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SGA para pequenas empresas

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1
Sistemas de Gestão Ambiental para Pequenas Empresas: Uma comparação entre as 
Visões das Grandes Empresas Certificadas, dos Implementadores e das Pequenas 
Empresas 
 
Autoria: Lucila Maria de Souza Campos 
 
Resumo 
A gestão ambiental vem recebendo cada vez mais atenção, tanto por parte das organizações 
produtivas, quanto por parte de pesquisadores e acadêmicos que estudam o tema. Dentro da 
gestão ambiental, os Sistemas de Gestão Ambiental ou SGA vem se tornando uma ferramenta 
importante para aquelas organizações que procuram gerenciar seus aspectos ambientais 
visando a prevenção da poluição, o atendimento à legislação e a minimização dos impactos 
que suas atividades causam ao meio ambiente. Este artigo apresenta os resultados de uma 
pesquisa que procurou verificar a visão das pequenas e grandes empresas do Estado de Santa 
Catarina e a visão de implementadores que trabalham com esta ferramenta, sobre quais 
seriam, dentre os 17 requisitos de um SGA segundo a NBR ISO 14001, aqueles que melhor se 
adequariam às necessidades e realidade das pequenas empresas. A pesquisa foi realizada em 
dois momentos. Num primeiro momento pesquisou-se a opinião das pequenas empresas e dos 
implementadores. Num segundo momento a visão das grandes empresas. Os resultados 
obtidos foram comparados, testados estatisticamente e apontam visões semelhantes, porém 
com algumas peculiaridades para cada conjunto de empresas pesquisadas. 
 
1. Introdução 
Os sistemas de gestão ambiental, também conhecidos por SGA, vêm se difundindo, 
sobretudo nas grandes organizações, como forma destas mostrarem sua preocupação com a 
questão ambiental e atenderem às exigências de mercados e consumidores mais conscientes. 
Segundo alguns pesquisadores da área, a série de normas ambientais ISO 14000, e mais 
especificamente a NBR ISO 14001, se apresenta como uma das ferramentas que podem ser 
usadas, possibilitando, ao mesmo tempo, o comprometimento com o cumprimento da 
legislação ambiental, a proteção ao meio ambiente e a melhoria da competitividade das 
empresas (MAIMON, 1996 e 1999; MOREIRA, 2001; VITERBO Jr., 1998, VALLE, 1995; 
BARBIERI, 2004; ANDRADE et al, 2002). 
Porém, sabe-se que a implementação de um SGA exige das organizações recursos 
importantes, como tempo, dinheiro e grande envolvimento dos recursos humanos. Desta 
forma, há um predomínio marcante das grandes empresas no processo de certificação de 
sistemas de gestão no Brasil e no mundo. Ficam à margem deste processo as pequenas 
empresas que não possuem recursos financeiros, tampouco humanos, para atenderem às 
exigências mínimas necessárias no processo de implementação de um SGA. 
A importância das micro e pequenas empresas pode ser verificada analisando-se os 
dados do SEBRAE (CHAGAS, 1999), que demonstram que estas contribuem com 97% em 
média na participação do número de empresas, 48% em média na produção, 60% em média 
dos postos de trabalho e 25% do PIB brasileiro. Uma pequena empresa quando vista 
isoladamente em seu setor seria quase insignificante, mas quando vista em seu coletivo 
excede o resultado das grandes empresas do setor. 
Muitos estudos já foram desenvolvidos, ou estão em desenvolvimento, abordando 
como tema principal o funcionamento dos pequenos empreendimentos (PREVIDELLI e 
MEURER (2005), LONGENECKER, MOORE e PETTY (1997), SANTOS, (2001), 
KRUGLIANSKAS (1996), RESNIK (1990)). Nos dias atuais, a importância das pequenas 
empresas tem sido bastante discutida, como geradoras de empregos, desenvolvimento do local 
 2
onde estão inseridas, ou seja, uma infinidade de contribuições importantes para a nossa 
economia. 
No entanto, o que caracteriza de forma essencial as pequenas empresas são seus 
recursos muito limitados. Segundo Cândido (1998), a maioria dessas empresas tem muito 
pouca disponibilidade de caixa durante os primeiros anos de operação e ficam altamente 
vulneráveis a qualquer mudança repentina. Outro ponto essencial que caracteriza as pequenas 
empresas é a exigência fundamental que o proprietário-gerente administre e mantenha 
controle total sobre todos os aspectos da empresa. O que torna o processo decisório bastante 
centralizado. 
Motivados por identificar formas de adaptar a implementação de um SGA às 
necessidades e possibilidades de uma pequena empresa, optou-se por realizar uma pesquisa 
junto a um conjunto de pequenas empresas do Estado de Santa Catarina, buscando identificar, 
dentre os 17 requisitos na NBR ISO 14001, quais seriam, na visão dos administradores das 
pequenas empresas e de um conjunto de 5 implementadores de SGA do Estado, os mais 
importantes para fazerem parte de um Sistema de Gestão Ambiental mais adaptado às 
necessidades das pequenas empresas. Os resultados desta pesquisa geraram informações que 
contribuíram sobremaneira para o entendimento do que deveria ser um SGA aplicado a esta 
realidade. 
Ao apresentar estes resultados em eventos da área de administração, discussões 
surgiram sobre a necessidade de se verificar a opinião a cerca da mesma questão (requisitos 
da NBR ISO 14001 mais aplicáveis a pequenas empresas) das grandes empresas certificadas. 
Sendo assim, optou-se por dar continuidade à pesquisa, aplicando o mesmo questionário 
enviado às pequenas empresas, agora às grandes empresas certificadas do Estado de Santa 
Catarina. 
O objetivo principal deste artigo é apresentar uma análise comparativa entre os dados 
coletados num primeiro momento da pesquisa, realizado com as pequenas empresas e 
implementadores de SGA e num segundo momento, com as grandes empresas. Além desta 
introdução, o artigo apresenta ainda mais quatro tópicos: a fundamentação teórica que aborda 
os temas da gestão ambiental e da pequena empresa; os métodos da pesquisa, que está 
subdividido em três tópicos, métodos da etapa 1 da pesquisa (com implementadores e 
pequenas empresas), métodos da etapa 2 da pesquisa (com as grandes empresas) e análise 
comparativa. Além destes dois tópicos, apresenta-se ainda um item com os resultados das 
duas etapas da pesquisa e as comparações feitas; e um último item as considerações finais. 
 
