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HEMATOLOGIA VETERINÁRIA Exame clínico é fundamental o laboratório não é um oráculo (adrenalina provoca leucocitose e neutrofilia) O tratamento interfere no exame laboratorial (por exemplo, drogas, transfusão). Nunca se deve colher sangue do mesmo vaso em que se aplicou uma droga I.V. Deve-se apenas pedir exames fundamentais para a confirmação do diagnóstico (custo para o proprietário e para o animal). HEMATOPOIESE Sistema hematopoético: medula óssea, baço, estômago, rim, fígado, linfonodos e sistema macrofágico fagocitário. Para que se forme uma hemácia ou leucócito normais, todos esses órgãos devem estar em bom funcionamento. Fígado proteína e Fe, fator precursor da eritropoetina (eritropoetinogênio). Rim uremia pode lesar medula óssea. Produz um fator importante na multiplicação de hemácias (eritropoetina). Hematopoese fetal: (formação de sangue antes do nascimento) Fase pré - Hepática: ocorre após a fecundação. Saco vitelínico possui as ilhas hematopoiéticas, constituídas apenas de eritroblastos (hemácias nucleadas|) e células precursoras (steem cell). Nessas ilhas encontram-se células totipotentes (pluripotenciais) steem cell. Fase Hepática: a steem cell migra para o fígado. Ela desenvolve uma linhagem diferenciada, mas sempre forma uma linha pluripotencial. O adulto tem uma steem cell para 1000000 de leucócitos. No fígado são produzidas as células hematopoiéticas (neutrófilos, basófilos, eosinófilos, megacariócitos · origina plaquetas, hemácias nucleadas). Fase Esplênica: concomitante com a hepática. Exerce a mesma função do fígado. Há migração de steem cell. Fase Mielóide: migração da steem cell para a medula óssea após a formação embrionária do osso. A medula óssea passa a ser o único órgão com função hematopoiética. Os linfócitos são formados na medula óssea, diferenciados no baço, timo e linfonodos. Os monócitos são produzidos na medula óssea e fígado. HEMATOPOESE PÓS-FETAL: Fase Jovem: toda a medula óssea é hematopoieticamente ativa. Fase Adulta: Medula óssea vermelha todos os ossos chatos Esterno Costelas Necessário p/ Vértebras produção do Ossos do crânio valor normal Epífise dos ossos longos e coxais de céls. Medula amarela (involução) substitui a medula vermelha. Constituindo por células gordurosas, reticulares. É um tecido esponjoso. No caso de anemia ou infecção, há um estímulo da steem cell e expansão da medula óssea vermelha. Fase Senil: Medula amarelo-cinzenta substituição por tecido fibroso. Perde a capacidade de expansão (aumenta a susceptibilidade às doenças). No jovem, em caso de necessidade de aumentar a hematopoiese, o fígado e o baço aumentam de volume (proliferação da steem cell). Saco vitelínico: células pluripotentes (exemplo proeritroblasto), migram para o fígado e baço, onde se transformam em células totipotenciais. Depois há migração para a medula óssea após a sua formação. Steem cell presente no recém- nascido. No adulto, ocorre migração para a epífise dos ossos longos e nos ossos chatos. Steem cell pluripotencial (medula óssea) Steem cell multipotencial Migra para linfócitos B (baço) Linfócitos T Medula óssea e fígado Baço Série eritróide Timo Megacariocítica Linfonodos Neutrofílica e monocitica Eosinofílica Basofílica Linfócitos formados na medula óssea, diferenciados no baço, timo e linfonodos em Linfócitos B e T. BAÇO: 1) Imunologia: Participa da função humoral e celular (macrófagos, linfócitos B e T) 2) Reservatório de eritrócitos: Quando um animal tem hemorragia anemia por perda de sangue, Mecanismo compensatório: não há diminuição do hematócrito contração do baço, aumentando o n.º de hemácias no sangue para compensar a diminuição do volume sangüíneo aumenta o hematócrito. Cerca de 10 horas após o acidente ocorre diminuição do hematócrito (o organismo mobiliza líquidos dos tecidos para o interior dos vasos em função da hipovolemia, ocorre então hemodiluição). No gato, hemorragia acima de 8% do volume sangüíneo ocorre a compensação (contração esplênica). Cão e gato quando fazem exercício, há aumento de 6 a 15% do volume sangüíneo pela contração do baço. Cães anestesiados com pentobarbital sódico/ tiopental sódico tem 1/3 da massa de hemácias seqüestrada pelo baço. 3) Reservatório de plaquetas, mas não de leucócitos, com exceção de linfócitos: O baço retém 1/3 do total de plaquetas 4) Destruição de hemácias alteradas, velhas (110-120 dias no cão) e defeituosas (as que não forem destruídas pelos macrófagos da medula óssea) 5) Alguma influência sobre a morfologia dos eritrócitos: Reticulócitos (hemácia com resquício de material nuclear – DNA). Hemácias jovens e grandes