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neurose e psicose

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PSICOPATOLOGIA GERAL
7º SEMESTRE
UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP
Professor: Flávio Rossi.
NEUROSE E PSICOSE
NEUROSE E PSICOSE (1924) FREUD
Num trabalho que publiquei recentemente, O Eu e o Id, ofereci uma divisão do aparelho psíquico que nos permite descrever uma série de relações de forma clara e compreensível. Em outros pontos, no que toca ao papel e à origem do Super-eu, por exemplo, restam bastantes coisas obscuras e não resolvidas. É lícito esperar que o que foi ali colocado se revele útil e proveitoso também para outras coisas, ainda que seja apenas para ver de uma nova maneira o já conhecido, classificá-lo diferentemente ou expô-lo de modo mais convincente. Tal aplicação poderia também significar um vantajoso retorno da teoria cinzenta para averdejante experiência.
Na obra mencionada caracterizei os múltiplos laços de dependência do Eu, sua posição intermediária entre o mundo exterior e o Id, e o seu empenho em fazer a vontade de todos os seus senhores ao mesmo tempo. Relacionada a um curso de pensamento vindo de outra parte, que dizia respeito à origem e prevenção das psicoses, ocorreu-me uma fórmula simples, que trata da diferença genética mais importante, talvez, que há entre neurose e psicose: a neurose seria o resultado de um conflito entre o Eu e seu Id, enquanto a psicose seria o análogo desfecho de uma tal perturbação nos laços entre o Eu e o mundo exterior.
É justificada a advertência de que convém desconfiar de soluções tão simples para um problema. Além disso, nossa expectativa máxima é que tal fórmula se mostre correta em linhas muito gerais. Mas isso já seria algo. Logo lembramos de toda uma série de percepções e achados que parecem apoiar nossa tese. As neuroses de transferência, conforme todas as nossas análises, surgem pelo fato de o Eu não querer aceitar e promover a efetivação motora de um impulso instintual poderoso no Id, ou de contestar o objeto a que ele visa. O Eu, então, defende-se dele através do mecanismo da repressão; o que é reprimido se revolta contra esse destino, criando, por vias sobre as quais o Eu não tem poder, um substituto que o representa, que se impõe ao Eu pela via do compromisso, o sintoma; o Eu vê ameaçada e prejudicada por esse intruso a sua unidade, dá prosseguimento à luta contra o sintoma, tal como se defendia originalmente do impulso instintual, e tudo isso resulta no quadro da neurose. Não constitui objeção que o Eu, ao efetuar a repressão, no fundo esteja seguindo as ordens do seu Super-eu, que, por sua vez, originam-se das influências do mundo externo real que acharam representação no Super-eu. Permanece o fato de que o Eu se pôs ao lado desses poderes, que nele as suas exigências têm mais forçado que as reivindicações instintuais do Id, e que o Eu é o poder que coloca em andamento a repressão a essa parte do Id e fortalece a repressão mediante o contra investimento da resistência. A serviço do Super-eu e da realidade, o Eu entrou em conflito como Id, e assim ocorre em todas as neuroses de transferência.
Por outro lado, será igualmente fácil, a partir do que até agora conhecemos sobre o mecanismo das psicoses, dar exemplos que apontam para um distúrbio na relação entre o Eu e o mundo exterior. No que Meynert chama de “amência” — uma confusão alucinatória aguda, talvez a mais extrema e impressionante forma de psicose —, o mundo exterior não é percebido de modo algum ou sua percepção não tem nenhum efeito. Pois normalmente o mundo exterior domina o Eu por duas vias: primeiro, pelas percepções atuais que sempre podem se renovar; depois, pelo acervo mnemônico de percepções anteriores, que, como “mundo interior”, constituem patrimônio e elemento do Eu. Na amência, não só é excluído o acolhimento de novas percepções, mas também é retirado o significado (investimento/catexia) do mundo interior, que até então representava o mundo exterior, como sua cópia; autonomamente o Eu cria um novo mundo exterior e interior, e não há dúvida quanto a dois fatos: de que esse novo mundo é edificado conforme os impulsos de desejo do Id, e de que o motivo dessa ruptura com o mundo exterior é uma difícil, aparentemente intolerável frustração do desejo por parte da realidade. Não podemos ignorar o íntimo parentesco entre essa psicose e o sonho normal. Mas a precondição para o sonho é o estado do sono, caracterizado, entre outras coisas, pelo total afastamento da percepção e do mundo externo.
