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TCC TILÃ_PIAS FINAL

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GIAN GRANDO BAÚ
RENATO DOS SANTOS BONAMIGO
VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UM SISTEMA DE CRIAÇÃO DE TILÁPIAS EM TANQUE-REDE
Três de Maio
				24
2018
GIAN GRANDO BAÚ
RENATO DOS SANTOS BONAMIGO
VIABILIDADE ECONÔMICO FINANCEIRA DE UM SISTEMA DE CRIAÇÃO DE TILÁPIAS EM TANQUE-REDE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Três de Maio para obtenção do grau de Bacharel em Agronomia.
Orientador: Ms Cláudia Balzan
Três de Maio
2018
A comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório:
VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UM SISTEMA DE CRIAÇÃO DE TILÁPIAS EM TANQUE-REDE
Elaborado por
GIAN GRANDO BAÚ
RENATO DOS SANTOS BONAMIGO
Apresentado à Unidade de Ensino Superior para obtenção da aprovação do grau de Bacharel em Agronomia
Três de Maio, 21 de novembro de 2018
___________________________
Prof. Msª. Cláudia Balzan
Bacharelado em Agronomia
Faculdade Três de Maio-SETREM
___________________________
Prof. Ms. Marcos Caraffa
Bacharelado em Agronomia
Faculdade Três de Maio-SETREM
___________________________
Prof. Esp. Hélio João Franciscatto
Bacharelado em Agronomia
Faculdade Três de Maio-SETREM
RESumo
 A piscicultura é um dos setores do agronegócio que mais apresenta crescimento no mundo, ultimamente houve avanços tecnológicos nos sistemas de criação que permitem maior eficiência na produção de peixes em água doce, a propriedade em estudo está localizada no Município de Independência e sua área é destinada para a produção de grãos e sementes. No entanto, a barragem utilizada para irrigação despertou interesse para a implantação de um sistema de criação de peixes, devido ao constante fluxo de entrada e saída de água. Nesse sentido, o objetivo do trabalho foi realizar uma avaliação econômico-financeira da criação de tilápias em tanques-rede em uma barragem agrícola de 13 hectares. Para tanto, utilizou-se a abordagem quantitativa, procedimento estatístico, sendo os dados coletados através da documentação indireta (pesquisa documental) e analisados através de receitas, custos totais, fluxo de caixa, Taxa Interna de Retorno (TIR), Taxa Mínima de Atratividade (TMA), Valor Presente Líquido (VPL), Payback total e indicadores de lucratividade. Na realização da pesquisa, buscou-se a identificação da capacidade de criação de tilápias em taques-rede na barragem da propriedade, estruturas e equipamentos necessários para implantação do projeto, linha de crédito disponível, documentação legal, bem como a verificação da viabilidade do empreendimento. A produção de peixes foi dividida em dois ciclos produtivos o primeiro de 15 de janeiro a 15 de maio de 2018, e o segundo ciclo de 25 de maio a 20 de dezembro de 2018. Nesta pesquisa planeja-se adquirir alevinos com peso de 70 gramas, cada tanque-rede teve a densidade populacional estimada em 103 alevinos por metro cúbico, considerando uma taxa de mortalidade de 3%, totalizando por tanque-rede 1.854 peixes. O investimento previsto corresponde ao valor total de R$ 315.927,00 com aquisição dos tanques-rede, dos equipamentos, alevinos, ração e gastos com a documentação legal, onde a receita total proveniente de dois ciclos de produção ao ano corresponde ao valor de R$ 418.262,40. Os custos fixos seriam em torno de R$ 34.684,00 e os custos variáveis de R$ 274.684,67. A projeção de fluxo de caixa é baseada na linha de crédito Pronaf Mais Alimento, tendo a possibilidade de financiar R$ 330.000,00 (crédito individual), considerando-se um período de 10 anos, com a possibilidade de 3 anos de carência a uma taxa de juros de 4,6%, obtendo-se o resultado de R$ 607.350,16. O resultado da taxa interna de retorno (TIR) do projeto foi de 15,36%, o que torna o investimento economicamente viável, uma vez que essa porcentagem demonstra que a taxa interna de retorno é superior à taxa mínima de atratividade. Dessa forma, verificou-se que o investimento gerará um ganho de 7, 36% ao ano, acima da taxa de atratividade e o tempo necessário para o valor do empreendimento se igualar ao investimento se deu em 5,82 anos, apresentando rentabilidade de 10,92% e lucratividade de 26,1%. Portanto, conclui-se que a criação de tilápias em tanques-rede é um empreendimento que apresenta viabilidade econômico-financeira na propriedade em estudo.
Palavras-chave: Tilápias. Sistema de Criação Intensivo. Rentabilidade e Lucratividade. 
ABSTRaCT
 Fish farming is one of the fastest growing sectors of agribusiness in the world. Recently there have been technological advances in breeding systems that allow greater efficiency in freshwater fish production. In this sense the objective of the work was to carry out an economic-financial evaluation of the creation of tilapia in tanks-net in an agricultural dam of 13 hectares. For that, the quantitative approach was used, the statistical procedure being the data collected through the direct observation technique and analyzed through revenues, costs (fixed and variable), cash flow, Internal Rate of Return (IRR), Minimum Rate of Attractiveness (TMA), Net Present Value (NPV), Total Payback and Profitability Indicators such as Gross Margin, Point of Balance, Profitability and Profitability. In the research, we sought to identify the capacity to create tilapia in network tanks in the property dam, structures and equipment needed to implement the project, available credit line, legal documentation, as well as verification of the viability of the project. The property under study is located in the Municipality of Independência, and its area is destined for the production of grains and seeds, however, the dam used for irrigation aroused interest for the implantation of a fish farming system, due to the constant flow of water inlet and outlet. The production of fish was divided into two productive cycles, the first from January 15 to May 15, 2018, and the second from May 25 to December 20, 2018. Tilapia were acquired in the age of 70 fingerlings grams, each tank had the estimated population density of 103 fingerlings per cubic meter, considering a mortality rate of 3%, totaling 1854 fish per tank. The estimated investment corresponds to the total amount of R$ 315.927.00 with acquisition of net tanks, equipment, fingerlings, ration and expenses with legal documentation, where the total revenue coming from two production cycles per year corresponds to the value of R$ 418,262,40. The fixed costs are R$34,684.00 and variable costs R $ 274,684, 67. The cash flow projection is based on the Pronaf Mais Alimentos line of credit. The possibility of financing R $ 330.000.00 (individual credit), considering a period of 10 years, with a grace period of 3 years at an interest rate of 4.6%, resulting in the result of R$ 607.350 , 16. The result of the internal rate of return (IRR) of the project was 15.36%, which makes the investment economically feasible, since this percentage shows that the internal rate of return is higher than the minimum rate of attractiveness, it was verified that the investment will generate a gain of 7.36% per year above the attractiveness rate, and the time required for the investment to start giving a return will occur in 5.82 years, presenting a profitability of 10, 92% and profitability of 26.1%. Therefore, it is concluded that the creation of tilapia in tanks-net is an enterprise that presents economic-financial viability in the property under study.
Keywords:. Pisciculture. Economic and financial feasibility. Fish floating cage. 