que podem ser lançadas na corrente sangüínea (cerca de 1%). Essas hemácias terminam sua maturação no baço. 6) Controle de bactérias e certos parasitos do sangue (sistema mononuclear fagocitário) Exemplo Anaplasma, Babesia, Erlichia, Hemobarthonella, etc. As hemácias anormais são destruídas pelos macrófagos do baço. 7) Controle da Hematopoese: O baço ainda tem steem cell no animal jovem (a medula óssea é totalmente vermelha sem poder de expansão) Corpúsculo de Howell-Jolly hemácia com fragmento de núcleo (não é destruído no baço). ESTÔMAGO: Absorção: produz o fator intrínseco que vai facilitar a absorção de vitamina B12 pelo intestino. A cianocobalamina (vitamina B12) é importante para a multiplicação das hemácias. É um elemento essencial para a produção de hemácias. Em carnívoros a vitamina B12 é obtida pela alimentação (importante à produção do fator intrínseco). Nos ruminantes a vitamina B12 é sintetizada pela flora ruminal, sendo importante o cobalto (faz parte da molécula de vitamina B12). O ácido clorídrico do estômago, que é importante no processo de digestão de proteínas, transforma o Fe 3+ em Fe 2+, pois esse cátion só é absorvido desta forma e é importante constituinte da molécula de hemoglobina. MUCOSA INTESTINAL: Armazenamento do ferro na forma de ferritina. Participa da digestão do alimento. FÍGADO: ARMAZENA: Vitamina B12, ácido fólico (importante na multiplicação da hemácia) e ferro. PRODUZ: todos os fatores da coagulação com exceção do VIII, produz albumina, eritropoetinogênio (precursor da eritropoetina), betaglobulina (transporta a ferritina para os tecidos), alfaglobulina (transporta o cobre, que é importante para a inserção do ferro na molécula de hemoglobina e faz parte do metabolismo da bilirrubina. RIM: Quando há hipóxia (anemia, ou insuficiência respiratória ou cardíaca), o animal entra em insuficiência renal por falta de oxigenação renal. O mesmo ocorre no fígado, havendo estímulo para liberação do eritropoetinogênio. O rim libera proeritropoetina e produz a eritrogenina, a qual transforma eritropoetinogênio em eritropoetina. A pro- eritropoetina é ativada por uma enzima plasmática, gerando eritropoetina. O cão depende 100% do rim para produzir eritropoetina. Isso não ocorre em outras espécies. A eritropoetina leva à mitose e maturação das hemácias nucleadas e age nos progenitores eritróides. A anemia pode ser secundária a uma lesão renal ou hepática ou a lesão pode ser secundária a anemia. Transfusão de sangue deve ser feita para retirar o animal do estado crítico (< 12% de hematócrito) para que se possa responder sozinho ao estímulo da eritropoetina. Se o animal tiver insuficiência renal e/ou hepática isso não ocorre. O hematócrito permanece alto por 3 dias após a transfusão. Insuficiência renal crônica anemia. Há necessidade de se administrar eritropoetina comercial. LINFONODOS São colonizados por linfócitos,que são maturados nos linfonodos. SISTEMA MONONUCLEAR FAGOCÍTICO: MACRÓFAGOS: tecido conjuntivo, baço, linfonodos, medula óssea, fígado, pulmões, etc. Hemácia: Achatada, bicôncava, anucleada. Proeritroblasto (com nucléolo). Eritroblasto Basofílico núcleo menor com citoplasma azul. Eritroblasto policromático núcleo menor com citoplasma de azul a marrom. Metaeritroblasto no sangue periférico quando há anemia. Reticulócito expulsão do núcleo. Há intensa síntese de hemoglobina. Encontrado nos onívoros e carnívoros no sangue periférico. Eritrócito maduro. De jovem para adulta, a hemácia diminui de tamanho. Com a produção de hemoglobina a hemácia torna-se avermelhada. Quanto mais jovem, maior o núcleo e a cromatina é mais frouxa. Lesão de parede de vaso dentro da medula podem sair hemácias mais imaturas (são maiores e menos maleáveis). Na anemia a eritropoetina aumenta o poro dos capilares favorecendo a saída de reticulócitos. Na medula óssea, as ilhas de eritroblastos ficam próximas aos capilares ao contrário dos leucócitos. Na medula óssea, os macrófagos fagocitam os núcleos expulsos das hemácias. O comprimento e largura da hemácia variam de acordo com a espécie (importante na calibração do contador eletrônico). As espécies que tem hemácias grandes tem menos hemácias (o que importa é a concentração de hemoglobina). Nos capilares as hemácias são maiores que a luz, podendo se deformar na microcirculação para permitir a oxigenação dos tecidos. Metabolismo Embden- Meyerhofmetabolismo anaeróbico da hemácia. A hemácia produz ATP, a aprtir da glicose, para manter a forma achatada. Conforme fica velha, ela perde a capacidade de plasticidade. Aves e répteis hemácias nucleadas. Plaquetas de aves e répteis também são nucleadas ( são chamadas de trombócitos). Nestes animais, o eritrócito é produzido dentro do vaso, portanto, não precisa perder o núcleo. Contagem de células Cálculo: n.