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LEI MARIA DA PENHA HISTÓRIA E DESAFIOS

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LEI MARIA DA PENHA: HISTÓRIA E DESAFIOS
Bárbara Pansiere Possa[footnoteRef:1] [1: Graduanda em Direito pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia/ES - Multivix.] 
Carlos Henrique Caetano[footnoteRef:2] [2: Professor pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia/ES – Multivix. ] 
1 INTRODUÇÃO
O artigo ora apresentado tem como objeto o estudo da problemática da ineficácia da Lei Maria Da Penha e contar como ela surgiu. Ademais, traçar meios para reverter essa situação em busca de mais segurança e conforto para as mulheres.
No Brasil a violência é matéria constante em todos os aspectos, classes e gêneros. A violência doméstica é, sem dúvidas, uma realidade gritante e preocupante, a mulher pede socorro e muita das vezes não é atendida da maneira que precisa ser. O âmbito familiar deveria ser o lugar mais seguro e acolhedor, situação que repetida vezes está bem longe deste patamar. Em um breve resumo, que mostra toda realidade, a mulher é vítima de agressão física, verbal, psicológica e sexual no seu próprio lar. Dessa forma, evidencia-se como a violência contra a mulher torna-se uma criminalidade oculta, devido à impunidade ao agressor.
No Ordenamento Jurídico a Constituição Federal estabelece vários direitos e garantias fundamentais aos cidadãos brasileiros. Direitos e garantias essas, que se fossem cumpridas, a realidade da mulher brasileira seria outra. Destaca-se, então, que a violência sofrida pela mulher é uma violação dos Direitos Fundamentais, assim está escrito na constituição federal:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
(...)
 Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
Foi então criada uma lei especificamente para proteger a mulher da violência doméstica, a LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006. A lei é popularmente conhecida como “Lei Maria Da Penha”. Maria Da Penha Fernandes foi vítima de violência doméstica, duas tentativas de homicídio e acabou ficando paraplégica. Após incansáveis lutas na justiça brasileira ela decide escrever um livro onde conta todas suas dores sofridas juntamente com suas filhas, na medida em que escrevia o livro ela ia de encontro ao o CEJIL-Brasil (Centro para a Justiça e o Direito Internacional) e o CLADEM-Brasil (Comitê Latino-Americano do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher), em 1998 foi direcionada a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) uma petição contra o Estado Brasileiro, no qual foi condenado por negligência referente à violência doméstica. Uma das penalidades foi criar uma legislação especifica para esse tipo de violência, assim, antes os casos de violência doméstica eram analisados pelo código penal e tinha sua classificação como menor potencial ofensivo. A lei homenageia “Maria Da Penha Fernandes” quer se tornou mulher símbolo dessa luta, hoje possui um instituto sem fins lucrativos cujo objetivo “é o enfrentamento a violência doméstica e familiar contra a Mulher”. De acordo com Maria Da Penha diz: “Todo o meu sofrimento se transformou em uma luta muito grande”.
Foi preciso a chegar a esse ponto, foi preciso um acontecimento vir à tona, foi preciso uma mulher ficar paraplégica para que medidas mais eficazes no Ordenamento Jurídico fossem, ao menos, contempladas. Sem dúvidas, não se pode dizer que essa lei não ajudou no cenário atual: hoje as mulheres vão à luta por seus direitos, o número de denúncias aumentou, a conscientização deste tema é outro, mas mesmo assim há muito o que melhorar, há muito mais a ser feito para as vítimas de violência doméstica.
Neste ângulo, o propósito do presente trabalho, contar a história e particularidades e analisar o que falta ser feito e melhorado para trazer mais efetividade à aplicabilidade da Lei Maria Da Penha. Somente a Lei em si não é capaz de inibir e acabar com a violência contra a mulher, violência essa que segue acontecendo em números cada vez mais preocupantes. 
1.1 JUSTIFICATIVA 
A justificativa da escolha do tema se deu pelo fato da violência doméstica e familiar contra a mulher ser um grave problema social e mundial, como também um atentado contra os Direitos Humanos, razão pela qual precisa ser discutido e analisado com mais rigor, de modo que se faça uma análise de suas características e intenções.
A grande preocupação hoje em dia é como cessar a violência doméstica e como proteger a mulher e seus filhos, várias coisas são ditas e faladas, mas é preciso ter ação, é preciso medidas eficazes, tem que ser assegurado tudo que se encontra na lei e criar o que falta. 
