaria. O primeiro é a eficiência no uso da energia elétrica, respon-
sável por fatia considerável do faturamento das empresas. Segundo Wesley Prado, técnico do 
Sebrae, é possível melhorar esse aspecto executando diagnóstico dos motores, transformadores 
e demais componentes elétricos para avaliar quais são as modificações necessárias. Segundo ele, 
esse foi um trabalho executado pelo Sebrae no APL de Ituiutaba. 
Figura 11 – Focos da eficiência energética no setor
Fonte: Análise Inventta.
Segundo a declaração de Wesley Prado durante uma entrevista do projeto, um modo de tornar o 
processo mais eficiente é por meio da “determinação dos procedimentos de alimentação dos for-
nos, uma vez que há muito desperdício de lenha. O controle mais rigoroso dos proce dimentos de 
alimentação dos fornos a lenha ajudará a manter um melhor desempenho energético desses fornos, 
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
188 Relatório 4
minimizando gastos com energia elétrica em outros processos. O diagnóstico dos motores, trans-
formadores e demais componentes elétricos possibilitará a avaliação de quais modificações serão 
necessárias para reduzir os gastos”.
Consumo energético e principais 
combustíveis uti l izados
De acordo com as informações publicadas pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para os 
setores de mineração e transformação mineral no ano de 2010, o consumo total de energia para 
a fabricação de cerâmica vermelha está descrito no quadro abaixo:
Tabela 6 – Consumo total de energia para fabricação de cerâmica vermelha (em 103 tep)
  1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2007 2008 2010
Cerâmicas 1.542 2.088 2.511 2.479 2.331 2.521 3.068 3.412 4.157 4.107 4.527
Fonte: MME (2011a).
O setor de cerâmica vermelha é um grande consumidor de energia, além de causar forte impacto 
ambiental em razão do uso intensivo de lenha. Os principais tipos de lenha usados são a lenha 
nativa e os resíduos de madeira (cavaco, serragem, briquetes e outros resíduos). Contudo, já 
existem movimentos incentivando o uso de madeira de reflorestamento, visando incentivar um 
consumo energético mais sustentável (MME, 2011a).
Segundo o balanço energético referente ao ano de 2010, realizado pela Empresa de Pesquisa 
Energética (EPE) para o setor de cerâmica, a lenha foi responsável por cerca de 50% da energia 
utilizada, seguida pelo gás natural, com 25%. Apesar de a pesquisa ter mostrado que durante 10 
anos o consumo de energia para este setor aumentou cerca de 50%, essa proporção de uso das 
principais fontes de energia permanece relativamente constante. Ademais, notou-se a tendência 
de diminuição do uso de óleo combustível.
Segundo relatório do Sebrae (2008), a lenha tem baixo rendimento energético, o que afeta a 
qualidade e os padrões técnicos dos produtos, resultando em até 30% de perda. A alternativa 
seria a análise por parte dos produtorespara o uso de outras fontes de energia que não a lenha, 
minimizando aspectos ambientais e proporcionando menor perda produtiva pelo fato de outras 
fontes poderem apresentar maior poder energético. Por causa da representatividade dos volu-
mes de consumo de lenha, a atividade cerâmica deve dar também atenção especial aos proble-
mas ambientais causados pela sua queima, em razão da produção de cinzas, óxidos de enxofre, 
dióxido de carbono e óxidos de nitrogênio, causadores de chuva ácida e de danos à camada de 
ozônio.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Gráfico 2 – Perfil de distribuição dos combustíveis no setor de cerâmica vermelha (em 103 tep)
*tep = toneladas equivalentes de petróleo, onde 01 tep = 41,87 × 1 bilhão J = 10 × 10 bilhões cal = 11,63 MWh
Fonte: EPE (2011).
Os dados demonstram o predomínio da lenha como principal combustível do setor. E, nos úl-
timos anos, houve um pequeno aumento no consumo desse tipo de combustível. Entretanto, 
também é possível notar que as outras opções correspondem à metade do consumo energético. 
Algumas opções de combustíveis alternativos já estão sendo testadas em menor escala, princi-
palmente, para se aproveitar resíduos do agronegócio de determinadas regiões.
São exemplos de alguns desses combustíveis:
 » bagaço de cana;
 » casca de amendoim;
 » casca de mamona;
 » palha de arroz;
190 Relatório 4
 » palha de algodão;
 » palha de soja;
 » bambu;
 » capim-elefante;
 » serragem;
 » carvão mineral;
 » carvão vegetal;
 » resíduo da construção civil;
 » corte de árvores (prefeituras);
 » açaí, dendê, caju e cacau;
 » cavaco;
 » casca de castanha de caju.
Identif icação dos tipos de fornos uti l izados
Como mostrado por Schwob (2007), os fornos mais empregados pelas indústrias do setor de ce-
râmica vermelha no Brasil são os fornos intermitentes, os semicontínuos e os contínuos. Abaixo, 
mostraremos os principais tipos de fornos utilizados no Brasil e algumas de suas características.
FORNOS INTERMITENTES
Os fornos do tipo intermitentes são aqueles em que os blocos a serem aquecidos são colocados 
em uma determinada posição e permanecem estáticos até alcançar determinada temperatura, 
sendo então resfriados até a temperatura ambiente, retirados da maneira como foram coloca-
dos. Nesse tipo de forno, o processo ocorre por batelada. Esses fornos são característicos nas 
firmas pequenas, que produzem de 100 a 500 milheiros/mês ou 200 a 1.00 t/mês. Os principais 
tipos são: abóbada, plataforma, chama reversível, circulares, paulistinha, campanha e caieira.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
FORNOS SEMICONTÍNUOS
Com 28% de participação na indústria de cerâmica vermelha no Brasil, o forno semicontínuo 
apresenta rendimento térmico razoável, sendo bastante econômico, em termos operacionais, 
com boa produtividade e fácil operação, porém com elevado custo de construção. Por causa 
disso, nos últimos vinte anos a indústria brasileira não mais construiu fornos desse tipo. Dife-
rentemente dos fornos contínuos, esse tipo de forno está mais presente em empresas de médio 
e grande porte, com produção entre 500 e 1.500 milheiros/mês ou 1.000 e 3.000 t/mês. Os 
principais tipos são o Hoffman e o Frederico.
FORNOS CONTÍNUOS
Os fornos do tipo contínuo são aqueles em que a queima é realizada sem interrupção para 
carregamento ou descarga dos blocos cerâmicos. Neles, enquanto um lote está saindo, outro 
está entrando. Esses fornos são usados em apenas 2% das empresas de cerâmica vermelha. O 
principal tipo é o túnel.
Os fornos intermitentes e os semicontínuos podem ser agrupados em uma mesma categoria 
devido às suas similaridades. Dessa forma, podemos comparar as vantagens e desvantagens dos 
dois principais grandes grupos de fornos: intermitentes e contínuos.
Tabela 7 – Comparação dos dois principais grupos de forno
Vantagens Desvantagens
Intermitente
- Concepção simples; 
- Rápida e fácil construção; 
- Ciclo de queima rápido; 
- Baixo custo de construção; 
- Baixo nível de qualificação e mão de obra.
- Inexistência de controle de gases; 
- Aquecimento irregular; 
- Difícil reaproveitamento dos gases de exaustão; 
- Grandes perdas de produtos e alto consumo de 
combustível; 
- Baixa produtividade, longo tempo para pré-
aquecimento; 
- Interrupções para carga e descarga dos blocos.
Contínuo
- Controle maior sobre a atmosfera do forno; 
- Aquecimento e queima uniforme; 
- Reaproveitamento dos gases utilizados na 
queima; 
- Menor consumo de combustível; 
- Maior capacidade de produção; 
- Pequena perda de rejeitos; 
- Baixo custo de mão de obra.
- Elevado custo para a sua construção; 
- Eficiência maior com combustíveis mais nobres 
(óleo e gás); 
- Exigência de mão de obra qualificada para 
operação e controle do equipamento.
Fonte: Elaboração Inventta
192 Relatório 4
Quanto à eficiência energética de cada forno, os mais eficientes são os fornos mais modernos. 
Desse modo, os fornos contínuos são os com maior eficiência energética, seguido pelos fornos 
semicontínuos. Os fornos intermitentes são os menos eficientes.
A partir dessa classificação dos fornos e dos dados mostrados no Gráfico 3 sobre cada região 
produtora de cerâmica vermelha, podemos identificar que a região Sudeste tem maior incidên-
cia dos fornos mais modernos. Já as regiões Nordeste e Sul têm uma situação intermediária, 
enquanto as regiões Centro-Oeste e Norte têm uma quantidade muito baixa de fornos mais mo-
dernos e eficientes. Embora haja uma variação regional na incidência de fornos mais modernos e 
eficientes, no cenário brasileiro predominam os fornos de baixa eficiência do tipo intermitente. 
Alguns dados estabelecidos para determinadas regiões do Brasil indicam que a distribuição de 
fornos segue de forma qualitativa o mapa mostrado na figura a seguir.
Gráfico 3 – Perfil dos fornos no Brasil em 2012
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Sudeste: maior incidência de 
fornos e�cientes
Sul e Nordeste: média 
incidência de fornos e�cientes
Centro-Oeste e Norte: menor 
incidência de fornos e�cientes
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Forno de Baixa E�ciência Forno de Média E�ciência Forno de Alta E�ciência
Fonte: INT (2012)
No âmbito da eficiência energética é analisada a conveniência de atrair investimentos com re-
lação à caracterização do tratamento das emissões gasosas, mais especificamente o crédito de 
carbono.
Como a lenha é o principal combustível utilizado no segmento de cerâmica vermelha, o consumo 
de energia no setor tem forte impacto ecológico. A queima desse combustível gera emissões de 
efluentes gasosos (CO2, H2O) e os particulados. Apenas em relação à emissão de CO2, segundo 
o MME (2009a), utilizando uma estimativa do consumo específico de energia de 485 mil kcal/t, 
obtemos o valor de 185 kg CO2/t de peças (370 kg CO2/mil peças). Desse modo, considerando 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
a produção de aproximadamente 85 bilhões de peças produzidas em 2009, as emissões de CO2 
geradas correspondem a 31 milhões de toneladas.
De maneira geral, as olarias não têm dispositivo de controle das emissões atmosféricas. Os gases 
são lançados sem tratamento à atmosfera, onde sofrem dispersão. As chaminés normalmente 
têm altura variando entre 8 e 12 metros e são dimensionadas de modo a controlar o processo de 
queima, dificultando inclusive a ampliação na sua altura. O que ocorre mais frequentemente, porparte dos órgãos fiscalizadores, é a proibição da queima de carvão por essas atividades em áreas 
onde há maior concentração populacional.
Entretanto, embora ainda haja pouca conscientização para que ocorram maiores intervenções 
nas empresas buscando a redução de emissões, as empresas começam a se interessar pelo tema. 
Esse interesse ocorre porque algumas empresas do setor (aproximadamente 50) já estão obten-
do retorno financeiro com a venda de créditos de carbono.
Um exemplo de empresa que já está usufruindo dos créditos de carbono é mostrado pela Agên-
cia Sebrae (2012). Na reportagem, é mostrada uma empresa localizada em Ituiutaba, a 700 km 
de Belo Horizonte. A empresa trocou o uso de lenha nativa sem manejo florestal por biomassas 
de origem renováveis, como serragem, cavaco e resíduos de madeira. Assim, ela consegue, por 
meio de uma empresa terceirizada que atua no mercado de crédito de carbono, a Social Carbon, 
vender créditos de carbono dentro e fora do país.
 
Fonte: Agência Sebrae (2012)
A substituição das fontes energéticas atuais (lenha) por fontes alternativas como a biomassa tem 
contribuído para reduzir as emissões e essa mudança é bastante incentivada pelo mercado de 
crédito de carbono. Algumas empresas estão se tornando modelo para o setor e atraem a aten-
ção de outros empresários para essa iniciativa.
