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RESUMÃO DE CRIMINOLOGIA

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RESUMÃO DE CRIMINOLOGIA
PLANO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA (edição de 2014, publicado em 2015)
A cada 4 anos, conforme art. 64, I e II, da Lei de Execução Penal.
Quadro atual da Política Criminal – Crescimento contínuo da população carcerária, sem impacto na melhoria dos indicadores de segurança pública.
PARTE I - PORTA DE ENTRADA
Medida 1: Governança da política criminal e penitenciária.
Medida 2: Alternativas penais, com justiça restaurativa e mediação penal priorizadas.
Medida 3: Prisão Provisória sem abuso.
Medida 4: Implementação dos direitos das pessoas com transtornos mentais.
Medida 5: Redução do encarceramento feminino.
Medida 6: Reconhecimento do racismo como elemento estrutural do sistema punitivo.
Medida 7: A vulnerabilidade dos mais pobres ao poder punitivo.
Medida 8: Novo tratamento jurídico para os Crimes Contra o Patrimônio.
Medida 9: O impacto das “drogas”.
Medida 10: Defensoria Pública plena.
PARTE II – O SISTEMA
Medida 1: Adequação das medidas de segurança à reforma psiquiátrica.
Medida 2: Implantação do sistema nacional de alternativas penais.
Medida 3: Monitoração Eletrônica para fins de desencarceramento.
Medida 4: Fortalecimento da política de integração social no sistema prisional.
Medida 5: Ampliação da transparência, da participação social e do controle da execução penal.
Medida 6: Trabalhadores e metodologia prisional nacional.
Medida 7: Respeito à diversidade.
Medida 8: Condições do cárcere e tratamento digno do preso.
Medida 9: Gestão prisional e combate aos fatores geradores de ineficiência.
Medida 10: Egressos e política de reintegração social.
41% da população carcerária é de presos provisórios (INFOPEN/2014).
Os mecanismos de seleção dos processos de criminalização, desde a elaboração de leis até a atuação da polícia e do sistema de justiça, são influenciados por estereótipos e padrões que favorecem a inclusão de pessoas pobres no sistema carcerário.
A monitoração eletrônica integra a política penitenciária, sendo vedado o uso de seus dados para fins de investigação. Sua utilização visa o desencarceramento e deve respeitar a dignidade da pessoa monitorada, bem como buscar a sua inserção social.
Aplicação da monitoração como medida de desencarceramento, delimitando o público alvo e os casos de utilização, a partir dos seguintes critérios:
1. utilização como medida cautelar apenas nos casos em que as demais medidas não forem suficientes, evidenciando-se seu caráter subsidiário;
2. utilização como instrumento para possibilitar a conversão do regime semi-aberto em prisão domiciliar quando houver trabalho externo ou estudo, evitando o retorno diário ao estabelecimento e favorecendo a reintegração social;
3. não utilização em saídas temporárias, porquanto já aferido mérito do sentenciado;
4. não utilização no regime aberto;
5. utilização para evitar regressão do regime aberto para o semi-aberto;
6. utilização nas hipóteses de inexistência de vaga em estabelecimento de regime semi-aberto adequado, permanecendo o sentenciado no aberto;
7. vedar o uso dentro de estabelecimento prisional.
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RESOLUÇÃO CONJUNTA Nº 1, DE 15 DE ABRIL DE 2014 (CONSELHO NACIONAL DE COMBATE A DISCRIMINAÇÃO)
Art. 1º Estabelecer os parâmetros de acolhimento de LGBT em privação de liberdade no Brasil. Parágrafo único. Para efeitos desta Resolução, entende-se por LGBT a população composta por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.
Travestis: pessoas que pertencem ao sexo masculino na dimensão fisiológica, mas que socialmente se apresentam no gênero feminino, sem rejeitar o sexo biológico.
Transexuais: pessoas que são psicologicamente de um sexo e anatomicamente de outro, rejeitando o próprio órgão sexual biológico. 
Artigo 2º A pessoa travesti ou transexual em privação de liberdade tem o direito de ser chamada pelo seu nome social, de acordo com o seu gênero. Parágrafo único. O registro de admissão no estabelecimento prisional deverá conter o nome social da pessoa presa.
Art. 3º Às travestis e aos gays privados de liberdade em unidades prisionais masculinas, considerando a sua segurança e especial vulnerabilidade, deverão ser oferecidos espaços de vivência específicos. 
§ 1º Os espaços para essa população não devem se destinar à aplicação de medida disciplinar ou de qualquer método coercitivo. § 2º A transferência da pessoa presa para o espaço de vivência específico ficará condicionada à sua expressa manifestação de vontade. 
Art. 4º As pessoas transexuais masculinas e femininas devem ser encaminhadas para as unidades prisionais femininas. 
Parágrafo único. Às mulheres transexuais deverá ser garantido tratamento isonômico ao das demais mulheres em privação de liberdade. 
Art. 5º À pessoa travesti ou transexual em privação de liberdade serão facultados o uso de roupas femininas ou masculinas, conforme o gênero, e a manutenção de cabelos compridos, se o tiver, garantindo seus caracteres secundários de acordo com sua identidade de gênero.
Art. 6º É garantido o direito à visita íntima para a população LGBT em situação de privação de liberdade, nos termos da Portaria MJ nº 1190/2008 e na Resolução CNPCP nº 4, de 29 de junho de 2011. 
Art. 7º É garantida à população LGBT em situação de privação de liberdade a atenção integral à saúde, atendidos os parâmetros da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - LGBT e da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional - PNAISP. 
Parágrafo único - À pessoa travesti, mulher ou homem transexual em privação de liberdade, serão garantidos a manutenção do seu tratamento hormonal e o acompanhamento de saúde específico. 
Art. 8º A transferência compulsória entre celas e alas ou quaisquer outros castigos ou sanções em razão da condição de pessoa LGBT são considerados tratamentos desumanos e degradantes. 
Art. 9º Será garantido à pessoa LGBT, em igualdade de condições, o acesso e a continuidade da sua formação educacional e profissional sob a responsabilidade do Estado. 
Art. 10. O Estado deverá garantir a capacitação continuada aos profissionais dos estabelecimentos penais considerando a perspectiva dos direitos humanos e os princípios de igualdade e não-discriminação, inclusive em relação à orientação sexual e identidade de gênero. 
Art. 11. Será garantido à pessoa LGBT, em igualdade de condições, o benefício do auxílio-reclusão aos dependentes do segurado recluso, inclusive ao cônjuge ou companheiro do mesmo sexo.
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Segundo o CNJ (2018), o Brasil conta com 602.217 mil presos, sendo 95% homens e 5% mulheres.
O fato de as mulheres serem as pessoas que mais visitam presos e por elas se submeterem à revista íntima com maior frequência acaba por contribuir com o vertiginoso aumento do encarceramento feminino, em especial pelo crime de tráfico de drogas de pequena lesividade.
A maior causa para o aumento vertiginoso do encarceramento feminino, segundo o Infopen, são os crimes relacionados com o tráfico de drogas, que correspondem a 62% das incidências penais pelas quais as mulheres privadas de liberdade foram condenadas ou aguardam julgamento em 2016. Ou seja, três em cada cinco mulheres que se encontram no sistema prisional respondem por crimes ligados ao tráfico.
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Lei 13.271/2016: proíbe revista íntima de funcionárias e de clientes do sexo feminino
Apesar de a ementa falar que a Lei trata também sobre "revista íntima em ambientes prisionais", isto não é verdade porque o único dispositivo que versava sobre o tema (art. 3º) foi vetado pela Presidenteda República. Assim, a Lei só dispõe sobre revista íntima "funcionárias e de clientes".
Veja o texto legal:
Art. 1º As empresas privadas, os órgãos e entidades da administração pública, direta e indireta, ficam proibidos de adotar qualquer prática de revista íntima de suas funcionárias e de clientes do sexo feminino.
Revista íntima é aquela feita mediante a toque ou exposição dos órgãos genitais da pessoa revistada. O texto legal menciona apenas "funcionárias e de clientes do sexo feminino". No entanto, é óbvio que esta prática é proibida também em caso de funcionários e clientes do sexo masculino. O fato de a pessoa ser homem não significa que ela esteja sujeita à revista íntima vexatória.
Vale ressaltar que a revista pessoal continua sendo possível, desde que não seja "íntima". Assim, por exemplo, é possível a revista com o uso de equipamentos eletrônicos, detectores de metais, aparelhos de raio X, scanner corporal etc. É o caso, por exemplo, de um banco que utilize detectores de metal. Nestes casos, é possível a revista porque não há violação à dignidade da pessoa revistada.
Art. 2º Pelo não cumprimento do art. 1º, ficam os infratores sujeitos a:
I - multa de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) ao empregador, revertidos aos órgãos de proteção dos direitos da mulher;
II - multa em dobro do valor estipulado no inciso I, em caso de reincidência, independentemente da indenização por danos morais e materiais e sanções de ordem penal.
Apesar de a Lei não utilizar a expressão "até R$ 20.000,00", penso que é possível que haja uma gradação, de forma que este valor seja tido como um "teto". Isso porque viola o princípio da proporcionalidade que uma empresa com 1 funcionária que é submetida à revista íntima receba a mesma multa que uma outra que tenha 300 empregadas.
A multa pode ser aplicada tanto em sede administrativa (ex: Delegacia Regional do Trabalho) como também na esfera judicial (ex: ação civil pública proposta pelo MPT).
Além da multa, os infratores também poderão estar sujeitos à:
• indenização por danos morais e materiais;
• responsabilização criminal por eventuais delitos praticados (ex: estupro por conta de atos libidinosos perpetrados durante a revista íntima).
Apesar de a indenização e a responsabilização só estarem descritas no inciso II do art. 2º da Lei, é certo que elas também poderão ser aplicadas desde a primeira vez que o infrator praticar a revista íntima. Em outras palavras, não é necessário que o infrator seja reincidente (inciso II) para que possa ser condenado por danos morais e materiais ou que possa ser processado criminalmente. Ainda que não houvesse o inciso II, o transgressor poderia ser condenado a ressarcir e poderia responder por crime. Isso porque tais sanções não decorrem da Lei nº 13.271/2016 já existindo antes mesmo de sua edição. A única novidade da Lei nº 13.271/2016 foi ter previsto a multa.
Art. 3º (VETADO).
Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Revista íntima em presídios
É possível a revista íntima em presídios?
Sobre o tema, existem duas correntes:
1ª) Sim, é possível com base em uma ponderação de interesses já que existe uma necessidade de que seja controlada a entrada de produtos proibidos nos presídios, em especial drogas e armas, de forma que imperativos de segurança pública autorizariam a medida, desde que tomadas certas cautelas, como o fato de que esta revista, se feita em mulheres, deverá ser realizada por agentes públicos do sexo feminino.
2ª) Não. A revista íntima é vexatória e atenta contra a dignidade da pessoa humana.
A Lei nº 13.271/2016 tratava timidamente sobre o tema no seu art. 3º, adotando o raciocínio exposto na primeira corrente acima. Veja o que previa o dispositivo:
Art. 3º Nos casos previstos em lei, para revistas em ambientes prisionais e sob investigação policial, a revista será unicamente realizada por funcionários servidores femininos.
Ocorre que este art. 3º foi vetado pela Presidente da República com base na seguinte justificativa:
"A redação do dispositivo possibilitaria interpretação no sentido de ser permitida a revista íntima nos estabelecimentos prisionais. Além disso, permitiria interpretação de que quaisquer revistas seriam realizadas unicamente por servidores femininos, tanto em pessoas do sexo masculino quanto do feminino."
Percebe-se, portanto, que o principal objetivo do veto foi o de evitar que a Lei passasse a adotar expressamente a 1ª corrente. Isso porque se o art. 3º permanecesse estaria autorizada, por lei federal, a revista íntima em presídios, desde que feita por servidora do sexo feminino.
Com o veto, a questão continua sem disciplina expressa na legislação federal.
Os partidários da 1ª corrente permanecerão sustentando que é possível com base na ponderação de interesses. Os filiados à 2ª corrente, por sua vez, afirmarão que o veto é mais uma demonstração inequívoca de que é proibida a revista íntima nos presídios.
Alguns Estados editaram leis estaduais proibindo as revistas íntimas. Em outros locais, a medida é proibida por força de decisões judiciais em ações civis públicas propostas pela Defensoria Pública ou pelo próprio Ministério Público.
Vale ressaltar, mais uma vez, que revista íntima não é sinônimo de revista pessoal. Não há dúvidas de que a revista pessoal é permitida, se não for íntima. É o caso, por exemplo, da utilização de scanners corporais ou detectores de metais, que são exemplos de revista pessoal, mas não íntima.
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RESUMO TEÓRICO
(RDP) Segundo a doutrina, a criminologia pode ser conceituada como ciência empírica e interdisciplinar responsável por subministrar elementos para compreender e enfrentar o fenômeno criminoso. Assim, a criminologia pode ser definida como uma ciência autônoma, interdisciplinar e empírica.
A criminologia é uma ciência empírica porque é baseada na observação e na experiência (indução), se aproximando do objeto de investigação e da realidade para melhor compreendê-la, sendo uma ciência fática. Os criminólogos partem de dados para induzirem as correspondentes conclusões.
A criminologia é uma ciência do “ser”, empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito, que é uma ciência do “dever-ser”, portanto normativa e valorativa.
Como ciência empírica e experimental que é, a criminologia utiliza-se da metodologia experimental, naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não sendo suficiente, no entanto, para delimitar as causas da criminalidade. Por consequência disso, busca auxílio dos métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico.
	MÉTODO EMPÍRICO (Positivo)
	MÉTODO DEDUTIVO (Clássico)
	É indutivo, baseado na observação direta da realidade.
	É abstrato, formal, lógico, dogmático, baseado na especulação e dedução.
- Parte de premissas supostamente corretas para deduzir delas as oportunas consequências.
	Método da criminologia (ciência do ser).
	Método do Direito (ciência do dever ser), normativa, valorativa.
	Ocupa-se de fatos irrelevantes para o Direito Penal (como a esfera social do infrator, as cifras ocultas e condutas atípicas).
	O direito traz uma imagem fragmentada, seletiva e valorada da realidade criminal. Só se interessa pela conduta típica.
	A criminologia se ajusta a um sistema de expectativas cognitivas (conhecimento da realidade) que responde ao código verdadeiro-falso (o que tem relação afetiva com a gênese do delito e o que não tem).
	O direito penal constitui um sistema de expectativas normativas que segue o código lícito-ilícito.
Atualmente o objeto da criminologia está dividido em quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social. Atualmente, uma vez que conforme vimos acima, na criminologia tradicional a vítima e o controle social não integravam a criminologia enquanto objeto de estudo.
	