Além disso, precisa ser levando em conta que toda essa violência é uma violação contra os Direitos Humanos, não vai de encontro aos princípios básicos garantidos pela Constituição Federal e nem seguido pelo o que está escrito na própria Lei Maria Da Penha. E por se tratar de inviolabilidade de Direitos Humanos, que é um direito fundamental à vida do ser humano, merece atenção especial dos aplicadores do Direito.
A presente pesquisa busca o que pode ser feito além do que já está sendo aplicado, buscando mudanças necessárias e medidas mais eficazes. Vai muito além do que está no papel, alguma coisa falta, o essencial não está sendo colocado em prática.
1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA
O sentido deste estudo é delimitar os pontos essenciais para uma proteção mais efetiva para mulher em seu âmbito familiar, para esse fim, será analisado a natureza da lei, buscar onde o operador do direito encontra dificuldades em sua aplicação em casos concretos, impossibilitando assim uma correta e devida aplicação, posto que foi elaborado com falhas. Com base na lei seca e comentada, sendo norteada juntamente com a Constituição Federal.
1.3 PROBLEMA DE PESQUISA
Considerando-se a vasta preocupação de segurança para as mulheres, o estudo vigente tem como finalidade instruir as questões problemáticas sobre a verdadeira eficácia da Lei Maria Da Penha, buscando o que pode ser feito como a implantação de benefícios mais concretos para a denúncia da vítima.
1.4 OBJETIVOS 
1.4.1 Geral
Apresentar o estudo da real falta de eficácia da Lei Maria Da Penha em conjunto com medidas para sua maior aplicabilidade, com bases em números alarmantes da violência doméstica contra a mulher, buscando uma solução permanentemente contra os diretos violados. Além de contar sua história e como surgiu.
1.4.2 Específicos 
· Mostrar primeiramente que a mulher não se encontra sozinha e que ela possui uma rede de apoio;
· A aplicação da lei deve ser mais severa e rígida;
· Aumento nas taxas de denúncia;
· Diminuir a violência não só no âmbito familiar, mais em todos os aspectos.
1.5 HIPÓTESE
Na visão dos princípios constitucionais e no que se encontra na “Lei Maria Da Penha” a mulher vítima de violência doméstica deve ter todos os seus direitos assegurados e eficazes.
2 METODOLOGIA
Para realizar o presente trabalho foi utilizado o método de pesquisa exploratório. Segundo Gil (1999, p.43):
As pesquisas exploratórias têm como principal finalidade, desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais preciosos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. Além disso, [...] são desenvolvidas como o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca do determinado fato.
Ademais, utilizou-se como técnica para coleta de dados, o estudo bibliográfico, contemplando o estudo de diversosautores, artigos e sites da internet.
A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referencias teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas na web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. (FONSECA. 2002, p.32)
Assim, neste estudo será utilizado como fontes secundárias o conjunto de leis, quais sejam: Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Lei Maria Da Penha, Código Penal, súmulas e jurisprudências, como fonte secundária constituídas de alguma literatura das fontes primárias.
3 REFERENCIAL TEORICO
3.1 Sobre Maria Da Penha
Maria Da Penha, Cearense de Fortaleza, farmacêutica bioquímica pela Universidade Federal do Ceará, com Mestrado em Parasitologia em Análises Clinicas, pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, aposentada. Escreveu um livro contando toda sua história, “Sobrevivi... Posso Contar.” Segue alguns relatos do livro:
Acordei de repente com um forte estampido dentro do quarto. Abri os olhos. Não vi ninguém. Tentei mexer-me, mas não consegui. Imediatamente, fechei os olhos e um só pensamento me ocorreu: "Meu Deus, o Marco me matou com um tiro". Um gosto estranho de metal se fez sentir, forte, na minha boca, enquanto um borbulhamento nas minhas costas me deixou ainda mais assustada. Isso me fez permanecer com os olhos fechados, fingindo-me de morta, porque temia que Marco desse um segundo tiro.
[...]
A violência doméstica contra a mulher obedece a um ciclo, devidamente comprovado, que se caracteriza pelo "pedido de perdão" que o agressor faz à vítima, prometendo que nunca mais aquilo vai acontecer. Nessa fase, a mulher é mimoseada pelo companheiro e passa a acreditar que violências não irão mais acontecer. Foi num desses instantes de esperança que engravidei, mais uma vez, de nossa terceira filha.
