Buscar

MAES-DO-CARCERE-OS-DIREITOS-DAS-MULHERES-E-A-CONVIVENCIA-FAMILIAR-EM-SITUACOES-DE-PRIVACAO-DE-LIBERDADE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 37 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 37 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 37 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ 
 
MARIA EDUARDA MOCELLIN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÃES DO CÁRCERE: OS DIREITOS DAS MULHERES E A 
CONVIVÊNCIA FAMILIAR EM SITUAÇÕES DE PRIVAÇÃO DE 
LIBERDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2015 
MARIA EDUARDA MOCELLIN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÃES DO CÁRCERE: OS DIREITOS DAS MULHERES E A 
CONVIVÊNCIA FAMILIAR EM SITUAÇÕES DE PRIVAÇÃO DE 
LIBERDADE 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao 
Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná, 
como requisito para obtenção do título de Bacharel 
em Direito. 
Orientadora: Professora Helena de Souza Rocha 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2015 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
MARIA EDUARDA MOCELLIN 
 
FILHOS DO CÁRCERE: O DIREITO DA FAMÍLIA EM SITUAÇÕES DE 
PRIVAÇÃO DE LIBERDADE 
 
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel no Curso de Direito da 
Universidade Tuiuti do Paraná 
 
Curitiba ______ de ______________________ de 2015 
 
 
__________________________________ 
Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite 
Coordenação do Núcleo de Monografia 
Universidade Tuiuti do Paraná 
 
 
 
 
Orientador: ___________________________________________ 
Professora Helena de Souza Rocha 
Universidade Tuiuti do Paraná 
Curso de Direito 
 
 
 
Supervisor: ___________________________________________ 
Professor 
Universidade Tuiuti do Paraná 
Curso de Direito 
 
 
 
 
 
Supervisor: ___________________________________________ 
Professor Universidade Tuiuti do Paraná 
Curso de Direito 
 
Agradecimentos 
 
 Agradeço e dedico primeiramente a minha mãe Carla, por ser essencial em 
minha vida, pela ajuda financeira, força e coragem, durante toda esta longa jornada. 
Também agradeço a minha querida filha Luana, que embora não tivesse 
conhecimento disto, mas iluminou de maneira especial meu TCC, foi compreensiva 
nos momentos que precisei estar ausente. Quando preciso assistiu pacientemente 
as minhas aulas durante estes cinco anos de faculdade. 
 A todos os professores e professoras que me acompanharam durante a 
graduação, em especial à minha orientadora e professora Helena de Souza Rocha 
pela paciência na orientação e incentivo, pela compreensão e pelos ensinamentos. 
 Agradeço a todos aqueles que de alguma forma estiveram e estão próximos 
de mim, em especial a minha irmã Carolina, meu cunhado César e meu afilhado 
Gabriel, que sempre torceram por mim para concretização deste meu sonho. 
 Aos professores formadores da banca examinadora pela presença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Uma nação não pode ser julgada pela maneira como trata seus cidadãos 
mais ilustres e sim pelo tratamento dado aos mais marginalizados: seus 
presos” 
Nelson Mandela 
RESUMO 
O presente trabalho tem por objetivo estudar a situação das mulheres privadas de 
liberdade em companhia com filhos nas penitenciárias do Brasil sob a luz dos 
direitos humanos. Atualmente, o retrato do sistema prisional feminino brasileiro é 
composto de imagens que revelam o desrespeito aos direitos humanos, pois às 
mulheres é destinado o que sobra do sistema prisional masculino: presídios que não 
servem mais para abrigar os homens infratores são destinados às mulheres, os 
recursos destinados para o sistema prisional são carreados prioritariamente para os 
presídios masculinos e, além disso, os presos masculinos contam sempre com o 
apoio externo, ao tempo que as mulheres presas são abandonadas pelos seus 
familiares, companheiros e maridos. Restando-lhes, apenas, a solidão e a 
preocupação com os filhos que, como sempre, ficam sob sua responsabilidade. No 
Brasil, o déficit carcerário feminino cresce à medida que a quantidade de mulheres 
que ingressam nos estabelecimentos prisionais aumenta, pois além da conjuntura 
socioeconômica, falta, também, uma política efetiva para a construção permanente 
de vagas. Para poder entender melhor a situação é necessário fazer um resgate 
histórico sobre a criminalidade feminina e a caracterização da prisão. A metodologia 
abordada foi a análise documental, artigos, instrumentos legais e normativos. 
 
 
Palavras-chave: Prisão. Direitos Humanos. Mulheres Grávidas. Filhos. 
 
ABSTRACT 
 
This work aims to study the situation of women deprived of liberty in company with 
children in prisons in Brazil in the light of human rights. Currently, the portrait of 
Brazilian women's prison system is composed of images that show disrespect for 
human rights, for women is for what remains of the male prison system: prisons that 
no longer serve to house offenders men are aimed at women, resources allocated to 
the prison system are mainly carted for male prisons and in addition, male prisoners 
always rely on external support, the time that women prisoners are abandoned by 
their families, partners and husbands. Leaving them only, loneliness and concern for 
the children, as always, are responsible. In Brazil, the female prison deficit grows as 
the number of women who enter the prisons increases, because beyond the socio-
economic situation, lack also an effective policy for the permanent building slots. In 
order to better understand the situation is necessary to make a historical review on 
female crime and the characterization of the prison. The methodology was discussed 
document reviews, articles, legal and regulatory instruments. 
 
 
Keywords: Prison. Human rights. Pregnant women. Children. 
 
 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 
 
 
ASBRAD - Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Infância e da Juventude 
CEJIL - Centro Pela Justiça e pelo Direito Internacional 
Depen - Departamento Penitenciário Nacional 
DSTs - Doenças Sexualmente Transmissíveis 
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente 
IDDD - Instituto de Defesa do Direito de Defesa 
INFOPEN – Sistema de Informações Penitenciárias do Departamento Penitenciário 
Nacional 
LEP – Lei de Execução Penal 
MJ – Ministério da Justiça 
MP – Ministério Público 
MS – Ministério da Saúde 
OMS – Organização Mundial de Saúde 
ONG – Organização Não Governamental 
ONU – Organização das Nações Unidas 
PNSSP - Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário 
SDH – Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República 
UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura 
 
 
 
12 
 
2. A SITUAÇÃO DO SISTEMA CARCERÁRIO FEMININO NO BRASIL 
 
2.1. ORIGENS DAS PRISÕES FEMININAS NO BRASIL 
 
Historicamente, a relação entre mulheres e prisão no Brasil originou da 
comissão de crimes relacionados com a bruxaria e com a prostituição, 
comportamentos que ameaçavam os papéis socialmente estabelecidos para a 
mulher. A resolução dos conflitos sociais pautada por uma dimensão valorativa 
reiterou, no decorrer da história, um tratamento disciplinar às mulheres, criando-se 
estereótipos em torno dos crimes cometidos, cujas condutas passaram a ser 
explicadas pela diferenciação de delitos associados ao feminino Zaffaroni (2000) 
O Direito Penitenciário surgiu com o desenvolvimento da instituição prisional. 
Segundo Mirabete (2000): 
 
Antes do século XVII, a prisão era apenas um estabelecimento de custódia, 
em que ficavam detidas pessoas acusadas de crime, à espera da sentença, 
bem como doentes mentais e pessoas privadas do convívio social por 
condutas consideradas desviantes (prostitutas, mendigos, etc) ou questões 
políticas. No final do referido século, a pena privativa de liberdade 
institucionalizou-se como principal sanção penal e a prisão passou a ser, 
fundamentalmente, o local da execução das penas (MIRABETE, 2000, p. 
19). 
 
A criação do Código Penal, que entrou em vigor em 1940, e representou um 
importante momento para o Direito Penal nacional. Em seu art. 29, parágrafo 2º 
Art. 29. A pena de reclusão e a de detenção devem ser cumpridas 
em penitenciárias, ou, na falta, em secção especial de prisão comum. 
§ 2º As mulherescumprem pena em estabelecimento especial, ou, à sua 
falta, em seção adequada de penitenciária ou prisão comum, sujeitas a 
trabalho interno, admitido o benefício do trabalho externo. (Planalto) 
O Código Penal de 1940 previu, pela primeira vez, o cumprimento de pena em 
estabelecimento específico para abrigar mulheres ou, quando este não fosse 
possível, um espaço reservado nos estabelecimentos prisionais masculinos. (Ibidem, 
p. 66) 
A separação entre homens e mulheres na visão de Soares e Ilgenfritz (2002, 
p. 57), teria que acontecer para “garantir a paz e a tranquilidade desejada nas 
prisões masculinas, do que propriamente a dar mais dignidade às acomodações 
carcerárias, até então compartilhadas por homens e mulheres”. 
13 
 