2. A Gestão Ambiental e a Pequena Empresa no Brasil 
O termo gestão ambiental é bastante abrangente. Ele é freqüentemente usado para 
designar ações ambientais em determinados espaços geográficos como, por exemplo: gestão 
ambiental de bacias hidrográficas, gestão ambiental de parques e reservas florestais, gestão de 
áreas de proteção ambiental, gestão ambiental de reservas de biosfera e outras tantas 
modalidades de gestão que incluam aspectos ambientais. 
Já a gestão ambiental empresarial está essencialmente voltada para organizações, ou 
seja, companhias, corporações, firmas, empresas ou instituições e pode ser definida como 
sendo um conjunto de políticas, programas e práticas administrativas e operacionais que 
levam em conta a proteção do meio ambiente por meio da eliminação ou minimização de 
impactos e danos ambientais decorrentes do planejamento, implantação, operação, ampliação, 
realocação ou desativação de empreendimentos ou atividades, incluindo-se todas as fases do 
ciclo de vida de um produto. 
O termo gestão ou gerenciamento ambiental pode ser definido de diferentes maneiras e 
por diferentes pesquisadores. Para Reis (1995) o gerenciamento ambiental “é um conjunto de 
rotinas e procedimentos que permite a uma organização administrar adequadamente as 
 3
relações entre suas atividades e o meio ambiente que as abriga, atentando para as expectativas 
das partes interessadas” (REIS, 1995, p.10) 
Pode também ser conceituado como um processo que objetiva, dentre suas várias 
atribuições, identificar as ações mais adequadas ao atendimento das imposições legais 
aplicáveis às várias fases dos processos, desde a produção até o descarte final, passando pela 
comercialização, zelando para que os parâmetros legais sejam permanentemente observados. 
Além de manter os procedimentos preventivos e pró-ativos que contemplam os aspectos e 
efeitos ambientais da atividade, produtose serviços e os interesses e expectativas das partes 
interessadas (REIS, 1995). 
Para Moreira (2001), a empresa que apresenta um nível mínimo de Gestão Ambiental 
geralmente possui um departamento de meio ambiente, responsável pelo atendimento às 
exigências do órgão ambiental e indicando os equipamentos ou dispositivos de controle 
ambiental mais apropriados à realidade da empresa e ao potencial de impactos ambientais. Ou 
seja, a empresa demonstra quase sempre uma postura reativa, procurando evitar os riscos e 
limitando-se ao atendimento dos requisitos legais o que, normalmente, significa 
investimentos. 
Barbieri (2004, p.19-20), define “gestão ambiental como as diretrizes e as atividades 
administrativas e operacionais, tais como planejamento, direção, controle, alocação de 
recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, 
quer reduzindo ou eliminando danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer 
evitando que elas surjam”. Barbieri (2004) também apresenta uma outra definição para o 
termo gestão ambiental, afirmando que a expressão “gestão ambiental”: 
aplica-se a uma grande variedade de iniciativas relativas a qualquer tipo 
de problema ambiental. Na sua origem, estão as ações governamentais 
para enfrentar a escassez de recursos como mostrado anteriormente. 
Com o tempo, outras questões ambientais foram sendo consideradas por 
outros agentes, com alcances diferentes e, atualmente, não há área que 
não esteja contemplada. Qualquer proposta de gestão ambiental inclui, 
no mínimo, três dimensões, a saber: (1) a dimensão espacial que 
concerne à área na qual se espera que as ações de gestão tenham 
eficácia; (2) a dimensão temática que delimita as questões ambientais às 
quais as ações se destinam; e (3) a dimensão institucional relativa aos 
agentes que tomaram as iniciativas de gestão. (BARBIERI, 2004, p.21) 
Já os chamados Sistemas de Gestão Ambiental, também conhecidos por SGA surgiram 
no final da década de 80 e início da década de 90. Estes sistemas têm como principal 
característica promover um processo de melhoria contínua, que busca manter seus processos, 
aspectos e impactos ambientais sob controle. 
Um SGA “é a parte do sistema de gestão global que inclui estrutura organizacional, 
atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos 
para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental” 
(NBR ISO 14004:1996, p. 5). 
O objetivo principal de um SGA é controlar sistematicamente o desempenho 
ambiental, promovendo sua melhoria contínua. É constituído de procedimentos ambientais 
que estabelecem responsabilidades específicas e definem quando, onde e o que deve ser 
observado, para que as atividades sejam conduzidas em conformidade com as políticas 
ambientais estabelecidas, e integrado aos esforços existentes em outras áreas. 
De acordo com Moreira (2001), a implantação de um sistema de gestão ambiental 
depende de três pilares fundamentais: base organizacional, técnica e jurídica. A base 
organizacional refere-se ao estabelecimento de rotinas administrativas e operacionais, 
estrutura funcional, responsabilidade e autoridade, planejamento, recursos, etc; a base técnica 
trata do conhecimento dos aspectos ambientais associados às atividades, instalações, produtos 
 4
e serviços e como controlá-los; o conhecimento e atendimento dos requisitos legais e outros 
requisitos aplicáveis à organização compõem a base jurídica. 
Várias são as normas de SGA que vem servindo de base para a implementação de 
SGA em empresas de diversos setores, tamanhos e regiões do mundo. Os mais famosos, 
porém, são o EMAS, a BS 7750 e a ISO 14001. 