º de leucócitos/l= mm³ n.º de células X 10 4 10 1/10 da altura (0,1 mm) Fator da Câmara para os leucócitos: 2,5 Diluição: Pipeta de Thoma (1/20 leucócitos e 1/200 de hemácias) X 20 N.º de leucócitos X 20 X 2,5 n.º de leucócitos/l=mm³ X 50 N.º de hemácias 5/25 1/5 de 1 mm² 5X 10 (1/10 da altura da câmara)= 50 Diluição: 1:200 200 X 50 10.000 x contagem na câmara. Para ovinos: 1: 400 20.000 X contagem, pois ovinos tem maior n.º de hemácias (precisa diluir mais para facilitar a contagem) ERITROCINÉTICA (FORMAÇÃO DA HEMÁCIA) Existem três fatores: 1. Fator de Excitação (estímulo para a medula começar a produzir hemácias). Ocorre por diminuição do Oxigênio tecidual anemia, insuficiência cardíaca, elevadas altitudes, pois diminui o oxigênio do ar, hemoglobinopatias. 2. Fator de Multiplicação 3. Fator de Maturação 1) Fator de Excitação a) Oxigenação b) Eritropoetina A Hipóxia tecidual leva o rim e outros órgãos a liberarem o fator eritropoético renal, a eritrogenina. A hipóxia renal pode causar a liberação de uma prostaglandina E2, que ativa, na seqüência, o monofosfato de adenosina cíclico, uma proteinoquinase, e a síntese do fator eritropoético renal. Esse fator reage com uma - globulina plasmática sintetizada pelo fígado, para produzir a eritropoetina. A eritropoetina estimula as células progenitoras, as Unidades Formadoras de Colônias Eritróides (steem cells) para se diferenciarem em proeritroblastos. A eritropoetina também induz os proeritroblastos, os eritroblastos basofílicos e os eritroblastos policromatófilos a aumentarem a divisão mitótica. Uma célula progenitora e seus descendentes sofrem quatro mitoses num período de cinco dias, para produzir 16 eritrócitos. A atividade mitótica cessa no estágio de eritroblasto policromatófilo tardio. As Unidades Formadoras de Colônias estão confinadas aos tecidos hematopoéticos, no entanto, uma pequena população destas células fica quiescentes na circulação, aumentando na anemia severa, provavelmente, seja o mecanismo de repovoamento da medula óssea amarela, tornando-se hematopoética e na forma de medula óssea vermelha. 2) Fatores de Multiplicação: a) Cianocobalamina (Vitamina B12) b) Ácido Fólico c) Cobalto d) Ácido Nicotínico (nicotinamida B2) Todos esses fatores são essenciais para a formação do DNA. Se diminuírem tais fatores, há diminuição na produção de hemácias (retarda a multiplicação e divisão celular), mas a síntese de hemoglobina é normal. Então neste caso, a anemia é macrocítica (é jogada na circulação hemácias mais jovens) mas normocrômica (pois não houve prejuízo à hemoglobinização das hemácias). 3) Fatores de Maturação (hemoglobinização das hemácias): a) Ferro b) Cobre c) Piridoxina Todos esses são fatores necessários para a formação da molécula de hemoglobina. A ausência destes fatores permite somente a multiplicação de hemácias, mas não sua hemoglobinização. No caso a anemia é microcítica hipocrômica (na prática não se verifica macrocítica ou normocítica hipocrômica, devido aos índices hematimétricos). ANEMIA Clinicamente se caracteriza pela presença de mucosas e pele pálidas, perláceas. Hematologicamente consiste na diminuição do número de hemácias, diminuição da concentração de hemoglobina e diminuição do volume globular ou hematócrito. Volume globular ou hematócrito: Apanha-se uma alíquota de sangue em um tubo de ensaio comum (Wintrobe) e centrifuga-se a 3000 rpm por 30 minutos. Após a centrifugação, observa-se, o que era um sistema monofásico, agora um sistema trifásico consistindo de uma parte maior, o sobrenadante, o plasma que contém proteínas, metabólitos, hormônios, gases, etc., uma fina camada esbranquiçada que corresponde aos leucócitos e uma camada mais espessa, vermelha que corresponde às hemácias. É esta parte vermelha, comparada ao plasma que chamamos volume globular, ou mais precisamente, hematócrito. V.G. % de hemácias em 100ml de sangue. O animal anêmico tem o volume globular diminuído. Microhematócrito 10000 rpm por 5 minutos. Facilidade de trabalho num laboratório, pois com uma pequena alíquota, faz-se o exame. Vantagem do Wintrobe usa-se qualquer centrífuga, mas é demorado e consome muito sangue (>1,0 ml) . Desvantagem do microhematócrito uso da microcentrífuga, que é muito cara. Hemograma sangue total + anticoagulante EDTA 10% 5,0 ml de sangue em 0,1 ml de EDTA (100 l) Plasma soro + fibrinogênio Obtenção do soro: deixar repousar o sangue inclinado por 1,0 hora ou centrifugar imediatamente (quantidade maior de proteína fibrinogênio) Sangue + anticoagulante centrífuga: plasma Plasma de cão, gato, suíno e homem incolor. Se estiver vermelho hemólise (tubo sujo coleta em seringa de vidro, a seringa de plástico é melhor para coletar) ou anemia hemolítica intravascular (hemoglobinúria associada). EDTA em excesso lise da célula Plasma branco lipemia (até 2 horas após a refeição) Plasma amarelado icterícia (antes da manifestação clínica) bilirrubina Herbívoros plasma amarelado (caroteno) ANEMIA Redução do número de hemácias, da concentração de hemoglobina e do volume globular. Clinicamente caracteriza-se por mucosas e pele hipocoradas. CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DAS ANEMIAS ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS 1. VCM ou VGMVolume Corpuscular Médio ou Volume Globular Médio: VCM= VG X 10/ N.º HEMÁCIAS POR ML Unidade = fentolitro (fl), que é o ³ (volume médio da hemácia) Valores elevados = macrocítica Valores médios = normocítica Valores baixos = microcítica Exemplo: VGM=? VG = 6% n.º de hemácias = 1,08 (põe vírgula no milhão) VGM = 6X 10/1,08 55,5 (anemia microcítica). Normal para o cão : 60-77 fl. 2. HCM Hemoglobina Corpuscular Média HCM = Hb X 10/ n.º de hemácias Unidade = micrograma (g) Mede a concentração média de hemoglobina no sangue. Não é usado com freqüência dá a mesma interpretação do VGM. É mascarado no caso de hemólise intravascular. 3. CHCM ou CHGM (Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média ou Concentração de Hemoglobina Globular Média) CHGM= Hb X 100/ VG Unidade = % Mede a concentração de Hemoglobina dentro da hemácia. Classifica a anemia em : a) hipercrômica (rara) valores altos b) normocrômica valores médios c) Hipocrômica valores baixos Quanto ao VCM e CHCM, a anemia pode ser: a) Anemia Macrocítica normocrômica : deficiência na multiplicação (deficiência de vitaminas do complexo B ou cobalto). Síntese de Hb normal hipocrômica: perda aguda de sangue, anemias hemolíticas (parasitismo por Anaplasma ou Babesia. Corresponde a resposta do animal à perda. Não houve maturação. b) Anemia Normocítica normocrômica: deficiência de eritropoetina (insuficiência renal ou hepática crônica). hipocrômica: anemia não responsiva. Prognóstico desfavorável. c) Anemia Microcítica normocrômica : intoxicações que agem na medula óssea (mercúrio, Dipirona sódica, radiações, uremias) hipocrômica: multiplicação está normal. Há deficiência na síntese de hemoglobina (Deficiência de Ferro e Cobre) pera de sangue crônica icterícia, hemoncose (Haemonchus contortus). Exemplo: CHCM = ? Hb = 3,8 mg/dl VG = 6 CHCM = 3,8 X 100/ 6 63,3 (Hipercrômica muito rara, então é normocrômica) A anemia macrocítica normocrômica ocorre na anemia hemolítica intravascular. O organismo responde soltando células jovens na circulação. Traduz uma deficiência na multiplicação, que pode ser causada por deficiência de vitaminas B e cobalto. A anemia macrocítica hipocrômica ocorre nos casos de perda aguda de sangue; a medula libera hemáciasjovens e com deficiência de hemoglobina, pois não há tempo suficiente para maturar as hemácias. A anemia normocítica normocrômica é uma anemia onde se observa a presença de células de tamanho e coloração normais na circulação, porém em número reduzidíssimo. Ocorre quando há deficiência de eritropoetina, impede, pois, a fase de excitação da medula na eritrocinética. Ocorre na insuficiência Renal ou hepática crônicas. A anemia normocítica hipocrômica é aquela anemia na qual há presença de hemácias normais em tamanho, mas com coloração alterada, em número reduzidíssimo, ou seja, na circulação há presença de células não blásticas, com deficiência também na fase de maturação. É a pior anemia, pois é irresponsiva indica exaustão de medula. A anemia microcítica normocrômica ocorre nas intoxicações que atingem a medula óssea. A anemia microcítica hipocrômica ocorre na perda crônica de sangue, deficiência de ferro, cobre, cianocobalamina. CONTAGEM DE RETICULÓCITOS Hemácias jovens com resquícios de RNA Ocorre nas anemias Valores normais: cão 0-1,5% Gato 0,2- 1,6 % Suínos 0-1% Bovinos, ovinos e eqüinos ausente. Correção da contagem de reticulócitos: % absoluta = % de reticulócitos contados X VG/ média normal do VG Ex.: Poodle 8 anos VG = 25% Reticulócitos = 8% Correção = 8X 25/ 45 (35) 4,4% CORREÇÃO: somatória da resposta normal de reticulócitos + o que está sendo produzido a mais pela anemia. Reticulócitos : prognóstico favorável da anemia. CLASSIFICAÇÃO DA ANEMIA DE ACORDO COM A RESPOSTA DA MEDULA ÓSSEA (RETICULÓCITOS) 1) ANEMIA REGENERATIVA: (com reticulócitos) A)Perdas de sangue : hemorragias traumáticas ou cirúrgicas, intoxicação por Warfarin, coagulação