	CONCEITO TRADICIONAL
	CONCEITOMODERNO
	OBJETO
	Estudo do crime e do delinquente
	Incorpora o estudo da vítima e do controle social
	ORIENTAÇÃO
	Orientação repressiva
	Orientação “prevencionista”
	INTERVENÇÃO
	Tratamento do criminoso
	- Intervenção no cenário do crime
- Delito nasce na comunidade e deve ser enfrentado no âmbito da comunidade
	PARADIGMA
	Análise etiológica: estuda as causas/raízes da criminalidade
	Análise dos modelos de reação ao delito (processos de criminalização), sem renunciar à análise etiológica do crime
A criminologia não aceita o conceito sociológico de crime como uma conduta desviada, que foge ao comportamento padrão de uma comunidade. Para a criminologia, o crime NÃO é um conceito ontológico! Quando falamos que o crime é um conceito ontológico, estamos dizendo que por sua própria natureza aquela conduta é uma conduta má! É como se estivéssemos afirmando que todas as condutas previstas como crime são coisas naturalmente maléficas, por sua própria natureza. Quando dizemos que o crime não é um conceito ontológico, estamos dizendo que aquela conduta não é algo mal em si, em sua essência, mas foi tida, em determinado momento-temporal, local e sociedade como algo que deve ser taxado como crime. A relatividade do conceito de delito é patente na criminologia, que o observa como um problema social.
Importante destacar que a criminologia moderna, sobretudo após a década de 60, a partir da mudança de paradigma que superou a perspectiva etiológica – preocupação com causa da criminalidade – passou a ser mais complexa, questionando qual o critério que faz com que algumas condutas sejam consideradas crimes e outras não.
Perspectiva Etiológica – quando falamos em etiologia, estamos falando do estudo das causas de um determinado fenômeno. Assim, a criminologia etiológica se preocupa com o crime enquanto um fenômeno decorrente de uma causa específica. Busca tratar de explicar a origem da delinquência (origem do crime), explicando as causas deste segundo um método científico ou experimental. Para isso fazer sentido, o crime é concebido como um fenômeno natural, causalmente determinado. Portanto, se aproxima muito de um crime como conceito ontológico. A criminologia moderna se afastou do paradigma etiológico, ou seja, superou a ideia de pensar que é possível encontrar uma causa determinante para o crime, e, assim, ser capaz de prever os remédios para combatê-lo. Mas, durante muito tempo – e de suma importância para muitas escolas que iremos estudar – o paradigma etiológico direcionou o estudo da criminologia. Então, na criminologia clássica, o que se buscava era encontrar a origem – causa – do crime. Pensou-se que erradicando a causa se eliminaria o efeito, como se fosse suficiente fechar as maternidades para o controle de natalidade. Na criminologia moderna, crime, portanto, é o que se define como crime pelos poderes estabelecidos – paradigma definitorial, substituindo o etiológico – em razão de reconhecer que há uma natureza conflituosa da ordem social. Crime é aquilo que se define (por isso, definitorial) como crime!
	ESCOLA CLÁSSICA
	Ser humano é visto como algo sublime – Ideal do ser humano como centro do universo e senhor absoluto de si mesmo e de seus atos – o livre arbítrio
	
	Imagem abstrata e ideal do homem
	
	Dogma da liberdade e da igualdade de todos os homens – Princípio da Equipotencialidade: não há diferenças qualitativas entre o criminoso e não criminoso.
	
	O comportamento criminoso é atribuído ao mau uso da liberdade. Criminoso é um pecador que optou pelo mal e merece ser punido.
- Livre arbítrio fundamenta a culpabilidade, a reprovabilidade da conduta e a imposição da pena.
	
	Protagonismo do estudo do crime e da lei
	POSITIVISMO CRIMINOLÓGICO
	Nega o livre arbítrio. Criminoso é um animal selvagem e perigoso, portador de uma doença (determinismo biológico), ou de processos causais alheios (determinismo social),
	
	Imagem concreta do homem, semelhante a algo químico ou matemático
	
	Princípio da diversidade do criminoso – sujeito qualitativamente distinto do honrado que cumpre a lei.
- Teoria do bem e do mal (construção do “outro”).
	
	O criminoso não é culpável. Sua periculosidade é que fundamenta uma intervenção estatal – a imposição de uma medida de segurança.
	
	Protagonismo máximo do estudo do criminoso.
	FILOSOFIA CORRECIONALISTA
	Imagem pedagógica e paternalista sobre o criminoso. Criminoso é associado ao menor de idade, inválido ou fraco socialmente ou mentalmente.
	
	Imagem de um ser carente de emenda.
	