194 Relatório 4
ASPECTOS TRIBUTÁRIOS
Reivindicações sobre aspectos tributários são comuns não só no setor de cerâmica vermelha 
como em todo o empresariado brasileiro. Entretanto, pelo baixo porte da maioria das empresas 
do segmento, a opressão tributária onera em demasia os balanços financeiros. A falta de um sis-
tema sustentável e gradativo se torna uma barreira para essas olarias crescerem e expandirem 
consideravelmente seus negócios, uma vez que a transição do regime de tributação simples/
supersimples para os regimes mais complexos como Lucro Presumido e Real acontece de forma 
brusca, deixando o pequeno empresário receoso de grandes investimentos que aumentem seu 
faturamento.
Com relação à tributação, atualmente há certa diferenciação de alíquotas de estado para estado. 
Empresas do setor e entidades de classe de estados como Minas Gerais e Paraná lutaram pela 
isenção ou redução de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para a indús-
tria de cerâmica vermelha. Essa diferença tributária afeta diretamente o preço final do produto, 
havendo assim uma disparidade de vendas e perda de mercado nos estados em que a isenção de 
ICMS ainda não é uma realidade. Estados como o Rio Grande do Sul sentiram a diminuição de 
vendas e perceberam um fluxo maior de produtos advindos de estados vizinhos, fato este que 
motivou ainda mais a procura pela isenção do ICMS. O governo do estado publicou a lei que 
isenta o ICMS para tijolos, contemplando o setor cerâmico no Rio Grande do Sul. A lei determina 
a isenção de ICMS para tijolos de cerâmica classificados no código 6904.10.00 da NBM/SH-N-
CM. Segundo nota do SINDICER/RS em 2006:
Este benefício foi concedido para conter a entrada de tijolos produzidos em Santa Catari-
na. As olarias gaúchas não recolherão mais este imposto nas operações internas, a partir 
de 01 de janeiro de 2006.
É um grande passo para o desenvolvimento e competitividade do setor cerâmico gaúcho. 
É fruto do trabalho realizado através de meses de negociações entre o governo do Estado, 
através de suas diversas secretarias, e o nosso Sindicato, com o apoio da FIERGS e Anicer 
(Sindicer/RS, 2012).
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Em entrevista, o presidente do Sindicer/MS, Deoclídes Gomes da Silva, afirma que uma das 
reivindicações da entidade é o limite de enquadramento para cobrança do regime de tributação 
Simples. Segundo Deoclídes, “no estado de Mato Grosso do Sul a faixa de enquadramento no 
Simples é reduzida. Por que não poderia ser igual a dos outros estados? Isso implica numa limi-
tação ainda maior de crescimento das empresas do setor aqui na região”. 
Tabela 8 – Caso de comparação de resultados entre diferentes empresas do setor
Cerâmica A – pequeno porte (Simples) Faturamento 
R$ 990 mil
Cerâmica B - médio porte (Presumido) Faturamento 
R$ 6,5 milhões
Mão de obra 13% Mão de obra 32%
Impostos 4% Impostos 20%
Lucro 48% R$ 472,8 mil Lucro* 5% R$ 325 mil
*Lucro da cerâmica B
O caso da Tabela 8 retrata um caso real, e mostra a diferença de encargos e gastos de uma cerâ-
mica optante pelo lucro presumido e outra optante pelo simples. Podemos inferir que a empresa 
B tem mais gastos proporcionais com mão de obra por causa dos muitos encargos trabalhistas, 
tendo em vista o grau de formalidade da empresa. Outro fator que se mostra responsável pelo 
menor lucro da Cerâmica B em relação à Cerâmica A é o alto valor dos tributos, entre eles impos-
tos, contribuições e outros (Araújo e Silva, 2012).
Segundo dados de pesquisa Sebrae-IEL/ES1, realizada em 2009, o valor do ICMS recolhido pelas 
12 empresas informantes foi de R$ 727 mil, em 2007, representando um valor médio por em-
presa de R$ 60,5 mil. Finalmente, a estimativa de ICMS pago pelo setor é de R$ 4,2 milhões, ou 
seja, aproximadamente 5% do faturamento estimado para o setor. Esses impostos pagos pelas 
empresas cresceram 10,22% no período em questão, isto é, uma expansão maior que a verifica-
da para as receitas. Isso representa, de um lado, um comprometimento da estrutura de custo das 
empresas, mas, por outro lado, significa um compromisso crescente do setor com as obrigações 
fiscais e com a formalidade (Sebrae, 2009). 
1  Pesquisa Sebrae/ES e Instituto Euvaldo Lodi/ES -– Relatório Final -– Diagnóstico Setorial da Indústria de 
Cerâmica Vermelha e Olaria do Espírito Santo, 2009. 
196 Relatório 4
Tabela 9 – ICMS recolhido pelas empresas (R$)
Ano Informantes Soma Média por empresa Estimativa para o setor
2005 12 556.362 46.363 3.245.443
2006 12 682.993 56.916 3.984.127
2007 12 26.992 60.583 4.240.789
Fonte: Sebrae (2009) 
Após analisar a indústria de cerâmica vermelha, percebe-se que o perfil da cadeia é formado por 
muitas empresas de pequeno/médio porte e que o caminho para uma horizontalização da cadeia 
de produção de uma forma sustentável é a busca pelo associativismo. 
Para direcionar os negócios de maneira séria e com produtos de qualidade, as empresas do setor 
de cerâmica vermelha cada vez mais investem não só na compra de máquinas e equipamentos, 
mas em testes de matéria-prima, ensaios com produtos, além de toda certificação que regulariza 
o processo produtivo de mais qualidade com o mínimo necessário. Por isso, somente as grandes 
empresas da indústria têm condições de executar esses investimentos e, consequentemente, 
conseguem ainda mais estruturação e crescimento. A busca pelo associativismo, seja em forma 
de APL ou de cooperativas, pode ser a solução para a maior parte do setor: pequenas empresas 
que não possuem recursos para investir sozinhas.
Segundo Leonardo Mol, técnico do Sebrae do APL de Igaratinga, na região houve a iniciativa 
de criar uma cooperativa de extração, na qual as empresas associadas do APL controlavam a 
extração conjuntamente, facilitando a regularização dos empreendimentos, minimizando custos 
de produção, melhorando o padrão de qualidade e a exploração mais racional da matéria-prima, 
além da recuperação ambiental.
O modelo deu certo e, após observar ganho dos concorrentes, outras empresas da região tenta-
ram estabelecer um modelo parecido. 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
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SINDICER/RS – SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE OLARIA E DE CERÂMICA PARA CONSTRU-
ÇÃO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (2006). Isenção de ICMS para tijolos e cerâmica. 
Disponível em: http://www.sindicerrs.org.br/paginas/dtlnot.asp?id=6. Acesso em: 01/02/2013.
MAPEAMENTO, IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS 
AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS DE CERÂMICA VERMELHA NO PAÍS; 
SUBSÍDIOS PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO 
DE RESÍDUOS E DO PLANO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA 
APLS; E DESAFIOS HORIZONTAIS PARA ATUAÇÃO EM ARRANJOS 
PRODUTIVOS LOCAIS DE CERÂMICA VERMELHA
Relatório Técnico 5
LISTA DE FIGURAS
206 Figura 1 – Organização dos agentes envolvidos na formação 
dos APLs
207 Figura 2 – Subgrupo APL de base mineral no GTP APL MEDIC
208 Figura 3 – Instituições do subgrupo APLs de base mineral – 
cerâmica vermelha
209 Figura 4 – Estrutura de organização e gestão do subgrupo APL 
de base mineral
210 Figura 5 – Principais desafios para o desenvolvimento dos APLs
212 Figura 6 – Mapa dos APLs de cerâmica vermelha
213 Figura 7 – Benefícios proporcionados pelos APLs na visão dos 
empresários
214 Figura 8 – Outros polos com potencial para formação de APL
214 Figura 9 – APLs de cerâmica vermelha analisados
215 Figura 10 – Características do APL de Tambaú (SP)
216 Figura 11 – Evolução histórica do APL 
217 Figura 12 – Destaque dos APLs de cerâmica vermelha do estado 
de São Paulo
217 Figura 13 – Características do APL de Campos dos Goytacazes 
(RJ)
218 Figura 14 – Evolução histórica do APL 
219 Figura 15 – Características do APL de Igaratinga (MG)
220 Figura 16 – Características do APL de Russas (CE)
221 Figura 17 – Evolução histórica do APL
222 Figura 18 – Características do APL do Morro da Fumaça (SC)
222 Figura 19 – Evolução histórica do APL
223 Figura 20 – Características do APL Terra Cozida do Pantanal
224 Figura 21 – Evolução histórica do APL
224 Figura 22 – Características do APL de Iranduba (AM)
225 Figura 23 – Evolução histórica do APL
227 Figura 24 – Paredes pré-moldadas de cerâmica e telhas 
fotovoltaicas
230 Figura 25 – Organização das instituições do setor de cerâmica 
vermelha
235 Figura 26 – Projeto de eficiência energética com empresas de 
cerâmica vermelha
235 Figura 27 – Centro de Produção Industrial Sustentável (Cepis)
LISTA DE GRÁFICOS
227 Gráfico 1 – Perfil de vendas do estado do Rio Grande do Norte
228 Gráfico 2 – Perfil dos clientes
233 Gráfico 3 – Empresas qualificadas no PSQ e estimativa até 2022
234 Gráfico 4 – Automação das empresas de cerâmica vermelha
LISTA DE TABELAS
211 Tabela 1 – Projetos do Sebrae relacionados aos APLs de cerâmica 
vermelha231 Tabela 2 – Pretensão de investimento das empresas nos 
próximos dois anos (%)
232 Tabela 3 – Perfil dos investimentos para quem investiu ou 
pretende investir
SUMÁRIO
205 Contextualização e caracterização dos arranjos
205 Camada institucional
210 Adensamento da cadeia produtiva
212 Produção, empreendimentos e empregos; importância em termos de 
empreendimentos e de pessoal ocupado para a economia local/regional
215 Cases regionais
215 Arranjos Produtivos Locais – Sudeste
220 Arranjos Produtivos Locais – Nordeste
221 Arranjos Produtivos Locais – Sul
223 Arranjos Produtivos Locais – Centro-Oeste
224 Arranjos Produtivos Locais – Norte
226 Situação atual dos arranjos
226 Acesso ao mercado interno e externo
228 Formação e capacitação
230 Governança e cooperação
231 Investimento e financiamento
232 Qualidade e produtividade
234 Tecnologia e inovação
236 Desafios e oportunidades de desenvolvimento
236 Pontos positivos
236 Pontos negativos
237 Obstáculos, desafios e oportunidades
239 Proposição de subsídios para elaboração de plano de 
gerenciamento de resíduos e de plano de eficiência energética 
para arranjos produtivos locais
239 Plano de gerenciamento de resíduos
241 Plano de eficiência energética 
para arranjos produtivos locais
244 Identificação dos desafios horizontais dependentes de 
políticas públicas (nacionais e/ou regionais)
244 Políticas públicas nacionais
245 Políticas públicas estaduais
246 Referências 
246 Fontes documentais
248 Entrevistas
248 Eventos
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
CONTEXTUALIZAÇÃO 
E CARACTERIZAÇÃO 
DOS ARRANJOS
Camada institucional
Segundo o glossário disponível no site da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento 
das Empresas Inovadoras (Anpei), o Arranjo Produtivo Local (APL) é definido como: 
Aglomerações de empresas, localizadas em um mesmo território, que apresentam especia-
lização produtiva e mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem 
entre si e com outros atores locais, como governo, associações empresariais, instituições 
de crédito, ensino e pesquisa (...)