intravascular disseminada B) Hemólise: anaplasmose, babesiose, hemobartonelose, anemia auto-imune, reações de transfusão, intoxicação por azul de metileno, etc. 2) ANEMIA ARREGENERATIVA: (sem reticulócitos) Doença renal crônica, deficiência de eritropoetina, neoplasias crônicas, leucemias, erliquiose, neoplasias metastáticas (invade medula óssea), panleucopenia felina, hiperestrogenismo, hipoadrenocorticismo, hipoandrogenismo, linfomas, etc. Diferenças no diâmetro das hemácias: Anisocitose : diferentes tamanhos Micrócitos : células pequenas Macrócitos : células grandes Modificações nas colorações das hemácias: Hipocrômica: hemácia com halo grande e claro Policromasia : reticulócitos (hemácias jovens). Células basofílicas Hipercrômica : só ocorre no caso de anemia hemolítica auto-imune (hemácia esférica. Presença de anticorpos anti-hemácia). Modificações na forma das hemácias Esquisócitos : fragmentos de hemácias. Pode ocorrer em anemias graves. Leptócitos : após centrifugação, mistura-se com a camada de leucócitos (+ leve). Esferócitos : anemias hemolíticas auto-imunes ou hemácias velhas com hipercromasia. Ovalócitos : hemácias ovais Crenadas : pode ser artefato de técnica ou permanência prolongada com solução anticoagulante. Hemácias em alvo (target cells) : hemoglobina se concentra no meio da hemácia. Pode ocorrer nas anemias graves. Patologia das hemácias: Anisocitose : tamanhos diferentes de hemácias. É mais intensa quanto mais grave for a anemia. O Reticulócito só é evidenciado pela coloração vital de azul de cresil brilhante a 1% Leptócitos : No parasitismo circulatório por Dirofilaria immitis as hemácias se misturam aos leucócitos no centrifugado. Inclusões nas hemácias: Corpúsculos de Heinz: precipitação de hemoglobina. São fagocitados pelos macrófagos do baço anemia hemolítica. Ocorre em cães e gatos por ação do azul de metileno. Corpúsculos de Howell-Jolly: fragmento de núcleo na hemácia. Macrófagos retiram apenas o fragmento. Ponteado basofílico : hemácias com diversos fragmentos pequenos de núcleo. Ocorre na intoxicação por chumbo. Reticulócitos: coloração vital azul de cresil. Rouleaux: achatamento e amoldamento de células. Ocorre na poliartrite, processos inflamatórios. É normal no cavalo. Traduz uma alteração na carga das hemácias. Corpúsculos de Lentz: ocorre na Cinomose. Encontrados nas hemácias e mais comumente nos leucócitos. Parasitas: Babesia, Anaplasma, Haemobartonella, Eperithrozoon, Hepatozoon. POLICITEMIA: É o aumento do número de hemácias, o aumento do hematócrito e o aumento da concentração de hemoglobina. Há um comprometimento do sintoma clínico. Apesar do n.º de hemácias ser maior, há um aumento da viscosidade sangüínea, comprometendo a função cardíaca (sobrecarga) e circulação periférica. Proteína Plasmática Total concentração da albumina + globulina + fibrinogênio Elevação do fibrinogênio ocorre nos processos inflamatórios. Animal desidratado concentração dos componentes bioquímicos do sangue. I) Policitemia Relativa: A proteína total está elevada. O número de hemácias está normal. Ocorre por perda de líquido ou desvio para uma cavidade. Ocorre por : A) Desidratação: Perda de líquidos corporais (vômito, diarréia, sudorese excessiva). Ingestão reduzida de água: traumatismo na região bucal, tumores que dificultam a ingestão de água. B) Desvio de líquido para o espaço intersticial ou cavidades: choque cirúrgico, choque abdominal (cólica eqüina), choque anafilático, queimaduras, ascite. A anemia pode ser mascarada pela desidratação. II) Policitemia Absoluta: Aumento na multiplicação de hemácias. A proteína plasmática total está normal. a) Primária: ou Policitemia Vera cães, gatos e bovinos. É uma doença mieloproliferativa, ligado a um caráter genético recessivo. É raríssimo. b) Secundária: 1. Hipóxia: altas altitudes, doença pulmonar crônica, doenças cardíacas. 2. Excesso de produção de eritropoetina: tumor renal e lesão vascular renal. Policitemia (VG 61-81%) VG repetir o VG VG retorna aos valores normais Policitemia Relativa (contração esplênica), excesso de EDTA, garrote Fluidoterapia VG retorna aos valores normais Policitemia Relativa (hipovolemia) VG Policitemia Absoluta Gasometria (pO2) Hipóxia (Policitemia Absoluta Secundária) pO2 normal avaliar o rim neoplasia renal ou pielonefrite (Policitemia Absoluta Secundária –eritropoetina) Não foi detectada a causa Policitemia Primária (Policitemia Vera ou doença mieloproliferativa)VIDA MÉDIA DA HEMÁCIA CÃO: 100 –120 DIAS GATO: 66-78 DIAS BOVINOS: 160 DIAS OVINOS: 140 –160 DIAS CAPRINOS: 125 DIAS EQÜINOS: 140-160 DIAS SUÍNOS: 68 + OU – 11,6 DIAS DIÂMETRO DA HEMÁCIA MÉDIA CÃO: 6,7 – 7,2 7,0 GATO: 5,5 - 6,3 5,8 Bovinos: 4,0 - 8,0 5,8 Ovinos: 3,2 - 6,0 4,6 Caprinos: 2,5 - 3,9 3,2 Eqüinos: 5,0 – 6,0 5,5 Suínos: 4,0 - 8,0 6,2 A) COLHEITA DO SANGUE: Os exames hematológicos serão executados com sangue venoso. Os materiais de coleta devem estar rigorosamente limpos e secos. Locais de punção: 1. Bovinos e Eqüinos: veia jugular 2. Suínos: veia marginal da orelha, seio venoso oftálmico, veia cava anterior. 