	Criminoso é um ser inferior, deficiente e incapaz de dirigir por si mesmo a sua vida. Sua débil vontade requer uma eficaz e desinteressada intervenção tutelar do Estado.
	MARXISMO
	Atribui a responsabilidade do crime a determinadas estruturas econômicas, de maneira que o criminoso se torna mera vítima daquelas.
	
	Criminoso é fruto das desigualdades sociais.
	CRIMINOLOGIA MODERNA
	O delinquente é examinado como unidade biopsicossocial, e não de uma perspectiva biopsicopatológica – os elementos biológicos, psicológicos e sociais ajudam a entender a conduta, mas não são determinantes de forma absoluta (fim da relação causa-efeito do paradigma etiológico).
	
	Normalidade do criminoso.
	
	Estudo do criminoso passa a segundo plano, como uma superação dos enfoques individualistas em atenção aos objetivos político-criminais.
A criminologia geral consiste na sistematização, comparação e classificação dos resultados obtidos no âmbito das ciências criminais acerca do crime, criminoso, vítima, controle social e criminalidade. A criminologia clínica consiste na aplicação dos conhecimentos teóricos daquela para o tratamento dos criminosos. 
VÍTIMA:
A vitimologia se ocupa da vítima e da vitimização, cujo objeto é a existência de menos vítimas na sociedade. Ela se subdivide em vitimologia tradicional e vitimologia crítica.
A vitimologia tradicional pode ser traduzida pela responsabilidade compartilhada do autor e da vítima pela ocorrência do delito, identificando a parcela de responsabilidade da vítima na ocorrência do crime (Exemplo: art. 59 do CP - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime), o que embasa as teorias criminológicas da oportunidade.
Já a vitimologia crítica se caracteriza por investigar a construção social e estereótipos e papéis, bem como por denunciar a seletividade dos processos de vitimização. 
Processos de vitimização:
- VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA = fato-crime e danos diretamente decorrentes;
- VITIMIZAÇÃO SECUNDÁRIA OU SOBREVITIMIZAÇÃO = contato com o sistema de justiça e a inevitável violação de direitos que dele segue. Causada pelos órgãos formais de controle social, ao longo do processo de registro e apuração do delito, mediante o sofrimento adicional gerado pelo funcionamento do sistema de persecução criminal;
-VITIMIZAÇÃO TERCIÁRIA = processos de estigmatização por parte da própria comunidade em relação à vítima. Um exemplo disso é quando ocorre a falta de amparo da família, dos colegas de trabalho e dos amigos, e da própria sociedade que não acolhem a vítima, incentivando-a a não denunciar o delito às autoridades, colaborando para que ocorra o que se chama de cifra negra.
Registre-se que dentre os movimentos que defendem o resgate da importância da vítima está o da Justiça restaurativa.
CONTROLE SOCIAL:
	CRIMINOLOGIA POSITIVISTA
	LABBELING APPROACH
	Paradigma etiológico (investiga as causas da criminalidade)
	Paradigma do Controle (investiga os processos de criminalização)
	- Polarizada em torno da pessoa do criminoso
- Conferiu pouca importância e atenção aos problemas do controle social
	- Estudo do controle social ganha prioridade
	- Visão consensual e harmônica da ordem social
- Não questiona as definições legais porque admitem que encarnam os interesses gerais
	- A criminalidade não tem natureza ontológica (essencial),senão definitorial
	O controle social apenas reage ao crime previamente cometido
	- O controle social não se limita a detectar a criminalidade e a identificar o infrator, mas antes cria a criminalidade
- O criminoso é fruto de um processo de rotulação, de etiquetamento social. Não há crime se a conduta não é rotulada como criminosa. O desviante (termo utilizado pelo labelling, já que o crime não existe por si só) interage, se identifica com o rótulo de criminoso e assume a identidade criminógena, reincidindo.
	- Dogma da igualdade perante a leitores
- O noticiante, a polícia, o processo penal e os outros elementos são concebidos como meras correias de transmissão que aplicam fielmente a vontade da lei de forma objetiva
	- Nem a lei é expressão dos interesses gerais e nem o processo de sua aplicação à realidade respeita o dogma da igualdade e dos cidadãos. Os agentes do controle social formal não são meras correias de transmissão da vontade geral, senão filtros seletivos e discriminatórios guiados pelo critério do status social do criminoso, que perpetuam as estruturas de dominação de uma sociedade injusta e desigual. *
	A população reclusa, em consequência, oferece uma amostra confiável e representativa da população criminal (real)
	- A população penitenciária, subproduto final do funcionamento discriminatório do sistema legal, não representa a população criminosa real – nem qualitativa nem quantitativamente.
- O fato de haver mais pobres do que ricos na cadeia não significa que os primeiros cometam mais crimes, mas que o controle social se orienta prioritariamente para as classes sociais mais oprimidas.
A distinção entre o controle social formal e o informal é possível de ser verificada apenas em uma perspectiva moderna, ou seja, na análise feita pela criminologia crítica. Vejamos as principais distinções:
	
	CONTROLE SOCIAL INFORMAL
	CONTROLE SOCIAL FORMAL
	AGENTES
	Família, escola, religião, clubes recreativos, opinião pública etc.
	Polícia, Ministério Público, Poder Judiciário, administração penitenciária
	MOMENTO
	Disciplina o indivíduo por meio de um largo e sutil processo de socialização, interiorizando ininterruptamente no indivíduo as pautas e conduta.
	Entra em funcionamento quando as instâncias informais de controle falham.
	ESTRATÉGIAS
	Distintas estratégias (prevenção, repressão, ressocialização etc.) e diferentes modalidades de sanções (positivas, como recompensas, e negativas, como punições).
	Atua de modo coercitivo (violento) e impõe sanções mais estigmatizantes, que atribuem ao infrator da norma um singular status (de desviado, perigoso ou delinquente)
	EFETIVIDADE
	- Costuma ser mais efetivo, porque é ininterrupto e onipresente, o que ajuda a explicar os níveis mais baixos de criminalidade nas pequenas cidades do interior, onde é mais forte.
- O atual enfraquecimento dos laços familiares e comunitários explica em boa medida a escassa confiança depositada na sua efetividade.
	- A eficaz prevenção do crime não depende tanto da maior efetividade do controle social formal, senão da melhor integração do controle social formal e informal.
- O controle razoável e eficaz da criminalidade não pode depender exclusivamente da efetividade das instâncias do controle social, pois a intervenção do sistema legal não incide nas raízes do delito*.
	* CIFRA NEGRA/CIFRA OCULTA: corresponde ao índice de subnotificação de crimes às autoridades estatais. O incremento de taxa de criminalidade registrada não significa, necessariamente, um fracasso do controle social formal, tampouco seu sucesso, pois o incremento das taxas de criminalidade registrada não pode ser interpretado, sem mais, como um incremento correlativo da criminalidade real. (Obs.: utilize de preferência o termo cifra oculta).
- Mais leis, mais penas, mais policiais, mais promotores, mais juízes, mais prisões significam mais presos. Mas, não significa menos crimes.
	Cifra Negra ou Oculta
	Refere-se à porcentagem de crimes não solucionados ou punidos, à existência de um significativo número de infrações penais desconhecidas "oficialmente". É a “mãe” de todas as cifras.
	Cifra Cinza
	Trata-se dos crimes que chegam ao conhecimento da autoridade policial, entretanto não prosperam na fase processual por serem solucionados na própria Delegacia (conciliação das partes ou desistência da própria vítima).
	Cifra Dourada
	Trata-se especificamente da criminalidade cometida pelas classes privilegiadas, referindo-se também a expressão “crimes de colarinho branco”. Como exemplo pode-se citar crimes como: sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, crimes eleitorais.
	Cifra Verde
	Dizem respeito aos crimes ambientais que não chegam ao conhecimento das autoridades.
	Cifra Amarela
	São os crimes cometidos por funcionários públicos, onde geralmente a vítima deixa de denunciar o fato às autoridades competentes por medo de represálias.
	Cifra Rosa
	Tratam-se dos crimes com viés homofóbico.
	Cifra Azul
	Contrapõem-se aos chamados “crimes do colarinho branco”, dizem respeito aos pequenos crimes comuns praticados por pessoas economicamente desabastadas e se verifica como uma alusão aos macacões azuis utilizados nas fábricas dos Estados Unidos.
Na escola clássica, “o crime vale a pena!” - Ou seja, quem comete o crime faz um cálculo (racional, tipo virginiano com ascendente e lua em virgem) e verifica se o proveito que vai ter com determinado crime (sim! Ele sabe que aquilo é um crime) é tão proveitoso que pode correr o risco de sofrer uma pena. Trata-se de um pensamento derivado do utilitarismo, hoje em dia um pouco esquecido, em que se defende a ideia de que as ações humanas devem ser julgadas conforme tragam mais ou menos prazer ao indivíduo e contribuam ou não para maior satisfação do grupo social.
#COMPLICANDO: A pena, segundo Hegel, é a negação da negação do direito. OI? Veja bem. Existe o direito. Quem comete um crime, viola o direito. Portanto, esta pessoa está negando o direito. Como reparar isso? Negando o que essa pessoa fez! Ao negar o que a pessoa fez (que foi negar o direito) é possível se reestabelecer a ordem. Matematicamente, duas negações geram uma afirmação. Daí que a pena (afirmação) é a negação da negação do direito!
CAIU NA DPE-SC-2017-FCC: “A criminalização secundária do racismo no Brasil conseguiu reverter o quadro histórico do preconceito na sociedade brasileira”. ERRADO.
CAIU NA DP-DF-2019-CESPE: “A criminologia classifica como vitimização secundária a coisificação, pelas esferas de controle formal do delito, da pessoa ofendida, ao tratá-la como mero objeto e com desdém durante a persecução criminal”. CORRETO. 
IMPORTANTE SABER: Você já ouviu falar em política criminal atuarial? Diferente da doutrina clássica de justificação da pena seguida, a política criminal atuarial passa a “utilizar a pena criminal para o sistemático controle de grupos de risco mediante neutralização de seus membros salientes, isto é, a gestão de uma permanente população perigosa, pelo menor preço possível.” (DIETER, 2013, p. 100). 
CAIU NA DPE- PR-2017-FCC: “A política criminal atuarial indica que os presos devem ser organizados de acordo com seu nível de risco”. CORRETO.
VITIMIZAÇÃO – é o processo de ofensa física ou moral à vítima.
VITIMOLOGIA – é a disciplina científica que auxilia o Direito Penal.
CAIU NA DP-DF-2019-CESPE: “A prevenção primária do delito ocorre por meio de implementação de medidas efetivas voltadas à ressocialização do apenado”. ERRADO. 
JUSTICATIVA DA BANCA: “A prevenção primária ocorre com implementação de políticas públicas, ao passo que a prevenção terciária ocorre por meio de ações direcionadas ao próprio apenado, na fase de execução da pena.” 
CAIU NA DP-DF-2019-CESPE: “A prevenção terciária do delito aponta suas diretrizes ao efetivo implemento das políticas sociais pelo estado social de direito, que consiste na adoção de medidas mais eficazes de prevenção ao delito”. ERRADO.
JUSTIFICATIVA DA BANCA: “A prevenção PRIMÁRIA, e não terciária, do delito aponta suas diretrizes ao efetivo implemento das políticas sociaispelo estado social de direito, consistindo em medidas mais eficazes de prevenção ao delito”. 
	PROGRAMAS DE PREVENÇÃO
	