Lista de tabelas
Tabela 01 – Serviços de licenciamento necessários da prefeitura de Independência, RS, para implantação de atividades aquícolas.	54
Tabela 02 – Laudos e projetos para implantação de atividade aquicultura.	55
Tabela 03 – Investimento inicial	57
Tabela 04 – Condições de financiamento (PRONAF- SICREDI)	58
Tabela 05 – Receita bruta total	58
Tabela 06 – Custos fixos	59
Tabela 07 – Custos variáveis	59
Tabela 08 – Fluxo de caixa	61
Tabela 09 – Valor presente líquido	62
Tabela 10 – Índices de Rentabilidade financeira	63
Tabela 11 – Demonstrativo dos resultados econômicos	64
Lista de FIGURASFigura 01 – Imagem da barragem onde foi implantado o projeto	21
Figura 02 – (A) Barco (B) Caminhão Munck	21
Figura 03 – Distribuição dos tanques-rede	22
Figura 04 – Modelo de tanque-rede com estruturas em destaque.	27
Figura 05 – Fluxo de obtenção do RGP	28
Figura 06 – Faixas de temperatura da água (ºC) e desempenho esperado para os principais peixes tropicais cultivados comercialmente	32
Figura 07 – Principais parâmetros de qualidade de água, suas frequências de análise e seus níveis ótimos	35
Figura 08 – Modelo Sistema Monofásico	37
Figura 09 – Modelo Sistema Bifásico	38
Figura 10 – Modelo sistema trifásico	38
Figura 11 – Recomendação de fornecimento de rações para tilápia do Nilo, em diferentes fases de desenvolvimento em temperaturas de 25ºC a 26ºC	39
Figura 12- Ângulos de estudo da viabilidade de projetos.	44
Figura 13 – Modelo de tanque-rede utilizado	52
sumário 
INTRODUÇÃO	12
1	contextualização do estudo	15
1.1	 tEMA	15
1.1.1	 Delimitação do tema	15
1.2	 OBJETIVOS	15
1.2.1	 Objetivo geral	15
1.2.2	 Objetivos específicos	16
1.3	 PROBLEMA	16
1.4	 HIPÓTESES	16
1.5	 JUSTIFICATIVA	17
1.6	 METODOLOGIA	19
1.6.1	 Método de abordagem	19
1.6.2	 Método de procedimento	19
1.6.3	 Técnicas	19
1.6.3.1	 Técnica de coleta de dados	20
1.6.3.2	 Técnica de análise de dados	20
1.6.4	 Método	20
1.6.4.1	 Localização e descrição do empreendimento	20
1.6.4.2	 Estruturas e equipamentos	21
1.6.4.3	 Qualidade da água	23
1.6.4.4	 Manejo	23
1.6.4.5	 Mão de obra	24
1.6.4.6	 Abate e comercialização	24
1.6.4.7	 Procedimentos de análise da viabilidade econômico-financeira	24
2	fundamentação TEÓRICa	25
2.1	 PISCICULTURA no BRASIL	25
2.2	 A PRODUÇÃO DE PEIXES EM TANQUES-REDE	26
2.3	 Legislação pertinente	27
2.4	 ESPÉCIE TILÁPIA DO NILO	28
2.4.1	 Características da espécie	29
2.4.2	 Hábito alimentar	29
2.4.3	 Densidade	30
2.5	 QUALIDADE DA ÁGUA	31
2.5.1	 Transparência da água	31
2.5.2	 Temperatura da água	32
2.5.3	 Oxigênio dissolvido	33
2.5.4	 Amônia, Nitrito e fósforo	33
2.5.5	 Potencial Hidrogeniônico (pH) da água	34
2.5.6	 Monitoramento da qualidade da água	34
2.6	 DISTÂNCIA E POSICIONAMENTO DOS TANQUES-REDE	35
2.7	 FASES DE CRIAÇÃO	36
2.7.1	 Sistemas de criação	37
2.7.2	 Rações e arraçoamento	38
2.7.3	 Biometria	40
2.7.4	 Despesca	40
2.8	 MANEJO COM OS TANQUES-REDE	41
2.8.1	 Resultados técnicos	41
2.9	 COMERCIALIZAÇÃO DOS PEIXES	43
2.9.1	 Estratégia mercadológica	43
2.10	 ELEMENTOS DO ESTUDO DA VIABILIDADE	44
2.11	 INDICADORES DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA	45
2.11.1	 Critérios de avaliação de bens	45
2.11.2	 Depreciação	45
2.11.3	 Custo total	46
2.11.4	 Fluxo de caixa	46
2.11.5	 Valor presente líquido	46
2.11.6	 Taxa interna de retorno	47
2.11.7	 Taxa mínima de atratividade	47
2.11.8	 Margem bruta	48
2.11.9	 Ponto de equilíbrio	48
2.11.10 Lucratividade	48
2.11.11 Rentabilidade	49
2.11.12 Prazo de retorno	49
3	DESCRIÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS	50
3.1	 CARACTERIZAÇÃO TÉCNICA DO SISTEMA DE CRIAÇÃO DE PEIXES...... 	50
3.1.1	 Produção prevista	50
3.1.2	 Estrutura e equipamentos	51
3.1.3 Manejo	52
3.1.4 Mão de obra	53
3.1.5	 Linhas de créditos disponíveis	54
3.1.6	 Documentação legal	54
3.1.7	 Comercialização	56
3.1.8	 Investimento inicial	56
3.1.9	 Linha de crédito utilizada	57
3.1.10	 Previsão de receita	58
3.1.11 Custos de produção	59
3.2	 ANÁLISE FINANCEIRA	60
3.2.1	 Fluxo de caixa	60
3.2.2	 Avaliação da rentabilidade financeira	61
3.3	 ANÁLISE ECONÔMICA	63
CONCLUSÃO	75
REFERÊNCIAS	68
ANEXOS 	74
ANEXO A – PROGRAMA ALIMENTAR DOS PEIXES	75
ANEXO B – PROGRAMA ALIMENTAR DOS PEIXES	76
ANEXO C – LICENÇA AMBIENTAL	77
INTRODUÇÃO
A piscicultura passou por avanços tecnológicos que resultaram no incremento de produção e produtividade. O Brasil apesar de apresentar clima favorável ao desenvolvimento de várias espécies de peixes e possuir 12% de toda água doce mundial, tem uma produção muito abaixo do seu potencial (NOVAES, 2010).
Com a redução dos estoques naturais decorrente da sobrepesca, somada à necessidade de desenvolver atividades de baixo impacto ao meio ambiente e que gerem renda ao produtor, houve um crescente interesse pelo cultivo de animais aquáticos (TEIXEIRA et al., 2009). Diante o exposto, dados da Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR) revelam que a produção de peixes cultivados no País atingiu o patamar de 691 mil toneladas em 2017, com um crescimento de 8% em relação ao ano de 2016 (MEDEIROS, 2018). 
As estimativas apontam que a aquicultura será o setor produtor de alimentos que mais crescerá no mundo. Essa atividade produtiva é praticada em vários países, sendo uma importante fonte de renda e de proteína animal, com papel relevante na segurança alimentar (IPEA, 2017).
De acordo com Reynol (2016), entre 2005 e 2015 a aquicultura brasileira apresentou um crescimento de 123% passando de 257 mil para 574 mil toneladas de pescado, esse acréscimo na produção deve-se principalmente à instalação de novas empresas, rápida profissionalização e intensificação tecnológica.
A criação de peixes apresenta baixos índices de impacto ambiental quando comparada à agricultura, contribuindo para o aproveitamento de áreas improdutivas e/ou de pequena extensão para agricultura (SOARES, 2003). Além disso, permite a transformação de produtos, subprodutos e resíduos agrícolas em proteína animal que servirão de alimento aos peixes. 
Em relação às espécies cultivadas, a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) se tornou o peixe de água doce mais popular pelas boas características de cultivo e de produção. No Brasil não é diferente, pois conforme dados da PeixeBR (MEDEIROS, 2018), a espécie citada representa 51,7% da piscicultura nacional, com 357.639 toneladas produzidas em 2017 e a região Sul lidera as estatísticas nacionais de produção. 
Os sistemas de criação de peixes são diversos e a utilização de tanques-rede vem se destacando, pois de acordo com estudos este modelo produz maior peso animal por metro cúbico de água (BASSO, 2011). O sistema de criação de peixes em tanques-rede é considerado um sistema intensivo com renovação de água contínua e tem se tornado popular por facilitar o manejo e apresentar rápido retorno do investimento (BOZANO; CYRINO, 1999).
A criação em tanques-rede dispensa altos investimentos iniciais, podendo ser implantada em áreas alagadas formadas por reservatórios de hidrelétricas, rios, áreas de garimpo, açudes e outras pequenas represas (MEDEIROS, 2002). Apesar das diversas vantagens, este sistema de criação ainda é pouco difundido na região noroeste do RS e alguns aspectos como a questão ambiental, o processo técnico de produção e a viabilidade econômica e financeira, entre outros, ainda precisam ser melhor elucidados.
Em pesquisa realizada por Campos et al. (2007), analisando a viabilidade de criação de tilápias em tanque-rede, verificou-se que esse sistema apresenta resultados econômicos favoráveis à atividade, sendo que os itens que mais influíram no custo total de produção foram ração e mão-de-obra, representando 50,44% e 14,96%, respectivamente. A receita bruta foi de R$ 144.000,00 por ciclo e o retorno líquido foi de R$ 27.170,89 por ciclo. 
Em estudos realizados por Basso (2011), verificou-se que entre o 3º e o 4º ano o capital investido já começa a retornar, o que favorece a possibilidade do produtor aumentar o número de tanques ou a sua estrutura com capital próprio, tornando o empreendimento cada vez maior, aumentando a produção e gerando mais renda. 
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi realizar uma avaliação econômico-financeira da criação de tilápias em tanques-rede em uma barragem agrícola de 13 hectares.
Este relatório de pesquisa visa apresentar os aspectosmetodológicos da pesquisa, bem como seu embasamento teórico e prazos de execuções das atividades. No capítulo 1 serão apresentados os aspectos metodológicos a serem utilizados na execução do estudo. Já, no capítulo 2, é apresentada a fundamentação teórica que embasa o estudo nos diferentes aspectos abordados. E no capítulo 3, se encontra a realização da análise e interpretação dos dados de pesquisa, bem como o resultado econômico-financeiro e descrição da atividade em questão.
contextualização do estudo
Neste capítulo apresenta-se a contextualização do estudo, o qual aborda a definição do tema pesquisado, seguido de uma breve apresentação da organização em estudo com a definição do problema que será o foco principal da pesquisa, dos objetivos gerais e específicos e hipóteses, bem como a justificativa e a metodologia utilizada durante a realização do trabalho.
tEMA
Viabilidade econômico-financeira da implantação de um sistema de produção de tilápias em tanques-rede.
Delimitação do tema
Viabilidade econômico-financeira da implantação de um sistema de produção de tilápias em tanques-rede, em uma barragem de 13 hectares, localizada no município de Independência, RS.
OBJETIVOS
Segundo Fachin (2003, p. 114), “os objetivos indicam o que se pretende conhecer, medir ou provar no decorrer da investigação”.
Objetivo geral
Avaliar a viabilidade econômico-financeira da implantação de um sistema de produção de tilápias em uma barragem de irrigação utilizando o sistema de criação em tanques-rede.
Objetivos específicos
- Levantar os investimentos necessários para a implantação de um sistema de produção de tilápias em tanques-rede; 
- estimar um fluxo de caixa para análise das receitas e custos (fixos e variáveis) do projeto;
- estimar a viabilidade financeira e econômica da atividade através do Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR), Taxa Mínima de Atratividade (TMA), Payback e Índice de Lucratividade (IL);
- analisar a capacidade de pagamento de um sistema de produção intensivo de tilápias.
PROBLEMA
O alcance dos objetivos propostos deverá permitir responder o seguinte problema: o sistema de produção de tilápias em tanques-rede é economicamente viável para a propriedade em estudo segundo os indicadores Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR), Taxa Mínima de Atratividade (TMA), Payback e Índice de Lucratividade (IL)?
HIPÓTESES
As hipóteses levantadas para auxiliar na resposta ao problema proposto são:
- a ração representa mais da metade dos custos de produção;
- a atividade apresentou rentabilidade positiva em um ano, considerando dois ciclos de produção;
- a Taxa Interna de Retorno (TIR) da atividade se mostrou superior à TMA (Taxa Mínima de Atratividade), de 8% ao ano;
- o fluxo de caixa do projeto é positivo, considerando um período de 10 anos projetados;
- baseado no cálculo do payback total, o tempo de retorno do investimento inicial é inferior a 5 anos.
JUSTIFICATIVA
Diante da necessidade de melhorar as condições em que a agricultura se encontra, geralmente com as propriedades voltadas somente para a produção de grãos, é importante a elaboração de estratégias que possibilitem o aumento de renda e gerem melhores condições de vida aos produtores. Uma alternativa que se apresenta é a diversificação da produção agrícola, a qual é uma estratégia eficiente de mercado, principalmente regional, que pode gerar melhores resultados e condições de manutenção das atividades no campo.
