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aula 16 04 2020

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FACULDADE GAMALIEL – CURSO DE DIREITO 
Prof° Samir Anthunes Mattos Cordeiro 
Email: samiranthunes@gmail.com 
TURMA 9° SEMESTRE 
 
AULA 16/04/2020 
DAS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS 
Da advertência 
-Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a 
termo e assinada. 
-A advertência é a única das medidas socioeducativas que pode ser executada 
diretamente pela autoridade judiciária. 
 
-O Juiz deve estar presente à audiência admonitória, assim como o 
representante do Ministério Público e os pais ou responsável pelo adolescente, 
devendo ser este (inclusive por força do “princípio da obrigatoriedade da 
informação”, consignado no art. 100, par. único, inciso XI, do ECA) alertado das 
consequências da eventual reiteração na prática de atos infracionais e/ou do 
descumprimento de medidas que tenham sido eventualmente aplicadas 
cumulativamente (conforme arts. 113 c/c 99, do ECA). 
 
- Os pais ou responsável deverão ser também orientados e, se necessário, 
encaminhados ao Conselho Tutelar para receber as medidas previstas no art. 
129, do ECA, que se mostrarem pertinentes. 
 
- Da obrigação de reparar o dano. 
 
-Art.116 Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a 
autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, 
promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da 
vítima. 
 
-Aplicável apenas a atos infracionais com reflexos patrimoniais, a medida não se 
confunde com a indenização cível (que pode ser exigida do adolescente ou de 
seus pais ou responsável independentemente da solução do procedimento que, 
aliás, não está sujeito à regra do art. 91, inciso I, do CP), sendo 204 Parte 
Especial fundamental que a reparação do dano seja cumprida pelo adolescente, 
e não por seus pais ou responsável, devendo ser assim verificado, previamente, 
se aquele tem capacidade de cumpri-la (cf. art. 112, §1°, do ECA). A reparação 
pode se dar diretamente, através da restituição da coisa, ou pela via indireta, 
através da entrega de coisa equivalente ou do seu valor correspondente em 
dinheiro. 
mailto:samiranthunes@gmail.com
 
Da Prestação de Serviços à Comunidade 
 
-Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas 
gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a 
entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos 
congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais. 
 
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do 
adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas 
semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não 
prejudicar a freqüência à escola ou à jornada normal de trabalho. 
 
-A medida não pode se restringir à “exploração da mão-de-obra” do adolescente, 
devendo ter um cunho eminentemente pedagógico (com a devida justificativa 
para as atividades a serem desenvolvidas). De acordo com o disposto no art. 90, 
inciso V, do ECA a execução da medida de prestação de serviços à comunidade 
pressupõe a elaboração de um programa socioeducativo, que contemple uma 
proposta pedagógica específica para cada atividade desenvolvida, com deveres 
e metas estabelecidas não apenas para o adolescente. 
 
 
Da Liberdade Assistida 
 
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida 
mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. 
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual 
poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento. 
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo 
a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, 
ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor. 
 
 
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade 
competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros: 
 
I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes 
orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de 
auxílio e assistência social; 
 
II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do adolescente, 
promovendo, inclusive, sua matrícula; 
 
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção 
no mercado de trabalho; 
 
IV - apresentar relatório do caso. 
 
 
 
 
 
APELAÇAO CRIMINAL - ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO 
PREVISTO NO ART. 157, CAPUT, DO CP - CONFISSAO - 
PALAVRA DA VÍTIMA - CREDIBILIDADE - MEDIDA SÓCIO-
EDUCATIVA DE LIBERDADE ASSISTIDA E DE PRESTAÇAO DE 
SERVIÇOS A COMUNIDADE - LAUDO PISICOLÓGICO 
FAVORÁVEL - ADEQUAÇAO AOS ARTS. 117 E 118, DO 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - MANUTENÇAO 
DA SENTENÇA - RECURSO IMPROVIDO - UNÂNIME. I - O Estatuto 
da Criança e do Adolescente, no artigo 117 E 118, estabelece que é 
possível a aplicação de medidas sócio-educativas de liberdade 
assistida e prestação de serviços à comunidade, quando 
comprovada insuficiêa no ambiente familiar. II - O conjunto 
probatório sustentado por meio dos depoimentos da vítima e do 
representado, demonstram claramente a autoria e materialidade na 
prática do delito. III - Apelação Criminal conhecida e improvida. 
Unanimidade. 
 
