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Capítulo 2
Bases do Direito Ambiental
Seção 1 
Fundamentos, Princípios, Conceitos e Normas 
Constitucionais da Proteção do Ambiente
A Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) distingue fundamento de 
princípio, porque, apesar de atribuir ao Título I a denominação de Princípios 
Fundamentais, no artigo 1º, pertencente ao referido título, anuncia como 
fundamentos aqueles listados em seus incisos e utiliza denominação de 
princípios, simplesmente, nos demais casos referidos ao longo do texto. 
A cidadania, a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e 
da livre iniciativa são, pela distinção do artigo 1º, fundamentos da Constituição 
Federal (CF) e, por conseguinte, do Direito Ambiental, pois, a começar pelo 
Capítulo VI do Meio Ambiente da CF, que possui apenas o artigo 225, agem 
como integrantes dos demais princípios, na designação constitucional, na 
composição das normas ambientais. 
Os fundamentos e os princípios nas normas de conteúdo ambiental da CF, com a 
aplicação do procedimento de confrontação por evidência trabalhado no capítulo 
anterior, são evidenciados ao terem sua condição revelada na articulação 
ou na conexão que cada norma ambiental mantém com outras normas no 
restante do corpo constitucional. 
SILVA, Adão Daniel da. Bases do Direito Ambiental, História e Evolução do Direito Ambiental [material didático]. 
Direito ambiental. Design instrucional Delma Cristiane Morari. Revisão Contextuar. Palhoça: UnisulVirtual, 2016.
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Capítulo 2 
Fundamentos e princípios
Conceito de princípio
O constituinte decidiu enaltecer alguns princípios atribuindo a eles a adjetivação 
de fundamentais, mesmo assim, apesar da importante distinção constitucional 
e da função integrante que desempenham no texto maior, adota-se um único 
conceito utilitário para fundamento e para princípio.
Os dois notáveis jurisconsultos invocados a seguir apresentam de forma bastante 
sintética todas as noções que delimitam e explicam a ideia do que é princípio.
Rui Barbosa posiciona os princípios no devido lugar, postulando que: “pouca 
importância dão, em geral, os nossos publicistas às ‘questões de princípios’. 
Mas os princípios são tudo. Os interesses materiais da nação movem-se de redor 
deles, ou, por melhor dizermos, dentro deles” (BARBOSA, 1889, p.191).
Miguel Reale (2003) expõe, por diversas formas, o que faz uma ideia ser 
considerada um princípio, quando afirma que princípios são:
[...] verdades fundantes de um sistema de conhecimento, 
como tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido 
comprovadas, mas também por motivos de ordem prática de 
caráter operacional, isto é, como pressupostos exigidos pelas 
necessidades da pesquisa e da práxis. (REALE, 2003, p. 37).
Discriminação dos princípios de direito ambiental
O texto do artigo 225 da CF contém de forma expressa ou implícita os fundamentos 
e os princípios que orientam as políticas públicas de proteção ao ambiente.
A dignidade da pessoa humana, que é fundamento do estado brasileiro (artigo 
1º, inciso III da Constituição Federal), aparece de imediato, protegida de forma 
implícita pelo reconhecimento da essencialidade do equilíbrio ecológico para a 
sadia qualidade de vida previsto no caput do artigo 225 da CF. 
A dignidade da pessoa humana tem relevância de fundamento, porque o cidadão é 
o centro dos objetivos do Estado, como se lê no artigo 2º da Constituição Federal. 
É relevante afirmar esse ponto, porque da dignidade como fundamento passa-se a 
averiguar a relação entre o cidadão e o ambiente.
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Direito Ambiental 
Cidadão e ambiente aparecem em múltiplas conexões que podem ser feitas a 
partir do artigo 225 com o artigo 5º e com o artigo 170, principalmente, mas não 
exclusivamente, pois a Constituição Federal é eclética e analítica como ensina 
Pinto Ferreira (1998). 
Análise Orientada do artigo 225 da CF
A análise orientada do artigo 225 da Constituição Federal, pela busca dessas 
relações, determina alguns princípios caros ao equilíbrio ecológico, como se pode 
ler na sistematização apresentada a seguir por ordem de aparecimento.
• Princípio da Legalidade, previsto de forma explícita no inciso IV.
• Princípio da Reserva Legal, previsto de forma explícita no inciso IV.
• Princípio da Insignificância, previsto de forma explícita no inciso IV.
• Princípio da Prevenção, previsto de forma explícita no inciso IV.
• Princípio da Publicidade, previsto de forma explícita no inciso IV.
• Princípio da Precaução, previsto de forma implícita no inciso V.
• Princípio do Poluidor-Pagador, previsto de forma explícita no parágrafo 2º.
Análise Orientada do artigo 170 da Constituição Federal 
O artigo 170, que visa regular a ordem econômica, explicita outros princípios de 
relevância ambiental, como o princípio da propriedade, que como instituto de 
direito tem seu uso subordinado às disposições do artigo 225 nos seus incisos II, 
III, IV e V, assim como os demais a seguir indicados.
• Princípio da Propriedade, previsto de forma explícita no inciso II.
• Princípio da Função Social da Propriedade, previsto de forma explícita no inciso III.
• Princípio da Defesa do Meio Ambiente, previsto de forma explícita no inciso VI.
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Capítulo 2 
Conceitos dos fundamentos do direito ambiental
Restringe-se o tema aos princípios acima arrolados, pois esses são suficientes para 
determinar conceitos e normas ambientais, que adiante serão mencionados. Entretanto, 
é necessário estabelecer, pelo menos, um conceito instrumental de princípio. 
Princípio da Cidadania
A verificação do conteúdo das disposições que a CF consagra, em vários de seus 
dispositivos, sobre o princípio da cidadania, como se nota a partir dos textos 
dos artigos 68, § 1.º, II; 22, XIII, e 5.º, LXXIII, conjugada com os ensinamentos de 
Vieira, a seguir reproduzidos, expõem os contornos de um conceito instrumental 
para o princípio da cidadania
Vieira (2002) esclarece assim que:
A República Moderna não inventou o conceito de cidadania, que, 
na verdade, se origina na República Antiga. A cidadania em Roma, 
por exemplo, é um estatuto unitário pelo qual todos os cidadãos 
são iguais em direitos. Direitos de estado civil, de residência, de 
sufrágio, de matrimônio, de herança, de acesso à justiça, enfim, 
todos os direitos individuais que permitem acesso ao direito civil. 
