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Introdução ao Estudo do Direito Privado I - Maurício Requião

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PRIVADO I
Aluna: Maria Carolina Ribeiro
Maurício Requião
Aulas
1. DISCURSÕES PRELIMINARES
1.1. Direito x moral: Não há como separar o Direito da Moral, há uma interação entre eles. Toda norma é uma regra (comando direto) ou um princípio (comando valorativo). Muita coisa do universo da moral influi no direito. No direito positivo a interação entre direito e moral é mais difícil de ocorrer, diferentemente do direito natural. O direito positivo pensa em especificidade, compartimentalização, nenhum conteúdo externo está apto a estar na norma, é atemporal, e se preocupa com a ideia de justiça, enquanto no direito positivo o valor da norma é a própria norma. No direito positivo só se normatiza a lei caso ela entre no ordenamento jurídico, no direito natural o indivíduo possui o direito, e por ser justo, tal direito passa a ser parte do ordenamento, e é útil que esteja positivada, por exemplo, a boa fé objetiva. Direito objetivo (law) é a disposição normativa, direito subjetivo (right) é o direito em verdade.
1.2. Direito privado: Existem dois grandes ramos do direito: Direito Público x Direito Privado, antigamente era posto que esta era a maior dicotomia do direito, o que não aceita-se atualmente pois dicotomia significa que existem dois conjuntos que possuem conteúdos totais (englobam tudo do direito) e excludentes (não convertem), não havendo intersecção entre tais conjuntos; tal conceito não é mais aceito, mas existe distinção.
- Critérios de distinção:
a) Conforme o que está sendo regulamentado (se é direito público ou direito privado particular) – Na Revolução Francesa surge forte a ideia de patrimônio privado.
b) Se o titular da relação é uma pessoa de direito público ou de direito privado.
c) Se o interesse tutelado é geral ou individual.
- Exemplos de ramos do direito predominantemente público: Direito Constitucional, Direito Penal, Direito Eleitoral.
- Exemplos de ramos do direito predominantemente privado: Direito Civil e Direito Empresarial.
- Intersecção: Direito do Consumidor, Direito do Trabalho.
O principal ramo do direito privado é o Direito Civil, pois, traz normas básicas para a regência do direito privado. Muitos conceitos usados em outros ramos são encontrados no Direito Civil. Regulamenta situações comuns e ordinárias das pessoas de direito. Regulamenta direitos desde antes do nascimento até após a morte (exemplo: direitos do nascituro – pré-natal; efeitos post mortem – direito ao enterro).
2. ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO CIVIL
2.1. Direito Romano: Havia várias classificações do direito dependendo de onde o indivíduo se posicionava na sociedade. Muitos dos princípios trabalhados hoje são derivados do Direito Romano (exemplo: as normas eram esparsas até Justiniano reuni-las no Corpus Juris Civiles). Muitos contratos, questões de direito de família, das obrigações, da propriedade, foram regulamentadas pela primeira vez no Direito Romano, porém ocorreram muitas mudanças.
2.2. Idade Média: Com a queda do Império Romano, deixa-se de ter um Estado forte, pois o poder estava dividido. Logo, com um Estado fraco, o direito não tem como ser forte. Atuação de glosadores: não há novas criações, mas o direito aplicado ainda é baseado no direito romano com algumas alterações sobre como interpretar a aplicação da lei, e essa interpretação acaba sendo plicada. Uma das poucas instituições que se manteve no poder foi a Igreja Católica.
2.3. Direito Canônico: Corpus Juris Canonit: Traz uma série de cânones, regras e dogmas dirigidos ao clero e a população católica. Traz diversas questões que até hoje duram (exemplo: condenação da usura, ideia de boa fé). O direito da família foi o ramo mais influenciado pelo direito canônico.
2.4. Direito Germânico: A ideia de direito difuso (coletivo), surge no direito tribal germânico.
2.5. As grandes codificações: A ideia de código só surge efetivamente após a Revolução Francesa com a criação do Código Napoleônico. Um código enquanto lei, é a reunião sistematizada de uma série de assuntos relacionados a uma área determinada do direito.
Características:
· Sistematicidade: O código não é simplesmente um amontoado de leis a ser lido de modo estanque.
· Unidade: Já que o código abarca todo e qualquer aspecto de um ramo do direito, ele é unitário.
· Especificação: Só trata da matéria específica que se propôs a tratar.
· Inovação: Traz uma nova lei, um novo tratamento da lei, da matéria.
Tipos de condensações além dos códigos:
· Compilação: Reunião de leis de forma organizada em uma obra, não vem do Estado.
· Consolidação: É um ato governamental, não inova, o consolidador pega leis existentes e as organiza (exemplo: CLT).
· Estatuto: O que diferencia do código é a especificidade (exemplo: Estatuto do Idoso: regulamenta todos os aspectos do tema dentro de várias matérias (Direito Civil e Processual)).
No momento em que surge o primeiro código, o Estado era forte e impositor do direito. A unidade é pensada pois havia um tripé ideológico (não prospera devido ao pluralismo).
