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Aula 2 Politicas Publicas de Saude

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AULA 2 
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE 
Profª Tânia Maria Santos Pires 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Desde 1500, ano do descobrimento, passaram-se quase 400 anos até que 
pudéssemos ter a primeira iniciativa reconhecida como uma política pública de 
saúde. A evolução das políticas públicas de saúde no Brasil tem um histórico 
recente: apenas a partir do início do século XX. 
É importante nos lembrarmos de que a visão de exploração que embasava 
os colonizadores portugueses não permitia maiores ligações com a colônia. 
Sendo assim, as primeiras iniciativas de cuidado com visão pública somente 
vieram com a chegada da família imperial ao Brasil, ocasião em que o Rio de 
Janeiro tornou-se sede do império português. A vinda dos nobres e sua 
convivência com os males que afligiam a população local motivaram pequenas 
iniciativas que, mais tarde, deram origem a outros desdobramentos favoráveis à 
causa pública. 
Acompanhe-nos nessa revisão da história e volte no tempo conosco para 
entender os processos e a estrada percorrida até aqui. O futuro sempre depende 
do que foi o passado, por isso vale a pena analisá-lo. 
CONTEXTUALIZANDO 
São Paulo, capital, 11 de agosto de 1930, 9 horas da manhã de uma 
segunda-feira. João dos Santos está em sua pequena casa na periferia, ainda 
deitado. Ele tem 30 anos e é casado com Giovanna, com quem tem três filhos. 
Sua caçula, Antônia, nasceu há três meses. É ferroviário da empresa São Paulo 
Railway, que faz o transporte de café de Jundiaí ao Porto de Santos. Neste 
momento, João se recupera de um período de pneumonia, quando quase foi a 
óbito. Esteve internado por 15 dias na Santa Casa, onde recebeu cuidados 
médicos. Naquele período, ele pôde observar a angústia nos olhos de sua esposa 
ao rezar para que ele melhorasse. Agora, ele já estava quase bem, com grande 
expectativa de voltar a trabalhar. 
Enquanto via seus filhos brincando e sua esposa correndo com as tarefas 
da casa, ele relembrava sua vida, as histórias que ouviu e o sofrimento que viu e 
viveu. Não agora, porque, graças a Deus e ao sindicato, ele adoeceu e foi tratado, 
mas tudo o que passou para chegar onde está é ainda muito vivo na sua memória 
e na sua emoção. 
 
 
3 
Lembra-se da caminhada imensa no calor escaldante da seca e da sede 
insuportável quando, em 1915, ele, seus pais e seus nove irmãos fizeram o 
percurso do sertão da Bahia até São Paulo, a pé em grande parte, num caminhão 
conhecido como “pau de arara”. 
João é baiano. Nasceu em 1900 no sertão da Bahia. Sempre conviveu com 
a seca, mas, em 1915, tudo parecia que ia acabar; seu pai, sertanejo corajoso e 
trabalhador, resolveu se mudar com toda a família para tentar fazer alguma coisa, 
ter alguma esperança em outro lugar, porque ali, sendo peão nas fazendas, só 
restavam a fome e a morte como certezas. 
No percurso de tristeza e sofrimento, João viu seus irmãos menores 
adoecerem e morrerem; ele notou que seus pais já não choravam mais a morte 
dos filhos – era como se tivessem se acostumado com a dor. Mas ele chorou, 
principalmente quando Antônia morreu, sua irmãzinha de 7 anos. 
Na sua família contava-se, há várias gerações, a história de uma moça 
chamada Antônia que deixara seu bebê na roda dos enjeitados. Quando a criança 
estava com 7 anos, um homem foi até o convento e disse às irmãs que aquele 
menino era seu sobrinho. Sua irmã, chamada Antônia, mãe da criança, faleceu 
naquele ano vítima de Tísica, e no seu leito de morte contou-lhe sobre o filho e 
sobre o dia em que o havia deixado na roda. As irmãs tinham um registro 
detalhado de todas as crianças recebidas e conseguiram identificar o filhinho de 
Antônia. Desde então, sempre há uma Antônia na família; é como uma 
homenagem, uma espécie de solidariedade àquela Antônia ancestral que tanto 
sofreu. 
João relembra a sua chegada a São Paulo com seu pai e os dois irmãos. 
Saíram muitos e chegaram poucos, pois a morte os seguiu no caminho. Chegaram 
famintos e doentes. João encontrou um rapaz da sua idade e tornaram-se amigos. 
Seu nome era Giacommo, que também era magro, de aspecto enfermo e fala 
estranha (mais ainda que a fala dos paulistas para os nordestinos). Ele contou 
que sua família também estava chegando a São Paulo, mas vieram de muito 
longe, do estrangeiro, e iam para uma cidade chamada São Carlos trabalhar nas 
lavouras do café. João contou a história ao seu pai e eles se juntaram aos italianos 
rumo aos cafezais. 
As condições de vida não eram muito boas, mas, comparadas ao lugar de 
onde vieram, eram muito melhores. Com o passar dos anos, João aprendeu a ler 
e a mexer com algumas máquinas; ele queria melhorar de vida. Ouviu falar das 
 