Considerando esse conceito de APL, existe o Grupo de Trabalho Permanente (GTP) do Ministério 
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que integra as ações dos demais ministérios 
com as entidades e órgãos apoiadores (Sebrae, BNDES, Caixa, IEL e várias outras instituições). A 
integração desses agentes e as articulações entre eles ocorrem por meio da secretaria técnica do 
GTP/APL e os núcleos estaduais. Veja a representação desses agentes na figura a seguir:
206 Relatório 5
Figura 1 – Organização dos agentes envolvidos na formação dos APLs
Fonte: Elaboração Inventta
Existem arranjos produtivos de diversos setores. Entre eles, os arranjos do setor de base mine-
ral englobam os APLs de cerâmicas vermelhas. Para os APLs de Base Mineral, no GTP há uma 
secretaria do subgrupo de base mineral e também há subnúcleos dos APLs de base mineral nos 
núcleos estaduais. Veja a representação desses agentes na figura a seguir:
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Figura 2 – Subgrupo APL de base mineral no GTP APL MEDIC
Fonte: MME (2011a)
Para os APLs de base mineral, a secretaria do subgrupo de base mineral, junto dos subnúcleos 
APLs de base mineral nos núcleos estaduais são responsáveis por formular e instituir políticas 
públicas que auxiliem o desenvolvimento sustentável desses APLs no país. Os principais aspec-
tos a serem desenvolvidos com os APLs de base mineral são:
SUBGRUPO (SG) APL DE BASE MINERAL
 » Difusão de tecnologia;
 » Normalização e certificação;
 » Recuperação ambiental;
 » Aproveitamento de resíduos sólidos e coprodutos;
 » Capacitação/treinamento;
 » Extensionismo mineral;
208 Relatório 5
 » Segurança e saúde ocupacional;
 » Formalização mineral;
 » Associativismo e cooperativismo;
 » Matriz energética;
 » Núcleos de inclusão digital.
Considerando a estrutura dos APLs de base mineral, temos o subgrupo responsável pelo seg-
mento de cerâmica vermelha, cujas entidades vinculadas estão descritas no esquema abaixo:
Figura 3 – Instituições do subgrupo APLs de base mineral – cerâmica vermelha
Fonte: MME (2011a)
A estrutura de organização e gestão desses subgrupos de APLs é realizada na forma matricial. 
Além de comissões para cada um desses segmentos apresentados, há também comissões temá-
ticas que atuam de forma transversal a essas comissões setoriais. Nesse caso, é possível formar 
diversas iniciativas (projetos, cursos, eventos, entre outros) a partir da junção de uma comissão 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
setorial com uma comissão temática. Veja o diagrama a seguir, que detalha a estrutura de orga-
nização e gestão dos subgrupos de APLs.
Figura 4 – Estrutura de organização e gestão do subgrupo APL de base mineral
Fonte: MME (2011a)
Essa estrutura organizacional tem como objetivo auxiliar as empresas vinculadas aos APLs a 
superar seus principais desafios. Esses principais desafios para o desenvolvimento dos APLs e, 
consequentemente, das empresas envolvidas estão detalhados na figura a seguir:
210 Relatório 5
Figura 5 – Principais desafios para o desenvolvimento dos APLs
Fonte: Elaboração Inventta
Adensamento da cadeia produtiva
Atualmente, percebe-se uma tendência de adensamento da cadeia produtiva de cerâmica ver-
melha devido às alterações no contexto do mercado brasileiro. Com o crescimento do mercado 
de engenharia civil, novos padrões de qualidade, produtividade e agilidade de construção são 
demandados. Assim, os produtos de cerâmica vermelha deverão atender a esses novos requisi-
tos do mercado.
Nesse cenário é esperada a progressiva eliminação, pelo próprio mercado, de empresas que não 
se adaptam aos novos padrões de sustentabilidade exigidos pelas leis nacionais e pactuados 
internacionalmente por convenções e tratados (MME, 2011b). Desse modo, há uma tendência 
de maior concentração do setor, com a “quebra” de empresas de menor porte (Sebrae, 2008).
De acordo com o MME, há uma tendência de aumento da participação dos empreendimentos de 
maior porte na produção mineral nacional. As grandes empresas deverão ser incentivadas a investir 
em PD&I, por conta própria, em consórcio com outras empresas – em projetos pré-competitivos – e 
em articulação com as Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), para os desenvolvimentos que, 
em geral, se caracterizam como inovações tecnológicas mais sofisticadas de processos ou produtos. 
Atualmente o Brasil é conduzido a uma expansão e diversificação da produção mineral, com base na 
agregação de valor (MME, 2011b).
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Por outro lado, é importante fortalecer as micro e pequenas empresas que hoje são maioria no 
setor e responsáveis pela geração de uma grande quantidade de empregos no país.
Dessa forma pode-se evidenciar que há duas fortes tendências:
 » associação das pequenas e microempresas para cooperação (APLs); e
 » surgimento de empreendimentos de grande porte no setor.
A associação das pequenas e microempresas tem sido incentivada, principalmente, pelas ações 
do Sebrae de apoio aos Arranjos Produtivos Locais (APLs). O Sebrae tem atuado no setor oleiro 
cerâmico, visando o fortalecimento da cooperação entre as empresas. Os projetos são gerencia-
dos pelo Sistema de Gestão Orientado para Resultados (Sigeor) e todos os que estão em anda-
mento para esse setor podem ser conhecidos no quadro de gestão a seguir:
Tabela 1 – Projetos do Sebrae relacionados aos APLs de cerâmica vermelha
Nome UF
Fase de 
Desenvolvimento do 
APL
Última 
Atualização 
para a Fase do 
APL
APL Cerâmico Terra Cozida do Pantanal MS Liberação 23/08/2012
APL Oleiro-Cerâmico do Médio SertãoSergipano SE Análise de Consistência 26/07/2012
Atendimento Coletivo – Indústria – Cerâmica Vermelha – ER 
Presidente Prudente SP Em execução 25/06/2012
Cerâmica Vermelha de Ituiutaba e Região MG Liberação 14/08/2012
Cerâmica Vermelha no Seridó Paraibano PB Liberação 20/08/2012
Chamada Pública Finep Sebrae 04/2007 – Inovação 
tecnológica e redução das emissões atmosféricas na 
indústria da cerâmica vermelha
SC Em execução 21/12/2011
Conv. 070/09 – Uacin/Anicer – Conheça o seu Produto pela 
Avaliação da Conformidade MA Em execução 29/06/2012
Indústria Cerâmica no Agreste AL Em execução 24/08/2012
PMC (Plano de Melhoria da Competitividade) – Cadeia da 
Construção Civil em Itu e Região SP Liberação 07/08/2012
PMC (Plano de Melhoria da Competitividade) – Cadeia da 
Construção Civil de Tambaú SP Liberação 28/08/2012
PMC (Plano de Melhoria da Competitividade) – Cadeia da 
Construção Civil de Tatuí e Região SP Liberação 07/08/2012
PMC (Plano de Melhoria da Competitividade) – Cadeia da 
Construção Civil de Vargem Grande do Sul SP Liberação 21/08/2012
Fonte: Sigeor (2012)
Além desses projetos, o Sebrae, em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 
tem participado de outros projetos de apoio à competitividade das micro e pequenas empresas 
através do Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Empresas Industriais 
(Procompi).
212 Relatório 5
O programa está em operação desde 1998. Foi encerrada a 3ª edição em 2009, e iniciou-se em 
2012 uma nova edição, com duração até 2013. O programa objetiva elevar a competitividade das 
empresas industriais de menor porte, estimulando a cooperação entre as empresas, a organização 
do setor e o desenvolvimento empresarial e territorial (CNI, 2012).
O Procompi financia projetos setoriais e em APLs, com público-alvo de, no mínimo, 25 empresas 
industriais de micro e pequenos portes (critérios de faturamento da Lei Geral das MPE).
Os projetos visam formar núcleos setoriais que estimulem a cooperação entre as empresas, para 
discussão e enfrentamento dos problemas comuns, além de atender a ações estruturantes no 
APL e a ações específicas priorizadas pelos empresários.
Produção, empreendimentos e empregos; 
importância em termos de empreendimentos e de 
pessoal ocupado para a economia local/regional
De acordo com a Rede APL Mineral, existem 20 APLs de cerâmica vermelha no Brasil, distribuí-
dos da seguinte forma pelo território nacional:
Figura 6 – Mapa dos APLs de cerâmica vermelha
20 APLs de Cerâmica Vermelha.
Concentrados nas regiões Sudeste e Nordeste
do Brasil.
Importância da iniciativa:
 melhores condições de produção
 melhor qualidade do produto
 maior competitividade de mercado
Fonte: Elaboração Inventta
A formação e desenvolvimento desses APLs contribuem para o desenvolvimento socioeconô-
mico da região, gerando empregos através dos diversos empreendimentos que são fortalecidos 
ou até mesmo criados para adensar a cadeia produtiva da cerâmica vermelha dessas localidades.
Na visão dos empresários, a participação nos APLs contribui em diversos aspectos, trazendo 
benefícios para as empresas envolvidas. Cabe ressaltar que essa pesquisa foi realizada com os 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
empresários dos APLs do estado de São Paulo. Veja a seguir os fatores que são positivos em um 
APL.
Figura 7 – Benefícios proporcionados pelos APLs na visão dos empresários
Fonte: Ferreira (2010)
Além dos 20 APLs já existentes de cerâmica vermelha, ainda existem diversos polos cerâmicos 
no Brasil com potencial para formação e desenvolvimento de novos APLs desse setor.
Na Figura 8 encontram-se as principais regiões e estados nos quais as empresas estão mais con-
centradas em polos cerâmicos.
214 Relatório 5
Figura 8 – Outros polos com potencial para formação de APL
Fonte: Análise Inventta a partir de INT (2012)
Para demonstrar a importância dos APLs em cada região, estruturamos a seguir informações 
sobre sete APLs de cerâmica em regiões extremas do Brasil, com o objetivo de avaliar aspectos 
que são desafios comuns a todos e aspectos peculiares de cada região.
Figura 9 – APLs de cerâmica vermelha analisados
APLs da Rede APL Mineral
APLs analisados como Case
APLs analisados como cases
Sudeste
Nordeste
Sul
Centro-Oeste
Norte
Tambaú - SP
Campos dos Goytacazes - RJ
Igaratinga - MG
Russas - CE
Morro da Fumaça - SC
Terra Cozida do Pantanal - MS
Iranduba - AM
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Arranjos Produtivos Locais – Sudeste
O APL de Tambaú localizado no estado de São Paulo tem expressivo impacto econômico na região 
e se destaca como uma importante fonte de empregos. O setor de cerâmica vermelha é responsá-
vel por quase metade dos empregos na região, aproximadamente 2.500.
Diversas ações governamentais de apoio aos APLs foram realizadas desde 2002 para apoiar o 
desenvolvimento do setor. Como resultado, o diagnóstico realizado pelo Sebrae revelou que, en-
tre 2005 e 2007, as empresas obtiveram, em média, um aumento de faturamento de 17%. Cabe 
também ressaltar alguns pontos que afetam diretamente não só o APL de Tambaú, mas também 
os demais APLs do estado de São Paulo.
Figura 10 – Características do APL de Tambaú (SP)
Fonte: Adaptado de INT (2012) e Sebrae (2008). Elaboração Inventta
CASES REGIONAIS
216 Relatório 5
Conforme mostrado na Tabela 1, estão em andamento, com o apoio do Sebrae, projetos para 
aumentar e aprimorar a competitividade de diversos APLs de cerâmica vermelha da região Su-
deste. Além disso, já foi estruturado um manual de atuação dos APLs que detalha a organiza-
ção e função de cada entidade envolvida. Soma-se a isso instituições de referência nacional no 
estado, tais como a escola do Senai Mario Amato e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), 
que realizam projetos de capacitação e pesquisa respectivamente com as indústrias de cerâmica 
vermelha. Todos esses contribuem para a evolução dos APLs desse estado.