Presenciando um crescente aumento nos níveis populacionais mundial, tem-se, consequentemente, um significativo aumento no consumo de alimentos, tornando-se indispensável a busca por formas que aumentem a produção de alimentos otimizando as áreas já cultivadas. A diversificação da produção em propriedades rurais, envolvendo a criação de peixes, se apresenta então, como uma alternativa para elevar a quantidade de alimentos ofertados à população. 
A piscicultura é uma atividade em expansão no mundo e no Brasil. O último relatório sobre o Estado Mundial da Pesca e Aquicultura (SOFIA), da FAO (2016), estima que o Brasil deve registrar um crescimento de 104% na produção da pesca e aquicultura até 2025. 
A produção de peixes de água doce é a principal categoria dentro da aquicultura brasileira respondendo por 84% da produção aquícola do País. Entre as espécies de peixe, a tilápia (Oreochromis niloticus) e o tambaqui (Colossoma macropomum) respondem por 62% da produção nacional (IBGE, 2016).
O desenvolvimento apresentado por esta atividade deve-se ao emprego de tecnologias, como programas de melhoramento genético da tilápia, os quais permitiram avanços significativos de conversão alimentar, que se refere ao ganho de peso em relação à quantidade de ração consumida. Através do melhoramento genético também se reduziu o ciclo de produção ao mesmo tempo em que são obtidos animais com maior rendimento de filé (REYNOL, 2016).
Acresce-se a este cenário positivo, a possibilidade da piscicultura promover ainda mais o desenvolvimento social e econômico, onde através do aproveitamento dos recursos naturais locais, é possível diversificar as atividades da propriedade fazendo com que a mesma não dependa de uma única fonte de renda, além de gerar oportunidade de trabalhos assalariados (SABBAG et al., 2007). 
Dessa forma torna-se indispensável realizar um planejamento estratégico, onde seja feita a escolha da espécie e o sistema de criação mais adequado, traçando os objetivos a serem alcançados, visando a rentabilidade da atividade.
Nesse contexto, a criação de tilápias em tanques-rede tem demonstrado ser uma atividade economicamente rentável devido ao fácil manejo e rápido retorno do investimento, aliados à alta produtividade que o sistema.
Mas para se obter os resultados esperados, devem-se adotar métodos adequados e modernos baseados em princípios científicos, ecológicos, tecnológicos e econômicos. Projetos executados sem as devidas análises econômicas podem acarretar num caminho curto para o fracasso, sendo muito importante o conhecimento e a análise dos custos de operação dos projetos de cultivo de tilápias em tanque-rede (CASACA; TOMAZELLI JÚNIOR, 2001).
Em estudos realizados por Boechat et al. (2015), os resultados econômicos mostraram-se favoráveis à atividade, sendo a receita bruta de R$ 327.600,00/ciclo e o retorno líquido, R$ 82.960,79/ciclo. Os indicadores econômicos mostram viabilidade do investimento num horizonte de seis anos: TIR 71%; VPL R$ 396.786,90, e que o sistema estudado é bastante sensível a variações no preço de venda, insumos, taxa de mortalidade e valor da mão de obra. 
Dessa forma, denota-se a importância da realização do estudo da viabilidade econômica da implantação de tanques-rede para a criação de tilápias na barragem de irrigação da propriedade em estudo, buscando avaliar o retorno financeiro desta atividade e gerando um maior conhecimento sobre o assunto em relação a esse sistema de criação e sua adaptação.
 Os aspectos econômico-financeiros são relevantes no planejamento, no controle e na tomada de decisões na atividade de piscicultura, uma vez que os custos apresentam duas funções importantes, a gerencial e a empresarial, considerando a propriedade rural como uma empresa.
METODOLOGIA
Metodologia, para Güllich, Lovato e Evangelista (2007, p. 33), “tem por finalidade estudar os métodos que identificam os caminhos percorridos para alcançar os objetivos propostos pelo plano de pesquisa”. A seguir foi definida a classificação da pesquisa e os instrumentos para o desenvolvimento do mesmo.
Para realização do estudo, fez-se necessário a utilização de métodos que conseguissem capturar e comprovar os dados a serem apresentados no decorrer do trabalho; por isso, na sequência encontram-se explicitados os métodos de abordagem e procedimentos que foram empregados no presente estudo, bem como as técnicas de coleta e análise de dados
Método de abordagem
Güllich, Lovato e Evangelista (2007) dizem que através da abordagem quantitativa os resultados obtidos poderão ser traduzidos em forma numérica.
Aabordagem quantitativa foi utilizada para a obtenção de dados numéricos das receitas e custos (fixos e variáveis), bem como para gerar o fluxo de caixa e analisar os indicadores de viabilidade como o Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR), Taxa Mínima de Atratividade (TMA), Período de Recuperação do Investimento (Payback) e Índice de Lucratividade (IL), da implantação de um sistema de produção de tilápias em tanques-rede em uma barragem de 13 hectares.
Método de procedimento
Conforme Marconi e Lakatos (2007, p. 223), “os métodos de procedimento constituem etapas mais concretas da investigação, com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenômenos menos abstratos”.
No presente estudo foi utilizado o procedimento estatístico, o qual foi empregado para o levantamento e análise das informações econômicas e financeiras da implantação de um sistema de produção de tilápias em tanques-rede.
Técnicas
Para a pesquisa, foram utilizadas as técnicas de coleta e análise dos dados discutidos em sequência.
Técnica de coleta de dados
A coleta de dados é uma das partes mais importantes da pesquisa, pois através dela buscam-se informações necessárias para o bom andamento do trabalho cientifico na parte prática, alcançando assim os objetivos propostos. Conforme Lovato (2013).
A coleta de dados deste trabalho envolveu documentação indireta (pesquisa documental). A pesquisa documental abrangeu documentos necessários para a qualificação do trabalho, ou seja, coletaram-se dados na propriedade rural, na prefeitura do município, em uma empresa especializada de consultoria ambiental, agências bancárias a fim de saber linhas de crédito disponíveis, na empresa fabricante dos tanques-rede, fornecedora de ração e alevinos, bem como para verificar os equipamentos necessários e assim podendo averiguar devidos custos.
Técnica de análise de dados
Após a coleta dos dados, os mesmos foram analisados e interpretados através da análise econômico-financeira para ao final expor a viabilidade da atividade de acordo com os indicadores de viabilidade econômica: custos (fixos e variáveis), Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR), Taxa Mínima de Atratividade (TMA), payback e Índice de Lucratividade (IL).
Método
Neste item foram descritos os passos para o estabelecimento e condução da pesquisa. 
Localização e descrição do empreendimento
A propriedade está localizada no município de Independência, na localidade de Esquina Araújo e atua somente com a produção de grãos e sementes. Buscando diversificar a produção e otimizar a área de produção da propriedade, este projeto visa a implantação da produção de tílapia do Nilo (Oreochromis niloticus) em tanques-rede em uma barragem de irrigação da propriedade.
A barragem onde o projeto de produção foi implantado possui uma área total de 13 hectares, com entrada e saída constante de água, possuindo uma profundidade total em seu ponto mais fundo de até 12 metros, possibilitando assim a boa distribuição dos tanques-rede. Na figura 01 observa-se a barragem que será utilizada para o estudo.
Figura 01 – Imagem da barragem onde foi implantado o projeto
Fonte: Google Earth, 2018. (ADICIONAR AS REFERENCIAS)
Estruturas e equipamentos
A propriedade já possui grande parte dos equipamentos e da estrutura necessária para a criação das tilápias, o que baixará o custo de implantação do sistema. Na propriedade há um barco para transitar entre meio aos tanques e realizar a alimentação dos peixes, bem como para deslocar os tanques para a margem para realizar a despesca; caminhão Munck para manejo e retirada dos tanques-rede, como pode-se observar na figura 02.
Figura 02 – (A) Barco (B) Caminhão Munck
As margens da barragem possuem instalações elétricas em funcionamento, estando apta para uso e instalação dos aeradores. Há também ao lado da mesma, uma casa de máquinas que pode ser utilizados como depósito de ração entre outras ferramentas e utilitários. A figura 03 demonstra o posicionamento dos tanques redes na barragem.
Figura 03 – Distribuição dos tanques-rede
Fonte: Google Earth, 2018.
Foram escolhidos 30 tanques-rede que possuem as seguintes dimensões: 3 m de comprimento x 3m largura x 2m profundidade, totalizando volume útil 18 metros cúbicos por tanque. Esses tanques são construídos com tela de arame galvanizado revestido em PVC oferecendo uma maior durabilidade, com uma abertura das malhas de 19 mm, buscando posicionar os mesmos próximos a saída de água do reservatório e com a utilização de 3 aeradores tipo chafariz monofásico de 1,5 cvs que auxiliarão na aeração e homogeneização da temperatura da água.
Qualidade da água
A qualidade da água foi avaliada através dos parâmetros de transparência e temperatura com frequência semanal. A leitura da transparência é feita com o aparelho Disco de Secchi, sendo que nas barragens deve ser maior de 200 cm. Já, a temperatura da água deve estar entre 26 a 30º C para um bom desenvolvimento das tilápias.
Manejo 
As rações comerciais utilizadas na alimentação das tilápias apresentam teores de proteína bruta que variam de 32% a 55%, conforme a fase de criação com maiores teores nas fases iniciais, diminuindo gradativamente até o final do período de engorda.
Sendo a ração extrusada a recomendada para a engorda de peixes no sistema de criação em tanques-rede, por apresentarem maior digestibilidade, além destas flutuarem na superfície do mesmo. Já a quantidade de ração a ser disponibilizada para os peixes deve ser analisada através de diversos fatores, como a densidade de estocagem, a quantidade de renovação da água, exigência da espécie, e o maior fator limitante, a temperatura, uma vez que afeta diretamente na alimentação dos peixes. Deste modo é de grande importância realizar um constante monitoramento do peso destes peixes, afim de dosar a quantidade de ração a fornecer.
A densidade recomendada para tilápia na fase de terminação é entre 150 a 250 peixes por metro cúbico. A criação se dá em tanques-rede de diversos tamanhos desde os menores de 4 metros cúbicos até os maiores de 300 metros cúbicos.