O EMAS (Eco Management Audit Scheme), trata-se de uma norma Britânica que 
surgiu em 1993, e que permite às indústrias da Comunidade Européia obter um registro 
publicado no jornal oficial da União Européia. Já a BS 7750 surgiu no Reino Unido, em 1994. 
Trata-se de uma norma da British Standard que apresenta especificações para o 
desenvolvimento, implementação e manutenção de um SGA afim de assegurar e demonstrar 
conformidade com as declarações da empresa quanto à política, objetivos e metas ambientais. 
A BS 7750 serviu de inspiração para a ISO (International Organization for Standardization), 
em 1996, lançar a ISO 14001, mais famosa dentre as normas de SGA. 
A ISO 14001 é uma norma ambiental internacional, do conjunto ISO 14000, que 
especifica os requisitos relativos a um SGA, permitindo à organização formular sua política e 
objetivos que levem em conta os requisitos legais e informações referentes aos impactos 
ambientais significativos. Cabe ressaltar que esta é a única norma do conjunto ISO 14000 
passível de certificação. Sua primeira versão foi lançada em 1996. A segunda versão da 
norma, após algumas poucas alterações, foi lançada em 2004. Ambas versões possuem 17 
requisitos normativos. A principal alteração entre as duas versões da norma é com relação ao 
requisito de “avaliação do atendimento a requisitos legais” que não existia na primeira versão 
e que foi introduzida nesta segunda. Em contrapartida, os requisitos de “objetivos & metas” e 
“programa de gestão ambiental”, que na versão de 1996 eram dois, a partir de 2004 foram 
condensados num só requisito. 
De todas as normas de SGA, a ISO 14001 sem dúvida é a que possui maior número de 
empresas certificadas no Brasil e no mundo. Mas, cabe ressaltar, que todas estas normas são 
muito mais adequadas à realidade das grandes empresas, pois necessitam de recursos 
humanos e financeiros para sua implementação. 
As pequenas empresas representam a maioria dos estabelecimentos existentes no 
Brasil: na indústria, o percentual de micro e pequenas empresas é de 96,37%; no comércio, é 
de 99,2% e no setor de serviços é de 97,43%. Em relação à distribuição dos empregos nas 
micro e pequenas empresas, verifica-se que 33,43% deles estão no setor industrial; 68,05% 
estão no comércio e 36,85% no setor de serviços. Esses dados revelam a grande importância 
que as micro e pequenas empresas exercem no Brasil (SILVA, et al (2005)). 
Leone (1999) considera que as pequenas e médias empresas possuem problemas 
diferentes em relação às empresas de grande porte e já merecem uma teoria específica. A 
autora indica a necessidade de uma gestão específica para as pequenas empresas, 
fundamentada em quatro características comuns: a importância do papel do empreendedor, o 
papel do ambiente, a natureza da organização e a natureza das atividades. Leone (1999) 
propõem, ainda, um agrupamento das especificidades que caracterizam as pequenas e médias 
empresas, emtrês grupos: organizacionais, decisionais e individuais. 
Silva (1998) aponta que as pequenas empresas não têm condições de investir no seu 
desenvolvimento, porque o seu potencial de acumulação de capital é baixo em relação às 
grandes empresas, o que resultado numa incapacidade de autofinanciamento. 
Existem ainda os vários problemas organizacionais que limitam o crescimento e a 
expansão das empresas de pequeno e médio porte. O maior deles é que o dono da empresa, na 
maioria das vezes, é o produtor, o vendedor, o administrador, o gerente financeiro, o de 
recursos humanos, e o de marketing. 
A participação das pequenas empresas em Santa Catarina supera a média nacional e 
com isso essas empresas contribuem significativamente para e desenvolvimento econômico 
 5
do Estado. Mesmo com todo o potencial existente no Estado as empresas enfrentam 
problemas que impedem o seu pleno desenvolvimento. Dentre os vários problemas que 
afetam as empresas catarinenses, os mais significativos estão nas áreas de produção. A 
ausência de uma programação da produção eficiente gera atrasos de entrega, paralisação nas 
linhas de montagem e estoques excessivos. Essa falta de programação ou planejamento de 
produção também acarreta em perdas excessivas de matéria prima, além de um alto índice de 
geração de resíduos, que são muitasvezes lançados no meio ambiente sem qualquer 
tratamento (SILVA, 1998). 
Vale ainda destacar que um dos fatores que determinam o sucesso de uma empresa é o 
seu mercado. As pequenas empresas sofrem problemas nessa área ocasionados pela sua 
incapacidade de competir com as grandes empresas, no que se refere a preços, prazos, 
quantidade, qualidade e condições de pagamento. Oprine et al (1999) destacam que uma 
grande deficiência observada nas pequenas e médias empresas é a falta de articulação dos 
vários aspectos da organização com as estratégias de mercado. Essa falta de informação do 
empresário sobre o mercado interno e externo faz com que a maioria das empresas não 
consiga atingir um mercado maior, limitando o seu crescimento. 
Todos esses aspectos refletem a necessidade ainda existente de estudo destas 
empresas, para dotá-las de técnicas que permitam uma gestão eficiente de seus processos 
proporcionando uma extinção ou diminuição dos resíduos gerados, transformando-os em uma 
fonte de rendimentos e lucro e trazendo possibilidades de criação de empregos e geração de 
renda. Com todo apelo pela conservação e preservação ambiental, as pequenas empresas 
precisam também se adequar a esta realidade e atenderem às demandas de mercado, 
produzindo com maior respeito ao meio ambiente. 
 
