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Métodos físicos e químicos utilizados no controle do crescimento bacteriano Prof. Dr. Ricardo César Tavares Carvalho e-mail: ricardo_carvalho88@hotmail.com Histórico • O controle dos microrganismos iniciou-se há cerca de 100 anos: – Estudo de Pasteur: o conceito de que as doenças são causadas por micróbios, os estudos sobre fermentação microbiana, o processo de pasteurização e a criação de vacinas. Histórico • Joseph Lister: cirurgião que demonstrou, em 1865, que o ácido carbólico (fenol) era um efetivo agente antisséptico, o que reduziu o número de mortes por infecções pós- operatórias Aplicações • Industrial • Laboratorial • Hospitalar • A escolha do método depende do objetivo, do tipo de material e do nível de controle que se deseja obter. Controle de microrganismos • Redução da carga microbiana. • Perda da capacidade reprodutiva • MORTE Alvos • Parede Celular. • Membrana Citoplasmática. • Enzimas e Proteínas. • DNA e RNA. Conceitos: Você sabe o que é.... • Limpeza? • Esterilização? • Desinfecção? • Sanitização? • Assepsia? • Bacteriostase? • Bactericida? • Germicida? Conceitos • LIMPEZA: – Remoção de sujidades que indispensavelmente antecede os procedimentos de desinfecção ou esterilização. Conceitos • ESTERILIZAÇÃO: – Processo que visa a destruição total de todas as formas de vida de um material ou ambiente, através de métodos físicos ou químicos. Conceitos • DESINFECÇÃO: – Eliminação parcial dos microrganismos, mata as formas vegetativas, mas não necessariamente as esporuladas de microrganismos patogênicos presentes em um material inanimado. – Métodos: Substâncias químicas (desinfetantes), radiação UV, água fervente ou vapor. Conceitos • SANITIZAÇÃO: – Utiliza um agente, normalmente químico, em utensílios e equipamentos, que reduz a população microbiana até níveis compatíveis com as exigências da saúde pública. Conceitos • ASSEPSIA: – Procedimentos que visam evitar o retorno da contaminação a um objeto, superfície ou local. Conceito • ANTI-SEPSSIA: – Desinfecção de tecidos vivos, como pele e mucosas. Conceito • BACTERIOSTASE: – Inibição do crescimento, pela inibição da síntese proteica, entretanto a bactéria não está morta. • Antibióticos bacteriostáticos limitam o crescimento de bactérias por interferirem na produção de proteína, na replicação do DNA ou outros aspectos do metabolismo celular bacteriano. Os agentes bacteriostáticos são frequentemente inibidores de síntese proteica e atuam por ligação aos ribossomos. • Bactericida: – Morte celular. • Substâncias produzidas para combater bactérias, para fazer higienização; germicidas. • Germicida: – Substância química que mata formas vegetativas de microrganismos (não necessariamente os patogênicos). Nem sempre extermina as formas esporuladas. Condições que influenciam a atividade antimicrobiana. • Tamanho da população; • Intensidade ou concentração do agente microbicida; • Tempo de exposição ao agente; • Temperatura; • Natureza do material contendo os microrganismos; • Características dos microrganismos; • Condições ambientais (pH, concentração de carboidratos, presença de matéria orgânica). PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA OBTER MAIOR EFICIÊNCIA DO CONTROLE MICROBIANO. • 1- Avaliar susceptibilidade das espécies para esse produto ou método. • 2- O contato do produto com o microrganismo deve ser facilitado. • 3- O tempo de exposição adequado, entre o produto escolhido e o microrganismo para permitir a ação necessária. Métodos de controle • Físicos: – Calor (úmido, seco, pasteurização). – Filtração. – Baixas temperaturas. – Alta pressão. – Dessecação. – Pressão osmótica. – Radiação. Métodos de controle • Químicos: Desinfetantes e/ou anti-sépticos: – Halogênios (cloro, iodo). – Álcoois (etanol 70%, isopropanol). – Fenóis e bifenóis (o-fenilfenol, tricosan). – Biguanidas (clorexidina). – Agentes tensoativos (sabões e detergentes). Métodos de controle • Químicos (continuação)… – Quaternários de amônio. – Metais (Ag, Hg, Cu). – Conservantes de alimentos. – Antibióticos. – Esterilizantes gasosos (oxirano). – Aldeídos (glutaraldeído). Mecanismos físicos Calor (úmido, seco, pasteurização): • Mecanismos de ação: desnaturação das proteínas (enzimas). Mecanismos de ação • Fervura: destrói formas vegetativas de bactérias patogênicas, fungos e grandes partes de vírus em 10 minutos (vírus hepatite e endosporos resistem por mais tempo). • Autoclave: maior temperatura devido a pressão (esterilização efetiva). Mecanismos de ação • Pasteurização (calor úmido): – Objetivo: eliminar microrganismos patogênicos, prolongar a qualidade, utilizado em alimentos perecíveis (leite, iogurte, sorvete, cerveja). • O tempo de pasteurização difere conforme a viscosidade e teor de sólidos. • Pasteurização lenta: – Conhecida como LTLT (Low Temperature Long Time, ou seja, temperatura baixa tempo longo) a temperatura chega a 65°C por um tempo de 30 minutos. • Pasteurização rápida: – Conhecida como HTST (High Temperature and Short Time, ou seja, alta temperatura e curto tempo) a temperatura chega a 72°C por um tempo de 15 segundos. • Pasteurização muito rápida: – Conhecida como UHT (Ultra High Temperature ou temperatura ultra-elevada), onde a temperatura varia de 130°C a 150°C, por um período de três a cinco segundos. Mecanismos de ação • Calor seco: – Produz desnaturação, perda da integridade celular. • Aplicado principalmente a instrumentos e materiais sólidos (por exemplo vidraria). • Requer uma temperatura e um tempo maior (170-180°C/algumas horas). • Obtido em fornos de esterilização (Forno de Pasteur). Controle biológico • Testes utilizados para monitorar e validar processos, garantindo a segurança do métodos, podem ser: • Químicos: – fitas termossensíveis. • Biológicos: – Consiste em uma população padronizada de microrganismos viáveis (usualmente esporulados) conhecidos como resistentes ao modo de esterilização a ser monitorizado. Controle do processo de esterilização em autoclave. Filtração • Mecanismo de ação: remoção mecânica – Soluções sensíveis ao calor. – Filtros de membrana: ésteres de celulose, polímeros plásticos 0,22μm e 0,45μm para bactérias. • Ex: Capelas de fluxo laminar, filtros de ar de alta eficiência (90%). Liofilização • Mecanismo de ação: – interrupção do metabolismo bacteriano. – A água é sublimada do interior da célula. Os microrganismos permanecem viáveis, porém latentes com a ausência de água. Temperatura baixa • Refrigeração comum: – Bacteriostático 0o-7ºC; (exceção bactérias psicrotróficas). – Congelamento -20ºC. – Lento: bactérias em estado latente – Rápido: mais letal, ciclos de congelamento e descongelamento são utilizados – Nitrogênio líquido -179ºC. Radiação • Mecanismo de ação: – Os raios ionizam a água, formando radicais hidroxila (OH) altamente reativos. • Ionizantes: Raios gama, raios X e feixes de elétrons de alta energia. Radiação não-ionizante • Mecanismo de ação: – Alteram o DNA pela formação de dímeros. • Não muito penetrante: – UV (260nm) Campo elétrico pulsado • Fortes e curtos pulsos elétricos; • Ação sobre bactérias: ruptura da membrana celular, formação de poros na membrana. Pressão osmótica • Aumento da concentração de sais ou açúcares. • Mecanismo de ação: – provoca a saída de água condensando o citoplasma e retraindo a membrana. Controle Químico Desinfetantes • Capacidade de penetração na matéria orgânica sem perder sua ação germicida e ausência de ação corrosiva. Anti-sépticos • Capacidade de penetração na matéria orgânica sem perder sua ação germicida e ausência de ação corrosiva. 1- Possuir alta eficiência germicida, 2- Ser de efeito rápido, ter amplo espectro antimicrobiano e ação prolongada. 3- Apresentar estabilidade química, devendo ser solúvel em água e nos líquidos orgânicos. 4- Ser inodoro ou ter odor agradável. 5- Incolor. 6- Não produzir manchas. Alvo de alguns agentes químicos • Parede celular • Membrana plasmática • Ligação cruzada entre macromoléculas • Intercalação de DNA • Interação com grupos tióis (sulfidrilas) • Oxidação Álcoois • Mecanismo de ação: – Desnaturação de proteínas e dissolução de lipídios de membranas. – Bactericida; – Não age sobre endósporos e vírus não envelopados. – Álcool etílico: 70% – Álcool isopropílico: puro é superior ao etílico. Ingrediente antisséptico Ação Efeito negativo Álcool (etanol) 70% Antimicrobiano Desnatura proteínas Elimina bactérias vegetativas, fungos e vírus Sem efeito sobre esporos Não tem efeito persistente Resseca a pele (pode ser adicionado de emolientes) Agentes oxidantes • Mecanismo de ação: – liberação de oxigênio; oxida os sistemas enzimáticos. Exemplos: • Peróxidos: H2O2 3% age sobre organismos anaeróbios; • Ácido peracético: efetivo contra bactérias, fungos, endosporos e vírus. • Ozônio: empregado na desinfecção de água. – Molécula composta por três átomos de oxigênio. Forma-se quando as moléculas