· Igualdade: Favorece a criação do código pois, se todos são iguais, em tese o código será para um só sujeito.
· Unidade legislativa: Graças ao iluminismo e ao racionalismo, há forte crença na razão, assim, sustenta-se a unidade legislativa, que pensa num sistema capaz de abarcar todos os aspectos que gerem a vida em sociedade.
· Ideologia da interpretação: O código basta em si, inclusive no que toca a interpretação (alguém explicando é alguém convergindo).
3. HISTÓRICO DO DIREITO CIVIL BRASILEIRO:
3.1. Ordenações: O direito brasileiro “começa” basicamente com as ordenações (ordenações filipinas acabam vigorando mais no Brasil que em Portugal). A posterior criação de códigos traria mais independência à colônia perante a metrópole. (1º código = Código de Direito Penal de 1830; 2º código = Código Processual Penal de 1832; 3º código = Código Comercial de 1850 – Necessidade de regulamentar o comércio).
3.2. Consolidação de Teixeira de Freitas: Teixeira de Freitas ficou com a função de criar a consolidação das leis civis de 1858, que serviu como Código Civil até 1916. Em 1856, Teixeira de Freitas publicou o “Esboço do Código Civil”, extremamente avançado para a época, porém muito criticado, inclusive por Ruy Barbosa; o Código Civil da Argentina e i Brasileiro de 1916 se basearam nesse esboço.
3.3. Código Civil de 1916: Clóvis de Beviláqua é o jurista que ficou com a função de produzir o novo Código Civil de 1916, que passou a produzir efeito em 1º de Janeiro de 1917, fortemente influenciado pelo Código Civil francês e pelo BGB (Alemanha). O Código Civil de 1916 era extremamente patrimonialista. Os Códigos já entraram em vigor com defasagem: entre 1916 e 2002 há um grande lapso temporal. Nesse meio tempo a Constituição e 1988 surgiu, protegendo muito mais os direitos existencialistas do que os patrimoniais. A Constituição de 1988 passa a falar de temas diretamente ligados ao direito civil e ao direito privado.
3.4. Constitucionalização do Direito Civil: Antigamente havia uma forte crença de que a Constituição disciplinava leis de direito público e o Código Civil, as leis de direito privado. A hierarquia não era respeitada. A Constituição de 1988 pega o Código Civil de 1916 e i defasa ainda mais, trazendo urgência por um novo Código Civil (A CF/88 não revoga expressamente o CC/16).
3.5. Descodificação e recodificação: Movimento de descodificação: processo de esvaziamento do Código, pois passaram a ser criadas leis esparsas que disciplinam tópicos defasados no Código. Movimento de recodificação: em Maio de 1969, institui-se uma comissão para a criação do novo Código Civil, assim, passa-se a pensar numa recodificação. A comissão foi presidida por Miguel Reale. Em 1972, publica-se um esboço do Código Civil para a discussão do mesmo pela comunidade jurídica. Em 1975, o então presidente Geisel, envia a proposta para a Câmara e apresenta 1675 emendas. Em 1984, o projeto é enviado para o senado, que o “veta”, pois a Constituição Federal de 1988 já era pretendida.
3.6. CódigoCivil de 2002: Tramitação: Só retorna em 1995. Esse grande hiato fortaleceu as críticas ao novo código civil de 2002, que entrou em vigor em 1º de Janeiro de 2003. Diretrizes: Segundo Reale, o sistema do CC/2002 está vinculado a três diretrizes teóricas: Eticidade: traz conteúdo de “agir ético” ao texto, dando, por exemplo, maior importância à boa fé; Operabilidade: afasta o problema de estrutura organizacional que havia no CC/16 (Exemplo: regulamenta de modo separado, prescrição e decadência, trás maior uso de normas de textura aberta – cláusulas gerais, conceitos indeterminados e princípios). a) Cláusulas gerais: técnica legislativa onde trabalha-se de modo mais aberto; opõe-se à casuística. b) Conceitos indeterminados: palavra ou expressão que tem o seu conteúdo semântico mais vago. c) Princípios: tipo de norma que se diferencia das regras, pois regra traz comando e princípio trás valor; Sociabilidade: Princípio da função social (leva em conta a sociedade para além do individuo).
Estrutura: parte – livro – capítulo – seção – subseção.
OBS: Responsabilidade civil: a) Subjetiva: para que haja indenização deve haver conduta culposa, dano e nexo causal; b) Objetiva: a conduta culposa é eliminada dos pré-requisitos acima.
4. PESSOA NATURAL:
4.1. Noções gerais: Pessoa natural para o direito é o ser humano, logo, o direito civil busca garantir que o sujeito alcance o seu projeto de vida. O fato de ser pessoa faz com que o sujeito seja dotado de personalidade. Para alguns autores, personalidade é um atributo jurídico – capacidade de cumprir deveres e possuir direitos. Não é correto atribuir a personalidade apenas a ideia de cumprir direitos e deveres, pois há valor agregado a este direito da personalidade. Pessoa jurídica: Não se pode proteger a pessoa jurídica da mesma forma que se protege a pessoa natural, mas o viés da personalidade como atributo é posto para a pessoa jurídica – para ter personalidade tem que ser pessoa.