3.2 A ORIGEM DA LEI 11.340/2006 - LEI MARIA DA PENHA
Diante de uma análise da conjuntura histórica, nota-se que a história de luta das mulheres desde a antiguidade é marcada por padrões de domesticidade, opressão machismo, desigualdade e costumes discriminatórios. 
As mulheres na antiguidade não tinham direito ao voto, também não tinham direito de exercer uma profissão, frequentar escolas e nem mesmo liberdade sobre o próprio corpo e, além disso, eram submissas aos homens, eram tratadas como propriedade tanto pelo pai que lhe arrumava o casamento, como também, posteriormente, pelo marido que buscava em sua imagem uma boa dona de casa, boa mãe para seus filhos, enquanto o homem era o responsável na busca de alimentos para a família, talvez, daí tenha surgido também a ideia de força e brutalização, em que a mulher, ou seja, a parte mais frágil na maior parte tenha sido levada ser submissa.
Assim, sendo o a figura masculina a mais forte, a mulher sempre estava direcionada aos afazeres da casa e aos cuidados com a família, onde era necessário mais delicadeza e cuidado, exceto no caso das camponesas, que junto aos seus maridos realizavam o trabalho feudal. 
Entretanto, após anos de lutas, surgiram grupos feministas na luta por seus direitos, que aos poucos foram conquistados. 
Assim, como a Lei 11.340/2006, no cenário hodierno, que é uma conquista para todas as mulheres, em especial aquelas que sofreram e sofrem com a violência doméstica. 
A Lei 11.340, criada no ano de 2006, mais popularmente conhecida como Lei Maria da Penha, é assim chamada pela violência sofrida pela biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, pelos fatos expostos a seguir. 
A biofarmacêutica cearense sofreu durante vinte anos para ter a vitória de ver seu agressor preso. 
Maria da Penha sofreu a primeira violência no ano de 1983 pelo seu esposo, o professor universitário Marco Antônio Herredia Viveros. 
A violência citada foi uma tentativa de homicídio, onde o seu então esposo, lhe acertou um tiro de espingarda enquanto ela dormia, tiro esse que atingiu a sua coluna, o que ocasionou o arrasamento de suas vértebras, trazendo a dura consequência de deixá-la paraplégica.
Marco Antônio Herredia Viveros negou que tenha sido o autor do disparo, criando a falsa versão de que teriam sofrido um assalto. Depois desse acontecimento, o agressor voltou a agir, chegando a empurrar a vítima da cadeira de rodas. 
Maria da Penha nunca denunciou o agressor ou fez qualquer coisa, posto que o indivíduo era uma pessoa violenta com todos a sua volta, assim, ela tinha medo de denunciá-lo ou então buscar a separação, pelo que ele poderia vir a fazer com ela ou até mesmo com as filhas do casal, que também sofriam com sua violência.
Porém, depois do acontecido, não restou alternativa, senão denunciar, sua vida estava em risco. 
Assim, foi realizada em setembro de 1984, perante a 1º Vara Criminal de Fortaleza, a denúncia dos fatos. Fatos esses que o agressor sempre negou, mas com toda a investigação do inquérito policial não restaram dúvidas perante as provas de que a agressão havia sim ocorrido, pelo seu próprio marido, naquele momento. 
A justiça brasileira foi lenta perante o caso, posto que a condenação e prisão de Viveros só aconteceu no ano de 2002, somando, portanto mais de 19 anos da prática do crime até a condenação.
Nasceu assim, todo o entusiasmo e sede para a criação de uma legislação que tratasse desse tipo de violência, para tentar assim coibir esse atentado aos direitos humanos. 
Depois de muitas lutas, finalmente em 2006 foi criada a lei 11.340/06, que traz punições e tenta assim acabar com a violência de gênero sofrida pelas mulheres. 
3.3 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA LEI MARIA DA PENHA
A luta de classes foi de extrema importância, pois foi moldando um cenário que era ainda pior para a mulher, onde a mesma era tratada como se fosse um objeto, não tinha voz, não tinha direito ao voto, devia ser submissa aos desejos e mandos de seu pai e depois de seu marido e sem direito algum. 
O tempo passou, os tempos são outros, as mulheres alcançaram inúmeros direitos, porém muito ainda há de ser feito, visto que mesmo com todas as mudanças ocorridas com o passar dos anos, ainda hoje o preconceito de gênero é gritante. 