3. Carnívoros: veia safena, radial, jugular e cefálica 4. Coelhos: veia marginal da orelha e coração 5. Aves: veia umeral e coração 6. Carneiro e cabra: veia jugular B) TÉCNICA DE PUNÇÃO: 1. depilar a região (se necessário), fazer a antissepsia com algodão embebido com álcool iodado; 2. fazer o garrote; 3. introduzir a agulha na pele até atingir a veia; 4. aspirar lentamente até a quantidade de sangue exigida 5. retirar a agulha e comprimir a região com algodão embebido em álcool iodado; 6. retirar a agulha da seringa e colocar o sangue no frasco pelas paredes com anticoagulante e inverter o frasco várias vezes a fim de que o anticoagulante se distribua homogeneamente no sangue; Obs.: para médios e grandes animais o uso da seringa pode ser dispensado, usando-se apenas a agulha. CAUSAS DE HEMÓLISE: Seringas e agulhas molhadas e quentes; descarga violenta da seringa; agitação violenta com anticoagulante; calor excessivo; contaminação bacteriana (pH e toxinas) C) ANTICOAGULANTES (serão citados apenas os mais usados) 1) EDTA (etileno diamino tetracetato de sódio ou potássio) EDTA a 10% Tomar 0,1 ml/ 5,0 ml de sangue (100l de EDTA) Modo de ação: Formação de sais insolúveis de cálcio (cálcio indisponível para a coagulação in vitro). O EDTA é quelante de cálcio. Vantagens: é recomendado para rotina hematológica porque não interfere na morfologia celular, preservando durante 24 horas quando a amostra de sangue for refrigerada. Desvantagens: não se presta para fazer hemograma de répteis pois ele causa hemólise nas hemácias. É pouco solúvel. O sal de potássio é mais solúvel, porém é mais caro. O anticoagulante deve ser colocado em frasco limpo e seco (na quantidade preconizada para evitar a coagulação de 5,0 ml de sangue) levado à estufa a temperatura de 50 a 60 º C para que ocorra a desidratação completa do sal. Após isso, tampar os frascos e guardá-los até o momento de uso. 2) Citrato de Sódio usado para transfusões sangüíneas, em solução a 3,8%, na proporção de 1,0 ml da solução para 9,0 ml de sangue. 3) Oxalato de Potássio 2 gotas de solução a 20% para não coagular 5,0 ml de sangue. Altera o hematócrito e contagem diferencial de leucócitos. 4) Fluoreto de Sódio usado para determinação de glicose por ser inibidor da glicólise. Mais usado em associação com outro anticoagulante, como por exemplo o EDTA fluoretado. Usar 0,1 ml dessa solução para evitar a coagulação e glicólise de 5,0 ml de sangue. 5) Heparina tem ação antitrombina e antitromboplastina. Apresenta como desvantagem a interferência no esfregaço sangüíneo, não sendo por isso, recomendado para exames hematológicos, com exceção dos exames para répteis. Usa-se 0,1 ml de solução a 1% para não coagular 5,0 ml de sangue. A heparina retarda a coagulação do sangue por apenas 8 horas. D) PREPARO DO ESFREGAÇO: 1. preparar duas lâminas novas e desengorduradas, sendo uma com os cantos recortados (estensora). 2. Colocar uma pequena gota de sangue na lâmina. 3. Tomar a lâmina de canto recortado e colocá-la à frente da gota num ângulo de 45º, fazer um ligeiro movimento para trás até o sangue se espalhar na lâmina. 4. Com um movimento uniforme, para frente, fazer esta lâmina deslizar sobre a outra. Ela arrastará atrás de si o sangue que se espalhará em fina camada. O movimento deve ser SUAVE, ÚNICO, RÁPIDO, FIRME. 5. Agitar até o esfregaço secar-se completamente e identificar com lápis grafite. E) MÉTODOS DE COLORAÇÃO DE LEISHMAN E ROSENFELD: 1)Fazer o esfregaço e secar. 2)Colocar 15 gotas do corante (Leishman ou Rosenfeld) sobre a lâmina durante 3 minutos. 