· Entes despersonalizados: não possuem personalidade, nem o status de pessoa, mas, concede-se a sua existência. Possuem direitos e deveres (exemplo: massa falida, condomínio...).
· Discussão sobre personalização dos animais e das máquinas.
4.2. Nascituros: (Art. 2º do Código Civil de 2002) – A discussão sobre o direito de nascituro é justamente a partir de quando deve ser considerada a proteção ao nascituro, pois é inegável que este possui direitos:
· Teoria natalista: a proteção só ocorre a partir do nascimento.
· Teoria concepcionalista: a proteção e o estado de pessoa se dão a partir da fecundação.
· Teoria da personalidade condicional: o nascituro tem direitos e personalidade, mas com uma condição suspensiva, que é o nascimento com vida.
*Pesquisa com células-tronco de embrião (já permitida) + questão do aborto.
*ADIN: Ação Direta de Inconstitucionalidade: quando se quer provar a inconstitucionalidade de uma lei (o STF julga). ADIN 3.510: sobre pesquisa com células-tronco de embriões; Impugnação de um bloco do art. 5º da lei 11.105 de 24 de Março de 2005. Lei de Biossegurança.
Quando o nascituro passa a ser pessoa, ele passa a possuir personalidade. Saber se nasceu vivo ou morto é uma questão patrimonial (herança e sucessões).
4.3. Capacidade de Direito x Capacidade de Fato: Capacidade de direito ou de gozo: possui mais ou menos o conteúdo do art. 1º: “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Capacidade de fato ou de agir ou de exercício: regulamentada nos artigos 3º e 4º.
Existem alguns atos de vontade que a lei diz que só pode praticar aquele que possui discernimento (capacidade). O incapaz é posto nessa posição para “protege-lo”. Para a prática de alguns atos, não se faz necessário somente que o indivíduo possua personalidade, outros atributos são requisitados.
5. INCAPACIDADE:
5.1. Noções gerais: Para determinar se um indivíduo é capaz ou incapaz, é necessário fazer análise do estado individual do sujeito (idade, saúde...).
5.2. Fundamentos: O fundamento da incapacidade é a proteção do indivíduo, por ele não possuir discernimento para a prática de alguns atos da vida (a ideia deveria ser proteção existencial, mas os mecanismos legais foram criados de uma maneira em que a preocupação central é patrimonial). * Ação de interdição: determina-se o grau de incapacidade, e quem será o curador (responsável pelo incapaz maior) ou o tutor (responsável pelo incapaz menor).
5.3. Graus:
Incapacidade absoluta: art. 3º - o incapaz não pode praticar os atos, caso o pratique, será um ato nulo (não produz efeito regular – art. 166, I).
Incapacidade relativa: art. 4º - caso o incapaz pratique os atos, estes serão anuláveis (produzem efeitos até que alguém reclame disto, caso não haja a reclamação, após algum tempo o ato produz efeito – art. 171, I). *Ver art. 1772.
5.4. Rol de incapazes:
Absolutamente incapazes: menores de 16 anos, enfermos ou deficientes mentais que não tenham o necessário discernimento para a prática do ato, aqueles que sofram de causa transitória e não podem exprimir a sua vontade.
Relativamente incapazes: os maiores de 16 e menores de 18 anos, os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que por deficiência mental tenham o seu discernimento reduzido, os excepcionais sem desenvolvimento mental completo, os pródigos.
Sobre a questão do índio: considera-se capaz ou incapaz, dependendo do grau de adequação social à nossa civilização.
5.5. Emancipação: Torna o menor capaz, possibilitando-o de praticar atos da vida civil, a legislação especial porém, continua sendo aplicada (exemplo: código de transito).
6. DIREITOS DA PERSONALIDADE:
6.1. Noções gerais: Os direitos da personalidade são inerentes à pessoa. São as projeções físicas e psíquicas da pessoa. Todos os direitos da personalidade são direitos fundamentais, porque estão elencados na Constituição, no art. 5º e dentro do ideal de vida digna. A proteção dos direitos da personalidade é algo que ocorreu durante a história.
6.2. Teoria monista x teoria pluralista: Para a teoria monista existe apenas um direito da personalidade de onde os outros aspectos derivam. Já para a teoria pluralista, cada direito da personalidade é um direito da personalidade, nesse teoria pode o correr o fenômeno “numerus clausus”, afirmando que a listagem é completa, não admitindo nada que esteja fora. A teoria monista utiliza-se de uma cláusula geral. O direito brasileiro admite ambas as teorias.
6.3. Características: Os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitações voluntárias (art. 11). Pode-se exigir que cesse a ameaça ou a lesão a direito da personalidade, bem como pode-se reclamar perdas e danos sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
6.4. Exemplos de direitos da personalidade:
a) Direito ao corpo: (art. 13, 14 e 15). 
Lei 9.434/97 – Transplante de órgãos: nas doações post mortem não pode haver direcionamento de órgãos, que vão para o cadastro nacional, numa tentativa de evitar o comércio dos mesmos. Nas doações em vida o direcionamento é autorizado para parentes de até quarto grau. 