Ser cidadão é, portanto, ser membro de pleno direito da cidade, 
seus direitos civis são plenamente direitos individuais. Mas ser 
cidadão é também ter acesso à decisão política, ser um possível 
governante, um homem político. Esse tem direito não apenas a 
eleger representantes, mas a participar diretamente na condução 
dos negócios da cidade. (VIEIRA, 2002, p. 27).
Nota-se que as referências descrevem mais as garantias dadas para a 
participação dos indivíduos, em igualdade de direitos e obrigações, na sociedade 
e nos negócios, com o Estado. Então, entende-se que a conceituação de 
cidadania é estabelecida não pela sua natureza ou aspectos descritivos, mas pela 
forma ou meios como é garantida aos indivíduos. 
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
Silva (2000), em sua obra intitulada Vocabulário Jurídico, consigna que:
[...] dignidade é a palavra derivada do latim dignitas (virtude, 
honra, consideração), em regra se entende a qualidade moral, que, 
possuída por uma pessoa, serve de base ao próprio respeito em 
que é tida: compreende-se também como o próprio procedimento 
da pessoa pelo qual se faz merecedor do conceito público; em 
sentido jurídico, também se estende como a dignidade a distinção 
ou a honraria conferida a uma pessoa, consistente em cargo ou 
título de alta graduação; no Direito Canônico, indica-se o benefício 
ou prerrogativade um cargo eclesiástico. (SILVA, 2000, p. 267).
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Direito Ambiental 
Kant (2005), também, não alcança elementos caracterizadores da natureza ou dos 
aspectos descritivos. O autor descreve a dignidade pela forma como aparece na 
ação dos indivíduos abordando-a a partir da teoria da autonomia, da vontade que 
considera o ser humano capaz de agir conforme as regras legais, e, nesse sentido, 
afirma que: “[...] todas as suas ações, tanto nas que se dirigem a ele mesmo como 
nas que se dirigem a outros seres racionais, ele tem sempre de ser considerado 
simultaneamente como um fim [...]” (KANT, 2005 apud SARLET, 2001, p. 32). 
Kant (2005) afirma, nesse contexto, que:
No reino dos fins tudo tem ou um preço ou uma dignidade. 
Quando uma coisa tem um preço, pode pôr-se em vez dela 
qualquer outra como equivalente, mas quando uma coisa está 
acima de todo preço, e portanto não permite equivalente, então 
tem ela dignidade [...]. Esta apreciação dá pois a conhecer como 
dignidade o valor de uma tal disposição de espírito e põe-na 
infinitamente acima de todo preço. Nunca ela poderia ser posta 
em cálculo ou confronto com qualquer coisa que tivesse preço, 
sem de qualquer modo ferir a sua santidade? (KANT, 2005, p. 77).
A conceituação de dignidade se materializa, então, não pela sua natureza ou 
aspectos descritivos, mas pela forma como aparece na ação dos indivíduos. 
A dignidade existe se há autodeterminação ética do ser humano, ou seja, a 
dignidade começa com a autonomia da vontade. 
A dignidade vista desta forma pode sugerir um individualismo exacerbado, mas 
esse não é o caso do conceito kantiano, se lembrado que o antropocentrismo de 
suas ideias repousam na racionalidade do ser e na máxima de conduta: “[...] age 
apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se 
torne uma lei universal” (KANT, 2005, p. 59).
Princípio dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
A análise das disposições que a CF consagra, em vários de seus dispositivos, 
sobre o princípio dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, como se 
nota a partir dos textos dos artigos 1º, IV; 5.º, XIII, XXII, XXIII, XXV, XXVI, XXIX; 
6º; 170, II; IV, VII e VIII; 186; e 193, quando articulada com o texto da Ação Direta 
de Inconstitucionalidade nº 1.950 (ADIn 1.950), a seguir apresentado, serve ao 
propósito de obtenção do conceito do princípio dos valores sociais do trabalho e 
da livre iniciativa.
A Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1.950 elucida o entendimento que o 
Supremo Tribunal Federal (STF) tem do princípio, por isso se torna uma fonte 
confiável, haja vista a sua função de intérprete da Constituição, para buscar os 
elementos que caracterizam tal princípio no país.
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Capítulo 2 
A livre iniciativa é expressão de liberdade titulada não 
apenas pela empresa, mas também pelo trabalho. Por isso a 
Constituição, ao contemplá-la, cogita também da ‘iniciativa do 
Estado’; não a privilegia, portanto, como bem pertinente apenas à 
empresa. Se de um lado a Constituição assegura a livre iniciativa, 
de outro determina ao Estado a adoção de todas as providências 
tendentes a garantir o efetivo exercício do direito à educação, à 
cultura e ao desporto [artigos 23, inciso V, 205, 208, 215 e 217, 
§ 3º, da Constituição]. Na composição entre esses princípios e 
regras há de ser preservado o interesse da coletividade, interesse 
público primário. O direito ao acesso à cultura, ao esporte e ao 
lazer são meios de complementar a formação dos estudantes. 
(ADI 1.950, Rel. Min. Eros Grau, DJ 02/06/06).
O conceito do princípio dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa se 
funda na liberdade do indivíduo de empreender, como pessoa física, na posição 
de empregado ou empreendedor individual, ou pessoa jurídica, mas em harmonia 
com outros princípios. O equilíbrio da sua aplicação resulta da conjunção de 
diversas forças sociais observadas pelo Estado.
Conceitos dos princípios do direito ambiental
Princípio da Legalidade
O princípio da legalidade é suscetível a duas importantes conceituações, 
conforme se utiliza a previsão constitucional do artigo 5º, II, LIV ou do artigo 37, 
porque há diferença significativa do sujeito e dos institutos jurídicos, que orienta 
com a tutela jurídica decorrente.
O cidadão tem assegurado garantias negativas, de forma que o Estado não 
pode interferir nos direitos e nas garantias fundamentais, senão em razão de lei 
promulgada nos termos autorizados pelo texto constitucional. Assentam-se, para 
o indivíduo, as previsões do artigo 5º, II da CF: “ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.”.
E do artigo 5º, LIV da CF: “[...] ninguém será privado da liberdade ou de seus bens 
sem o devido processo legal.”.