3. Métodos da Pesquisa 
Este item está subdividido em três sub-itens: os métodos da pesquisa realizada com as 
pequenas empresas e implementadores de SGA, os métodos da segunda etapa, com as grandes 
empresas e a análise comparativa. 
 
3.1 Métodos da primeira etapa da pesquisa – pequenas empresas e implementadores de 
SGA 
A partir dos estudos realizados em torno dos principais modelos e métodos de 
implementação de SGA - mais especificamente sobre os 17 requisitos da NBR ISO 14001 - e 
das principais características das Pequenas Empresas procurou-se identificar a visão das 
pequenas empresas e de um conjunto de implementadores de SGA do estado de Santa 
Catarina sobre os requisitos de um SGA mais aplicáveis à realidade e necessidades da 
pequena empresa. 
A pesquisa realizada classifica-se, quanto aos seus objetivos, como uma pesquisa 
exploratória. Quanto à sua forma de abordagem, representa uma pesquisa quali-quantitativa, 
pois utiliza técnicas e métodos tanto quantitativos, quanto qualitativos. Em relação à natureza 
do trabalho, pode ser classificada como uma pesquisa aplicada. De acordo com a classificação 
sugerida por Gil (1994), quanto aos procedimentos técnicos adotados para que fosse possível 
o desenvolvimento da pesquisa, fez-se uso de duas modalidades de pesquisa: a Pesquisa 
Bibliográfica (caracterizada como um estudo teórico) e a Pesquisa de Campo realizada em 
duas partes. 
Na primeira parte foram entrevistados cinco profissionais que atuam em 
implementação de sistemas de gestão ambiental, direta ou indiretamente e que tinham 
algumas características em comum: terem contatos com Pequenas Empresas do Estado; terem 
liderado ou implementado SGAs; terem mais de 10 anos de experiência prática; atuarem no 
Estado de Santa Catarina. As entrevistas realizadas foram do tipo semi-estruturada, com 
 6
perguntas abertas. Todas as entrevistas seguiram o mesmo roteiro de perguntas e foram 
realizadas diretamente com cada um dos entrevistados. 
A segunda parte foi realizada a partir da aplicação de um questionário do tipo múltipla 
escolha, com perguntas fechadas, que foram enviados por e-mail para pequenas empresas do 
Estado de Santa Catarina. O questionário continha 17 perguntas. Cada pergunta estava 
relacionada com um dos 17 requisitos da norma NBR ISO 14001 e continha 3 possibilidades 
de respostas: muito importante, importante e pouco importante. 
Inicialmente foram identificadas aproximadamente 1250 empresas dentre todas as 
pequenas empresas do Estado de Santa Catarina que poderiam estar interessadas em 
implementação de sistemas de gestão ambiental. O critério utilizado para a seleção destas 
primeiras 1250 empresas foi de acordo com suas respectivas atividades-fim. Todas aquelas 
que fossem fornecedoras de algum tipo de produto para outras empresas (medias ou grandes) 
e que pudessem fazer parte de uma cadeia de produção de processos que de alguma maneira 
cause grandes impactos negativos ao meio ambiente, foram selecionadas num primeiro 
momento. Por exemplo, empresas que fornecem produtos para: indústria têxtil, celulose, 
metal-mecânica, entre outras. Foram excluídas desta amostragem inicial pequenas empresas 
de serviços, tais como clínicas, escolas, escritórios, etc. 
Após esta primeira seleção identificou-se o endereço eletrônico de 870 destas 
empresas. Para todas as 870 empresas foram enviados e-mails verificando o interesse e a 
disponibilidade em responder um questionário acerca das principais necessidades destas 
empresas com relação às questões ambientais e processos de implementação de SGAs. Das 
870 pequenas empresas contatadas 335 responderam o e-mail enviado e apenas 127 
responderam ter interesse em participar da pesquisa. As demais 208 empresas contatadas e 
que responderam o e-mail mostraram algum tipo de desinteresse em participar da pesquisa. 
Dentre eles foram listados como principais motivos: falta de tempo, falta de interesse em SGA 
e desconhecimento sobre SGAs. 
Dos 127 questionários enviados por e-mail 83 foram respondidos. Coincidentemente 
verificou-se junto à FIESC (Federação das Indústrias de Santa Catarina) e o SEBRAE que 
quase 75% destas empresas já haviam participado de algum curso ou iniciativa no tema 
ambiental. Tal informação reforçou a representatividade desta amostra (apesar de pequena) 
com relação ao tema da pesquisa. 
Os principais resultados das duas partes da pesquisa, bem como uma análise de 
cruzamentos realizados a partir destes resultados, encontram-se apresentados no tópico de 
resultados. 
 
3.2 Métodos da segunda etapa da pesquisa – grandes empresas 
Os resultados preliminares da primeira etapa da pesquisa, com as pequenas empresas e 
com implementadores de SGA, foram publicados em congressos, revistas e num capítulo de 
um livro que reuniu artigos sobre pequenas empresas. A partir das discussões geradas nas 
apresentações destes resultados, surgiram novos questionamentos que originou uma nova 
pesquisa. As principais perguntas que nortearam esta segunda etapa foram: Baseando-se no 
fato de que as pequenas empresas normalmente fornecem seus produtos e serviços a grandes 
empresas, qual seria a visão das grandes empresas sobre os principais requisitos de um SGA? 
As grandes empresas concordam ou discordam das pequenas empresas e dos implementadores 
entrevistados quanto aos requisitos mais importantes para um SGA numa pequena empresa? 
A certificação segundo a NBR ISO 14001 em SGA de pequenas empresas é um fator 
importante para as grandes? 
Com intuito de responder a estas novas perguntas, optou-se por realizar uma pesquisa 
junto às grandes empresas do Estado de Santa Catarina, com SGA certificado pela NBR ISO 
14001. A pesquisa realizada com as grandes empresas seguiu os mesmos moldes da pesquisa 
 7
realizada com as pequenas empresas. Pode-se classifica-la, quanto aos seus objetivos, como 
uma pesquisa exploratória e quanto à sua forma de abordagem, representa uma pesquisa 
quali-quantitativa. Para coleta dos dados utilizou-se o mesmo questionário da primeira etapa1, 
com perguntas fechadas, que foi então encaminhado também por e-mail às 60 empresas com 
SGA certificados (até dezembro de 2005) pela NBR ISO 14001. As perguntas elaboradas 
seguiram a mesma estrutura do questionário da primeira pesquisa, indagando (agora às 
grandes empresas do Estado) sobre o grau de importância (muito importante, importante, 
pouco importante) de cada um dos 17 requisitos de um SGA para uma pequena empresa (ex: 
política ambiental, aspectos ambientais, comunicação, treinamento, controle operacional, 
análise da administração, entre outros). 
Dos 60 questionários enviados apenas 07 foram respondidos a contento e puderam 
fazer parteda amostra, o que representa 11,67% da população. Este número baixo, num 
primeiro momento, desmotivou os pesquisadores a dar continuidade à pesquisa, mas num 
segundo momento despertou nossa curiosidade em saber se havia ou não diferença entre as 
respostas das pequenas e das grandes empresas. Partiu-se então para uma análise comparativa. 
 