Pacto de gestação por substituição: questão da barriga de aluguel.
b) Direito ao nome: (art. 16, 17, 18, e parte do 19). 
A proteção ao nome é dada tanto ao nome quanto ao sobrenome. A proteção ao nome também é dada ao pseudônimo, ao heterônimo e ao apelido (questão da identificação do sujeito). A proteção se dá desde que o nome seja utilizado de forma lícita. O art. 17 proíbe que se utilize o nome de alguém em publicações de caráter danoso, mesmo que não haja a intenção de lesar. A pessoa lesada pode cessar a publicação, pedir direito de resposta e indenização. O nome pode ser explorado economicamente mediante autorização.
· Outras questões: mudança de nome ao completar 18 anos, mudança de nome do transexual, mudança de nome pelo casamento.
c) Direito à imagem: (art. 20).
A imagem de ninguém será exposta sem autorização, salvo em caso de necessidade de manutenção da ordem pública. A imagem pode ser utilizada para fins comerciais mediante autorização. Os contratos sempredevem possuir interpretação privativa. A mesma proteção dada à imagem é dada à voz. A legitimação do direito a imagem também alcança o post mortem (parágrafo único do artigo 20).
· Questão dos sósias: Imagem retrato: é a imagem física; imagem atributo: está vinculada a características pessoais e a honra.
d) Direito à privacidade: (art. 21).
A privacidade não é algo que se limita ao espaço privado. O direito à intimidade está associado ao direto à privacidade; a intimidade seria o núcleo duro da privacidade, preferências mais pessoais.
6.5. Fim da personalidade: Art. 6º. A personalidade acaba com a morte, mas ainda há proteção. Normalmente o que define a morte é a morte cerebral. Com a morte, abre-se a sucessão patrimonial, que deve ser levada à registro público.
6.6. Eutanásia, distanásia e ortotanásia: Eutanásia é provocar a morte de alguém para dar fim ao seu sofrimento, no ordenamento brasileiro, é considerada crime de homicídio. A distanásia é o prolongamento da vida de forma desnecessária, e a ortotanásia é a inação, deixa-se a morte ocorrer de forma natural.
6.7. Morte presumida: Art. 7º, interesse patrimonial, acidentes ou caso de guerra.
6.8. Comoriência: Em um acidente sem sobreviventes ou quando há sobreviventes mas não é possível saber a hora exata de cada morte, utiliza-se da Comoriência, onde presume-se que a morte de todas as vítimas ocorreu ao mesmo tempo, logo os falecidos não participam da cadeia sucessória entre si.
7. AUSÊNCIA:
7.1. Noções gerais: A ausência se dá quando o sujeito desaparece e não se tem noticias dele.
7.2. Curadoria: Alguém entra com um processo de declaração de ausência e determina-se um curador para gerir os seus interesses (curadoria da ausência ≠ curadoria da incapacidade). O juiz determina quais os poderes do curador do ausente (art. 25, CC – sobre o curador). Depois ocorre a arrecadação dos bens do ausente.
7.3. Sucessão provisória: É como se fosse uma sucessão, porém resguarda os interesses do ausente (art. 26). Sem procurador, a sucessão provisória ocorre após um ano aberta a arrecadação, com um procurador, a sucessão ocorre após três anos.
O pedido de sucessão deve ser feito pelos interessados, segundo o artigo 27. Interessados são: o cônjuge não separado, herdeiros presumidos ou testamentários, aqueles com interesse, os credores de obrigações previstas e não pagas. Se um credor ou o Ministério Público abrir o processo de sucessão, e nenhum herdeiro aparecer, ocorrerá a chamada herança jacente (não possui dono e poderá ir para órgão público).
Antes da partilha dos bens, o juiz ordena o curador à transformá-los em bens mais duráveis, como imóveis ou títulos da dívida pública.
Um sujeito que não tem como dar garantia de posse, não receberá bens do ausente, que continuarão com o curador. Nessa fase da sucessão, não se pode realizar a disposição dos bens. Os herdeiros herdam dívidas e bens, que geram frutos (renováveis). Durante a sucessão provisória, o cônjuge, ascendente e descendente terão direito a todos os frutos, outros parentes ficaram com metade dos frutos, a outra metade deve se reverter para o ausente (o indivíduo que não pôde dar garantia também fica com metade dos frutos).
7.4. Caso o ausente volte: Por causa injustificada: perderá os frutos para os seus sucessores; por causa justificada: o “ex-ausente” fica com os frutos. 
7.5. Constatação da morte: Decreta-se a sucessão na data da morte, muda-se a cadeia sucessória. A sucessão definitiva ocorre 10 anos após a sucessão provisória, podendo-se levantar as garantias que o ausente possuía. Se o ausente já conta com 80 anos de idade e se passaram 5 anos de sucessão provisória, abre-se a sucessão definitiva (art. 38). 10 anos após a sucessão, se o ausente volta, ele ainda possui direito à alguns bens (art. 39).
