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Prof. Dra. Rafaela Nicolau – Hidrologia Engenharia Civil - UNAMA 1 5. PRECIPITAÇÕES ATMOSFÉRICAS 5.1. Introdução O regime hidrológico de uma região é determinado por suas características físicas, geológicas, topográficas e meteorológicas. Os fatores climáticos mais importantes são a precipitação, principal fonte de fornecimento de água do balanço hidrológico de uma região. A disponibilidade de precipitação numa bacia durante o ano é o fator determinante para quantificar, entre outros, a necessidade de irrigação de culturas e o abastecimento de água doméstico e industrial. A determinação da intensidade da precipitação é importante para o controle da inundação e a erosão do solo; por sua capacidade para produzir escoamento. As características principais da precipitação são o seu total, duração e distribuições temporal e espacial. 5.2. Definição É a água proveniente do vapor de água da atmosfera depositada na superfície terrestre sob qualquer forma (estado da água): chuva, granizo, neblina, neve, orvalho ou geada. Prof. Dra. Rafaela Nicolau – Hidrologia Engenharia Civil - UNAMA 2 5.3. Formação Elementos necessários a formação: Para que ocorra o resfriamento do ar úmido, há necessidade de sua ascensão, que pode ser devida aos seguintes fatores: ação frontal de massas de ar, convecção térmica e relevo. Fatores climáticos que interferem na formação: ✓ Atmosfera; ✓ Ventos; ✓ Umidade atmosférica; ✓ Temperatura; 5.4. Tipos Prof. Dra. Rafaela Nicolau – Hidrologia Engenharia Civil - UNAMA 3 5.4.1 Ciclônica Estão associadas com o movimento de massas de ar de regiões de alta pressão para regiões de baixa pressão. Essas diferenças de pressões são causadas por aquecimento desigual da superfície terrestre. Também chamada de precipitação frontal. 5.4.2 Convectiva O aquecimento desigual da superfície terrestre provoca o aparecimento de camadas de ar com densidades diferentes, o que gera uma estratificação térmica da atmosfera em equilíbrio instável. Se esse equilíbrio, por qualquer motivo (vento, superaquecimento), for quebrado, provoca uma ascensão brusca e violenta do ar menos denso, capaz de atingir grandes altitudes. São características das regiões equatoriais, onde os ventos são fracos e os movimentos de ar são essencialmente verticais, podendo ocorrer nas regiões temperadas por ocasião do verão. As precipitações convectivas são de grande intensidade e curta duração, concentradas em pequenas áreas (chuvas de verão). São precipitações que podem provocar importantes inundações em pequenas bacias. As precipitações ciclônicas são de longa duração e apresentam intensidades de baixa a moderada, espalhando-se por grandes áreas. Essas precipitações podem vir acompanhadas por ventos fortes com circulação ciclônica; podem produzir cheias em grandes bacias. → Frontal: tipo mais comum, resulta da ascensão do ar quente sobre o ar frio na zona de contato entre duas massas de ar de características diferentes. O ar mais quente e úmido é violentamente impulsionado para cima, resultando no seu resfriamento e na condensação do vapor de água, de forma a produzir chuvas. Prof. Dra. Rafaela Nicolau – Hidrologia Engenharia Civil - UNAMA 4 5.4.3 Orográficas Ocorre quando uma massa de ar quente e úmida sobe, ao encontrar uma elevação do relevo, como uma montanha. O ar mais quente (mais leve e, geralmente, mais úmido) é empurrado para cima. Ocorre a condensação do 5.5. Grandezas pluviométricas As grandezas que caracterizam uma chuva são: → Altura pluviométrica (P; r; h): é a espessura média dia lâmina de água precipitada sobre uma área, admitindo-se que essa água não se infiltrasse, não evaporasse, nem escoasse. A unidade de medição habitual é o milímetro (mm), definido como a quantidade de precipitação correspondente ao volume de 1 litro por metro quadrado de superfície. onde: P = altura da lâmina d’água ou precipitação acumulada; V = volume precipitado; A = área do recipiente. → Intensidade (i): é a precipitação por unidade de tempo, apresenta variabilidade temporal, mas, para análise dos processos hidrológicos, geralmente são definidos intervalos de tempo nos quais é considerada constante. Expressa-se normalmente em mm/h ou mm/min. provocando chuva. Estas chuvas acontecem com frequência onde o relevo é elevado. São chuvas de pequena intensidade e de grande duração, que cobrem pequenas áreas. i = h t onde: h = total precipitado; t = intervalo de tempo. Prof. Dra. Rafaela Nicolau – Hidrologia Engenharia Civil - UNAMA 5 → Duração (t): é o período de tempo durante o qual a chuva cai. As unidades normalmente utilizadas são o minuto (min) ou a hora (h). → Tempo de retorno (Tr): representa o número médio de anos durante o qual se espera que uma determinada precipitação seja igualada ou superada; por exemplo, ao se dizer que o tempo de recorrência de uma precipitação é de 10 anos, tem-se que, em média, deve-se esperar 10 anos para que tal precipitação seja igualada ou superada. 