3.3 Métodos da Análise Comparativa 
A partir das respostas obtidas com as grandes empresas, gerou-se um quadro único 
destacando a visão das pequenas e grandes empresas sobre os 17 requisitos da norma2. A 
partir deste quadro, as respostas das grandes e pequenas empresas foram comparadas. Foi 
então realizado um teste de hipótese, com intuito de comparar os dois conjuntos de dados e 
verificar se a hipótese H0 apresentada a seguir era verdadeira ou não. 
H0: o conjunto de respostas das grandes empresas não difere consideravelmente do conjunto 
de respostas das pequenas empresas. 
H1: o conjunto de respostas das grandes empresas difere consideravelmente do conjunto de 
respostas das pequenas empresas. 
 Para este teste de hipótese utilizou-se o “teste t para amostras independentes”, que 
segundo Barbetta (2005), pode ser usado para amostras de tamanhos diferentes, como é o caso 
desta pesquisa. A fórmula utilizada foi: 
 
 
 
 
 
 
 
 Onde: X1: média da amostra das pequenas empresas 
 X2: média da amostra das grandes empresas 
 Sa: desvio padrão agregado (raiz quadrada da variância agregada) 
 n1: tamanho da amostra das pequenas empresas 
 n2: tamanho da amostra das grandes empresas 
 
Optou-se por considerar o grau de significância (α) de 5%, ou seja, α =0,05. 
 
Calculado o “t”, verificou-se a probabilidade “p” através da tabela de distribuição de t 
de Student: se p > α aceita-se H0, e 
se p < ou = α rejeita-se H0 
 
 
4. Apresentação dos Resultados 
 X1 - X2 
t = 
 Sa . (1/n1) + (1/n2) 
 8
Os resultados foram divididos em: resultados da primeira etapa da pesquisa, com as 
pequenas empresas e implementadores de SGA; resultados da segunda parte da pesquisa, 
obtidos das respostas das grandes empresas; e uma comparação entre os resultados da 
primeira etapa com os resultados da segunda etapa da pesquisa. 
 
4.1 Os requisitos de um SGA – visão das Pequenas Empresas e de implementadores 
Para definição de um modelo de SGA aplicado às necessidades de pequenas empresas 
do estado de Santa Catarina (objetivo da primeira etapa da pesquisa), foram, inicialmente, 
contatados 05 especialistas em implementação de SGA em empresas catarinenses. A partir de 
análises realizadas nos depoimentos destes cinco profissionais, pôde-se constatar o seguinte: 
 o interesse dos empresários em relação às questões ambientais ainda está diretamente 
ligado ao benefício econômico ou em relação à imagem que isso pode trazer para as 
suas empresas, independentemente de seu porte; 
 o desconhecimento e o despreparo do empresariado, bem como a falta de incentivos 
por parte do governo contribuem para a não disseminação da questão ambiental entre 
as pequenas empresas; 
 de uma forma geral, o que se vê nas pequenas empresas é desinformação e falta de 
comprometimento por parte do empresariado, com relação à causa ambiental; 
 na visão de muitos empresários, ser ecologicamente correto é construir uma estação de 
tratamento de efluentes e reduzir a carga poluidora de sua produção para evitar as 
multas dos órgãos de fiscalização, ou seja, gestão ambiental ainda está muito 
relacionado à controle ou correção; 
 as pequenas empresas tomam o sucesso ou fracasso das grandes empresas na 
implementação de SGAs como exemplo; 
 o pequeno número de funcionários das pequenas empresas e a diversidade de tarefas a 
serem desempenhadas dificultam a implementação de um SGA neste tipo de 
organização; 
 a implementação de um SGA numa pequena empresa é vista, num primeiro momento, 
como extremamente custosa; 
 um sistema para uma pequena ou média empresa, deve ser fácil, rápido e não pode 
exigir uma coleta muito grande de informações nem sistemas de informações muito 
complexos, caso contrário poderá demandar muito tempo e custo para sua implantação 
e manutenção. 
A respeito das entrevistas realizadas com estes profissionais é possível dizer que as 
empresas de maior porte têm mais experiência em virtude de sua posição e atuação no 
mercado, desta forma conseguem lidar com as questões administrativas e burocráticas com 
mais facilidade. No entanto, o maior interesse das empresas ainda está em cumprir a 
legislação. 
A pequena empresa não tem estrutura suficiente para implantar um SGA porque as 
atividades diárias já requerem tempo, habilidade e conhecimento. Normalmente, a pequena 
empresa não tem condições de ter uma equipe técnica, ou um responsável com condições de 
assumir a implementação. Com isso, a melhor opção para essas empresas é investir em outras 
tecnologias de resultado mais rápido, como por exemplo produção mais limpa, ou até mesmo 
programas como o 5S. 
Mas, apesar das dificuldades que os profissionais destacaram, todos foram unânimes 
em considerar que, o mesmo modelo de SGA implementado nas grandes e médias empresas 
pode ser implementado nas pequenas empresas, desde que possam ser feitas determinadas 
alterações, como por exemplo, mudanças na ordem de implementação, redução de alguns 
tipos de controle que possam burocratizar a empresa, menor expectativa e cobrança com 
 9
relação ao tempo de implementação, uso de metodologias e ferramentas mais simples e 
desenvolvidas para a própria necessidade da organização. 
Sendo assim, partiu-se para o momento da pesquisa de se identificar quais etapas do 
modelo tradicional de implementação de SGA, ou requisitos da norma NBR ISO 14001, as 
pequenas empresas acreditavam ser mais importantes para a sua realidade. 
Os principais resultados encontram-se apresentados no quadro 1 a seguir: 
 