Bastos (2002) apresenta, nesse contexto, que:
[...] o princípio da legalidade mais se aproxima de uma garantia 
constitucional do que de um direito individual, já que ele não tutela, 
especificamente, um bem da vida, mas assegura, ao particular, a 
prerrogativa de repelir as injunções que lhe sejam impostas por 
uma outra via que não seja a da lei. (BASTOS, 2002, p. 193).
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Direito Ambiental 
O cidadão, em resumo, é submisso às obrigações de fazer, deixar de fazer ou 
tolerar alguma coisa em razão da lei expedida nos ditames da CF, pois só a lei, 
em seu sentido formal, pode inovar, originariamente, na ordem jurídica. Não há 
direitos ou deveres subjetivos sem a previsão por lei. 
Prevalece a autonomia de vontade nos termos da Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão da França de 1789, em seu artigo 4°, in verbis: 
A liberdade consiste em fazer tudo aquilo o que não prejudica a 
outrem; assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem 
não tem outros limites que os que asseguram os membros da 
sociedade o gozo desses mesmos direitos. Esses limites somente 
podem ser estabelecidos em lei.
Então, conclui-se que, na defesa dos seus interesses, compete ao cidadão fazer 
tudo aquilo o que a lei não proíbe e também tudo aquilo que a lei nem cogita. 
O Estado e, por conseguinte, a sua administração estão submetidos ao princípio 
da legalidade na modalidade prevista, o qual está disposto no caput do artigo 
37 da CF, o que é diverso da condição aplicada ao cidadão, pois trata-se de 
garantia positiva que o Estado deve prestar. Assentam-se, para o Estado e sua 
administração, as previsões do artigo 37 da Constituição Federal (CF):
Nas palavras do prestigiado Hely Lopes Meirelles (2005),
[...] a legalidade, como princípio de administração (CF, art. 37, 
caput), significa que o administrador público está, em toda 
a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e 
às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar 
ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a 
responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. 
(MEIRELLES, 2005, p. 87).
A legalidade para administração do Estado significa nada pode fazer senão o que 
a lei determina, como ensina Celso Antônio Bandeira de Mello (2007, p. 98-99). 
Assim, tem-se que:
[...] a Administração não poderá proibir ou impor comportamento 
algum a terceiro, salvo se estiver previamente embasada em 
determinada lei que lhe faculte proibir ou impor algo a quem quer que 
seja. Vale dizer, não lhe é possível expedir um regulamento, instrução, 
resolução, portaria ou seja lá que ato for para coartar a liberdade dos 
administrados, salvo se em lei já existir delineada a contenção ou 
imposição que o ato administrativo venha a minudenciar. 
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Capítulo 2 
Então, conclui-se que compete ao Estado só fazer aquilo que autorizadamente alei prevê. Casos de lacuna da lei, só são resolvidos se a lei atribuir ao destinatário 
previsão legal para completá-la segundo regras também definidas no comando.
Princípio da Reserva Legal
O princípio da reserva legal, também chamado de reserva de lei, impõe ao 
legislador ordinário a obrigação de regular certa matéria (vida, liberdade, 
patrimônio e seus atributos etc.) somente por meio de lei em sentido estrito 
resultante do processo legislativo previsto no artigo 60 da CF.
É uma questão de competência, porque qualquer ato que venha a intervir no 
direito de liberdade ou de propriedade das pessoas carece de lei prévia que o 
autorize (ADI 2.075-MC, ReI. Min. Celso de Mello, DJ 27/06/03).
As expressões “exigir, na forma da lei” (como acontece no Art. 225, §1º, IV da CF) 
ou “nos termos da lei” (como acontece no Art. 5º, VII, XV, XXVIII, XLII, XLV, entre 
outros da CF) fórmula usual que o legislador constitucional definiu. 
Princípio da Insignificância
O princípio da intervenção mínima do Estado nas relações sociais significa que a 
tutela jurídica não deve se estabelecer senão para aquelas relações e condutas 
relevantes para o fim da justiça, que é a paz social; e só atuar quando estritamente 
necessário, mantendo-se subsidiário e fragmentário na construção legislativa.
Não há necessidade de o Estado regular todas as condutas, até porque a CF 
estabelece limites a essa ação normativa por meio das garantias negativas, por isso 
a subsidiariedade, que serve para nortear a intervenção em abstrato do direito, e 
a fragmentariedade, que só autoriza a intervenção, quando frente a condutas que 
resultam em relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
Percebe-se, destarte, que o princípio da insignificância é corolário da 
característica fragmentária do princípio da intervenção mínima.
O princípio da intervenção mínima tem um papel fundamental em um Estado 
Democrático de Direito e no Direito Ambiental, especificamente, pois há previsão 
expressa da CF, no artigo 225, §1º, IV, de restrição do uso da propriedade 
somente em casos de instalação de obra ou atividade potencialmente causadora 
de significativa degradação do meio ambiente.
A decisão judicial apresentada a seguir, apesar de tratar de um caso penal, serve 
bem ao propósito de assentar um conceito do princípio da insignificância e da 
intervenção mínima.
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Princípio da insignificância — Identificação dos vetores 
cuja presença legitima o reconhecimento desse postulado 
de política criminal — Consequente descaracterização da 
tipicidade penal em seu aspecto material — Delito de furto 
simples, em sua modalidade tentada — Res furtiva no valor 
(ínfimo) de R$ 20,00 (equivalente a 5,26% do salário mínimo 
atualmente em vigor) — Doutrina — Considerações em torno 
da jurisprudência do STF — Pedido deferido. O princípio da 
insignificância qualifica-se como fator de descaracterização 
material da tipicidade penal. O princípio da insignificância 
— que deve ser analisado em conexão com os postulados 
da fragmentariedade e da intervenção mínima> do Estado 
em matéria penal — tem o sentido de excluir ou de afastar 
a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu 
caráter material. Doutrina. Tal postulado — que considera 
necessária, na aferição do relevo material da tipicidade 
penal, a presença de certos vetores, tais como (a) a 
mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma 
periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de 
reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade 
da lesão jurídica provocada — apoiou-se, em seu processo 
de formulação teórica, no reconhecimento de que o caráter 
subsidiário do sistema penal reclama e impõe, em função 
dos próprios objetivos por ele visados, a do Poder Público. 
