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Resenha Critica do Artigo: Herzlinger, Regina E, e Pinho, Ricardo Reisen. A Amil e o Sistema de Assistência Médica no Brasil. Publicado em .Havard Business School, 2011 O Sistema de Saúde no Brasil e a Amil Karin Priscila Braga Knauft Monteiro (Unesa – CF) Introdução O artigo intitulado “A Amil e o Sistema de Assistência Médica no Brasil”, escrito por Regina E. Herzlinger e Ricardo Reisen de Pinho, apresenta a trajetória da Amil como prestadora de serviços de saúde no Brasil, a estratégia de integração vertical em serviços de saúde utilizada para se tornar uma das maiores organização de planos de saúde no país– com extensão, inclusive no exterior, seus serviços e produtos, operações e estratégias, desde a sua fundação em 1972 até 2010, além de fazer um breve histórico da saúde pública em nosso país. Resenha A Amil, uma organização brasileira da área de saúde, criada em 1972, transformou-se em uma das gigantes deste setor em nosso país, já que oferecia uma ampla gama de planos de saúde flexíveis e a preços competitivos para grandes, médias, pequenas e microempresas, além de pessoas de todas as faixas de renda. Essa constatação é atribuída à decisão de seu acionista majoritário e presidente do conselho, Edson Bueno, em utilizar a estratégia de integração vertical em serviços de saúde. Essa estratégia, controvertida, trazia benefícios em potencial, pois ao integrar os fragmentados serviços de saúde, poderia levar a ganhos dramáticos de qualidade e ao controle de custos, ao passo que muitas de suas concorrentes julgavam ser mais seguro restringir suas atividades a parcelas determinadas do serviço de saúde, como seguros ou prestação de serviço, pois o mercado permitia. Devido a fatores como a má qualidade dos serviços públicos de saúde, ao envelhecimento da população, a melhoria dos níveis de renda, ao crescimento do emprego com carteira assinada e ao consequente aumento do acesso a planos de saúde empresariais, houve um forte crescimento no setor de saúde privada, principalmente entre os anos 2000 e 2010, que permitiu que o fragmentado e desequilibrado mercado brasileiro de saúde privada se consolidasse e empresas ligadas a grandes grupo financeiro ou de seguros começassem a representar um papel central no setor. , período no qual também se vislumbrou o crescimento das fusões e aquisições e, mesmo o setor permanecendo altamente fragmentado, a sua consolidação era acelerada. A estratégia de oferta de produtos verticalmente integrados da Amil encontrava respaldo em sua perícia na gestão de custos e no profundo conhecimento que sua administração tinha do setor, além de sua capacidade para identificar boas oportunidades no campo de F&A (fusões e aquisições). Mas essa expansão orgânica e crescimento acelerado haviam sobrecarregado a organização, gerando despesas extraordinárias ligadas a aquisições, consultorias e demissões e exerciam pressão sobre os resultados a curto prazo. Suas restrições em recursos humanos ficavam mais aparentes enquanto a empresa lidava com diversas aquisições e integrações, tendo ainda que assegurar sua liderança, já que enfrentava forte concorrência com outras seis empresas. Bueno sabia que para o próximo ciclo de expansão e para lidar com a complexidade, profissionalização e competitividade crescentes do mercado, a Amil iria precisar de capital e de novas competências administrativas, além de agilização em seus processos internos, introdução de novos produtos no mercado e melhoria na abordagem ao atendimento ao cliente, dado o novo cenário. As aquisições tinham criado ainda mais pressão sobre uma empresa com ambições de alcance nacional em um país de dimensões continentais. Nesse sentido, a cultura da Amil predominou, com uma estrutura profissional baseada na meritocracia, seus executivos eram responsáveis por liderar o processo, integrando e treinando os novos empregados. Para além disso, o panorama político se tornava cada vez mais instável em relação aos planos de saúde, com a ameaça de greve nacional dos médicos para interromper todas as atividades de planos de saúde, exceto emergenciais; protestando contra os baixos salários e contra a crescente interferência dessas organizações, reduzindo