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Termos da Oração
Quando estudamos a gramática de uma língua, estamos falando de um con-
junto de regras, relativas aos sons ou fonemas, às formas dos vocábulos e à
combinação destes em proposições, ou seja, a gramática se constitui em um
conjunto de regras e princípios responsáveis pela organização da língua.
Há vários tipos de gramáticas e, segundo Neves (2000), devem ser dinâ-
micas e funcionais, para que sejam feitas correlações ricas entre termos,
formas e significados.
Como vimos e estudamos nos módulos anteriores, a gramática normativa
da língua portuguesa é dividida em dez classes: Substantivo, Artigo, Adje-
tivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Conjunção, Preposição e Inter-
jeição. Essa divisão não é absoluta, rígida ou estanque, porém organizada
em torno dessas classes, a gramática se preocupa com todos os fatos da
língua, ou seja, com os aspectos fonológicos, morfossintáticos, semânticos,
pragmáticos, estilísticos, ortográficos, prosódicos etc.
Quando as palavras ou grupos de palavras desempenham funções nas fra-
ses ou nas orações, dizemos que são os termos da oração. Veja, a seguir,
algumas dessas funções no âmbito da oração:
Classe de Palavras
Palavras relacionadas a nome (substantivo ou palavra substantivada);
Palavras relacionadas a verbo
Palavras relacionadas a nomes e a verbo simultaneamente
Palavras relacionadas a adjetivo e a advérbio
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Funções Desempenhadas na Oração
Núcleo do sujeito;
Adjunto adnominal;
Complemento nominal;
Aposto;
Vocativo.
Objeto direto;
Objeto indireto;
Agente da passiva;
Adjunto adverbial.
Predicativo do sujeito;
Predicativo do objeto.
Adjunto adverbial
A análise sintática faz a decomposição da oração (do discurso) para es-
tudar as relações estabelecidas entre os termos a compõem. Ela é muito
importante, uma vez que:
• classifica e divide o período em orações;
• classifica as orações e seus termos;
• auxilia na boa construção da frase;
• desenvolve o raciocínio;
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• promove e facilita a correta concordância, regência e coloca-
ção dos termos;
• facilita a compreensão e interpretação do que se lê;
• racionaliza e aponta o uso correto da pontuação;
• permite fixar as relações de coordenação e subordinação en-
tre as palavras e as orações.
Portanto, fazer análise sintática é localizar, organizar e classificar os termos
nas orações para mostrar a função que cada um exerce. São três os tipos
de termos:
Período Simples
1. Termos Essenciais:
Sujeito e Predicado.
2. Termos Integrantes:
Complementos Verbais (Objeto Direto e Objeto Indireto);
Complemento Nominal;
Agente da Passiva.
3. Termos Acessórios:
Adjunto Adnominal;
Adjunto Adverbial;
Aposto.
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4. Vocativo
Desse modo, observando a função que cada termo desem-
penha na oração (por exemplo: o sujeito e o predicado nos
apontam de quem falamos e sobre o que falamos; a identi-
ficação de tempo e lugar estabelecida pelos adjuntos adver-
biais etc), entendemos ser muito importante o estudo dessas
funções desempenhadas por cada termo; afinal, são elas que
auxiliam o leitor (e produtor) a compreender e atribuir sentido
ao texto.
Termos Essenciais da Oração
Existem dois termos essenciais:
• o sujeito;
• o predicado.
Entretanto, perceberemos que o termo essencial por excelência é o predi-
cado, em virtude da possibilidade da existência de uma oração sem sujeito.
Sujeito
É o termo que representa o ser a respeito de quem se diz alguma coisa,
faz-se alguma declaração.
Importante:
Identificar o sujeito é um dos mais importantes conhecimentos de que o
estudante da Língua Portuguesa precisa para caminhar bem em sintaxe.
Vale salientar que toda a base da concordância verbal está na perfeita har-
monização entre o verbo e o seu sujeito. Ora, para que se perfaça essa har-
monia, é fundamental que primeiro se identifique o “bendito” sujeito.
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A partir de agora, vamos ver várias orações. Procure identificar (e, acima de
tudo, entender) nelas o sujeito do(s) verbo(s).
Emprego
• Deslizavam montanha abaixo as águas do desgelo.
• Ainda devem chegar hoje pela manhã as correspondências
enviadas pelo amigo de Portugal.
• Caso não lhe venham a parecer oportunas essas medidas,
faça você mesmo como quiser.
Núcleo do Sujeito
Veja as seguintes orações:
• a. A minha universidade foi premiada.
• b. As estátuas e os muros foram renovados.
Os sujeitos de todas as orações são expressos por mais de uma palavra.
Em: “A minha universidade…” e “As estátuas e os muros…”
Observe que há mais de uma palavra representando os sujeitos de cada ora-
ção. O núcleo do sujeito é o termo principal sobre o qual se diz alguma coisa.
Temos, então, nos exemplos A e B, os núcleos:
• a. universidade (Substantivo);
• b. estátuas; muros (Substantivos).
Tipos de Sujeito
• Simples;
• Composto;
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• Desinencial;
• Indeterminado;
• Inexistente ou oração sem sujeito.