Antes de realizar a despesca, é preciso estabelecer os custos de produção e determinar o preço de venda do peixe em suas diferentes formas de processamento. Antes do abate os peixes devem passar por um período de jejum de 24 horas, para que ocorra o esvaziamento do intestino, uma maneira de melhorar o sabor, aspecto e textura da carne, e no caso de serem transportados vivos, evita a intoxicação.
Mão de obra 
Quanto à mão de obra, a propriedade conta com o auxílio de oito funcionários, os quais ficaram encarregados também pelos cuidados com a criação dos peixes. No entanto, contratou-se mais um funcionário o qual ficou responsável exclusivamente pelos cuidados com a alimentação dos animais.
Abate e comercialização
O peso médio considerado ideal para o abate é de 800g. Essa atividade foi realizada pelos funcionários encarregados e a comercialização foi feita em parceria com a empresa Agropecuária Nutrimaio (Três de Maio, RS), a qual também fornecerá os alevinos e a ração.
Procedimentos de análise da viabilidade econômico-financeira
Para realização da análise econômica e financeira, foram empregados os seguintes métodos: receitas, sendo estas através da projeção de venda da produção, custos (fixos e variáveis), levantados a partir dos custos de produção, fluxo de caixa, onde busca-se a realização afim de identificar o saldo final de caixa da atividade, e o valor anual disponível. A Taxa Mínima de Atratividade (TMA), comparando a remuneração da atividade com uma taxa de juro semelhante a rentabilidade da caderneta de poupança. O Valor Presente Líquido (VPL), determinante para a viabilidade econômica, uma vez que descontados os pagamentos futuros aplica-se a taxa mínima de atratividade menos o custo do investimento inicial. Taxa Interna de Retorno (TIR), estabelece que para o investimento se mostrar viável deve superar a taxa mínima de atratividade e Período de Recuperação do Investimento (Payback total), qual se realiza buscandoidentificar o período de tempo que o investimento levará para recuperar todo o valor do investimento inicial. Para auxiliar na projeção desses dados, foi utilizado o programa Microsoft Excel. A partir dos resultados obtidos, mostrou-se possível analisar a viabilidade do projeto ao longo do tempo.
fundamentação TEÓRICa
Neste capítulo apresenta-se a revisão bibliográfica, baseando-se na obra de diversos autores com materiais publicados em livros, manuais, artigos entre outros, tendo por objetivo buscar a fundamentação teórica sobre o assunto estudado.
PISCICULTURA no BRASIL
A piscicultura encontra-se diante do desafio de moldar-se ao conceito de sustentabilidade. Isso implica agregar novas dimensões à racionalidade que move a produção de conhecimentos e as práticas do setor. A sustentabilidade do desenvolvimento está diretamente ligada à dinâmica do crescimento populacional (SOARES, 2003).
Primeiramente afim de melhor caracterizar esta atividade agrícola, faz-se importante distinguir a pesca da piscicultura. A pesca pode ser definida como a captura de organismos ou animais aquáticos sem cultivá-los previamente, já a piscicultura consiste na produção, em cativeiro, de animais aquáticos (SILVEIRA; SILVA, 2011).
O relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), relata que em 2012 a produção pesqueira e a aquicultura foram de 158 milhões de toneladas cerca de 10 milhões de toneladas a mais do que no relatório de 2010. Ao tempo que na década de 60 o consumo de peixe era de 10 kg ano passou em 2012 para 19 kg, representando 17% do consumo de proteína no mundo.
Segundo informações emitidas no relatório do Banco Mundial em 2013, 62% dos peixes destinados para o consumo humano serão provenientes da piscicultura (produção em cativeiro) até 2030. Neste contexto, a FAO, considerada o braço das Nações Unidas para o fomento da produção agropecuária, confere ao Brasil o papel de potencial protagonista na produção aquícola, atribuindo ao país uma produção esperada de 20 milhões de toneladas ao ano a serem produzidas até 2030 (IPEA, 2017).
De acordo com Kubitza (2015, p.11), “apesar de o Brasil ser um grande produtor de frango, bovinos e suínos, a aquicultura foi o setor de carnes que apresentou maior incremento percentual em produção entre 2004 e 2014”.
A PRODUÇÃO DE PEIXES EM TANQUES-REDE
A criação de peixes em tanques-rede caracteriza-se como um sistema intensivo de produção, por demandar de contínua renovação de água para manutenção da elevada densidade de estocagem e por apresentar dependência total de alimento artificial (BEVERIDGE, 2004).
Porém, antes de implantar os tanques deve-se atentar para fatores como clima, restrições ambientais, infraestrutura básica (mão de obra, insumos e serviços), topografia, tipo de solo, qualidade e disponibilidade de água, além de estudar o mercado consumidor (RODRIGUES et al., 2013).
Os tanques-rede podem apresentar estruturas de várias formas e tamanhos, constituídas por redes ou telas que permitem a livre circulação de água. Podem ser instalados em ambientes aquáticos por meio de flutuadores, em locais onde há oscilação periódica no nível da água ou por meio de estacas fixas, onde o nível de água não oscila. (TEIXEIRA et al., 2009). 
A sua finalidade é o confinamento de peixes, que ficam impedidos de se deslocar a procura de alimento, proporcionando-lhes condições de crescimento por meio de proteção constante ao ataque de predadores e competidores, fornecendo alimento e água de boa qualidade. Além disso, o sistema também oferece facilidades no que se refere ao manejo diário e a despesca. (TEIXEIRA et al., 2009).
Segundo Basso (2011), sugere-se que os tanques-rede sejam cobertos para prevenir a ataque de predadores e até mesmo furtos, e para oferecer sombreamento impedindo a incidência direta de raios UV o que diminui a visão dos peixes e reduz o estresse fazendo com que haja melhora do sistema imunológico desses animais. Na figura 04 pode-se visualizar o modelo do tanque-rede.
Figura 04 – Modelo de tanque-rede com estruturas em destaque. 
Fonte: Basso, 2011.
Segundo Bozano e Cyrino (1999 p.02), como vantagens desse sistema pode-se citar “a menor variação físico-química da água, menor investimento inicial, facilidade despesca e recolocação dos peixes, intensificação da produção, otimização da conversão alimentar, e diminuição dos custos com tratamentos de doenças”.
Como principais desvantagens, cita-se a necessidade de fluxo constante de água através das redes suficiente para manter um bom nível de oxigênio, dependência total de rações completas de qualidade superior, e risco de rompimento da tela da gaiola e perda de toda a produção (BOZANO; CYRINO, 1999 p. 02). 
Dentre as espécies de peixes que melhor se adaptam aos sistemas de tanques-rede e ao clima do Rio Grande do Sul estão, de acordo com Basso (2011): a tilápia, a carpa comum, o pacu e o tambacu.
Legislação pertinente
Segundo Pires (2014), antes de iniciar a produção, existem alguns tramites legais a serem realizados. Primeiramente deve ser emitida a licença ambiental em parceria com as autoridades ambientais locais. Após a obtenção da licença ambiental deve-se dar entrada ao Registro Geral de Pesca (RGP) na categoria de aquicultor.
Após a licença ambiente e o registro geral de pesca em mãos, a propriedade está apta a começar a produção. Na figura 05 a seguir é explicado o passo a passo do processo de obtenção do RGP.
Figura 05 – Fluxo de obtenção do RGP
Fonte: Pires, 2014.	
ESPÉCIE TILÁPIA DO NILO 
Segundo Pires (2014), a Tilápia é a segunda espécie de peixe mais criada em todo o mundo, originária da África, mais especificamente do Rio Nilo. Por apresentar excelente adaptabilidade, rusticidade e boa conversão alimentar, a espécie vêm ganhando cada vez mais espaço no cenário da piscicultura nacional. Além disso, dentre as espécies que se adaptam ao cultivo em larga escala, a Tilápia apresenta excelente desempenho em termos de crescimento e qualidade da carne.
No Brasil, a tilápia-do-nilo foi introduzida nos anos 70. Esse gênero corresponde a cerca de 80% das tilápias produzidas no mundo e possui, em relação aos demais, crescimento acelerado e maior rendimento de filé. Ainda, segundo levantamento da PeixeBR, a tilápia é a mais importante espécie dentre os peixes cultivados do Brasil e em 2017 representou 51,7% da produção da piscicultura nacional, com 357.639 toneladas (MEDEIROS, 2018).
De acordo com Basso (2011), no que tange aos aspectos produtivos pode-se cultivar tilápias em viveiros escavados, race-ways ou em tanques-rede. Os machos crescem mais que as fêmeas, por este motivo, os cultivos intensivos buscam a reversão sexual por meio de tratamento hormonal. Estes peixes superam variações de temperatura e se adaptam a concentrações de sal.
Além de tudo, outras grandes vantagens dessa espécie são a fácil obtenção de seus alevinos e o aproveitamento quase que total de seu corpo. Um exemplo é a utilização de seu couro para confecção de carteiras, botas e cintos (PIRES, 2014).
Características da espécie
De acordo com Borghetti, Borghetti e Ostrensky (2003), as principais características das tilápias são: resistência a doenças, a super-povoamentos e a baixos teores de oxigênio dissolvido.
Além disso, de acordo com Soares (2003), possuem boas características nutricionais, tais como: carne saborosa, baixo teor de gordura e de calorias, ausência de espinhos, carne branca, textura firme, aspecto fibroso e suculento. O sabor é delicado. Todas estas características fazem da tilápia um peixe destinado à culinária, pois se ajusta aos mais diferentes tipos de temperos e formas de preparo e apresentação. O rendimento do filé é de aproximadamente 35% a 40%, em tilápias com peso médio de 450 gramas, o que as potencializa como peixes para industrialização.
Hábito alimentar
 A dieta de tilápias adultas é composta por matéria vegetal ou detritos de origem vegetal. Fitoplâncton, algas bênticas, macrófitas, perifíton podem ser usados com maior ou menor intensidade. Essa espécie de peixe é altamenteoportunista. O local, o tempo e o sexo influenciam diretamente no comportamento alimentar, por exemplo, as fêmeas, que incubam os ovos na boca cessam sua alimentação durante o período de incubação (TEIXEIRA, 2006).