o número de pedidos clínicos pedido pelos médicos, recusando pagamento por procedimentos já executados e restringindo a aceitação ou tratamento de doenças preexistentes. Apresentando um breve histórico dos serviços de saúde no Brasil, os autores mostram que em 2010, o país era o quinto maior do mundo em território nacional, com cento e noventa milhões de habitantes e cujo desenvolvimento regional e distribuição de renda eram muito desiguais, com isso, os abismos sociais e econômicos produzidos ao longo de décadas influenciavam a disponibilidade, o acesso e a acessibilidade dos serviços de saúde. O ambiente macroeconômico positivo do Brasil, contudo, se traduzira em maiores níveis de riqueza para os consumidores, e a estabilidade e o crescimento econômico criaram empregos e aumentaram a renda dos trabalhadores brasileiros, com impacto positivo sobre o setor de saúde privada, sendo que os serviços de saúde estavam entre os primeiros comprados com o aumento da riqueza e um dos últimos a serem cortados em épocas de dificuldades econômicas. O setor brasileiro de serviços de saúde dividido entre os sistemas privado e público, e a Constituição Federal do Brasil garante acesso a cuidados médicos a todos brasileiros por meio do SUS – Sistema Único de Saúde. Apesar das melhorias consideráveis neste sistema, ele ainda estava sobrecarregado e era considerado, de modo geral, como de pior qualidade em termos de infraestrutura, pessoal e sua disponibilidade, amplitude e qualidade dos procedimentos e exames. Mesmo oferecendo serviços de saúde gratuitos por meio de instituições públicas nas esferas federal, estadual e municipal, além de instituições privadas que prestam serviços ao Sus por meio de contratos com órgãos públicos, este apresentava baixos orçamentos, longas filas e inconsistência da qualidade dos serviços prestados, sendo seu maior problema a administração. Por outro lado, os planos de saúde privados, que forma criados na década de 1960 para oferecer cobertura de melhor qualidade para os empregados e seus familiares, eram a principal fonte de renda dos hospitais, das redes de serviços acessórios e dos médicos e desenvolveu-se com reação à qualidade limitada dos serviços públicos e a uma classe média que crescia rápido, numa época em que a expectativa de vida aumentava .A partir de 1988, todas as operadoras privadas de planos de saúde foram obrigadas a oferecer cobertura para qualquer doença coberta pelo sistema público e em 2000 foi criada a Agência Nacional de Saúde, órgão governamental responsável por regular, padronizar, controlar e inspecionar as operadoras de planos de saúde. A história da Amil começou com sua fundação em 1972, pelo cirurgião geral Edson de Godoy Bueno, que decidiu adquirir uma pequena maternidade no estado do |Rio de Janeiro, assumindo suas dívidas., adquirindo mais três clínicas e criando uma empresa de serviços médico. Inspirado por outras OPSs, ele estabeleceu a Amil Assistência Médica, em 1978. Na década de 1980 a Amil começou a fazer investimentos pesados em marketing, em sua expansão para fora do estado do Rio de Janeiro e no lançamento pioneiro de novos serviços. Em 1993, tornou-se a primeira OPS do Brasil a fornecer cobertura internacional para seus clientes quando no exterior. Em 1999 criou o conceito de Total Care, para membros que necessitassem de cuidados especiais e acompanhamento médico e no início dos anos 2000adotou um programa chamado Sistema Unificado de Gestão de Saúde, baseado em prevenção. Em 2007 criou uma holding por meio de uma reestruturação corporativa que uniu diversas subsidiárias do grupo sob um mesmo pálioempresarial. Em dezembro de 2010 a Amil tornou-se a maior prestadora de serviços de saúde do Brasil. Desenvolveu uma cultura voltada para o empregado e o cliente e focada em saúde acessível e de qualidade; sua alta administração era composta por médicos com pouco ou nenhum treinamento gerencial; evitava associar-se a bancos, seguradoras ou empresas internacionais de saúde e desconfiava da terceirização de elementos chaves da empresa, como equipe de vendas, publicidade e call center, optando por gerenciar internamente essas funções. O mercado de seguros-saúde abrangia dois segmentos de clientela: pessoas jurídicas e