 
4 
ferrovias que estavam chegando a São Paulo e desejou sair da fazenda, ousar 
algo mais. Já estava apaixonado por Giovanna, uma linda moça italiana, irmã de 
seu amigo Giacommo. Giovanna disse que iria com ele, bastava pedi-la em 
casamento. 
Casaram-se, e a mistura de um baiano com uma italiana trouxe Severino 
(nome do pai de João), Genaro (nome do pai de Giovanna) e mais uma Antônia 
para a família. João quer um futuro melhor para seus filhos. Quer que eles 
estudem, que não vivam as mesmas dificuldades que ele viveu. 
Os sindicatos falam de lutar por melhorias e é isso que ele deseja. Todos 
falam de reformas nas leis para melhorar as condições de vida e saúde dos 
trabalhadores. Mas de que forma isso poderia acontecer? 
TEMA 1 – O VAZIO ASSISTENCIAL 
O cidadão brasileiro viveu por muitos anos sem qualquer tipo de assistência 
à saúde. Desde o descobrimento até o início da república, a não ser por alguns 
poucos cuidados de vigilância sanitária em áreas portuárias, nada havia na 
legislação brasileira sobre saúde que pudesse trazer um pouco de segurança à 
população. 
Essa situação torna-se mais grave quando se considera a população pobre, 
sobretudo depois da abolição da escravatura. Os antigos escravos que saíram 
das fazendas não tinham qualquer tipo de amparo social. Saíram sem trabalho, 
sem teto, sem qualificação. Não eram requisitados nem para o trabalho que 
sabiam fazer, porque muitos fazendeiros preferiam contratar imigrantes 
estrangeiros a negros ex-escravos. Essa enorme população em busca de trabalho 
e moradia abrigou-se nas imediações das grandes cidades que se urbanizavam, 
formando as conhecidas favelas, lugares sem infraestrutura, o que aumentou o 
problema sanitário. 
A economia agrária ainda era predominante; a mentalidade da herança 
escravagista, de supressão de direitos sociais e de desconsideração de direitos 
humanos continuava dominante na sociedade. Os avanços dos países europeus 
desde a época do Mercantilismo e do Iluminismo não haviam chegado aqui de 
modo a repercutir em mudanças sociais. Uma população pobre e doente não 
estava apta ao desenvolvimento econômico. Muito ainda teria de se caminhar 
para alcançar a discussão e a implementação legal de um plano nacional de saúde 
 
 
5 
que pudesse prover assistência e cuidados à população brasileira. Isso acontece, 
finalmente, na segunda metade da década de 1980. 
 Um dos grandes entendimentos a respeito de saúde foi elaborado pela VIII 
Conferência Nacional de Saúde de 1986. Há que se notar que, quase 100 anos 
após a formação da república, ainda não havia uma compreensão do que 
significava cuidar da saúde das pessoas. As discussões e conclusões da VIII 
Conferência demonstraram-se inovadoras e, infelizmente, parecem novidade até 
hoje para alguns gestores, políticos e líderes. Veja a seguir o texto que abre o 
relatório final da conferência: 
Em primeiro lugar ficou evidente que as modificações necessárias ao 
setor saúde transcendem os limites de uma reforma administrativa e 
financeira, exigindo-se uma reformulação mais profunda, ampliando-se 
o próprio conceito de saúde e sua correspondente ação institucional, 
revendo-se a legislação que diz respeito à promoção, proteção e 
recuperação, constituindo-seno que se convencionou chamar de 
reforma sanitária. (Brasil, 1986) 
Apesar do atraso e do alto preço pago pela população em razão da falta de 
ações institucionais de saúde, vale a pena entendermos o processo lento de 
construção das várias etapas da evolução da saúde pública brasileira. 
TEMA 2 – SANITARISMO CAMPANHISTA – 1900 A 1930 
De fato, elaborar um plano nacional de saúde não é uma tarefa fácil. Há 
que se considerar todo o contexto social e cultural e ter um objetivo claro das 
razões do estabelecimento deste cuidado. 
Vamos lembrar a história do nosso país: saímos de uma colonização 
predatória com a chegada da família real portuguesa em 1808; até aquele 
momento, nada havia que pudesse ser identificado com sequer um resquício de 
saúde pública no país. De 1808 até a independência, o Brasil foi a sede do 
governo português, e a corte sentiu a necessidade de formar médicos para 
atendimento dos nobres. Instalaram-se então as primeiras escolas de medicina 
na Bahia e no Rio de Janeiro. Os pobres continuavam sendo atendidos pelos 
curandeiros e pelos entendidos nas artes de curar, como os boticários. 
2.1 A Revolta da Vacina 
A república trouxe o primeiro ato de saúde pública com a implantação da 
vacinação contra varíola. Infelizmente, a metodologia militarizada aplicada para 
 