Sujeito Simples
É aquele em que apenas um núcleo aparece com a função de
sujeito. Esse núcleo pode ser exercido por um substantivo ou
por qualquer palavra substantivada.
Exemplos:
• Os terrenos novos nos quais deve se aventurar o jovem
de hoje são seu grandes desafios.
• Quanto aos adolescentes, nenhuma época lhes parece
tão injusta quanto a nossa.
Sujeito Composto
É aquele em que possui dois ou mais núcleos com a função
de sujeito. Esses núcleos podem ser exercidos por um subs-
tantivo ou por qualquer palavra substantivada.
Exemplos:
• João e Maria formam um lindo casal.
• Naquela escola, alunos e professores realizaram um de-
bate sobre o tema: violência.
Sujeito Desinencial
É aquele sujeito que não se encontra expresso na oração, mas
que é facilmente subentendido pela desinência verbal.
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Exemplos:
• Precisamos comprar um novo carro. (Sujeito - nós)
• Hoje estou aqui para conversarmos um pouco sobre po-
lítica monetária. (Sujeitos = eu para o verbo “estar” e nós
para o verbo conversar)
• Retira-te agora, criatura miserável! (Sujeito oculto = tu).
Cuidado nesse exemplo: observe que o verbo se encontra
no imperativo afirmativo.
Sujeito Indeterminado
O sujeito indeterminado aparece quando não se deseja ou
não se consegue determinar, identificar o autor da ação ver-
bal. Portanto, o que torna indeterminado o sujeito é a inten-
ção ou a situação do falante, que não sabe ou não quer indivi-
duar, precisar, apontar o agente, o autor da ação.
O conceito de sujeito indeterminado, por isso, tem de partir
da intenção ou da ignorância do falante, já que, em portu-
guês, a maioria das construções apresenta sujeito.
Existem duas situações em que um sujeito pode ser ou apare-
cer indeterminado:
a. Com verbos na 3.ª pessoa do plural, sem fazer referências
a nenhum substantivo anteriormente ou posteriormente ex-
presso, nem ao pronome pessoal do caso reto “eles”.
Exemplo:
• Imitaram o professor de Português na última aula. (Perce-
ba que não se sabe quem fez a ação de imitar);
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• Vão telefonar para você hoje à tarde para tratar de um as-
sunto do seu interesse.
(Se não se pode determinar quem praticou a ação, logo,
o sujeito é indeterminado. O verbo auxiliar da locução
verbal ir + telefonar encontra-se flexionado na 3.ª pes-
soa do plural);
• “Dizem que sou louco!” (O sujeito do verbo “dizer” é in-
determinado);
• Consideram-no o pai da turma pela inteligência e expe-
riência que possui. (O sujeito do verbo “considerar” é in-
determinado.)
b. Com verbos intransitivos, transitivos indiretos ou de ligação
acompanhados da partícula “se”. Essa partícula funcionará
como o “índice de indeterminação do sujeito”. O mais impor-
tante é notar que, nesse caso, o verbo, obrigatoriamente, per-
manecerá na 3.ª pessoa do singular.
Exemplos:
• No Brasil, já não mais se recorre a confiscos para a ob-
tenção de fluxo de caixa. (Verbo transitivo indireto + se);
• Na apresentação dele, desconfiava-se dos acordos que
ele propunha. (Verbo transitivo indireto + se);
• Os livros dos quais se precisava foram doados para umainstituição de caridade;
(Cuidado para não dizer “... dos quais se precisavam...” →
O verbo é transitivo indireto e está acompanhado do pro-
nome “se”);
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• Cria-se mais nas palavras do membro do que nas pala-
vras do líder espiritual da igreja. (Verbo transitivo indi-
reto + se).
Oração sem Sujeito
É formada apenas pelo predicado e se articula a partir de um
verbo impessoal. Observe a estrutura das orações a seguir.
Sujeito Predicado
Exemplos:
• Havia formigas na casa;
• Nevou muito este ano em Nova Iorque.
É possível constatar que essas orações não têm sujeito.
Constituem a enunciação pura e absoluta de um fato, por in-
termédio do predicado. O conteúdo verbal não é atribuído
a nenhum ser, a mensagem centra-se no processo verbal. Os
casos mais comuns de orações sem sujeito da língua portu-
guesa ocorrem com:
a. Verbos que exprimem fenômenos da natureza: nevar, chover,
ventar, gear, trovejar, relampejar, amanhecer, anoitecer etc.
Exemplos:
• Choveu muito no inverno passado;
• Amanheceu antes do horário previsto.
Observação
Quando usados na forma figurada, esses verbos podem
ter sujeito determinado.
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Exemplos:
• Choviam crianças na distribuição de brindes. (crianças=
sujeito);
• Já amanheci cansado. (eu = sujeito).
b. Verbos ser, estar, fazer e haver: quando usados para indicar
uma ideia de tempo ou fenômenos meteorológicos.
Ser, estar, fazer e haver
Ser
• É noite. (Período do dia);
• Eram duas horas da manhã. (Hora).
Observação
Ao indicar tempo, o verbo ser varia de acordo com a ex-
pressão numérica que o acompanha.
