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AUTOMAÇÃO PROJETOS – 3ª SÉRIE 1 CAPÍTULO 1 – Lógica Digital Objetivo Após estudar este capítulo você estará apto para: Entender os sistemas numéricos e Realizar conversões entre sistemas. 1.1 Sistemas de Numeração Como o Controlador Lógico Programável - CLP é um “computador”, ele armazena as informações em forma de condições ON ou OFF, ou seja, ON significa nível lógico 1 ou ligado e OFF significa nível lógico 0 ou desligado, sendo estas condições chamadas de binary digits (BITS). Algumas vezes os dígitos binários são usados individualmente ou usados para representar valores numéricos. 1.1.1 Sistema decimal O ser humano trabalha com o sistema de numeração decimal, isto é, utilizamos números de base 10. Base 10 significa que há dez algarismos diferentes para a formação de todos os números: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9. O valor absoluto de cada dígito é multiplicado por uma potência de dez, dependendo de sua posição no número, porque 10 é a base do sistema. A base 10 pode ser indicada pelo ‘10’ subscrito ou pela letra ‘D’, geralmente à direita do número: ex. 23510 = 2 x 10 2 + 3 x 101 + 5 x 100 O valor de um dígito é sempre multiplicado por 10 a cada nova posição que ele avança para a esquerda. Por exemplo, o número 77710: o ‘7’ da direita tem peso 1 (100), o próximo à esquerda tem peso 10, e o próximo tem peso 100. O algarismo de menor peso (mais à direita) é dito o menos significativo, e o algarismo de maior peso (mais à esquerda) é o mais significativo. 2 A utilidade dos números decimais na computação é bastante limitada devido à natureza dos dispositivos eletrônicos elementares, os transistores, pois estes distinguem bastante bem entre dois estados de operação: corte (não condução) e saturação (condução plena). Por isso mesmo, esses dispositivos adaptam-se muito bem à representação binária dos números e não a decimal. 1.1.2 Sistema Binário Base 2, significa que existem somente dois dígitos disponíveis para formar os números: 0 e 1; um dígito binário é chamado de bit (binary digit). Todo número tem que ser escrito somente com esses dois dígitos. Tudo é uma questão de diferentes representações para uma mesma quantidade: a quantidade 2, por exemplo, é representada por ’10’, colocando-se o segundo dígito à esquerda do primeiro. Um número na base 2 pode ser indicado pelo ‘2’ subscrito ou pela letra ‘B’, geralmente à direita do número. Em um computador digital, os números binários são representados na forma de sequências ou palavras de bits; a quantidade de bits de um número ou palavra binária A é chamado de tamanho ou comprimento dessa palavra. As palavras dos microprocessadores usuais têm 32 bits de comprimento. Então, ao invés do computador armazenar o 910 na forma decimal, ele o armazenará na forma binária: 1001B, com tantos zeros à esquerda quantos necessários para completar o tamanho da palavra. Os sistemas digitais sempre trabalham com palavras de tamanho constante, para todo e qualquer valor ou dado. Uma palavra de oito bits é chamada de byte (binary term). 1.1.2.1 Bits, Bytes, e Words Cada peça binária de um dado é um bit. Oito bits forma um byte. Dois bytes ou 16 bits formam um Word. Em um número binário qualquer, por exemplo, 110100110: O bit mais à direita é chamado de LSB (Least Significant Bit). É o último bit da palavra binária. No número acima, o LSB é 0. O bit mais à esquerda é chamado de Fig. 1.1 – Bit, Byte e Word 3 MSB (Most Significant Bit). É o primeiro bit da palavra binária. No número acima, o MSB é 1. 1.1.3 Conversão decimal em binário e binário em decimal 1.1.3.1 Conversão de binário para decimal: Exemplo 1: Converter o número binário 11012 para decimal. Considerando que o número 1 a direita é o valor menos significativo e o número 1 à esquerda e mais significativo, podemos concluir que: 11012 1 x 20 0 x 21 1 x 22 1 x 23 Portanto: 11012 = 1 x 2 3 + 1 x 22 + 0 x 21 + 1 x 20 = 1310 Exemplo 2: Converter o número binário 110002 em decimal, Calculando do bit menos significativo para o mais significativo: Fig. 1.3 – Byte Fig. 1.2 – bits mais e menos significativos 4 (0 x 20) + (0 x 21) + (0 x 22) + (1 x 23) + (1 x 24) 0 + 0 + 0 + 8 + 16 = 24 1.1.3.2 Conversão de decimal para binário: Para a conversão de um número decimal para binário, como por exemplo, o 116 o que fazemos é uma série de divisões sucessivas. Vamos dividindo os números por 2 até o ponto em que chegamos a um valor menor que 2 e que portanto, não pode mais ser dividido. O resultado desta última divisão, ou seja, seu quociente é então o primeiro dígito binário do número convertido. Os demais dígitos são obtidos lendo-se os restos da direita para a esquerda da série de divisões que realizamos. Exemplo: Converter o número 11610 em binário: O resultado é a junção dos restos das divisões sucessivas da direita para a esquerda. Portanto 11610 = 11101002. 5 Fig. 1.5 – Componente BCD 1.1.4 Lógica 0 e lógica 1 Os Controladores Lógicos Programáveis - CLPs só “entendem” sinais que sejam ON ou OFF (presente ou não presente). O sistema binário é o sistema que tem somente dois números, 1 e 0. o binário 1 significa que o sinal está presente, ou ligado(ON). O binário 0 significa que o sinal não está presente, ou desligado (OFF). 1.1.5 BCD Binary-coded Decimal (BCD) são números decimais onde cada dígito é representado por quatro bits do sistema binário . BCD é comumente usado com dispositivos de entrada e saída, como no exemplo. Os números binários são colocados em grupo de quatro bits, cada grupo representa um número decimal equivalente. O dispositivo mostrado acima que tenha quatro números, irá usar 16 (4X4) entradas digitais do CLP. 1.1.6 Sistema Hexadecimal Fig. 1.4 – Lógica “0” e Lógica “1” 6 Fig. 1.6 – Tabela de Conversão É outro sistema usado nos CLPs. O sistema numérico hexadecimal é composto por 16 dígitos: 0,1,2,3,4,5,6,7,8,9,A,B,C,D,E,F - base 16 (1, 16, 256, 4096 ...) Os dez dígitos do sistema decimal são usados nos dez primeiros números do sistema hexadecimal. As primeiras seis letras do alfabeto são usadas para os números remanescentes. A = 10, B = 11, C = 12, D = 13, E = 14 e F = 15 Este sistema é usado nos CLPs porque permite que seja representado o status de um larga quantidade de número binários num pequeno espaço como uma tela do computador ou de um dispositivo de programação. Cada dígito hexadecimal representa o status exato de quatro números binários. 1.1.7 Conversão de números A tabela seguinte mostra a representação correspondente entre números decimais, binários, BCD e hexadecimal. 1.2 Funções ou Portas Lógicas As diversas funções lógicas básicas ou combinadas são usadas nos computadores, isto é, se aproveitam das operações complicadas que muitas portas lógicas podem realizar em conjunto. 7 Fig. 1.8 – Função Lógica “AND” ou “E” de 3 entradas e 1 saída C S Tabela Verdade 1.2.1 Tabelas Verdade Os diversos sinais de entrada aplicados a uma função lógica, com todas as suas combinações possíveis, e a saída correspondente podem ser colocados numa tabela. Nas colunas de entradas colocamos todas as combinações possíveis de níveis lógicos que as entradas podem assumir. Na coluna correspondente à saída colocamos os valores que esta saída assume em função dos níveis lógicos correspondentes na entrada. A Tabela verdade é uma tabela que lista todas as combinações possíveis de valores de entrada e os valores correspondentes das saídas. A tabela- verdade é uma das formas de se definir umafunção lógica. 1.2.2 Funções Lógicas Básicas 1.2.2.1 Função Lógica E ou AND A função lógica E também conhecida pelo seu nome em inglês AND pode ser definida como aquela em que a saída será 1 se, e somente se, todas as variáveis de entrada forem 1. As funções lógicas também são chamadas de “portas” ou “gates” (do inglês) já que correspondem a circuitos que podem controlar ou deixar passar os sinais sob determinadas condições. As funções lógicas E podem ter duas, três, quatro ou quantas entradas quisermos e é representada pelos símbolos mostrados nas figuras 1.7 e 1.8. Uma função E ou AND pode ser representada por um circuito elétrico conforme figura 1.9. Fig. 1.9 – Circuito elétrico de uma Função Lógica “AND” ou “E” 8 Uma operação AND entre três entradas é apresentada na tabela- verdade a seguir. 1.2.2.2 Função Lógica ‘OU’ ou ‘OR’ A função OU ou ainda OR (do inglês) é definida como aquela em que a saída estará em nível alto se uma ou mais entradas estiver em nível alto. Esta função é representada pelos símbolos mostrados na figura 1.10. Para uma porta OU de duas entradas e de três entradas podemos elaborar as tabelas verdade demonstradas na sequência: S Tabela Verdade 9 Fig. 1.10 – Função Lógica “OU” ou “OR” de 2 e 3 entradas e 1 saída Fig. 1.12 – Função Lógica “NOT” ou inversor Tabela Verdade para Funções Lógicas “OU” ou “OR” de 2 e 3 entradas e 1 saída Uma função OU ou OR pode ser representada por um circuito elétrico conforme figura 1.11. 1.2.2.3 Função Lógica ‘NÃO’ ou NOT (Inversor) A função NOT é aplicada a uma única variável ou expressão booleana, produzindo o seu valor lógico oposto. Isto é, ela inverte o valor lógico de uma variável, de ‘1’ para ‘0’ ou de ‘0’ para ‘1’. Esta função é representada pelos símbolos mostrados na figura 1.12. 