8. PESSOA JURÍDICA:
8.1. Noções gerais: A pessoa jurídica é tão pessoa quanto a pessoa natural, porém existem diferenças. Normalmente busca um fim que individualmente não seria alcançado. As pessoas jurídicas são bens abstratos, não possuem forma física. Podem ser chamadas de pessoas moras, civis, sociais... Exemplos: partidos políticos, empresas, sindicatos...
8.2. Natureza jurídica: (ver se se enquadra como pessoa, bem ou fato).
- Evolução das teorias sobre a natureza jurídica da pessoa jurídica:
a) Teoria da negação da personalidade: PLANIOL. Defende-se que não existe pessoa jurídica, mas sim agrupamentos humanos que praticam atos, a as consequências destes atos devem recair sobre todos os indivíduos do grupo.
b) Teoria da ficção: SAVIGNY. Não existe factualmente no mundo real uma pessoa jurídica, mas, por uma ficção, se reconhece a sua existência juridicamente. A crítica feita aqui é que, quem reconhece uma pessoa jurídica é o Estado, porém este também é uma pessoa jurídica.
c) Teoria realista objetiva: Surge como resposta à teoria da ficção, A pessoa jurídica é um ente personalizado bem como a pessoa natural.
d) Teoria realista técnica: Quem reconhece a existência no mundo fático da pessoa jurídica é o ordenamento, transformando os agrupamentos em entes regulamentados e reconhecidos como pessoa jurídica.
8.3. Direitos da personalidade: Descritos no artigo 52. “Aplica-se à pessoa jurídica, no que couber, os direitos da personalidade”. A construção dos direitos da personalidade foi pensada para a pessoa natural. O fundamento do art. 52 é puramente uma aplicação por analogia. Alguns direitos da personalidade não terão aplicabilidade (exemplo: direito ao corpo). Mesmo nos direitos que são aplicáveis, a incidência deste será diferente da incidência que ocorre na pessoa natural, o efeito negativo que ocorre com o desrespeito a pessoa jurídica é mais patrimonial, na natural o efeito negativo é existencial.
8.4. Função social: O ordenamento reconhece e recepciona a pessoa jurídica porque entende que ela traz algo positivo para a sociedade (riqueza, bem estar social...). Se uma pessoa jurídica se desvirtua da sua finalidade de existir ou prejudicar a sociedade, ela é abolida. A legislação possui vários dispositivos que regem a questão exposta.
8.5. Classificação: Pode se classificar entre pessoa jurídica de direito público (interno ou externo) e pessoa jurídica privada.
· Pessoa jurídica de direito público: interno (art. 41, CC/2002); externo (art.42, CC/2002).
· Artigo 43, CC/2002 – A pessoa jurídica de direito público interno sempre possuirá responsabilidade objetiva, ou seja, responderá mesmo que não haja culpa.
· Pessoa jurídica de direito privado: (art. 44, CC/2002) – Associações, sociedades, fundações, organizações religiosas, partidos políticos, empresas individuais de responsabilidade limitada.
8.6. Formação de pessoas jurídicas: Existem alguns sistemas para a formação de uma pessoa jurídica:
a) Livre formação: depende apenas de ato de vontade.
b) Reconhecimento: é necessária a autorização estatal, em alguns casos o Brasil utiliza esse sistema (exemplo: empresa estrangeira, empresa de seguros, bancos e mineradoras).
c) Disposições normativas: é o sistema que é adotado atualmente pelo Brasil de forma majoritária. A autorização do Estado é desnecessária, mas deve-se realizar o registro da pessoa jurídica para que a sua existência passe a ser reconhecida pelo ordenamento jurídico.
8.7. Administração: Se a pessoa jurídica contrair obrigações, terá que cumpri-las (direito do terceiro).
8.8. Extinção da pessoa jurídica: (Art. 51, CC/2002).
a) Via convencional: Decorre de um ato de vontade.
b) Via legal: Decorre de uma determinação legal (exemplo: falência).
c) Via judicial: Decorre de ordem judicial.
d) Via administrativa: Ocorre nos casos excepcionais em que a pessoa jurídica precisa de uma autorização legal, porém estra se encontra caçada ou foi perdida.
- O fim de uma pessoa jurídica só ocorre após sua liquidação (pagamento das dívidas ou decreto de falência).
9. RESPONSABILIDADE CIVIL E DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE:
9.1. Noções gerais sobre responsabilidade civil: A responsabilidade civil é um instituto do direito civil que tem por finalidade a reparação de um dano que foi causadode um modo indevido. Geralmente, a responsabilidade civil está vinculada a um ato ilícito. Os pressupostos da responsabilidade civil são: conduta, dano e nexo causal, alguém tem que ter agido ou deixado de agir, causando um dano sofrido por outro sujeito. A responsabilidade civil pode ser subjetiva ou objetiva. Na subjetiva, além dos pressupostos, exige-se a culpa (conduta culposa), na objetiva elimina-se a culpa como pré-requisito (culpado ou não o sujeito responde).