Na Figura 11, temos alguns destaques da evolução histórica desse APL:
Figura 11 – Evolução histórica do APL 
Fonte: Fernandes (2008). Elaboração Inventta
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Figura 12 – Destaque dos APLs de cerâmica vermelha do estado de São Paulo
Fonte: MDIC
Outra região que se destaca na produção de cerâmica vermelha na região Sudeste é Campos 
dos Goytacazes no Rio de Janeiro. Nessa região existe a formação de um APL com as seguintes 
características:
Figura 13 – Características do APL de Campos dos Goytacazes (RJ)
Fonte: INT (2012). Elaboração Inventta
218 Relatório 5
Essa região tem a segunda maior concentração de empresas de cerâmica vermelha do Brasil per-
dendo somente para a região do Morro da Fumaça em Santa Catarina. O impacto socioeconômi-
co na região também é expressivo, uma vez que o setor gera aproximadamente 6.000 empregos 
diretos. Um dos pontos de destaque da região é a modernização das empresas. De acordo com 
os dados, aproximadamente 86% dos fornos instalados e em operação nessa área são do tipo 
Hoffmann, de média eficiência.
Um problema que vem afetando a região é a escassez de mão de obra, já que obras relacionadas 
ao setor de petróleo e gás absorvem cada vez mais parte da mão de obra disponível na região.
Figura 14 – Evolução histórica do APL 
Fonte: BNDES [s.d.].
O APL de Igaratinga, também na região Sudeste, localizado em Minas Gerais a 700 km da capital 
Belo Horizonte, apresenta as seguintes características:
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Figura 15 – Características do APL de Igaratinga (MG)
Fonte: Mól (2012)
Destaca-se nessa região o uso de fontes alternativas de energia. As empresas de cerâmica ver-
melha estão usando alternativas à lenha, como resíduos de madeira de outrasindústrias, e há 
estudos sobre resíduos do agronegócio. Na figura a seguir temos alguns dos destaques da evo-
lução histórica desse APL:
De acordo com dados do Sebrae, um dos principais problemas para as empresas na região é a 
indisponibilidade de matéria-prima. As reservas de argila estão ficando cada vez mais escassas 
e, em médio/longo prazo, isso tende a ser um impeditivo para a sobrevivência dessas empresas.
220 Relatório 5
Arranjos Produtivos Locais – Nordeste
A indústria de cerâmica do Nordeste caracteriza-se como uma indústria “nativa” da região, com 
estrutura de gestão marcadamente familiar e predominância de micro e pequenas olarias.
No estado do Ceará, mais precisamente no município de Russas, há uma alta concentração da 
produção de cerâmica vermelha. De acordo com o IEL-CE, atualmente, existem 101 empresas de 
cerâmica vermelha em Russas, sendo ao todo 412 empresas no Ceará.
Nessa região, a concorrência é predatória, formada tanto por empresas formais quanto por em-
presas informais. No estado, essa concorrência se dá, em grande parte, com empresas que atuam 
informalmente, dificultando sobremaneira a ampliação das vendas. Outro aspecto importante é 
que, como os estados do Nordeste têm menor dimensão territorial, há uma comercialização mais 
intensa para outros estados vizinhos, diferente de outras regiões do Brasil.
Figura 16 – Características do APL de Russas (CE)
Fonte: Macena (2012)
Veja alguns destaques da evolução histórica do APL de Russas.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Figura 17 – Evolução histórica do APL
Fonte: Lins (2008)
A fiscalização ambiental tem se tornado mais rígida e forçado as empresas a se adaptarem às 
novas exigências. Em algumas regiões ocorreu até mesmo o fechamento de algumas empresas 
que não cumpriam a legislação ambiental.
Arranjos Produtivos Locais – Sul
A região do Morro da Fumaça é a maior em quantidade de empresas. Na região há 250 empresas 
do setor, sendo 165 delas vinculadas ao APL. Uma característica que se destaca nessa região é o 
intenso investimento em capacitação através das parcerias com várias instituições.
222 Relatório 5
Figura 18 – Características do APL do Morro da Fumaça (SC)
Fonte: Anicer (2012)
A capacitação das empresas não está restrita somente ao APL do Morro da Fumaça; outras regi-
ões produtoras de cerâmica vermelha participam de programas de qualidade em Santa Catarina. 
Um diagnóstico mostrou baixo índice de empresas desse setor que atendem às normas técnicas 
e ambientais de qualidade do produto, além de alto custo produtivo no setor. Na Figura 19, te-
mos os principais detalhes da evolução do APL do Morro da Fumaça.
Figura 19 – Evolução histórica do APL
Fonte: BNDES [s.d.].
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Arranjos Produtivos Locais – Centro-Oeste
Na região Centro-Oeste um dos principais APLs é o APL Terra Cozida do Pantanal, localizado no 
estado de Mato Grosso do Sul. O APL é menor em relação à quantidade de empresas quando 
comparado com as outras regiões do Brasil. Veja a seguir algumas características desse APL.
Figura 20 – Características do APL Terra Cozida do Pantanal
Fonte: APL Cerâmica (2012)
Como essa região é alvo de diversos programas de proteção ambiental, tornam-se mais intensas 
as questões de desenvolvimento sustentável. Porém, o setor deve crescer sem gerar grandes 
impactos para o meio ambiente. O APL dessa região apresenta um gargalo em termos de fontes 
energéticas. Atualmente, o combustível das empresas é transportado por uma distância de 300 
km, e isso afeta os custos de produção da cerâmica vermelha. Assim, existe um plano do APL de, 
em médio prazo, intensificar o uso de madeira replantada/certificada como combustível e, em 
longo prazo, usar de outras fontes de energia renovável, como o biogás.
224 Relatório 5
Figura 21 – Evolução histórica do APL
 
Fonte: MDIC (2007)
Arranjos Produtivos Locais – Norte
Na região Norte do Brasil há o APL de Iranduba, localizado no Amazonas. A região usufrui dos 
benefícios da zona franca de Manaus e, como o transporte pode ser realizado através de barcos, 
os produtos de cerâmica vermelha podem chegar a regiões distantes (600 km).
Figura 22 – Características do APL de Iranduba (AM)
Fonte: Análise Inventta a partir de INT (2012)
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
O impacto socioeconômico é muito expressivo para a região, gerando aproximadamente 10 mil 
empregos diretos e indiretos. Veja alguns destaques da evolução do APL na Figura 23.
Figura 23 – Evolução histórica do APL
Fonte: Amazonas (2009)
226 Relatório 5
 Acesso ao mercado interno e externo
A comercialização dos produtos cerâmicos tem um forte limitador: os custos logísticos envolvi-
dos no transporte dos produtos finais até as regiões de consumo. Como o valor dos produtos é 
relativamente baixo, os custos de transporte se tornam bastante representativos. 
Os fabricantes de cerâmicas têm capacidade de atuar em uma distância de, no máximo, 700 
km, dependendo do tipo de produto que fornecem. Os produtores de alguns tipos de telhas 
especiais são os que conseguem atingir essa distância; já os produtores de telhas comuns não 
conseguem ter um alcance maior do que 500 km. Os produtores dos outros tipos de produtos 
de cerâmica têm raio de atuação de, no máximo, 250 km. Essa limitação deve-se aos altos custos 
de transporte, que inviabilizam as entregas.
Logo, essa restrição impede que haja exportação dos produtos de cerâmica vermelha, principal-
mente porque os produtos tradicionalmente fabricados no Brasil são de baixo valor agregado. 
Embora a maior parte dos produtos não tenha viabilidade econômica para exportação, algumas 
empresas próximas às fronteiras do Brasil e também empresas que fabricam produtos de maior 
valor agregado, como as telhas esmaltadas, conseguem exportar seus produtos. 
Entretanto, embora atualmente a maioria dos produtos seja inviável para exportação, existe a 
possibilidade do desenvolvimento de novos produtos à base de cerâmica vermelha com elevado 
valor agregado e que poderiam ser exportados. Durante o 42º Encontro Nacional de Cerâmica 
Vermelha foram apresentadas algumas tendências de novos produtos de alto valor agregado que 
poderiam ser desenvolvidos no Brasil para consumo interno e também para exportação, como 
paredes pré-moldadas de cerâmica e telhas fotovoltaicas.
SITUAÇÃO ATUAL 
DOS ARRANJOS
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Figura 24 – Paredes pré-moldadas de cerâmica e telhas fotovoltaicas
Fonte: 41° Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha (2012)
Logo, predomina no setor grande consumo interno do país dos produtos de cerâmica vermelha 
por causa dos planos do governo de incentivar a construção civil. Em relação à exportação, ainda 
devem ser estabelecidas estratégias que agreguem valor aos produtos atuais, porque a maioria 
deles é economicamente inviável para a exportação, exceto alguns casos particulares.
O perfil de distribuição dos produtos varia dependendo de cada estado brasileiro. Em geral, es-
tados com grande dimensão territorial têm consumo mais interno, enquanto estados com menor 
dimensão territorial, principalmente os estados do Nordeste, mantêm intensa comercialização 
com estados vizinhos.
Como exemplo dessa situação, vejamos a distribuição de vendas do Rio Grande do Norte, onde 
45% das vendas são destinadas aos estados vizinhos.
Gráfico 1 – Perfil de vendas do estado do Rio Grande do Norte
Fonte: Sebrae (2012)
Além de uma distribuição de vendas mais dividida para outros estados, em geral, a região do 
Nordeste tem pequena participação das construtoras, apenas 18% do consumo.
228 Relatório 5
Gráfico 2 – Perfil dos clientes
Fonte: Sebrae (2012)
Na região Sudestedo Brasil há diferenças específicas. De acordo com o Sebrae, em São Paulo a 
produção dos APLs em grande parte é destinada às grandes construtoras e, de maneira isolada, 
ocorrem algumas inovações de produto. Já em Minas Gerais (APL de Igaratinga), há consumo 
interno, mas também há o envio dos produtos para outros estados, principalmente São Paulo.
Ao contrário de estados com menor dimensão territorial, estados de grande dimensão têm con-
sumo preferencialmente interno, como é o caso do Amazonas. A produção do APL cerâmico de 
Iranduba concentra-se muito na região metropolitana de Manaus. Isso está relacionado às limi-
tações econômicas de transporte, uma vez que os estados vizinhos estão a uma distância que 
encarece demasiadamente o produto.
 Formação e capacitação
No Sergipe, conforme dados de Nascimento (s.d.), identifica-se a existência de 92 micro e pe-
quenas fábricas de cerâmica – sendo que aproximadamente 40% são informais. Com relação à 
distinção entre as micro e pequenas fábricas, 21,40% correspondem a micro e 78,6% a peque-
nas unidades produtivas.
Quanto à situação dos trabalhadores, constata-se que aproximadamente 70% não possuem nem 
o primeiro grau completo – 36,11% são analfabetos e 33,33% apresentam apenas o primeiro 
grau incompleto. Além disso, correspondem a aproximadamente 85% da mão de obra emprega-
da (Nascimento, s.d.).
Essa situação não é muito diferente das demais regiões do Brasil. Em geral, como a maioria das 
empresas é micro ou pequena e estão instaladas em regiões do interior dos estados, a mão de 
obra é pouco qualificada. Mesmo em regiões mais desenvolvidas, como os estados do Sudeste, 
a qualificação é baixa, apesar de existirem opções de capacitação mais acessíveis.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Algumas questões de logística também dificultam as possibilidades de capacitação dos trabalha-
dores. Como exemplo, a região do APL de Russas no Ceará. Em Fortaleza, capital mais próxima 
do APL, existem cursos de capacitação; entretanto, de acordo com a coordenadora do IEL-CE, 
não há como os trabalhadores se deslocarem das fábricas para fazer cursos em Fortaleza por 
questões de tempo e financeiras.
No Brasil algumas instituições dão capacitação para o setor de cerâmica vermelha. Conheça as 
principais:
A Associação Nacional da Indústria de Cerâmica (Anicer), por meio do Programa Setorial da Qua-
lidade (PSQ), tem como objetivo capacitar o pessoal envolvido em todas as etapas do processo 
de fabricação, oferecendo treinamentos de acordo com a necessidade de cada empresa. Isso 
envolve tanto treinamentos para especialização dos empresários quanto capacitação dos cola-
boradores para o aprimoramento da qualidade dos processos e produtos.