1.2.2.4 Função Lógica ‘NÃO-E’ ou NAND Tabela Verdade Tabela Verdade Fig. 1.11 – Circuito elétrico de uma Função Lógica “OU” ou “OR” 10 Tabela Verdade Fig. 1.13 – Função Lógica “NÃO-E” ou NAND As funções E, OU e NÃO (inversor) são a base de toda a álgebra booleana e todas as demais podem ser consideradas como derivadas delas. Uma função importante derivada das anteriores é a obtida pela associação da função E com a função NÃO, ou seja, a negação da função E que é denominada NÃO-E ou em inglês, NAND. Na figura 1.13 temos os símbolos adotados para representar esta função. Observe a existência de um pequeno círculo na saída da porta para indicar a negação. Podemos dizer que para a função NAND a saída estará em nível 0 se, e somente se, todas as entradas estiverem em nível 1. A tabela verdade para uma porta NÃO-E ou NAND de duas entradas é a seguinte: Uma função NÃO-E ou NAND pode ser representada por um circuito elétrico conforme figura 1.14. 1.2.2.5 Função Lógica ‘NÃO-OU’ ou NOR Fig. 1.14 – Circuito elétrico de uma Função Lógica “NÃO-E” ou “NAND” 11 Tabela Verdade Esta é a negação da função OU,obtida da associação da função OU com a função NÃO ou inversor. O termo inglês usado para indicar esta função é NOR e seus símbolos são apresentados na figura 1.15. A porta NÃO-E ou NOR produz ‘0’ na sua saída quando pelo menos uma das suas entradas for igual a ‘1’. A porta NÃO-E só dá uma saída ‘1’ se todas as suas entradas forem iguais a ‘0’. Uma tabela verdade para uma função NÃO-E de duas entradas é mostrada a seguir: Uma função NÃO-OU ou NOR pode ser representada por um circuito elétrico conforme figura 1.16. Fig. 1.16 – Circuito elétrico de uma Função Lógica “NÃO-OU” ou NOR Fig. 1.15 – Função Lógica “NÃO-OU” ou NOR 12 CAPÍTULO 2 – Introdução a Automação Objetivo Após estudar este capítulo você estará apto para: Entender os processos onde a automação é aplicada e as vantagens da mesma. 2.1 Introdução 2.1.1 Sistemas Manuais O homem, sabendo das limitações de suas capacidades físicas, tem criado ao longo da história artifícios que lhe permitam seus poderes naturais. Iniciando com a utilização de fontes energéticas alternativas aos seus próprios músculos, o homem construiu maquinas movidas pela força animal, eólica e da água. Com o advento da tecnologia das máquinas a vapor muitos limites foram ultrapassados, principalmente na área de transporte (barcos a vapor e trens) e na fabricação de bens de consumo. A força das máquinas a vapor foi uma das principais bases para a Revolução Industrial que se iniciou na Inglaterra no século XIX. Até poucas décadas atrás, o comando e controle destas máquinas e equipamentos eram feitos por operadores humanos. Esta associação, onde a máquina fornece força e o homem o pensamento. é denominada de MAQUINISMO ou Mecanização No MAQUINISMO o operador, dispondo de informações sensoriais dos dados de aparelhos de medida e de informações diversas, introduz correções na atuação do sistema de máquinas de modo a atingir-se, da melhor forma possível, um objetivo determinado. Um exemplo é o torneiro mecânico que comanda os movimentos do seu torno de acordo com a forma que a peça fabricada vai tomando, em função das medidas que realiza periodicamente. 13 No maquinismo é o operador quem dita o regime de funcionamento da máquina, mas em muitos casos ele fica reduzido à condição de escravo da mesma, sem qualquer possibilidade de alterar o seu ritmo de trabalho. Na indústria mecanizada, simbolizada por uma cadeia de produção em massa, todos os movimentos das máquinas são sincronizados e repetitivos. Esse tipo de indústria exige dos operários movimentos também monótonos que possam operar a máquina dentro de rigorosos limites de tempo. Submetidos a situações de grande "stress", os operários podem cometer falhas que resultam muitas vezes em sérios prejuízos. 2.2 Sistemas Automatizados Com a evolução da eletrônica que possibilitou o advento das telecomunicações e dos sistemas computacionais, surgiu novas tecnologia que permitiram a criação de equipamentos que não só substituem a força muscular do homem como na mecanização, mas que também têm a capacidade de tomada de decisões. A estas tecnologia é dado o nome de automação. A automação se baseia na utilização de equipamentos capazes de realizar controles e auto-correção através de sensoriamento e ações similares a do ser humano. A automação traz as seguintes vantagens: Repetibilidade - o processo torna-se uniforme e as características dos produtos são mantidas Flexibilidade - alterações mais rápidas na forma de produção. Aumento da produção - através do melhor aproveitamento do tempo e aumento da velocidade de operação das máquinas e processos; Valorização do trabalho humano - substituição do elemento humano em trabalhos repetitivos executados em longos períodos onde o homem é levado à exaustão física e psicológica, e também em trabalhos insalubres e de alta periculosidade; 14 Fig. 2.1 Diagrama esquemático de um sistema genérico de automação É importante salientar que a automação de um processo produtivo não é garantia de aumento da produtividade da qualidade dos produtos, mas sim da repetibilidade dos processos. Esta repetibilidade é que permite, através da variação dos parâmetros do processo (composição da matéria prima variação de velocidades, etc), o estabelecimento de um ponto ótimo de operação no qual se obtém produtos de maior qualidade e maiores índices de produtividade. 2.3 Caracterização dos Sistemas Automatizados Como pode ser observado na figura 2.1, a automação industrialprocessa-se na maior parte das vezes da seguinte maneira: Um SISTEMA DE CONTROLE recebe sinais de entrada provenientes dos vários SENSORES e TRANSDUTORES dos processos e/ou máquinas a serem controlados (PROCESSO CONTROLADO), compara essas medidas com os valores desejados e pré-determinados e executa, através de um SOFTWARRE de CONTROLE, operações lógicas e matemáticas de modo a gerar os sinais de correção que vão comandar os A TUADORES acerca do controle e atuação mais apropriada a cada instante no SISTEMA CONTROLADO O SISTEMA DE CONTROLE comunica-se com um supervisor humano através de uma INTERFACE HOMEM- MÁQUINA e muitas vezes se comunica com outros sistemas através de uma REDE DE COMUNICAÇÃO. Através deste esquema percebe-se que o desenvolvimento da Automação somente foi possível devido ao surgimento de sistemas "inteligentes" de controle, que simulam a lógica de pensamento e tomada de 15 decisões realizada por um ser humano. pois é este o elemento responsável pela atuação sobre um sistema. As vantagens de um sistema de controle automatizado em relação a um operador humano podem ser resumidas como: Maior número de aquisições simultâneas de dados para processamento; Maior velocidade de processamento e decisão; Maior confiabilidade: Maior possibilidade de integração com outros sistemas produtivos; A grande desvantagem dos sistemas automatizados reside no fato de que os sistemas de controle (por enquanto) somente executam tarefas para as quais foram programados e, portanto, não têm capacidade para lidar com situações não previstas. 2.3 Conceitos utilizados em Automação Automação Industrial é um conjunto de técnicas destinadas a tornar automáticos vários processos numa indústria. Entre estas técnicas podemos citar: a) Comando Numérico b) Controladores Programáveis c) Controle de Processo d) Sistemas CAD/ CAM e) Pneumática e Hidráulica Comando Numérico (CN Controle Numérico e CNC Controle Numérico Computadorizado) é dispositivo que controla por números máquinas ferramentas tais como: tornos frezas, furadeiras etc. O sistema CNC pode também trabalhar em conjunto com um controlador programável como na figura 2.2. CAPÍTULO 3 – Controladores Lógicos Programáveis Fig. 2.2 - Comando numérico interfaceando com CLP 16 Objetivo Após estudar este capítulo você estará apto para: Entender conceituações inerentes a CLP’s e Entender o funcionamento e a aplicação dos Controladores Lógicos Programáveis na automação 3.1. Definição Controlador Lógico Programável ou CLP é um aparelho ou equipamento eletrônico digital que usa memória programável para armazenar instruções (software de controle). Este software de controle implementa funções como temporização, contagem, lógica sequencial e operações aritméticas para controlar, através de módulos de entrada e saída, diversos tipos de máquinas ou processos. 