Em 1924, Lemos de Brito (As mulheres criminosas e seu tratamento 
penitenciário, p. 38), o principal ideólogo das prisões femininas no Brasil, após 
percorrer o país visitando todas as prisões, elaborou um projeto de reforma 
penitenciária e ofereceu um plano geral, no qual aconselhou a União a construir um 
reformatório especial, que não se pautasse nos moldes tradicionais da época, ou 
seja, nos moldes das prisões masculinas. 
As primeiras penitenciárias no Brasil, vieram somente em 1937, com o 
Instituto Feminino de Readaptação Social no Rio Grande do Sul. Em 1941, o 
Presídio de Mulheres de São Paulo e, em 1942, a Penitenciária Feminina do Distrito 
Federal, em Bangu, sendo que destas três somente a última fora criada 
especialmente para as mulheres encarceradas, sendo as outras readaptações de 
estruturas já existentes. (IBIDEM, p. 22) 
Construída especialmente para tal fim, a primeira penitenciária feminina do 
antigo Distrito Federal, em Bangu, estava localizada bem longe dos presídios para 
homens. A administração interna e pedagógica do presídio ficou a cargo das Irmãs 
do Bom Pastor. As religiosas ficaram responsáveis por cuidar “da moral e dos bons 
costumes, além de exercer um trabalho de domesticação das presas e vigilância 
constante da sua sexualidade”. Pelo regulamento interno da prisão, formulado e 
aplicado pelas religiosas, chamado Guia das Internas, as presas só tinham dois 
caminhos para remirem suas culpas: ou se tornariam aptas para retornar ao convívio 
social e familiar, ou, caso fossem solteiras, idosas ou sem vocação para o 
casamento, seriam preparadas para a vida religiosa. Entretanto, este projeto de 
“purificação” não atendeu às expectativas do Estado e, em 1955, a Penitenciária de 
Mulheres volta a ser diretamente administrada pela direção da Penitenciária Central, 
sob a alegação de que as Irmãs do Bom Pastor não conseguiram controlar a 
indisciplina violenta e não dispunham de conhecimentos das questões penitenciárias 
e administrativas necessárias para controlar as 2.200 mulheres que estavam presas 
em um estabelecimento planejado para abrigar 60 mulheres. (SOARES E 
ILGENFRITZ, 2002). 
Em 13 de maio de 1970 foi inaugurada a primeira Penitenciária Feminina 
(unidade penal de segurança máxima destinada às presas provisórias e 
condenadas) do estado do Paraná. A instituição foi instalada no município de 
Piraquara e fazia parte do Complexo Penal Paranaense, atualmente Penitenciária 
Central do Estado (PCE). É um estabelecimento penal destinado a presas 
14 
 
condenadas pela justiça, com 3.200 m², com capacidade de 364 internas. “A 
unidade possui também uma creche (em 1983, a capela foi transformada para 
abrigar os filhos das internas. Sete anos mais tarde, foi construído um local 
específico para as crianças, com “área de lazer, brinquedos, jardim e playground”) 
para dar atendimento aos filhos das internas, uma vez que as crianças ficavam junto 
com as mães nas celas, local totalmente impróprio para elas” (DEPEN, 2010). 
“Regimento Interno do DEPEN, no artigo 21, a Penitenciaria Feminina do 
Paraná é um estabelecimento penal de regime fechado e de segurança 
máxima a qual compete: 
I. A segurança e a custódia das pessoas que se encontram recolhidas no 
estabelecimento por decisão judicial, em cumprimento de pena, em 
regime fechado; 
II. A segurança e a custódia daquelas que estão sujeitas à efetivação de 
sentença de pena e medidas de segurança detentivas; 
III. Promover a reintegração social das presas e o zelo pelo seu bem-estar, 
através da profissionalização, educação, prestação de assistência 
jurídica, psicológica, social, médica, odontológica, religiosa e material; 
IV. Prestar a assistência à gestante, parturiente e aos menores de até 
seis anos, filhos das presas desamparadas, de acordo com o artigo 89 
da Lei nº 7210/84, e conforme o disposto no artigo 1º, parágrafo único 
da Lei Estadual nº 9304 de 19.06.90; 
V. Prestar assistência social aos familiares das presas; 
 VI. Outras atividades correlatas.” 
 
O Estado do Paraná possui duas penitenciárias femininas, a de Piraquara, e a 
Penitenciária Feminina de Regime semiaberto, localizada em Curitiba. 
O Paraná é o estado que registrou a maior redução do número de mulheres 
presas no país entre 2007 e junho de 2014. Os dados fazem parte do levantamento 
do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, 
divulgados dia 05/11/2015. O Paraná ocupa o 9º lugar no ranking dos estados com a 
maior população carcerária feminina do país, 898 de um total de 37.380. No restante 
do país, houve um significativo aumento no período, com destaque para Alagoas, 
com 444%, Rio de Janeiro, 271%, e Sergipe, com 184%. 
 
 
2.2 CARACTERÍSTICAS DAS PRISÕES FEMININAS 
 
Segundo Espinoza (2003) a utilização da pena de prisão deveria servir para a 
reprodução dos papéis femininos socialmente construídos. A intenção era que a 
prisão feminina fosse voltada à domesticação das mulheres criminosas e à vigilância 
da sua sexualidade. 
 
15 
 
Com essa medida buscava-se que a educação penitenciária restaurasse o 
sentido de legalidade e de trabalho nos homens presos, enquanto, no 
tocante às mulheres, era prioritário reinstalar o sentimento de pudor. 
(ESPINOZA, 2003, p. 39) 
 
Atualmente existem 53 penitenciárias femininas no Brasil, mas muitas 
mulheres são mantidas em delegacias de polícia e carceragens superlotadas e com 
estrutura inadequada. (Depen) As precariedades das penitenciárias brasileiras 
destaca-se o fato de as mulheres terem um tratamento similar ao dos homens, sem 
acesso à saúde e cuidados com higiene. 
O poder público parece ignorar que está lidando com mulheres e oferece 
um ‘pacote padrão’ bastante similar ao masculino, nos quais são ignoradas 
a menstruação, a maternidade, os cuidados específicos de saúde, entre 
outras especificidades femininas (QUEIROZ, Nana, Entrevista Terra 
“Prisões femininas: presas usam miolo de pão como absorvente”). 
 
Segundo Mendes, a prisão por tráfico de entorpecentes tem crescido de 
maneira alarmante, nos últimos 12 anos o aumento foi de 256% sendo esse delito 
um dos principais fatores por detrás do encarceramento em massa do Brasil.. Do 
total de mulheres presas atualmente, 57% delas responderam (ou ainda 
responderão, no caso das presas provisórias) pelo crime de tráfico de drogas. 
(MENDES, Soraia da Rosa 2014) 
 
Para José Eduardo Cardozo Ministro da Justiça e Eleonora Menicucci de 
Oliveira Ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres 
 
A justificativa para a falta de um olhar diferenciado com práticas 
humanizadoras no que diz respeito à diversidade de gênero, no âmbito das 
prisões de mulheres, reproduzem visões simplistas unicamente focadas na 
questão numérica, tendo em vista que do total de 548.0031 da população 
carcerária, 35.039 são mulheres, o que equivale a um percentual de cerca 
de 7%. No Brasil, o déficit carcerário feminino cresce à medida que a 
quantidade de mulheres que ingressam nos estabelecimentos prisionais 
aumenta, pois além da conjuntura socioeconômica, falta, também, uma 
política efetiva para a construção permanente de vagas. O déficit carceráriofeminino atual é de aproximadamente 13 mil vagas. (Política Nacional de 
Atenção às Mulheres. pg 7) 
 
Junto de suas mães, são aprisionadas crianças: mães e filhas/os divididas 
entre a paradoxal escolha de ficar dentro do sistema prisional, mas acompanhadas 
da figura materna, ou aguardarem longe de suas mães, sendo criadas e educadas 
pelas famílias (quando essas existem) fora do cárcere. Nas Penitenciárias femininas 
do Paraná, em Piraquara, moram, com suas mães, cerca de 37 crianças, que 
brincam, em vez de pega-pega e esconde-esconde, de "agente e presa", além de 
andarem com as mãozinhas para trás em imitação evidente às mães que se 
16 
 
deslocam nessa posição. Além disso, as mulheres grávidas, nos meses finais de sua 
gestação, são enviadas ao Complexo Médico Penal, local onde em teoria teriam 
maior assistência. Lá o ambiente não é menos inóspito que uma penitenciária: 
carrega as mazelas de um "hospital psiquiátrico" e a falta de assistência 
particularizada às gestantes. A estrutura é péssima e as grávidas dormem no chão, 
tomam banhos gelados, não tem atendimento médico, fazem as necessidades 
fisiológicas em um buraco no chão, diante do qual tem que ficar de cócoras mesmo 
com uma barriga de 7, 8 ou 9 meses. (Mulheres pelas Mulheres "Infância 
Aprisionada: Gravidez e Maternidade no Cárcere") 
Na Penitenciária Feminina Madre Pelletier, em Porto Alegre, a jornalista Nana 
Queiroz (2014) ouviu histórias que faziam seu estômago revirar: falta de produtos de 
higiene pessoal, violência de agentes penitenciários, superlotação, comida 
estragada no refeitório, a dificuldade de conseguir uma visita íntima. Nem as 
grávidas escapam, algumas são espancadas por carcereiros, e muitas precisam 
dormir com seus bebês recém-nascidos no chão, por falta de colchonetes, e, com os 
pontos da cesariana ainda abertos, pegam infecções. Esse foi o caso de Gardênia, 
relatado no livro, que precisava ir ao hospital mais próximo diariamente, durante 20 
dias, para tomar injeções de anti-inflamatório. Por falta de paciência ou estrutura, os 
guardas só a levaram à clínica dois dias. Teve que sarar com duas doses mesmo. A 
lei brasileira determina que as presidiárias devem permanecer com seus filhos 
durante seis meses para amamentação. 
Achei que violência policial seria menos severa com elas, mas os relatos de 
tortura são tão graves quanto os das prisões masculinas. Uma delas, tomou 
uma paulada na barriga, e ouviu do policial que a agrediu: “Pra que colocar 
mais um vagabundo no mundo? Espero que morra antes de nascer” — 
recorda. Nana conta que detentas usam miolo de pão como absorvente 
íntimo, já que recebem apenas um ou dois pacotinhos por mês, quantidade 
insuficiente para mulheres com fluxo menstrual mais intenso. (Queiroz 
Nana, Presos que Menstruam) 
A luta diária dessas mulheres é por higiene e dignidade. As prisões femininas 
do Brasil são escuras, encardidas, superlotadas. Camas estendidas em fileiras, 
como as de Chapman, são um sonho. Em muitas delas, as mulheres dormem no 
chão, revezando-se para poder esticar as pernas. Os vasos sanitários, além de não 
terem portas, têm descargas falhas e canos estourados que deixam vazar os cheiros 
da digestão humana. Itens como xampu, condicionador, sabonete e papel são 
17 
 
