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EXTRATERRITORIALIDADE 1. Conceito de Extraterritorialidade Extraterritorialidade é a possibilidade da aplicação da lei penal brasileira a ilícitos penais ocorridos no exterior, o que trata-se de uma exceção em nossa legislação penal e deve atender a diversos requisitos elencados na lei. Podemos dizer que é uma extensão da lei penal para alcançar condutas que ocorrem fora do território nacional, quando há o interesse do Brasil em punir autores de crimes ocorridos fora do seu território. Fundamentação Jurídica: Código Penal: DECRETO-LEI Nº 2.848/ 1940, Art. 7º (caput). 1.1 Hipóteses de Extraterritorialidade Existem duas hipóteses em que se aplica a lei penal brasileira a crimes cometidos no exterior, de acordo com Rogério Greco, em Curso de Direito Penal, Parte Geral, 19ª ed., essas hipóteses de extraterritorialidade são classificadas como: condicionada e incondicionada. Fundamentação Jurídica: Código Penal: DECRETO-LEI Nº 2.848/ 1940, Art. 7º, I e II. 1.1.1 Extraterritorialidade incondicionada Refere-se a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a fatos ocorridos no estrangeiro, sem qualquer condicionante e independente de ter o agente sido absolvido ou condenado no estrangeiro, desde que se trate de uma das hipóteses previstas em lei. Fundamentação Jurídica: Código Penal: DECRETO- LEI Nº 2.848/ 1940, Art. 7º, I. 1.1.1.1 Crimes descritos nas alineas do art. 7º, Inciso I EXTRATERRITORIALIDADE Alinea "a": contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; Os crimes contra a vida estão estabelecidos no Código Penal, na Parte Especial, Título I (Dos Crimes Contra a Pessoa), Capítulo I (Dos Crimes Contra a vida), são eles: Homicídio (artigo 121); Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio (artigo 122) , Infanticídio (artigo 123) e Aborto (artigos 124, 125, 126, 127 e 128), vide ADPF 54 para os artigos 124,126 e 128. Já os crimes contra a liberdade estão previstos no Código Penal, na Parte Especial, Título I (Dos Crimes Contra a Pessoa), Capítulo VI (Dos Crimes Contra a Liberdade Individual), Seção I (Dos Crimes Contra a Liberdade Pessoal) sendo eles: Constrangimento Ilegal (artigo 146), Ameaça (artigo 147), Sequestro e cárcere privado (artigo 148), Redução a condição análoga à de escravo (149), e Tráfico de Pessoas (149-A). Princípios que fundamentam: Princípio a Vida , Princípio da Liberdade, Princípio da Defesa Real ou Proteção. Alinea "b": contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; Os crimes contra o patrimônio estão localizados no Código Penal, na Parte Especial, Título II (Dos Crimes Contra o Patrimônio), Capítulos do I ao VIII (artigos 155 a 181). E os crimes contra a fé pública da União, localizam-se no Código Penal , na Parte Especial, Título X (Dos Crimes contra a Fé Pública), Capítulos do I ao IV (artigos 289 a 311). Distinção de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia e fundação instituída pelo Poder Público, com base no Decreto Lei nº 200/1967, artigo 5º: "I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. II - Emprêsa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Govêrno seja levado a exercer por fôrça de contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) EXTRATERRITORIALIDADE III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes. (Incluído pela Lei nº 7.596, de 1987)." Princípio que fundamenta: Princípio da Defesa Real ou Proteção. Alinea "c": contra a administração pública, por quem está a seu serviço; Os Crimes Contra a Administração Pública são definidos no Código Penal ,na Parte Especial, Titulo XI (Dos Crimes Contra a Administração Pública), Capítulos do I ao II-A (artigos 312 a 337-D). Princípio que fundamenta: Princípio da Defesa Real ou Proteção. Alinea "d": de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; Os Crime de genocídio foi incluído no Código Penal pela lei nº 7.209/1984 