Exemplos:
• É uma hora;
• São nove horas;
• Hoje é (ou são) 15 de março. (Data).
Observação
Ao indicar data, o verbo ser poderá ficar no singular, su-
bentendendo-se a palavra dia, ou então irá para o plural,
concordando com o número de dias.
Estar
• Está tarde. (Tempo);
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• Está muito quente. (Temperatura).
Fazer
• Faz dois anos que não vejo meu pai. (Tempo decorrido);
• Fez 39° C ontem. (Temperatura).
Haver
• Não a vejo há anos. (Tempo decorrido);
• Havia muitos alunos naquela aula. (Verbo haver signifi-
cando existir).
Atenção
Com exceção do verbo ser, os verbos impessoais devem ser
usados SEMPRE NA TERCEIRA PESSOA DO SINGULAR. Deve-
mos ter cuidado com os verbos fazer e haver usados impes-
soalmente: não é possível usá-los no plural.
Exemplos:
• Faz muitos anos que nos conhecemos;
• Deve fazer dias quentes na Bahia.
Veja outros exemplos:
• Há muitas pessoas interessadas na reunião;
• Houve muitas pessoas interessadas na reunião;
• Havia muitas pessoas interessadas na reunião;
• Haverá muitas pessoas interessadas na reunião;
• Deve ter havido muitas pessoas interessadas na reunião;
• Pode ter havido muitas pessoas interessadas na reunião.
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Sujeito Desinencial
É aquele sujeito que não se encontra expresso na oração, mas que é facil-
mente subentendido pela desinência verbal.
Exemplos:
• Precisamos comprar um novo carro. (Sujeito desinencial - nós)
• Hoje estou aqui para conversarmos um pouco sobre política
monetária. (Sujeitos desinenciais = eu para o verbo “estar” e
nós para o verbo conversar)
• Retira-te agora, criatura miserável! (Sujeito desinencial = tu).
Cuidado nesse exemplo: observe que o verbo se encontra
no imperativo afirmativo.
Definições Problemáticas do Sujeito
O Ensino tende, na prática, a confundir mais do que esclarecer conceitos
sintáticos considerados elementares. Desde cedo em nossas atividades es-
colares, ouvimos dos professores inúmeras definições para o sujeito das
orações. Mas nem sempre essas definições respondem às nossas dúvidas.
Às vezes geram até mais dúvidas e a definição de sujeito se torna "incoe-
rente" na mente dos alunos, diante das muitas possibilidades que ele assu-
me nas mais diversas sentenças.
Poderíamos citar definições do sujeito veiculadas por gramáticas tradicio-
nais, seguidas e "semeadas" por professores de língua portuguesa. No en-
tanto, as que seguem foram coletadas de entrevistas com alunos do ensino
médio e fundamental pernambucanos, que responderam à pergunta: o
que o seu professor disse que é o sujeito?
• 1º definição - Sujeito é o ser de quem se declara algo.
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• 2º definição - Sujeito é o ser que pratica a ação verbal.
• 3ª definição - Sujeito é o ser que pratica ou sofre a ação verbal.
É evidente que a pergunta capta o entendimento que os alunos têm das
informações que receberam de seus professores, não necessariamente
o conceito de fato ministrado em sala. Mas permite perceber os conheci-
mentos sintáticos que se estabilizam na recepção de informações sobre o
idioma e cogitar que a raiz da confusão conceitual esteja na insuficiência
pragmática com que definições do gênero são transmitidas.
Definir a Definição
De fato, do ponto de vista pragmático, nem sempre declaramos algo do
sujeito; e do ponto de vista formal, nem sempre o sujeito pratica a ação
verbal e nem sempre ele sofre a ação verbal.
Definir o sujeito significaria dar-lhe um conceito pleno em toda e qualquer
situação. Não podemos considerar conceituado um termo que foge à sua
definição, constantemente.
• Comparemos a 1ª Definição de Sujeito ao exemplo:
(Sujeito é o ser de quem se declara algo).
"Eu considero o meu gato o mais lindo do mundo com
todo aquele pêlo sedoso e seu jeitinho mimoso."
O sujeito é o pronome pessoal "eu", mas pragmaticamente as
declarações dizem respeito ao gato que desempenha outro
papel sintático na sentença. A definição do sujeito aqui, como
o ser de quem se declara algo, confunde o falante na hora
de identificar os sujeitos, pois os falantes sofrem interferência
dos fatores externos que influenciam a língua: o contexto e os
conhecimentos de mundo. Em contrapartida, a sintaxe é
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considerada uma disciplina autônoma e analisa as sentenças
de modo formal, desprezando o contexto.
• Um Exemplo à Luz da 2ª Definição de Sujeito:
(Sujeito é o ser que pratica a ação verbal)
"Os carros foram comprados por mim durante a feira auto-
mobilística."
O sujeito da sentença é o termo nominal "os carros", sujeito
paciente que não pratica a ação verbal, pelo contrário, sofre a
ação do verbo "comprar". Como um aluno, para quem o sujei-
to é o ser que pratica a ação verbal, pode identificá-lo quando
se depara com uma sentença estruturada dessa forma?