O postulado da insignificância e a função do direito penal: de 
minimis, non curat praetor. O sistema jurídico há de considerar 
a relevantíssima circunstância de que a privação da liberdade 
e a restrição de direitos do indivíduo somente se justificam 
quando estritamente necessárias à própria proteção das 
pessoas, da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes 
sejam essenciais, notadamente naqueles casos em que os 
valores penalmente tutelados se exponham a dano, efetivo 
ou potencial, impregnado de significativa lesividade. O 
direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam 
resultado, cujo desvalor — por não importar em lesão 
significativa a bens jurídicos relevantes — não represente, por 
isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico 
tutelado, seja à integridade da própria ordem social. (HC 
92.463, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 16-10-07, DJ 
de 31-10-07). No mesmo sentido: HC 93.288, Rel. Min. Celso 
de Mello, julgamento em 11-3-08, DJE de 24-10-08.
Esse princípio conjugado com o princípio da legalidade e da reserva legal, cujas 
incidências o artigo 225, §1º, IV da CF, exige, torna possível o entendimento de 
muitas questões submetidas à apreciação administrativa e judicial.
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Capítulo 2 
Princípio da Prevenção
O princípio da prevenção tem conceituação bem sistematizada pelos seus 
elementos identificadores, conforme se verifica das citações abaixo.
Prevenção é substantivo do verbo prevenir (do latim prae = antes 
e venire = vir, chegar), e significa ato ou efeito de antecipar-se, 
chegar antes; [...] simples antecipação do tempo, é verdade, mas 
com intuito conhecido. (MILARÉ, 2007, p. 766).
A prevenção intenta coibir a lesividade conhecida em razão de certa atividade, 
isto é, “[...] supõe riscos conhecidos, seja porque previamente identificados 
EIA – estudo prévio de impacto ambiental-, seja porque os danos já ocorreram 
anteriormente [...]”. (STEIGLEDER, 2011, p. 165).
Prevenção significa, então, agir antes por meio de instrumentos adequados 
ao dano conhecido para impossibilitar a ocorrência ou, se inevitável, mitigar 
suas consequências.
Princípio da Publicidade
A Constituição Federal estabelece expressamente o princípio da publicidade 
no artigo 37, caput (BRASIL, 1988) e, no artigo 225, §1º, IV (BRASIL, 1988), que 
prevê implicitamente o licenciamento ambiental, há previsão de transparência 
na confecção e apresentação do estudo prévio de impacto ambiental, que é o 
instrumento de prevenção mais utilizado.
Segundo Meirelles (2005, p.96), a “[...] publicidade é a divulgação oficial do 
ato para conhecimento público e início de seus efeitos externos [...]”, mas, em 
termos de direito ambiental, significa mais, pois, também, é a obrigação, prevista 
no artigo 2o da Lei Federal nº 10650/2003, de que os órgãos e entidades da 
Administração Pública, direta, indireta e fundacional, integrantes do Sistema 
Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), permitam o acesso público aos 
documentos, expedientes e processos administrativos que tratem de matéria 
ambiental e forneçam todas as informações ambientais que estejam sob sua 
guarda, em meio escrito, visual, sonoro ou eletrônico (BRASIL, 2003).
Princípio da Precaução
O princípio da precaução também tem conceituação bem sistematizada pelos 
seus elementos identificadores, conforme se verifica na citação abaixo.
Precaução é substantivo do verbo precaver-se (do latim prae = 
antes e cavere – tomar cuidado), e sugere cuidados [...] para que 
uma atitude ou ação não venha a concretizar-se ou a resultar em 
efeitos indesejáveis. (MILARÉ, 2007, p. 144).
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O que é sopesado, por orientação desse princípio, é o risco, que é possibilidade 
de algo errado acontecer, porém não de forma previsível e com consequências 
passíveis de mensuração ou estimativa, pois são inacessíveis em sua totalidade 
à assimilação imediatado homem. Apesar do avanço científico aprimorado, 
não há domínio ou conhecimento dos efeitos que alguma conduta ou inovação 
tecnológica possa causar aos ambientes naturais. (STEIGLEDER, 2011).
O princípio da precaução é bem exemplificado pela menção da disposição 
do artigo 225, §1º, V (BRASIL, 1988), que prevê explicitamente o controle da 
produção, da comercialização e do emprego de técnicas, métodos e substâncias 
que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.
Princípio do Poluidor-pagador
O artigo 4o, inciso VII, da Lei Federal nº 6.938/1981 (PNMA), trouxe o princípio 
do poluidor pagador, porque afirma que a PNMA visa “[...] à imposição, ao 
poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos 
causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais 
com fins econômicos”.
Cabe enfatizar que tal princípio, de acordo com Fiorillo (2006), 
[...] não traz como indicativo pagar para poder poluir, “poluir 
mediante pagamento” ou “pagar para evitar a contaminação”. Não 
se pode buscar através dele formas de contornar a reparação do 
dano, estabelecendo-se uma liceidade para o ato poluidor, como se 
alguém pudesse afirmar: “poluo, mas pago. (FIORILLO, 2006, p. 82).
O princípio poluidor-pagador tem ação superior, porque não só incumbe ao agente do 
dano o pagamento pelas perdas causadas, mas também abarca o custo correspondente 
à proteção, prevenção, repressão do prejuízo ambiental. (MONTENEGRO, 2005).
Princípio da Propriedade
Princípio da propriedade é um direito fundamental dos cidadãos, assegurado na 
CF, e, portanto, é cláusula pétrea na conformidade do artigo 60, §4º, IV da CF. 
O direito de propriedade, no conceito de Penteado Filho (2005), abrange todo o 
direito de conteúdo econômico ou patrimonial (propriedade, usufruto, uso, direito 
autoral, créditos etc.), que deve seguir uma função social (utilidade).
Princípio da Função Social da Propriedade
O direito de propriedade, previsto no artigo 5o, inc. XXII, da CF, tem a sua 
inviolabilidade, que é afirmada no caput do artigo 5º da CF, modulada pela 
previsão de cumprir sua função social. 
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Capítulo 2 
Alguns esquecem, mas nem tudo o que se quer atribuir é função social, apenas o 
que a lei prevê o é, pois o referido caput do artigo 5º da CF assim o exige. Além 
disso, o cumprimento da função social pela propriedade urbana se esgota na 
previsão do artigo 182, §2º da CF, e o da propriedade rural, na previsão do artigo 
186 da CF, ou seja, a propriedade urbana “[...] cumpre sua função social quando 
atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano 
diretor [...]” - Art. 182, §2º - (BRASIL, 1988).