Quanto a outras formas de psicose, as esquizofrenias, sabe-se que tendem a resultar no embotamento afetivo, isto é, na perda de todo interesse no mundo exterior. Sobre a gênese das formações delirantes, algumas análises nos ensinaram que o delírio é como um remendo colocado onde originalmente surgira uma fissura na relação do Eu com o mundo exterior. Se essa precondição, o conflito com o mundo externo, não é muito mais patente do que agora notamos, a razão para isso está no fato de no quadro clínico da psicose as manifestações do processo patogênico serem frequentemente cobertas por aquelas de uma tentativa de cura ou reconstrução.
A etiologia comum à irrupção de uma psiconeurose ou psicose é sempre a frustração, a não realização de um daqueles desejos infantis nunca sujeitados, tão profundamente enraizados em nossa organização filogeneticamente determinada. Tal frustração é, no fundo, sempre externa; em casos individuais pode vir daquela instância interior (no Super-eu) que se encarregou de representar as exigências da realidade. O efeito patógeno depende de que o Eu, nessa tensão conflituosa, continue fiel à sua dependência do mundo externo e procure amordaçar o Id, ou se deixe sobrepujar pelo Id e separar da realidade. Esta situação aparentemente simples, porém, é complicada pela existência do Super-eu, que, por um nexo ainda não esclarecido, reúne influências que vêm tanto do Id como do mundo externo, sendo como que um modelo ideal daquilo visado por todo o esforço do Eu, a conciliação de suas múltiplas dependências.
O comportamento do Super-eu deve ser levado em consideração, o que não se fez até agora, em todas as formas de doença psíquica. Podemos, no entanto, postular provisoriamente que tem de haverá fecções baseadas num conflito entre Eu e Super-eu. 
A análise nos dá o direito de supor que a melancolia é um exemplo típico desse grupo, e reivindicaríamos para esses distúrbios o nome de “psiconeuroses narcísicas”. E não destoa de nossas impressões que encontremos motivos para separar estados como a melancolia das outras psicoses. Percebemos, então, que pudemos completar nossa simples fórmula genética, sem abandoná-la. A neurose de transferência corresponde ao conflito entre Eu e Id, a neurose narcísica ao conflito entre Eu e Super-eu, a psicose àquele entre Eu e mundo exterior. É certo que não podemos logo dizer se realmente adquirimos novos conhecimentos ou se apenas aumentamos o nosso acervo de fórmulas; mas creio que esta possibilidade de aplicação deve nos animar a manter a sugerida divisão do aparelho psíquico em Eu, Super-eu e Id.
A afirmação de que neuroses e psicoses nascem dos conflitos do Eu com suas diferentes instâncias dominantes, isto é, correspondem a um fracasso da função do Eu, que evidentemente procura conciliar todas as diferentes reivindicações, pede uma outra discussão que a complemente. Gostaríamos de saber em que circunstâncias e por quais meios o Eu consegue sair, sem adoecer, de tais conflitos que sempre se acham presentes. Eis um novo âmbito de pesquisa, no qual certamente os mais diversos fatores se apresentarão para serem examinados. Dois deles podem ser imediatamente ressaltados. 
O resultado de todas essas situações dependerá, não há dúvida, da constelação econômica, das grandezas relativas das tendências em luta. E para o Eu será possível evitar a ruptura em qualquer direção, ao deformar a si mesmo, permitir danos à sua unidade, eventualmente até se dividir ou partir. Desse modo as incoerências, excentricidades e loucuras dos homens apareceriam numa luz semelhante à de suas perversões sexuais, cuja aceitação lhes permitepoupar a si mesmos repressões.
Por fim, há a questão de qual pode ser o mecanismo, análogo à repressão, mediante o qual o Eu se separa do mundo exterior. Acho que isso não pode ser respondido sem novas investigações, mas ele deve ter por conteúdo, como a repressão, uma retirada do investimento lançado pelo Eu.