Criada em 12 de julho de 2011, com o objetivo de promover o produto cerâmico e desenvolver 
o setor por meio de pesquisas e serviços nas áreas ambientais, tecnológicas e técnicas, a Funda-
ção Nacional da Cerâmica (Fundacer) nasceu como um órgão vinculado à Anicer para dar apoio 
aos seus atos. A associação pode firmar convênios, contratos e outras espécies de parcerias com 
pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, nacionais ou internacionais. A Funda-
cer, apesar de se concentrar em projetos de consultoria, também atua de forma indireta na ca-
pacitação dos colaboradores das empresas, uma vez que os resultados das consultorias podem 
envolver novos procedimentos do processo produtivo.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em especial a Escola Mario Amato de 
São Paulo, é uma grande referência na capacitação técnica de profissionais para o mercado de 
cerâmica e de cerâmica vermelha. O Curso Técnico de Cerâmica tem por objetivo habilitar pro-
fissionais para atuar em plantas industriais, laboratórios de análises químicas, de testes físicos e 
de pesquisa, planejando, coordenando, orientando, supervisionando e controlando a qualidade 
de produtos e processos, realizando estudos para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de pro-
dutos cerâmicos, em conjunto com profissionais de formação científica e/ou tecnológica sempre 
que necessário, fundamentando suas ações em requisitos de sistemas da qualidade e de preser-
vação ambiental. Segundo a Anicer (2011), no primeiro semestre de 2008, a Escola Senai Mario 
Amato (SP) formou cinco turmas de Técnicos em Cerâmica, com um total de 150 alunos. Além de 
grupos em São Bernardo do Campo, onde está localizada a unidade, há turmas em Cordeirópolis 
e Pedreira, que compõem o projeto de capacitação descentralizada.
Desse modo, por meio dos cursos ministrados em unidades localizadas em São Bernardo do 
Campo (SP), Tijucas (SC), Mato Grosso do Sul (MS) e Criciúma (SC), o segmento conta com pro-
fissionais altamente especializados, elementos-chave para efetivação da qualidade nas fábricas 
nos diversos estados.
230 Relatório 5
Para as empresas em que a mobilidade é uma adversidade, estão disponíveis cursos a distância 
voltados ao uso correto das matérias-primas e às operações básicas para fabricação de produtos 
cerâmicos. Nos dois casos, o estudo é individualizado, em horário e local escolhido pela empresa 
ou participante, com o apoio de um tutor. 
Além da capacitação através dos cursos, o Senai também realiza capacitação por meio de sua 
rede de laboratórios de ensaios de cerâmica vermelha. Hoje, a rede é composta por dezoito es-
paços para ensaios localizados no Rio de Janeiro, Pernambuco, Mato Grosso, Santa Catarina, São 
Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Tocantins, Rio Grande do Norte, Rio Grande do 
Sul, Ceará, Sergipe, Bahia e Distrito Federal.
O Centro Universitário Barriga Verde (Unibave) oferece o curso de Engenharia Cerâmica, o pri-
meiro da América Latina. Tem como objetivo geral formar profissionais qualificados para o setor 
cerâmico, capazes de desenvolver e introduzir novas tecnologias, novas estratégias de gestão, 
novos materiais e novos negócios, agregando valor e acessibilidade total ao mercado consumi-
dor global. O curso dá bastante ênfase à pesquisa, ao empreendedorismo e à atuação nas indús-
trias cerâmicas de todos os segmentos.
Governança e cooperação
Considerando o contexto do setor de cerâmica vermelha no Brasil, percebe-se uma interação 
entre seus agentes econômicos como mostrado na figura a seguir. Nela é apresentada uma re-
presentação simplificada, ressaltando que existem diversas outras instituições que participam 
das articulações envolvidas nesse setor e não estão evidenciadas no diagrama.
Figura 25 – Organização das instituições do setor de cerâmica vermelha
Fonte: Elaboração Inventta
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Nesse cenário, a formação dos APLs, a partir das empresas do setor, necessita que seja desenvol-
vida uma estrutura de governança específica, que envolva diversos agentes regionais (prefeitu-
ras, secretarias, instituições de pesquisas locais, federação das indústrias, entre outros agentes).
Assim, é fundamental a contribuição do Sebrae com as empresas para a formação e desenvol-
vimento da rede de APLs em todo o Brasil. O Senai, a Fundacer e algumas universidades, como 
a Unibave, têm oferecido programas e cursos de capacitação. Entretanto, percebe-se que ainda 
é baixa a percepção dos empresários quanto à importância de participar dessas atividades, por 
causa da visão tradicional familiar dos negócios nesse setor.
Investimento e financiamento
A Exposição de Máquinas, Equipamentos Automotivos, Serviços e Insumos para a Indústria Ce-
râmica (Expoanicer), maior evento voltado para o setor cerâmico em toda a América Latina, con-
grega expositores de várias nacionalidades que apresentam as últimas novidades em tecnologia 
e serviços do mercado. Em sua edição de 2011, o evento contou com mais de três mil visitas e 
um volume de negócios de aproximadamente R$ 38 milhões.
Os negócios proporcionados pela feira correspondema 0,21% do faturamento anual do setor: 
R$ 18 bilhões (portal.anicer.com.br/setor/). Dessa forma, estimando que além da feira há, no 
mínimo, um volume de investimentos 10 vezes maior sendo movimentado anualmente, teríamos 
aproximadamente R$ 380 milhões como estimativa de investimento anual do setor.
Tomando como parâmetro as estimativas de investimento do relatório do Sebrae para o Espírito 
Santo, estima-se que 30% das empresas estão dispostas a realizar novos investimentos. 
O volume de investimento, basicamente, está concentrado na aquisição de novas máquinas e 
ampliação da área produtiva, que correspondem a aproximadamente R$ 100 mil. O volume final 
de recursos seria por volta de R$ 170 milhões.
Tabela 2 – Pretensão de investimento das empresas nos próximos dois anos (%)
INVESTIMENTOS JÁ INVESTIU PRETENDE INVESTIR
NÃO PRETENDE 
INVESTIR NS/NR* TOTAL
Máquinas e equipamentos 37,5 20,8 8,3 33,4 100
Desenvolvimento de novos 
processos produtivos 8,3 8,3 4,2 79,2 100
Desenvolvimento de novos produtos 4,4 13,0 4,4 78,2 100
Nova unidade de produção 4,2 8,3 8,3 79,2 100
Ampliação da unidade de produção 28,0 12,0 12,0 48,0 100
Capacitação em gestão da qualidade 28,0 8,0 0,0 64,0 100
Design de produtos 4,4 4,4 0,0 91,2 100
*Não sabe/não respondeu.
Fonte: Sebrae-ES (2009)
232 Relatório 5
O alto índice de não resposta (coluna NS/NR da tabela acima) reflete em parte a falta de planeja-
mento do setor. Como uma das principais ferramentas de gestão (planejamento estratégico) não 
é aplicada, as empresas ficam sem perspectiva de investimento.
A tabela a seguir apresenta as empresas que já investiram ou pretendem investir, distribuindo o 
volume total de recursos em duas categorias: próprias e terceiros. Pelos resultados, conclui-se 
que o principal capital utilizado é sempre próprio, o que sugere a dificuldade na obtenção de 
crédito e a necessidade de uma política de investimento para o setor liderada por instituições 
financeiras. 
Tabela 3 – Perfil dos investimentos para quem investiu ou pretende investir
ÁREAS DE INVESTIMENTOS
RECURSOS
PRÓPRIOS TERCEIROS
Máquinas e equipamentos R$ 422.000,00 R$ 164.000,00
Empresas respondentes 6 7
Desenvolvimento de novos processos produtivos R$ 10.000,00 - 
Empresas respondentes 1 -
Desenvolvimento de novos produtos R$ 15.000,00 - 
Empresas respondentes 1 -
Novas unidades de produção R$ 23.000,00 R$ 12.600,00
Empresas respondentes 5 2
Ampliação da unidade R$ 23.000,00 R$ 12.600,00
Empresas respondentes 5 2
Capacitação em gestão da qualidade R$ 9.900,00 -
Empresas respondentes 5 -
Design de produtos R$ 9.900,00 -
Empresas respondentes 5 -
Fonte: Sebrae (2009)
Qualidade e produtividade
Dado o aumento da concorrência no mercado de cerâmica, tornou-se cada vez mais necessário 
que as empresas do setor obtenham certificações e se adequem a normas de qualidade para que 
possam ter uma melhor posição no mercado. 
Atualmente, o principal programa de certificação para empresas cerâmicas é o Programa Setorial 
de Qualidade (PSQ), do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H).
O PSQ, realizado pela Anicer, tem auxiliado muito as empresas a adquirirem essa certificação. 
Segundo o programa, um produto com a qualidade certificada permite:
 » modulação na construção;
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
 » redução de perdas no processo produtivo; 
 » maior eficiência energética; 
 » maior durabilidade do produto e das construções; 
 » melhor aproveitamento da mão de obra; 
 » redução do volume de transporte para redistribuição de material.
De acordo com o MME (2011a), em 2010 o segmento de cerâmica teve um aumento de 70% de 
empresas qualificadas no PSQ de blocos cerâmicos e de 57% de empresas qualificadas no pro-
grama de telhas cerâmicas – hoje existem 55 empresas certificadas pelo Organismo de Certifica-
ção do Produto (OCP) do Centro Cerâmico do Brasil. No entanto, é um número baixo comparado 
ao cenário de 6.900 empresas existentes no Brasil. Segundo Luis Lima, presidente da Anicer, 
entre 2009 e 2011 houve um aumento de 107% nas qualificações, totalizando 106 cerâmicas 
no Programa Setorial de Qualidade.
Segundo Luis Lima, em palestra no 41º Encontro Nacional de Cerâmica Vermelha, com esse rit-
mo de crescimento, espera-se que o setor estará totalmente qualificado em aproximadamente 
11 anos. Para o fim de 2013, estima-se que 220 empresas estarão certificadas, o que significaria 
um crescimento de mais de três vezes desde 2009. Contudo, é importante ressaltar que esse 
ritmo é lento por causa da força da concorrência interna e dos produtos substitutos.
Gráfico 3 – Empresas qualificadas no PSQ e estimativa até 2022
Fonte: Lima (2012). Elaboração própria
234 Relatório 5
Outro importante programa de qualidade que afeta a cadeia de produtos de cerâmica vermelha 
é o PBQP-H – instrumento do governo federal para que sejam cumpridos os compromissos fir-
mados pelo Brasil após a assinatura da Carta de Istambul (Conferência do Habitat II/1996). Sua 
meta é organizar o setor da construção civil em torno de duas questões principais: melhoria da 
qualidade do habitat e modernização produtiva. Entretanto, como é um programa voltado para 
o habitat, afeta diretamente as construtoras e indiretamente a indústria de cerâmica vermelha.
Tecnologia e inovação
De forma geral, no Brasil há o predomínio de uma infraestrutura bastante atrasada nas empresas 
do setor de cerâmica vermelha. O diagnóstico realizado com as empresas do Rio Grande do Norte 
mostra que uma parte do processo produtivo já está sendo automatizado; no entanto, ainda há 
muitos elos do processo que podem ser mais automatizados.
Gráfico 4 – Automação das empresas de cerâmica vermelha
Cortador Caixão Alimentador
Misturadores / Laminadores Grande Natal Região Seridó Baixo Assu Região Oeste
Com misturador 30 82 28 15
Sem misturador 8 17 5 1
Com laminador 36 99 28 16
Sem laminador 2 0 5 1
Fonte: Galdino (2012)
As inovações do processo para as empresas do setor são constituídas de ações muito simples, 
que geralmente visam diminuir o desperdício de matéria-prima e combustível e, assim, melhorar 
a eficiência do processo produtivo. Alguns programas de destaque para apoio das inovações nas 
empresas de cerâmica vermelha são mostrados a seguir.