 
6 
implementação desta ação gerou um movimento de revolta popular que ficou 
conhecido como “A Revolta da Vacina”. 
tiros, brigas, engarrafamento de trânsito, comércio fechado, transporte 
público assaltado e queimado, lampiões quebrados às pedradas, 
destruição de fachadas dos edifícios públicos e privados, árvores 
derrubadas: o povo do Rio de Janeiro se revolta contra o projeto de 
vacinação obrigatório proposto pelo sanitarista Oswaldo Cruz. (Gazeta 
de Notícias, 14 de novembro de 1904) 
Tenho certeza de que, ao ler o texto transcrito, se você não visse a data, 
pensaria se tratar de uma notícia de um dos jornais de hoje em alguma capital do 
país, não é mesmo? Porém, essa manifestação tem algo mais do que apenas os 
boatos gerados sobre a vacina. 
Com a abolição oficial da escravatura, os barões do café precisavam de 
mão de obra em suas lavouras, o que levou o governo a abrir as portas para a 
imigração estrangeira em massa para as regiões produtoras do café, sobretudo 
de italianos. Essas pessoas, embora pobres em seus países de origem, vinham 
de uma sociedade europeia na qual as discussões sobre direitos humanos e 
sociais estavam mais avançadas do que no Brasil. Os imigrantes chegaram aqui 
para substituir os negros escravos, que não tinham qualquer respeito ou direito; 
quando se depararam com as péssimas condições de trabalho, exploração, abuso 
e violência a que eram submetidos dentro do antigo modelo escravagista, 
revoltaram-se e manifestaram sua indignação. Movimentos políticos como os 
anarquistas e comunistas foram as bases das reivindicações sindicais, que 
estouraram em greves e aproveitavam-se de qualquer motivo para manifestações 
antigoverno, como foi o caso da Revolta da Vacina. 
É importante lembrar que a vacinação obrigatória, sob a direção do médico 
sanitarista Osvaldo Cruz, fazia parte de um grupo de medidas destinadas a sanear 
a cidade que sediava o porto mais importante do país – ou seja, a motivação era 
de origem econômica. Mesmo assim, é preciso entender a importância da ação 
de saúde pública que ficou conhecida como Sanitarismo Campanhista, porque, 
por muito tempo, esta foi a única ação exclusivamente pública de saúde que o 
país teve. 
Após as modificações metodológicas realizadas pelo médico Evandro 
Chagas, saindo do modelo militar executado por Osvaldo Cruz e incluindo 
explicações sobre a vacina, além de sua importância individual e coletiva, a 
população entendeu, houve melhor aceitação da ação e, como consequência, 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Oswaldo_Gon%C3%A7alves_Cruz
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gazeta_de_Not%C3%ADcias
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gazeta_de_Not%C3%ADcias
https://pt.wikipedia.org/wiki/14_de_novembro
https://pt.wikipedia.org/wiki/1904
 
 
7 
aconteceu a erradicação da Febre Amarela e o controle de outras doenças graves 
no Rio de Janeiro, e em outras cidades posteriormente. 
2.2 A Sucam (Superintendência de Campanhas de Saúde Pública) 
A Sucam (Superintendência de Campanhas de Saúde Pública) foi um 
órgão do governo que teve uma atuação muito importante e representativa de 
saúde pública no que diz respeito às doenças infectocontagiosas, antigamente 
chamadas de “doenças tropicais”. Ela levou seus agentes a todas as áreas rurais 
do país, inclusive à Amazônia. Sem dúvida, a Sucam foi o órgão de maior 
penetração rural no Brasil. Doenças como Malária, Esquistossomose, Filariose, 
Febre Tifoide e outras endêmicas foram tratadas e monitoradas. 
Os guardas (agentes) da Sucam entravam nas casas, com a permissão dos 
moradores, para vistorias sanitárias, a fim de virar garrafas e outros recipientes 
de ponta-cabeça e pisar em cascas de ovos para esmagá-las, com o intuito de 
evitar a proliferação de mosquitos. A população recebia essas orientações e 
cooperava com os guardas. 
O maior objetivo da Sucam era o controle ou erradicação das grandes 
endemias no Brasil. Para isso, desenvolveu quatro programas de controle de 
doenças: Chagas, Malária, Esquistossomose e Febre Amarela, bem como cinco 
campanhas: Filariose, Tracoma, Peste, Bócio Endêmico e Leishmanioses. Essas 
ações eram organizadas em diretorias regionais que tinham em sua estrutura 
distritos sanitários que sediavam as atividades de campo, totalizando 80 em todo 
o país. 
Na região Norte, a coleta de sangue no início da noite para o rastreio da 
Filariose, ou Elefantíase (doença parasitária grave de lenta evolução), era uma 
ação muito conhecida dos moradores até a década de 1960 e 1970. Em 
decorrência dessas ações, várias doenças graves e crônicas foram controladas. 
A Sucam foi a legítima herdeira do sanitarismo campanhista, e suas ações 
repercutem positivamente até hoje. 
TEMA 3 – PERÍODO MÉDICO-ASSISTENCIAL PRIVATISTA 
Os movimentos sociais ligados aos trabalhadores estavam em 
efervescência. Os trabalhadores enfrentavam péssimas condições de trabalho. O 
médico carioca Raul Sá Pinto, ao defender sua tese de doutoramento, afirma 
 