• A 3ª Definição pode ser Comparada ao Exemplo:
(Sujeito é o ser que pratica ou sofre a ação verbal)
"A menina estava dormindo na hora do acidente."
O sujeito aqui é explícito, não há dúvidas quanto a sua iden-
tificação, mas o verbo que rege a oração é classificado pela
gramática como de ligação ("Os verbos de ligação ligam ao
sujeito uma noção de essência ou estado" (Luft, 1986).
Portanto, estaria descartada a hipótese de sujeito agente ou
paciente, pois este não pratica nem sofre ação alguma e o
verbo ao qual o sujeito é ligado denota só o estado em que
se encontrava a menina.
"José arrancou um dente".
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O sujeito da sentença, formal, é "José". Todavia, do ponto de
vista pragmático, isso só seria aceito se José fosse um dentis-
ta, pois para o falante de português "José" está sofrendo uma
ação e não praticando. Há interferência do contexto na classi-
ficação do sujeito por parte do falante.
Discrepâncias como as expostas nestas páginas, entre a gra-
mática e os falantes ocorrem por vários motivos. Entre eles, o
fato de que a unidade de análise da sintaxe é a "frase", que
muitas vezes são prototípicas e desprovidas de contexto.
Acentua essas discordâncias a conceituação problemática e
absoluta do sujeito, que deixa lacunas que "escapam" à defi-
nição e confundem o falante.
A perspectiva sob a qual a gramática vem sendo tratada pe-
los professores, estática, fixa, dificulta o conhecimento sobre
o funcionamento linguístico por parte dos alunos. As aulas
tendem a conceituar o sujeito como uma essência, universal,
absoluta. Se o definissem dentro de suas possibilidades,facili-
tariam a identificação por parte dos alunos de ensino médio e
fundamental. Conhecendo suas possibilidades de ocorrência,
o aluno, que já conhece o sujeito cognitivamente, teria mais
facilidade de identificar o sujeito das sentenças dentro dos
padrões estabelecidos pela gramática normativa.
(SANTOS, Onilma Freire dos; ALBUQUERQUE, Thays Keylla
de. Centro de Artes e Comunicação - Letras, da UFP)
Simples e Indeterminado
Segundo a gramática tradicional, o sujeito simples é aquele que está ex-
presso na sentença e é constituído por um só núcleo, enquanto "o inde-
terminado é aquele que implica um agente (singular ou plural) que não se
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enuncia, por não querer, por ignorar-se quem seja, ou por não ser neces-
sário". (Luft, 1986).
"O sapato tem o salto muito alto."
Podemos analisar essa sentença sintaticamente para encontrar o seu sujei-
to. Logo chegaremos à conclusão de que "o sapato" desempenha a função
de sujeito simples, sem lançarmos mão das definições de sujeito mais co-
muns às quais o aluno está acostumado a ouvir. Essa identificação espontâ-
nea dos termos por parte do falante ocorre por conta da gramática interna-
lizada, que nos permite reconhecer o sujeito nas sentenças sem que, para
isso, seja necessária uma definição prévia de sujeito.
Assim, diante da pergunta (quem tem o salto muito alto?) o falante da lín-
gua portuguesa responderia: o sapato.
"Vende-se casa"
Uma análise normativa dessa sentença traz o sujeito simples bem defini-
do. Porém, para o falante de português, este sujeito é indeterminado, pois
assim o consideram por definirem pragmaticamente que o sujeito não é
"casa", mas quem a vende. Por isso é tão comum vermos a construção:
"vende-se casas".
"Alguém esteve aqui"
Com sujeitos estruturados com pronomes indefinidos ocorre o mesmo que
com o caso de "vende-se casa". Para a gramática normativa, o "alguém" dessa
frase é um sujeito simples. Alguns autores enfatizam esta teoria: "É má doutri-
na gramatical dar os pronomes indefinidos como sujeitos indeterminados [...]
enfim, não se deve confundir indeterminado sintaticamente com indefinido
semanticamente" (Luft, 1986). No entanto, para o falante de língua portuguesa,
é um sujeito indeterminado do ponto de vista pragmático.
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Verbos transitivos diretos + se
A professora Ana Lima, da Universidade Federal de Pernambuco, lembra
que construções com verbos transitivos diretos seguidos da partícula "se"
("comenta-se", "argumenta-se", especula-se") nos sugerem que todos os
sujeitos são simples, pois admitem a voz passiva, e bem determinados do
ponto de vista normativo. Porém, do ponto de vista pragmático, o texto
tem uma construção extremamente indeterminada e não permite que o
falante identifique seus sujeitos, pois, de acordo com a gramática de usos,
o sujeito seria, nesses casos, quem faz o comentário, a argumentação ou a
especulação.
A confusão do sujeito inexistente
Autores quebraram a cabeça para contornar o vazio que o sujeito inexistente
abre na definição tradicional de sujeito. Embora o aluno seja avisado da sua
(in) existência em determinadas orações, como o sujeito pode ser considera-
do termo essencial da oração se, por vezes, ele deixa de integrá-la?