Requisito média Grau de importância
Política ambiental 4.07 Alto 
Aspectos ambientais 3.93 Alto 
Requisitos legais 3.67 Alto 
Objetivos, metas e programas 2.87 Médio 
Recursos, funções, responsabilidade e autoridade 3.67 Alto 
Competência, treinamento e conscientização 3.53 Alto 
Comunicação 2.60 Médio 
Documentação 3.47 Alto 
Controle de documentos 3.27 Médio 
Controle operacional 3.40 Alto 
Preparação e resposta à Emergências 3.00 Médio 
Monitoramento e medição 3.40 Alto 
Avaliação do atendimento a requisitos legais 3.67 Alto 
Não conformidade, ação corretiva e preventivas 3.27 Médio 
Controle de registros 3.00 Médio 
Auditoria interna 3.00 Médio 
Análise da administração 2.93 Médio 
Quadro 1: Médias dos requisitos da NBR ISO 14001 – avaliação das pequenas empresas do Estado de Santa 
Catarina. 
Fonte: Dados da pesquisa 
 
Quando a empresa considerava o requisito muito importante equivalia a 5 (cinco) 
pontos. Quando considerava o requisito importante estava atribuindo 3 (três) pontos ao item e 
quando considerava o requisito pouco importante para o SGA no caso das pequenas empresas, 
equivalia a 1 (um) ponto. 
Após computados todos os dados dos questionários respondidos, optou-se por 
identificar um índice médio para cada um dos requisitos que constavam no questionário. Foi 
usado, então, o seguinte critério: 
 Para o item que tivesse a média entre 1,00 e 2,00 o requisito teria um grau de 
importância BAIXO; 
 Para o item que tivesse a média entre 2,01 e 3,30 o requisito teria um grau de 
importância MEDIO; 
 Para o item que tivesse a média entre 3,31 e 5,00 o requisito teria um grau de 
importância ALTO, para o sistema. 
De acordo com os intervalos adotados, dos 17 elementos ou requisitos de um SGA, 
segundo a NBR ISO 14001, aqueles que obtiveram maior grau de importância, segundo a 
amostra escolhida, foram 09, e estão apresentados a seguir, por ordem de importância: 
Política Ambiental; Aspectos Ambientais; Requisitos Legais e Avaliação ao atendimento 
de requisitos legais; Recursos, Funções, Responsabilidade e Autoridade; Competência, 
Treinamento e Conscientização; Documentaçãodo SGA; Controle Operacional; e, 
Monitoramento e Medição. 
 
4.2 Os requisitos de um SGA – visão das Grandes Empresas 
 Os resultados da pesquisa, obtidos através de 07 questionários respondidos e 
retornados por e-mail, foram compilados no quadro 2, apresentado a seguir. 
 10
 
 
Requisito média Grau de importância
Política ambiental 3,86 Alto 
Aspectos ambientais 3,57 Alto 
Requisitos legais 3,57 Alto 
Objetivos, metas e programas 3,29 Médio 
Recursos, funções, responsabilidade e autoridade 2,14 Médio 
Competência, treinamento e conscientização 3,0 Médio 
Comunicação 2,71 Médio 
Documentação 3,86 Alto 
Controle de documentos 3,29 Médio 
Controle operacional 2,71 Médio 
Preparação e resposta à Emergências 2,71 Médio 
Monitoramento e medição 3,57 Alto 
Avaliação do atendimento a requisitos legais 3,57 Alto 
Não conformidade, ação corretiva e preventivas 3,29 Médio 
Controle de registros 2,71 Médio 
Auditoria interna 3,86 Alto 
Análise da administração 3,00 Médio 
Quadro 2: Médias dos requisitos da NBR ISO 14001 – avaliação das grandes empresas do Estado de Santa 
Catarina. 
Fonte: Dados da pesquisa 
 
 Na visão das grandes empresas certificadas, 07 são os requisitos de um SGA mais 
importantes para uma pequena empresa, sendo eles, em ordem de importância: política 
ambiental, documentação, auditoria interna, aspectos ambientais, requisitos legais, 
monitoramento e medição e avaliação do atendimento a requisitos legais. 
 
4.3 Comparação entre os resultados das pesquisas com pequenas e grandes empresas de 
Santa Catarina e com implementadores de SGA 
 
Os dados das médias de cada um dos requisitos das duas pesquisas, com as pequenas 
empresas e com as grandes empresas, estão apresentados no quadro 2 a seguir. Percebe-se que 
dentre os 17 requisitos, há diferença em quatro deles, respeitando-se as escalas propostas no 
trabalho e que foi a mesma para as duas etapas da pesquisa. 
 
 Visão pequenas empresas Visão grandes empresas 
Requisito média Grau import. média Grau import. 
Política ambiental 4.07 Alto 3,86 Alto 
Aspectos ambientais 3.93 Alt 3,57 Alto 
Requisitos legais 3.67 Alto 3,57 Alto 
Objetivos, metas e programas 2.87 Médio 3,29 Médio 
Recursos, funções, responsabilidade 
e autoridade 
3.67 Alto 2,14 Médio 
Competência e conscientização 3.53 Alto 3,0 Médio 
Comunicação 2.60 Médio 2,71 Médio 
Documentação 3.47 Alto 3,86 Alto 
Controle de documentos 3.27 Médio 3,29 Médio 
Controle operacional 3.40 Alto 2,71 Médio 
Preparação e resposta à 
Emergências 
3.00 Médio 2,71 Médio 
Monitoramento e medição 3.40 Alto 3,57 Alto 
Avaliação do atendimento a 
requisitos legais 
3.67 Alto 3,57 Alto 
 11
Não conformidade, ação corretiva e 
preventiva 
3.27 Médio 3,29 Médio 
Controle de registros 3.00 Médio 2,71 Médio 
Auditoria interna 3.00 Média 3,86 Alta 
Análise da administração 2.93 Média 3,00 Média 
Quadro 2: Quadro comparativo entre médias e grau de importância dos requisitos da NBR ISO 14001 - 
pesquisas realizadas com pequenas e grandes empresas do Estado de Santa Catarina. 
Fonte: Dados da pesquisa 
 