Em se falando de preconceito, surge o assunto da violência doméstica e familiar sofrida pela mulher, baseada também na discriminação do gênero.
É importante salientar que a violência doméstica e familiar não está presente somente nas classes menos favorecidas da população, mas em todo e qualquer lar. 
A mídia vem noticiando cada vez mais casos desse tipo de violência, violência essa que afasta a paz e uma vida saudável de qualquer vítima. 
A mulher nesses casos perde a felicidade, a tranquilidade de viver e os sonhos.
A violência praticada contra a mulher é uma violação dos Direitos Fundamentais garantidos a todo e qualquer ser humano. Sobre o assunto, assim descreve a Lei 11.340 de 2006, em seu art. 2º, (BRASIL, 2006):
	
Art. 2º. Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.
A criação da Lei 11.340 de 20016 é sem dúvidas um grande avanço na luta feminista, mas encontra obstáculos em sua aplicação, posto que foi elaborada com falhas, como imprecisões jurídicas e lacunas, onde o operador do direito encontra dificuldades em sua aplicação em casos concretos, impossibilitando assim uma correta e devida aplicação. 
Porém, com a criação da Lei Maria da Penha, mesmo diante das falhas, o Brasil ganhou força para o combate contra a violência doméstica praticada em desfavor das mulheres.
O que antigamente era tratado como uma simples contravenção penal e punido com o pagamento de cestas básicas e multas, hoje é tratado de forma diferente. 
Assim, depois da Lei 11.340/2006,o agressor sofre uma punição mais severa e, além disso, a vítima ganhou medidas de proteção e toda a assistência necessária nesse momento tão difícil enfrentado. 
Como principais peculiaridades da lei podemos dizer que a pena para esses casos tiveram aumento, podendo chegar a três anos para os crimes de lesões corporais, além disso, aconteceram outras inovações como as medidas de proteção e a saída do agressor de casa.
E conforme ensina o artigo 20 da Lei em comento, caberá em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, a prisão preventiva do agressor, que será decretada pelo juiz, de oficio, a requerimento do Ministério Público, ou mediante representação da autoridade policial.
Ainda sobre a prisão preventiva, houve significativa alteração no Código de Processo Penal no artigo 313, passando o mesmo a vigorar com a inclusão do inciso IV, ficando assim estabelecido que será admitida a decretação da prisão preventiva se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.
Se antes era permitido o cumprimento por penas alternativas, como pagamentos de multas e cestas básicas, hoje isso não é mais possível. 
Em casos extremos, pode ainda o juiz pedir a aplicação de medidas protetivas, para impedir que o agressor chegue perto da vítima, tudo para prevenir a mulher desse tipo de violência.
3. 4 CONCEITO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA SEGUNDO A LEI
Assim, sobre o conceito de violência doméstica, preceitua a Lei 11.340 de 2006, em seu art. 5º (inicisos de I a III e parágrafo único), (BRASIL, 2006):
Art. 5º Para os efeitos desta Lei,configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150, de 2015)
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
Portanto, a violência contra a mulher, é entendida, segundo a própria lei em questão, como sendo toda violência praticada no âmbito da unidade doméstica, da família, e em qualquer relação íntima de afeto, sendo que as relações pessoas independem de orientação sexual. 
Sendo tratada a violência contra a mulher como sendo qualquer ação ou omissão, sempre ligada ao gênero, que cause à vítima, morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. 
Sobre o tema, Nucci (2006, p. 653), escreve que a violência doméstica e familiar é a ação ou omissão baseada no gênero que cause à mulher morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, entretanto afirma ser a relação íntima de afeto o relacionamento estreito entre duas pessoas, que pode estar alicerçado em amizade, amor, simpatia, dentre outros sentimentos de aproximação, sendo necessária a coabitação entre agressor e ofendida.
Altamiro De Araújo Lima Filho, Advogado Criminalista, Professor de Direito Penal no Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC), na cidade de Araguaína (TO) e membro da Academia Tocantinense de Letras diz em seu livro:
São tempos difíceis os que nossa sociedade vivencia na atualidade. Não sei bem se a criminalidade cresce, ou se apenas se torna mais evidente devido a insistência da mídia em noticiá-la, fato é, contudo, que a violência gravita em torno de nossos dias subtraindo a paz de nossa existência. [..]. Paralelamente a este desenvolvimento da criminalidade organizada, ressurge o tema da violência doméstica e de gênero, de igual modo inquietante e que, longe do que se imagina, não atinge somente classes menos favorecidas de nossa população, espraiando-se pelos lares de milhares de cidadãos. 