3.2. Histórico dos Controladores Lógicos Programáveis Até o início da década de 60, utilizava-se quase que exclusivamente relés eletromecânicos para a implementação de controles lógicos industriais, pois a única opção alternativa a estes era a utilização de módulos lógicos à base de válvulas que eram pouco confiáveis na época. O relé de controle industrial, historicamente usado do tipo contator de 300 ou 600 Volts para 10 Ampères, não é um elemento lógico ruim, pois sua estrutura multipolar e seus contatos intercambiáveis lhe dão flexibilidade Fig. 3.1 – Controladores Lógicos Programáveis 17 economia facilidade de entendimento pelo pessoal da manutenção e vida útil de centenas de milhares de operações. Ele é, porém volumoso tem tendência a apresentar falhas intermitentes de difícil localização, e se desgasta com o uso, o que compromete sua vida útil. Além disso, sua interligação em um sistema lógico completo, ou modificações que se desejem executar neste, são atividades lentas e trabalhosas. Ao longo dos anos surgiram vários tipos distintos de relés que se propunham a implementar módulos lógicos industriais, tais como relés tipo "controle de motores", relés "reed", encapsulados de baixa voltagem" e outros. Mas ainda hoje é o relê tipo controle de motor, com os melhoramentos nele introduzidos ao longo dos anos, o de mais ampla utilização em lógica industrial por relê. Na primeira metade da década de 60 surgiram os primeiros módulos lógicos construídos com componentes eletrônicos de estado sólido, que apresentavam algumas vantagens sobre os relés: Maior Confiabilidade Maior velocidade Capacidade de executar operações complexas Por isso previu-se que eles rapidamente tomariam conta do mercado, pois se esperava obter uma equivalência de custo no futuro. Entretanto eram muitos os problemas enfrentados nas aplicações da nova tecnologia principalmente Era preciso usar álgebra de Boole no projeto lógico, totalmente desconhecida da maioria dos profissionais de controles elétricos que só, tinham experiências com esquemas funcionais do tipo "Diagrama de Contatos". Os primeiros componentes eletrônicos em estado sólido eram muito sensíveis a interferências e ruídos elétricos originários das próprias instalações industriais. Sua manutenção e pequenas modificações eram tarefas de difícil execução. pois o pessoal de manutenção só tinha experiência com relés e Diagramas de Contatos. 18 No inicio. os custos de sistemas Iógicos de estado sólido eram muito maiores que os de sistemas equivalentes com Iógica a relés. A baixa confiabilidade dos dispositivos de entrada, tais como chaves fim- de-curso. Comprometia seriamente o sistema ainda que a tarefa lógica propriamente dita fosse muito confiável. Os sistemas Iógicos em estado sólido ainda estavam presos ás limitações das fiações, o que tornava tão difícil modificar a lógica quanto em sistemas a relé. À medida que foram surgindo aperfeiçoamentos nos componentes de estado sólido, os sistemas com lógica fixa foram sendo abandonados, com apenas algumas aplicações em sistemas onde o uso de Iógica de relés era muito complexo e de difícil implementação. O aperfeiçoamento dos minicomputadores no final da década de 60 incentivou alguns projetistas a iniciarem testes configurando-os como controladores programáveis Isso, porém não se revelou uma tarefa de fácil execução, visto não terem sido esses computadores projetados para operarem em ambientes hostis de unidades industriais. Logo havia a necessidade de se construírem interfaces especiais de entradas e saídas para controle industrial, uma vez que as mesmas não faziam parte da linha normal dos fabricantes. Além disso, os recursos de programação disponíveis na época eram escassos e de utilização difícil e demorada, pois frequentemente usava-se linguagem de máquina (Assembler) para programação. Em 1968 cientes das dificuldades encontradas na época para se implementar controles lógicos industriais. David Emmett e William Stone da General Motors Corporation solicitaram aos fabricantes de instrumentos de controle que desenvolvessem um novo tipo de controlador lógico que incorporasse as seguintes características: Ser facilmente programável e programável para permitir que a seqüência de operação por ele executada pudesse ser alterada, mesmo depois de sua instalação Ser de fácil manutenção, preferencialmente constituído de módulos interconectáveis (tipo "plug-in"). 19 Ter condições de operarem ambientes industriais com maior confiabilidade que os painéis de relés. Ser fisicamente menor que os sistemas de relés. Ter condições de ser interligado a um sistema central de coleta de dados. Ter um preço competitivo com os sistemas de relés e de estado-sólido usados até então. Alem dessas característicasalgumas condições operacionais também eram desejáveis: Deveria aceitar todas as entradas em 115 Vca. Todas as saídas deveriam ser 115 Vca, 2 Ampères para operar com válvulas solenóide, contatores, etc... A unidade básica deveria permitir expansões com alterações mínimas no sistema como um todo. Cada unidade deveria ser dotada de uma memória programável com capacidade mínima de 3000 palavras com possibilidade de expansão. Esse equipamento recebeu o nome de "Controlador Lógico Programável". O primeiro protótipo desenvolvido dentro da General Motors funcionava satisfatoriamente, porém foi utilizado somente dentro da empresa. A primeira empresa que o desenvolveu, iniciando sua comercialização foi a MODICON. Isso permitiu o início de utilização pelas indústrias que precisavam produzir com flexibilidade, qualidade e competitividade. Os primeiros Controladores Lógicos Programáveis eram grandes e caros, só se tornando competitivos para aplicações que equivalessem a peio menos 150 relés. Isso evoluiu ao longo dos anos e, com o advento dos circuitos integrados hoje se torna viável o uso de CLP's para circuitos equivalentes a até 15 relés. A seguir descreve-se um resumo histórico da evolução dos Controladores Lógicos Programáveis (CLP's), assim denominados devido ao próprio processo evolutivo por que passaram, que os conduziu desde simples 20 processadores de funções lógicas análogas ás executadas por relés ou circuitos de lógica fixa até, sistemas multi-processados em funções complexas como controle de processos multi-malhas e interligação em rede com computadores 3.3. Aplicações de CLP(s) na lndústria Hoje encontramos CLP(s) empregados na implementação de painéis sequenciais de intertravamento, controle de malhas, servo-posicionamento, sistemas SCADA (Supevisory Control and Data Aquisition), sistemas de controle estatístico de processo (SPC), sistemas de controle de estações, sistemas de controle de células de manufatura, entre outras aplicações. Esse vasto campo de aplicações associados a um grande número de outros equipamentos disponíveis para a automação de uma planta geram a necessidade de uma metodologia estruturada de automação para permitir a utilização do CLP de maneira correta num projeto de automação. Também se tem mostrado útil à aplicação de CLP(s) na automação de processos discretos (onde é necessário controle ON-OFF), na automação de processos contínuos (onde o controle de malhas é primordial), assim como na automação da prestação de serviços (onde ambos os tipos de controle são aplicados com igual peso). Os CLP(s) oferecem ainda um considerável número de benefícios para aplicações na indústria. Estes benefícios podem resultar em economia. que excede o custo do CLP em si, e devem ser considerados quando da seleção de um dispositivo de controle industrial. Fig. 3.2 – CLP montado em painel 21 As vantagens da utilização de CLP, se comparados a outros dispositivos de controle industrial incluem: Menor ocupação de espaço; Potência elétrica requerida menor Reutilização; Programável; se ocorrem mudanças de requisitos; Confiabilidade maior Manutenção mais fácil; Maior flexibilidade, satisfazendo um número maior de aplicações; Permite a interface através de rede de comunicação com outros CPs e com microcomputadores; Projeto do sistema mais rápido. 3.4. Características Gerais de um CLP Um CLP apresenta as seguintes características: Hardware e/ ou dispositivo de controle de fácil e rápida programação ou reprogramação, com a mínima interrupção na produção. Capacidade de operação em ambiente industrial sem o apoio de equipamentos ou de hardware específicos. Sinalizadores de estado e módulos tipo plug-in de fácil manutenção e substituição. Hardware ocupando espaço reduzido e apresentando baixo consumo de energia. Fig. 3.3 – Aplicações de um CLP 22 Possibilidade de monitoração do estado e operação do processo ou sistema, através da comunicação com computadores. Compatibilidade com diferentes tipos de sinais de entrada e saída. Capacidade de alimentar, de forma contínua ou chaveada, cargas que consomem correntes de ate 2A. Hardware de controle que permite a expansão dos diversos tipos de módulos, de acordo com a necessidade. Custo de compra e instalação competitivo em relação aos sistemas de controle convencionais. Possibilidade de expansão da capacidade de memória. Atualmente, os CLPs apresentam as seguintes características técnicas em termos de hardwares e softwares: 3.4.1. Hardware Maior velocidade de varredura, devido à utilização de tecnologia “bit-slice” e microprocessadores de 16 a 32 bits. Módulos de entrada e saída de alta densidade, possibilitando baixo custo e espaços reduzidos. Módulos inteligentes, microprocessados, que permitem controles descentralizados (módulo PID, comunicação ASCII, posicionadores, emissores de relatório, etc.). Interligação com módulos periféricos que permitem ao operador interfacear, armazenar e documentar as informações do processo. 