Tanto para as pequenas como para as grandes empresas, seis dos requisitos da NBR 
ISO 14001 foram apontados com alto grau de importância. São eles: política ambiental, 
aspectos ambientais, requisitos legais, documentação do SGA, monitoramento e 
medição, e avaliação do atendimento a requisitos legais. Houve, porém, divergências em 4 
dos 17 requisitos, sendo eles: “Recursos, funções, responsabilidade e autoridade”, 
“competência, treinamento e conscientização”, “controle operacional” e “auditoria 
interna”. 
Sendo assim, para estes quatro requisitos foi realizado um teste de hipótese para 
verificar se H0 era verdadeira ou não. Para este teste de hipótese utilizou-se o “teste t para 
amostras independentes” (BARBETTA, 2005). 
No caso do requisito de recursos, funções, responsabilidade e autoridade, verificou-
se que t = 2,2935. Com este valor, obteve-se na tabela de distribuição t de Student uma 
probabilidade (p) de 0,01. Por ser este um teste bicaudal deve-se multiplicar este valor por 
dois. Sendo assim, o valor encontrado 0,02 é menor que 0,05 e, portanto, a hipótese H0 deve 
ser rejeitada. Ou seja, no caso deste requisito, há diferença entre a visão das pequenas e 
grandes empresas. 
No caso do requisito de competência e conscientização, verificou-se que t = 0,8183. 
Com este valor, obteve-se na tabela de distribuição t de Student uma probabilidade (p) de 
0,25. Por ser este um teste bicaudal deve-se multiplicar este valor por dois. Sendo assim, o 
valor encontrado 0,5 é maior que 0,05 e, portanto, a hipótese H0 deve ser aceita. Ou seja, no 
caso deste requisito, não há diferença entre a visão das pequenas e grandes empresas. 
No caso do requisito de controle operacional, verificou-se que t = 1,1252. Com este 
valor, obteve-se na tabela de distribuição t de Student uma probabilidade (p) de 0,1. Por ser 
este um teste bicaudal deve-se multiplicar este valor por dois. Sendo assim, o valor 
encontrado 0,2 é maior que 0,05 e, portanto, a hipótese H0 deve ser aceita. Ou seja, no caso 
deste requisito, não há diferença entre a visão das pequenas e grandes empresas. 
E, no caso do requisito de auditoria interna, verificou-se que t = 1,3314. Com este 
valor, obteve-se na tabela de distribuição t de Student uma probabilidade (p) de 0,1. Por ser 
este um teste bicaudal deve-se multiplicar este valor por dois. Sendo assim, o valor 
encontrado 0,2 é maior que 0,05 e, portanto, a hipótese H0 deve ser aceita. Ou seja, no caso 
deste requisito, não há diferença entre a visão das pequenas e grandes empresas. 
 Sendo assim, pode-se concluir que há pouca divergência entre a visão das pequenas e 
grandes empresas sobre os requisitos mais adequados de um SGA aplicado a pequenas 
empresas. 
Não foi surpresa que a política ambiental constasse como primeiro item em grau de 
importância dos requisitos de um SGA tanto para as pequenas quanto para as grandes 
empresas. No caso das grandes empresas, a alta administração deve assegurar que esta 
Política seja entendida por todos os empregados. Numa organização média ou grande há 
várias maneiras de fazer isso: publicar uma carta do presidente da empresa, publicar no jornal 
interno, elaborar quadros, incluir na agenda dos funcionários, etc. No caso das empresas de 
pequeno porte isto poderá ser feito, por exemplo, através de conversas ou treinamentos 
informais. 
 12
O requisito de aspecto ambiental também foi, tanto entre as pequenas como entre as 
grandes empresas, avaliado como um requisito de alto grau de importância. Provavelmente 
porque a própria definição da gestão ambiental e de sistemas de gestão ambiental cita o termo 
aspectos ambientais. Ou seja, aqueles que conhecem com maior profundidade a norma sabem 
de sua importância, os que não conhecem ao menos há ouviram falar. 
Além dos aspectos ambientais, os requisitos de identificação dos requisitos legais e 
avaliação do atendimento foram citados em ambas pesquisas. A empresa deve ser capaz de 
identificar e manter atualizados os requisitos legais, em nível federal, estadual e municipal, 
pertinentes à instalação e operação das atividades que desenvolve. Num primeiro momento 
isto pode parecer muito complicado para ser realizado em pequenas empresas. Mas deve-se 
lembrar que estes são realmente requisitos importantes, caso contrário a empresa não possuirá 
sequer conhecimento sobre quais atividades que sua empresa realiza que podem estar 
infringindo alguma legislação aplicável. 
 Dentro da estrutura de uma grande empresa, todos os empregados, em todos os níveis, 
sejam operacionais, de apoio, administrativos ou chefias, têm que ter responsabilidades muito 
bem definidas dentro do SGA. Já no caso das pequenas empresas, a realidade é diferente. 
Como citado na fundamentação teórica deste artigo, na pequena empresa as atribuições 
delegadas a uma só pessoa podem ser muitas, dificultando a realização de suas atividades. 
Este foi o item em que houve maior discrepância entre avisão das pequenas e grandes 
empresas. As pequenas entendem este como um requisito de alto grau de importância para um 
SGA, provavelmente pela dificuldade que têm no dia a dia para executar suas tarefas, talvez 
ainda com receio de maior sobrecarga de trabalho com um SGA. Já para a grande empresa, 
este é um requisito não tão importante, provavelmente por achar difícil haver dificuldades em 
delegar recursos, funções, responsabilidades e autoridades a um conjunto pequeno de pessoas. 
 Após o teste estatístico verificou-se que dentre os 17 requisitos da norma, esse foi 
realmente o único discrepante. Pode-se notar isso claramente apenas observando-se os 
resultados das duas médias. 
Da mesma forma, a realização de treinamentos, bem como sua eficiência, são de 
grande importância para o sucesso de um SGA, na visão das pequenas empresas. Já na visão 
das grandes, num SGA para pequenas empresas este é um requisito não tão importante. 
Particularmente este foi o item que causou maior espanto aos pesquisadores, já que o 
treinamento é crucial para o sucesso de um SGA e pelo fato de que qualquer empresa deve 
garantir que todos os funcionários estejam cientes de suas responsabilidades em relação à lei e 
todos os procedimentos e normas da empresa. Devendo ainda ser assegurado que todos os 
funcionários entendam esses procedimentos. 
Um sistema de gerenciamento ambiental requer um sistema de documentação a fim de 
coletar, analisar, registrar e recuperar informações. As decisões são geralmente relacionadas à 
solução de problemas. Com relação a este requisito de documentação, não houve divergências 
entre as amostras de pequenas e grandes empresas, ambas consideraram o requisito como de 
lato grau de importância. 
No caso do controle operacional de um SGA, este tem por objetivo identificar quais 
operações e atividades associadas aos aspectos ambientais mais significativos devem ter 
algum tipo de controle. Cabe ressaltar que a proposição deste requisito vai contra a visão das 
grandes empresas e dos profissionais que foram entrevistados (e que trabalham com 
implementação de SGAs). Para estes profissionais, o controle é algo que deveria ser 
minimizado num modelo de SGA adaptável a organizações de pequeno porte. Contrária a esta 
idéia está a posição dos profissionais que responderam o questionário e representaram as 
pequenas empresas. Segundo as respostas obtidas, o controle operacional é um requisito 
importante para o SGA em suas organizações. 
 13
O item de monitoramento e medição foi outra surpresa das respostas obtidas quando 
comparadas as visões das pequenas e grandes empresas com as dos implementadores. 
Monitoramento e medição não deixa de ser também um tipo de controle e mais uma vez 
aparece citado, contrariando a visão dos implementadores. 
 Com relação ao item de auditoria interna, as grandes empresas discordam tanto da 
visão das pequenas empresas (que atribuíram média importância ao requisito) quanto da visão 
dos implementadores, que consideram este um requisito de controle, portanto não tão 
importante. 
 