A Senadora Simone Tibete, em seu livro “Vida e Morte Feminina”, diz:
A violência contra a mulher vai além das marcas no corpo. Muitas vezes, fere de morte. A organização Mundial de Saúde nos colocou na posição de 5ª país que mais mata mulheres no mundo.
[...]
Não há dúvida de que estamos perdendo, e a passos largos, os nossos melhores valores e as nossas melhores referências. No caso brasileiro, referências porque, em todos os campos da vida, perdemos nomes valiosos que nos mostravam os melhores caminhos a seguir, e não criamos substitutos á altura, principalmente na Política. E os valores vão desvanecendo, porque parcela significativa das nossas novas gerações perderam, em muito, o que chamo de “perspectivas de vida”. O horizonte, o Norte, o futuro.
[...]
O que agrava ainda mais essa situação de violência, verdadeira barbárie, é que quase 70% dos casos de agressão à mulher acontecem na sua própria residência.
Conclusão:
Conclui-se, portanto, que a violência contra a mulher no Brasil é uma realidade intrínseca na cultura brasileira, pautada em questões históricas seculares de negação de direitos e objetificação do que representa a figura feminina. Assim, com base neste aparato cultural tão enraizado e normalizado socialmente, destaca-se a dificuldade em ir contra aos valores machistas que se perpetuam de geração a geração até mesmo com a criação de leis. Dessa forma, é necessário ir além do que sugere a teoria da Lei Maria da Penha, que encontra inúmeros empecilhos sociais e jurídicos para a sua efetivação, como o medo de represália do agressor, o julgamento alheio social, a dependência econômica, o abandono familiar, além da morosidade do julgamento, a baixa taxa de denúncias, a impunidade relativa ao encarceramento do agressor, entre inúmeros outros fatores que poderiam ser listados.
Destarte, é evidente que medidas a curto e longo prazo sejam tomadas. Primeiramente, fazer valer as leis é medida que se impõe haja vista o descaso das autoridades em reverter um cenário gritante de violência. Ademais, é necessário romper com a cultura do machismo, da imagem secundária feminina que é justificativa frequente para os diversos tipos de violação. Assim, será possível alçar uma sociedade pautada em valores morais e éticos, que respeitem os direitos inalienáveis a qualquer ser humano, independente de sua condição, muito menos sendo ela masculina ou feminina.
4 REFERÊNCIAS 
1. BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, (Lei Maria da Penha). Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm>.
2. BRASIL. Constituição (1988). Constituição [da] República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. 
3. Entrevista com Maria da Penha. Disponível em: <http://noticias.r7.com/brasil/noticias/-eu-engolia-a-violencia-calada-diz-maria-da-penha-20110805.html>. 
4. Entrevista com Maria da Penha. Disponível em: <https://www.huffpostbrasil.com/2016/08/03/meu-sofrimento-se-transformou-em-luta-diz-maria-da-penha-sob_a_21694905/>. 
5. Fernandes, M, da P. M. Sobrevivi.. Posso Contar. Fortaleza: Armazém da Cultura, 2010.
6. Investigação sobre dados da Delegacia da Mulher no Brasil. Disponível em: < http://azmina.com.br/2016/10/delegacias-da-mulher-so-existem-em-5-das-cidades-brasileiras/>. 
7. Lei Maria da Penha, 11.340/2006. Disponível em: <http://leimariadapenha.blogspot.com.br/2009/09/tipos-de-violencia-contra-mulher.html >. 
8. LIMA FILHO, Altamiro de Araújo. Lei Maria da Penha comentada:[comentários a lei de violência doméstica e familiar contra a mulher]. 2. Ed. Leme, SP:Editora Mundo Jurídico, 2007
9. Observe. Lei Maria da Penha. Histórico. Aspectos Fundamentais. A lei na íntegra. Disponível em: <http://www.observe.ufba.br/lei_mariadapenha>. Acesso em: 10 jun. 2015.
10.O que mudou com a Lei Maria da Penha. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11065&revista_caderno=3>. Acesso em: 23 abr. 2015.
11. TEBET, Simone. Vida e Morte Feminina, Brasília: Senado Federal, Gabinete da Senadora Simone Tebet, 2016
12. NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. 2. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.
13. FONSECA, João José Saraiva. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.
14. GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1999.

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