	PRIMÁRIA
	SECUNDÁRIA
	TERCIÁRIA
	CARACTERÍSTICA PRINCIPAL
	Combate as causas, a raiz do crime – prevenção etiológica.
	Estratégias de prevenção de natureza mais situacional que etiológica (não combate a raiz do crime, mas o impede de se manifestar em determinadas situações).
	Prevenção especial do delito (ressocialização do criminoso).
	MOMENTO
	Atua antes de o crime ser gerado.
	Não atua quando nem onde a vontade de praticar um crime se produz, senão quando e onde se manifesta ou exterioriza.
	A mais distante das raízes do crime.
Opera no âmbito penitenciário.
	DESTINATÁRIO
	Todos os cidadãos.
	Se orienta seletivamente aos grupos que ostentam maior risco de sofrer ou protagonizar um crime.
	O recluso (população encarcerada).
	INSTRUMENTOS UTILIZADOS
	Política cultural, econômica e social (educação e socialização, casa, trabalho, bem-estar social, qualidade de vida).
Intervenção comunitária, e não mera dissuasão penal (intimidação).
	Política legislativa penal, ação policial.
Instrumentos não penais que alteram o cenário criminal modificando alguns dos elementos do mesmo (espaço físico, desenho arquitetônico, urbanístico, atitudes de vítimas, efetividade policial etc.).
	Programas reabilitadores, ressocializações e de inclusão.
	FIM PERSEGUIDO
	Neutralizar as causas da criminalidade.
	Efeito dissuasório indireto.
Pretende-se colocar obstáculos de todo tipo ao criminoso no processo de execução do plano criminal, mediante uma intervenção seletiva no cenário do crime que encarece os custos deste para o criminoso (ex.: incremento do risco, diminuição dos benefícios etc.).
	Evitar a reincidência.
Prevenção do delito no Estado Democrático de Direito:
– Prevenção: conjunto de ações destinadas a evitar a prática de delitos. A orientação prevencionista prevalece no Estado Democrático de Direito, assim, neste espaço busca-se a prevenção eficaz ao invés da punição. Estuda-se os fatores inibidores e estimulantes da criminalidade para a elaboração de programas prevencionistas. Desemprego, miséria, falta de assistência social, desigualdade, corrupção, etc., são fatores que estimulam o fenômeno criminal, enquanto o trabalho, educação, saúde, democracia, igualdade de oportunidades, enfim, justiça social, consubstanciam elementos recalcitrantes da conduta delitiva. Duas espécies de medidas são adotadas para se alcançar esta finalidade.
– Medidas indiretas: atuam sobre as causas do delito, como melhorias nas condições de vida da população.
– Medidas diretas: incidem diretamente sobre o próprio delito, como a pena, regime prisional etc.
 Prevenção primária – Programas destinados criar os pressupostos aptos a neutralizar, e inibir as causas da criminalidade, como educação, e socialização (enfoque etiológico). Incide sobre a origem do problema; qualidade de vida, distribuição de renda, desigualdades, e justiça social. Diz respeito aos instrumentos preventivos de médio a longo prazo.
Prevenção secundária – Atua em momento posterior ao delito ou em sua iminência. Conduz sua atenção para o momento e local em que fenômeno da criminalidade se revela, orientando-se pelos grupos que apresentam o maior risco de sofrer ou praticar o delito. Examina os setores da sociedade que podem sofrer com a criminalidade, e não o indivíduo propriamente dito, estando relacionada com a ação policial, programas de apoio, controle das comunicações, dentre outros instrumentos seletivos de curto a médio prazo.
Prevenção terciária – Recai sobre a população carcerária através de programas destinados a prevenir a reincidência. Sua realização se dá por meio de medidas sócio-educativas, liberdade assistida, prestação de serviços comunitários, etc. Programas de atenção aos egressos podem servir de exemplo da prevenção terciária.
(Perito/SP – 2013) As melhoras da educação, do processo de socialização, da habitação, do trabalho, do bem-estar social e da qualidade de vida das pessoas de uma determinada comunidade são elementos essenciais de um programa de prevenção: PRIMÁRIA.
O Estado, no momento que opera o seu exercício punitivo, buscará discursos os quais justifiquem esse exercício punitivo. Portanto, quando é pensado em controle social por parte desses fatores formais, também pensa-se nas teorias que fundamentam e legitimam a aplicação da pena privativa de liberdade e de outras consequências penais. 
Quando se discute acerca de funções da pena, essas são anunciadas a partir das teorias legitimadoras, isto é, teorias as quais buscam a criação de discursos que inspirem, justifiquem e de alguma maneira deem fundamento para justificar a pena privativa de liberdade de outras consequências punitivas. As teorias das penas desdobram-se em: 
1) Teorias Absolutas: São denominadas absolutas em razão compreendem a pena como um fim em si mesma, não estando associada em nenhuma utilidade social, ou seja, não se pune para algo, sim pelo fato de ter de punir. Nesse caso, a pena é pensada como castigo, como serventia para retribuição, onde se o criminoso causa um mal para a sociedade este receberá do estado uma pena (mal) proporcional. 
2) Teorias Relativas: Nessa teoria, as penas servem para prevenção e é justificada como uma utilidade social. A prevenção se subdivide em Prevenção Geral, como o próprio nome indica, essa prevenção é voltada para a sociedade, ou seja, a justificativa para a pena privativa de liberdade ocorre a partir da análise da sociedade. As teorias de prevenção se ramificam também em Prevenção Geral Positiva, teoria a qual determina que a pena privativa de liberdade se legitima em razão de quando um indivíduo sofre a pena, a sociedade aprende o conjunto de normas os quais irão compor aquele meio social. A partir desse conhecimento estará se reafirmando a validade da norma violada. A ideia da prevenção geral positiva é a punição do criminoso para o fim de reafirmação da validade da norma violada, que permitirá por parte da sociedade o conhecimento das normas. Há também a Prevenção Geral Negativa. Nesse caso, prende-se o indivíduo criminoso para intimidar, temorizar a sociedade, ou seja, a pena funciona como um instrumento de temorização social. Vale ressaltar a teoria que reside na prevenção geral negativa que é a coação psicológica. 
Teoria da Coação Psicológica (Feuerbach): A pena privativa de liberdade funcionava como um instrumento de coação psicológica e intimidação, portanto, a pena seria um instrumento eficiente no sentido de dissuadir os indivíduos a praticarem comportamentos criminosos. 
Prevenção Especial: Fundamentarão e justificarão a pena privativa de liberdade a partir do próprio indivíduo (sujeito apenado) que cumpre a pena privativa de liberdade. Da mesma forma que a prevenção geral a prevenção especial se desdobra em duas vertentes. A Prevenção Especial Positiva, em que prisão do indivíduo criminoso é justificada para o seu próprio bem e sua própria ressocialização. Atualmente, o Estado costuma tratar com esse conceito. Bem como há a Prevenção Especial Negativa, consistindo na prisão do apenado ocorrer para que enquanto estiver preso não pratique novos delitos, uma vez que esse resta-se neutralizado. Essa é uma teoria prevencionista, a qual se volta na neutralização do indivíduo enquanto ele está cumprindo a pena.
Ainda no âmbito dos discursos legitimadores, há as teorias mistas ou ecléticas, as quais combinarão as diferentes funções da pena, todas elas no intuito de legitimar a aplicação da pena privativa de liberdade.
Teorias Mistas/ecléticas: Para essas teorias, a pena cumprirá mais de uma função. O art. 59 do Código Penal é um exemplo de norma eclética e determina que: Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime. 
Dessa forma, percebe-se que o CódigoPenal Brasileiro combina tanto elementos da teoria absoluta (reprovação) como da teoria relativa (prevenção), adotando a teoria eclética no tratamento da finalidades supostamente cumpridas pela pena privativa de liberdade. 
Vale ressaltar ainda o pensamento de Claus Roxin, sendo que este é legitimador da pena privativa de liberdade, há, portanto, a denominada Teoria Dialética Unificadora. Para Roxin, a pena cumpre diferentes funções e essas estarão associadas a momentos e estágios diferenciados da pena privativa de liberdade, ou seja, diferentes fases da pena cumprem diferentes funções. Todas essas funções diversificadas cumpridas pela pena privativa de liberdade devem ser funções preventivas, e no momento que Roxin analisa as diferentes fases e estágios como pena cominada pelo legislador, que é o momento da previsão do delito e a pena. A pena cominada está prevista abstratamente em lei, e exercerá uma função de prevenção geral, não estando voltada especificamente para algum sujeito, sim para a coletividade, a sociedade como um todo. Quando se comina uma pena para uma determinada infração, o limite está na proporcionalidade, uma vez que o legislador busca criar uma relação de proporção entre o delito que está sendo previsto e a pena para este. A pena aplicada pelo juiz, nesse estágio, já estará cumprindo a função de prevenção especial. Há o limite na culpabilidade visto o grau de reprovabilidade daquela conduta específica. Portanto, quanto mais culpável a conduta maior será a pena efetivamente aplicada.
Quanto a pena executada, já estará cumprindo a função de prevenção especial. Nesse caso, ela encontrará limite na humanidade (princípio da humanidade ou da humanização) das penas, sendo que não se pode, em nome da prevenção, tomar qualquer medida. 
Diferentemente das teorias legitimadoras, a Teoria Agnóstica da Pena é elaborada pelo argentino Zaffaroni, considerada como uma teoria deslegitimadora. É denominada agnóstica em razão de que não há nenhuma função para a pena privativa de liberdade que seja perceptível e visível no campo racional. A pena, nesse caso, sempre traduzirá um ato de violência, visto que na sua própria essência é um ato violento, uma vez que privar alguém de sua liberdade é sempre um ato de violência e o Estado nunca encontrará um fundamento razoável e racional para explicar tal privação. E é justamente pelo fato de não ser passível de conhecimento é que a sua aplicação deve ocorrer de maneira parcimoniosa. Zaffaroni não chega a ser um autor totalmente abolicionista, porém enunciará o denominada minimalismo penal, deixando a aplicação da pena privativa de liberdade apenas ao pequeno grupo que traduz a necessidade do Estado de agir dessa forma.
Teoria Agnóstica da Pena - Para essa teoria, a pena apenas cumpre a função de degenerar aqueles que são a ela submetidos, já que haveria uma comprovação empírica quanto à impossibilidade de ressocialização. A concepção de que a pena teria funções de (i) retribuição e (ii) prevenção – geral e especial – seria uma falácia, servindo em verdade para objetivos ocultos. É uma teoria agnóstica das funções reais da pena. Conforme aponta Juarez Cirino, a referida teoria parte da ideia de que a pena seria em verdade um ato de poder político, com fundamentos similares, juridicamente, à guerra declarada, refutando as funções de mera retribuição e prevenção.
O conceito de pena não é um conceito jurídico, mas sim um conceito político, tal qual o é o da guerra. Afastando essa “legitimidade jurídica” e aproximando a pena da ideia de ato de poder político, os seus defensores intentam conter o poder punitivo com a potencialização de um estado democrático, já que haveria margem de, politicamente, desenvolver políticas (pleonasmo intencional) públicas calcadas no humanismo.
A pena deve ser instrumento de negação da vingança, lida como limitação ao poder punitivo. Não há negativa do Estado Policial e tampouco no Estado de Direito. Ambos coexistem e são necessários (não se trata de uma teoria abolicionista). Pela Teoria Agnóstica da Pena, há a ideia de restringir o primeiro e maximizar o segundo.
(EMAGIS) Para Roxin, a finalidade principal da pena é a prevenção geral, enquanto que Gunther Jakobs a finalidade da pena não é prevenção geral negativa de bens jurídicos ou a prevenção especial, mas a própria reafirmação da norma e tutela do ordenamento jurídico. Gabarito: CERTO.