moeda de troca das mais valiosas e servem de salário para as detentas mais 
pobres, que trabalham para outras presas como faxineiras ou cabeleireiras. (Queiroz 
Nana, Presos que Menstruam) 
O tratamento prisional para a encarcerada é pior que o dispensado aos 
homens, que também têm precárias condições no cárcere, porém, a desigualdade 
de tratamento é patente e decorrente de questões culturais vinculadas à visão da 
mulher como presa e com direitos ao tratamento condizente com as suas 
peculiaridades e necessidades, próprias da aplicação do princípio constitucional de 
individualização da pena, da qual decorre a regra constitucional de Direito Penal 
explicitada no artigo 5º., inciso XLVIII, segundo o qual “...a pena será cumprida em 
estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do 
apenado...” (BORGES, 2005) 
A maioria dos presídios brasileiros possui problemas referentes à 
superlotação e péssimas condições estruturais e de salubridade, predispondo a 
proliferação ou agravamento de diversas doenças infectocontagiosas, traumas, 
doenças crônico-degenerativas, além de transtornos mentais. Em algumas 
instituições as celas são improvisadas como enfermarias, dispondo de poucos 
equipamentos e profissionais qualificados. A carência de escolta policial dificulta que 
as presidiárias sejam levadas para tratamentos de saúde nos hospitais de 
referência. Há falta contínua de medicamentos e os tratamentos para diversas 
doenças acabam se reduzindo à prescrição de analgésicos para alívio dos sintomas. 
Praticamente inexiste o pré-natal e os programas voltados à prevenção dos 
cânceres de colo de útero e de mamas. (Gustin EC. Mulher e saúde na prisão: a 
realidade nacional) 
 Essas situações, que afetam quase todas as mulheres em sistema prisional, 
ficam ainda mais graves quando elas se encontram grávidas, tendo em vista a maior 
fragilidade física e emocional própria deste período. (Centro pela Justiça e pelo 
Direito Internacional, Associação Juízes para a Democracia, Instituto Terra, Trabalho 
e Cidadania, Pastoral Carcerária Nacional/CNBB, Instituto de Defesa do Direito de 
Defesa, Centro Dandara de Promotoras Legais Popular, et al. Relatório sobre as 
mulheres encarceradas no Brasil) 
 
18 
 
 
2.3. CUMPRIMENTO DA PENA E PARTICULARIDADES FEMININAS 
 
Segundo a autora Santa Rita (2007) o termo presídio já tem embutido a ideia 
de que é espaço dos homens, contribuindo de forma negativa para a criação e 
instalação de unidades penais, e de políticas públicas específicas para as mulheres 
presas. A organização prisional e a legislação penal não se atentaram ainda para as 
reais necessidades das detentas. 
 
[...] a mulher quando inserida no contexto de privação de liberdade 
apresenta uma série de particularidades que se relacionam às suas próprias 
condições biogenéticas: o “ser mãe”; o período de gestação; a fase de 
lactação, a separação dos filhos que nasceram em ambiente intramuros e 
extra-muros, para citar algumas (SANTA RITA, 2007, Mães e crianças 
atrás das grades, p.75). 
 
O que se tem, geralmente, é uma improvisação do espaço prisional (criado 
para homens) para receber o contingente feminino. Raros são os edifícios 
construídos com esse objetivo próprio, geralmente são prédios improvisados, 
antigos conventos, escolas e hospitais. Quando são criadas unidades penais 
femininas, a construção ocorre nos moldes masculinos, não atendendo as 
especificidades femininas que são bem diferentes das masculinas. 
 
Entende-se que uma pessoa presa só perde o direito à liberdade. Todos os 
outros, como o direito à saúde, defesa, assistência social e trabalho, deveriam ser 
garantidos pelo Estado. Não é o que acontece nos presídios femininos, as detentas 
são privadas de tudo. (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, Jun/2013) 
À preparação para a soltura das mulheres apresentam peculiaridades e 
diferenças significativas. Este fato se dá em vista da gama diversificada de 
dificuldades como a reinserção em suas comunidades de origem ou mesmo em 
outras, obtenção de trabalho devido à qualificação profissional deficiente, estigma de 
‘ex-presidiária’, a aceitação dos próprios familiares que muitas vezes preferem 
ignorar a existência de um integrante do núcleo que já esteve internado em uma 
unidade prisional, sendo de suma importância seu acesso à capacitação para o 
trabalho em alguma área produtiva, o que facilitará a ela o autossustento. (COYLE, 
2002) 
Mesmo frente ao conhecimento de que as mulheres encarceradas necessitam 
de um atendimento à sua saúde diferenciado daquele prestado aos homens, uma 
19 
 
estrutura médica específica não foi identificadana maioria dos estabelecimentos 
pesquisados pelo Ministério da Justiça no ano de 2008. Tendo sido informado por 
todos os estabelecimentos que o acompanhamento pré-natal para as presas 
gestantes ocorria através do Sistema Único de Saúde (SUS), assim como os 
exames preventivos do câncer de colo uterino e de mamas (BRASIL, 2008b) 
 
 
20 
 
3. O PERFIL DAS MULHERES PRIVADAS DE LIBERDADE NO BRASIL 
 
 Os dados mais recentes do Ministério da Justiça, de 2013, mostram que o 
perfil da maioria das presas é de baixo nível de escolaridade (67% não completaram 
o ensino médio), jovem (18 a 34 é a faixa etária mais comum), afrodescendente 
(54% identificam-se como negras ou pardas), solteira, família para cuidar, gestação 
em condições precárias, a maioria têm filho, são as responsáveis pela provisão do 
sustento familiar, são oriundas de extratos sociais desfavorecidos economicamente 
e exerciam atividades de trabalho informal em período anterior ao aprisionamento 
O Infopen (2014) constata que a grande maioria 63%, está encarcerada por 
crimes relacionados ao tráfico de entorpecentes. Na prática, o rico é enquadrado 
como usuário e o pobre como traficante. Apesar da lei não prever a prisão do 
usuário, essa diferenciação não depende da quantidade de droga encontrada com o 
acusado no momento do flagrante, e sim da presunção dos agentes de segurança 
pública ( policiais, delegados, promotores e juízes). Segundo o juiz José Henrique 
Rodrigues Torres, “Todo o nosso sistema criminal é seletivo e acarreta uma 
exclusão social” e acrescenta “É um formato de controle social que acaba 
penalizando e criminalizando a pobreza”. (O Projeto Tecer Justiça) 
Nada obstante a vultosa estimativa de mulheres encarceradas, sobretudo no 
Brasil, tem-se como pressuposto que dentre as principais razões para seu 
recolhimento intramuros, em boa parte dos casos concretos, reside no fato de que o 
público feminino tende a perpetuar a traficância já exercida por seus maridos, 
companheiros ou filhos; por vezes assumindo seus “lugares” na mercancia de 
tóxicos quando estes são presos. Também, o auxílio das mulheres a tais familiares 
por vezes consiste em assumir, por eles, a responsabilidade pela prática criminal 
(RODRIGUES et al, 2012). 
 
