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Aprendendo e ensinando com ética 
A Unisul é uma universidade que tem como missão a educação e que tem a 
ética como valor fundamental. 
A ética é a ciência que estuda, analisa, reflete sobre o comportamento 
humano, sob o ponto de vista das noções de bem e de mal, de justo 
e injusto. Na universidade, a ética busca o adequado e o moralmente 
desejado no ambiente de ensino e aprendizagem que frequentamos e 
ajudamos a construir. 
Estamos na universidade porque não sabemos tudo, não nascemos e nunca 
estaremos prontos. Somos um “ser por fazer-se”, um projeto que cada um 
de nós realiza ao longo da vida. Para tanto, vemos-nos constantemente, 
diante de escolhas, possibilidades, caminhos. Construímos a nossa vida 
(nosso projeto) a partir das escolhas que fazemos. 
Para nós, educar é possibilitar escolhas! 
Eu, você, todos nós somos frutos das escolhas que fazemos ao longo da 
vida. É claro que nem todas as nossas escolhas são conscientes e livres. Mas 
podemos dizer que a nossa liberdade tem o tamanho das nossas escolhas. 
Escolhemos com consciência quando a escolha é acompanhada de um 
saber (con-scientia). E é isso o que buscamos na Universidade: um saber que 
acompanhe as nossas escolhas. Ter consciência (saber o que está escolhendo) 
é condição necessária para ser responsável. E a vida, vivida como um 
projeto, exige responsabilidade. 
O festejado sociólogo contemporâneo Zygmunt Bauman define a educação 
como provedora dos valores que orientam as opções dos sujeitos, como 
“um esforço institucionalizado para instruir os indivíduos na arte de usar 
sua liberdade de escolha, provendo os optantes de sinais de orientação, 
regras de conduta e, acima de tudo, de valores que orientem as opções” 
(BAUMAN, 2000). 
Quando escolhemos o que aprender e o que ensinar, como aprender e 
como ensinar, estamos escolhendo também o que desejamos ser e em que 
mundo nós queremos viver. 
Ninguém gostaria de viver num mundo feito de mentiras, não é mesmo? 
Muito pior é quando alguém mente para si mesmo. “Mentir pra si mesmo é 
sempre a pior mentira” diz Renato Russo, na música Quase sem querer. 
A responsabilidade exigida no ensinar e aprender como ato ético implica 
a coragem de ser o que realmente se é (realizar a sua essência – virtude, no 
sentido filosófico clássico). A universidade prima pela originalidade e ser 
original é ser você mesmo. 
Isso também exige de cada um de nós, acadêmicos, professores e 
colaboradores, atitudes de autenticidade e honestidade. 
Essas atitudes exigem em nossas atividades de docência e discência um 
sonoro não e uma condenação inequívoca ao plágio. 
Você sabe o que é plágio? 
Plágio é o ato pelo qual você se apropria indevidamente da obra intelectual 
de outra pessoa, assumindo a sua autoria (cf. Dicionário Aurélio). O plágio 
é falta de autenticidade, caráter e atitude. É antiético (ou mesmo imoral), é 
crime (cf. art. 184 do Código Penal). É mentir para si mesmo. É construir 
um projeto de vida e um mundo fundamentado na mentira, onde ninguém 
gostaria de viver. Ensinar e aprender com ética implica dizer não a qualquer 
forma de plágio. 
Nós somos seres morais, capazes do bem e do mal. Somos livres e 
responsáveis pelas nossas escolhas. É claro que vivemos num contexto 
em que a opção pelo bem tem se restringido aos interesses individuais, 
personificando-se no querer “se dar bem” a qualquer preço, mas ela pode ser 
alargada. Lembrando Aristóteles, “é muito mais digno e nobre desejar o 
bem para todos”. 
O bem para todos, na academia, é o respeito às ideias dos outros, à 
referência e à reverência ao conhecimento de tantos que, porque não tiveram 
medo de exercitar a originalidade, muito contribuíram para a evolução da 
ciência e ampliação dos saberes. O bem de todos constitui-se numa opção 
moral, numa opção de moralidade, de comportamento prático fundado na 
ética, e é preciso que, na Universidade, essa opção nos seja apresentada. 
Ensinar e aprender com ética é ato de fé em si mesmo e nos outros. Por 
isso, confie em você e tenha atitude – crie, invente, aconteça. Respeite os 
outros, as suas ideias, o pensamento, a produção intelectual, a autoria. 
Os recursos tecnológicos das comunicações e informações digitais com os 
quais contamos para a descoberta e produção dos conhecimentos devem ser 
usados de modo adequado e ético. O uso deles anuncia quem nós somos e 
em que mundo nós queremos viver. 
A educação é um ato de responsabilidade e, por isso, profundamente ético, 
revelador da nossa ética, revelador de quem realmente somos. Então, você 
que não é uma fraude, revele no seu jeito de ensinar e aprender o seu ser. 
Marciel Evangelista Cataneo
Coordenador do Curso de Filosofia da UnisulVirtual

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