Nesse contexto, importa destacar que a propriedade rural cumpre a função social 
quando atende, simultaneamente, critérios e graus de exigência estabelecidos em 
lei, aos seguintes requisitos:
I. aproveitamento racional e adequado;
II. utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do 
meio ambiente;
III. observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV. exploração que favoreça ao bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
São essas as duas previsões constitucionais que abrangem as propriedades 
rural e urbana, pois o constituinte nada especificou para os demais tipos de 
propriedade, tais como: a intelectual, a autoral, entre outros.
Assim, a previsão do artigo 1.228, parágrafo 1o do Código Civil (CC), a seguir 
citada, deve ser avaliada dentro dos limites que a CF estabeleceu para o 
cumprimento da função social da propriedade rural e urbana.
O direito de propriedade deve ser exercido em consonância 
com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que 
sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em 
lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio 
ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a 
poluição do ar e das águas. (BRASIL, 2002)
Outras interpretações mais amplas esbarram no princípio da legalidade, na 
condição de cláusula pétrea, que não submete o direito de propriedade como 
direito e garantia individual a sujeitar-se à deliberação, e na previsão do § 1º, do 
artigo 5º da CF, que estabelece que todas as normas definidoras dos direitos e 
garantias fundamentais têm aplicação imediata.
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Direito Ambiental 
Princípio da Defesa do Meio Ambiente
O princípio encontra-se disposto no caput do artigo 225, da Constituição 
Federal de 1988:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações. (BRASIL, 1988).
A defesa do meio ambiente não é prerrogativa unicamente do Estado, embora 
incumba a ele, nos termos do § 1º, do referido artigo, assegurar a efetividade 
desse direito liderando a ação de toda a coletividade.
Normas gerais e normas específicas
Conceito de normas
Kant (2005) considera a norma jurídica um juízo hipotético, distinguindo nela 
um imperativo categórico e um hipotético. O categórico impõe um dever sem 
qualquer condição, é o caso de uma norma moral que ordena por ser necessário 
fazê-lo. O hipotético é condicional, pois a conduta imposta é meio para uma 
finalidade ou para a produção de determinado efeito.
Kelsen (2000) assumiu a mesma distinção definindo a norma jurídica como um 
juízo hipotético, porque sua eficácia (capacidade de gerar efeitos) depende 
de uma condição do tipo “se então”. Explicando: se ocorre um fato, então, se 
aplica a sanção prevista.
As considerações anteriores não traduzem um conceito instrumental, por isso 
melhor é adotar a lição de Paulo Dourado de Gusmão (1997) que expõe nos 
seguintes termos o que é norma:
Norma jurídica é a proposição normativa inserida em uma ordem 
jurídica, garantida pelo poder público ou pelas organizações 
internacionais. Tal proposição pode disciplinar condutas ou 
atos, como pode não as ter por objeto, coercitivas e providas de 
sanção. Visam a garantir a ordem e a paz social e internacional. 
(GUSMÃO, 1997, p. 113).
A ideia é a imagem mais próxima para descrever um princípio, então, a norma tem 
na concretização da ideia em uma proposição asseguradora de direito ou em uma 
proposição fixadora de conduta a imagem que melhor pode o representar.
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Capítulo 2 
Distinção entre princípios e normas
A doutrina não chegou a consenso se as regras diferem dos princípios ou se eles 
se assemelham. Fora do dissenso o que prevalece é a ideia de que princípios e 
normas são manifestações de conteúdo normativo. 
A diferença está no que se pode designar como densidade do conteúdo. Os 
princípios, também dotados de força normativa, em razão da previsão constitucional 
do § 1º, do artigo 5º da CF, que atribui aplicação imediata a todas as normas 
definidoras dos direitos e garantias fundamentais, são mais vagos, mais abertos; as 
regras são mais precisas, pois tem a função de concretizar os princípios.
Normas gerais
O artigo 24 da Constituição da República Federativa do Brasil afirma: 
Art. 24. Compele à União, aos Estados e ao Distrito Federal; 
legislar concorrentemente sobre: 
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e 
urbanístico; 
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, 
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio 
ambiente e controle da poluição, 
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e 
paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao 
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, 
turístico e paisagístico; 
§ 1° - No âmbito da legislação concorrente, a competênciada 
União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 
§ 2° - A competência da União para legislar sobre normas gerais 
não exclui a competência suplementar dos Estados. 
§ 3° - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados 
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas 
peculiaridades. 
§ 4° - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende 
a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. (Grifo nosso).
A previsão da competência para estabelecer normas gerais, atribuída à 
União, na condição de legislação concorrente, é de suma importância para a 
construção da legislação ambiental.
Uma norma não é geral, porque abarca todo o território do país, se assim fosse 
a atribuição dos estados da federação para exercer a competência legislativa 
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Direito Ambiental 
plena na ausência de normas gerais federais, previsão do § 3° do artigo 24 da CF, 
tornaria os estados aptos a legislar para toda a nação. O que é absurdo.
A condição de validade de uma norma para todo o território lhe empresta a adjetivação 
de homogênea e não de geral.
Para Moraes (2000), uma norma é geral quando conceitua e fornece os elementos 
e requisitos dos institutos de Direito (exemplos: propriedade, capacidade etc.). 
Para que sejam considerados institutos, hão de ser identificados os elementos 
e requisitos. Cria-se algo tão importante que ao Direito cabe sua proteção. 
As normas ligadas à conservação desse Direito, instituído pelos elementos e 
requisitos que o compõem, são consideradas regras gerais.
Assim, a regra para verificar a condição da norma geral se dá pela presença 
explícita no texto do instituto de direito ou de seus atributos. 
Normas específicas
Moraes (2000) ensina que serão regras suplementares ou específicas todas a 
aquelas cuja finalidade não seja a conservação do Direito em si, mas os efeitos 
jurídicos causados pela existência desse instituto de Direito ou por seu exercício.
Caso ocorra explícita declaração do instituto jurídico ou de seus elementos e 
requisitos, a norma é geral, como já afirmado. Não havendo tal explicitação, mas 
podendo da norma se depreender o instituto jurídico implícito ou um de seus 
elementos ou requisitos, também implícitos, no âmbito dos efeitos, então, se 
estará diante de uma norma específica.