pessoas físicas. A Amil oferecia uma ampla gama de produtos de cuidados gerenciados para clientes corporativos e individuais em diversos segmentos de renda, por meio de marcas diferenciadas e em formatos que ofereciam o produto, o preço e as características de risco, como: o Plano Livre Escolha, as Organizações de Prestador Preferencial, as Organizações Mantenedoras de Saúde, Os Planos de Mero Serviço e os Planos Odontológicos. Os preços variavam muito com o tipo de cobertura e o número de participantes e levavam em conta premissas atuariais como o uso estimado de serviços médicos per capita, o envelhecimento dos membros do plano, a dispersão geográfica dos membros, mecanismos de controle de utilização e taxas de giro e inadimplência. Para além, a Amil introduziu um conceito chamado Sistema de Saúde Integrada, que ligava hospitais e centros médicos gerais e especializados, permitindo a transferência de pacientes entre essas unidades de acordo com suas necessidades para garantir atendimento mais especializado, preciso e rápido, e que classificava as ocorrências médicas em três níveis: I, II e III. Havia ainda o Programa Amil de Qualidade de Vida, voltado para a prevenção de doenças, as clínicas especializadas para problemas como Interrupção do Tabagismo e Perda de Peso e a Gestão de Pacientes de Alto Risco. Para fornecer amplos serviços de cobertura médica a sua clientela, a Amil desenvolveu uma rede de prestadores de serviços em mais de 600 cidades por todo o Brasil. A complexidade inerente ao setor, o crescimento acelerado da Amil e as rápidas mudanças do panorama socioeconômico brasileiro poderiam por em risco os resultados da empresa. Para mitigar o risco, a empresa desenvolveu uma abordagem de gestão de risco respaldada por uma equipe dedicada, sistemas e controles voltados para a identificação e o monitoramento de efeitos adversos, tomando medidas preventivas e corretivas sempre que necessário, através do conceito de liberdade assistida, em que o código de ética e os processos da Amil sustentavam mecanismos que permitiam à sede monitorar e controlar, mas também potencializavam empregados e associados, fiando-se na disciplina de processos e em investimentos substanciais em tecnologia da informação. Já o risco global de inadimplência substancial de clientes era mitigado pela clientela fragmentada da Amil e pelo fato de que as empresas de saúde podiam, por lei, suspender o atendimento aos clientes depois de um dado período sem pagamento. Além das aquisições de OPSs, como a Medial em 2009, a Amil sinalizava ao mercado que também iria seguir uma estratégia de expansão vertical e, assim, adquiriu nove hospitais e oito clínicas em 2010, além de uma fusão com a DASA, maior laboratório e centro de diagnóstico por imagens da América Latina. Conclusão Neste artigo, os autores trataram com muita propriedade o complexo e a complexidade do sistema da Operadora de Planos de Saúde Amil, pois longe de ser apenas uma prestadora de serviços e produtos, desde a sua fundação percebe-se um esforço incansável de seu acionista majoritário e presidente conselho, Edson Bueno fazer uso de uma estratégia de integração vertical em serviços de saúde e em fazer com que todos os setores dialoguem e avancem na mesma direção. Bem mais que administrar um serviço de saúde, Bueno investiu em capacitação de seus executivos, com treinamentos e bonificações; conseguiu centrar atenção ao conceito de qualidade, sempre ofertando novos produtos e, inclusive, sendo pioneiro na oferta de alguns produtos, por estar atento às demandas e necessidades de seus clientes; conseguiu ser empreendedor ao realizar aquisições e fusões de sucesso e tornar sua empresa o maior plano de saúde do Brasil. Considerando ser este o objetivo do artigo – mostrar a capacidade empreendedora, inovadora e visionária de Edson Bueno, o objetivo foi alcançado, Se foi mostrar que os planos de saúde são muito mais e podem ir muito além de apenas contrair novos membros para sua carteira de clientes, também podemos considerar exitoso. Resta saber se houve fôlego frente aos desafios políticos, econômicos e sociais enfrentados pelo país nos últimos anos, além do que mostra no artigo.. .
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