 
3.1. POR QUE TRANSGRIDEM? 
 
O crime é um fato inevitável, em todos os lugares, em todas as épocas, os 
homens fogem ao padrão de conduta permitido, estabelecido pelas leis vigentes. 
Assim, um criminoso, tanto pode ser um homem como uma mulher, um sábio ou um 
analfabeto, um pobre ou um rico. 
21 
 
Ante esta realidade estudiosos já buscaram todas as formas de compreender as 
causas dos crimes. Já se imputou, como motivação da criminalidade, a 
hereditariedade, ambiente, estigmas, taras psíquicas, animismo, fatores 
sociais. Assim criaram-se escolas apontando causas biológicas, econômicas, 
sociais, culturais, familiares, raciais, todas com o firme propósito de entender os 
fatores determinantes da delinquência. Para Freud, o crime feminino representaria 
uma rebelião contra o natural papel biológico da mulher, representando um 
complexo de masculinidade (LEMGRUBER, 1983 pg. 12) 
Os ciclos produtivos da mulher, influem, de certo, em seu envolvimento em 
práticas delituosas. O período menstrual provoca, com certa freqüência, alterações 
de humor, e, portanto, anomalia de conduta. O estado puerperal, também, altera o 
comportamento feminino, levando-a até mesmo ao infanticídio, quando a mãe, logo 
após o parto, sob ação de um possível estado de perturbação mental, mata a 
criança que acabara de gerar. Ainda, a menopausa é capaz de alterar o 
comportamento feminino levando-a à delinqüência. (BARATA, 2002) 
Segundo Maruza Bastos de Oliveira (1997) é inegável a existência de delitos 
predominantemente femininos, mas não é possível caracterizar uma delinquência 
exclusivamente feminina, como defendem vários autores, uma vez que até mesmo o 
infanticídio e o aborto, crimes considerados tipicamente femininos, podem ser 
praticados por homens. 
As condições de vida de mulheres encarceradas no Brasil indicou a 
prevalência de condenações diretas ou indiretas devido ao tráfico de drogas, sendo 
que o envolvimento com este universo implicou na participação de várias mulheres 
em delitos graves, podendo ser citados como exemplos: formação de quadrilha, 
homicídio, infanticídio, lesão corporal, roubo, latrocínio, sequestro, extorsão, dentre 
outros (MAKKI; SANTOS, 2009). 
Nos delitos femininos não se pode ignorar o elemento masculino, mais ou 
menos aparente, como fator determinante da prática delituosa. Zéia Pinho de 
Rezende (1976) em seu estudo sobre a situação da mulher detenta, conclui que esta 
quando comete um crime de maior gravidade, quase sempre, o comete induzida 
pelo homem. Assim pode-se dizer que o ciúme, o amor e a vingança são fatores 
determinantes da delinquência feminina. (REZENDE, 1976) 
22 
 
3.2. O DIREITO À SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA DAS MULHERES E A 
MATERNIDADE 
 
A visita íntima foi regulamentada às mulheres pela primeira vez em 1999. No 
Estado de São Paulo, o direito à livre disposição da própria sexualidade da mulher 
encarcerada só foi reconhecido em dezembro de 2001. 
Ignora-se que a atividade sexual é elementar e instintiva. Sendo assim, é 
impossível seu controle por meio da reclusão. É contraditório buscar a 
ressocialização da encarcerada, ao mesmo tempo em que se ignora a questão 
sexual, acreditando que esta não merece atenção especial. Ao ser reprimido o 
instinto sexual, não se contraria apenas as leis da natureza, mas também a vontade 
do indivíduo (BITENCOURT, 2004, p. 202-203). A abstinência sexual imposta pode 
gerar problemas psicológicos, favorecendo condutas inadequadas, deformando a 
auto-imagem do recluso, destruindo sua vida conjugal e induzindo a desvio de 
comportamento, segundo a orientação sexual original, forçadamente, e muitas vezes 
com graves seqüelas psicológicas. 
Neste sentido, é a liça de Bitencourt: 
A imposição da abstinência sexual contraria a finalidade ressocializadora da 
pena privativa de liberdade, já que é impossível pretender a readaptação 
social da pessoa e, ao mesmo tempo, reprimir uma de suas expressões 
mais valiosas. Por outro lado, viola-se um princípio fundamental do direito 
penal: a personalidade da pena, visto que, quando se priva o recluso de 
suas relações sexuais normais, castiga-se também o cônjuge inocente 
(BITENCOURT, 2004, p. 220). 
No exercício da cidadania, a saúde é relevante para a sociedade porque diz 
respeito à qualidade de vida de todo cidadão. Como valor a ser protegido pelo 
ordenamento jurídico brasileiro, o direito à saúde se insere dentro de uma complexa 
realidade social, sendo classificado como individual-social, subjetivo, fundamental, 
transindividual e de segunda, terceira e quarta gerações. 
Laframboise (1873) define que a concreção da saúde passa pelos seguintes 
fatores: ambiente, biologia humana, estilo de vida e organização de atenção à 
saúde. Conceitualmente, saúde não implica ausência de doença, mas ao completo 
bem-estar físico, mental e social. (HUMENHUK, Hewerstton. “O Direito à Saúde no 
Brasil e a Teoria dos Direitos Fundamentais.) 
A Lei nº. 8.080/90, conhecida com Lei Orgânica da Saúde, ratificou a concepção 
de saúde disposta na Declaração dos Direitos do Homem ao dispor: 
Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do 
País, tendo a saúde como determinantes e condicionantes, entre outros, a 
23 
 
alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, 
a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos 
bens e serviços essenciais. 
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força 
do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à 
coletividade condições de bem-estar físico, mental e social. (PLANALTO) 
 
Sob o olhar feminino, as mulheres,casadas ou solteiras, com filhos ou sem, 
grávidas ou não, têm o seu direito aos cuidados médicos, a fim de prevenir, detectar 
precocemente, tratar e/ou reabilitar de qualquer problema de saúde aos quais 
estejam expostas ou que com eles possam concorrer de modo direto ou indireto. 
No contexto da saúde das mulheres, a Lei n º. 9.263, de 12 de janeiro de 1996, 
estatui sobre o planejamento familiar, no que diz respeito ao direito da família 
escolher ter ou não ter filhos, o número desejado, quando tê-los, o direito à 
assistência para a concepção e contracepção, através de métodos e técnicas 
cientificamente aceitas, as quais não colocam em risco a vida e a saúde das 
pessoas, como o uso de pílulas, preservativos masculinos e femininos, cirurgia de 
ligadura de trompas e vasectomia. A lei proíbe a indução à esterilização em massa 
ou que se façam campanhas direcionadas à esterilização de determinadas raças ou 
etnias. (Comissão da Mulher Advogada e Caixa dos Advogados de Mato Grosso, 
Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Mato Grosso. Cartilha da Saúde da 
Mulher. Mato Grosso, 2009.) 
Sobre a disparidade do direito sexual para homens e mulheres presas, 
Buglione: 
 
No caso das mulheres presas percebe-se um protecionismo discriminatório 
quando se trata da sexualidade feminina, refletindo a expectativa social do 
devido comportamento da mulher. A mulher presa é desestimulada em sua 
vida sexual face a burocratização para o acesso à visita conjugal. A 
importância e atenção dirigida à reprodução, e por consequência à 
sexualidade e à moral feminina, são resultados de todo um processo 
histórico que tem na família, não apenas a raiz social, mas o meio 
naturalmente legal de transmissão da propriedade e dos bens (BUGLIONE, 
Samantha. A mulher enquanto metáfora do Direito Penal.) 
 
A privação sexual tem sido imposta às mulheres presas de maneira mais 
contundente e inflexível que para os homens presos. Na realidade, poucas unidades 
prisionais admitem a visita íntima, talvez para evitar gravidez das mulheres, o que 
representa encargos adicionais ao trabalho dos servidores penitenciários e 
necessidade de adequações estruturais e administrativas junto a esses 
estabelecimentos. 
24 
 
Segundo relata Nana Queiroz, no sistema feminino, a relação da mulher com 
o sexo é tabu. As mulheres que sentem essa necessidade são, silenciosamente, 
consideradas menos dignas. Há também o problema prático da gravidez. Os 
diretores de penitenciárias não querem arcar com os gastos extras representados 
por uma gestação. As visitas íntimas às detentas eram permitidas somente as que 
tomassem injeções anticoncepcionais. Porém, essa não é uma decisão que caiba ao 
poder público e sim à mulher, que é dona de seu corpo mesmo enquanto cumpre 
pena. 
As poucas penitenciárias que permitem os encontros íntimos das detentas 
com seus cônjuges (e é importante dizer que o Estado só entende como cônjuge um 
homem, logo lésbicas perdem esse direito completamente) enfrentam ainda o 
problema do abandono. As dificuldades impostas ao relacionamento são tantas que, 
quando as portas são abertas, são poucos os homens que resistiram e 
permaneceram fiéis à suas parceiras encarceradas. (QUEIROZ, Nana Presos que 
Menstruam) 
Na atualidade, considera-se que a privação de relações sexuais corresponde 
a um tratamento cruel dentro das prisões, representando uma punição excessiva e 
sem justificação legal (BITENCOURT, 2004, p. 219). Todavia, quando a maioria dos 
autores tratam da visita íntima, simplesmente fecham os olhos para a mulher em 
condição de encarceramento. 
 Ainda há grande dificuldade para reconhecer o direito da mulher sobre o 
próprio corpo, seus direitos sexuais e reprodutivos na sociedade em geral. A 
dificuldade é ainda mais grave para as presas (LIMA, 2006, p. 15). Permitir a visita 
íntima significaria conceder liberdade feminina numa sociedade ainda patriarcal e 
sexista, na qual, embora seja garantida constitucionalmente a igualdade entre os 
sexos, ainda se constata a discriminação das mulheres no quotidiano. (SANTOS 
et.al., on-line). 
É evidente o protecionismo discriminatório existente ao tratar da sexualidade 
feminina. A mulher encarcerada é desestimulada em sua vida sexual pela 
burocratização do acesso à visita íntima, havendo ainda que se considerar que o 
sistema punitivo brasileiro não possui uma coerência na execução da pena, fazendo 
com que os presidiários tenham de se adaptar às ideologias dos novos diretores, 
(BUGLIONE, 2000) 
 
25 
 
...muitas vezes, a discriminação vem das próprias encarceradas, pois a 
mulher se sente humilhada por manifestar o desejo de ter ‘desejo’, quando 
vai para a visita íntima. Neste caso, o delito é o desejo. E, sendo assim, ela 
é julgada e condenada. Nesse tribunal, as participantes são as próprias 
mulheres, sejam as que se encontram nas mesmas condições, isto é, 
presas, sejam as ‘outras’, isto é, mulheres trabalhadoras da instituição 
(LIMA, 2006, p. 79). 
 