Para a teoria dialética unificadora de Claus Roxin, a finalidade precípua do Direito Penal é a prevenção geral dos crimes, como forma de proteção subsidiária dos bens jurídicos, que se realiza em três momentos: cominação da pena, a individualização judicial e a respectiva execução. Prevenção geral porque fim da norma penal é essencialmente dissuadir as pessoas do cometimento de delitos e consequentemente atuarem conforme o direito; subsidiária, porque o direito penal somente deve ter lugar quando fracassem outras formas de prevenção e controle social. Vale lembrar que para Roxin, por ocasião da individualização da pena, embora permaneça a função de prevenção geral, Roxin vê a prevenção especial como último fim da pena, no sentido de ressocializá-lo. (Paulo Queiroz, Direito Penal – Parte Geral – 4ª Ed., p. 95). Segundo a teoria da pena de Gunther Jakobs, a norma penal constitui uma necessidade funcional/sistêmica de estabilização de expectativas sociais por meio da aplicação de penas ante as frustrações que decorrem da violação das normas. Para o professor alemão, o fundamento da pena não é a prevenção geral negativa para proteção de bens jurídicos, ou a prevenção especial, mas sim a manutenção da norma enquanto modelo de orientação de condutas para os contatos sociais.
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia
A respeito da Teoria das Penas, assinale a alternativa correta.
A - A finalidade da pena, na teoria relativa, é prevenir o crime. Na vertente preventiva-geral, o criminoso é punido a fim de impedir que ele volte a praticar novos crimes.
B - A finalidade da pena, na teoria relativa, é prevenir o crime. Na vertente preventiva especial, de acentuado caráter intimatório, o criminoso é punido para servir de exemplo aos demais cidadãos.
C - A finalidade da pena, na teoria absoluta, é castigar o criminoso, pelo mal praticado. O mérito dessa teoria foi introduzir, no Direito Penal, o princípio da proporcionalidade de pena ao delito praticado.
D - A finalidade da pena, para a teoria eclética, é ressocializar o criminoso. O mérito dessa teoria foi humanizar as penas impostas, impedindo as cruéis e humilhantes.
E - O ordenamento jurídico brasileiro adota a teoria absoluta, tendo a pena apenas o fim de ressocializar o criminoso.
Gabarito: letra C.
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-AP Prova: FCC - 2018 - DPE-AP - Defensor Público
Sobre a finalidade da pena e sua aplicação, é correto afirmar que
A - a prevenção especial positiva pressupõe que, na sociedade moderna e plural, desenvolvem-se múltiplos subsistemas culturais, que possuem distintos códigos de conduta, muitas vezes contrapostos. O Estado, transformado em um órgão secular desde o Iluminismo, decide qual deve ser o modo de vida mais correto, para em seguida impô-lo por meio do cárcere.
B - as teorias absolutas da pena tiveram aspectos positivos, como no idealismo alemão, no qual serviram para defender o cidadão da arbitrariedade do poder do monarca. Mas, mesmo atualmente gozando de baixa reputação, por não levarem em consideração o homem como um ser social, possuem previsão legal.
C - a escola finalista introduz o pensamento de prevenção geral positiva, de que a pena deveria assumir uma missão de proteção de bens jurídicos sem observar os valores ético-sociais, que pressupõe, entre outros objetivos, a conformação dos valores morais da comunidade.
D - a individualização da pena, prevista no texto constitucional e reconhecida pela jurisprudência, tem como fundamento maior a prevenção geral e especial, afastado o caráter retributivo por expressa definição legal, e permite ao juiz, em qualquer faseda dosimetria, aumentar ou diminuir a pena aquém e além dos marcos da pena prevista no tipo.
E - a base da teoria unificadora dialética da pena é a de que o direito penal enfrenta o indivíduo de três maneiras: ameaçando com penas, impondo-as e executando-as, e que cada uma dessas três esferas de atividade necessita de justificação em separado, sempre alternando entre retribuição, prevenção geral e especial.
Gabarito: letra B.
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia Civil
A respeito das teorias que tratam das funções da pena, assinale a opção correta.
A - A teoria correcionalista considera que a pena se esgota na ideia da retribuição como resposta ao mal causado pelo autor do crime.
B - A teoria preventiva geral positiva considera que a pena tem a função de inibir comportamentos antissociais e moldar comportamentos socialmente aceitos.
C - A teoria absoluta considera que a pena possui caráter retributivo, preventivo e ressocializador.
D - A teoria preventiva geral considera a pena como um meio para prevenir a reincidência do indivíduo.
E - A teoria preventiva especial considera a pena como um meio para intimidar os potenciais praticantes de condutas delituosas.
Gabarito: letra B.
Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRE-TO Prova: CESPE - 2017 - TRE-TO - Analista Judiciário - Área Judiciária
A respeito das penas e das medidas de segurança, assinale a opção correta.
A - A atenuante da confissão espontânea é preponderante em relação à reincidência, impossibilitando a compensação plena entre uma e outra na segunda fase da dosimetria.
B - São espécies de penas privativas de liberdade a reclusão, a detenção, a prisão simples e a prisão especial.
C - São espécies de penas restritivas de direitos a prestação de serviços à comunidade, a interdição temporária de direitos e a obrigação de reparar o dano causado pelo crime.
D - São princípios constitucionais aplicáveis à pena a personalidade ou responsabilidade pessoal, a legalidade, a inderrogabilidade, a proporcionalidade, a individualização e a humanização.
E - A duração da medida de segurança é por tempo indeterminado, e o condenado só será liberado depois que perícia médica atestar a cessação de sua periculosidade.
Gabarito: letra D.
Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: DPE-BA Prova: FCC - 2016 - DPE-BA - Defensor Público
“Ao nível teórico, a ideia de uma sanção jurídica é incompatível com a criação de um mero obstáculo mecânico ou físico, porque este não motiva o comportamento, mas apenas o impede, o que fere o conceito de pessoa (...) por isso, a mera neutralização física está fora do conceito de direito, pelo menos no nosso atual horizonte cultural. (...) A defesa social é comum a todos os discursos legitimantes, mas se expressa mais cruamente nessa perspectiva, porque tem a peculiaridade de expô-la de modo mais grosseiro, ainda que também mais coerente (...).”
(ZAFFARONI, Eugenio Raúl; BATISTA, Nilo; ALAGIA, Alejandro; SLOKAR, Alejandro. Direito Penal Brasileiro I. Rio de Janeiro: Revan, 2003)
A teoria da pena criticada na passagem acima é:
A - agnóstica.
B - retributiva.
C - prevenção especial ressocializadora.
D - prevenção geral intimidatória.
E - prevenção especial negativa.
Gabarito: letra E.
Seletividade penal quer dizer identificar e compreender a ausência de neutralidade na elaboração e, sobretudo, na aplicação das normais penais, percebendo que o sistema penal se volta preferencialmente contra determinado grupo social, escolhendo ou selecionando quais serão os sujeitos que irão compor a chamada clientela penal. O sistema carcerário não reflete quem comete mais crimes, o sistema carcerário reflete quem o Estado escolheu preferencialmente punir.
(ACAFE PC-SP 2014)  A tese da seletividade (desenvolvida desde o labelling approach à criminologia crítica), partindo da premissa de que o Direito penal é uma unidade integrada por programação normativa (Lei) e operacionalização (polícia, ministério público, justiça, prisão); a tese da seletividade significa que a criminalização é desigualmente distribuída desde a lei penal, incluindo a lei penal (cuja programação normativa realiza a chamada criminalização primária), na qual já se fazem presentes mecanismos de seletividade na definição de condutas como crimes e na definição de penas; mecanismos que pré-selecionam os indivíduos criminalizáveis. No continuum da criminalização primária, contida na programação legal, dá-se a criminalização secundária, realizada pelas agências policial, ministerial, judicial e prisional, através de mecanismos de seleção das pessoas às quais se atribuirá a etiqueta de criminosos, culminando com a estigmatização prisional. A tese da seletividade representa, precisamente, a negação do “mito do direito penal igualitário”, ou seja, de que a lei penal é geral e igual para todos.
A Criminologia desenvolvida com base no chamado “paradigma da reação ou controle social”, que origina a Criminologia crítica, estuda o sistema penal, incluindo a agência policial, como parte integrante de seu objeto, e conclui que a seletividade estigmatizante é a lógica estrutural de seu funcionamento.
O eficientismo penal constitui uma nova forma de direito penal de emergência.