Para eliminar essa contradição podemos considerar o sujeito um termo
complementar ao verbo do ponto de vista sintático ("O sujeito é, sintatica-
mente, um complemento do verbo", Carone, 1988). Assim considerado, o
sujeito poderia faltar à oração, pois não faria parte de sua essência.
"Trovejou durante toda a noite em São Paulo."
Não podemos atribuir o processo verbal a agente algum, mas nem sempre
isso é matéria de debate em sala de aula para o aluno que fixa na mente
apressadamente qualquer um dos conceitos de sujeito antes citados.
Revista Língua Portuguesa - 4/2010 - Edição 54
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Predicado
Predicado é aquilo que se declara a respeito do sujeito. Nele, é obrigatória
a presença de um verbo ou de uma locução verbal. Quando se identifica
o sujeito de uma oração, identifica-se também o predicado. Em termos,
tudo o que difere do sujeito (e do vocativo, quando ocorrer) numa oração
é o seu predicado.
Exemplos:
• As mulheres compraram roupas novas;
• Durante o ano, muitos alunos desistem do Curso;
• A natureza é bela.
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Complemento Verbal
Complemento Nominal
O complemento nominal é o termo usado para completar o sentido de um
nome que não seja um verbo, ele pode ser um substantivo, adjetivo ad-
vérbio, com o auxílio de uma preposição. Para ser caracterizado como um
complemento nominal, o termo preposicionado, geralmente, está ligado a
um substantivo abstrato que seja o receptor, ou seja, o alvo da ação.
Como encontrar o complemento nominal?
Para encontrar ou reconhecer um complemento nominal, é preciso per-
guntar ao nome “de quê?”, “de quem?”, “a quê?”. “a quem?”, “por quê?”,
por quem?”.
Veja os exemplos a seguir:
1. As pessoas têm necessidade de interagir com as outras:
• As pessoas = sujeito;
• Têm = verbo transitivo direto;
• Necessidade = objeto direto;
• De interagir com as outras = complemento nominal.
Observe que para descobrir qual é o sujeito da oração basta perguntar ao
verbo “quem?”: “Quem tem a necessidade?” As pessoas.
Para saber quem é o objeto direto, perguntamos ao verbo: “o quê?”: “Têm
o quê?” Necessidade. E para encontrar o complemento nominal, basta per-
guntar ao objeto direto “de quê?”: “As pessoas têm necessidade de quê?”.
De interagir com as outras.
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2. Camila tem orgulho da mãe:
• Camila = sujeito
• Tem = verbo transitivo direto
• Orgulho = objeto direto
• Da mãe = complemento nominal
Mais Exemplos:
Confira mais alguns exemplos:
1. Os alunos fizeram a leitura do texto.
2. A secretária não autorizou a colocação dos armários.
3. No meu colégio, cuidamos para que haja o respeito pelos
professores.
Cecília tem orgulho da filha.
• Orgulho = substantivo;
• da filha = complemento nominal
Ricardo estava consciente de tudo.
• Consciente = adjetivo
• De tudo = complemento nominal
A professora agiu favoravelmente aos alunos.
• Favoravelmente = advérbio;
• aos alunos = complemento nominal.
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Saiba que:
O complemento nominal representa o recebedor, o paciente, o alvo da
declaração expressa por um nome. É regido pelas mesmas preposições
do objeto indireto. Difere deste apenas porque, em vez de complemen-
tar verbos, complementa nomes (substantivos, adjetivos) e alguns ad-
vérbios em -mente.
Agente da Passiva
O agente da passiva é o complemento de um verbo na voz passiva analí-
tica; sempre precedido da preposição por (ou de, mais raramente).
Lembre-se de que o nome dado ao termo diz muita coisa, portanto, um
agente da passiva é um termo que age, ou seja, é um termo que pratica
uma ação, só que na voz passiva. Tanto isso é verdade que, quando se pas-
sa o agente da passiva para a voz ativa, ele vira um sujeito agente.
Lembrando-se de que a voz passiva se forma, essencialmente, por estes
verbos auxiliares: ser (nas passivas de ação); estar, viver e andar (nas pas-
sivas de estado); ficar (nas passivas de mudança de estado).
Agente da Passiva X Complemento Nominal
A diferença é bem simples: se você conseguir passar a frase da passiva
para a ativa, mantendo o significado, achará a resposta para sua dúvida.
Exemplos:
• O rapaz foi apaixonado pela colega. (CN) = A colega apaixo-
nou o rapaz?;
• O rapaz foi assediado pela colega. (AGP) = A colega asse-
diou o rapaz.
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Dica:
Em “As ruas ficaram cobertas de lama.”, o que você diria? CN ou AGP?
AGP ou CN?
Passe para a voz ativa. É possível?
Sim. “Lama cobriu as ruas.”
Logo... AGP.
Exemplos:
• O gramático ficou rodeado de admiradores.;
• Os governantes serão repreendidos pelo povo.;
• O livro vai ser cuidadosamente revisado por quem?
Como se vê, seu núcleo pode ser representado por substantivo, pronome,
numeral, palavra substantivada ou oração.