5. Considerações Finais 
Durante o desenvolvimento da pesquisa foi possível observar algumas diferenças entre 
as visões das pequenas e grandes empresas, mas de um modo geral, pode-se considerar que o 
conjunto de respostas das grandes empresas não difere consideravelmente do conjunto de 
respostas das pequenas empresas. 
Surpreendeu o fato das pequenas empresas, copiando os modelos tradicionais de 
implementação, preocuparem-se com aspectos legais passíveis de fiscalização. Outra surpresa 
foi a presença de três requisitos relacionados a controle: documentação do sistema, controle 
operacional e monitoramento e medição, que aparecerem entre os 9 requisitos de maior 
importância para um SGA nas pequenas empresas, contrariando inclusive a visão dos 
profissionais que atuam na área e que participaram da primeira etapa da pesquisa. 
 Apesar do número de empresas que participaram da pesquisa ser muito pequeno 
quando comparado ao universo de pequenas empresas no Estado de Santa Catarina, 
considera-se que esta pesquisa pôde dar sua contribuição no sentido de procurar explorar um 
tema muito mais do universo das grandes organizações no âmbito das pequenas organizações. 
A baixa adesão à pesquisa pode derivar de vários fatores, dentre eles o número extremamente 
baixo de pequenas empresas que exportam seus produtos (1,7% do total de produtos 
exportados no Brasil). Sendo assim, a pressão por implementar um SGA em pequenas 
empresas não é tão grande quanto a pressão nas grandes empresas. 
Já com relação ao baixo número de respondentes das grandes empresas (7 empresas 
em 60 contactadas), um dos fatores que pode ter contribuído foi a época em que a pesquisa foi 
realizada (novembro e dezembro de 2005). Por ser final de ano, há a possibilidade de ter sido 
realizada num mau momento para as grandes empresas (fechamento de ano). Pretende-se 
realizar ainda uma segunda rodada, com intuito de se buscar um maior número de 
respondentes. 
 Cabe ainda ressaltar que esta proposta de maneira alguma esgota o assunto, tampouco 
pretende colocar-se como a visão mais apropriada destas organizações. Apenas procurou 
relatar a visão de profissionais que atuam na área e de algumas das empresas interessadas no 
assunto. 
Acredita-se que a experiência das grandes empresas, mais habituadas ao convívio e às 
exigências desta ferramenta, bem como o conhecimento das expectativas das grandes 
organizações em relação aos SGA das pequenas, pudesse trazer grandes contribuições ao tema 
e às pequenas empresas, por este motivo optou-se por dar continuidade à primeira etapa da 
pesquisa. 
 A idéia de trabalhar somente com as empresas certificadas em Santa Catarina, num 
primeiro momento, ocorreu com o intuito de trazer à tona a visão das grandes empresas que 
estão mais relacionadas com as pequenas empresas e aos implementadores que já haviam sido 
pesquisados e entrevistados. Outro motivo foi o de tentar identificar a visão das grandes e 
pequenas empresas num mesmo contexto e realidade. Acredita-se que como desdobramento 
desta pesquisa, num segundo momento, seja possível realizar uma pesquisa mais ampla com 
empresas certificadas de outros estados. 
 14
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VITERBO JÚNIOR, Ênio. Sistema integrado de Gestão Ambiental: Como implementar um 
sistema de gestão que atenda à norma ISO 14001 a partir de um sistema baseado na norma 
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1 As únicas alterações necessárias foram as adequações quanto aos novos requisitos da versão NBR ISO 
14001:2004. 
2 Para efeito de comparação e melhor compreensão dos resultados, os nomes dos requisitos adotados na 
apresentação, tanto no caso das pequenas quanto no caso das grandes empresas seguiu a nomenclatura da última 
versão da norma (2004).

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