 
8 
sobre as condições de saúde a que era submetido o trabalhador brasileiro em 
1907: “O operário, nas suas atuais condições de vida, dizemos e havemos de 
repetir, não morre naturalmente, é assassinado aos poucos”. Ele ainda discorre 
sobre as jornadas inclementes nas fábricas, nas quais os trabalhadores eram 
explorados, além do uso da mão de obra infantil e de outras tantas injustiças 
sociais que depredavam a saúde das pessoas em nome do lucro. 
 Os sindicatos faziam pressão por melhores condições de trabalho e a sua 
capacidade de mobilização já havia sido demonstrada quando resolveram se 
organizar por categorias para terem assistência à saúde e aposentadoria. 
Ferroviários, estivadores, metalúrgicos e diversas outras categorias resolveram 
investir partes de seus salários para ter alguma garantia. De certo modo, isso se 
tornou também um interesse do governo, que viu nessas iniciativas uma 
aglomeração de capital utilizável. Sendo assim, havia necessidade de legitimar 
essas ações por meio de legislação. 
3.1 A Lei Eloy Chaves – as caixas de aposentadorias e pensões 
A Lei Eloy Chaves, de 1923, traz uma diretiva oficial e a contribuição do 
Estado a essa iniciativa. Esta lei é considerada a mãe da previdência social 
brasileira, com regras oficiais de assistência e limite de idade para aposentadoria. 
Seria um investimento conjunto de patrões e empregados. Na década de 1930, 
esses benefícios aumentaram em custos e tornaram-se insuficientes, o que 
motivou a intervenção do Estado. Mais tarde, a União assume o controle das 
caixas, formatando-as em institutos de aposentadorias e pensões. 
 Além da assistência previdenciária,as caixas eram provedoras de 
assistência médica, de diminuição do custo de medicamentos, de auxílio funeral 
e pensão para herdeiros em caso de morte. O custeio da assistência médica ficou 
ao encargo exclusivo do Estado, que comprava o serviço do setor privado, 
principalmente a partir de 1945, com o ápice desta ação na década de 1950. Em 
1966 é criado o INPS (Instituto Nacional de Previdência Social). 
É importante lembrar que a assistência médica estava ligada ao setor 
previdenciário, e assim permaneceu, mesmo depois da instituição do Ministério 
da Saúde em 1954. As ações do Ministério da Saúde estavam ligadas às 
vigilâncias epidemiológica e sanitária exclusivamente. A separação entre as ações 
de assistência e de vigilância criava dificuldades no planejamento e influenciava 
 
 
9 
negativamente a formação dos profissionais de saúde, situação que se reflete até 
hoje na formação tanto de médicos quanto de outros profissionais de saúde. 
Um marco dessa etapa foi a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, 
regida pela Lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943. A legislação trabalhista 
estabeleceu limites para horário de trabalho, descanso remunerado, férias e 
aposentadoria. 
Considerando que a saúde estava ligada à previdência social, a 
organização das leis trabalhistas melhorou a saúde dos trabalhadores de diversas 
categorias e de suas famílias, assim como incorporou recursos à previdência 
social. 
A captação de recursos associada à pouca gente que chegava à idade de 
aposentadoria, considerando a curta média de vida adulta, trouxe muitos recursos 
à previdência, o que facilitou a utilização desse dinheiro para outros investimentos 
considerados de interesse nacional. 
Essa situação permanece até a chegada do regime militar e a criação do 
Inamps, em 1974. 
TEMA 4 – O INSTITUTO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA MÉDICA DA 
PREVIDÊNCIA SOCIAL – INAMPS 
Após a instauração do regime militar, as discussões concentraram-se na 
ampliação dos benefícios previdenciários e de assistência médica a todos os 
trabalhadores ligados ao sistema da CLT, e não apenas àqueles ligados aos 
institutos de aposentadorias e pensões. A ideia mostrava-se boa à medida que 
mais pessoas acessavam benefícios trabalhistas e assistência médica mesmo 
que não estivessem entre os trabalhadores com maior poder de organização. No 
entanto, a escolha por uma metodologia assistencial segundo o modelo 
americano, privatista, centrado na assistência curativa mostrou-se uma má 
escolha. Além disso, a maioria dos brasileiros, que passava longe do amparo da 
lei – não por sua escolha, mas devido às iniquidades do país –, permanecia sem 
assistência em saúde. Nessa categorização estavam todos os trabalhadores 
autônomos, os indígenas, os trabalhadores da área rural, grande parte dos 
trabalhadores da construção civil e outros trabalhadores pobres, com pouca 
qualificação e amparo social. 
Mesmo para os trabalhadores beneficiados (vinculados ao emprego formal) 
a assistência prestada ainda era insuficiente. O Inamps baseava-se na lógica dos 
 