3.4.2. Software Fig. 3.4 - Hardware 23 Utilização de linguagem de programação de alto nível, permitindo grandes flexibilidadede programação quando da utilização de periféricos. Representação do programa em diagrama de contatos, diagrama de blocos funcionais e lista de instrução. Diagnósticos e detecção de falhas na monitoração de máquinas e processos. Introdução da matemática de ponto flutuante, tornando possível o desenvolvimento de cálculos complexos. Os sistemas de controle baseados em CLPs são aplicados nas mais diferentes áreas, a saber: Fig. 3.5 - Software 24 Fig 3.6 – CLP Estrutura Básica Petroquímica, Refinarias Aeronáutica Mineração (ouro, carvão, minério de ferro, etc.) Madeireiras Indústrias de embalagens Fábrica de vidro, Fábrica de borracha Indústrias de produtos alimentícios Programa espacial Usinas hidroelétricas Fábricas de automóveis Indústrias de plásticos Parque de diversões Transportadoras,etc 3.5. Estrutura Básica de um CLP Dizemos que um CLP é um computador “dedicado”, pois possui a CPU de um computador convencional com fonte de alimentação interna e memórias, conectada a um terminal de programação e aos módulos de entrada/saída. 25 3.6. Principio de operação de um CLP Um CLP opera lendo e processando os sinais de entrada provenientes de elementos localizados no processo e fornecendo os sinais de saída para os atuadores e dispositivos de saída. Quando são detectadas mudanças na entrada, o CP reage de acordo com a lógica de programação para a atualização dos sinais de saída. Este ciclo contínuo denomina-se “Ciclo de Varredura”. 3.7. Tempo de varredura É o tempo total requerido por um CLP para executar todas as operações internas do microprocessador, como operação do circuito “Cão de Guarda” (Watch Dog Timer), teste da memória do sistema, varredura das entradas/saídas e execução das instruções. O tempo de varredura varia de acordo com o número de instruções de um programa e pode ser calculado ou monitorado. Fig 3.7 – Princípio de Funcionamento 26 3.8. Principais Componentes do Controlador Programável 3.8.1. Fonte de alimentação Converte a voltagem da rede elétrica (CA) para voltagem em corrente contínua (CC) e é especificada de acordo com a configuração e consumo do sistema. Em caso de falta de energia elétrica, a bateria de Níquel Cádmio mantém o programa do usuário (memória RAM da CPU) eé recarregada automaticamente pelo sistema quando se encontra em operação. 3.8.2. Unidade Central de Processamento (CPU) A Unidade Central de Processamento contém os elementos que compõem a inteligência do sistema. Sua arquitetura pode diferenciar de um fabricante para outro, mas em geral seguem a mesma organização. Fig 3.9 – CLP AB Fig 3.8 - CLP AB 27 O microprocessador interage continuamente com o sistema de memórias. Interpreta e executa o programa do usuário que vai controlar uma máquina ou um processo. O sistema de alimentação estabilizado interno provê os níveis de tensão necessários à operação adequada das memórias e microprocessador. O cérebro do microprocessador é a Unidade Lógica e Aritmética (ULA) que efetua as operações lógicas (decisões) e aritméticas, além de manipular dados armazenados no registrador interno com altíssima velocidade. As instruções e comandos programados e armazenados na memória do usuário são interpretadas pelo decodificador de instruções do microprocessador e uma seqüência de impulsos elétricos será enviada para ULA para que se inicie a ação correta de processamento de acordo com a presente instrução. 3.5. Operações Básicas de Um CLP O CLP consiste em módulos de entrada ou pontos, uma unidade central de processamento (CPU) e módulos de saídas ou pontos. As entradas aceitam uma variedade de sinais digitais e/ou analógicos provenientes de vários dispositivos de campo como sensores e conversores, que são convertidos em sinais lógicos que podem ser usados pela CPU. A CPU toma decisões e executa as instruções de controle baseada no programa contido em sua memória. Fig. 3.10 - Módulos de entrada e Saída de um CLP 28 Os módulos de saída convertem as instruções de controle vindas da CPU em sinais digitais ou analógicos que podem ser usados para controlar vários dispositivos de campo (atuadores) . O equipamento de programação é usado para entrar com as instruções desejadas. Estas instruções determinam o que o CLP irá fazer com determinada entrada. Uma interface com o operador permite que informações do processo possam ser mostradas e novos parâmetros de controle possam ser programados. Botões de comando e sensores, conectado a uma entrada do CLP, pode ser usado para partir e parar o motor conectado ao CLP através do contator(atuador). 3.6. Circuito de Força Muitas das tarefas de controle podem ser resolvidas com contatores ou relés. Isto é feito através de circuitos de comando e de força. Fig. 3.11 - Composição básica de um CLP Fig. 3.12 - Componentes básicos Fig. 3.13 - Diagrama Elétrico 29 Os diagramas elétricos devem ser elaborados, componentes devem ser especificados e instalados, e uma lista de conexões deve ser criada. Os eletricistas podem então conectar os componentes necessários para executar o controle desejado. Se houver algum erro nas conexões, é necessário refazê-las. Uma mudança na função ou uma expansão no circuito de comando requer componentes extras e refazer a fiação. Existe CLPs de pequeno, médio e grande porte, dependendo do numero de entradas e saídas necessárias e da complexidade que o processo a ser controlado exige. Como exemplo de aplicações podemos citar: elevadores, lavadoras de carros, misturadores, empacotadoras, enchedoras, embaladoras, etc. 30 CAPÍTULO 4 - TERMINOLOGIA Objetivo Após estudar este capítulo você estará apto para: Entender as principais terminologias aplicadas a CLPs 4.1. Sensor É o dispositivo que converte uma condição física num sinal elétrico para uso no CLP. Sensores são conectados nos módulos de entrada do CLP. Um botão de comando é um exemplo de sensor. 4.2. Atuador Converte um sinal elétrico vindo do CLP numa condição física. Atuadores são conectados nos módulos de saída do CLP. Um contator é um exemplo de um atuador. Fig. 4.1 – Sensor (botão pulsador) Fig. 4.2 – Atuador (contator) 31 4.3. Entrada discreta Também chamada de entrada digital, é um sinal que pode assumir somente duas condições: ON ou OFF. Botões de comando, pulsadores, chaves fim-de-curso, sensores de proximidade, pressostatos, termostatos, são exemplos de entradas discretas. Um botão de comando normalmente aberto(NA ou NO) é usado no exemplo seguinte. Um lado do botão é conectado à primeira entrada digital do CLP. O outro lado do botão é conectado a uma fonte interna de 24VCC. Muitos CLPs necessitam de uma fonte de alimentação separada para os módulos de entrada digital. Com o contato aberto, nenhuma tensão chega na entrada do CLP. Esta é a condição OFF. Quando o botão é pressionado, 24VCC é aplicado na entrada do CLP. Esta é a condição ON Fig. 4.3 – Entradas Discretas Fig. 4.4 – Entrada Discreta Nível Lógico “0” 32 4.4. Entrada Analógica É um sinal de entrada que tem um sinal contínuo. Entradas analógicas típicas são 0 a 20mA, 4 a 20mA ou 0 a 10V. No exemplo seguinte, um transmissor de nível monitora o nível de um tanque. Dependendo do transmissor de nível, o sinal para o CLP pode aumentar ou diminuir de acordo com o nível do tanque. Fig. 4.5 – Entrada Discreta Nível Lógico “1” Fig. 4.6 – Entrada Analógica 33 4.5. Saída Discreta É uma saída que pode assumir a condição ON ou OFF. Solenóides, bobinas de contatores e sinalizadores são exemplos de saídas discretas. 4.6. Saídas analógica São sinais de saida que tem um sinal contínuo. A saída pode ser tão simples como um sinal de 0 a 10V para um medidor analógico. Exemplos de medidores ligados a saídas analógicas podem ser velocímetros, indicadores de temperatura e de peso. Podem ser usadas também em válvulas de controle e inversores de frequência (no controle de velocidade). Fig. 4.7 – Saída Discreta Fig. 4.8 – Saída Analógica 34 4.7. CPU - Central Processor Unit É o sistema microprocessado que contem o sistema de memória e que toma as decisões no CLP. A CPU monitora as entradas e toma decisões com base nas instruções contidas no programa memorizado. A CPU controla reles, contadores, temporizadores, compara dados, atualiza dados e executa operações sequenciais. 