O discurso proclamado pelas autoridades e funcionários das instituições 
penitenciárias para justificar a desigualdade entre homens e mulheres, no tocante à 
visita íntima, tem como base argumentos de que a mulher engravida, tem 
necessidades sexuais diferentes das masculinas e, portanto, não necessitaria de 
relações sexuais (LIMA, 2006, p.11-12). 
Ao comparar as visitas íntimas nos presídios femininos e masculinos torna-se 
evidente a discrepância no que diz respeito à autorização de visita para os que não 
são casados legalmente. Lima (2006, p.57), em pesquisa realizada na Penitenciária 
Feminina da Capital de São Paulo, ressalta a ausência de equidade em relação aos 
presos, uma vez que para que elas inscrevam seus companheiros para realização 
da visita íntima é necessário ter comprovada a vida conjugal. Tal critério acaba por 
discriminar a maioria delas. 
 
...a interpretação da opção ou não pela visita íntima passa, num primeiro 
momento, pela desigualdade de gênero, que se reproduz intra-gênero, 
tornando as mulheres não somente diferentes dos homens, mas desiguais 
em relação a eles e às outras mulheres, pelo valor social atribuído à 
instituição do casamento ou laços de conjugalidade. Assim, são submetidas, 
na condição de mulheres presas, a uma norma que vincula sua sexualidade 
ao casamento ou laços comprovados de conjugalidade com o parceiro, o 
que pode excluir as mulheres que, mesmo possuindo companheiros e/ou 
namorados, não podem usufruir desse direito (LIMA, 2006, p. 57). 
 
Foi observado por Buglione (2000), nos presídios de Porto Alegre, que, na 
prisão masculina, basta que a companheira declare por escrito sua condição para 
que o recluso receba visitas intimas até oito vezes ao mês. Mas, para que a 
apenada tenha direito à visita do parceiro, este deve comparecer a todas as visitas 
familiares semanais, sem possibilidade de relação sexual, durante quatro meses 
seguidos e ininterruptos. Feito isso, a concessão à visita íntima ainda dependerá do 
aval do diretor do presídio para que aconteça, no máximo, duas vezes ao mês. 
Durante a permanência nas prisões, devido a dependência e solidão afetiva, 
muitas mulheres tornam-se homossexuais circunstanciais. Há um rompimento com 
26 
 
seu instinto sexual, segundo Buglione (2000). Como muitas mulheres não podem se 
relacionar com seus namorados ou parceiros, acabam se relacionando com quem 
está acessível, a exemplo do que também ocorre em outras instituições totais. 
Por outro lado, existe uma parcela de presidiárias homossexuais que têm 
companheiras extramuros, mas não podem receber a visita íntima, pois esta não é 
permitida para parceiras do mesmo sexo, representando outra discriminação 
pautada pela orientação sexual, o que, em síntese, representa outra forma de 
homofobia. 
 
 
3.3. ENCARCERAMENTO E MATERNIDADE 
 
A frequência de mulheres grávidas no Brasil apresentou-se regular no 
universo prisional, sendo exemplo o períodocompreendido entre os meses de 
fevereiro e março de 2008, no qual havia 1,24% de mulheres encarceradas grávidas, 
sendo que neste mesmo lapso de tempo existia 0,91% de mulheres presas 
amamentando seus filhos e 1,04% do total desta população possuía filhos em sua 
companhia, com tempo de permanência deste contato, variando entre quatro meses 
e sete anos de idade. As mães podiam ficar durante o período integral com seus 
filhos, em 81,25% dos casos, sendo que em 12,50% deles, elas permaneciam no 
local durante o dia e retornavam para as celas no período noturno junto com seus 
filhos; e 6,25% delas permanecia no local durante o dia, com retorno à noite para as 
celas, sem a companhia de seus filhos (BRASIL, 2008b). 
 
A defesa de garantia de direitos à mulher e para seus filhos em período de 
amamentação fundamenta-se na premissa de que existem fatores 
relacionados à saúde de ambos neste contexto, cabendo ao Estado, no 
desempenho da custódia da mulher encarcerada fundamentar suas ações 
no “[...] princípio de proteção integral, pelo qual [...] deve assegurar, com 
absoluta prioridade: o direito à vida, à saúde e à dignidade” (BRASIL, 
2008a, p. 84) 
 
Não existe uma regulamentação federal sobre a permanência de crianças no 
interior das creches. Percebe-se que, em aproximadamente 80% das unidades 
brasileiras, tal dispositivo se encontra apenas na alçada da própria Secretaria 
Estadual que tem gestão no sistema penitenciário, ausência de um corpo de 
27 
 
profissionais com capacitação especializada para acompanhamento de crianças na 
primeira infância. 
Analisando as representações sociais no universo prisional feminino, Frinhani e 
Souza (2005) informaram sobre diversas referências de internas acerca de 
mudanças drásticas nas relações familiares, causadas pela inserção nestes 
ambientes, com consequências materiais, como o roubo dos objetos de suas casas 
e a dependência de filhos menores em relação a familiares, com significativa 
incidência do aumento de responsabilidade dos filhos mais velhos, no que dizia 
respeito aos cuidados com os irmãos mais novos. Além disso, ao mesmo tempo em 
que estas mulheres procuravam pelo estabelecimento de relação próxima junto aos 
seus familiares, mencionavam as dificuldades que percebiam para que 
conseguissem reatar este relacionamento após o cumprimento da pena. 
Poucas possibilidades das estruturas físicas e humanas induzirem a um 
ambiente que contribua para o desenvolvimento harmonioso da criança em idade da 
primeira infância. A fase da primeira infância que corresponde ao período de 0 a 6 
anos é a mais importante na formação da personalidade do ser humano. Sendo 
assim, o ambiente deverá apresentar um planejamento ordenado que proporcione o 
desenvolvimento das capacidades sociais, físicas, cognitivas, psicológicas, entre 
outras que influenciam diretamente na construção do ser humano como um todo. 
(PIAGET, 1971) 
Devido às condições nocivas das penitenciárias e delegacias, algumas mães 
não conseguem ficar com o bebê durante os seis meses para o aleitamento 
materno. Sem opção as mães quando há a possibilidade entregam a 
familiares/parentes da presa ou mandam para instituições. As crianças nascidas nas 
prisões são o mais forte argumento dos defensores dos direitos das detentas, 
principalmente tocante para aqueles que crêem que criminosas não merecem 
condições mínimas de direitos humanos. Isso porque há inocentes que também 
pagam essa pena (o mais inocentes que uma pessoa pode ser): os recém-nascidos. 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010) 
Os artigos 317 e 318 do Código de Processo Penal sofreram modificações 
significativas com o advento da Lei de Medidas Cautelares (LEI Nº 12.403, DE 4 DE 
MAIO DE 2011), permitindo o juiz caso entenda necessário, poderá substituir prisão 
preventiva pela domiciliar, em alguns casos como a gravidez de alto risco ou a partir 
do sétimo mês, as gestantes permaneçam em prisão domiciliar; o mesmo se aplica a 
28 
 
mulheres que sejam imprescindíveis no cuidado de crianças com menos de seis 
anos, ou que estejam em gravidez de alto risco, ou ainda que sejam acometidas de 
doença grave. 
 
Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou 
acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização 
judicial. 
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando 
o agente for: 
(...) 
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) 
anos de idade ou com deficiência; 
IV - gestante a partir do 7o (sétimo) mês de gravidez ou sendo esta de alto 
risco. 
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos 
requisitos estabelecidos neste artigo. (PLANALTO) 
 
Conforme Nucci (2011, p. 76), tais artigos introduziram uma novidade no 
âmbito do processo penal, a prisão domiciliar cautelar: 
 
O substituto introduz uma novidade em matéria processual penal, 
consistente na prisão domiciliar, para fins cautelares. Essa modalidade de 
prisão somente era conhecida, em nosso sistema, em duas situações: a) 
não havendo local adequado para o cumprimento de prisão especial, nas 
hipóteses previstas pelo art. 295 do CPP, segue-se o disposto na Lei 
5.256/67, instalando-se o detido em prisão domiciliar; b) em caso de 
condenação em regime aberto, conforme a condição pessoal do 
sentenciado, pode cumprir em prisão domiciliar, nos termos do art. 117 da 
Lei de Execução Penal. (NUCCI, 2011) 
 
A lei no entanto é pouco aplicada segundo Sônia Drigo (2012): “Vá à 
penitenciária e veja quantas gestantes de mais de sete meses estão lá; e, quando 
você conversa com elas, descobre que muitas têm filhos bem pequenos — ou seja, 
a lei não é respeitada.” (TECER JUSTIÇA, 2012) 
 