 
10 
eventos agudos, mantendo a metodologia de pronto-atendimento aos segurados. 
Para garantir a assistência, investiu-se na rede privada, financiando a construção 
de hospitais em todo o país com empréstimos a juros baixos, pagos com o próprio 
atendimento da rede – ou seja, o financiamento era cedido pelo Inamps e pago 
por meio de convênio do hospital com o próprio Inamps. 
Como principais críticas ao sistema destacam-se: 1) a ausência da visão 
de prevenção, 2) a assistência, que era restrita, justamente porque os mais 
vulneráveis na sociedade ficavam sem assistência, 3) todas as ações eram 
centralizadas no governo federal, assim como a prestação de contas, que 
favorecia um enorme sistema de fraudes por falta de fiscalização adequada. 
Havia também grande insatisfação dos estados e municípios devido à falta 
de recursos para investimento em ações de saúde, já que os recursos eram 
concentrados na esfera federal. A rede de postos de saúde era muito pequena e, 
sua atuação, restrita. 
Essa situação provocou a indignação de diversos setores da sociedade 
civil. Além da percepção da injustiça, o contexto da falta de democracia impedia 
discussões sobre o problema, pois todas as manifestações a respeito eram 
consideradas manobras comunistas. 
Na primeira metade da década de 1980 houve a sinalização da abertura 
política no país, a qual começa em 1979 com a lei da anistia e a aprovação do 
pluripartidarismo. Inicia-se um movimento aberto de discussão sobre as condições 
de saúde chamado de Movimento pela Reforma Sanitária. 
4.1 O MOVIMENTO PELA REFORMA SANITÁRIA E A VIII CONFERÊNCIA 
NACIONAL DE SAÚDE 
Este movimento foi liderado por sanitaristas, médicos e demais 
profissionais da saúde, políticos de oposição (como o deputado Sérgio Arouca) 
apoiados por sociólogos e educadores de peso nacional, como Paulo Freire e 
Betinho, e também teve forte apoio da sociedade, das igrejas e dos sindicatos. As 
comunidades eclesiais de base exerceram importante papel nessa mobilização 
que se integrava totalmente nos movimentos que se manifestavam contra a 
ditadura militar. 
O pensamento do educador Paulo Freire, com sua proposta de educação 
libertadora, tornou-se a base para as ações de promoção de saúde que se 
consolidariam como uma das principais ações do SUS. 
 