3)em seguida adicionar 15 gotas de água destilada tamponada 4)Deixar por 15 minutos 5) Escorrer o corante e lavar em água corrente, secar e examinar ao MO por imersão. CONTAGEM DE ERITRÓCITOS (PRÁTICA) É realizada na câmara de Neubauer. A contagem global de eritrócitos é feita diluindo-se uma alíquota de sangue em solução diluente de Gower ou Hayen. Como as hemácias estão na ordem de milhões, para facilitar a contagem é necessário fazer a diluição em 200 vezes, por exemplo, apanha-se 20l de sangue para 4,0 ml de diluente (1/200). A câmara de Neubauer consiste em um tipo especial de lâmina capaz de abrigar grande quantidade de células fixadas imersas em uma solução, demarcada por quadrantes simétricos, microscopicamente tracejados. Existem dois quadrantes maiores, um em cada lado maior da lâmina. Cada grande quadrante é subdividido em 9 (nove) quadrantes menores e de mesmo tamanho, também cada um subdividido m 16 (dezesseis) quadradinhos menores. Os quatro quadrantes que se localizam nas arestas do quadrante maior são utilizados para a contagem dos leucócitos no leucograma. Existe o quadrante menor central, com uma área de 1,0 mm², subdividido em 25 quadradinhos menores, que também, por sua vez são subdivididos cada um em 16 pequeninos quadradinhos menores. Para o eritrograma, deve-se proceder a contagem no quadrante central, contando-se 5 (cinco), dos 25 (vinte e cinco) quadradinhos menores, cada um destes contendo 16(dezesseis) pequeninos quadradinhos. Em 1,0 mm² a área contada é de 5/25 = 1/5 mm². O fator de correção é então: Diluição 1/200 ----------------------------------- X 200 ------------------------1 Área da contagem 1/5 mm²----------------------X 5 -------------------------- 1 mm² Profundidade da câmara 0,1 mm----------------X 10 -------------------------1 mm X 10000 ---------------------1 mm³ Número de Eritrócitos X 10000 Utilizamos a Pipeta de Thoma para a diluição de eritrócitos. Trata-se de um instrumento de precisão de vidro, calibrado de 0,5 microlitro, 1,0 microlitro e 101 microlitros, com uma dilatação entre a Segunda e terceira gradação. A calibragem 0,5, corresponde a diluição 1/200; a calibragem 1 corresponde a 1/100. Para a diluição de eritrócitos, suga-se o sangue até a marca 0,5 e posteriormente o líquido diluente, sem apanhar bolhas de ar até a marca 101. Como há uma pequena esfera dentro da dilatação, faz-se a homogeneização, agitando-se delicadamente a pipeta, com o auxílio da esfera que está contida dentro da dilatação da pipeta. Após a homogeneização, desprezamos as primeiras três gotas e preenchemos a câmara de Neubauer, fixando-se a lamínula às barras laterais da câmara com uma tênue gota de água espalhada por toda a barra. Para se preencher a câmara, deve-se encostar a ponta da pipeta de Thoma entre a câmara e a lamínula e deixar sair o conteúdo da pipeta por capilaridade. HEMATÓCRITO OU VOLUME GLOBULAR a) Método de Wintrobe (ou macrohematócrito): O tubo de hematócrito de Wintrobe é dotado de duas escalas de igual valor, de 0 a 100 mm em sentidos contrários: da direita é para volume globular e da esquerda para hemossedimentação. 1. tomar um frasco com sangue em anticoagulante, agitar e com pipeta aspirar o sangue. 2. Colocar no tubo de hematócrito até a marca 0. 3. Centrifugar à 3000 rpm durante 30 minutos. 4. Após a centrifugação vai formar três camadas: a) corpo branco; b) plasma sangüíneo c) corpo vermelho ou volume globular a leitura é dada diretamente num tubo em porcentagem. É mais barato, porém mais lento e gasta mais sangue. b) Métododo Micro-Hematócrito: 1. encher dois terços de um capilar com sangue mais anticoagulante. 2. Limpar a extremidade com pano ou papel filtro 3. Fechar a extremidade do tubo na chama 4. Centrifugar na Centrífuga para microhematócrito durante 5 minutos a 12000 rpm. 5. Fazer a leitura em um gráfico especial, cujo resultado é dado em porcentagem. Pode-se usar um tubo heparinizado colhendo-se o sangue diretamente do animal. DETERMINAÇÃO DA HEMOGLOBINA: Há vários métodos de determinação de hemoglobina: a) Comparação direta da cor vermelha com padrões artificiais; b) Conversão da hemoglobina em hematina ácida para comparar a cor parda com padrões do cristal c) Medição da oxihemoglobina por cianometahemoglobina e carboxihemoglobina no colorímetro fotoelétrico ou espectrofotômetro. Hemoglobina inativa: carboxihemoglobina, metahemoglobina e sulfahemoglobina pequenas quantidades no sangue. Hemoglobina ativa oxihemoglobina. MÉTODO DA CIANOMETAHEMOGLOBINA A base do método é a diluição do sangue em uma solução contendo cianeto de potássio e ferricianeto. O ferricianeto transforma o ferro da hemoglobina de estado ferroso (bivalente) em estado férrico (trivalente), formando metahemoglobina, que por sua vez, combina com o cianeto de potássio, para produzir o pigmento estável de cianometahemoglobina. Procedimento: Em 5 ml de solução de Drabkin (200 mg de ferrocianeto de potássio, 50 mg de cianeto de potássio, 1g de bicarbonato de sódio, completado para 1000 ml de água destilada), colocar 0,02 ml de sangue total. Homogeneizar e deixar em repouso por 20 minutos a temperatura ambiente. Realizar a leitura em espectrofotômetro a 540 nm. No tubo controle, utilizar o mesmo volume de padrão de hemoglobina comercial, no lugar do sangue. Fazer