O Instituto Nacional de Tecnologia (INT) desenvolve um projeto na região do Seridó no Nordeste 
brasileiro, onde há grande concentração de empresas de cerâmica vermelha. O projeto é apoia-
do por instituições europeias e visa a introduzir inovações no processo para melhorar a eficiência 
energética das empresas. 
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Figura 26 – Projeto de eficiência energética com empresas de cerâmica vermelha
Fonte: INT (2012)
Outra instituição de destaque no setor é o Centro de Produção Industrial Sustentável (Cepis). 
Foi criada pelo Sebrae da Paraíba para dar suporte às empresas da região e tem trabalhado com 
empresas do setor de cerâmica vermelha para tornar os processos produtivos mais sustentáveis.
Figura 27 – Centro de Produção Industrial Sustentável (Cepis)
Fonte: Cepis (2012)
236 Relatório 5
Após estudar as fontes de pesquisa sobre o tema e analisar entrevistas com especialistas do 
setor de cerâmica, podemos detectar alguns pontos positivos e negativos existentes na atual 
estrutura do setor e seus desafios e oportunidades.
Pontos positivos
 » Os APLs têm articulado importantes ações de diagnóstico e plano de ação para resolver 
alguns pontos críticos comuns às empresas dos APLs.
 » A formação dos APLs cria força política para que os empresários consigam alguns be-
nefícios de mercado (padronização de insumos, cooperação com concorrentes, redução de 
impostos em algumas regiões e acesso a fontes de investimentos).
 » Planejamento integrado e compartilhamento de custos para programas de capacitação, 
modernização, criaçãode laboratórios de testes em suas regiões, além da execução de proje-
tos de pesquisa mais sofisticados relacionados à eficiência energética e controle da poluição 
gerada pelos fornos.
 » Ampliação geográfica dos programas de formação e desenvolvimento dos APLs.
Pontos negativos
 » Dificuldades de atrair os empresários para participação efetiva na formação dos APLs.
DESAFIOS E 
OPORTUNIDADES DE 
DESENVOLVIMENTO
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
 » Assim como nos sindicatos, em algumas regiões há pouca participação das empresas nos 
APLs.
 » Existem diversas questões que poderiam ser trabalhadas pelas empresas que participam 
dos APLs (questões energéticas, eficiência de processo, desenvolvimento de novos produtos, 
entre outras). Entretanto, na prática, como o mercado consome produtos mesmo fora dos 
padrões de qualidade, os empresários não dão muita atenção a essas questões.
Obstáculos, desafios e oportunidades
Um dos grandes obstáculos é o envolvimento dos empresários com a formação dos APLs, que 
exige cooperação com seus concorrentes. Como se trata de empresas de origem familiar, o ad-
ministrador se concentra no dia a dia da empresa e muito pouco no planejamento de médio e 
longo prazo das suas operações e da sua relação com o setor de cerâmica vermelha.
Esse ponto foi bastante discutido durante o 41º Encontro Nacional de Cerâmica Vermelha. Che-
gou-se à conclusão de que é preciso uma mudança cultural dos empresários para que se possa 
ter como resultado o investimento em modernização e o consequente fortalecimento desse 
setor econômico.
Incertezas quanto ao contínuo crescimento da construção civil no Brasil para absorver todo o 
material cerâmico produzido têm sido obstáculos para investimentos maiores dos empresários.
Pelo que foi analisado, percebe-se que há preocupações mais transversais às empresas do setor 
que afetam diretamente os interesses dos APLs de cerâmica vermelha. As questões referentes 
ao atendimento da legislação ambiental foram ressaltadas. Atualmente, a fiscalização é bastante 
rígida, e os empresários estão atentos às ações que podem auxiliá-los com a regularização das 
empresas. Porém, mesmo essas ações sendo executadas, a legislação é bastante complicada, e 
falta coesão entre as exigências municipais, estaduais e federais.
Questões relacionadas à obtenção de matéria-prima também foram apresentadas como um de-
safio para as empresas do setor. Em algumas regiões com grande concentração da produção de 
cerâmica vermelha, a argila está se tornando mais escassa e estima-se que poderá atender à 
demanda somente por um curto período de tempo (10 a 15 anos, conforme mencionado pelo 
Sebrae de Igaratinga).
Como oportunidade, os APLs devem aproveitar o momento de crescimento do mercado para 
tomar ações que possam tornar o negócio sustentável em médio e longo prazo. Já que a dispo-
nibilidade de crédito para investimentos não foi apontada como gargalo, os empresários devem 
ser incentivados a modernizar suas fábricas e a elaborar o planejamento de mercado de forma 
mais estruturada.
238 Relatório 5
O surgimento de grandes indústrias cerâmicas pode afetar a competitividade das micro e pe-
quenas empresas. Dessa forma, os APLs são um meio de sobrevivência e garantia de maior 
perenidade para MPEs, além de uma forma de articular ações em conjunto para intensificar as 
melhorias do processo e do produto.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Sugerimos a seguir pontos que devem nortear a elaboração de um plano de gerenciamento de 
resíduos e de eficiência energética. Um plano de gerenciamento energético deve contemplar 
regras de destinação de rejeitos, incentivos para o desenvolvimento de competências nesses 
assuntos e uma reflexão sobre as perdas que ocorrem durante o transporte do produto. Quanto 
à eficiência energética, os principais pontos são a substituição de equipamentos e o aumento 
dos esforços do governo nesse assunto. 
Plano de gerenciamento de resíduos
Um dos pontos mais críticos encontrados na cadeia da cerâmica vermelha foi o gerenciamento e 
a destinação dos resíduos. Além de serem poucas as informações disponíveis, o que observamos 
é que pouca atenção é dada ao tema, sendo necessária a estruturação de um plano de gerencia-
mento com a proposição de medidas para controlar a destinação dos resíduos e incentivar sua 
reutilização de formas inovadoras.
Acreditamos que o governo deve estabelecer claramente como deve ser feita a destinação dos 
resíduos, quais as regras que serão adotadas e punições para quem não as cumprir, além de 
desenvolver uma estrutura eficiente de fiscalização. Em parceria com as empresas do setor e a 
Anicer, o governo deve discutir qual será a política de destinação e aproveitamento dos resíduos 
que será estabelecida no país.
Outra medida que deve ser adotada é a criação de linhas de fomento, financiamento e a promo-
ção de subsídios pelo governo para incentivar a criação de empresas que desenvolvam produtos 
a partir dos resíduos. Essas linhas podem ser criadas em nível federal, através do BNDES e Finep, 
ou até mesmo em níveis mais regionais por meio de Fundações de Amparo à Pesquisa e demais 
agências de promoção à inovação. Além disso, como medida complementar, o governo deve 
incentivar e subsidiar consultorias tecnológicas, que podem ser prestadas por universidades e 
PROPOSIÇÃO DE SUBSÍDIOS PARA 
ELABORAÇÃO DE PLANO DE 
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS 
E DE PLANO DE EFICIÊNCIA 
ENERGÉTICA PARA ARRANJOS 
PRODUTIVOS LOCAIS
240 Relatório 5
centros de pesquisa públicos ou privados, para que auxiliem essas empresas a encontrarem no-
vas formas de utilizar seus resíduos.
É possível também criar programas de qualidade e eficiência para medir e atestar empresas em 
relação às suas práticas de gestão de resíduos e eficiência energética. Sendo assim, as empresas 
serão estimuladas a mapear como ocorrem as perdas durante o transporte das cargas e determi-
nar quem deve ser responsável por essas perdas e quais ações devem ser tomadas para evitá-las. 
As empresas devem auxiliar a elaboração de ações para diminuir essas perdas, mapeando os 
pontos mais críticos do transporte da carga.
Por fim, o governo deveria auxiliar as pequenas empresas a se organizarem e montarem coo-
perativas para triturar os resíduos, gerar o “chamote” e usá-lo como matéria-prima, oferecendo 
subsídios e redução de carga tributária, além de linhas de crédito específicas para a aquisição de 
máquinas e equipamentos para essas cooperativas.
O governo pode estruturar programas para coordenar e organizar os agentes e cooperativas de 
coprocessamento que seriam capazes de processar os resíduos visando ganhos financeiros. A 
Anicer e o governo ainda poderiam auxiliar essas empresas a se organizarem para comercializar 
o “chamote” para as cimenteiras.
MEDIDAS
 » Estabelecimento de uma política com normas e regras para destinação dos resíduos e in-
tensificação da fiscalização.
 » Criação de mecanismos de estímulo à adoção das melhores práticas da gestão de resíduos 
e eficiência energética na cadeia, como a criação de um selo de eficiência para o setor.
 » Fomento de atividades de pesquisa colaborativa e consultoria tecnológica com institui-
ções de ciência e tecnologia públicas e privadas.
 » Criação de linhas de fomento, financiamento e subsídios pelo governo, visando incentivar 
as empresas a criarem soluções para utilização dos resíduos.
 » Fomento e incentivo para que a Anicer e as empresas façam um mapeamento mais deta-
lhado de como ocorrem as perdas no processo de transporte e um levantamento de soluções 
técnicas para o problema.
 » Fomento e subsídios para que as empresas se organizem e transformem resíduos em cha-
mote comercializável.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Plano de eficiência energéticapara arranjos produtivos locais
Atualmente no Brasil predominam unidades produtoras de cerâmica vermelha com baixa efi-
ciência energética e com pouco controle de emissão de poluentes. A tecnologia usada nessas 
empresas é antiga, prevalecendo os fornos que utilizam o carvão como combustível e chaminés 
sem filtros. Desse modo, foi possível concluir que a substituição desse tipo de forno pouco efi-
ciente não só melhoraria a produtividade energética das empresas, como também reduziria seu 
impacto ambiental.
Após a análise das fontes de pesquisas consultadas e por meio da realização de pesquisas de 
campo, foi possível identificar algumas ações para minimizar problemas de eficiência energética. 
Primeiramente, concluímos que a substituição dos fornos pouco eficientes das pequenas empre-
sas ocorrerá com mais velocidade caso existam incentivos do governo, como linhas de crédito 
especiais para os ceramistas que queiram substituir seus fornos. Devem ser definidos prazos e 
taxas de juros condizentes com a realidade e capacidade de pagamento desses produtores, de 
modo a estimulá-los a adquirir equipamentos mais eficientes e menos poluentes.
Além de incentivar a troca dos fornos, podem ser criados programas de venda de crédito de 
carbono por essas empresas ou cooperativas. Como serão menos poluentes, podem vender os 
créditos para empresas de outros setores econômicos que são poluentes. 
Além disso, entidades nacionais como o Sebrae e o Senai podem criar programas de diagnóstico 
de eficiência energética para auxiliar a introdução de ações de atualização tecnológica e, inclusi-
ve, a preparação para a obtenção de créditos de carbono decorrentes da diminuição da liberação 
do gás emitido pela queima da lenha nos fornos.
MEDIDAS
 » Criação de linhas de financiamento que estimulem os ceramistas a substituir seus fornos 
por modelos energeticamente mais eficientes.
 » Criação de mecanismos e incentivos para que a substituição de fornos e a melhoria da efi-
ciência energética possam também incentivar o mercado de créditos de carbono.
 » Criação de programas nacionais, conduzidos por entidades como o Sebrae e o Senai, para 
o diagnóstico de eficiência energética e criação de planos de ação para a atualização tecno-
lógica do setor na busca da utilização de créditos de carbono.
242 Relatório 5
As parcerias entre o setor público e o privado são extremamente importantes para que se encon-
trem alternativas inovadoras para os problemas enfrentados pelo setor de cerâmica vermelha. 
Entre esses problemas, a eficiência energética é um dos mais importantes, uma vez que não 
afeta somente esse setor, mas praticamente todos os setores produtores brasileiros.