Seção 2 
Repartição de Competências Constitucionais
Conceito de competência
Para o José Afonso da Silva (1990), competência: “[...] é a faculdade 
juridicamente atribuída a uma entidade, órgão ou agente do Poder Público 
para emitir decisões [...]”; e, ainda, entende-se que “[...] competências são 
as diversas modalidades de poder de que se servem os órgãos ou entidades 
estatais para realizar suas funções [...]”. 
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34
Capítulo 2 
Classificação de competência
A competência, no âmbito constitucional, assume duas espécies de interesse para 
o Direito Ambiental: a competência administrativa e a competência legislativa.
A competência legislativa apresenta-se nos artigos 22, incisos I a XXIX; 24, incisos I a 
XVI e 30, incisos I e II da CF.
A competência administrativa apresenta-se no artigo 23, incisos I a XXII da CF.
Seção 3
Competência Legislativa e Regulamentar
Titularidade da competência federal de legislar
Competência para legislar matéria de direito civil
O interesse do direito ambiental sobre a competência federal de legislar matéria 
de direito civil decorre do locus, no qual as questões ambientais ocorrem, ou seja, 
no território das propriedades privadas e públicas. 
A matéria de direito civil, como previsto no artigo 22, I da CF, é atribuição privativa 
da União, que se realiza por meio do Congresso Nacional, conforme dispõe o 
artigo 48 da Constituição Federal (CF).
Assim, ocorre o mesmo com outras matérias de interesse do meio ambiente, 
como de direito agrário e de direito marítimo. 
Competência para legislar matéria de direito ambiental
A competência de legislar e regulamentar matéria de direito ambiental, como 
previsto no artigo 24, VI, VII e VIII da CF, é atribuição concorrente da União, dos 
Estados e do Distrito Federal (DF).
A competência da União se realiza por meio do Congresso Nacional, conforme 
dispõe o artigo 48 da CF.
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35
Direito Ambiental 
A competência atribuída à União, aos Estados e ao DF não afasta a competência 
dos Municípios, prevista no artigo 30, I e II da CF, relativamente às matérias de 
direito ambiental de interesse local e à suplementação da legislação federal ou 
estadual no que couber.
Titularidade da competência federal para regulamentar 
matéria de direito ambiental
A competência de regulamentar as matérias ambientais do artigo 24, VI, VII e VIII 
da CF, que são objeto da competência legislativa da União, realizada por meio 
do Congresso Nacional, conforme dispõe o artigo 48 da CF, quanto à edição de 
normas gerais, se realiza por meio do Congresso Nacional, com regulamentação 
pelo Presidente da República, na dicção do artigo 84, IV da CF.
Há, contudo, séria discussão doutrinária sobre a possibilidade de o Conselho 
Nacional do Meio Ambiente (Conama) ter poder regulamentador das normas federais 
de meio ambiente, haja vista a disposição do artigo 6º, II da Lei nº 6.938/1981.
Para entender melhor a questão no que concerne à ilegalidade do Conama 
e à edição de normas regulamentadoras de lei federal, é mister lembrar que 
o sistema jurídico brasileiro se encontra sistematizado hierarquicamente, 
considerando que norma suprema é a Constituição Federal. No sistema 
normativo brasileiro, uma norma inferior não poderá contrariar norma superior, 
sob pena de ilegalidade ou inconstitucionalidade.
Como coloca Palu (2001), a hierarquia dos atos normativos tem no ápice a 
norma que comanda o sistema jurídico, à qual são subordinadas diretamente 
ou indiretamente todas as demais. Abaixo se situam outras que, por sua vez, 
comandam outras que lhes seguem na hierarquia e, assim, sucessivamente. A 
cada degrau verticalmente descendente, mais normas existem, alargando a base 
da hipotética pirâmide; quanto mais elevada uma norma no sistema piramidal 
imaginário, mais abstrata ela será. A norma mais elevada é a Constituição.
Todo o sistema jurídico pátrio encontra-se alicerçado na Constituição Federal, 
fato pelo qual norma alguma poderá contrariar comando constitucional. Usando 
as palavras de Palu (2001, p. 64), “[...] está a Constituição no mais alto degrau 
hierárquico das normas, condensando regras e preceitos.”
Sendo, pois, a Constituição a norma que condensa as regras e preceitos 
norteadores de todo o ordenamento jurídico, é ela que divide as atribuições e a 
competência entre os diversos órgãos e poderes que formam a União.
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36
Capítulo 2 
Em outras palavras, é a Constituição que definirá a competência do Executivo, do 
Legislativo, do Judiciário, fixando as atribuições do Presidente da República.
Caso uma norma não respeite os preceitos constitucionais, tanto materialmente 
quanto formalmente (não respeite a forma, o procedimento e a competência) dir-
se-á que tal norma é inconstitucional ou ilegal, dependendo do caso.
Nas palavras de Palu (2001), a inconstitucionalidade é
A incorreção da norma com o parâmetro superior positivo, 
quer sob o aspecto da incorreção formal (ou seja, do processo 
legislativo, órgão emissor competente), quer sob o aspecto da 
incorreção material (conteúdo substancialmente incompatível 
com a Constituição). (PALU, 2001, p. 69).
No Brasil, firmou-se entendimento de que uma norma ou preceito será 
inconstitucional quando afrontar a Constituição de maneira direta. Caso 
contrário, será caso de ilegalidade.
Assim, uma última palavra, ainda, é necessária sobrea edição de resoluções 
pelo Conama com o objetivo de regulamentar lei, e, nesse sentido, recorre-se a 
Antunes, o qual menciona o Código Florestal (CFlo) e que afirma: 
Dentre as diferentes atribuições do Conama, data venia, não se 
encontra a de regulamentar, diretamente, lei. Repita-se o Poder 
Regulamentar é de Competência do Presidente da República, 
conforme disposto no artigo 84, IV da CRFB.
É evidente que o CFlo somente pode ser regulamentado por 
decreto presidencial e, jamais, por mera Resolução de um órgão 
administrativo de assessoramento ao Presidente da República, 
como é o Conama, tal qual definido no Art. 6º. II da Lei nº 
6.938/81. (ANTUNES, 2012, p. 522).