Conforme Beveridge e Baird (2000), as tilápias demonstram preferência pelo fitoplâncton. Caso esse não seja abundante, ocorre uma preferência pelo zooplâncton e, em último caso pelo detrito. Variações sazonais também influenciam o tipo de dieta, nas estações chuvosas, predomina o consumo de detrito, e nas estações secas o consumo de fitoplâncton.
Em sistemas intensivos a ração é usada principalmente para suprir as necessidades nutricionais das tilápias incluindo as quantidades corretas de proteínas, lipídios, carboidratos, minerais e vitaminas (TEIXEIRA, 2006).
Segundo Teixeira (2006), esses animais em geral, apresentam melhores índices de conversão alimentar quando comparados aos animais homeotérmicos, pois não utilizam a energia para a manutenção da temperatura corporal, a maior parte dessa energia é utilizada para promover o crescimento e ganho de peso. A melhoria nos índices e conversão alimentar resultam em maior lucratividade, se considerar que o custo da alimentação varia de 50 a 70% dos custos de produção.
Densidade
A China é o principal produtor mundial de tilápias em tanques-rede (MEDEIROS, 2018). A tecnologia de produção utilizada naquele país preconiza o uso de gaiolas com volumes variando de 4 a 1.000 m3, sendo a gaiola padrão de 70 m3 (5 x 7 x 2 m de profundidade), a qual proporciona em média 1.750 kg por gaiola, o que corresponde a uma produção de cerca de 25 kg/m3 (densidade de 63 peixes/m3) (VIANA, 2003).
De acordo com Viana (2003), como em tanques-rede os animais podem ser cultivados de forma bastante adensada, o espaço individual ou coletivo pode se tornar um fator limitante à produção, pois quando se aumenta a densidade de estocagem, a qualidade da água é reduzida, o que dificulta o acesso ao alimento, restringindo a produtividade.
O aumento na densidade implica ainda em aumento do desperdício de alimento devido à maior turbulência provocada pela movimentação dos peixes durante a alimentação (SCHMITTOU, 1997).
Em estudos realizados por Gall e Bakar (1999) avaliou-se a densidade de estocagem da tilápia, o melhoramento genético e o seu desenvolvimento corporal e verificaram que quanto maior a densidade do cultivo menor a interação do meio ambiente. O desenvolvimento dos alevinos até os 56 dias não foi afetado pela densidade de estocagem (200 alevinos), com a vazão de água mantida constante.
A biomassa é o peso total dos peixes estocados, e está diretamente ligada a quantidade de alimento a ser fornecido e a capacidade de suporte do sistema. A biomassa no ponto de maior lucro acumulado em um tanque-rede é denominada biomassa econômica, que se localiza no intervalo entre a capacidade crítica e a capacidade máxima. Desta forma, produzir o máximo possível não significa o máximo lucro (ONO; KUBITZA, 2003).
A fase de engorda de tilápias inicia-se a partir dos juvenis pesando em média de 30 a 50g até que atinjam o peso para o abate de acordo com as exigências do mercado, situando-se geralmente na faixa de 450 a 800g, alcançados em um período de engorda entre 120 a 180 dias. Este tempo, para que atinjam o tamanho e peso comercial, dependerá de inúmeros fatores como tipo de alimentação, temperatura, qualidade e renovação da água, densidade de estocagem, sistema de produção utilizado, entre outros (DUARTE, 2017).
QUALIDADE DA ÁGUA
Embora seja prática pouco comum entre os piscicultores, o monitoramento da qualidade da água é fundamental para o desenvolvimento dos animais. Dentre os parâmetros de qualidade de água importantes para a criação de tilápia em tanques-redes, destacam-se: temperatura, oxigênio, pH, transparência e amônia (TROMBETA; TROMBETA; MATTOS, 2016).
A seguir são detalhados os principais parâmetros físicos e químicos utilizados na avaliação da qualidade da água.
Transparência da água
Esse parâmetro indica a concentração da população de plâncton ou a suspensão de sedimentos finos (siltes e argilas) que ocorrem comumente após as fortes chuvas. A leitura da transparência é feita com um equipamento denominado Disco de Secchi. O disco serve para estimar a quantidade do plâncton que tem na água e se estes podem trazer algum malefício para os peixes. O horário em que a leitura deverá ser realizada é das 10:00 às 14:00 horas, devido à forte incidência de raios solares sobre a água, resultando numa leitura mais acurada (SANDOVAL JUNIOR, 2013).
Segundo Boyd (1990), se a transparência da água for maior que 200 cm, pode-se esperar uma produtividade dos tanques-rede elevada, acima de 200 kg/m3. Se a transparência da água estiver entre 80 e 200 cm, ou seja, o ambiente apresenta nível médio de enriquecimento em nutrientes a produtividade máxima esperada fica por volta de 200 kg/m3. Nos casos que a transparência da água estiver entre 40 e 80 cm a produtividade não costuma chegar a 150 kg/m3. O cultivo em tanques-rede não é recomendável em águas com transparências inferiores a 20 cm.
Temperatura da água
A temperatura é uma característica física das águas, sendo uma medida de intensidade de calor ou energia térmica em trânsito, pois indica o grau de agitação das moléculas (PÁDUA, 2003). 
A temperatura corporal dos peixes corresponde à temperatura da água e, dessa maneira, o metabolismo dos peixes estão diretamente relacionados com este parâmetro. A tilápia é um peixe de regiões quentes, por isso apresenta melhor desempenho produtivo em águas com temperatura entre 26 e 30ºC (TROMBETA; TROMBETA; MATTOS, 2016).
Na figura 06 é demonstrado esse limite térmico. É preciso estar atento a oscilação brusca de temperatura da água, a qual é mais prejudicial que uma variação lenta.
Figura 06 – Faixas de temperatura da água (ºC) e desempenho esperado para os principais peixes tropicais cultivados comercialmente
Fonte: ONO; KUBITZA, 2003
Oxigênio dissolvido 
De acordo com Sandoval Junior (2013), principais variações nos níveis de oxigênio na água são causadas pelas atividades biológicas e químicas existentes no ambiente hídrico, decorrentes da fotossíntese, da respiração e da presença de matérias orgânicas e inorgânicas. Dentre essas, identifica-se como principal a fotossíntese realizada pelas microalgas, as quais durante o dia liberam oxigênio para o ambiente e absorvem gás carbônico, e durante a noite, tal processo se inverte; sendo, portanto, a madrugada um período crítico onde os níveis de oxigênio podem ficar próximos de zero.
O oxigênio dissolvido é o parâmetro químico de qualidade de água de maior importância para o crescimento e desempenho dos peixes em regime de produção intensiva. Tilápias são extremamente tolerantes a baixos níveis de OD na água, no entanto o nível de 3.0 mg de OD/L deve ser considerado como o limite inferior para criação de tilápias em gaiolas, abaixo deste valor as taxas de crescimento podem sofrer redução significativa (VIANA, 2003).
Segundo Ostrensky e Boeger (1998), o oxigênio dissolvido reflete diretamente na taxa de ingestão de alimentos pelos peixes, conforme oscilações da temperatura. A cada 10 °C no aumento da temperatura, dobra o consumo de oxigênio. O manejo correto da qualidade da água é condição para o sucesso de qualquer empreendimento na piscicultura. A introdução de qualquer substância na água acarretará em alterações na sua qualidade, o que nem sempre beneficiará os organismos aquáticos (TAVARES; GAGLIANONE, 1993). 
Em sistema de cultivo de peixes em tanques-rede, o oxigênio é disponibilizado por meio da difusão, o qual consiste no processo de passagem de um meio com maior concentração, a atmosfera, para um de menor concentração, no caso, a água (TROMBETA; TROMBETA; MATTOS 2016).
Amônia, Nitrito e fósforo 
Segundo Sandoval Junior (2013), a amônia surge no ambiente aquático através da excreção (fezes e urina) dos próprios peixes e da decomposição das proteínas que estão presentes nas rações. É um composto nitrogenado que se apresenta no ambiente aquáticoem duas formas NH4+ (íon amônio) e NH3 (amônia), sendo a concentração dessa última, fator de risco para a criação de peixes. Com a temperatura da água alta e pH elevado, a quantidade de amônia em sua forma NH3 (tóxica) aumenta, por isso se faz necessário o monitoramento constante da temperatura e do pH da água. Valores de amônia acima de 0,5 mg L podem causar grande estresse aos peixes e, em casos extremos, levá-los à morte. Este parâmetro pode ser analisado através de kits baseados no princípio da colorimetria. 
O nitrito é o resultado da oxidação da amônia por bactérias Nitrossomonas. O envenenamento de peixes pelo nitrito ocorre devido a este composto induzir a transformação de hemoglobina em metahemoglobina, fazendo com que esta molécula perca sua capacidade de transportar oxigênio para as células, o que leva os peixes a morte por asfixia. Quando os peixes morrem por asfixia, o sangue e as brânquias tornam-se da cor marrom escura (SANDOVAL JUNIOR, 2013).
O fósforo é o principal nutriente envolvido no processo da eutrofização nas águas tropicais, cujo processo é baseado nos níveis de sólidos em suspensão totais, e em componentes nitrogenados e fosfatado dissolvidos no efluente (CHO et al., 1994).
Potencial Hidrogeniônico (pH) da água
De acordo com Trombeta, Trombeta e Mattos (2016), as espécies de peixes produzidas no Brasil se desenvolvem entre a faixa 6,0 a 8,5, valores fora desta faixa podem afetar outros parâmetros da água, como a amônia, prejudicando o desenvolvimento dos peixes. Quando o pH está com índices baixos, abaixo de 4, ocorre o estresse respiratório e distúrbio osmótico, referente a permeabilidade das membranas, no entanto, quando o pH está elevado, acima de 10, há a elevação da fração de amônia não ionizada a qual é extremamente tóxica.
Monitoramento da qualidade da água
A qualidade da água dentro de um tanque-rede será sempre igual ou inferior a água do ambiente em sua volta. A qualidade da água do ambiente em volta do tanque-rede está diretamente relacionado ao enriquecimento da água por nutrientes e podem ser classificados em eutrófico (rico em nutrientes), mesotróficos (médio em nutrientes) e oligotróficos (pobre em nutrientes) (VIANA, 2003).