Uma das ações que poderiam ser realizadas é a criação, dentro da Anicer, de um fórum técnico 
para discussões sobre o tema, englobando as empresas filiadas e colaboradores de instituições 
de ciência e tecnologia e do governo. O diálogo envolvendo o setor produtivo e essas institui-
ções permitiria aproximar a pesquisa aos problemas de eficiência energética existentes nas em-
presas, o que contribuiria para o desenvolvimento de soluções mais eficientes.
Um dos temas de pesquisa que deveria ser incentivado é a busca por fontes alternativas de 
energia para os fornos das cerâmicas. A Anicer deveria dialogar com as instituições de ensino e 
incentivá-las a desenvolver atividades de P&D no assunto. Não só as ICTs, mas também as em-
presas do setor devem ser incentivadas a desenvolver atividades de pesquisa.
Com mais eficiência energética, as empresas passariam a emitir menos gases poluentes no am-
biente e poderiam negociar créditos de carbono, como já mencionado. Assim, outra medida de 
extrema importância seria a parceria entre governo e empresas para estruturar esse mercado de 
carbono, orientando as empresas sobre seu funcionamento, como podem participar e quais os 
benefícios que podem obter.
Por fim, o governo deve criar incentivos para que as empresas se tornem energeticamente mais 
eficientes. De modo geral, as empresas poderiam obter benefícios devido ao fato de possuírem 
certificações de eficiência energética. Poderiam ser bonificadas com melhores condições em 
financiamentos, obtenção de subsídios ou serem tributadas com taxas de imposto mais baixas, 
por exemplo.
MEDIDAS
 » Criação na Anicer de um fórum técnico de discussão envolvendo empresas, ICTs e gover-
no.
 » Incentivo à pesquisa de novas fontes energéticas para utilização nos fornos das empresas 
cerâmicas.
 » Divulgação das normas de funcionamento do mercado de carbono para as empresas de 
cerâmica vermelha, incentivando a venda de créditos de carbono.
 » Criação de benefícios para as empresas que tenham aderido aos programas de qualidade 
e que sejam energeticamente eficientes.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
 » Criação de programas de estímulo à pesquisa colaborativa entre ICTs públicas e privadas e 
a Anicer, empresas e cooperativas do setor.
O aumento uso de fornos mais modernos e menos poluentes deveria ser entendido como uma 
medida que traz benefícios a toda sociedade: aos produtores, que usam equipamentos com 
maior eficiência energética e com maior produtividade, e à população, pois a emissão de poluen-
tes na atmosfera seria diminuída.
Como já citado anteriormente, o governo deveria incentivar, por meio de condições especiais de 
crédito, a substituição dos fornos hoje utilizados. Assim, o custo pela troca dos equipamentos 
das cerâmicas acabaria sendo amortizado pelo governo.
Os padrões de qualidade dos produtos de cerâmica vermelha devem ser determinados pelos 
comitês do Inmetro e da ABNT que tratam do tema, e também pelas consultas com instituições 
de pesquisa que estudam normas e padrões de qualidade para a construção civil. Os comitês da 
ABNT, quando formulam proposições de normas técnicas, envolvem atores da produção, consu-
mo e independentes, para a validação dos termos técnicos das normas. Em geral, os sindicatos e 
associações ajudam a realizar denúncias e a apontar aos órgãos competentes as irregularidades 
em relação às normas.
244 Relatório 5
A elaboração de políticas públicas, estabelecidas tanto no nível nacional como no estadual, pode 
também auxiliar no desenvolvimento do setor. Essas mudanças nas políticas públicas tratariam 
de questões como o controle de qualidade, incentivo à pesquisa, estrutura tributária, eficiência 
energética e planejamento estratégico do setor. A seguir podemos conferir esses desafios.
Polít icas públicas nacionais
 » Definição de parâmetros de qualidade específicos para construção civil (especificamente 
novas moradias para atender aos planos habitacionais do governo), com foco mais na quali-
dade para as famílias que irão habitar as moradias do que na agilidade do processo produtivo.
 » Exigências do cumprimento de políticas de qualidade para as construtoras, fortalecendo, 
assim, a adequação de todos os elos anteriores da cadeia produtiva. Em especial, as indústrias 
cerâmicas que passariam a focar no desenvolvimento de produtos com mais qualidade.
 » Incentivos para o desenvolvimento de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação 
relacionados às indústrias cerâmicas. Atualmente existem alguns projetos nessa área, mas, 
tendo em vista a dimensão do setor, há poucos projetos identificados.
 » Políticas de capacitação através de ações do Senai e Sebrae são bastante intensas. Entre-
tanto, em regiões remotas ainda há dificuldades para que os trabalhadores tenham acesso 
a essas oportunidades. Embora isso já venha ocorrendo, fortalecer os incentivos para mais 
acessibilidade à educação técnica e gerencial será fundamental para superar essa dificuldade. 
IDENTIFICAÇÃO DOS DESAFIOS 
HORIZONTAIS DEPENDENTES 
DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
(NACIONAIS E/OU REGIONAIS)
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
 Polít icas públicas estaduais
 » Diagnóstico eavaliação das reduções tributárias para as empresas de cerâmica vermelha. 
Alguns estados já conseguiram essa redução e isso prejudica as vendas dos estados vizinhos.
 » Fomento local ao estudo de combustíveis alternativos. Já há diversas iniciativas com esse 
propósito, mas como as fontes energéticas são um aspecto crítico para o setor, é importante 
a intensificação de alternativas para o uso da lenha.
 » Para os estados em que o desenvolvimento das políticas de apoio aos APLs está em está-
gio inicial, seria preciso intensificar a atuação do poder público, principalmente nas regiões de 
menor concentração de APLs: Sul, Norte, Nordeste e Centro-Oeste
246 Relatório 5
Fontes documentais
AMAZONAS (2009). Plano de desenvolvimento preliminar – APL de base mineral cerâmico-
-oleiro. Cidade polo: Iranduba. Disponível em: http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivos/
dwnl_1248265306.pdf. Acesso em: 01/02/2013.
ANICER – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA CERÂMICA (2011). Parcerias que engran-
decem o setor. Disponível em: http://www.anicer.com.br/index.asp?pg=institucional_direita.as-
p&secao=10&id=10&revista=2WA004509087EWRTXLZ873BDG28. Acesso em: 01/02/2013.
ANICER – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA CERÂMICA (2012). Inovação marca ações 
do SINDICER Morro da Fumaça/SC. Disponível em: http://www.anicer.com.br/index.asp?p-
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248 Relatório 5
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Entrevistas
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trevista concedida à equipe Inventta Consultoria.
MÓL, L. (2012). Panorama do APL de Cerâmica Vermelha de Igaratinga-MG. Campo Grande, MS. 
Entrevista concedida à equipe Inventta Consultoria.
Eventos
 41º Encontro Nacional da Indústria de Cerâmica Vermelha, 2012, Campo Grande-MS.
ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE DA CADEIA 
PRODUTIVA DA CERÂMICA VERMELHA 
NACIONAL E AGENDAS ESTRATÉGICAS PARA 
INCREMENTO DE SUA COMPETITIVIDADE
Relatório Técnico 6
250 Relatório 6
LISTA DE FIGURAS
264 Figura 1 – Dinâmica dos workshops
265 Figura 2 – Distribuição geográfica e público-alvo
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha251
SUMÁRIO
252 Análise da competitividade da cadeia produtiva
254 Agendas estratégicas para o desenvolvimento da cadeia 
produtiva de cerâmica vermelha 
254 Articulação
255 Investimentos
255 Capacitação
256 Aspectos legais 
256 Produtos
257 Energia
257 Resíduos
259 Agenda de projetos de pesquisa & desenvolvimento e de 
transferência de tecnologias
262 Agenda de investimentos
264 Workshops
252 Relatório 6
ANÁLISE DA 
COMPETITIVIDADE DA 
CADEIA PRODUTIVA
Considerando-se os relatórios técnicos apresentados, a análise das informações previamente 
levantadas permite algumas conclusões preliminares a respeito dos principais fatores ligados à 
competitividade da cadeia produtiva da cerâmica vermelha:
 » alta incidência no setor de empresas informais; 
 » não há conhecimento suficiente da quantidade e qualidade das jazidas de argila;» falta de uniformização da qualidade dos produtos tem contribuído para a perda de merca-
do para produtos substitutos;
 » maior parte dos produtos é de baixo valor agregado; 
 » baixo nível de investimento do setor, maior parte capital próprio para ampliação da pro-
dução;
 » reestruturação da organização industrial determinará a sobrevivência de empresas mais 
competitivas – novas exigências de regulamentação e do mercado; 
 » há uma necessidade de maior capacitação técnica e gerencial das empresas; 
 » dificuldades de atendimento à legislação do setor, por causa da alta burocracia e morosi-
dade determinados pela falta de sinergia entre os órgãos; 
 » redução do ICMS em alguns estados determina vantagem competitiva para as empresas; 
 » a baixa modernização das empresas reflete a baixa eficiência energética do setor;
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
 » baixa interação das empresas com o P&D desenvolvido nas instituições de pesquisa e bai-
xo acesso a serviços tecnológicos; 
 » constituição de APLs torna as empresas participantes mais competitivas; 
 » existem desafios regionais, como substituir a fonte de energia e o acesso à matéria prima. 
Essas análises envolvem os fatores de competitividade das firmas, incluindo os APLs de base 
mineral, afins com a extração, beneficiamento e transformação mineral de argilas de cerâmica 
vermelha. 
254 Relatório 6
Com base nas análises realizadas durante o desenvolvimento do estudo e nas conclusões apre-
sentadas previamente neste relatório, foram construídas recomendações preliminares para o au-
mento da competitividade da cadeia de cerâmica vermelha no país. Essas recomendações foram 
divididas em sete categorias: Articulação, Aspectos Legais, Capacitação, Energia, Investimentos, 
Produtos, e Resíduos. Em cada recomendação, buscamos mostrar qual ação deve ser tomada e 
quais são os atores envolvidos.
Articulação
Curto 
Prazo
O governo, em parceria com a Anicer, deve criar programas, planos ou outros dispositivos que 
estimulem as empresas menos estruturadas a se associarem em cooperativas de produção ou 
arranjos;
Desenvolvimento de uma cartilha/material pela Anicer que mostre os benefícios e vantagens do 
uso da cerâmica vermelha em relação aos produtos substitutos;
Estabelecer através da Anicer uma agenda de cooperação e escuta com os Sindicatos, Associações 
e Cooperativas Cerâmicas de todo o Brasil;
O governo deve criar uma interface com o Ministério das Cidades para que o certificado de 
qualificação dos PSQs/PBQP-H seja exigido nos financiamentos públicos de obras, pela Caixa e 
outras entidades;
A Anicer deve realizar um diagnóstico do potencial exportador do setor e da estrutura de apoio 
necessária à exportação para as MPEs de cerâmica vermelha, junto da Apex;
Médio 
Prazo
Criação de comitê técnico de discussão entre a Anicer, instituições de ciência e tecnologia, 
empresas e governo sobre a atualização tecnológica do setor;
Criação de linhas de fomento e financiamento para projetos colaborativos entre empresas do setor 
e ICTs públicas e privadas.
AGENDAS ESTRATÉGICAS 
PARA O DESENVOLVIMENTO 
DA CADEIA PRODUTIVA DE 
CERÂMICA VERMELHA
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Investimentos
Curto 
Prazo
Empresas e o governo devem estimular e ampliar investimentos da Fundacer, por meio de 
contratos e convênios, de modo que a entidade possa realizar pesquisas, estudos, projetos, testes, 
capacitação e outras ações voltadas para a inovação e o desenvolvimento tecnológico do setor;
Médio 
Prazo
Criação, pelos governos estaduais e federal, de programas de incentivos regionais, visando 
desenvolver a indústria cerâmica local. Devem ser ampliadas as linhas de financiamento para 
expansão de suas atividades – compra de novos equipamentos e treinamento da mão de obra; 
Ampliação de linhas de crédito específicas, através do BNDES, para a atualização de máquinas e 
equipamentos no setor;
Articulação de ações com bancos públicos de fomento e de financiamento para desburocratização 
do acesso ao crédito à inovação de MPEs do setor, revendo exigências, prazos adequados e vendas 
casadas de outros produtos bancários do varejo.