4.8. Programação A padronização e a normalização de cada linguagem de programação foram desenvolvidas a partir de exigências históricas, regionais e específicas a cada ramo de atividade. Com a globalização, a IEC 61131 está sendo aplicada mundialmente como um padrão para os CLPs, o que traz inúmeros benefícios para a comunidade tecnológica, pois permite transferência no conhecimento adquirido em vários tipos de CLP independente de serem de fabricantes diferentes. Além disso, houve uma redução significativa de custos de desenvolvimento e de manutenção dos equipamentos. Tendo em vista a importância da norma IEC 61131, os técnicos e especialistas da área de automação necessitam conhecê-la. Como os equipamentos de diversos modelos e fabricantes devem estar em conformidade com esta norma, ter um conhecimento geral a respeito dela permite um trabalho mais efetivo e seguro. Fig. 4.9 – CPU 35 4.8.1. Aspectos Gerais da Norma IEC – 61131 A norma IEC 61131 tem uma ampla abrangência e está dividida em seções identificadas por um dígito após o número da norma, o que permite localizar mais rapidamente assuntos referentes a interesses específicos: IEC 6 1131-1 - Informações gerais (1992) IEC 6 1131-2 - Especificações e ensaios de equipamentos(1992) IEC 6 1131-3 - Linguagens de programação (1993) IEC 6 1131-4 - Recomendações ao usuário IEC 6 1131-5 - Especificações de serviços de mensagem As instruções comuns e mais utilizadas nas aplicações de CLP serão abordadas em todas as linguagens de programação regulamentadas pela norma, a saber: 4.8.2. Linguagens Textuais INSTRUCTION LIST (IL) - Lista de Instruções; STRUCTURED TEXT (ST) - Texto Estruturado; 4.8.3. Linguagens Gráficas LADDER DIAGRAM (LD) - Linguagem de Diagramas de Contatos; FUNCTION BLOCK DIAGRAM (FBD) - Esquema de Blocos Funcionais; 4.8.4. Elementos de Diagrama Funcional de Sequência SEQUENTIAL FUNCTION CHART (SFC) - Diagrama Funcional de Sequências. A IEC 61131-3 define estas cinco linguagens de programação. Apesar das linguagens terem funcionalidade e estrutura diferentes elas são vistas pela norma como linguagens que têm elementos comuns de estrutura (declaração de variáveis, partes organizacionais como função, módulos de funções e configuração). 36 As linguagens podem ser combinadas aleatoriamente em um projeto de CLP. A padronização e a normalização das cinco linguagens foi desenvolvida a partir das exigências históricas, regionais e específicas em cada ramo de atividade. De forma geral, a norma define para as linguagens de programação (LD, FBD, IL e ST): a sintaxe e representação gráfica dos objetos; a estrutura de programas; a declaração de variáveis. 4.8.5. Objetos linguagem O programador deve definir os nomes e tipo dos objetos pré-definidos. Os objetos Pré-definidos estão definidos em 3 zonas: 1. Zona memória (%M) ; 2. Zona de entradas (%I) ; 3. Zona de saídas (%Q) ; Os objetos podem ser: bits (X); bytes (B) ; words (W) ; double word (D) ; word long (L) de 64 bits .(L 12) 4.8.6. Ladder Logic (LAD) A linguagem Diagrama Ladder foi construída a partir de diagramas de comandos elétricos. É uma linguagem muito acessível aos profissionais que têm uma prática ou formação na área de elétrica e eletrônica. O grupo de trabalho que desenvolveu a norma IEC 61131-3 identificou que os Controladores Lógicos Programáveis iriam substituir os quadros de painéis a relés. Observaram que os profissionais que trabalhavam com os relés eram da área de 37 eletricidade com competências em desenvolvimento, análise e aplicação de comandos elétricos. Para aproveitar esta competência, o grupo de trabalho da IEC 61131-3 normalizou uma forma de representação da programação do CLP através de um diagrama semelhante aos de comandos elétricos. A linha vertical esquerda do diagrama Ladder representa um condutor energizado. O elemento de saída ou instrução representa o neutro ou o caminho de retorno do circuito. A linha vertical direita, que representa o caminho de retorno do circuito, é omitida. Diagramas Ladder são lidos da esquerda para a direita, de cima para baixo. Os “degraus” (linhas horizontais. Em inglês: Rungs) são algumas vezes chamadas de networks. Uma network pode ter vários elementos de controle, mas somente um dispositivo de saída. 4.8.6.1. Principais características Elementos gráficos organizados em linhas conectadas por barras de alimentação. Forma gráfica dos elementos imposta. Elementos utilizados: contatos, bobinas, funções, blocos funcionais. Elementos de controle de programa (salto , return ,...) . 4.8.7. Lista de instruções (statement list STL) A linguagem de Lista de Instruções é também chamada de LIS; é uma linguagem baseada em lista de instrução e tem relação com a programação dos microcontroladores que é o coração do CLP. É uma linguagem mais complexa que as anteriores, pois exige um domínio de programação. Fig. 4.10 – Diagrama Linguagem Ladder 38 O uso desta linguagem é frequente para a construção de equipamentos controladores do CLP. Dependendo do CLP, o microcontrolador pode ser mais simples como o 8051 ou mais complexo de acordo com o set de instruções. O uso desta linguagem é feito por profissionais que têm familiaridade com microcontroladores, como por exemplo, projetistas de equipamentos controladores. Esta linguagem é usada em 60% dos CLPs. Permite uma outra visão de como usar as instruções de programação. A operação que será executada é mostrada à esquerda. O operando, o item a ser operado na operação, é apresentado na direita. A comparação entre a lista de instrução e o Ladder, revela uma estrutura similar. 4.8.7.1. Principais características Séries de instruções: cada uma deve começar em uma nova linha. Uma instrução = um operador + um ou mais operandos separados por vírgulas. Nomes opcionais seguidos por ¨:¨ Comentário opcional deve formar o último elemento de uma linha e ser definido entre (*). Blocos de função ligados por um operador específico, por exemplo CAL (comando de Chamada de sub-rotina), utilizando a entrada do bloco, a qual funciona como um operador. Fig. 4.11 – Linguagem – Lista de Instruções 39 4.8.8. Diagrama de blocos funcionais (Function Block Diagrams-FBD) É uma linguagem que é facilmente compreendida e pode ser analisada por quem não domina os circuitos elétricos e eletrônicos. É usada em 80% dos CLPs. O uso desta linguagem é feito por quem trabalha com controle de processo, como por exemplo, na indústria química. Como esta linguagem trabalha com blocos a sua compreensão é dominada facilmente pelos profissionais da lógica da linguagem. A representação gráfica é semelhante as partes correspondentes às lógicas digitais. 4.8.8.1. Principais características Representação de funções por blocos ligados um a outro. Nenhuma conexão entre saídas de blocos de função. Formação de uma rede: da saída de um bloco funcional à entrada de outro. Nome da rede definida à direita por " : " . Cada função tem um nome para designar uma especifica tarefa. Funções são indicadas num retângulo. Entradas são apresentadas do lado esquerdo do retângulo e as saídas são apresentadas no lado direito do retângulo. Fig. 4.12 – Linguagem – Lista de Instruções 40 4.8.9. Texto Estruturado (ST – Structured Text) A linguagem de texto estruturado é mais complexa que a linguagem LIS pois é necessário ter noções de programação técnica avançada do tipo TURBO C++. É uma linguagem muito usada por profissionais da área de programação. Esta linguagem é aplicada em grandes processos como por exemplo da indústria química e petroquímica. A linguagem ST é usada em 40% dos CLPs. 4.8.9.1. Principais características Sintaxe similar ao PASCAL, permitindo a descrição de estruturas algorítmicas complexas. Sucessão de enunciados para a destinação de variáveis, o controle de funções e blocos de função usando operadores, repetições, execuções condicionais. Os enunciados devem terminar com " ; ". Exemplo: Fig. 4.13 - Linguagem Texto estruturado 41 4.8.10. Elementos de Diagrama Funcional de Sequência, Gráfico de Sequência Funcional - (SFC – Sequential Function Chart) Os elementos de Diagrama Funcional de Sequência – SFC, são usados na estruturação da organização interna de uma unidade interna de um programa do controlador programável, escrita em uma das linguagens padronizadas pela norma IEC 6 1131-3 com o propósito para permitir um controle seqüencial das funções. Estes elementos de Diagrama Funcional de Sequência – SFC tem um diferencial em relação às linguagens citadas que é mostrar o fluxo de funcionamento do processo e sua representação é por blocos o que permite o uso de qualquer uma das linguagens anteriores dentro deles. Os elementos de Diagrama Funcional de Sequência -SFC, também denominados Grafcet, são muito usados em equipamentos europeus e possibilita uma interpretação mais rápida por quem não tem familiaridade com lógica de programação pois apresenta o fluxo. Assim, como em cada bloco pode haver um tipo de linguagem não é preciso conhecer a linguagem para identificar alguns problemas, basta compreender o fluxo para se localizar onde ele se localiza. Esta representação é usada para o controle de processos contínuos como a produção de alimentos em grande escala, bebidas, etc. Cerca de 50% dos CLPs fazem uso desta representação. 4.8.10.1. Principais características Descrever funções de controle seqüencial. Etapas representadas graficamente por um bloco ou literalmente por uma construção comum às Fig. 4.14 - Linguagem Grafset 42 linguagens IL e ST. Transições representadas graficamente por uma linha horizontal ou literalmente pela construção. Condição de transição em linguagem LD, FBD, IL ou ST. Ações associadas às etapas: variáveis booleanas ou um trecho de programa escrito em uma das cinco linguagens. Associação entre ações e etapas de forma gráfica ou literal. Propriedades (qualificações) de ação que permitem temporizar a ação, criar pulsos, de memorizar, etc. 4.8.11. Os Fabricantes e as Linguagens No mercado há vários tipos de CLPs e ferramentas que são usadas em diversas linguagens. O quadro a seguir, apresenta algumas informações dos fabricantes em relação à linguagem que utilizam. Utilização de linguagem de programação de CLPs Para programar um CLP, utilizamos um software geralmente For Windows, podendo ser instalação em qualquer PC, desde que tenha uma porta serial (COM1 ou COM2) disponível para conexão do cabo de comunicação. 