1. Por inferência, notamos que há agente da passiva simples,composto, oculto (só contextualmente) e oracional. Basta fi-
carmos de olho no(s) núcleo(s).}
Exemplos:
• Fui mordido pelo cão. (simples: um núcleo);
• Fui assediado pela editora X e pela editora Y. (compos-
to: mais de um núcleo);
• “Você foi convidado pelo patrão?” “Sim. Fui convidado.”
(oculto: = Fui convidado (pelo patrão)).
2. Apesar de não ser comum, o agente da passiva pode estar
deslocado.
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Exemplo: “Pelo público o cantor foi vaiado.” / “O cantor foi
pelo público vaiado.”
3. Às vezes, o agente da passiva vem ligado a só um verbo no
particípio (oração reduzida de particípio).
Exemplo: “A barricada feita pelo soldado surtiu efeito.” =
“Abarricada que foi feita pelo soldado surtiu efeito.”
4. Não custa relembrar que o agente da passiva corresponde ao
sujeito da ativa.
Exemplo: Os fãs rodearam o cantor. = O cantor ficou rodea-
do por/de fãs.
5. O agente da passiva pode estar indeterminado se o sujeito da
ativa for indeterminado.
Exemplo: (?) Atacaram nossas lojas ontem. = Nossas lojas fo-
ram atacadas (?) ontem.
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Adjunto Adnominal
O adjunto adnominal é um termo sintático que determina, restringe o
sentido de um substantivo, caracterizando-o. O próprio sentido da expres-
são “ad/junto adnominal” indica que é um termo que vem ao lado, junto
do nome.
As classes gramaticais que podem funcionar como ADN são:
• Pronome;
• Locução adjetiva;
• Adjetivo;
• Numeral;
• Artigo.
Exemplos:
• O homem de negócios comprou só um imóvel: aquela
bela casa.;
• Já se encontraram ambos os meninos em certas vielas escu-
ras com pedras de crack.;
• O primeiro dia de aula cativou alguns alunos estudiosos.
Observações:
1. Por inferência, notamos que há adjunto adnominal simples,
composto e oracional. Basta ficarmos de olho no(s) núcleo(s).
Exemplos:
• A mãe do Pedro é muito simpática. (simples: um núcleo);
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• A mãe do Pedro e do Paulo é muito agradável. (compos-
to: mais de um núcleo);
• A mulher que é simpática conquista as pessoas. (o ad-
junto adnominal é oracional, pois apresenta um verbo em
sua constituição).
2. Via de regra, o adjunto adnominal não vem separado por
pontuação (vírgula, travessão, parênteses...). Se houver uma
enumeração de adjuntos adnominais, aí sim as vírgulas deve-
rão ser usadas.
Exemplo: “O livro maravilhoso, impactante, revelador e de
grande sucesso é, até hoje, a Bíblia Sagrada.”.
3. Breve déjà vu da aula de Substantivo. Bechara, em sua Moder-
na Gramática Portuguesa, nos ensina que são adjuntos adno-
minais os termos preposicionados sublinhados introduzidos
pela preposição expletiva de nas construções enfáticas.
Exemplos:
• O bobo do palhaço fez todos rirem.;
• A pobre da menina está carente.;
• O infeliz do rapaz continuava estudando.
4. Normalmente os adjuntos adnominais, em forma de locução
adjetiva, são iniciados por preposições com valor semântico
de posse ou de ação (agente). Podem também indicar quali-
dade, origem, matéria ou outra especificação. Esse é mais um
dos argumentos para a diferenciação de adjunto adnominal x
complemento nominal.
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Exemplos:
• As mãos dele congelaram com o frio. (posse);
• A banda do César não emplacou. (posse);
• A divulgação do livro pela editora está bem. (agente).
5. O adjunto adnominal em forma de locução adjetiva pode modi-
ficar um pronome, um numeral ou uma palavra substantivada.
Exemplos:
• Todos da cidadezinha assistiram ao show gratuito.;
• Apenas 60% dos atletas mantêm-se em forma depois da
aposentadoria.;
• O rebolar dela é sensual.
6. Em frases do tipo: “A capacidade de adaptação e de empatia
é do ser humano.”, o e liga os adjuntos adnominais de adap-
tação e de empatia ao núcleo do sujeito simples, capacidade,
por isso o verbo fica no singular. Nesse caso, seria um erro se
o verbo ficasse no plural, concordando com os núcleos dos
adjuntos adnominais, isto é, “A capacidade de adaptação e de
empatia são do ser humano.”, pois o verbo concorda com o
núcleo do sujeito: “A capacidade de adaptação e de empatia
é do ser humano.”. Lembre-se: a conjunção não liga só ora-
ções, mas liga termos também.
Adjunto Adnominal X Agente da Passiva
Nem todo termo iniciado pela preposição por é um agente da passiva,
portanto, não confunda adjunto adnominal com agente da passiva.
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Exemplos:
• Derrotada pelo Flamengo, a equipe do Vasco arrumou confu-
são. (agente da passiva);
• A derrota do Vasco pelo Flamengo desnorteou os vascaínos.
(adjunto adnominal).
Note que ambos os termos têm valor agente, mas o agente da passiva vem
ligado a um verbo no particípio, já o adjunto adnominal modifica um subs-
tantivo. Fácil, não?