Normalmente, para que recaia a responsabilidade civil sobre a pessoa jurídica é preciso que quem tenha praticado o ato em seu nome, tenha poder para tanto. Além disso, de acordo com a teoria da aparência, se alguém que não tem poder para praticar um ato em nome da pessoa jurídica, o pratica mesmo assim, a responsabilidade civil pode recair sobre a pessoa jurídica (questão da má fé).
9.2. Desconsideração da personalidade jurídica: De modo pontual, desconsidera-se a personalidade da pessoa jurídica para afetar o patrimônio da pessoa natural que compõe a pessoa jurídica.
9.3. Teoria maior x teoria menor:
a) Teoria menor da desconsideração: (não foi adotada pelo Código Civil de 2002) – Exige que a existência da pessoa jurídica seja a causa da impossibilidade do pagamento que é devido.
b) Teoria maior da desconsideração: Além de exigir que a existência da pessoa jurídica seja a causa da impossibilidade de pagamento do que é devido, exige que outras coisas estejam presentes na causa que deu início ao processo de desconsideração.
· Teoria maior subjetiva: Para acontecer a despersonalização é necessário se provar uma intencionalidade nos atos praticados que tiveram como consequência o não pagamento do que é devido (elemento anímico).
· Teoria maior objetiva: A questão da intencionalidade não é pré-requisito (art. 50).
- Abuso da personalidade jurídica: Desvio de finalidade ou confusão patrimonial, a questão da má fé é irrelevante.
9.4. Outros tipos de desconsideração:
1) Desconsideração inversa: desconsidera a pessoa natural para alcançar a pessoa jurídica.
2) Desconsideração expansiva: a ideia é atingir um sócio oculto (questão dos “laranjas”).
3) Desconsideração e subcapitalização: confusão patrimonial – não se cria capital. Na gênese da empresa há uma confusão patrimonial. Realiza-se a desconsideração para atingir o sócio.
4) Desconsideração indireta: desconsidera a personalidade da pessoa jurídica para atingir outra pessoa jurídica.
10. ASSOCIAÇÕES:
10.1. Noções gerais: As associações estão regulamentadas nos artigos 53 e 61 do Código Civil. Uma associação se inicia a partir da reunião de pessoas para fins não econômicos, porém, podem haver ganhos patrimoniais para mantê-las. As associações também estão previstas no art. 5º da Constituição (incisos 17 a 20), nesse artigo garante-se a liberdade associativa desde que para fins lícitos. São garantidos os direitos de se associar, de se manter associado, de se desassociar e de não se associar.
10.2. Criação: Os modos de criação das associações estão dispostos no artigo 54 do Código Civil. É necessário a presença dos seguintes requisitos, sob pena de nulidade da associação (não produzirá efeitos no mundo jurídico) – não terá origem a associação). É necessário que esteja presente no estatuto:
I – A denominação, os fins e a sede da associação.
II – Requisitos para a adesão, demissão e exclusão.
III – Os direito e deveres dos associados.
IV – As fontes de recurso para sua manutenção.
V – O modo de constituição e do funcionamento dos órgãos deliberativos.
VI – As condições para a alteração do estatuto e para a dissolução da associação.
VII – A forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.
10.3. Associados: Os associados terão direito e deveres para com a associação (não para com outros associados). Os associados devem possuir os mesmos tipos de direitos. É possível que haja direitos diferentes em categorias diferentes (art. 53, parágrafo único, e art. 50). Quesitos como admissão, demissão, e penalidades devem ser postos no estatuto da associação (art. 58).
A exclusão dos associados está prevista no art. 57 do Código Civil de 2002, e, para esta ocorrer, deve haver o devido processo legal, direito de defesa, direito de recurso, justa causa. A procedimentalidade indevida pode ser submetida ao judiciário. A aceitação do associado se dá de forma personalíssima (é intransmissível), porém, o estatuto pode dispor em contrário.
10.4. Assembléia geral: É o órgão máximo deliberativo da associação. São de competência exclusiva da assembléia geral: destituir os administradores, alterar o estatuto (deve haver uma reunião específica para estes fins). O córum deve ser definido no estatuto, porém, via de regra, com 1/5 dos associados pode haver a convocação dos órgãos deliberativos.
10.5. Extinção: A extinção está prevista no art. 61 do Código Civil. Os termos gerais de extinção de pessoa jurídica de direito privado são cabíveis aqui. O remanescente do patrimônio pode ser usado em entes que possuem objetivos semelhantes a aquela associação que está sendo extinta. Os associados podem receber restituições. Em última hipótese, o valor remanescente é revertido para a Fazenda do Estado, Distrito Federal ou União. A extinção pode ocorrer por ato de vontade, falta de preenchimento dos quesitos legais, determinação legal...
11. FUNDAÇÃO:
11.1. Noções gerais: A fundação é um tipo de pessoa jurídica que não se forma a partir de uma reunião de pessoas. É criada a partir da dotação de um patrimônio para a sua criação. Segundo o parágrafo único do art. 62, as fundações devem possuir fins religiosos, morais, culturais ou de assistência (ocorre discussão dentro da doutrina, se o artigo está disposto em numerus clausus ou de forma exemplificativa – lista exaustiva x exemplificativa).