29 
 
4. TRATAMENTO DAS MULHERES ENCARCERADAS SOB A PERSPECTIVA DE 
GÊNERO E DIREITOS HUMANOS 
 
Atualmente esta em vigência no Brasil a Constituição de 1988 que é a norma 
suprema do ordenamento jurídico dentro de nosso país, o qual resguarda os direitos 
fundamentais de cada indivíduo, sendo tais direitos o núcleo da proteção da 
dignidade da pessoa humana. (MENDES, 2009) 
Considerada a proteção da dignidade humana como um dos pilares do 
Estado Democrático de Direito e do ordenamento jurídico, uma vez que inerente a 
todo e qualquer ser humano, embora possua um conceito em constante mudança, 
Sarlet (2011, p. 73) propõe o seguinte conceito: 
 
Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva 
reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito 
e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste 
sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a 
pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, 
como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para 
umavida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e 
coresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão 
com os demais seres humanos, mediante o devido respeito aos demais 
seres que integram a rede da vida. (SARLET, 2011, pg. 73) 
 
O Estado tem a responsabilidade de prestar várias formas de assistências 
uma delas esta prevista no art. 6º da Constituição Federal”Art. 6º São direitos sociais 
a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência 
aos desamparados, na forma desta Constituição.” (PLANALTO) à pessoa presa, 
pode exercer os direitos fundamentais que são inerentes à pessoa humana. Sendo 
assim, a gestão penitenciária não pode confundir a privação da liberdade com a 
exclusão de outros direitos e garantias a que faz jus o ser humano. 
A discussão acerca do gênero teve como fonte teorias feminista que se 
desenvolveram no campo das ciências sociais. Essas teorias buscavam desmistificar 
a ideia de que as diferenças biológicas determinavam ospapeis desenvolvidos por 
homens e mulheres. Acreditava-se, até então, que os comportamentos, valores e 
tarefas dos sujeitos em sociedade eram pré-determinados e inerentes ao seu sexo 
biológico. (MIYAMOTO, 2012) 
30 
 
No Brasil, várias entidades estão envolvidas com as questões relacionadas às 
mulheres encarceradas. As violações contra os direitos das mulheres custodiadas 
pelo Estado brasileiro indica o desrespeito, aos tratados e às convenções 
internacionais pertinentes aos Direitos Humanos, à Constituição Federal e à Lei de 
Execução Penal (Lei nº 7.210 de 1984). Poucas nações possuem uma legislação 
como a Lei de Execução Penal (LEP), que dispõe sobre os direitos de pessoas 
privadas de liberdade, tais como saúde, educação, assistência social, exercício do 
trabalho e de atividades intelectuais. No caso de mulheres em gestação, reclusão 
em estabelecimento compatível e direito à amamentação, dentre outros, ao mesmo 
tempo em que dispõe sobre a obrigação do Estado em propiciar as condições 
materiais necessárias para a execução desses direitos. (ASBRAD) 
Segundo Nana Queiroz em 2012, durante a Revisão Periódica Universal do 
Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, o Brasil foi repreendido por 
desrespeitar os direitos humanos em seu sistema carcerário, especialmente por 
ignorar questões de gênero. É internacionalmente reconhecido que o sistema 
penitenciário feminino brasileiro é inadequado. É até mesmo difícil dizer exatamente 
quantos locais abrigam detentas no Brasil hoje, já que muitas delas são mantidas 
em delegacias de polícia e carceragens superlotadas e com estrutura inadequada 
Brasil afora. Em dezembro de 2012, porém, um levantamento do Ministério da 
Justiça apontou que existiam 53 penitenciárias, 4 colônias agrícolas, 7 casas de 
albergados, 9 cadeias públicas e 5 hospitais de custódia (para presas com 
problemas mentais) no país. (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA) 
Os mais importantes instrumentos internacionais e regionais comprometendo 
o Brasil claramente afirmam que os direitos humanos se estendem às pessoas que 
estão encarceradas. O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, a 
Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou 
Degradantes, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, todos ratificados 
pelo Brasil, proíbem a tortura, tratamentos ou punições cruéis, desumanos ou 
degradantes, sem exceção ou derrogação. Tanto o Pacto Internacional sobre Diretos 
Civis e Políticos quanto a Convenção Americana requerem que "a reforma e 
readaptação social dos condenados" é a "finalidade essencial" do encarceramento 
Eles também determinam que "toda pessoa privada de liberdade deve ser tratada 
com respeito devido à dignidade inerente ao ser humano". 
 
31 
 
4.1. TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE DISCRIMINAÇÃO DE GÊNERO: 
CEDAW, BELÉM DO PARÁ 
 
Na Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência 
contra a Mulher, realizada no ano de 1994, na cidade brasileira de Belém do Pará, 
foi reconhecida a condição específica de vulnerabilidade a que estão submetidas as 
mulheres privadas de liberdade, tendo sido determinado aos Estados, a atenção e a 
consideração necessárias à melhoria dessa situação. No entanto, estudos 
realizados acerca dessa realidade nos presídios do País, indicaram que o Estado 
brasileiro estava negligenciando estas recomendações (RELATÓRIO..., 2007). 
A legislação nacional possibilita o aproveitamento de pessoas encarceradas 
que tenham alcançado o Ensino Médio e Superior para o auxílio na capacitação 
educacional de outros indivíduos também privados de liberdade. Experiência 
relatada por Carreira e Carneiro (2009) a partir de pesquisa em unidade prisional 
feminina evidenciou as dificuldades pertinentes a implantação de estratégias desta 
natureza. 
O Brasil concentra a quinta maior população carcerária feminina do mundo, 
com 37.380, atrás dos Estados Unidos (205.400), China (103.766), Rússia (53.304) 
e Tailândia (44.751). De 2000 a 2014 o aumento do número de presas no país foi de 
567,4%, enquanto a média de crescimento masculino, no mesmo período, foi de 
220,2%. No total, são 579.781 presos em unidades prisionais brasileiras. 
 
 
4.2. OBSERVAÇÕES DE ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 
 
A Constituição de 1988 contém garantias explícitas para proteção da 
população encarcerada, entre essas o inciso onde "é assegurado aos presos o 
respeito à integridade física e moral. Os princípios e normas inerentes à dignidade 
humana têm sido integrados ao sistema de gestão prisional, através da adesão e 
ratificação de instrumentos internacionais, cujas características principais podem ser 
assim descritas, segundo o Ministério da Justiça (2009). 
As Regras Mínimas para o Tratamento dos Presos da ONU, da qual o Brasil é 
32 
 
signatário, prevêem que o tratamento das pessoas sujeitas a uma pena privativa de 
liberdade deve ter por objeto a promoção do seu desenvolvimento, do respeito 
próprio e do sentido de responsabilidade. A Regra 23-1 menciona que “nos 
estabelecimentos para as mulheres deve existir instalações especiais para o 
tratamento das presas grávidas, das que tenham acabado de dar a luz (...)”. No art. 
11 das Regras Mínimas para o tratamento do Preso no Brasil fica explícito que aos 
menores de 0 a 6 anos, filhos de presos, será garantido o atendimento em creche e 
pré-escola. 
Segundo Leal (2001), dentro de uma perspectiva crítica da pena de prisão, 
menciona que embora haja diversos tratados internacionais de humanização do 
cárcere, um dos grandes desafios do penitenciarismo atual é a compatibilização da 
prática penitenciária com as leis ou os regulamentos disciplinadores da execução 
penal, as constituições e os documentos internacionais, em que se elencam os 
direitos do preso. 
 
O exame das conclusões dos diferentes congressos internacionais sobre 
temas penitenciários, realizados a partir de 1846, bem como das Regras 
Mínimas da ONU, do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, da 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos e da Convenção sobre a 
Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou 
Degradantes, evidencia a preocupação de oferecer ao recluso, seja 
condenado ou provisório, um tratamento assentado no máximo respeito à 
sua integridade física e moral, com a preservação daqueles direitos não 
atingidos pela sentença ou outra decisão judicial e tendo entre suas metas, 
reduzir os efeitos da prisonização (ou prisionalização) e prepará-lo para o 
retorno útil ao convívio social (LEAL, 2001, p. 53). 
 