A perda da realidade na neurose e na psicose
Freud começa o artigo mencionado que para uma neurose o fator decisivo seria a predominância da influência da realidade, enquanto para uma psicose esse fator seria a predominância do id. Na psicose a perda de realidade estaria necessariamente presente, ao passo que na neurose, segundo pareceria, essa perda seria evitada. Isso, porém, não concorda com a observação que todos nós podemos fazer, de que toda a neurose perturba de algum modo a relação do paciente com a realidade.
A contradição existe apenas enquanto mantemos os olhos fixados na situação de começo de neurose, quando o ego, a serviço da realidade, se dispõe à repressão de um impulso instintual. O afrouxamento da relação com a realidade é uma consequência do segundo passo na formação de uma neurose, e não deveria surpreender-nos que um exame detalhado demonstre que a perda da realidade afeta exatamente aquele fragmento de realidade, cujas exigências resultaram na repressão instintual ocorrida.
Incidentalmente a mesma objeção surge de maneira acentuada quando estamos lidando com uma neurose na qual a causa excitante (a “cena traumática”) é conhecida e onde se pode ver como a pessoa interessada volta as costas à experiência, e a transfere à amnésia.
Poderíamos esperar que, ao surgir uma psicose, ocorre algo análogo ao processo de uma neurose, embora, é claro, entre distintas instâncias na mente. Assim, poderíamos esperar que, também na psicose, duas etapas pudessem ser discernidas, das quais a primeira arrastaria o ego para longe, dessa vez para longe da realidade, enquanto a segunda tentaria reparar o dano causado e restabelecer as relações do indivíduo com a realidade às expensas do id. Aqui há, igualmente, duas etapas, possuindo a segunda o caráter de reparação.
O segundo passo, tanto na neurose quanto na psicose, é apoiado pelas mesmas tendências. Em ambos os casos, serve ao desejo de poder do id, que não se deixará ditar pela realidade. Tanto a neurose quanto a psicose são, pois, a expressão de uma rebelião por parte do id contra o mundo externo.
Portanto, a diferença inicial assim se expressa no desfecho final: na neurose, um fragmento da realidade é evitado por uma espécie de fuga, ao passo que na psicose, a fuga inicial é sucedida por uma fase ativa de remodelamento; na neurose, a obediência inicial é sucedida por uma tentativa adiada de fuga. Ou ainda, expresso de outro modo: a neurose não repudia a realidade, apenas a ignora; a psicose a repudia e tenta substituí-la.
Em uma psicose, a transformação da realidade é executada sobre os precipitados psíquicos de antigas relações com ela – isto é, sobre os traços de memória, as idéias e os julgamentos anteriormente derivados da realidade e através dos quais a realidade foi representada na mente.
Podemos construir o processo segundo o modelo de uma neurose com o qual estamos familiarizados. Nela vemos que uma reação de ansiedade estabelece sempre que o instinto reprimido faz uma arremetida para a frente, e que o desfecho do conflito constitui apenas uma conciliação e não proporciona satisfação completa.
Em ambas, a tarefa empreendida na segunda etapa é mal sucedida, uma vez que o instinto reprimido é incapaz de conseguir um substituto completo (na neurose) e a representação da realidade não pode ser remodelada em formas satisfatórias (não, pelo menos, em todo tipo de doença mental). A ênfase, no entanto, é diferente nos dois casos. Na psicose, ela incide inteiramente sobre a primeira etapa, que é patológica em si própria e só pode conduzir à enfermidade. Na neurose, por outro lado, ela recai sobre a segunda etapa, sobre o fracasso da repressão, ao passo que a primeira etapa pode alcançar êxito, e realmente o alcança em inúmeros casos, sem transpor os limites da saúde.
Uma neurose geralmente se contenta em evitar o fragmento da realidade em apreço e proteger-se contra entrar em contato com ele. A distinção nítida entre neurose e psicose é enfraquecida pela circunstância de que também na neurose não faltam tentativas de substituir uma realidade desagradável por outra que esteja mais de acordo com os desejos do indivíduo. Tanto na neurose quanto na psicose, o que interessa é, além da questão relativa a uma perda da realidade, outra que se refere a um substituto para a realidade.
BIBLIOGRAFIA
FREUD OBRAS COMPLETAS VOLUME 16 ”O EU E O ID,“AUTOBIOGRAFIA” E OUTROS TEXTOS (1923-1925).

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