A prevenção geral pode ser positiva ou negativa. A modalidade negativa concentra esforços no caráter intimidatório da pena buscando desestimular a prática de novos delitos no meio social. Ao não levar em conta a culpabilidade, mas apenas a intimidação como norte do apenamento corre-se o risco de instituir penas severas, desproporcionais, e lesivas a dignidade da pessoa humana.
A prevenção geral positiva ou integradora, por sua vez, aduz que a pena deve ser aplicada para restabelecer a credibilidade dos destinatários da norma em sua vigência abalada pelo cometimento do delito. Todas as vezes que a norma é descumprida e a pena é aplicada a seu violador, aviventa-se no consciente coletivo os valores contidos na lei e a certeza de que sua violação será punida. Apresenta, como visto, caráter educativo na medida em que as pessoas passam a cultivar os valores positivos previstos no ordenamento.
Na prevenção especial é o indivíduo e não a sociedade o foco das atenções, tanto que apregoa o caráter ressocializatório das penas. As teorias relativas ou utilitárias justificam a pena pelo bem que pretendem proteger. Portanto, consistem em meio para se atingir a um fim, daí sua essência utilitária.
Na prevenção geral negativa procura-se a obediência as normas por meio da intimidação, do temor que o castigo possa causar a todos os destinatários da norma, enquanto na prevenção geral positiva intenciona-se incluir na coletividade a credibilidade na vigência e aplicação das leis, a fazer com que todos readquiram a confiança no direito penal.
(Escrivão de Polícia/SP – 2013) Assinale a alternativa que apresenta corretamente uma das características da função retributiva da pena, segundo a Teoria Absoluta.
A) Analogia: pena independente da gravidade do delito.
B) Duração indeterminada: a duração da pena dependerá, dentre outros fatores, do comportamento do apenado.
C) Infligibilidade: a pena consistirá em aflição corporal.
D) Derrogabilidade: o delito terá, por consequência, uma punição, ainda que injusta.
E) Responsabilidade penal individual: a pena não passará da pessoa do condenado.
Gabarito: letra E.
RACISMO ESTRUTURAL - Humberto Adami, com muito acerto, ensina que [...] “o racismo estrutural pode ser subdividido em três vertentes: individual, praticada de forma individualizada em razão do fenótipo; cultural, ou seja, valorização de uma cultura eurocêntrica em detrimento da de origem africana; e institucional, como estrutura que se desdobra em práticas e leis que se prestam à manutenção das desigualdades”. 
“O racismo institucional, em nossa visão, se constitui em toda essa gama de memórias, posturas, atitudes e traumas que acabam por diminuir ou fechar as portas para pessoas negras às oportunidades da vida cotidiana — conscientemente ou não. Há certa preferência, cujo corolário é a ausência de afrodescendentes em determinadosespaços, seja no setor público ou privado. Isso acaba por restringir as oportunidades de acesso, como também de ascensão — para todo lugar que se olha, confirma-se o embranquecimento ao analisar os estratos mais altos da pirâmide social: por exemplo, poucos negros generais de brigada no Exército, embaixadores no Itamaraty, diretores de bancos, e até mesmo ministros do STF. O racismo institucional costuma se apresentar como ideologia neutra — escondendo seu perverso conteúdo excludente”. 
CAIU NA DPE-SC-2017-FCC: “O racismo é característica estrutural do processo de criminalização secundária no Brasil”. CORRETO.
POLICIZAÇÃO - Em linhas gerais, a policização é a soma de diversos atos praticados pela polícia, geralmente em favelas e com pessoas pobres, que subvertem direitos e garantias fundamentais constitucionalmente previstas. 
A esse conjunto de fatores dá-se o nome de policização. O tema é facilmente assemelhado ao que Zaffaroni chamou de direito penal subterrâneo, que nada mais é que um direito penal voltado à violação de direitos fundamentais, como é o caso, por exemplo, quando policiais invadem domicílios sem mandados e fora das hipóteses autorizadoras etc.
MILITARIZACÃO - A militarização é, na verdade, a forma como os policiais militares são recrutados e treinados. São treinados para serem pessoas “fortes”, seguindo regras militares hierarquizadas, além dos salários baixos para a belíssima profissão que exercem. Esse processo de militarização é bastante criticado! Os policiais são treinados dentro de uma lógica militar de enfrentamento, hierarquia e ordem. Esse paradigma não se adequa mais a necessidade de uma polícia cidadã, comunitária, que deve ver o cidadão como sujeito de direito e não como um possível suspeito de atividade criminosa. A atual estrutura militarizada favorece a lógica da repressão e do controle, que se reflete na criminalização da pobreza e no racismo institucional. Cabe destacar também que a cultura institucional e legitimada da tortura durante a ditadura militar, ainda está impregnada nas práticas policiais. A opção por uma anistia e uma transição democrática, que não estabeleceu uma Comissão da Verdade e que não condenou criminosos torturadores presentes na estrutura do aparelho do Estado, reflete-se hoje na leniência da polícia militar em encaminhar as denúncias de tortura, maus tratos e com a dificuldade de condenar maus policiais que praticam tortura ou mesmo execuções sumárias.
A prevenção criminal pode ser conceituada, de forma sintética, como o conjunto de ações que visam evitar a ocorrência do delito. 
Segundo a teoria da reação social ao delito, quando ocorre uma ação criminosa há uma reação social (do Estado) no sentido oposto, devendo ser no mínimo proporcional à ação criminosa. 
Como resultado do processo de evolução do estudo sobre as formas de reação social no enfrentamento do crime, existem atualmente três modelos que pretendem descrever os métodos mais eficazes para a prevenção do crime denominados modelos de reação ao crime. 
São eles: a) modelo dissuasório; b) modelo ressocializador; e c) modelo restaurador (integrador).
MODELO DISSUASÓRIO (DIREITO PENAL CLÁSSICO): Repressão por meio da punição ao agente criminoso, mostrando a todos que o crime não compensa e gera castigo. Aplica-se a pena somente aos imputáveis e semi-imputáveis, pois aos inimputáveis se dispensa tratamento médico.
MODELO RESSOCIALIZADOR: Intervém na vida e na pessoa do infrator, não apenas lhe aplicando uma punição, mas também lhe possibilitando a reinserção social. Aqui a participação da sociedade é relevante para a ressocialização do infrator, prevenindo a ocorrência de estigmas.
MODELO RESTAURADOR (INTEGRADOR): Recebe também a denominação de “justiça restaurativa” e procura restabelecer, da melhor maneira possível, o status quo ante, visando a reeducação do infrator, a assistência à vítima e o controle social afetado pelo crime. Gera sua restauração, mediante a reparação do dano causado.
CAIU NA DP-DF-2019-CESPE: “O cumprimento dos deveres legais por parte do apenado recluso constitui instrumento de reação ao delito analisado pelo modelo restaurador: o real impacto do castigo aplicado ao indivíduo no caso concreto é capaz de aferir os diagnósticos e de proporcionar adequadas soluções para prevenir a reincidência”. ERRADO
JUSTIFICATIVA DA BANCA: O cumprimento dos deveres por parte do preso, estabelecidos por meio de lei, constitui um instrumento de reação ao delito analisado pelo modelo RESSOCIALIZADOR, e não restaurador (consensual ou integrador). O modelo restaurador tem a ideia de reparação dos danos entre os próprios envolvidos. 
CAIU NA DP-DF-2019-CESPE: “O modelo integrador baseia-se na ideia do criminoso racional, que, ao ponderar os malefícios do castigo pelo crime cometido, opta por respeitar a lei, especificamente diante da eficácia da lei e dos métodos de tratamento penitenciário”. ERRADO
JUSTIFICATIVA DA BANCA: O modelo dissuasório clássico, e não o integrador de reação ao delito, estabelece que a existência de leis que recrudescem o sistema penal faz com que previna a reincidência, uma vez que o infrator racional irá sopesar o castigo com o eventual proveito obtido. Por sua vez, o modelo integrador determina primordialmente que os envolvidos resolvam o conflito entre si, ainda que haja necessidade de inobservância das regras técnicas estatais de resolução da criminalidade, flexibilizando-se leis para se chegar ao consenso. 
CAIU NA DP-DF-2019-CESPE: “O modelo dissuasório clássico reconhece o efeito da intimidação ao crime pela pena, pela perfeita perseguição penal dos órgãos responsáveis e pela eficaz aplicação da lei, o que inibe a atuação desviante do indivíduo”. CERTO
JUSTIFICATIVA DA BANCA: O modelo dissuasório clássico prescreve que a prevenção do delito ocorre por meio da intimidação, ao difundir a ideia do efetivo castigo, com o fim de se retirar o propósito criminal. 
Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: PC-GO Prova: Delegado de Polícia Substituto
Em busca do melhor sistema de enfrentamento à criminalidade, a criminologia estuda os diversos modelos de reação ao delito. A respeito desses modelos, assinale a opção correta.