e é tutelado pela lei nº 2.889 de 1956, que em seu artigo 1º define o crime de genocídio conforme segue: "Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: (Vide Lei nº 7.960, de 1989) a) matar membros do grupo; b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;" Princípio que fundamenta: Princípio da Justiça Universal ou da Universalidade da Justiça Cosmopolita 1.1.1.2 Exemplo sobre a combinação §1º e o artigo 8º nas hipóteses do inciso I EXTRATERRITORIALIDADE Em m virtude da extraterritorialidade da lei brasileira é possível que o agente seja processado, julgado e condenado tanto pela lei brasileira como pela es-trangeira, e que cumpra total ou parcialmente a pena no exterior, a redação do artigo 8º em combinação com a do § 1º permite entender que dois fatores devem ser considerados: a quantidade e a qualidade das penas. Se da mesma qualidade (duas penas privativas de liberdade, por exemplo), da sanção aplicada no Brasil será abatida a pena cumprida no exterior; se de qualidade diversa (privativa de liberdade e pecuniária), o julgador deverá atenuar a pena aqui imposta considerando a pena lá cumprida. 1.1.2 Extraterritorialidade condicionada Trata-se da possibilidade de aplicação da lei brasileira às infrações penais cometidas fora do território brasileiro, quando satisfeitos certos requisitos, previstos no art. 7º, II e §2º e §3º do Código Penal, e baseados nos princípios regentes da aplicação da lei penal no espaço. Fundamentação Jurídica: Código Penal: DECRETO-LEI Nº 2.848/ 1940, Art. 5º (caput). 1.1.2.1 Crimes descritos nas alineas do art. 7º, Inciso II EXTRATERRITORIALIDADE Alinea "a": que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; Como exemplo de conveção assinada pelo Brasil sobre extraterritorialidade, podemos citar a Convenção Interamericana sobre Eficácia Extraterritorial das Sentenças e Laudos Arbitrais Estrangeiros, concluída em Montevidéu em 8 de maio de 1979 e promulgada pelo Brasil em 2 de dezembro de 1997. Princípio que fundamenta: Princípio da Justiça Universal ou da Universalidade da Justiça Cosmopolita Alinea "b": praticados por brasileiro; Princípio que fundamenta: Princípio da Personalidade Alinea "c": praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiroe aí não sejam julgados. Princípio que fundamenta: Princípio da Representação 1.1.2.2 ( § 2º do art. 7º, Inciso II ) EXTRATERRITORIALIDADE Alinea "a": entrar o agente no território nacional; Alinea "b": ser o fato punível também no país em que foi praticado; No Código Penal de Portugal, Decreto-Lei n.º 48/95, existe a tipificação do crime de aborto, em seu artigo 140 (Capítulo II Dos crimes contra a vida intra- uterina). Neste caso, se um indivíduo de nacionalidade brasileira cometer o crime de aborto em território Português, a análise desse caso, por tratar se tratar de um fato punível nos dois países, caberia o disposto no art. 7º, §2º, b. Alinea "c": estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; Em regra geral, todos crimes são passiveis de requisição para extradição respeitando as regras do art. 7º, §2º ; com exceção dos previsto no Decreto Lei nº 394/1938, art. 2º, inciso VII e suas respectivas alíneas que menciona: Art. 2º Não será, também, concedida a extradição nos seguintes casos: VII - Quando a infração for: a) puramente militar; b) contra a religião; c) crime político ou de opinião. Alinea "d": não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; Alinea "e": não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. As hipóteses de extinção da Punibilidade são estabelecidas no Código Penal, na Parte Geral, Título VIII (Da Extinção Da Punibilidade) , artigos 107 e 108. 1.1.2.3 (§ 3º do art. 7º, Inciso II ) EXTRATERRITORIALIDADE § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) Princípio que fundamenta: Princípio da Nacionalidade ou Personalidade Passiva
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