 
11 
Sob a liderança de Betinho, o famoso irmão do Henfil, a ação de cidadania 
contra a fome e a miséria sensibilizou todos os segmentos sociais para este 
problema no país e lançou a frase/slogan: “Quem tem fome tem pressa”. 
Nesse clima, instaura-se uma grande mobilização de pessoas para discutir 
a saúde e formatar uma proposta que seria levada à VIII Conferência Nacional de 
Saúde, em 1986, base para a reforma constitucional que modificou o sistema de 
saúde, criando o Sistema Único de Saúde – SUS em 1988. A proposta estava 
pautada em ter políticas de saúde democráticas, de acesso universal, com gestão 
descentralizada e mais próxima dos cidadãos, baseando-se na justiça social. 
Apesar de ser um movimento com forte conotação política de esquerda e 
de oposição ideológica ao regime militar vigente no país, o movimento sanitarista 
tinha um viés científico importante, que serve de base científica ao movimento. 
Nesse aspecto, duas teses, ambas de 1975, puxam o debate para firmá-lo 
cientificamente, dando início à Teoria Social da Medicina: “O dilema preventivista”, 
de Sérgio Arouca, e “Medicina e Sociedade”, de Cecília Donnagelo. Essas 
discussões trouxeram os questionamentos sobre a responsabilidade do Estado 
no que tange às situações que determinam socialmente as doenças. O contexto 
que se demonstrava era muito mais abrangente do que o controle das endemias 
e o desenvolvimento de vacinas. A saúde não poderia permanecer entendida 
exclusivamente dentro dos princípios da microbiologia. 
Entre os marcos considerados como ganhos para o movimento sanitarista 
está o engajamento da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo 
Cruz. A fundação elaborou projetos nos quais eram aplicados os princípios que 
se planejava aplicar ao SUS. Foram criados projetos-pilotos com funcionamento 
de clínicas da família em diversas pesquisas em saúde comunitária que estavam 
em andamento. 
O movimento consegue simpatia e participação até mesmo de entidades 
representativas dos médicos, como a Associação Médica Brasileira e os 
Conselhos Regionais de Medicina, que passam a considerar a medicina 
comunitária como especialidade médica a partir da década de 1970. 
A articulação política ganha força e consegue aprovar o documento “Saúde 
e Democracia”, levado ao legislativo pelo deputado Sérgio Arouca. A principal 
ideia defendida consistia em retirar a assistência médica da previdência social e 
criar um sistema de saúde que considerasse os determinantes sociais e os direitos 
de cidadania relacionados à saúde das pessoas.12 
A única maneira de discutir e aprovar essas propostas dentro da legislação 
vigente era fazê-lo por meio de conferências de saúde. Cabe lembrar que as 
conferências de saúde eram realizadas desde 1941, porém, a participação 
popular não era estimulada. A oitava conferência traz esse marco importante pela 
grande mobilização popular, que a embasou na crescente discussão nos 
municípios, os quais constituíram seus delegados e representantes. Havia mais 
de 4.000 pessoas – 50% eram representantes da população. 
O maior sucesso da reforma sanitária foi o levantamento do debate pelas 
questões de saúde. Nesse sentido, entende-se que o movimento deve continuar 
sempre, considerando-se que este tema necessita de permanente rediscussão. 
Na prática, na metade da década de 1980, o movimento pela reforma sanitária 
conseguiu aprovar, na oitava conferência, o texto que criou o Sistema Único de 
Saúde, integralmente reproduzido na elaboração da Constituição de 1988 para a 
criação do SUS. Ficou também a ideia de que as diretrizes para a saúde da 
população devem ser discutidas e aprovadas pelos conselhos de saúde, que 
deveriam, a partir de então, assumir o seu papel. O papel dos conselhos de saúde 
seria consolidado com a Lei n. 8.142, após a regulamentação do SUS. 
TEMA 5 – A CRIAÇÃO DO SUS 
A segunda metade da década de 1980 foi um período de mobilizações 
importantes que propulsionaram as mudanças ansiadas para o país. Foi o período 
considerado de transição do regime militar para o regime democrático, contexto 
que ensejava a oportunidade de alterações e reformulações. Em 1985, assume o 
primeiro presidente civil, mesmo sem eleição direta, o vice de Tancredo Neves, 
senador José Sarney. Em 1986, foram as eleições diretas para deputados e 
senadores que deram ao Brasil a nova constituição e, em 1988, ela se concretiza, 
sendo denominada de Constituição Cidadã. 
O motivo de a constituição ser assim denominada deveu-se à atenção dada 
aos direitos das pessoas. Na sua abertura, no capítulo chamado de “Princípios 
Fundamentais”, a cidadania e o respeito à dignidade do ser humano são 
reconhecidos como direitos constitucionais. Nesse sentido, houve modificações 
com ganhos importantes aos direitos trabalhistas, como diminuição da carga 
horária de trabalho, ampliação da licença-maternidade e o direito a greve. Outros 
destaques demonstram-se no direito do acesso à justiça e à educação. 
 
 
13 
Porém, com relação à saúde, houve o ganho mais abrangente para o povo 
brasileiro, já que a assistência à saúde é uma necessidade de todas as faixas 
etárias, de todos os gêneros, de qualquer raça ou tribo, em qualquer condição: 
ricos ou pobres, livres ou aprisionados, na cidade ou no campo, nacionais ou 
estrangeiros. As pessoas precisam ser assistidas e amparadas quando estão 
doentes e fragilizadas. 
A constituição reconhece esse direito do povo brasileiro e afirma, no 
capítulo II, art. 196 a 200, que é dever do Estado cuidar da saúde do povo 
brasileiro de modo que aconteça sua promoção, proteção e recuperação. 
Ao destacar os três maiores objetivos das ações de saúde, o texto 
constitucional reconhece que, para que estes sejam alcançados, há necessidade 
de modificação de outros fatores determinantes para a produção do binômio 
saúde/doença, como alimentação, moradia, educação, trabalho. Isso significava 
uma grande mudança na forma de pensar saúde/doença, um novo olhar e um 
novo conceito que impactaria as ações de saúde. 
A regulamentação desse direito veio com a Lei n. 8.080, que criou o 
Sistema Único de Saúde. 
Saiba mais 
Se quiser conhecer melhor o texto da Lei n. 8.080, você pode consultá-lo na 
íntegra. 
 Acesse: <http://ftp.medicina.ufmg.br/osat/legislacao/Lei_8080_12092014.pdf>. 
5.1 O Sistema Único de Saúde 
Para que possamos compreender melhor o sentido do SUS, precisamos 
entender seus princípios fundamentais, porque eles expressam a ideologia que 
embasa esse sistema, mais do que sua operacionalidade. Entre esses princípios, 
destacam-se os três primeiros, que ficaram conhecidos como princípios 
doutrinários: universalidade, equidade e integralidade. 
A universalidade corresponde ao direito que era negado aos brasileiros no 
contexto em que apenas os trabalhadores contribuintes do sistema previdenciário 
poderiam ter acesso aos serviços de saúde. A universalidade coloca o acesso à 
saúde como direito de todos que vivem no país, brasileiros e estrangeiros. 
 