A - De acordo com o modelo clássico de reação ao crime, os envolvidos devem resolver o conflito entre si, ainda que haja necessidade de inobservância das regras técnicas estatais de resolução da criminalidade, flexibilizando-se leis para se chegar ao consenso.
B - Conforme o modelo ressocializador de reação ao delito, a existência de leis que recrudescem o sistema penal faz que se previna a reincidência, uma vez que o infrator racional irá sopesar o castigo com o eventual proveito obtido.
C - Para a criminologia, as medidas despenalizadoras, com o viés reparador à vítima, condizem com o modelo integrador de reação ao delito, de modo a inserir os interessados como protagonistas na solução do conflito.
D - A fim de facilitar o retorno do infrator à sociedade, por meio de instrumentos de reabilitação aptos a retirar o caráter aflitivo da pena, o modelo dissuasório de reação ao crime propõe uma inserção positiva do apenado no seio social.
E - O modelo integrador de reação ao delito visa prevenir a criminalidade, conferindo especial relevância ao ius puniendi estatal, ao justo, rápido e necessário castigo ao criminoso, como forma de intimidação e prevenção do crime na sociedade.
Gabarito: letra C.
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-SC Prova: CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substituto
O estudo das teorias relaciona-se intimamente com as finalidades da pena. Nesse sentido, a teoria que sustenta que a única função efetivamente desempenhada pela pena seria a neutralização do condenado, especialmente quando a prisão acarreta seu afastamento da sociedade, é a teoria
A - das janelas quebradas.
B - relativa.
C - unificadora.
D - absoluta.
E - agnóstica.
Gabarito: letra E.
LETRA A – ERRADA: Desenvolvida por Wilson e Kelling com base nos estudos de Philip Zimbardo, a teoria das janelas quebradas está centrada na ideia de que, “quando se quebra a janela de uma casae nada se faz, implicitamente as autoridades públicas estimulam a destruição do imóvel como um todo”. Por isso, a teoria pregava que “as pequenas desordens às quais não se presta atenção seriam o começo de problemas muito mais sérios de convivência”. Por conseguinte, o controle social sobre esses pequenos delitos – que foram por Wilson e Kelling intitulados de “incivilidades” – seria a melhor forma de inibir e prevenir delitos mais graves. A sua essência era de uma política criminal preventiva, que provocaria um intenso controle das atividades que favorecessem a delinquência, propiciando uma política de “tolerância zero” com a criminalidade, de sorte que até mesmo os pequenos delitos deveriam ser punidos de forma exemplar, de modo a desestimular o cometimento de ilícitos mais graves.
LETRA B – ERRADA: A vertente relativa é centrada na ideia preventiva da pena, podendo se manifestar de forma geral (positiva ou negativa) ou especial (positiva ou negativa).
LETRA C – ERRADA: também chamada de teoria da união eclética, intermediária, conciliatória, mista ou unitária, na teoria unificadora da pena deve, simultaneamente, castigar o condenado pelo mal praticado e evitar a prática de novos crimes, tanto em relação ao criminoso como no tocante à sociedade. A pena assume um tríplice aspecto: retribuição, prevenção geral e prevenção especial. Foi a teoria acolhida pelo art. 59, caput, do Código Penal, quando dispõe que a pena será estabelecida pelo juiz “conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”.
LETRA D – ERRADA: Para a vertente absoluta, a pena desponta como a retribuição estatal justa ao mal injusto provocado pelo condenado, sendo ela um instrumento de vingança do Estado em face do criminoso.
LETRA E – CERTA: Para Zaffaroni, a concepção de que a pena teria funções de (i) retribuição e (ii) prevenção – geral e especial – seria uma falácia, servindo em verdade para objetivos ocultos. Para ele, a única função da pena seria a neutralização do condenado, sendo ela um ato político do Estado. 
Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: DPE-SP Prova: FCC - 2019 - DPE-SP - Defensor Público
Com relação às críticas feitas por parte da doutrina às teorias preventivas da pena, é correto afirmar:
A - A falha que se aponta na teoria da prevenção geral positiva, no modelo de Günther Jakobs, é que ela legitima a imposição da pena nos casos de delitos mais refinados, que acarretam maior danosidade social, mas admite a abstenção das agências penais em relação aos delitos de massa, típicos da classe menos abastada.
B - Uma das críticas feitas à teoria da prevenção geral negativa é que a medida da pena não teria relação com a gravidade do fato praticado, mas sim dependeria do grau de periculosidade do agente, isto é, da probabilidade de voltar a delinquir e representar um risco à sociedade.
C - A teoria da prevenção geral positiva, na sua versão eticizada, parte do falso pressuposto de que todo delito afeta valores ético-sociais comuns à coletividade, desconsiderando o fato de que nas sociedades modernas multiculturais não há um sistema de valores único, o que enseja uma ditadura ética.
D - A principal crítica que se faz à teoria da prevenção especial negativa é que, ao contrário da ideologia ressocializadora por ela propagada, a criminalização e a prisonização do indivíduo não possibilitam o seu melhoramento moral ou psicológico, mas apenas deterioram a sua personalidade.
E - O problema central da teoria da prevenção especial positiva é que ela pretende reforçar a confiança da coletividade no sistema jurídico abalado pela prática do delito, utilizando o indivíduo, autor da infração, como instrumento para obtenção desse fim.
Gabarito: letra C.
- A alternativa A está incorreta. A falha na teoria da prevenção geral positiva está no fato de se basear no sistema de expectativas criado por Luhmann, em que o clamor popular provoca no magistrado a inclinação de condenar os réus, sob pena de se ver desrespeitado o princípio do devido processo legal.
- Também é incorreta a alternativa B, tendo em vista que na teoria da prevenção geral negativa o medo da punição é imposto à sociedade, de modo que o indivíduo é coagido a não cometer delitos em razão da prática de coação por parte do Estado.
- A alternativa C é o gabarito da questão, porque na teoria da prevenção geral positiva os valores são considerados unânimes na sociedade, negligenciando que cada cultura possui seu próprio conjunto de valores.
- Na teoria da prevenção especial negativa não há ideologia ressocializadora, uma vez que visa apenas ao delinquente como sujeito determinado, buscando que esse não volte a praticar novos delitos. Destarte, não se direciona à sociedade, tampouco à retribuição do fato passado. Por isso, é incorreta a alternativa D.
- Também é incorreta a alternativa E, considerando que o problema mais evidente nesta teoria é que a prisão não atinge seu objetivo ressocializador, frustrando a intenção de evitar a reincidência, haja vista que o sistema prisional segrega o condenado do restante da sociedade.
ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS:
Escolas bioantropológicas: Escola clássica e Escola Positivista.
ESCOLA CLÁSSICA:
A escola clássica foi influenciada pelo iluminismo, tendo como principais expoentes Francesco Carrara e Cesare Beccaria. Para a escola clássica, o homem é um ser livre e racional, por isso a pena deve ter caráter retributivo. É importante que vocês saibam que os clássicos não advogavam a possibilidade de aplicação de penas cruéis, muito pelo contrário, eles pregavam a humanização das penas. No entanto, lembrem-se que a pena deveria ter nítido caráter retributivo. 
Em provas objetivas, caso caia algo sobre a escola clássica, lembrem-se de três coisas: 
a) livre arbítrio; 
b) penas humanizadas; e 
c) penas como retribuição ao mal causado. 
Assevera Nestor Sampaio Penteado Filho: 
“Não existiu propriamente uma Escola Clássica, que foi assim denominada pelos positivistas em tom pejorativo (Ferri). 
As ideias consagradas pelo Iluminismo acabaram por influenciar a redação do célebre livreto de Cesare Beccaria, intitulado Dos delitos e das penas (1764), com a proposta de humanização das ciências penais. Além de Beccaria, despontam como grandes intelectos dessa corrente Francesco Carrara (dogmática penal) e Giovanni Carmignani”. 
Importante ressaltar que a Escola Clássica tinha um viés DEONTOLÓGICO (DEVER SER), muito criticado posteriormente pelos Positivistas, que inauguraram um viés ONTOLÓGICO (SER) na criminologia.
CAIU NA DPU-2017-CESPE: “Para a escola clássica, o modelo ideal de prevenção do delito ou do desvio é o que se preocupa com a pena e seu rigor, compreendendo-a como um mecanismo intimidatório; já para a escola neoclássica, mais eficaz que o rigor das penas é o foco no correto funcionamento do sistema legal e em como esse sistema é percebido pelo desviante ou delinquente”. CERTO.
TEORIAS BIOLÓGICAS, BIOANTROPOLÓGICAS OU CIENTIFICISTAS:
	ESCOLA CLÁSSICA
	ESCOLA POSITIVA
	· BECCARIA - Dos delitos e das penas
· CARRARA
· BENTHAM
· Livre-arbítrio
· Metafísica
· Método lógico-dedutivo
· Racionalização
· Pena = retribuição jurídica
· Crime = ente jurídico
· Proporcionalidade da pena