Como se sabe, o Conama é órgão integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente 
- Sisnama, de caráter consultivo e deliberativo, estando a sua competência normativa 
definida nos artigos 6º, II; e 8º, I, VI e VII, da Lei no 6.938/1981. Assim, a competência 
normativa atribuída ao Conama destina-se exclusivamente ao estabelecimento de 
normas, critérios e padrões, visando à disciplina técnica de conceitos e parâmetros 
de emissão, ejeção e emanação de agentes poluidores. 
Isto é, o Conama possui apenas e tão somente atribuição de natureza técnica, 
para fixação de bases conceituais, índices e parâmetros técnicos, os quais não 
são próprios dos textos legislativos.
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37
Direito Ambiental 
A ação normativa daquele Conselho, portanto, não abrange a edição de atos 
limitadores de direitos individuais, nem tampouco a criação de novos direitos 
não previstos em lei (stricto sensu), ou seja, “[...] mera Resolução não basta para 
qualificar área como de preservação permanente em hipótese não admitida em lei 
[...]” (NIEBUHR, 2008).
É o que dispõe a Constituição Federal em seu artigo 5º, II: “[...] ninguém será obrigado 
a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei [...]” (BRASIL, 1988). 
Portanto, só por força de lei se impõem obrigações ou se criam direitos. Somente 
através dessa espécie de regra jurídica é lícito inovar o mundo do Direito. Vale dizer, 
restrição alguma à liberdade ou à propriedade pode ser imposta se não estiver 
previamente delineada, configurada e estabelecida em lei – em sentido estrito. 
Com efeito, apenas para cumprir os comandos legais - e nos seus exatos limites 
- pode o Poder Executivo expedir decretos e regulamentos. A finalidade básica da 
competência regulamentar é restrita a esmiuçar as disposições legais (gerais e 
abstratas), produzindo normas necessárias para a execução/aplicação das leis 
pela Administração Pública. 
Nesse sentido, a Constituição Federal revogou 
expressamente todas as normas delegadoras de 
competência normativa, no teor do já citado artigo 25 do 
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Assim, à luz da Constituição de 1988, a competência 
delegada ao Conama pela Lei 6.938/1981 não consubstancia 
uma competência normativa destinada a inovar na ordem 
jurídica, seja impondo obrigações, seja instituindo direitos ou 
estipulando sanções, o que seria inconstitucional. 
Daí porque o Conama não pode arrogar-se na 
competência de editar norma que implique intervenção na 
liberdade ou propriedade do cidadão, porque essa matéria 
está reservada à Lei. E isso em razão do princípio da 
legalidade consagrado no artigo 5º da Carta Magna.
Neste sentido, 
o Conama tem função social e ambiental indispensável. Mas 
esse Conselho não tem função legislativa, e nenhuma lei poderia 
conceder-lhe essa função. Estamos diante de uma patologia 
jurídica, que é preciso ser sanada, pois caso contrário o mal 
poderá alastrar-se, e teríamos o Conselho Monetário Nacional 
criando impostos e o Conselho Nacional de Política Criminal e 
Penitenciária definindo crimes. É fundamental a proteção das 
áreas de preservação permanente, mas dentro do Estado de 
Direito. (MACHADO, 2003, p. 705).
Art. 25 - Ficam 
revogados, a partir 
de cento e oitenta 
dias da promulgação 
da Constituição, 
sujeito este prazo a 
prorrogação por lei, 
todos os dispositivos 
legais que atribuam 
ou deleguem a órgão 
do Poder Executivo 
competência 
assinalada pela 
Constituição ao 
Congresso Nacional, 
especialmente 
no que tange à: 
I – ação normativa; 
II – alocação ou 
transferência de 
recursos de qualquer 
espécie.
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38
Capítulo 2 
Seção 4 
Competência Administrativa Ambiental 
Competência comum
A repartição de ações administrativas previstas no artigo 23, parágrafo único da 
CF, com a regulamentação dada pela Lei Complementar Federal nº 140/2011, 
fixou normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do 
artigo 23 da CF, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência 
comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio 
ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação 
das florestas, da fauna e da flora.
Distribuição da competência comum
A Lei Complementar Federal nº 140/2011 prevê as atribuições de cada parte 
responsável pelos atos administrativos tendentes a conservar o meio ambiente 
utilizando o critério de abrangência do impacto ambiental.
Atribuições da união
A União é responsável pelas ações de coordenação nacional do meio ambiente 
e por grandes instalações ou obras de impacto nacional ou regional, que 
atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, conforme se verifica, 
especialmente, nos incisos XIII e XIV, do artigo 7º da Lei Complementar nº 
140/2011, conforme destaque a seguir:
I. formular, executar e fazer cumprir, em âmbito nacional, a Política Nacional do 
Meio Ambiente; 
II. exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições; 
III. promover ações relacionadas à Política Nacional do Meio Ambiente nos 
âmbitos nacional e internacional; 
IV. promover a integração de programas e ações de órgãos e entidades da 
administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, relacionados à proteção e à gestão ambiental; 
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Direito Ambiental 
V. articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio à Política 
Nacional do Meio Ambiente; 
VI. promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção 
e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos; 
VII. promover a articulação da Política Nacional do Meio Ambiente com as de 
Recursos Hídricos, Desenvolvimento Regional, Ordenamento Territorial e outras; 
VIII. organizar e manter, com a colaboração dos órgãos e entidades da 
administração pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o 
Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima); 
IX. elaborar o zoneamento ambiental de âmbito nacional e regional; 
X. definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente 
protegidos; 
XI. promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a proteção do meio ambiente; 
XII. controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida 
e o meio ambiente, na forma da lei; 
XIII. exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja 
atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida à União; 
XIV. promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades: 
a. localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; 
b. localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou 
na zona econômica exclusiva; 
c. localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; 
d. localizadosou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela 
União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); 
e. localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados; 
f. de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos 
de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das 
Forças Armadas, conforme disposto na Lei Complementar no 97, de 9 
de junho de 1999; 
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40
Capítulo 2 
g. 
g. destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar 
e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia 
nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da 
Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); 
h. ou que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir 
de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação 
de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), 
e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da 
atividade ou empreendimento;
XV. aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações 
sucessoras em: 
a. florestas públicas federais, terras devolutas federais ou unidades de 
conservação instituídas pela União, exceto em APAs;
b. atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, 
pela União; 
XVI. elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção 
e de espécies sobre-explotadas no território nacional, mediante laudos e 
estudos técnico-científicos, fomentando as atividades que conservem essas 
espécies in situ; 
XVII. controlar a introdução no País de espécies exóticas potencialmente 
invasoras que possam ameaçar os ecossistemas, habitats e espécies nativas; 
XVIII. aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da fauna e da flora 
em ecossistemas naturais frágeis ou protegidos; 
XIX. controlar a exportação de componentes da biodiversidade brasileira na 
forma de espécimes silvestres da flora, micro-organismos e da fauna, partes 
ou produtos deles derivados; 
XX. controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas; 
XXI. proteger a fauna migratória e as espécies inseridas na relação prevista no 
inciso XVI; 
XXII. exercer o controle ambiental da pesca em âmbito nacional ou regional; 
XXIII. gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento tradicional 
associado, respeitadas as atribuições setoriais; 
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41
Direito Ambiental 
XXIV. exercer o controle ambiental sobre o transporte marítimo de produtos 
perigosos; 
XXV. exercer o controle ambiental sobre o transporte interestadual, fluvial ou 
terrestre, de produtos perigosos. 
Parágrafo único. O licenciamento dos empreendimentos cuja localização 
compreenda concomitantemente áreas das faixas terrestre e marítima da zona 
costeira será de atribuição da União exclusivamente nos casos previstos em 
tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da 
Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do 
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e considerados os critérios de 
porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento. 
Atribuições dos estados
Os Estados são responsáveis pelas ações de coordenação estadual do meio 
ambiente e pelas instalações ou obras de impacto estadual, conforme tipologia 
definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados 
os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade e, especialmente, 
do inciso XIV, do artigo 8º, da Lei Complementar nº 140/2011, no destaque a seguir:
I. executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a Política Nacional do Meio 
Ambiente e demais políticas nacionais relacionadas à proteção ambiental; 
II. exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas atribuições; 
III. formular, executar e fazer cumprir, em âmbito estadual, a Política Estadual de 
Meio Ambiente; 
IV. promover, no âmbito estadual, a integração de programas e ações de órgãos 
e entidades da administração pública da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, relacionados à proteção e à gestão ambiental; 
V. articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às Políticas 
Nacional e Estadual de Meio Ambiente; 
VI. promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção 
e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos; 
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42
Capítulo 2 
VII. 
VII. organizar e manter, com a colaboração dos órgãos municipais 
competentes, o Sistema Estadual de Informações sobre Meio Ambiente; 
VIII. prestar informações à União para a formação e atualização do Sistema 
Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima); 
IX. elaborar o zoneamento ambiental de âmbito estadual, em conformidade com 
os zoneamentos de âmbito nacional e regional; 
X. definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente 
protegidos; 
XI. promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a proteção do meio ambiente; 
XII. controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida 
e o meio ambiente, na forma da lei; 
XIII. exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja 
atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida aos Estados; 
XIV. promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos 
utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou 
capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o 
disposto nos artigos 7o e 9o; 
XV. promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos 
localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo 
Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); 
XVI. aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações 
sucessoras em: 
a. florestas públicas estaduais ou unidades de conservação do Estado, exceto 
em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); 
b. imóveis rurais, observadas as atribuições previstas no inciso XV do artigo 
7o; e 
c. atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, 
ambientalmente, pelo Estado; 
XVII. elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção 
no respectivo território, mediante laudos e estudos técnico-científicos, 
fomentando as atividades que conservem essas espécies in situ; 
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43
Direito Ambiental 
XVIII. controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas 
destinadas à implantação de criadouros e à pesquisa científica, ressalvado o 
disposto no inciso XX do artigo 7o; 
XIX. aprovar o funcionamento de criadouros da fauna silvestre; 
XX. exercer o controle ambiental da pesca em âmbito estadual;
XXI. exercer o controle ambiental do transporte fluvial e terrestre de produtos 
perigosos, ressalvado o disposto no inciso XXV do artigo 7o. 
Atribuições dos municípios
Os Municípios são responsáveis pelas ações de coordenação local do meio 
ambiente e pelas instalações ou obras de impacto estadual, conforme tipologia 
definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados 
os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade e, especialmente, 
do inciso XIV, do artigo 9º da Lei Complementar nº 140/2011, no destaque a seguir:
I. executar e fazer cumprir, em âmbito municipal, as Políticas Nacional e 
Estadual de Meio Ambiente e demais políticas nacionais e estaduais 
relacionadas à proteção do meio ambiente; 
II. exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbitode suas atribuições; 
III. formular, executar e fazer cumprir a Política Municipal de Meio Ambiente; 
IV. promover, no Município, a integração de programas e ações de órgãos 
e entidades da administração pública federal, estadual e municipal, 
relacionados à proteção e à gestão ambiental; 
V. articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às Políticas 
Nacional, Estadual e Municipal de Meio Ambiente; 
VI. promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados à proteção 
e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos; 
VII. organizar e manter o Sistema Municipal de Informações sobre Meio Ambiente; 
VIII. prestar informações aos Estados e à União para a formação e atualização 
dos Sistemas Estadual e Nacional de Informações sobre Meio Ambiente; 
IX. elaborar o Plano Diretor, observando os zoneamentos ambientais; 
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44
Capítulo 2 
X. definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos; 
XI. promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a proteção do meio ambiente; 
XII. controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida 
e o meio ambiente, na forma da lei; 
XIII. exercer o controle e fiscalizar as atividades e empreendimentos cuja 
atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for cometida ao 
Município; 
XIV. observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta 
Lei Complementar, de modo a promover o licenciamento ambiental das 
atividades ou empreendimentos: 
a. que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme 
tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, 
considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade;
b. localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto 
em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); 
XV. observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei 
Complementar, aprovar: 
a. a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras 
em florestas públicas municipais e unidades de conservação instituídas pelo 
Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
b. a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações 
sucessoras em empreendimentos licenciados ou autorizados, 
ambientalmente, pelo Município. 
Apresentou-se, neste capítulo, a base do direito ambiental discorrendo sobre 
conceitos de princípio, princípio da legalidade, reserva legal, norma, norma geral 
e norma específica para apresentar um instrumental de conhecimentos que 
possibilitam manejar conceitos e distinguir suas aplicações.
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