11.2. Criação: As fundações devem ser criadas por escritura ou testamento, sendo que existem limites para o uso das duas possibilidades. No caso do testamento, deve-se observar a linha sucessória. Para a fundação ser criada por escritura, o dinheiro investido deve vir da dotação especial de bens livres, ou seja, caso haja uma dívida, e ainda haja patrimônio, este deverá ser destinado ao pagamento da dívida antes da criação da fundação. No ato de criação pode-se dispor sobre a administração e a finalidade. Segundo o art. 63, caso o valor destinado a criação da fundação não seja suficiente, caso o instituidor não disponha nada sobre o tema, o valor dotado se destinará a outra fundação de igual ou semelhante finalidade.
11.3. Estatuto: O Código Civil trás um regulamento quanto a alteração do estatuto (art. 67 e 68). É necessário, para que haja a alteração do estatuto, o voto de 2/3 dos responsáveis. Caso não se dê por unanimidade, quando a alteração for remetida ao Ministério Público, deve haver uma notificação para a minoria perdedora poder realizar a impugnação da decisão. A decisão não pode desvirtuar ou desviar o fim da fundação.
11.4. Extinção: Ocorre caso a fundação se torne ilícita, impossível ou inútil, ou vencida a finalidade de sua existência.
12. DOMICÍLIO:
12.1. Domicílio e residência: Segundo o art. 70 do Código Civil, o domicílio da pessoa natural é a sua residência estabelecida com ânimo definitivo. A ideia de domicílio pressupõe a residência, mas nem toda residência é domicílio (exemplo: intercâmbio). O domicílio é importante para diversas coisas no direito (exemplo: ausência).
12.2. Unidades, pluralidades, e “falta” de domicílio: Existem algumas situações em que a lei aceita a pluralidade de domicílios. A pluralidade também é aceita nos casos de diferentes domicílios profissionais. Ninguém pode não ter residência: circenses, ciganos, sem teto, moradores de rua, segundo o art. 73, estão domiciliados onde forem encontrados.
12.3. Espécies:
· Domicílio voluntário x necessário: verifica-se se o domicílio da pessoa é fixado por ato de vontade ou por determinação legal. Os casos de determinação legal são:
1) Para os incapazes: o domicílio será vinculado ao representante legal.
2) Para servidor público:será onde exercer permanentemente suas ações.
3) Para o militar: será onde ele servir, no caso da marinha e da aeronáutica, a sede será no local do comando.
4) Para o marítimo: o domicílio será onde o navio estiver matriculado.
5) Para o preso: será onde ele estiver cumprindo sentença.
· Domicílio geral x especial: em um contrato, determina-se para fins de qualquer controvérsia, a escolha de um domicílio pontual (possui alguns limites – exemplo: direito do consumidor: o domicílio será no local de residência da parte mais vulnerável).
12.4. Domicílio da pessoa jurídica: (art. 75) – Quanto a pessoa jurídica, o domicílio será onde for estabelecida a sede administrativa, ou em local estabelecido no estatuto ou nos atos constitutivos. Para atos praticados nas filiais, o domicílio será onde os atos forem praticados. Se a sede, administração ou diretoria forem no estrangeiro, e as filiais no Brasil, o domicílio destas será no Brasil, mesmo que o país onde a pessoa jurídica se encontre sediada disponha em contrário.
· Questão dos diplomatas: segundo o art. 77 do Código Civil, “o agente diplomata do Brasil, que, citando no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no ultimo ponto do território brasileiro onde o teve”.
· Questão da mudança de domicílio: Segundo o art. 74 do Código Civil, “muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar”. Segundo o parágrafo único do referido artigo, “a prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que acompanharem”.
· Sobre o domicílio da pessoa jurídica de direito público: o art. 75 dispõe que quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: da União, o Distrito Federal; dos estados e territórios, as respectivas capitais; do município, o lugar onde funcione a administração municipal.
13. BENS:
13.1. Noções gerais: Nas relações jurídicas as pessoas são os sujeitos de direito e os bens são os objetos de direito. Os bens não podem ser violados sem que haja uma justificativa para tanto. Tudo aquilo que tem valor para o sujeito (econômico ou não), acabará sendo um bem jurídico, logo, goza de proteção.
13.2. Bens materiais (coisas): Para ser coisa, tem que ter manifestação física no mundo. As coisas se dividem em coisas corpóreas (exemplo: cadeira), e coisas incorpóreas (exemplo: energia elétrica).
- Existem coisas insuscetíveis de apropriação (exemplo: luz solar, ar atmosférico). Essas coisas não são tratadas como bens no mundo jurídico, “res nullius”.
- Existem ainda as coisas abandonadas, que também não serão tratadas como bens, “res derelicta” – questão do descarte de lixo x privacidade.
13.3. Bens imateriais: Os bens imateriais não possuem manifestação no mundo físico (exemplo: dignidade, crédito). São coisas impalpáveis no mundo físico.