5.6. Medições pluviométricas É constituído por um recipiente metálico dotado de funil com anel receptor, geralmente com uma proveta graduada para leitura direta da lâmina de água precipitada. Esse instrumento armazena a água da chuva e, fazendo-se a leitura da proveta, tem-se a lâmina precipitada (P). Normalmente, a leitura é feita diariamente, às 7h da manhã, por uma pessoa encarregada (operador). Assim, o pluviômetro indica a precipitação ocorrida nas últimas 24 horas, desde a última leitura, a qual é anotada pelo operador em uma caderneta diariamente. Possui um mecanismo de registro automático da precipitação, gerando informações em intervalos de tempo menores. Registra simultaneamente a quantidade e duração da precipitação. Os equipamentos mais antigos utilizam um braço mecânico para traçado de um gráfico em papel graduado com os valores precipitados. Os pluviógrafos mais modernos armazenam tais informações em meio magnético ou enviam em tempo real por sistema de transmissão remoto de dados. Para o acionamento do mecanismo de registro são utilizados sensores. → informações mais detalhadas ao longo do tempo; Pluviômetro Pluviógrafo Prof. Dra. Rafaela Nicolau – Hidrologia Engenharia Civil - UNAMA 6 → maior precisão; → não necessita do operador; 5.7 Representação gráfica Hietograma é o registro gráfico a precipitação durante um determinado período de tempo (no eixo y ficam as intensidades e no eixo x, o tempo). Estando ajustadas as unidades ([i]=mm/h no eixo y e [t]=h no eixo x, ou ainda ([i]=mm/min e [t]=min), a área desse gráfico representa a precipitação total em mm. Prof. Dra. Rafaela Nicolau – Hidrologia Engenharia Civil - UNAMA 7 5.8. Precipitações médias sobre uma bacia hidrográfica 5.8.1 Método da média aritmética Pm= 160,3 + 88,8 + 125,4 + 165,0 + 218,1 5 =151,52 mm 5.8.2 Método de Thiessen Esse método determina a precipitação média em uma bacia a partir das precipitações observadas nos postos disponíveis, incorporando um peso a cada um deles, em função de suas “áreas de influência”. Com base na disposição espacial dos postos, são traçados os chamados polígonos de Thiessen, que definem a área de influência de cada posto em relação à bacia em questão. Dessa forma, a precipitação média é obtida pela ponderação dos valores registrados em cada postoe de suas áreas de influência. �̅� = ∑(𝐏𝐢 × 𝐀𝐢) ∑𝐀𝐢 Pi = precipitação em cada posto; Ai = área de influência em cada posto; ∑Ai = área total da bacia Consiste em determinar-se a média aritmética entre as quantidades medidas na área. Esse método só apresenta boa estimativa se os aparelhos forem distribuídos uniformemente e a área for plana ou de relevo muito suave. É necessário também que a média efetuada em cada aparelho individualmente varie pouco em relação à média. A altura média de precipitação em uma área específica é necessária em muitos tipos de problemas hidrológicos, notadamente na determinação do balanço hídrico de uma bacia hidrográfica, cujo estudo pode ser feito com base em um temporal isolado, com base em totais anuais, etc. Prof. Dra. Rafaela Nicolau – Hidrologia Engenharia Civil - UNAMA 8 Como traçar o polígono? Exemplo) Calcular a precipitação média na bacia hidrográfica por intermédio do Método de Thiessen. Vale lembrar que todas os postos pluviométricos, mesmo os localizados fora da área da bacia devem constar no cálculo da precipitação média. Traçando-se os polígonos de Thiessen na bacia hidrográfica, tem-se o esquema apresentado na Figura. A fim de facilitar os cálculos faz-se uma tabela contendo a precipitação medida em cada posto pluviométrico e a área de influência destes. h̅ = ∑Pi × Ai ∑Ai = 7585,6 62,6 = 121,17 𝑚𝑚 5.8.3 Método das Isoietas Isoietas são linhas indicativas de mesma altura pluviométrica. O espaçamento entre elas depende do tipo de estudo, podendo ser de 5 em 5 mm, 10 em 10 mm, etc. O traçado das isoietas é feito a partir de cotas de alguns pontos elevados, onde a altura da chuva substitui a cota do terreno. Na construção dos mapas de isoietas, o analista deve considerar os efeitos orográficos e a morfologia do temporal, de modo que o mapa final represente um modelo de precipitação mais real do que poderia ser obtido de medidas isoladas. A precipitação média é calculada ponderando-se a precipitação média entre as isoietas sucessivas (normalmente fazendo a média dos valores de duas isoietas pela área entre as isoietas) totalizando-se esse produto e dividindo-se pela área total. h̅= ∑( hi+ hi+1 2 ) × Ai A �̅� = precipitação média; 𝒉𝐢 = valor da isoieta de ordem i; Prof. Dra. Rafaela Nicolau – Hidrologia Engenharia Civil - UNAMA 9 𝒉𝐢+𝟏 = valor da isoieta de ordem i+1; 𝑨𝐢 = área entre as duas isoietas; A = área total. Exemplo) Calcular a precipitação média na bacia hidrográfica da Figura por intermédio do Método da Isoietas. A fim de facilitar os cálculos faz-se uma tabela como a que segue: h̅= 2744,0 56,8 = 48,31 𝑚𝑚 Mapa de Isoietas
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