43 4.9. PLC Scan O programa do CLP é executado como parte de um processo repetitivo chamado de Scan. O scan do CLP inicia com a CPU lendo o estado das entradas. O programa aplicado é executado usando o estado das entradas. Uma vez que o programa é completado, a CPU atualiza diagnósticos internos e atividades de comunicação. O ciclo de scan termina com a atualização dos estados das saídas, e então, o ciclo de scan é recomeçado. O tempo de um ciclo de scan depende do tamanho do programa, do número de entradas/saídas e do montante de dados de comunicação requerida. 4.10. Memórias Tamanho de memória: Quilo, abreviado k, refere-se a 1000 unidades. Quando falando sobre computador ou memória de CLP, entretanto, 1k significa 1024, isto é devido ao numero binário 210= 1024. 1k pode ser 1024 bits, 1024 bytes ou 1024 words, dependendo do tipo de memória. Fig. 4.15 – Sequência de Scan do CLP Fig. 4.16 – Memórias 44 4.10.1. RAM Random Access Memory (RAM) É uma memória onde os dados podem ser diretamente acessados em qualquer endereço. Dados podem ser escritos e lidos da RAM. RAM é usada como uma área de estoque temporária. RAM é volátil, que significa que os dados armazenados na RAM serão perdidos se a fonte de alimentação for desligada. Uma bateria de backup é requerida para evitar perda de dados em uma eventual falha na fonte de alimentação . 4.10.2. ROM Read Only Memory (ROM) É um tipo de memória que os dados podem ser lidos mas não é possível a escrita. Este tipo de memória é usada para proteger dados ou programas de apagamentos acidentais. A memória ROM não é volátil, isto significa que o usuário não irá perder dos dados durante uma falta de energia. ROM são normalmente usadas para armazenar programas que definem a capacidade do CLP. 4.10.3. EPROM Erasable Programmable Read Only Memory (EPROM) Permite um nível de segurança contra mudanças não autorizadas ou não desejadas no programa. EPROMs são designadas para armazenar dados e então serem lidos, mas não facilmente alterados. Mudanças nos dados da EPROM requer um esforço especial. As UVEPROMs (ultravioleta erasable programmable read only memory) podem ser apagadas com luz ultravioleta. EEPROM (electronically erasable programmable read only memory), podem ser apagadas eletronicamente. 4.10.3.1. Firmware É um especifico software de aplicação ou do usuário gravado em uma EPROM e entregue como parte do hardware. Firmware dar as funcionalidades básicas de um CLP. 4.11. Requisitos básicos Para criar ou mudar um programa, os itens seguintes são necessários: Um CLP Um equipamento para programação (computador ou programador portátil) Um software de programação Um cabo de conexão 45 4.12. Modo de Operação RUN/PROGRAM Quando a chave do CLP está na posição RUN, a CPU está no modo execução e roda o programa armazenado na memória do CLP. Quando a chave estiver no modo STOP, a CPU pára. Quando a chave estiver na posição TERM, o dispositivo de programação pode selecionar o modo de operação. Alguns CLPs suportam o uso de um cartucho opcional de memória com uma EEPROM onde é possível armazenar uma cópia do programa do CLP para ser usado com backup. Fig. 4.17 – Software/Hardware Fig. 4.18 – Seleção do modo de operação Fig. 4.19 – Memória Removível 46 4.13. Módulos de Expansão Os CLPs permitem que seja adicionados módulos de expansão, caso seja necessário o uso mais entradas e saídas ou cartões especiais. 4.14. Leds indicadores de Status Na CPU há leds indicadores que informam o modo de operação da CPU(RUN, STOP, PROGRAM ) e se há possíveis falhas no CLP. Algumas CPUs também possuem leds que indicam quando um FORCE estiver ativado. 4.15. Uso de fonte externa Os CLPs podem ser alimentados com 24VCC ou com tensão alternada , geralmente de 85 a 240VCA. Quando alimentados com tensão alternada, geralmente o CLP possui uma fonte interna de 24VCC para alimentar os cartões e para ser usado como sinal de entrada para os cartões de entrada digital. Caso seja necessário, é possível utilizar uma fonte externa de 24 VCC para servir como sinal de entrada para os cartões de entrada digital. Fig. 4.20 – Módulos de Expansão Fig. 4.21 – LEDs indicadores 47 4.16. Endereçamento de entradas e saídas As entradas e saídas do CLP são identificadas com números e letras. Estes caracteres alfanuméricos irão identificar cada uma das entradas e saídas, sendo chamados de endereçamento (address). Os endereçamentos são usados pela CPU para determinar que entrada esteja presente e que saída necessita ser ligada ou desligada. I designa uma entrada digital(INPUT) e Q designa uma saída discreta. O primeiro número identifica o byte, o segundo identifica o bit. Por exemplo a entrada I:0.0 ,significa o byte 0 e o bit 0. I0.0 = Byte 0, Bit 0 I0.1 = Byte 0, Bit 1 I1.0 = Byte 1, Bit 0 I1.1 = Byte 1, Bit 1 4.17. Barra conectora removível Quando for necessário substituir a CPU ou cartões do CLP, não precisa desconectar todos os fios, basta liberar a barra conectora onde os fios estão parafusados e encaixar no novo cartão. Fig. 4.22 – Fonte externa 48 Algumas CPU possuem um super capacitor, assim chamado por ter a habilidade de manter a carga por um longo período de vida, protegendo assim dados armazenados na RAM em caso de eventual falta de energia. 4.18. Símbolos A linguagem Ladder consiste em símbolos comumente usados que representa componentes de controle e instruções. 4.18.1. Contatos Um dos aspectos que mais geram confusão na programação de CLPs por usuário pela primeira vez é a relação entre o dispositivo que controla o status de um bit e a função de programação que usa o status de um bit. Duas das funções de programação maiscomuns são contatos normalmente abertos (normally open – NO) e contatos Fig. 4.24 – Capacitor/CLP Fig. 4.15 – Hardware Fig. 4.23 – Barra de conexão 49 normalmente fechados (normally closed – NC). Simbolicamente, a energia passa através deste contatos quando eles estão fechados. Um contato normalmente aberto (NO) é verdadeiro(fechado) quando o status de um bit de entrada ou saída é igual a “1”. Um contato normalmente fechado (NC) é verdadeiro (fechado) quando o status de um bit de entrada ou saída é “0”. 4.18.2. Bobinas Representam reles que são energizados quando a energia passa por eles. Quando uma bobina é energizada, isto faz com que a saída correspondente seja mudada o seu bit de status para “1”. O mesmo bit de saída pode ser usado para controlar contatos NO e NC em qualquer lugar no programa. 4.18.3. Caixas Representam várias instruções ou funções que são executadas quando ativadas. Funções típicas destas caixas são temporizadores, contadores e operações matemáticas. 4.19. Interligando elementos Elementos de controle são adicionados ao diagrama Ladder posicionando o cursor e selecionando o elemento numa lista. Fig. 4.25 – Contatos NA e NF Fig. 4.26 – Bobina (símbolo) Fig. 4.27 – Caixa (símbolo) 50 No exemplo seguinte o cursor tem sido colocado na posição a direita da instrução I0.2. a bobina foi selecionada de uma lista e inserida nesta posição. 4.19.1. Operação AND Cada rung ou network no diagrama Ladder representa uma operação lógica. Dois contatos fechados e uma bobina são colocadas na network 1. eles são endereçados como I0.1, I0.2 e Q0.0. Observe que, somente quando as entrada I0.0 e I0.1 forem verdadeiras (nível lógico 1), a bobina representada por Q0.0 será ligada. Esta configuração executa a mesma função de uma porta lógica AND. Fig. 4.28 – Diagrama Ladder Fig. 4.29 – Programação 51 Outra forma de visualizar a lógica AND é através da diagrama lógico Booleano. Na lógica Booleana a porta AND é representada pelo número de entradas do lado esquerdo. Neste caso tem duas entradas. A saída é representada do lado direito. 4.19.2. Operação OR Neste exemplo, a operação OR é usado na network 1. Se a entrada I0.2 ou a entrada I0.3, ou as duas forem verdadeiras, a saída Q0.1 será verdadeira. Fig. 4.30 – Programação AND Fig. 4.32 – Programação OR 52 4.20.Testando o programa Uma vez que o programa tem sido escrito, é necessário ser testado e retirado erros(debug). Uma forma de fazer isto é simular as entradas do campo com um simulador de entradas. O programa deve primeiramente ser baixado(download) para o CLP e colocado no modo RUN. As chaves do simulador ao serem operadas, resultarão na indicação luminosa dos leds da entradas do CLP, e o CLP acionará as saídas, de acordo com o programa. 4.20.1. Funções de Status Após o programa ter sido carregado e está rodando no CLP, o status atual dos elementos do diagrama Ladder podem ser monitorados pelo software de configuração. A forma padrão de apresentação de um elemento Ladder é a indicação da condição do circuito quando o dispositivo está desenergizado ou não acionado. Na ilustração seguinte, a entrada1 (I0.0) é programada como um contato NO. Nesta condição, a energia não irá passar através do contato para a saída (Q0.0). Fig. 4.33 – Programação OR Fig. 4.34 – Programação Básica 53 Quando visualizarmos o diagrama Ladder no modo status, o elemento que estiver ativo ou verdadeiro(lógica 1) estará hachurado. No exemplo, é apresentado um botão pulsador conectado à entrada 1 que está pressionado. A energia pode agora passar para o elemento associado com a entrada 1 (I0.0) e ativar a saída (Q0.0). o sinalizador irá acender. 