 
14 
A equidade, conhecida como “justiça justa”, estabelece que a prioridade 
deve ser dada aos mais vulneráveis, e deve ser o ponto norteador das políticas 
públicas e das ações governamentais. 
A integralidade, apesar de estar entre os princípios doutrinários, traz 
consigo a diretiva operacional. Significa integrar ações: não planejar 
separadamente as ações de saúde, mas planejá-las e aplicá-las dentro de uma 
lógica operacional que as torne potencializadas, tais como as ações de 
prevenção/vigilância em parceria com as ações de assistência – as ações de 
atenção primária que acontecem nas unidades de saúde relacionadas às ações 
da rede hospitalar. 
A operacionalidade do sistema deveria ainda provocar mudanças 
profundas nos formatos de gestão e financiamento. Os princípios operacionais 
trouxeram este alinhamento quando destacaram: 1) a necessidade de 
regionalização e descentralização da gestão, que anteriormente estava totalmente 
centrada na esfera federal; 2) hierarquização das ações de saúde, 3) 
complementaridade do setor privado, regulada por legislação específica. Todo 
esse sistema precisaria ter a participação da população, que deveria opinar e, de 
certa forma, fiscalizar os serviços por meio de conselhos de saúde, desde o bairro 
até o grande município, segundo o princípio do controle social. 
Saiba mais 
Para entender melhor, veja este pequeno vídeo sobre os princípios fundamentais 
do SUS. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=PzVxQkNyqLs>. 
 A ideologia do SUS representa o momento político e social em que ele foi 
concebido, ou seja, redemocratização do país, abertura política com livre 
expressão do pensamento e direcionamento das políticas públicas para o foco 
social. Naquele contexto, a grande questão a ser resolvida era o acesso da imensa 
maioria da população aos serviços de saúde. Naquele momento, o único acesso 
eram os prontos-socorros dos hospitais do Inamps, para os conveniados, e a 
caridade das Santas Casas, para os demais (isso ocorria dentro das capitais e 
cidades maiores, pois as pequenas cidades e as áreas rurais eram desprovidas 
de pontos de assistência). 
O resultado dessa política de desassistência demonstra-se na elevada 
mortalidade materno-infantil daquela época e na curta estimativa de vida do 
brasileiro. 
 
 
15 
5.2 Revendo a problematização (apresentação de possíveis soluções) 
João e Giovanna vivem no Brasil, em São Paulo, em 1930. Ambos são 
migrantes e personagens do sofrimento e das injustiças sociais, embora Giovanna 
venha de uma realidade muito diferente daquela vivenciada por João, de 
sofrimento, seca, desrespeito. No momento, ele se recupera de uma doença, 
depois de ter sido atendido, e reflete sobre o futuro que deseja para sua família. 
É um momento importante para as reformas sociais brasileiras, com a implantação 
de diversas políticas públicas, por isso todos falam de reformas nas leis para 
melhorar as condições de vida e saúde dos trabalhadores. Mas de que forma isso 
poderia acontecer? 
 Opção 1 – Para que uma reforma tão ampla como essa possa acontecer, 
tem de ser com investimento na educação. O cidadão instruído tem 
condições de votar e, assim, implementar as mudanças necessárias. 
Feedback 1 – É uma boa resposta. Grande parte dos problemas que temos 
deve-se à pouca escolaridade da população, com pouca condição de 
interpretação do contexto social de exploração e manipulação; porém, a 
educação é uma mudança que requertempo, e a reforma política social 
precisa acontecer agora. 
 Opção 2 – Organização e participação dos trabalhadores, trazendo 
propostas para as negociações por meio de seus representantes, 
pressionando os líderes políticos. Conhecimento dos interesses do país 
naquele momento e das perspectivas de investimento trazem argumentos 
fortes aos movimentos populares. 
Feedback 2 – Ótima resposta. Quando os trabalhadores se organizam, 
adquirem poder de pressão. Contudo, apenas a pressão não é suficiente. 
Há necessidade de formulação de propostas coerentes, baseadas no 
conhecimento das leis atuais e dos interesses econômicos e sociais para o 
sucesso do empreendimento. Foi exatamente o que aconteceu no 
movimento da Reforma Sanitária, 56 anos depois da história do João. 
 Opção 3 – Convocação da população para manifestações e convocação 
da imprensa para noticiar as injustiças contra os trabalhadores. 
Feedback 3 – Opção boa para sensibilização da sociedade como um todo 
a respeito das injustiças. Nos dias atuais, é mais válida do que naquele ano 
de 1930, pois hoje contamos com televisão e/ou rádio na imensa maioria 
 