As Regras Mínimas para o Tratamento do Preso no Brasil, que data de 1994, 
este é um documento, ainda mais obviamente, de aspirações.Consistindo-se de 
sessenta e cinco artigos, as regras abrangem tópicos tais como classificação, 
alimentação, assistência médica, disciplina, contato dos presos com o mundo 
exterior, educação, trabalho e direito ao voto. As regras basearam-se amplamente 
no modelo nas Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros das Nações 
Unidas e foram oficialmente descritas como um "guia essencial para aqueles que 
militam na administração de prisões" 
Pela característica fronteiriça, o Paraná se destaca por abrigar o segundo 
maior número de presas estrangeiras no país. Conforme o relatório do Depen, eram 
61 no período - a maioria abrigadas em Foz do Iguaçu, atrás apenas de São Paulo, 
com outras 419 detentas. A localização repete o quadro no Mato Grosso do Sul, com 
33 
 
mais 51 presas, terceiro estado com o maior número de estrangeiras. Em todo o 
país, a maioria é boliviana e paraguaia, quase todas presas por tráfico internacional 
de drogas (Depen) 
Este fenômeno que faz com que o tráfico de drogas atinja de forma mais 
robusta as mulheres em termos de aprisionamento, no entanto, parece que não se 
restringir ao Brasil. A guerra e o combate às drogas em outros países reproduziu, 
igualmente, a situação verificadaem nosso país: Argentina, Bolívia, Colômbia, 
Equador, Peru e Uruguai são exemplos de nações em que grande número de 
mulheres, assim como estrangeiros, são presos por crimes relacionados às drogas. 
(MONTENEGRO, 2011). 
 A Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, institui a Lei de Execução Penal, que 
detalha os direitos e os deveres de internos de instituições de segurança pública 
brasileira (BRASIL, 1984). No art. 1º, estabelece que a execução penal deverá 
proporcionar uma “harmônica integração social do condenado e do internado”. O 
Estado, nesse ordenamento jurídico, tem a responsabilidade de prestar várias 
formas de assistência ao detento, uma vez que, sob a tutela estatal, o apenado não 
consegue exercer os outros direitos fundamentais que são inerentes à pessoa 
humana. 
De acordo com o Capez (2011) A Lei de Execução Penal reforça a garantia 
de respeito a todos os direitos do detento que não lhes foram retirados pela pena ou 
pela lei. 
 
a) Art. 12: concernente à assistência material, garante ao preso e ao 
internado o fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas. 
Enquanto o subsequente afirma que o estabelecimento disporá de 
instalações e serviços que atendam aos presos nas suas necessidades 
pessoais, além de locais destinados à venda de produtos e objetos 
permitidos e não fornecidos pela administração prisional; 
b) Artigos 17, 18, 19, 20 e 21: garantem instrução escolar e formação 
profissional à pessoa cumprindo pena privativa de liberdade, sendo o 
Ensino Fundamental obrigatório, integrado ao sistema escolar da Unidade 
Federativa; 18 
c) Art. 19: refere-se ao ensino profissional nos níveis de iniciação ou de 
aperfeiçoamento técnico, contendo parágrafo único referente à mulher 
condenada, que terá ensino profissional adequado à sua condição, sendo 
que o artigo subsequente estabelece que as atividades educacionais têm 
possibilidade de se tornarem objeto de convênio com entidades públicas ou 
particulares, que instalem escolas ou ofereçam cursos especializados; 
d) Art. 21: refere-se às condições locais das unidades, as quais deverão 
possuir uma biblioteca, para uso de todas as categorias de reclusos, provida 
de livros instrutivos, recreativos e didáticos; 
e) Artigos 22 e 23: referem-se à assistência social, cujas funções, dentre 
outras atividades, relacionam-se com relatos ao Administrador prisional 
34 
 
sobre problemas enfrentados pelo assistido e o acompanhamento do 
resultado das permissões de saídas permanentes e temporárias; assim 
como, orientações pessoais ao assistido, principalmente na fase final do 
cumprimento da pena, visando o seu retorno à liberdade. 
No terceiro capítulo da Lei de Execução Penal encontra-se estabelecido o 
direito de trabalho para o detento, enquanto dever social e condição de 
dignidade humana, sendo que a atividade prescindirá de finalidade 
educativa e produtiva. Embora no Art. 28 esteja estabelecido que o trabalho 
do indivíduo sob a custódia do Estado não se encontre sujeito ao regime da 
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), alguns direitos são garantidos a 
esse grupo, como remuneração, mediante tabela prévia, não inferior a três 
quartos do salário mínimo (BRASIL, 1984). 
O Art. 32 da Lei nº 7.210 estabelece, sobre o trabalho interno, que esta 
atribuição deverá levar em conta a habilitação, a condição pessoal e as 
necessidades futuras do preso, bem como as oportunidades oferecidas pelo 
mercado, enquanto o seguinte relaciona-se com a jornada normal de 
trabalho, a qual prescindirá ultrapassar ou totalizar seis horas, não 
ultrapassando oito horas e possibilitando repouso nos domingos e feriados 
(CAPEZ, 2011). 
 
O preso pode reclamar sobre violação aos direitos e pedir proteção. Todos os 
direitos do preso podem ser reclamados para o próprio diretor do Presídio, pois todo 
preso tem direito a audiência, ou seja, de conversar com o diretor para expor seus 
problemas. 
Segundo a Lei de Execução Penal, o trabalho consiste no principal fator de 
reintegração social porque possui finalidade educativa e produtiva, representando 
um dever social e qualidade da dignidade humana. Este contexto, por sua vez, 
estabelece a ocorrência da reintegração social a partir da premissa de que o 
trabalho representa um processo terapêutico e necessário à preparação do indivíduo 
para a liberdade (OLIVEIRA; PAULA, 2013). 
Sendo, assim, a gestão penitenciária não pode confundir a privação da 
liberdade com a exclusão de outros direitos e garantias a que faz jus ao ser humano. 
No que se refere à prestação de atividades intramuros, o art. 83 da Lei de 
Execução Penal, ao citar as dependências destinadas à assistência 
educacional, laborativa, esportiva e de lazer nos estabelecimentos penais, especifica 
que aqueles destinados às mulheres serão dotados de estrutura de berçário, a fim 
de que as condenadas possam amamentar seus filhos. Tal menção legal foi produto 
da Lei 9.046 de 18 de maio de 1995, onze anos após a promulgação da Lei de 
Execução Penal, fazendo cumprir o art. 5 L da CF o qual estabelece que “às 
presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus 
filhos durante o período de amamentação”. 
 
35 
 
4.3. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E LEI DE DIRETRIZES 
BÁSICAS DA EDUCAÇÃO 
 
Em 10 de outubro de 1979, foi instituído o Novo Código de Menores que, 
ainda desprovido de caráter universal, trouxe a doutrina da situação irregular, a qual 
era definida na lei como daquele menor privado de condições de subsistência, vitima 
de maus-tratos, em perigo moral, privado de representação ou assistência legal, 
com desvio de conduta ou autor de infração penal. É induvidoso certo avanço no 
tocante às medidas de proteção e assistência, embora se tenha mantido a política 
assentada em enfoques correcionais e assistencialistas. 
O ECA, norteado pelos artigos 204 e 227 da Carta Magna, foi produto de um 
amplo processo organizativo da sociedade para a superação da visão tradicional 
alicerçada no abandono, na carência e na delinqüência. 
A situação da criança “encarcerada” é complexa já que, se por um lado ela 
precisa ficar perto do amparo materno por outro lado essa criança pode muitas 
vezes ficar exposta a ambientes inadequados e insalubres. 
A permanência do menor “encarceirado” deveria ficar o mínimo tempo 
possível junto ao sistema prisional, afim de garantir os direitos da criança. As 
consequências do encarceramento infantil são a falta de assistência medica 
(pediatras), contato com as drogas, agressões constantes, falta de uma estrutura 
familiar e ambiente seguro. Muitas mulheres grávidas são primárias (e com penas 
baixas), sendo assim poderiam ficar com seus filhos amamentando até o final da 
sentença ou poderiam ter a pena substituída para uma pena restritiva de direitos ou 
prisão domiciliar, para amamentar em casa. 
 Analisando o estatuto da criança e do adolescente (ECA) lei nº 8.069, 
de 13 de julho de 1990, discorre sobre a Lei nº 12.403/11 que prevê a prisão 
preventiva que pode ser substituída por prisão albergue domiciliar para gestantes a 
partir do 7o mês ou sendo esta de alto risco e também para pessoa “imprescindível 
aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com 
deficiência”, bem como analisar os direitos de forma global. 
Os presos têm direito à proteção de seus direitos humanos. As pessoas 
presas não deixam de ser seres humanos, independentemente da 
gravidade do crime pelo qual foram acusadas ou condenadas. O tribunal ou 
outro órgão judicial que tratou do caso decretou que elas devem ser 
privadas de sua liberdade, não que devem perder sua humanidade 
(COYLE, 2002, p. 41). 
36 
 
 
Para permanência da criança no sistema prisional é essencial uma avaliação 
interdisciplinar de cada caso, levando-se em conta as condições individuais de cada 
mãe. Portanto, é primordial que a visão da justiça seja integrada com a visão da 
saúde mental da criança. Destaforma, não se prejudicará tão intensamente a vida 
da criança. A legislação brasileira não reserva um amparo específico para a reclusa 
grávida. Não se verifica sequer um capítulo na Lei de Execução Penal abordando 
regras mínimas necessárias ao lidar com uma mulher presa na penitenciária. 
 