4.20.2. Uso de FORCING O uso de FORCING (Forçar) é outra ferramenta muito útil no comissionamento da aplicação. Ele pode ser usado para sobrepor, sobrescrever temporariamente o status de uma entrada ou uma saída para testar uma aplicação ou para tirar defeitos do programa. A função FORCE pode também ser usada para “pular” parte do programa, para permitir que instruções sejam “jumpeadas” permitindo assim a atuação de uma saída. No exemplo, a entrada I0.0 pode ser forçada, e mesmo sem pressionar o botão, acionar a saída, ligando a lâmpada. Fig. 4.35 – Programação Básica Fig. 4.36 – Programação Básica 54 4.20.3. Fiação Para executar uma tarefa, no exemplo didático de um botão ligando um sinalizador, o botão é conectado na entrada o CLP e o sinalizador na saída. 4.21. Exemplo de uma partida para motor No exemplo seguinte, envolve a partida e parada de um motor. O diagrama ilustra como um botão de comando NO e NC pode ser usado num circuito de comando. A bobina do contator (M) é conectada em série com o contato NO do botão Liga(Start) , com um contato NC do botão desliga(STOP) e com um contato NC do relé térmico (OL). Fig. 4.37 – Programação Básica 55 Quando o botão START é pressionado, a energia passa alimentando a bobina do contator (M). Quando o contator é acionado, fecha o contato auxiliar Ma. Quando o botão START é liberado, o contator continua acionado devido ao contato auxiliar. O motor irá rodar continuamente até ser pressionado o botão STOP ou se o relé térmico OL atuar. Este controle pode ser executado pelo CLP. 56 4.22. Programando O botão START(normalmente aberto NO) é conectado na primeira entrada (I0.0) , o botão STOP(normalmente fechado NC) é conectado na segunda entrada (I0.1) e o contato do relé térmico(normalmente fechado NC) é conectado na terceira entrada (I0.2). A primeira entrada(I0.0), a segunda(I0.1) e a terceira(I0.2). formam uma lógica AND e são usadas para controlar funções de programação normalmente abertas na network 1. O status do bit I0.1 está em nível lógico 1 porque o contato normalmente fechado(NC) do botão STOP está fechado. O status do bit I0.2 está em nível lógico 1porque o contato normalmente fechado do relé térmico(OL) esta fechado. A saída Q0.0 está também presente na network 1. em adicional, o contato normalmente aberto do contato associado com Q0.0 está presente na network 1 para formar uma lógica OR. O contator é conectado na saída Q0.0. Quando o botão START for pressionado, a CPU recebe nível lógico 1 da entrada I0.0. Isto causa que o contato I0.0 feche. Estando todas as três entradas em nível lógico 1, a CPU manda nível lógico 1 para a saída Q0.0. o contator é energizado e o motor parte. Quando o botão Start é pressionado, a saída Q0.0 é agora verdadeira e no próximo ciclo de scan, quando o contato de Q0.0 estiver ativado, o contato estará fechado e assim a saída Q0.0 permanecer ligada mesmo que o botão Start seja liberado. 57 O motor irá continuar funcionando até que o botão STOP seja pressionado. A entrada I0.1 irá então para nível lógico 0(falso). A CPU irá enviar o sinal binário 0 para a saída Q0.0. O motor irá ser desligado. 4.23. Expandindo a aplicação A aplicação pode ser facilmente expandida para incluir sinalizadores para indicar a condição RUN e STOP. Neste exemplo o sinalizador Run está conectado à saída Q0.1 e o sinalizador Stop à saída Q0.2. 58 Podemos ver que o contato normalmente aberto de Q0.0 está ligado com a saída Q0.1 na network2 e o contato normalmente fechado de Q0.0 está ligado com a saída Q0.2 na network 3. quando o motor estiver parado, a saída Q0.0 está desligada; o contato normalmente aberto de Q0.0 na network 02 estará aberto e o sinalizador RUN estará apagado. O contato normalmente fechado Q0.1 na network 03 estará fechado, ligando assim o sinalizador Q0.2. Expansão: 59 4.24. Exemplo de aplicação O dispositivo de campo que mede a variação o sinal é tipicamente conectado a um transdutor. No exemplo seguinte, uma balança é conectada a uma célula de carga. A célula de carga é um dispositivo que pega a variação do sinal e converte num sinal variável de tensão ou corrente. No exemplo, a célula de carga está convertendo o valor do peso num sinal de saída de 0 a 10V. o valor de saída depende inteiramente das especificações do fabricante do sensor. Nesta célula, a saída de 0 a 10V corresponde a uma entrada(peso) de 0 a 500 libras (226 kg). O sinal de 0 a 10V da saída da célula de carga é conectado a uma entrada analógica do CLP Este exemplo de aplicação pode ser expandido para incluir um sistema transportador com um braço seletor para direcionar embalagens com pesos variados. As embalagens movem-se sobre a esteira e são pesadas. A embalagem que tiver peso igual ou maior que o valor especificado, segue o caminho normal. A embalagem que tiver peso inferior que o valor especificado, irá retornar para inspeção. 60 4.25. Temporizadores Temporizadores são dispositivos que contam incrementos no tempo. Semáforos são exemplos onde temporizadores são usados. Neste exemplo, temporizadores são usados para controlar o intervalo de tempo entre uma lâmpada e outra do semáforo. Temporizadores são representados por caixas no diagrama Ladder. Quando um temporizador é ativado, começa a contar tempo. O temporizador compara o tempo transcorrido com o tempo setado(ajustado). A saída do temporizador está em nível lógico zero enquanto o tempo transcorrido for menor que o tempo setado. Quando o tempo transcorrido é maior que o setado, o temporizador irá para nível lógico 1. A maioria dos CLPs possuem três tipos de temporizadores: On- Delay (TON), Retentive On-Delay (TONR), e Off-Delay (TOF). Os temporizadores geralmente podem contar tempo em milisegundos, centésimos de segundos ou em segundos. 61 4.25.1. Timer on-delay(TON) Quando a network onde um TON está é ativada (nivel lógico 1) , o mesmo começa a contar tempo. Atingido o valor predeterminado, o bit de saída do TON irá para nível lógico 1 e permanecerá assim até que a network onde está o temperizador se torne falsa. Quando isto acontecer, o temporizador é resetado. No exemplo seguinte, uma chave é conectada na entrada I0.3, e um sinalizador é conectado na saída Q0.1. 62 Quando a chave for fechada, o temporizador será ativado. O valor setado é de 150 e a base de tempo é 100ms, o que dar 15s (150 x 0,1). Atingido o valor setado, o sinalizador irá acender. Ao abrirmos a chave, a network do temporizador será falsa, resetando o temporizador e desligando o sinalizador, permitindo assim uma nova contagem de tempo. 4.25.2. Timer Off-Delay (TOF) Este temporizador é usado para atrasar o desligamento de uma saída por um período de tempo após uma entrada ser desligada. Quando a network onde o TOF estiver for verdadeira, imediatamente o TOF colocará o seu bit de saída em nível lógico 1 e não conta tempo. Quando a network for falsa, o TOF manterá o bit de saída verdadeiro e começará a contar tempo, que após atingido, retornará o bit de saída para falso. 4.26. Exemplo de aplicação No exemplo seguinte, um tanque irá ser preenchido por dois produtos, serão misturados e então drenados. Quando o Botão Start é precionado (I0.0), o programa liga a bomba 1(Q0.0). a bomba 1 roda por 5 segundos, preenchendo o tanque com o primeiro produto, e então é desligada. O programa então liga a bomba 2(Q0.1) que roda por 3 segundos é pára. O programa mistura os dois produtos por 60 segundos. O programa então abre a válvula de dreno(Q0.3) e parte a bomba 3(Q0.4). a bomba 3 é desligada após 8 segundos e o processo pára. A parada manual(I0.1) pode ser acionada a qualquer momento. 63 4.27. Contadores Os contadores comparam um valor acumulado com um valor setado(programado) para controle de processos. Contadores são representados por caixas no diagrama Ladder. Eles incrementam/decrementam uma contagem cada vez que há uma transição de OFF para ON na entrada que está gerando os pulsos. Contadores são resetados(zerados) quando uma instrução de RESET é executada. Alguns CLPs disponibilizam três tipos de contadores: up counter (CTU) contador crescente, down counter (CTD) contador decrescente, e up/down counter (CTUD). 64 4.27.1. Exemplo de aplicação Um contador pode ser usado para controlar o número de veículos num estacionamento. Quando um veiculo entra no estacionamento, o contador incrementa um pulso. Quando sai, o contador decrementa um pulso. O contador pode informar o número de veículos estacionados, ou seja, o número de vagas disponíveis. Quando o estacionamento estiver lotado, o que significa que o contador atingiu o valor presetado, um sinalizador acende informando que não há mais vagas. No exemplo, um sensor está fixado ao portão de entrada e conectado na entrada I0.0 do CLP. outro sensor está fixado no portão de saída e conectado na entrada I0.1. um botão de reset localizado na cabine de controle está conectado na entrada I0.2. O estacionamento comporta 150 veículos. Este é o valor que tem sido presetado no contador. A saída do contador ativa a saída Q0.1 que está conectada a sinalizador que indica “Estacionamento Lotado”. 