Capacitação
Curto 
Prazo
As empresas e a Anicer devem, em conjunto, apoiar ações relacionadas à segurança do trabalho (o 
SESI poderia apoiar isso). O objetivo dessa medida é melhorar as condições de trabalho e evitar o 
fechamento das fábricas.
Médio 
Prazo
O governo deve estabelecer, em parceria com as instituições de ensino, medidas de incentivo 
para ampliar o acesso e divulgação de ações de capacitação dos funcionários. O governo, junto 
com a Anicer, deve identificar quais regiões têm mais deficiências de formação de mão de obra e 
promover cursos de capacitação para operação de máquinas e equipamentos. A Anicer também 
deve incentivar para que esses cursos de capacitação sejam feitos pelas empresas fabricantes das 
máquinas e equipamentos em parceria com as empresas de cerâmica vermelha;
Desenvolvimento de projetos de capacitação técnica, tecnológica e ambiental, articulados com 
as entidades setoriais, visando diminuir a desconfiança do pequeno empresário, por exemplo, em 
relação à falta de profissionalismo.
Médio 
e Longo 
Prazo
As instituições de ensino, junto com a Anicer, devem criar uma agenda de cursos e palestras de 
caráter mais técnico, incluindo temas como logística, gestão e meio ambiente. Além disso, a Anicer 
deve direcionar o tema dos cursos e palestras de acordo com as principais necessidades de cada 
região, o que será descoberto através de um mapeamento dos temas mais relevantes para as 
empresas de cada região.
Longo 
Prazo
A Anicer deve auxiliar o Senai na expansão da oferta de cursos técnicos, incentivando, por 
exemplo, a criação de escolas móveis, dado que não há demanda constante em determinada 
região. 
256 Relatório 6
Aspectos legais 
Curto 
Prazo
Incentivos fiscais devem ser unificados pelo governo, tornando a estrutura de incentivos mais 
simples e evitando guerra fiscal entre estados.
Médio 
Prazo
O governo deve analisar os órgãos do setor de cerâmica vermelha e torná-los menos burocráticos. 
Além disso, deve melhorar a comunicação entre eles e simplificar os processos. Atualmente há 
solicitação de prazos desconexos e licenças que não se relacionam entre si;
A Anicer, em parceria com as empresas do setor, deve estruturar uma proposta para uma legislação 
simplificada das MPEs do setor em relação ao licenciamento ambiental, extração de baixo volume e 
impacto, recuperação de áreas, além do recolhimento da CFEM e demais tributos hoje equiparados 
às grandes empresas ou mineradoras;
As empresas e a Anicer devem se articular com os novos órgãos a serem instituídos pelo novo 
marco regulatório da mineração, gerando entendimento diferenciado em relação aos micro e 
pequenos mineradores de argila.
Médio 
e Longo 
Prazo
O governo deve criar um plano de ação para aumentar a formalização das empresas do setor. A 
definição e comunicação de regras claras para a regularização das empresas é fundamental para o 
sucesso do plano;
Articulação entre governo, Anicer e empresas para o uso de créditos de carbono em projetos de 
atualização tecnológica e melhoria de desempenho energético.
Longo 
Prazo
Governo deve profissionalizar, no nível federal, as atividades de cerâmica vermelha (atualmente os 
funcionários são enquadrados como serviços gerais).
Produtos
Médio 
Prazo
A Anicer e as empresas devem se organizar para desenvolver ações para maior aderência de seus 
produtos à Norma de Coordenação Modular, permitindo a interoperabilidade entre componentes e 
a diminuição de resíduos. Essas medidas, além da padronização de produtos, permitem aumentar a 
produtividade da indústria;
Atualização das Normas Técnicas do setor, introduzindo aspectos de desempenho. A Norma 
de Desempenho NBR 15575:2013afeta praticamente quase todas as 700 normas aplicáveis à 
construção, incluindo às dos produtos cerâmicos listados. Com apoio do MDCI, o CB-02/ABNT 
realiza trabalho de mapeamento das necessidades e atualização do rol de normas; 
A Anicer e o governo devem discutir maneiras de viabilizar o desenvolvimento de projetos que 
possibilitem a construção de laboratórios de ensaios completos de matérias-primas, produtos e 
sistemas construtivos, além de linhas de pesquisa de inovação (novos produtos) na Fundação 
Nacional da Cerâmica (Fundacer), bem como de laboratórios de parceiros, como o Senai e outros 
institutos, de modo a ampliar a qualidade e a capilaridade da prestação de serviços tecnológicos e 
de pesquisas, principalmente para as MPES.
Longo 
Prazo
As empresas devem estudar novas tendências e necessidades do mercado e, em parceria com os 
centros de pesquisa, desenvolver novos produtos que atendam a essa demanda.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Energia
Médio 
Prazo
O governo, em parceria com as empresas do setor, deve estabelecer normas ou políticas de 
incentivo para que as empresas aumentem a eficiência energética e diminuam o gasto de energia. 
As empresas devem ser estimuladas a compreender melhor o modo como gastam energia e quais 
medidas podem tomar para aumentar sua eficiência energética;
Criação de programa de eficiência energética para as empresas do setor, oferecendo estímulos e 
benefícios para a atualização tecnológica das empresas;
Um estudo, feito pelo governo em parceria com a Anicer, deve ser feito para estimar qual a 
eficiência energética do setor de cerâmica vermelha no Brasil. Hoje existe a percepção de que 
o país consome muita lenha, e que não há disponibilidade de estoque florestal suficiente para 
atender à demanda.
Resíduos
Curto 
Prazo
Ampliação de linhas de crédito e adoção de subsídios pelo governo para incentivar a criação de 
empresas que desenvolvam produtos a partir dos resíduos. Além disso, também dar incentivos e 
subsídios à consultoria de modo a ajudar essas empresas a encontrar novas formas de utilizar seus 
resíduos;
Instituições de ciência e tecnologia, com apoio do Estado e das empresas, devem desenvolver 
estudos aprofundados, desenvolvimento e implantação (através do centro tecnológico) de 
tecnologias e filtros de chaminé para redução de emissões e particulados na atmosfera;
Instituições de Ciência e Tecnologia devem ser incentivadas a desenvolver inventários de gases GEE 
para indústrias cerâmicas e planos de mitigação que obedeçam às políticas públicas de redução de 
impacto, de acordo com a região e as necessidades específicas.
Médio 
Prazo
O governo deve estabelecer claramente como deve ser feita a destinação dos rejeitos, quais as 
regras que serão adotadas e punições para quem não as cumprir, além também de desenvolver 
uma estrutura eficiente de fiscalização. Em parceria com as empresas do setor e a Anicer, o 
governo deve discutir qual será a política de destinação e aproveitamento dos resíduos que será 
estabelecida no país;
As empresas devem mapear como ocorrem as perdas durante o transporte das cargas e determinar 
quem deve ser responsável por essas perdas e quais ações devem ser tomadas para evitá-las;
O governo deveria auxiliar as pequenas empresas a se organizarem e montarem cooperativas para 
disseminar a trituração de resíduos, geração do “chamote” e seu uso como matéria-prima. Além 
disso, essas empresas devem ser incentivadas a fazer arranjos para comercializar o “chamote” para 
as cimenteiras;
O governo deve estruturar programas para coordenar e organizar os agentes e cooperativas 
de coprocessamento, para criar uma estrutura capaz de processar os resíduos visando ganhos 
financeiros.
Essas recomendações serão a base para criar agendas estratégicas para o desenvolvimento da 
cadeia produtiva de cerâmica vermelha, de projetos de pesquisa e desenvolvimento e de transfe-
rência de tecnologias para a agenda de investimentos.
As versões preliminares passarão por diversas etapas de construção para criar agendas estratégi-
cas, em que serão envolvidas importantes partes interessadas do setor.
258 Relatório 6
A primeira fase para a estruturação das agendas estratégicas foi a apresentação dos resultados 
preliminares das informações levantadas durante a operacionalização do estudo, quando foram 
feitas recomendações a partir da apresentação de recomendações iniciais.
Subsídios para a elaboração do plano de desenvolvimento 
sustentável da cadeia produtiva de cerâmica vermelha
Um dos temas que foram levantados em estudos posteriores e seminários foi o incentivo a mais 
atividades de P&D e à transferência de tecnologias para as empresas. Em vários momentos, foi 
mostrado que são necessárias mais ações por parte do governo, da Anicer, das empresas e das 
instituições de ensino e pesquisa para alavancar o desenvolvimento do setor de cerâmica ver-
melha. Assim, é fundamental elaborar uma agenda com medidas para que efetivamente sejam 
incentivadas a P&D e a transferência de tecnologia. A seguir, explicitaremos essa agenda, com as 
medidas e os agentes envolvidos.
Curto 
Prazo
A Anicer deve analisar quais são os maquinários que hoje são comercializados no Brasil e, com o 
governo, verificar se já atendem às novas normas de padronização (Coordenação Modular NBR-
15873:2010 e de Desempenho NBR 15575:2013);
O governo deve criar uma linha de fomento e financiamento para apoiar a automação das 
empresas do setor;
O governo deve estimular a pesquisa mineral de reservas de argila por meio de bolsas de estudo e 
financiamentos à pesquisa;
A Anicer deve conceder bolsas a pesquisadores, mestrandos e doutorandos, que se interessem em 
estudar temas que são estratégicos para o setor, incentivando, principalmente, mais atividades de P&D;
Os estados, em parceria com as empresas, devem ampliar o fomento destinado ao aprimoramento 
dos produtos que hoje são produzidos e o desenvolvimento de novos produtos (por exemplo, a 
fabricação de painéis pré-moldados);
O governo deve criar subsídios e incentivos para estimular as empresas a realizarem programas de 
qualidade, como o Programa Setorial de Qualidade. Além disso, em parceria com o Senai e a Anicer, 
deve ser criado um canal de comunicação entre empresas certificadoras e produtoras, para facilitar 
testes e ensaios de qualidade dos produtos feitos pelas empresas.
Médio 
e Longo 
Prazo
As empresas, com apoio do governo, devem adotar tecnologias energeticamente mais eficientes. 
Com o auxílio de linhas de financiamento do governo, as empresas devem substituir painéis 
elétricos e fornos por modelos mais eficientes (que não só consumam menos energia, com também 
consigam conservá-la melhor), evitando assim o desperdício.
AGENDA DE PROJETOS DE 
PESQUISA & DESENVOLVIMENTO 
E DE TRANSFERÊNCIA DE 
TECNOLOGIAS
260 Relatório 6
Longo 
Prazo
O Estado deve incentivar as instituições de ensino e pesquisa a estudar modos de recuperar áreas 
que foram degradadas pela atividade produtiva das empresas de cerâmica vermelha (como a 
exploração da argila ou do corte de lenha para uso como combustível);
As instituições de ensino e pesquisa, apoiadas pelo Estado e pela Anicer, devem também 
desenvolver novos equipamentos para lidar com as emissões das empresas de cerâmica. A 
Anicer, por sua vez, deve auxiliar o desenvolvimento de projetos-piloto nas empresas e estimulá-
las a adotar essas tecnologias, informando-as sobre os benefícios da redução das emissões de 
poluentes;
O governo deve estimular as instituições de ensino e pesquisa a desenvolver combustíveis 
alternativos, como a biomassa, para serem utilizados no processo de queima; 
Em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Financiadora de Es-
tudos e Projetos (Finep), podem ser criadas linhas de fomento à pesquisa focando-se desafios 
tecnológicos apresentados durante os seminários e workshops de

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