O Período de permanência da mãe presa com o filho em ambiente prisional 
feminino. A Constituição Estadual aborda um período de permanência da 
mãe presa com o filho no cárcere, por seis anos, diferente da Constituição 
Federal que assegura o direito da apenada permanecer com o filho na 
cadeia apenas durante o período de amamentação. (Constituição Estadual 
do Rio Grande do Sul, de 03 de outubro de 1989, em seu artigo 139) 
 
De modo geral, assegura-se legalmente à presidiária gestante somente o 
direito de permanecer o filho durante o período de amamentação. Na prática, cada 
instituição penal tem o seu regulamento interno, e, por isso, sua estrutura para 
permitir e cumprir o que a lei determina, ou seja, dependendo do Estado, as mães 
após conceberem seus filhos têm direito de permanecerem em sua companhia de 
quatro a seis meses, o que corresponde ao período de amamentação. 
Sendo assim as ações da infância inseridas no contexto penitenciário não 
podem ser desassociadas das políticas públicas brasileiras de atenção a população 
infantil, tendo em vista que as eliminações de possibilidades de risco pessoais e 
sociais às crianças são diretrizes consagradas no Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
 
 
 
 
 
 
37 
 
CONCLUSÃO 
 
O foco deste trabalho foi refletir sobre a situação das mulheres encarceradas 
e da permanência ou não das crianças no interior das unidades prisionais femininas 
brasileiras. Poucos estudos e pesquisas relacionados aos direitos das mulheres e a 
convivência familiar em situações de privação de liberdade são realizados. Deu para 
perceber que existe uma visível disparidade entre as determinações oficialmente 
declaradas e o que este realmente ocorre no sistema. Essas mulheres tem um perfil 
muito parecido, a maioria é negra, pobre e com baixa escolaridade, rés primárias, 
presas principalmente por tráfico de entorpecentes, com filhos e responsáveis pelo 
sustento familiar produzindo consequências para toda a família. 
As mulheres que chegam gravidas ou as que engravidam no cárcere têm que 
conviver com a incerteza de quanto tempo irão permanecer com os seus filhos. A 
penitenciaria não deveria e não pode impedir a garantia constitucional que mães 
presidiárias e crianças possuem quanto à convivência familiar, mas linha é muito 
tênue na hora de decidir a permanência das crianças. A realidade é muito cruel, a 
maioria das penitencias não oferece condições mínimas de habitabilidade como um 
local adequado para dormir, alimentação com o mínimo de higiene, saneamento 
básico e educação. 
Deveriam ser colocados em prática os artigos 317 e 318 do Código de 
Processo Penal, permitindo o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar, a fim, 
de preservar uma relação tão importante mãe e filho, garantindo a convivência 
familiar, tendo em vista que muitas vezes ocorre à impossibilidade de ter seus filhos 
cuidados por outros membros da família o vínculo materno-infantil é rompido de uma 
maneira abrupta na primeira etapa do desenvolvimento da criança. 
 
 
 
 
38 
 
REFERÊNCIAS 
 
BARATA, Germana e LIMA, Juliana Schober G. “Violência extrema pode ter causas 
biológicas”. Revista Eletrônica de Jornalismo Científico (on line). Brasil, 2002. 
Disponível: http://www.comciencia.br/reportagens/violencia/vio08.htm Disponível em: 
Acesso em 28 out. 2015. 
 
BORILLI, S. P. Análise das circunstâncias econômicas da prática criminosa no 
Estado do Paraná: estudo de caso nas Penitenciárias Estadual, Central e Feminina 
de Piraquara. 2005. 211 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e 
Agronegócio). Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Toledo, 2005. 
 
BUGLIONE, Samantha. A mulher enquanto metáfora do Direito Penal. s/d. 
Disponível em: <http: www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=946>. Acesso em: 30 
out. 2015. 
 
CAPEZ, Fernando. Execução Penal Simplificado. São Paulo: Saraiva, 2011. 
 
CENTRO PELA JUSTIÇA E PELO DIREITO INTERNACIONAL et al. Relatório sobre 
mulheres encarceradas no Brasil. Disponível em: Acesso em 28 ago. 2015. 
CNJ. Porcentagem de mulheres encarceradas dobrou nos últimos 10 anos. 
Conselho Nacional de Justiça, 29 jun. 2011. Disponível em: . Acesso em: 04 set. 
2015. 
 
Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940). Diário Oficial da 
União, Brasília, DF, 31 dez. 1940. Disponível em: Acesso em 14 ago.2015. 
Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: 
Acesso em 14 ago.2015. 
 
COYLE, Andrew. Administração penitenciária: uma abordagem de direitos humanos. 
Londres: International Centre for Prison Studies, 2002. 
http://www.conjur.com.br/2011-jun-30/15-mil-mulheres-foram-presas-ultimos-cinco-
anos-brasil. Disponível em: . Acesso em: 04 set. 2015. 
 
Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196/1996. Estabelece diretrizes e normas 
regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Disponível em: . Acesso 
em: 01 set. 2015. 
 
http://www.depen.pr.gov.br/ Disponível em: . Acesso em: 11 out. 2015 
ESPINOZA, Olga. A mulher encarcerada em face do poder punitivo. São Paulo: 
IBCCrim, 2004. 
 
FRINHANI, Fernanda de Magalhães Dias; SOUZA, Lídio de. Mulheres encarceradas 
e espaço prisional: uma análise de representações sociais. Psicologia Teoria e 
Prática, v.7, n.1, São Paulo, jun. 2005. Disponível em: . Acesso em: 06 set. 2015. 
 
Gustin EC. Mulher e saúde na prisão: a realidade nacional [Internet]. In: Anais do 
Encontro Nacional do Encarceramento Feminino; 2011; Brasília, BR. Brasília: 
Conselho Nacional de Justiça; 2011 Disponível em: 
39 
 
http://www.cnj.jus.br/images/eventos/encarceramentofeminino/apresentacao.educard
ocrossara.pdf Acesso em: 31 out. 2015 
 
Lei de Execuções Penais (Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984). Diário Oficial da 
União, Brasília, DF, 13 jul. 1984. Disponível em: Acesso em 14 ago.2015. 
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo 
Gonet. Curso de Direito Constitucional. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009. 
p. 13. 
 
MENDES, Soraia da Rosa. Criminologia feminista: novos paradigmas. São Paulo: 
Saraiva. 2014, p. 168.) 
 
Ministério da Justiça. Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. 
Resolução nº 4, de 15 de julho de 2009. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 jul. 
2009. Disponível em: Acesso em 14 ago.2015. 
 
Ministério da Justiça. Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. 
Resolução nº 14, de 11 de novembro de 1994. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2 
dez. 1994. Disponível em: Acesso em 14 ago.2015. 
 
Ministério da Justiça. Departamento Penitenciária Nacional. Formulário Categoria e 
Indicadores Preenchidos. Disponível em: Acesso em 14 ago.2015. 
 
Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional. Mulheres presas – 
Dados gerais: Projeto mulheres/DEPEN. Disponível em: Acesso em 14 ago.2015. 
Ministério da Justiça. Departamento Penitenciário Nacional. Relatório final do I 
Encontro de Planejamento do Projeto Efetivação dos Direitos das Mulheres no 
Sistema Penal. Disponível em: < http://portal.mj.gov.br/main.asp?View={E7CD13B5- 
D38A-44D1-8020-
EB9BF0F41E93}&BrowserType=IE&LangID=ptbr&params=itemID%3D%7B8EA1CB
51-5CC8-4829-8ADE- 39931DE50DA3%7D%3B&UIPartUID=%7B2868BA3C-1C72-
4347-BE11- A26F70F4CB26%7D> Acesso em 14 ago.2015. 
Ministério da Justiça. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. 
Reorganização e reformulação do sistema prisional feminino: Relatório final. 
Disponível em: Acesso em 14 ago.2015. 
 
Ministério da Justiça. Indicadores: quantidade de presos/internados. Disponível em: . 
Acesso em: 03 set. 2015 
 
Ministério da Justiça. Mulheres encarceradas: diagnóstico nacional. DepartamentoPenitenciário Nacional, Brasília (DF), 2008b. Disponível em: . Acesso em: 03 set. 
2015. 
 
NUCCI, Guilherme de Souza. Prisão e Liberdade. As reformas processuais penais 
introduzidas pela Lei 12.403, de 4 de maio de 2011. São Paulo: Revista dos 
Tribunais. 2º tiragem. 
 
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Regras das Nações Unidas para o 
tratamento de mulheres presas e medidas não privativas de liberdade para mulheres 
infratoras (Regras de Bangkok). Resolução 2010/16 do Conselho Econômico e 
40 
 
Social. Assembleia Geral (65), Tailândia, dez. 2010. Disponível em: . Acesso em: 07 
set.. 2015. 
 
OLIVEIRA, Maruza Bastos de. Cárcere de mulheres. Rio de Janeiro: Diadorim, 1997, 
p.58. Brasil. (1984). Lei nº 7210, de 11 de julho de 1984, que dispõe sobre execução 
penal. Disponivel em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm Acesso em 
20 abr. 2015. 
 
PUCRS, DIREITO & JUSTIÇA. Disponível em 
<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fadir/article/view/571/401> Acesso 
em 17 abr. 2015. 
 
REZENDE, Zeia Pinho. “A situação da mulher detenta e sua recuperação”. Revista 
do Conselho Penitenciário Federal, vol. 13/14, n. 34, jan. 1976/ jun. 1977, p. 106. 
TIRADENTES, Oscar. 
 
SANTA, Rita R. P. Mães e crianças atrás das grades: Em questão o princípio da 
dignidade da pessoa humana. Dissertação de mestrado não publicada, Universidade 
de Brasília, Brasília, DF, 2006. 
 
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais 
na Constituição Federal de 1998. 9. ed. rev. e atual. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado Editora, 2011 
 
SOARES, B. M.; ILGENFRITZ, I.; Prisioneiras: Vida e violência atrás das grades. Rio 
de janeiro: Garamond, 2002. 
 
TIRADENTES, Oscar. Fatores determinantes da delinqüência feminina. Rio de 
Janeiro: Editora Rio, 1978, p. 12. 
 
ZAFFARONI, Eugenio Raul. BATISTA, Nilo. (2003). Direito Penal Brasileiro I. Rio de 
Janeiro: Revan.

Continue navegando