65 Quando um veículo entra no estacionamento, o contador incrementa um pulso. Se um veículo sair, decrementa um pulso no contador. Quando o contador atingir 150, a saída Q0.1 aciona o sinalizador, avisando que não há vagas disponíveis. 4.28. Módulos especiais Em adição aos módulos de I/O, módulos de expansão são disponíveis tais como: módulos para termopares e RTDs, para controle de posicionamento, para comunicação entre outros. 4.28.1. Módulos de Comunicação Em alguns sistemas complexos, a comunicação rápida é essencial. Modems são dispositivos eletrônicos usados para enviar e receber dados de longa distância. Com isto, é possível acessar um CLP que esteja em outro estado ou país, usando uma linha telefônica. Com isto, é possível fazer diagnóstico e manutenção à distância, controlar máquinas, sistemas de alarme, funções de comunicação e supervisionar operações e dados. É possível também utilizar CLPs conectados a dispositivos “inteligentes de campo como inversores de freqüência, atuadores e sensores , usando as LANs - local area network (LAN). LANs são usadas em escritórios, fábricas e em áreas industriais. 66 No passado as redes eram freqüentemente “proprietárias”, ou seja, eram usados por um fabricante proprietário de um sistema. Hoje temos várias redes “abertas” como a PROFIBUS-DP e Actuator Sensor Interface (ASi). 4.28.2. Profibus DP É uma rede (barramento) aberta, usada para várias aplicações em automação e processos de fabricação. Profibus-DP trabalha com dispositivos de campo como medidores de energia, dispositivos de proteção de motores, disjuntores e controle de iluminação. 4.28.3. AS-i ActuatorSensor Interface (AS-i or AS-Interface) É um sistema de rede para dispositivos binários como sensores. Até recentemente, extensivos cabos paralelos eram usados para conectar sensores até o dispositivo de controle. AS-I substitui esta complexidade de cabos por um único par de fios. Vários dispositivos podem ser conectados neste cabo único. 67 Os CLPs possuem cartões especiais que recebe estes sinais binários vindos do cabo AS-i . 4.29. Seleção de um CLP Para a escolha correta de um equipamento de CLP, o usuário deverá conhecer as características dos CLPs existentes no mercado levando em conta as características específicas de hardware e software sendo que: As características de hardware de um CLP são aquelas que estão ligadas à construção do mesmo, por ex. tipo de componente eletrônico utilizado, circuitos, modularidade, cartões de comunicação, etc. As características de software são aquelas que definem os recursos do CLP, refletindo em programação, recursos, instruções, tipo de comunicação, recursos da IHM. 68 Deve-se observar que algumas características de hardware interferem na de software, por exemplo, o circuito de filtro na fonte não sendo de boa qualidade pode provocar a perda de programa e/ou funcionamento inadequado do CLP e será observado como um efeito de software. 3.29.1. Hardware Para selecionar o hardware do CLP, devem ser levadas em conta as seguintes características: Sinalização de “status” de Entrada e Saída (sinaliza a ligação ou não das Entradas/Saídas). Alto MTBF (Mean Time Between Failure), ou seja, tempo médio entre falhas. “Burn In” (capacidade de fácil inserção/extração dos módulos do CLP). Robustez mecânica e elétrica. Imunidade a ruídos (capacidade de não ter seu funcionamento alterado se surgirem surtos de sinais elétricos não desejados). Isolação ótica de entradas e saídas (proteção da eletrônica fina do CLP com os circuitos exteriores). Facilidade de configuração (modularidade). Facilidade de manutenção (itens de estoque). Autodiagnose (capacidade de sinalizar falhas e indicar possível solução). Fusíveis de proteção independentes. Tensão de alimentação. Tensão de alimentação dos módulos de entrada e de saída. Número de entrada e de saída. Temperatura de armazenamento. Temperatura de operação. Imunidade a Descarga Eletrostática. Vibração. 69 3.29.2. Software Para selecionar o software, é preciso levar em conta as seguintes características: Facilidade de programação (interface de programação amigável). Aplicativo com teste de consistência (capacidade do controlador do CLP: verificar se o programa elaborado é reconhecido pelo mesmo). Facilidade de simulação (utilização de função FORCE, que “força” um nível lógico 0 ou 1 em um elemento do programa). Flexibilidade de programação conjunto, “Set” de instruções variadas. Recurso de monitoração. Programação “on-line”, programar diretamente no CLP. Número de estados internos. Interface de comunicação com outros equipamentos. Varredura de programa (leitura e execução seqüencial das instruções do programa, que tem início na primeira instrução e vai até o final do mesmo). O tempo de execução do programa varia de 1ms a 100ms/K, e vai depender da tecnologia empregada pelos fabricantes. É importante observar que esse tempo é calculado com base em instruções simples, do tipo contato aberto, contato fechado e saídas. Para as instruções avançadas que envolvem multiplicação, divisão, etc., o tempo estimado é maior para a execução. 4.30. Automação de um Setor, Processo ou Equipamento O primeiro passo para automação de um processo, setor ou equipamento é conhecê-lo detalhadamente e documentá-lo através da descrição de seu funcionamento. Os métodos mais utilizados para essa descrição são o fluxograma Universal, o Diagrama de tempos e movimentos ou uma descrição escrita do funcionamento do processo. Uma vez conhecida essa descrição, o CLP pode ser especificado, pois tem-se o numero e tipo das entradas/ saídas, que permite iniciar o processo de programação. A figura a seguir apresenta um Fluxograma Universal com os passos necessários para a automação de um setor, processo ou equipamento. 70 71 CAPÍTULO 5 – Sistemas Scada Objetivo Após estudar este capítulo você estará apto para: Entender os processos relativos ao sistema SCADA. 5.1. Sistemas Scada (Supervisory Control And Data Acquisition) Os sistemas SCADA, também conhecidos como sistemas supervisórios, permitem que sejam monitoradas e rastreadas informações de um processo produtivo ou instalação física. Tais informações são coletadas através de equipamentos de aquisição de dados e, em seguida, manipuladas, analisadas, armazenadas e, posteriormente, apresentadas ao usuário. (SILVA, 2005). Segundo Souza (2003), no estágio atual dos sistemas SCADA, os computadores têm um papel importante na supervisão dos sistemas por coletar, entre outras coisas, dados do processo, principalmente dos CLPs. Estes dados podem ser observados de maneira remota e amigável pelo operador; têm sua monitoração e controle facilitado; disponibiliza, em tempo útil, o estado atual do sistema através de um conjunto de previsões, gráficos e relatórios; permitindo assim, a tomada de decisão operacional, seja ela automática ou por iniciativa do operador. Estes sistemas revelam-se de crucial importância na estrutura de gestão das empresas, fato pelo qual deixaram de ser vistos como meras ferramentas operacionais, ou de engenharia, e passaram a ser vistos como uma importante fonte de informação. Em relação ao CLP, os sistemas de supervisão oferecem duas funções básicas: supervisão e operação. 72 5.2. Supervisão Na supervisão são incluídas todas as funções de monitoramento do processo, sejam elas sinóticas, gráficos de tendências de variáveis analógicas e digitais, relatórios em vídeo e impressora, dentre outras. 5.3. Operação A operação tem a grande vantagem de substituir as funções da mesa de controle, otimizando os processos de liga e desliga de equipamentos e de seqüência de equipamentos e a mudança de modo de operação de equipamentos. 5.4. Funcionalidades As principais funcionalidades dos sistemas SCADA atualmente são: aquisição de dados, visualização de dados, processamento de alarmes e tolerância a falhas. 5.4.1. Aquisição de dados A aquisição de dados é o processo que envolve a coleta e transmissão de dados desde as instalações das indústrias, eventualmente remotas, até as estações centrais de monitoração. O processo inicia-se nas instalações das indústrias, onde as estações remotas lêem os valores dos dispositivos conectados. Após a leitura desses valores, segue-se a fase de transmissão de dados através de rede de comunicações até a estação central. Por fim, o processo de aquisição de dados é concluído com o respectivo armazenamento em bases de dados. (SOUZA, 2003). 5.4.2. Visualização de dados A visualização de dados consiste na apresentação de informações através de interfaces homem-máquina, geralmente acompanhados por animações, de modo a simular a evolução do estado dos dispositivos controlados na instalação das indústrias. 73 5.4.3. Alarmes Os alarmes são classificados por níveis de prioridade em função da sua gravidade, sendo reservada a maior prioridade para os alarmes relacionados com questões de segurança. Em situações de falha do servidor ou da rede de comunicações, é possível efetuar o armazenamento das mensagens
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