(TJ-SE - ACR: 2009304802 SE, Relator: DES. EDSON ULISSES DE 
MELO, Data de Julgamento: 02/06/2009, CÂMARA CRIMINAL) 
 
-A liberdade assistida é a medida que melhor traduz o espírito e o sentido do 
sistema socioeducativo estabelecido pela Lei n° 8.069/1990 e, desde que 
corretamente executada, é sem dúvida a que apresenta melhores condições de 
surtir os resultados positivos almejados, não apenas em benefício do 
adolescente, mas também de sua família e, acima de tudo, da sociedade. Não 
se trata de uma mera “liberdade vigiada”, na qual o adolescente estaria em 
uma espécie de “período de prova”, mas sim importa em uma intervenção 
efetiva e positiva na vida do adolescente e, se necessário, em sua dinâmica 
familiar, por intermédio de uma pessoa capacitada para acompanhar a 
execução da medida, chamada de “orientador”, que tem a incumbência de 
desenvolver uma série de tarefas, expressamente previstas no art. 119, do ECA. 
 
Embora a liberdade assistida importe em muito mais que a simples “vigilância” 
do adolescente, é admissível, por analogia, a aplicação das disposições da Lei 
nº 12.258/2010, de 15/06/2010, de modo que adolescentes vinculados a este 
tipo de medida, A DEPENDER DAS PECULIARIDADES DO CASO, sejam 
submetidos a monitoramento eletrônico, nos mesmos moldes do que 
passou a ser previsto em relação a adultos (servindo assim de alternativa 
à aplicação de medidas privativas de liberdade). 
 
 
 
 
 
 
 
Do regime de Semi-liberdade 
 
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou 
como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de 
atividades externas, independentemente de autorização judicial. 
 
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre 
que possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade. 
 
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as 
disposições relativas à internação. 
 
- Neste caso, irá realizar atividades externas e permanecerá recolhido na 
entidade apenas durante determinados períodos, de acordo com o previsto no 
programa em execução. Vale lembrar que, em se tratando de medida privativa 
de liberdade, sua aplicação tem restrições, tanto de ordem legal (vide arts. 127, 
in fine e 121, caput c/c 120, in fine, todos do ECA), quanto constitucional (art. 
227, §3º, inciso V, da CF). 
 
-De qualquer modo, a exemplo do mencionado em relação à liberdade assistida, 
é aqui admissível, por analogia, a aplicação das disposições da Lei nº 
12.258/2010, de 15/06/2010, de modo que adolescentesvinculados a este tipo 
de medida sejam submetidos a monitoramento eletrônico, nos mesmos moldes 
do que passou a ser previsto em relação a adultos. 
 
Da Internação 
 
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos 
princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de 
pessoa em desenvolvimento. 
 
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe 
técnica da entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário. 
 
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção 
ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis 
meses. 
 
-Importante não perder de vista que o adolescente é penalmente inimputável e 
a medida socioeducativa não é e nem pode ser comparada ou equiparada a uma 
pena. 
 
 
 
 
 
-Reputa-se inadmissível estabelecer, já na sentença, um prazo mínimo ou 
máximo para a sua duração e/ou mesmo para reavaliação da necessidade, ou 
não, de continuidade da internação, que deverá ocorrer (de forma automática e 
obrigatória - inclusive sob pena da prática do crime previsto no art. 235, do ECA) 
no máximo a cada seis meses. 
 