de oxigênio (O2) se rompem devido à radiação ultravioleta e os átomos separados combinam- se individualmente com outras moléculas de oxigênio. Aldeído e derivados • Mecanismo de ação: – Alquilação dos grupos funcionais das proteínas (aminas, carboxilas, hidroxilas) inativando-as. • Ex: – Aldeído fórmico : solução em água de 3 a 8 % – Aldeído glutárico: soluções alcalinas a 2% – Formalina: solução aquosa de formol, associada a – Sabão ou detergente 40% OBS: Alquilação é a transferência de um grupo alquila de uma molécula para outra. Mecanismo de ação antimicrobiana do glutaraldeído. • Esporos bacterianos: – ↓concentrações: Inibe germinação – ↑concentrações: é esporocida • Micobactérias: – Destrói a parede celular. • Outras bactérias que não formam esporos: – Associação forte com camadas mais externas da parede celular, ligação ente aminoácidos de proteínas, inibição de transporte na célula. Mecanismo de ação antimicrobiana do glutaraldeído. • Fungo: Lise da parede celular. • Vírus: Interfere na ligação proteína-DNA e tb promove mudanças no capsídeo. Fenóis • Mecanismo de ação: – Desnaturam proteínas e rompem membranas plasmáticas lipídicas. • Ex: – Fenol: desinfetante fraco, atividade bactericida em [0,2 a 1%]. – Cresóis: creolina → superfícies. – Triclosano (bifenol): uso em superfícies; – Hexaclorofeno (bifenol): em desuso por causar alterações neurológicas. Clorexidina ou biguanidina • Antissepsia da pele e bucal. Halogênicos e derivados • Mecanismo de ação: – Forte efeito oxidante sobre o grupamento amino (NH), tiol (SH) e hidroxifenólico (OH-) em aminoácidos e nucleotídeos. – Reage com ác. Graxos da parede e membranas. • Ex: – IODO: Solução alcoólica a 2%, bactericida, fungicida, virucida, a 10% esporocida. Halogênicos e derivados • Mecanismo de ação: – Oxida grupamentos tiol (SH) e amino (NH2) de enzimas bacterianas, inibindo-as. • Ex: – CLORO: cloro + água = ácido hipocloroso – Cl2 + H2O H+ + Cl- + HOCl – Hipoclorito de sódio. – Dióxido de cloro. – Cloraminas (cloro + amônia). Agentes de superfície • Quaternários de amônio: • Mecanismo de ação: – Alteram a permeabilidade da membrana, inibem enzimas, desnaturação de proteínas; – Ativas contra G+ e pouco menos ativas contra G- EX: • Cloreto de benzalcônio. Metais pesados • Mecanismo de ação: – Desnaturação de proteínas quando se ligam as proteínas, – geralmente nos grupos SH (sulfidrilas): ação bacteriostática. Ex: - Mercurocromo e mertiolate. Esterelizantes gasosos • Mecanismo de ação: – Alquilação direta dos grupos carboxilas, hidroxilas e sulfidrilas, inativando certas enzimas; – Óxido de etileno: atua pela interação com proteínas, alta capacidade de penetração, – É Explosivo. Alquilação: é uma reação orgânica de substituição onde um ou mais átomos de hidrogênio ligados ao anel benzênico são substituídos por um grupo alquila (CnH2n+1) Conservantes em alimentos • Ácidos orgânicos: acético, láctico, sórbico... – pH ácido inibe o crescimento microbiano • Nitritos e Nitratos: – Formam ác. nitroso e óxido nítrico que são substâncias oxidantes. • Gás Sulfeto, metabissulfito e SO2 : – Produzem a redução das pontes dissulfeto em proteínas. • Adição de sal e açúcar. Todos os manipuladores de alimentos (aqueles que preparam as refeições e os que distribuem) são responsáveis por manter os patógenos em níveis seguros Objetivo: Reduzir o nível de patógenos altamente infectantes de 106 para <10 UFC Quando realizar a dupla lavagem: • Ao entrar na unidade de produção de refeições • Após usar o sanitário • Após limpar qualquer material fecal • Após tocar ferimentos Dupla lavagem das mãos RESERVATÓRIOS MICROBIANOS - HUMANO E ANIMAL NARIZ OU LESÕES DE PELE (Cortes inflamados, terçol, bolhas) Staphylococcus MÃOS Alimentos cozidos mantidos temperatura ambiente TOXINA NOS ALIMENTOS INTOXICAÇÃO ALIMENTAR INTESTINO Salmonella, Shigella, E. coli MÃOS, ALIMENTOS CRUS ALIMENTOS COZIDOS Mantidos a temperatura ambiente Multiplicação microbiana INFECÇÃO ALIMENTAR RESERVATÓRIOS MICROBIANOS - HUMANO E ANIMAL Higienização das mãos Locais que freqüentemente esquecemos de lavar Locais que sempre lembramos de lavar Locais que às vezes esquecemos de lavar Mãos Sujas Mãos após lavagem com água e sabão Mãos após anti-sepsia com álcool 70% Aliança Cabelo Bigode “A maturidade não chega com a idade, com a idade chega a velhice. A maturidade vem quando assumimos nossas responsabilidades.”
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