13.4. Patrimônio: Envolve a questão econômica (relações economicamente apreciáveis). Toda a pessoa tem patrimônio, e toda pessoa tem apenas um patrimônio.
· Teoria do patrimônio mínimo: Está vinculada à dignidade humana. Há um determinado conjunto de bens economicamente apreciáveis que são essenciais para a vida de uma pessoa, para que ela possa ter uma vida digna. O patrimônio mínimo deve ser visto caso a caso.
14. BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS:
Essa classificação não leva em conta um bem relacionado a outro.
14.1. Bens móveis x imóveis:
· Imóveis: (art. 79) – São bens imóveis o solo e aquilo que está nele incorporado. Existem coisas que mantém a característica de bem imóvel mesmo estando fora do solo: 1) algo que temporariamente não esteja fixado ao solo, mas será fixado posteriormente; 2) partes de um “prédio”, que tenham sido destacadas, mas que serão reincorporadas (art. 81).
- Bens imateriais considerados imóveis para fins legais: (art. 80) – Direitos reais sobre bens imóveis e as ações correspondentes, direito à sucessão aberta.
· Móveis: (art. 82) – São bens móveis aqueles suscetíveis de movimento próprio (semoventes), ou que se mova por força externa. Os materiais destinados à alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis, readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.
- Bens materiais considerados móveis para fins legais: (art. 83) – Energias que tenham valor econômico, direitos reais sobre bens móveis e as ações correspondentes, direitos pessoais ou de caráter pessoal e suas respectivas ações.
14.2. Bens fungíveis x consumíveis:
· Fungíveis: (art. 85) – Os móveis que podem ser substituídos por outro de mesma espécie, qualidade e quantidade (os imóveis sempre serão infungíveis).
· Consumíveis: Se dividem em dois; os naturalmente consumíveis (se destrói imediatamente após o uso), e os legalmente consumíveis (bens destinados à alienação).
14.3. Bens divisíveis x indivisíveis: (art. 87) – É algo que analisa se o fracionamento gera parda de substância, diminuição de valor, ou as partes divididas não possam ser usadas ou “reunidas novamente” – caso do diamante. Existem situações onde bens divisíveis se transformam em indivisíveis por determinação legal ou vontade das partes.
14.4. Bens singulares x coletivos:
· Singulares: Possuem existência independente de qualquer conjunto (art. 89).
· Coletivos: Pertencem a uma universalidade (de fato ou de direito). 
- Universalidade de fato: exemplo: coleção de tratados civis de Pontes de Miranda = vários livros (singulares) formando uma unidade.
- Universalidade de direito: complexo de relações jurídicas de uma pessoa, dotada de valor econômico (exemplo: patrimônio).
15. BENS PÚBLICOS:
15.1. Noções gerais: (art. 98 a 103) – A determinação que diz que um bem é público ou privado está vinculada à titularidade do bem. Bem público pertence a pessoa jurídica de direito público interno.
· Características dos bens públicos: São impenhoráveis, existe uma ordem de pagamento de dívida aos credores; em geral são inalienáveis; o direito sobre um bem público é imprescritível; os bens públicos não estão sujeitos a usucapião; o uso do bem público pode ser gratuito ou exigir algum tipo de remuneração.
15.2. Espécies:
· Bens de uso comum do povo: rios, mares, estradas, ruas, praças (bens os quais o poder público não deu nenhuma destinação especial).
· Bens de uso especial: edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias (exemplo: prédio da prefeitura).
· Bens dominicais: constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Podem ser alienáveis.
16. BENS DE FAMÍLIA:
16.1. Noções gerais: Temos no nosso ordenamento um duplo sistema: os bens de família legais e os bens de família convencionais. Bens de família legais são determinados bens que, independente da conduta do sujeito, são bens de família (pleno direito) – Lei 8.009/90. Bens de família convencionais são aqueles que dependem de ato de vontade para que se tornem bens de família (instituído pelos sujeitos – inalienáveis).
- Artigo 1712: O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicilio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.
16.2. Duração: Indeterminada para o bem de família legal. Para o bem de família convencional, eventualmente é possível pedir para tirar o caráter de bem de família (com um divorcio, mantem-se o bem de família). Em regra a duração do bem de família é indeterminada.
16.3. Características: O bem de família legal é impenhorável. O bem de família convencional além de impenhorável é inalienável. 
16.4. Restrições: O bem de família convencional pode ser penhorado devido a dívidas anteriores, as dívidas oriundas do próprio imóvel. Os bens defamília legais podem ser penhorados devido a diversas causas, contidas no art. 3º da lei 8.009/90.
17. BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS:
17.1. Principais: É o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente (exemplo: o solo que existe concretamente, e os contratos de locação de compra e venda).
17.2. Acessórios: São aqueles que a existência depende do principal (exemplo: imóveis). Acessório seria o bem que não tem sentido separado do principal.
17.3. Pertenças: São os bens que, não constituindo partes integrantes, destinam-se, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro (exemplo: armários de uma casa).
17.4. Partes integrantes: São as partes que necessariamente integram um bem (exemplo: teclado do notbook).

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