Adjunto Adnominal X Complemento Nominal
Antes de qualquer coisa, saiba que só há dificuldade em reconhecer o CN
ou o ADN quando o termo preposicionado pela preposição de estiver li-
gado a um substantivo abstrato. Portanto, preste atenção à diferenciação e
siga os critérios para não errar mais!
1ª Dica
Será sempre CN a expressão ligada a substantivo abstrato antecedida de
qualquer preposição, exceto a preposição de.
Exemplos:
• Fiz menção a você ontem.;
• Tenho amor pelo meu filho.;
• Nossa fé em Deus é transcendente.
2ª Dica
Será sempre ADN se a expressão preposicionada estiver ligada a substan-
tivo concreto.
• Exemplo: Comprei o material de um site famoso.
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3ª Dica
Normalmente o ADN mantém uma relação de posse com o substantivo; a
preposição tem valor nocional.
• Exemplo: A atitude do professor foi justa. (A atitude pertence
ao professor, é dele.).
4ª Dica
O CN tem valor paciente (normalmente o seu núcleo não é um ser anima-
do nem personificado, mas o alvo de uma ação) e encontra respaldo na
reescritura de voz passiva analítica. Já o ADN tem valor agente (normal-
mente o seu núcleo é um ser animado ou personificado, que pratica uma
ação) e encontra respaldo na reescritura de voz ativa.
Exemplos:
• A resolução da questão foi ótima. (CN/A questão foi resolvi-
da/valor paciente);
• A resolução do professor foi ótima. (ADN/O professor resol-
veu/valor agente).
Enquanto o adjunto adnominal é uma característica ou um estado ine-
rente/permanente de um ser, o predicativo é uma característica atribuída
a um ser, indicando um estado transitório. Mais especificamente, o predi-
cativo do objeto é, normalmente, uma opinião do sujeito sobre o objeto.
Outra dica bacana é a seguinte: o adjunto adnominal não vem separado
por vírgula (travessões ou parênteses) nem distante do nome a que se liga,
já o predicativo pode vir separado por vírgula (travessões ou parênteses)
ou distante do nome a que se refere.
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Observação:
Nos dois exemplos a seguir, há de se observar se o substantivo antes do
CN ou do ADN é abstrato ou concreto, para encontrar a diferença. Mas
note que isso é feito pelas noções de agente e paciente, que resolvem
90% dos casos.
• A invenção do controle remoto mudou o século XX. (CN/O
controle remoto foi inventado);
• A invenção da empresa norte-americana mudou o século
XX. (ADN/A empresa norte-americana inventou).
É bom dizer também que, em certos casos, por falta de um contexto maior,
pode haver ambiguidade na análise sintática.
• A matança dos policiais precisa acabar! (Não se sabe se os
policiais estão matando – ADN – ou se eles estão sendo mor-
tos – CN).
Exemplos (note as vírgulas):
• O exame deixou o aluno preocupado. (O aluno não é perma-
nentemente preocupado, logo é um predicativo do objeto.);
• O aluno preocupado negou o erro. (O aluno é permanente-
mente preocupado, logo é um adjunto adnominal.);
• O aluno, preocupado, negou o erro. (O aluno está transitoria-
mente preocupado, logo é um predicativo do sujeito.).
Observação:
Não há dificuldade em diferenciar o adjunto adnominal do predicativo
do objeto. (Passe a frase para a voz passiva analítica; se o adjetivo ficar
ao lado do nome, será adjunto adnominal.);
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- Resolvi uma questão difícil. > Uma questão difícil foi resolvida por
mim. (ADN nosdois casos, pois o adjetivo ficou “ao lado do nome”.);
Às vezes, pode existir ambiguidade em uma frase, o que dificultará a
análise; portanto, fique atento ao contexto!;
- Achei o homem perdido. (Não se sabe se o sujeito considerou o ho-
mem perdido, conotativamente – predicativo do objeto –, ou se o sujeito
estava em busca de um homem literalmente perdido e o encontrou –
adjunto adnominal.)
Adjunto Adverbial
Se você sabe identificar um advérbio e uma locução adverbial numa fra-
se, sensacional, pois todo advérbio e locução adverbial exercem função
sintática de adjunto adverbial.
Além do advérbio e da locução adverbial, o pronome relativo e o pronome
pessoal também podem exercer função sintática de adjunto adverbial:
Exemplos:
A sobreloja, onde ele também morava, estava em estado calamitoso. (ad-
junto adverbial de lugar);
Os rapazes saíram conosco, pois iríamos apresentar-lhes as moças. (adjun-
to adverbial de companhia).
Veja mais no link: https://bit.ly/2HY4zqB
Aposto
Aposto é um termo que se junta a outro de valor substantivo ou prono-
minal para explicá-lo ou especificá-lo melhor. Vem separado dos demais
termos da oração por vírgula, dois-pontos ou travessão.
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• Exemplo: Ontem, segunda-feira, passei o dia com dor
de cabeça.
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo ontem. Dizemos
que o aposto é sintaticamente equivalente ao termo a que se relaciona
porque poderia substituí-lo. Veja:
• Segunda-feira passei o dia com dor de cabeça.