As variações nos parâmetros de qualidade da água podem prejudicar o desempenho produtivo dos peixes. A figura 07 apresenta a frequência em que os parâmetros devem ser observados, bem como os intervalos de valores recomendados e os equipamentos utilizados nesse monitoramento.
Figura 07 – Principais parâmetros de qualidade de água, suas frequências de análise e seus níveis ótimos
Fonte: Sandoval Junior, 2013
DISTÂNCIA E POSICIONAMENTO DOS TANQUES-REDE
De acordo com Sandoval Junior (2013), para que se tenha uma boa renovação de água nos tanques-rede, é necessário que a corrente de água passe de maneira perpendicular às instalações. Sendo assim, a posição dos tanques-rede nos reservatórios depende do movimento das correntes de água, por isso é importante que a água de um tanque-rede não passe para um próximo, devido à diminuição de sua qualidade, pelo carreamento dos detritos e queda do oxigênio dissolvido. 
Geralmente os tanques-rede são posicionados em linhas, podendo ser em uma única linha ou mais de uma. Ao posicioná-los em mais de uma linha, sugere-se manter uma distância de 10 a 20 metros entre as linhas. A distância recomendada entre os tanques-rede é de uma a duas vezes o seu comprimento. Ou seja, se o tanque-rede medir 2 metros de comprimento, a distância será de 2 a 4 metros entre os demais (SANDOVAL JUNIOR, 2013).
FASES DE CRIAÇÃO
O cultivo de peixes é constituído de três etapas: alevinagem, recria e engorda. Para cada uma delas é necessário o conhecimento correto e o manejo adequado dos peixes, pois elas constituem um tipo específico de piscicultura. Atualmente, é recomendado que cada fase seja realizada em processos diferentes, pois as atuais técnicas de cultivo já alcançaram um nível que permite a separação das fases com maior eficiência (PIRES, 2014).
A divisão da produção em fases possibilita: a) um maior cuidado e proteção dos alevinos e juvenis contra predadores; b) uma melhor padronização no tamanho do peixe em cada tanque; c) o uso mais eficiente das unidades de produção (do espaço de produção); d) uma melhor previsão do estoque; e) a redução do custo de produção (KUBTIZA, 2009).
As recomendações para a soltura dos alevinos nos tanques-rede a fim de evitar mortalidades por choque térmico são: fazer a aclimatação, deixando a embalagem fechada dentro do tanque-rede durante 10 a 20 minutos. Esse procedimento equilibra de forma gradual a temperatura da água da embalagem com a do corpo hídrico que estão os tanques-rede (TROMBETA; TROMBETA; MATTOS 2016).
Segundo Pires (2014), quando o objetivo da propriedade é a venda do produto final, o processo de produção deve começar com a recria que é a fase que posterior a alevinagem, ou seja, depois que o peixe atinge um tamanho ideal para comercialização ele chega para fase de recria na propriedade. A fase de recria pode ser feita de duas maneiras, que é apenas a recria do alevino para venda ou em conjunto com a etapa de engorda, que é o que será feito na fazenda. Na fase de engorda o peixe sai juvenil do tanque de recria e fica no tanque de engorda até que atinja o tamanho e peso ideal para sua comercialização. 
Ainda em estudo, foi visto que o que se faz com frequência na criação de Tilápias é a reversão sexual, ou seja, é aplicado um hormônio masculinizante na ração das larvas para que a maioria da população seja de machos. Isso é feito devido a grande capacidade reprodutiva da Tilápia, que com essa característica afeta todo o sistema produtivo, uma vez que aumentaria significativamente a quantidade peixes por tanque-rede, além de que as fêmeas utilizam grande parte da energia para a reprodução e na fase de incubação dos ovos não se alimentam, apresentando menor desempenho na engorda em comparação aos machos (PIRES, 2014).
Sistemas de criação
O criador de peixes em tanques-rede poderá escolher um dos sistemas de criação citados seguir.
Sistema Monofásico: os peixes são criados em um único tanque-rede durante todo o ciclo de produção. Normalmente os alevinos são colocados no tanque com o peso entre 30 e 50 g e despescados quando atingirem o peso comercial (BASSO, 2011).
Assim, considerando-se a densidade inicial de 265 peixes/m³ e mortalidade próxima de 5%, a densidade final será de aproximadamente 250 peixes/m³ (SANDOVAL JUNIOR, 2013). 
Na figura 08 tem-se um exemplo do modelo monofásico.
Figura 08 – Modelo Sistema Monofásico
Fonte: Sandoval Junior, 2013.
 Sistema Bifásico: na alevinagem, que é primeira fase de cria, o produtor adquire os alevinos que são criados em um berçário. Quando atingirem peso entre 30 e 50g são transferidos para quatro outros tanques-rede onde é feita a segunda fase que envolve a recria e terminação, onde permanecem ficam até atingir o peso comercial (BASSO, 2011).
. É comum neste sistema a mortalidade atingir até 20% (15% no berçário e 5% no tanque-rede), proporcionando densidade final de 252 peixes/m³ (SANDOVAL JUNIOR, 2013). Na figura 09 observa-se um exemplo do modelo sistema bifásico.
Figura 09 – Modelo Sistema Bifásico
Fonte: Sandoval Junior, 2013
Sistema Trifásico: neste sistema, o produtor realiza a primeira fase de alevinagem em berçário, criando os alevinos nas condições do sistema bifásico. Logo em seguida estes são transferidos para outros dois tanques-rede, onde é realizada a recria, no qual os peixes permanecem por 60 dias e então são transferidos novamente, para outros quatro tanques-rede de terminação, onde é feita a terceira fase e os peixes serão despescados quando atingirem peso comercial (BASSO, 2011). Na figura 10 é apresentando um modelo de sistema trifásico.
Figura 10 – Modelo sistema trifásico
Fonte: Sandoval Junior, 2013.
Rações e arraçoamento
De acordo com Sandoval Junior (2013), as rações fornecidas para cada fase de desenvolvimento dos peixes devem estar de acordo com os critérios de tamanho, peso e hábitos alimentares, considerandoas exigências nutricionais da espécie em determinada fase. Dessa forma, a alimentação dos peixes é o principal fator do manejo, pois está diretamente ligado ao custo final de produção, representando até 70% deste. 
A porcentagem de proteína bruta é o principal fator utilizado pelos produtores na aquisição da ração, por isso é importante trocar informações com demais piscicultores da região sobre a qualidade e eficiência das rações disponíveis no mercado (TROMBETA; TROMBETA; MATTOS 2016).
O arraçoamento refere-se ao fornecimento rações aos peixes e nas criações em tanques-rede esta é a única e exclusiva fonte de alimento dos peixes, já que os mesmo são impossibilitados de se deslocar. Sendo assim, procura-se ofertar rações que atendam às exigências nutricionais dos peixes e que apresentem granulometria adequada para cada fase de seu desenvolvimento. Dependendo da fase de desenvolvimento do peixe, a frequência de alimentação aumenta ou diminui, sendo a temperatura da água fator determinante para o aumento ou diminuição no consumo e consequentemente no número de refeições por dia (SANDOVAL JUNIOR, 2013).
Observam-se na figura 11 as recomendações sobre o fornecimento de rações para diferentes fases da tilápia do Nilo.
Figura 11 – Recomendação de fornecimento de rações para tilápia do Nilo, em diferentes fases de desenvolvimento em temperaturas de 25ºC a 26ºC
Fonte: Sandoval Junior, 2013.
A ração fornecida deve ser consumida num prazo máximo de 15 minutos. Caso notar-se que há sobras de ração, é importante reavaliar a quantidade fornecida e realizar ajustes para evitar desperdícios. Essas sobras acabam sujando os comedouros e a tela, favorecendo a proliferação de organismos indesejáveis como fungos e bactérias, que podem causar doenças. Além de acarretar em aumento de custo com a alimentação (CARRIÇO; NAKANISHI, CHAMMAS, 2008).
Biometria
O processo de biometria é fundamental para o ajuste da quantidade de ração a ser fornecida diariamente, evitando o desperdício ou desnutrição dos peixes. É indicado fazer a biometria a cada 15 a 20 dias, para isso é necessário manipular os peixes com cuidado e rapidez, de preferência nas primeiras horas da manhã, após 24 horas de jejum (TROMBETA; TROMBETA; MATTOS, 2016).
Durante a biometria deve-se observar alguns aspectos como: a presença de muco, coloração dos peixes, aparência dos olhos, nadadeiras e brânquias, e presença de ferimentos ou parasitas. Todas as características fora do padrão normal devem ser anotadas e informadas a um técnico para que este possa recomendar exames complementares ou as providências necessárias, bem como alteração na quantidade de alimento fornecida diariamente, caso seja necessário (CARRIÇO; NAKANISHI; CHAMMAS, 2008).
Despesca
De acordo com Trombeta, Trombeta e Mattos (2016), antes de realizar a retirada dos peixes dos tanques-rede para venda é preciso estabelecer os custos de produção e determinar o preço de venda do kg de peixe. Antes do abate os animais devem passar por um período de jejum de 24 horas, para que trato digestivo seja esvaziado ocorrendo assim a conservação do aspecto e textura da carne.
A retirada dos peixes deve ser realizada de maneira ágil, com auxílio de puçás, baldes, balaios e engradados, pesando-os e transferido-os para as caixas de transporte ou caixas de isopor no menor tempo possível (TROMBETA; TROMBETA; MATTOS 2016).
MANEJO COM OS TANQUES-REDE
Deve-se manejar os tanques nos seguintes sistemas:
 - Povoamento dos tanques: É importante que durante o povoamento dos tanques-rede se faça a aclimatização. Se os peixes forem transportados em sacos plásticos, pode-se colocá-los dentro do tanque-rede ainda dentro do saco e permanecer ali por aproximadamente 30 minutos, tempo suficiente para a temperatura do tanque-rede e do saco se equilibrarem. Porém, os peixes podem vir transportados em caixas de transporte. Neste caso, recomenda-se misturar a água da caixa com a água do corpo hídrico, até ocorrer o equilíbrio da temperatura, sendo então, transportados para o tanque-rede (SANDOVAL JUNIOR, 2013).