· Opõe-se a penas cruéis.
	· Paradigma etiológico determinista
· LOMBROSO: O Homem Delinquente.
Conceito antropológico. Crime = fenômeno biológico. Frenologia. Atavismo. 
Criminosos natos, passionais, de ocasião, loucos.
· FERRI: 
Conceito sociológico. Crime tem razões tanto antropológicas como físicas e culturais.
Pena = Prevenção geral (defesa social).
· GARÓFALO:
Conceito jurídico. Periculosidade. Medida de segurança. Delito natural. Deportação, expulsão e pena de morte.
· Método empírico-indutivo (experimental)
· Determinismo
· Monismo cultural
· Evolucionismo
· Modelo estático/monolítico
· No Brasil, a escola positiva recebeu contornos racistas pelos estudos de Nina Rodrigues.
ESCOLA POSITIVISTA (POSITIVISMO CRIMINOLÓGICO):
O positivismo criminológico pode ser dividido em três fases: antropológica (Lombroso), sociológica (Ferri) e jurídica (Garófalo).Para decorar o nome dos três principais positivistas, use o macete “LFG”, iniciais de cada um: Lombroso, Ferri e Garófalo. 
Alunos, atentem-se para o fato de que, embora todos esses três autores fossem positivistas, cada um tinha uma percepção diferente, e isso você precisa saber.
Cesare Lombroso, por exemplo, (fase antropológica) publicou uma obra chamada O homem delinquente. Lombroso, que também era médico, examinou com intensa profundidade as características fisionômicas de diversas pessoas, e as comparou com os dados estatísticos de criminalidade. Peso, cabelo, tamanho do crânio, tamanho das pernas, tudo isso era determinante, segundo Lombroso, para saber se o agente tinha ou não determinismo para o crime. Por isso, o positivismo para Lombroso é chamado de antropológico, pois para ele o criminoso era “nato”, razão pela qual seus estudos sobre o atavismo ganharam força no mundo científico.
Enrico Ferri (fase sociológica) foi discípulo de Lombroso, e também conhecido por inaugurar a fase da sociologia criminal. Para Ferri, o crime tem razões tanto antropológicas como físicas e culturais. Atentem-se também para o fato de que Ferri negou a ideia de livre-arbítrio (mera ficção). Ele acreditava que a prevenção geral era muito mais eficaz que a repressão. 
Rafael Garófalo inaugura uma visão jurídica (fase jurídica) do positivismo. Em provas objetivas geralmente querem saber a respeito da noção de periculosidade, que também foi desenvolvida por Ferri. Como sabemos, a periculosidade está intimamente ligada às medidas de segurança, e foi justamente através de Rafael Garófalo que surgiu a necessidade de existir outra forma de intervenção penal (medida de segurança). Então cuidado com este ponto.
CAIU NA DP-DFP-2019-CESPE: “De acordo com a teoria positivista, o criminoso é um ser inferior, incapaz de guiar livremente a sua conduta por haver debilidade em sua vontade: a intervenção estatal se faz necessária para correção da direção de sua vontade”. ERRADO. Justificativa da banca: “A escola correcionalista, e não a positivista, afirma que o criminoso é um ser inferior, incapaz de guiar livremente a sua conduta, por haver debilidade em sua vontade, de modo a merecer intervenção estatal para corrigi-la. Para a escola correcionalista, o criminoso não é um ser forte e embrutecido, como diziam os positivistas, mas sim um débil, cujo ato precisa ser compreendido e cuja vontade necessita ser direcionada. A escola positivista afirma que o criminoso é um prisioneiro de sua própria patologia (determinismo biológico) ou de processos causais alheios (determinismo social). Não aceitaram a tese da Escola clássica do livre-arbítrio, mas sim a ideia do criminoso nato (determinismo biológico de Lombroso) e do determinismo social de Ferri e Garófalo”.
Ano: 2018 Banca: UEG Órgão: PC-GO Prova: UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de Polícia
Para a criminologia positivista, a criminalidade é uma realidade ontológica, pré-constituída ao direito penal, ao qual cabe tão somente reconhecê-la e positivá-la. Neste sentido, tem-se o seguinte:
A - Em seus primeiros estudos, Cesare Lombroso encontrou no atavismo uma explicação para relacionar a estrutura corporal ao que chamou de criminalidade habitual.
B - A periculosidade, ou temeritá, tal como conceituada por Enrico Ferri, foi definida como a perversidade constante e ativa a recomendar que esta, e não o dano causado, a medida de proporcionalidade de aplicação da pena.
C - Para Raffaele Garófalo (1851-1934), a defesa social era a luta contra seus inimigos naturais carecedores dos sentimentos de piedade e probidade.
D - Nos marcos do pensamento criminológico positivista, Enrico Ferri, embora discípulo de Lombroso, abandonou a noção de criminalidade centrada em causas de ordem biológica, passando a considerar como centrais as causas ligadas à etiologia do crime, sendo estas: as individuais, as físicas e as sociais.
E - Enrico Ferri e Cesare Lombroso, recorrendo à metáfora da guerra contra o delito, sustentaram a possibilidade de aplicação das penas de deportação ou expulsão da comunidade para aqueles que carecessem do sentido de justiça ou o tivessem aviltado.
Gabarito: letra C.
a) INCORRETA. Lombroso chamou de criminalidade nata, e não habitual, a explicação acerca do atavismo.
b) INCORRETA. O conceito de periculosidade (temibilidade) é de Raffaele Garofalo.
c) CORRETA. Para o autor, “a defesa social era a luta contra os inimigos naturais, praticado pelos delinquentes naturais. O delito natural variava de uma sociedade para a outra, identificando como delito tudo aquilo que viola os sentimentos valorizados por essa sociedade; como sentimentos altruísticos fundamentais, estão a probidade e a piedade” (ANITUA, 2008, p. 314).
d) INCORRETA. Apesar de Ferri considerar a existência de três causas ligadas à etiologia do crime (individuais, físicas e sociais), não ocorre o “abandono” da noção lombrosiana da criminalidade, mas sim sua ampliação (para as três causas já citadas).
e) INCORRETA. A ideia de deportação ou expulsão da comunidade, com até mesmo a eliminação (pena de morte), foi construída por GARÓFALO: “Garófalo não defende a possibilidade de medidas ressocializadoras aos delinquentes naturais, mas falava em deportação ou expulsão, pena de morte, esterilização e castração de delinquentes e outros perigosos. (ZAFFARONI; BATISTA, 2006, p. 580)”.
O POSITISMO CRIMINOLÓGICO NO BRASIL 
O positivismo criminológico teve também grande influência no Brasil. As ideias de Lombroso, por exemplo, influenciaram o Código Penal brasileiro de 1940. 
Um caso em particular, muito conhecido e comentado pela doutrina, envolvendo Nina Rodrigues (médico e autor brasileiro), ilustra bem a influência das ideias lombrosianas em seu trabalho. Em 1897, ao término da Guerra de Canudos, o médico baiano solicitou a cabeça do líder do movimento, Antônio Conselheiro, que havia sido morto no conflito, com o intuito de realizar uma minuciosa análise craniana, em busca de características que apontassem atavismo ou loucura. Entretanto, apesar dos esforços de Nina Rodrigues, os exames e medições realizados no crânio de Antônio Conselheiro não apresentaram nenhum indício que comprovasse que este fosse um criminoso nato (MACHADO, 2005, p. 83-84). 
Importante lembrar que embora Nina Rodrigues seja reconhecido como o fundador da criminologia brasileira moderna, suas obras trazem fortes conteúdos racistas, o que termina por ofuscar sua produção científica. O autor afirmava que a população negra e “mulata” possuía capacidade mental incompleta, de forma que deveriam ser aplicadas regras diversas a estes indivíduos. Esse ponto sobre Nina Rodrigues já foi objeto de questão objetiva feita pela FCC em prova de Defensoria. 
CAIU NA DPE-ES-2016-FCC: “Sobre a escola positivista da criminologia, é correto afirmar que sua recepção no Brasil recebeu contornos racistas, notadamente no trabalho antropológico de Nina Rodrigues”. CERTO.
CAIU NA DPE-SC-2017-FCC: “Sobre a criminologia positivistas: No Brasil seu desenvolvimento reforçou cientificamente o racismo”. CERTO.
TEORIAS SOCIOLÓGICAS
Após as ideias positivistas (escolas criminológicas), surge o que Alessandro Baratta chamou de “virada sociológica”, que busca explicar o crime a partir das relações do indivíduo com a sociedade. 
Notem a diferença:
Em síntese, há duas subdivisões das teorias sociológicas: escolas do consenso e escolas do conflito.
	ESCOLAS DO CONSENSO
	ESCOLA DE CHICAGO
(Teoria Ecológica)
	Para a escola ecológica (Chicago), a desorganização em alguns bairros periféricos fazia com que o crime predominasse naqueles locais. 
	TEORIA DA ANOMIA
(Durkheim e Merton)
	Duas acepções: 
Para Durkheim: anomia representa a ausência ou desintegração das normas sociais, fazendo com que haja a produção de uma situação de pouca coesão social causado por uma ruptura. 
Para Robert. King Merton: a anomia se dava em razão de, no plano sociológico, existir um sintoma de dissociação entre as aspirações socioculturais e os meios desenvolvidos para alcançar tais aspirações. 
	ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL

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