Observação
Após a eliminação de ontem, o substantivo segunda-feira assume a fun-
ção de adjunto adverbial de tempo.
Veja outro exemplo:
Aprecio
todos os tipos de música: MPB, Rock, Blues, Chorinho, Samba etc.
Objeto Direto Aposto do Objeto Direto
Se retirarmos o objeto da oração, seu aposto passa a exercer essa função:
Veja outro exemplo:
• Aprecio
• MPB, Rock, Blues, Chorinho, Samba etc.
• Objeto Direto
Observação
O termo a que o aposto se refere pode desempenhar qualquer função
sintática (inclusive a de aposto).
• Dona Aida servia o patrão, pai de Marina, menina levada;
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Analisando a oração, temos:
• pai de Marina = aposto do objeto direto patrão;
• menina levada = aposto de Marina.
Classificação do Aposto
De acordo com a relação que estabelece com o termo a que se refere, o
aposto pode ser classificado em:
1. Explicativo:
A Ecologia, ciência que investiga as relações dos seres vi-
vos entre si e com o meio em que vivem, adquiriu grande
destaque no mundo atual.
2. Enumerativo:
A vida humana se compõe de muitas coisas: amor, trabalho, ação.
3. Resumidor ou Recaítulativo:
Vida digna, cidadania plena, igualdade de oportunidades,
tudo isso está na base de um país melhor.
4. Comparativo:
Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-se por muito
tempo na baía anoitecida.
5. Distributivo:
Drummond e Guimarães Rosa são dois grandes escritores,
aquele na poesia e este na prosa.
6. Aposto de Oração:
Ela correu durante uma hora, sinal de preparo físico.
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Além desses, há o aposto especificativo, que difere dos de-
mais por não ser marcado por sinais de pontuação (vírgula ou
dois-pontos). O aposto especificativo individualiza um subs-
tantivo de sentido genérico, prendendo-se a ele diretamente
ou por meio de uma preposição, sem que haja pausa na ento-
nação da frase.
Exemplo:
• O poeta Manuel Bandeira criou obra de expressão sim-
ples e temática profunda.
• A rua Augusta está muito longe do rio São Francisco.
Atenção
Para não confundir o aposto de especificação com o adjunto adnomi-
nal, observe a seguinte frase:
• A obra de Camões é símbolo da cultura portuguesa.
Nessa oração, o termo em destaque tem a função de adjetivo: a obra
camoniana. É, portanto, um adjunto adnominal.
Observações:
1. Os apostos, em geral, destacam-se por pausas, indicadas na
escrita, por vírgulas, dois pontos ou travessões. Não havendo
pausa, não haverá vírgulas.
• Exemplo: Acabo de ler o romance A moreninha.
2. Às vezes, o aposto pode vir precedido de expressões explica-
tivas do tipo: a saber, isto é, por exemplo etc.
• Exemplo: Alguns alunos, a saber, Marcos, Rafael e Bian-
ca, não entraram na sala de aula após o recreio.
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3. O aposto pode aparecer antes do termo a que se refere.
• Exemplo: Código universal, a música não tem fronteiras.
4. O aposto que se refere ao objeto indireto, complemento
nominal ou adjunto adverbial pode aparecer precedido de
preposição.
• Exemplo: Estava deslumbrada com tudo: com a aprova-
ção, com o ingresso na universidade, com as felicitações.
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Vocativo
Segundo o dicionário, vocativo significa:
(latim vocativus [casus], caso vocativo, de voco, -are, chamar)
adj. s. m.
1. [Gramática] Diz-se de ou caso das línguas em que os nomes
se declinam, que se emprega para chamar ou invocar. s. m.
2. Palavra ou expressão com que apostrofamos ou invocamos
alguém. adj.
3. Que serve para chamar.
Vocativo é um termo que não possui relação sintática com outro termo
da oração. Não pertence, portanto, nem ao sujeito nem ao predicado. É
o termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou
hipotético. Por seu caráter, geralmente se relaciona à segunda pessoa
do discurso.
a) Um substantivo (geralmente próprio);
Lúcia, compareça ao setor de embarque.
b) Adjuntos adnominais (artigos, adjetivos e pronomes adjetivos)
Venha, minha querida, nós vamos voltar para casa.
c) Um pronome reto de segunda pessoa
Ei, você, deixou cair sua carteira?
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Na frase, o vocativo poderá aparecer:
a) No início ou no final da frase,
• Menino, cuidado com o carro!
• Cuidado com o carro, menino!
b) Antes ou depois do adjunto adverbial
• Hoje, senhoras e senhores, temos a honra de apresentar nos-
so projeto concluído.
• Senhoras e senhores, hoje temos a honra de apresentar nosso
projeto concluído.
c) Antes ou depois do verbo imperativo
• Lembre-se, meu filho, de que a vida é feita de desafios.
• Meu filho, lembre-se de que a vida é feita de desafios.
d) Entre o nome/verbo e o complemento
• Amanhã traremos, professora, o nosso trabalho concluído.
• Tenho muito medo, pai, de perder o meu emprego.