 - Repicagens: é a transferência dos peixes alojados nos berçários para os tanques-rede. A repicagem deve ser realizada em horários do dia em que a temperatura esteja mais amena, como as primeiras horas da manhã. É aconselhável ainda, deixar os peixes em jejum por um período de 24 horas, prática essa que evita o estresse e mortalidade (SANDOVAL JUNIOR, 2013).
- Despesca: a retirada dos peixes pode ser parcial ou total, sendo realizada por meio de balsa ou pelo rebocamento dos tanques até a margem. Deve ser realizada de maneira rápida, com auxílio de puçás, baldes, balaios e engradados, sendo os peixes transferidos para as caixas de transporte ou caixas de isopor, no menor tempo possível, para isso o produtor deve contar com mão-de-obra suficiente para que esse procedimento reduza o estresse do abate, sem gerar comprometimento da qualidade da carne (SANDOVAL JUNIOR, 2013).
Resultados técnicos
De acordo com Carriço, Nakanishi e Chammas (2008), após a retirada de todo um lote cultivado, o produtor deve apurar os resultados técnicos, para isso precisará recorrer a suas anotações e realizar os seguintes cálculos:
a) Taxa de sobrevivência = (N° total de peixes despescados / N° de alevinos povoados) x 100 
Exemplo: N° total de peixes despescados = 6.570 N° de alevinos povoados = 10.000 Taxa de sobrevivência = (6.570/ 10.000) x 100 = 66% 
b) Peso médio = Produção total da despesca / N° total de peixes despescados
 Exemplo: Produção total da despesca = 4.600 kg 
N° total de peixes despescados = 6.570 
Peso médio = (4.600 / 6.570) = 0,700 kg (700 g) 
c) Fator de conversão alimentar (FCA) = Consumo de ração (kg) / Ganho de peso no viveiro (kg) 
Exemplo: 
Consumo total de ração = 7.000 kg de ração 
Ganho de peso total = Produção total da despesca - Peso inicial 
(kg de alevinos) = 4.600 - (10.000 alevinos x 1g) = 4.590 
Fator de conversão alimentar = 7.000 / 4.590 = 1,53.
d) Ganho médio de peso diário = Ganho médio de peso / Dias de cultivo 
Exemplo: Ganho médio de peso = Peso médio final - Peso médio inicial 
(alevino) = 700 g - 1 g = 699 g 
Dias de cultivo = 165 dias (5,5 meses) 
Ganho médio de peso diário = 699 / 165 = 4,24 g/dia.
e) Produtividade = Produção total por tanque-rede (kg) / Volume útil do tanque-rede (m³) 
Exemplo: 
Produção total do tanque-rede = 460 kg 
Volume útil do tanque-rede = 4 m³ 
Produtividade = 460 kg / 4 m³ = 115 kg/m³ 
= 115 kg/m³/ciclo ou 460 kg/tanque-rede/ciclo
 Ou seja, para cada ciclo de cultivo em um tanque-rede produziu-se 115 kg de tilápias por metro cúbico.
COMERCIALIZAÇÃO DOS PEIXES
A demanda por alimentos mais saudáveis tem crescido ao longo do tempo e a carne de peixe é uma das proteínas mais procuradas atualmente. Esse fato deve-se à sua composição conter aminoácidos essenciais, ideais para suprir as necessidades do organismo humano, mas de forma mais saudável do que com o consumo de outras proteínas animais. Além disso, é um alimento de fácil digestão, com baixo teor de gordura e rico em ômega 3, que auxiliam na redução de doenças cardiovasculares e na redução dos teores de colesterol e triglicérides no organismo (SCHULTER; VIEIRA FILHO, 2017).
Segundo Sidonio et al. (2011), são consumidos cerca de 9 kg por pessoa ao ano no Brasil. Apesar do crescimento de forma acentuada, quase dobrando na última década, o consumo ainda encontra-se abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que sugere 12 kg ao ano.
É importante que o produtor tenha a consciência de que faz parte da cadeia produtiva, com isso, deve estar atento ao mercado consumidor local e regional para poder direcionar seu foco de comercialização, sendo importante a divulgação, aliada a logística de distribuição (BASSO, 2011).
Ainda de acordo com Basso (2011), existem várias estratégias que o empreendedor aquícola pode adotar visando obter sucesso na comercialização, tais como: fazer embalagens chamativas, identificando a origem (rastreabilidade) e valores nutricionais; realizar venda direta para mercados, restaurantes,bares, supermercados e feiras da região; diversificar o produto no mercado, em diferentes cortes e sub-produtos, como por exemplo, embutidos a base de peixe, empanados, fishburger, peixe defumado e etc.; divulgar a marca; e, ainda, realizar venda de peixes vivos em diferentes pontos da cidade.
Estratégia mercadológica
De acordo com Soares (2003), a produção industrial de tilápia no Brasil está basicamente direcionada ao mercado de filés. Este é um mercado estabelecido no país e ocupado principalmente pela merluza, importada da Argentina e do Uruguai. 
As condições típicas dos peixes mais aceitos pelo mercado consumidor como a carne branca de textura firme, o sabor delicado, de fácil filetagem e ausência de espinhas em “Y” tornam a tilápia uma das principais espécies cultivadas comercialmente (BECKER, 2014).
Existem vários métodos para a retirada do filé, o que causa considerável variação no rendimento. Além do tamanho do peixe e do método de filetagem, outros fatores podem influenciar o rendimento do filé: a condição corporal do peixe, o ângulo de corte da cabeça, a firmeza da carne na hora da filetagem, a apresentação do filé exigida pelo cliente, a qualidade do corte das facas e, principalmente, a habilidade e técnica do filetador (SOARES, 2003). 
De acordo com Soares (2003), após a filetagem, é realizada a retirada da pele. No Brasil, alguns curtumes e confecções já realizam o aproveitamento da pele da tilápia para artigos de vestuário, elaborados a partir da pele curtida.
Os produtos provenientes da industrialização podem ser comercializados de três formas possíveis: fresco (não sofre nenhum processo de conservação, apenas a ação do gelo), resfriado (mantido no gelo a uma temperatura entre -0,5 a -2 ºC), ou congelado (disposto em uma câmara de congelamento a uma temperatura de no máximo -25ºC) (SILVA; ALVES; SANTOS, 2008).
ELEMENTOS DO ESTUDO DA VIABILIDADE
O estudo da viabilidade de qualquer empreendimento envolve vários aspectos. Para isso, Buarque (1991), recomenda um conjunto de elementos na análise da viabilidade de um projeto, conforme a figura 12.
Figura 12- Ângulos de estudo da viabilidade de projetos.
Fonte: Buarque, 1991.
INDICADORES DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA
Segundo Hoffmann (1987), na avaliação de uma atividade onde o objetivo é a análise da viabilidade deve-se considerar diferentes ângulos de estudo destacando-se os aspectos econômicos para determinar a Renda Líquida, a parte financeira para apurar os indicadores de rentabilidade do capital investido e os cálculos envolvendo a projeção do financiamento e a capacidade de pagamento. Para tanto, deve-se utilizar um conjunto de procedimentos para cada análise de viabilidade.
Critérios de avaliação de bens
Os bens são considerados todos os equipamentos, construções, cercas, implementos e até mesmo animais. Por isso, deve-se apropriar estes custos em todos os ciclos de produção no qual estes bens serão utilizados e não apenas no período no qual o mesmo foi adquirido (FLORES et al., 2006).
Depreciação
A depreciação pode ser definida como a perda de valor do bem na medida em que ele é utilizado ao longo do tempo. Esta perda de valor do bem é decorrente do seu emprego junto às atividades produtivas, e é justamente este valor que deve ser apropriado a este tipo de atividade, como o custo dos bens que estão sendo usados para o seu desenvolvimento (FLORES et al., 2006).
De acordo com Corrêa (2010), o método mais simples para calcular a depreciação de um bem como máquinas, implementos agrícolas e instalações, é o chamado método linear, que consiste na sua desvalorização, durante a sua vida útil, de forma constante, com parcelas uniformes ao longo da vida útil dos bens depreciados em anos, calculando-se a partir do valor em reais do bem novo ou reavaliado ao preço de mercado, subtraindo-se o seu valor residual obtido a partir de um percentual do valor do bem pela aplicação da taxa de depreciação anual. 
 D = Vi – Vf / Vu
 Onde: 
D = depreciação; 
Vi = valor inicial do bem; ou seja, o valor pelo qual ele foi adquirido, ou até mesmo o seu valor atual; 
Vf = valor final ou valor de sucata do bem; ou seja, ao término da vida útil, podendo ser valores provenientes de tabelas; 
Vu = tempo estimado de vida do produto.
Custo total
O custo de produção é uma ferramenta muito importante, pois auxilia o produtor a realizar uma comparação do desempenho do sistema de exploração, e análise dos padrões de eficiência, tendo por objetivo o acréscimo de rendimentos e redução de custos, além de avaliar o desempenho das máquinas e mão-de-obra (MARTINS; BORBA, 2008)
As informações levantadas sobre o custo de produção da atividade são uma importante ferramenta que irão auxiliar na negociação de venda do produto final, assim como avaliará os itens que mais causam impacto nos custos e, muitas vezes, verificar a necessidade de adequação da tecnologia (CAMPOS et al., 2007).
Compreende a soma dos custos variáveis e dos custos fixos: 
CT = CV + CF 
Os custos fixos são aqueles que não variam com a quantidade produzida, como por exemplo: seguros, juros sobre o capital, impostos fixos, etc. E os custos variáveis aqueles que variam conforme a produção estimada (DESSBESSEL, 2014).
Fluxo de caixa
Representa o saldo final de caixa do projeto, ou seja, o valor anual disponível em caixa após efetuar pagamento de todos os custos previstos (DESSBESELL, 2014).
 Fluxo líquido de caixa: FLC = Receita total – Custo total
Valor presente líquido
Segundo Dessbesell (2014), este valor define a viabilidade do projeto. Através desta fórmula matemático-financeira, determina-se o valor presente de pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros apropriada, menos o custo do investimento inicial. 