 
16 
das casas, além da internet. Naquela época havia os jornais, lidos por 
poucos, e o rádio, que começava a sua expansão. 
FINALIZANDO 
Vimos nesta aula o início e o desenvolvimento das políticas públicas de 
saúde no Brasil. Começamos estudando a Velha República, com a primeira 
iniciativa de saneamento dos portos e a vacinação da população, porém, estas 
ações tiveram uma metodologia militarizada, o que provocou uma forte reação 
contrária, conhecida como a Revolta da Vacina. 
Apesar de tudo isso, há que se valorizar esse período porque, graças a 
essas iniciativas, houve um desenvolvimento tecnológico no campo de vacinas e 
de estudos epidemiológicos, com reflexos positivos na saúde pública brasileira até 
hoje. 
Estudamos a organização dos trabalhadores para conseguir assistência 
médica e benefícios sociais, além das mudanças trazidas pelo regime militar com 
a criação do Inapms. 
Vimos também que esses benefícios só atingiam a classe trabalhadora 
formal, com carteira assinada, deixando a maioria dos brasileiros sem direito aos 
serviços de saúde. Em razão dessa situação, houve um movimento de protesto e 
discussão que ficou conhecido como Movimento da Reforma Sanitária. 
Após essa mobilização popular, as reformas desejadas vieram, sendo 
validadas pela constituição que criou o SUS, cujos princípios e diretrizes 
expressam o direito dos cidadãos à saúde e o dever do Estado em prover 
condições para que ele seja exercido. 
LEITURA OBRIGATÓRIA 
Texto de abordagem teórica 
Leia o capítulo 1 da publicação da Fiocruz, O Brasil e a Organização Pan-
Americana de Saúde: uma história em três dimensões (p. 23-26), para uma 
análise da construção da saúde pública sob a ótica dos órgãos internacionais. 
FINKELMAN, J. (Org.). Caminhos da saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Editora 
FIOCRUZ, 2002. Disponível em: <http://books.scielo.org/id/sd/pdf/finkelman-
9788575412848.pdf>. Acesso em: 29 maio 2018. 
 
 
17 
Texto de abordagem prática 
Leia o texto descritivo do histórico das conferências nacionais de saúde desde 
1941. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho de Saúde. Histórias das conferências 
de saúde. Disponível em: 
<http://www.conselho.saude.gov.br/14cns/historias.html>. Acesso em: 29 maio 
2018. 
Acesse ainda o relatório datilografado da VIII Conferência Nacional de Saúde. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho de Saúde. 8ª Conferência Nacional de 
Saúde. Relatório Final. Disponível em: 
<http://www.conselho.saude.gov.br/biblioteca/Relatorios/relatorio_8.pdf>. Acesso 
em: 29 maio 2018. 
Saiba mais 
FIOCRUZ. Videosaúde. A história da saúde pública no Brasil – 500 anos na 
busca de soluções. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=7ouSg6oNMe8>. Acesso: 29 maio 2018. 
Se você quiser saber mais da história da Sucam, visite o museu virtual da Sucam, 
com mostras de roupas e instrumentos usados desde a década de 1910 pelos 
guardas sanitários. 
BRASIL. Funasa. Galeria do Museu Virtual. Disponível em: 
<http://www.funasa.gov.br/site/museu/galeria-virtual/>. Acesso: 29 maio 2018. 
Para entender melhor o sistema previdenciário que influenciou o setor de saúde, 
assista ao vídeo a seguir elaborado pela Funcef (Fundação dos Economiários 
Federais). 
FUNCEF. Conheça a história da previdência no Brasil. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=VkeGEwGpcYQ>. Acesso em: 29 maio 
2018. 
 
 
 
18 
REFERÊNCIAS 
BRENNER, J. História da medicina suplementar no Brasil: a evolução dos 
hospitais. Disponível em: <http://www.clubemundo.com.br.revistapangea>. 
Acesso em: 29 maio 2018. 
BUDÓ, M. L. A prática de cuidados em comunidades rurais e o preparo da 
enfermeira. Tese (Doutorado em Filosofia da Enfermagem), Setor de Ciências da 
Saúde – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000. 
FUNDAÇÃO Osvaldo Cruz. Biblioteca Virtual Sérgio Arouca. Reforma Sanitária. 
Disponível em: <https://bvsarouca.icict.fiocruz.br/sanitarista05.html >. Acesso em: 
29 maio 2018. 
PIRES, T. A Reforma Sanitária e a criação do SUS. In: A residência médica em 
medicina de família e comunidade: um compromisso com a consolidação do 
SUS. Dissertação (Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho), Setor de Ciências 
da Saúde – Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2006. 
VARGAS, D. J. História das políticas públicas de saúde no Brasil: revisão da 
literatura. Monografia. (Trabalho de Conclusão de Curso) – Escola de Saúde do 
Exército, Programa de Pós-Graduação em Aplicações Complementares às 
Ciências Militares, Rio de Janeiro, 2008.

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