Nesse sentido: 
 
HABEAS CORPUS.APLICAÇÃO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA 
DE INTERNAÇÃO. ESTIPULAÇÃO DO PERÍODO DE SEIS MESES 
PARA A RESPECTIVA REAVALIAÇÃO. Correção da sentença para, 
nos termos do §2º do art. 121 do ECA, esclarecer que seis meses 
será o prazo máximo para a reavaliação (nada impedindo seja esta 
realizada com anterioridade). (TJPR. 1ª C. Crim. HC nº 167.693-3. 
Rel. Des. Gil Trotta Telles. Ac. nº 17319. J. em 02/12/2004). 
 
HC. ECA. INTERNAÇÃO. ATO INFRACIONAL CORRESPONDENTE 
A HOMICÍDIO (ART. 121, CAPUT, DO CP). ALEGAÇÃO DE 
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A MANUTENÇÃO DA 
INTERNAÇÃO. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE (ART. 93, IX, DA CF). 
FIXAÇÃO,EM SENTENÇA, DE PRAZO CERTO PARA 
CUMPRIMENTO DA MEDIDA. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO 
EXPRESSA DO §2° DO ART. 121 DO ECA. PLEITO DE APLICAÇÃO 
DA MEDIDA DE LIBERDADE ASSISTIDA. POSSIBILIDADE. 
ADOLESCENTE QUE, DURANTE O TEMPO EM QUE ESTEVE 
INTERNADO, DEMONSTROU COMPROMETIMENTO COM SEU 
APERFEIÇOAMENTO PESSOAL, MORAL, EDUCACIONAL E 
PROFISSIONAL, BEM COMO CAPACIDADE DE SER NOVAMENTE 
INTRODUZIDO NA SOCIEDADE. PROGRESSÃO DE MEDIDA QUE 
DEVE SER PAUTADA NA RECIPROCIDADE E NA CAPACIDADE 
DO JOVEM EM RESPONDER À ABORDAGEM SOCIOEDUCATIVA. 
LIBERDADE ASSISTIDA QUE, NO MOMENTO, FIGURA-SE MAIS 
ADEQUADA ÀS NECESSIDADES DO PACIENTE. ORDEM 
CONCEDIDA. 1. O Estatuto Infanto-Juvenil, pautado na teoria de 
proteção integral, previu a reavaliação das medidas aplicadas no 
prazo máximo de seis meses, fazendo com que o tempo de duração 
da medida aplicada passe a guardar uma correlação com a conduta 
do educando e com a capacidade demonstrada por ele de responder 
à abordagem socioeducativa. 2. A internação não tem caráter 
punitivo, mas, como todas as demais medidas socioeducativas 
previstas pela Lei nº 8.069/90, possui intento de proteger, 
socializar, educar e orientar o adolescente, atentando aos 
princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição 
peculiar de pessoa em desenvolvimento, aos quais está sujeita 
(art. 121, ‘caput’, da Lei 8.069/90). 3. A medida de internação é 
salutar e indicada em casos onde o adolescente necessite de 
afastamento do meio onde vive, bem como de internalização de 
 
valores morais, sociais e de reflexão sobre os atos infracionais 
cometidos. Entretanto, a internação de forma desnecessária pode ter 
um impacto negativo na educação e no desenvolvimento do 
adolescente. (TJPR. 2ª C. Crim. HC-ECA nº 0571370- 2. Rel. Des. 
José Mauricio Pinto de Almeida. J. em 23/04/2009); 
 
 
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três 
anos. 
 
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente 
deverá ser liberado, colocado em regime de semi-liberdade ou de liberdade 
assistida. 
 
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade. 
 
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização 
judicial, ouvido o Ministério Público. 
 
§ 7 o A determinação judicial mencionada no § 1 o poderá ser revista a qualquer 
tempo pela autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 
 
 
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando: 
 
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência 
a pessoa; 
 
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; 
 
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente 
imposta. 
 
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá 
ser superior a três meses. 
 
§ 1 o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser 
superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada judicialmente após o devido 
processo legal. (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 
 
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida 
adequada. 
 
Da Remissão 
 
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato 
infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, 
 
como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e 
conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do 
adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional. 
 
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela 
autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo. 
 
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou 
comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de 
antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das 
medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a 
internação. 
 
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista 
judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescente 
ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.

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