De acordo com Macedo Lunga e Almeida (2007) considera-se explicitamente o valor do dinheiro no tempo, ou seja, através do desconto do fluxo de caixa a uma taxa mínima de atratividade específica econtra-se o VPL, ao se subtrair o investimento inicial (FC0) de um ativo do somatório do valor presente de seus fluxos de caixa futuros (FCt), descontados a uma taxa mínima de atratividade (i). O seu cálculo é feito através da seguinte fórmula:
Taxa interna de retorno
Segundo Motta e Calloba (2002), a TIR indica a rentabilidade do investimento por uma unidade de tempo. A fórmula para cálculo da TIR é:
Em que: 
TIR - taxa interna de retorno, decimal; 
FC - fluxo de caixa por período, R$;
t - tempo ou período, anos; 
n - prazo da análise do projeto ou vida útil, anos;
O critério do método da taxa interna de retorno estabelece que, o investimento será economicamente atraente se a TIR for maior do que a taxa mínima de atratividade (taxa de retorno esperada pelo investimento - TMA). Quanto maior a TIR, mais o projeto é atrativo economicamente (ZANATTA, 2015).
Taxa mínima de atratividade
Referente a Taxa Mínima de Atratividade (TMA), deve-se ressaltar que ao se analisar um projeto de investimento, pode-se estar perdendo a oportunidade de retornos pela aplicação do mesmo capital em outros projetos. Por isso, a nova proposta para ser atrativa deve render, no mínimo, a taxa de juros equivalente à rentabilidade das aplicações correntes e de pouco risco. No Brasil, é comum a taxa mínima de atratividade ser igual à rentabilidade da caderneta de poupança (CASAROTTO FILHO; KOPITTKE, 2008).
Margem bruta
Segundo Flores et al. (2006), a porcentagem da margem bruta é calculada através da fórmula descrita abaixo: 
MB = Receita - CV 
De acordo com Flores et al., (2006), este cálculo “apresenta quanto o valor de venda de um produto destina-se para cobrir os desembolsos, ou seja, quanto de renda gerada pela venda de cada unidade de produto é comprometida para cobrir os desembolsos efetuados para a produção”.
Ponto de equilíbrio
Representa o nível mínimo de produção e venda em que uma propriedade pode desenvolver suas de forma autônoma, ou seja, sem que ocorram perdas (SILVA; VALE, 2007).
Para Flores Ries e Antunes (2006), demonstra o volume de produção que a empresa necessita para as receitas totais sejam iguais aoscustos totais. É, portanto, o mínimo que deve ser produzido de forma que a atividade não apresente prejuízo.
O ponto de equilíbrio é calculado através da fórmula:
PE = Custo fixo total (Valor unit. Venda – valor unit. de custos variáveis) 
Lucratividade
Os índices de lucratividade representam a relação entre o lucro e a receita bruta, em percentagem. É uma medida importante de rentabilidade da atividade agropecuária, visto que demonstra a taxa disponível de receita da atividade após pagamento de todos os custos operacionais, impostos, depreciações, entre outros (SILVA; VALE 2007).
É um índice que representa, em porcentual, o quanto que cada produto deixa de resultado após ser descontado os custos de produção (FLORES; RIES; ANTUNES, 2006).
A lucratividade pode ser calculada através da fórmula:
 Lucratividade= (resultado líquido x 100) / receita bruta.
Rentabilidade
É uma forma de avaliar o lucro obtido em uma atividade produtiva em relação ao capital investido para o desenvolvimento dessa atividade (FLORES; RIES; ANTUNES, 2006, p. 202).
Pode ser calculada pela fórmula:
 R = (Receita liquida x 100) / Investimento inicial (patrimônio).
Prazo de retorno
O prazo de retorno do investimento mostra o tempo necessário para que o empresário recupere tudo o que investiu no seu negócio (FLORES; RIES; ANTUNES, 2006). 
O Prazo de Retorno do Investimento é expresso por: 
Prazo retorno investimento = Investimento / Lucro líquido
DESCRIÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos com a realização do presente trabalho de pesquisa e a discussão dos mesmos.
CARACTERIZAÇÃO TÉCNICA DO SISTEMA DE CRIAÇÃO DE PEIXES
No presente estudo foram realizados cálculos baseados num sistema de criação monofásico em tanques-rede, onde os alevinos de tilápias nilóticas são adquiridos na fase juvenil com um peso estimado de 70 gramas e são estocados em um tanque-rede onde permaneceram até atingirem o peso de abate desejado.
 Produção prevista
A espécie escolhida foi a tilápia-do-nilo. A escolha foi regida pela fácil obtenção de alevinos, pela boa adaptação, rusticidade e boa conversão alimentar da espécie, além da boa aceitação pelo mercado consumidor, onde a procura por filés dessa espécie é grande.
A produção de peixes foi planejada para ser dividida em dois ciclos produtivos: o primeiro de 15 de janeiro a 15 de maio de 2018 e o segundo ciclo de 25 de maio a 20 de dezembro de 2018. Como pode-se observar sendo o primeiro ciclo levando quatro meses para a terminação e o segundo ciclo levando em torno de oito meses para a terminação, isso está diretamente relacionado com a temperatura da água, uma vez que no período de verão as tilápias aumentam o seu metabolismo, assim necessitando de uma maior disponibilidade de ração e consequentemente possuindo uma maior conversão alimentar. Já o segundo ciclo seria realizado no período de outono, inverno e primavera, sendo que neste período do ano há ocorrência de temperaturas mais baixas, fazendo com que a tilápia diminua seu metabolismo, assim se reduz a quantidade de ração ofertada e consequentemente se diminui o desenvolvimento destes peixes. 
As tilápias devem ser adquiridas na fase de alevinos com peso de 70 gramas, cada tanque-rede terá a densidade populacional estimada em 103 alevinos por metro cúbico, considerando uma taxa de mortalidade de 3%, a população deverá ser de 1854 peixes por tanque-rede.
Tanto os alevinos como a ração serão adquiridos na Agropecuária Nutrimaio do município de Três de maio, RS, que também fornece assistência técnica durante a criação e auxilia no manejo correto das tilápias em tanques-rede. Os equipamentos como tanques-rede e aeradores serão adquiridos junto a empresa Iarema que é especializada na fabricação de tanques-redes de distribuidora de equipamentos para atividades de piscicultura, localizada no município de Itambaracá, PR.
Estrutura e equipamentos
 O sistema de criação escolhido utiliza tanques-rede, o qual é considerado um sistema intensivo apresentando renovação contínua da água. Os tanques-rede são gaiolas confeccionadas com tela ou rede, apresentam os lados fechados, mantendo os peixes concentrados neste local, mas de tal maneira que permita a troca completa da água sem restringir ou afetar no fornecimento de oxigênio, facilitando o manejo diário e a retirada dos peixes no momento da despesca. Além disso, o confinamento dos peixes os protege do ataque de predadores e da competição com demais peixes. Na figura 13 observa-se o modelo de tanque-rede utilizado neste trabalho de pesquisa. 
Figura 13 – Modelo de tanque-rede utilizado
Fonte: Iarema, 2018. (ADICIONAR NAS REFERENCIAS)
No total estimou-se a implantação de 30 tanques-rede com dimensões de 3m
comprimento x 3m largura x 2m profundidade, totalizando de volume útil 18 metros cúbicos por tanque. Esses tanques são construídos com tela arame galvanizado revestido em PVC oferecendo uma maior durabilidade, com uma abertura das malhas de 19 mm. O orçamento da compra dos tanques encontra-se no Anexo A.
Manejo
Como os peixes são impedidos de se deslocar para outro local da barragem, nesse sistema de criação a alimentação e a qualidade da água são os principais fatores com os quais deve-se tomar cuidados. Portanto, a base para a escolha de ração foi a sua qualidade, baseando-se na taxa de conversão alimentar, para não haver desperdício de alimento e poluição da água, uma vez que quando fornecida em quantidades maiores do que o necessário, a mesma não é consumida pelos animais permanecendo na água sujando a tela do tanque, o que acaba causando a proliferação de micro-organismos indesejáveis.
Quanto à qualidade da água teve-se cuidado especial em relação ao
posicionamento dos tanques, buscando instala-los próximos a saída de água do reservatório. Além disso, devem ser avaliadas semanalmente a temperatura e a transparência da água, utilizando um aparelho conhecido como Disco de Secchi. A leitura da transparência deve ser maior de 20 cm, e a água deve estar entre 25 a 28º C para que os animais apresentassem o auge de seu desenvolvimento.
Em relação à alimentação na fase de alevinos juvenil, conforme orientação técnica da empresa Nutrimaio, primeiramente oferta-se a ração com 36% de proteína bruta, indicada para fase inicial de crescimento, levando em conta que os alevinos possuem entre oito a nove semanas de vida. Nesta fase a ração foi fornecida a quantidade de 36 quilogramas de ração dividido em cinco vezes ao dia (Anexo B).
Da décima até a décima terceira semana, ainda em fase de crescimento, estes animais passarão a receber a ração extrusada, contendo 32% de proteína, associado a um fornecimento diário de 90 quilogramas de ração, aumentando os intervalos de fornecimento, diminuindo para quatro vezes ao dia.
A partir da décima quarta semana, estes peixes já se encontram na fase de terminação, com o fornecimento diário de ração reduzindo para três vezes, no entanto a quantidade de ração fornecida semanalmente é aumentada, se disponibilizando 140 quilogramas de ração por dia.
 De acordo com as semanas será realizado monitoramento do crescimento dos peixes, sempre levando em consideração a temperatura da água, buscando manter certa constância nos horários da alimentação.
Mão de obra
Em relação à mão de obra, a propriedade conta com o trabalho de oito funcionários os quais auxiliarão na despesca. Devido a constante necessidade de alimentação dos peixes seria contratado um funcionário o qual ficará encarregado pelos cuidados da produção dos peixes e alimentação.
A maior demanda de mão de obra ocorreria nos períodos de povoamento dos tanques e após a terminação no momento da despesca. Durante o período de engorda e crescimento dos peixes a demanda de mão-de-obra é menor, sendo necessária apenas para a vistoria dos tanques e para fornecer a alimentação aos animais.
Linhas de créditos disponíveis
A linha de crédito disponível é a Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) Mais Alimento, a qual é destinada para

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