triplicata e calcular o valor médio. Utilizar o Drabkin como branco da reação Realizar o cálculo da concentração de hemoglobina (Hb): Hb : Absorbância da amostra (540nm)X concentração do padrão comercial g/dl Absorbância do controle (padrão) LEUCÓCITOS Leucócitos Agranulócitos: Linfócitos e Monócitos Granulócitos: neutrófilos: mielócitos, metamielócitos, bastonetes e segmentados eosinófilos : reconhecimento da espécie Basófilos Neutrófilos: primeira linha de defesa. Permanecem de 1 a 12 horas no sangue, depois vão para os tecidos. Eosinófilos: permanecem de 3-6 dias no sangue. Basófilos: permanecem de 10 a 12 dias no sangue. Nos tecidos chamam-se mastócitos. Linfócitos: vivem de meses a anos. Monócitos: permanecem por cerca de 100 dias no sangue. Nos tecidos chamam-se macrófagos. No caso de alterações da hemácia ou leucócitos, os macrófagos podem encontrar-se no sangue. GRANULOPOESE: Mieloblasto Prómielócito Mielócito Metamielócito Bastonete Eosinófilo; Basófilo; Neutrófilo. No sangue periférico há neutrófilos em maior quantidade. Mieloblasto: nucléolo evidente e cromatina frouxa. Promielócito: resquício de nucléolo. Mielócito: núcleo redondo Metamielócito: Núcleo na forma de rim. Bastonete: Núcleo em forma de Bastão. Célula Madura: segmentado (quanto mais segmentado, mais velha é a célula) PROCESSO DE MATURAÇÃO DE SCHILLING Steem Cell (UFC) 1 mieloblasto Promielócito Promielócito Mielócito Mielócito Mielócito Mielócito Fase de (8 mielócitos) Multiplicação (16 mielócitos) (32 metamielócitos) 32 bastonetes Fase de Maturação 32 segmentados É uma reação escalonada menos jovens e mais maduros. Tempo de produção de neutrófilos: 3 -5 dias Mielócito: 2 horas Metamielócito: 12-24 horas Bastonete: 24-36 horas Segmentado: 2 a 3 dias Corpúsculo de Dohle no neutrófilo + citoplasma basofílico processo supurativo Processo degenerativo da medula óssea produção de neutrófilos de tamanho diferente (no gato é normal) Granulação tóxica infecção bacteriana ou toxemia Esfregaço: Conta-se a partir da cauda, até completar 100 células. Os monócitos tendem a se situar na margem, pois são mais pesados. Interpretação do leucograma: deve-se levar em conta os valores relativos e absolutos. Relativos: % Absolutos: multiplica-se o n.º de leucócitos totais por mm³ pela porcentagem. Leucocitose aumento do número de leucócitos Leucopenia diminuição do número de leucócitos RESPOSTA LEUCOCITÁRIA NEUTROFÍLICA MEDULA ÓSSEA Compartimento de Multiplicação Comp. de Maturação Comp. de armazenamento Mieloblastos Metamielócitos Segmentados Promielócitos Bastonetes Mielócitos Compartimento de Reserva Detectada estas fases no Mielograma (Exame de Medula Óssea) Toda a produção demora de 4 a 5 dias. Compartimento Marginal Compartimento Circulante Compartimento Tecidual Fase Tecidual D á l l Ci l i Diapedese Compartimento circulante neutrófilos até 12 horas Tecidos neutrófilo vive por até 5 dias. Hemograma compartimento circulante. Depende do consumo de neutrófilos pelos tecidos e depende da capacidade de medida de produzir mais células. Sob influência da adrenalina, os neutrófilos passam do compartimento marginal para o compartimento circulante (leucocitose com neutrofilia devido ao desprendimento dos neutrófilos marginais) Infecção Intensamacrófago fagocitou e neutrófilo libera interleucina que estimula a medula óssea (compartimento de multiplicação e maturação). Ocorre então expansão da medula óssea. Infecção Aguda leucopenia inicial. Local da inflamação está cheio de neutrófilos, mas ainda não deu tempo da medula liberar células para o sangue periférico. O aumento de células jovens ou hipersegmentadas prognóstico reservado. Organismo tenta manter o n.º de neutrófilos, mantendo-os na circulação. GRANULOPOESE: Mielócito Metamielócito Bastonete Segmentado Hipersegmentado Desvio p/ esquerda Desvio para direita Regenerativo leucocitose com desvio a esq. Leucócitos normais ou leucopenia desvio à esq. Degenerativo. Funções dos neutrófilos: diapedese (mecanismo para sair do leito vascular para os tecidos), quimiotaxia (através de agentes que atraem os neutrófilos para o local da inflamação. Os neutrófilos da parede do vaso são os primeiros a sair para a região inflamada. Os próprios neutrófilos liberam Interleucinas que agem sobre a medula e atuam estimulando a multiplicação celular. As Interleucinas também atraem e ativam macrófagos) e fagocitose. Quando há desequilíbrio entre bactérias e neutrófilos inflamação. Com isso, há mobilização dos neutrófilos do compartimento marginal (margem dos vasos). Há uma aceleração da resposta (de 5 para 3 dias). A seguir são comunicados os neutrófilos do compartimento de armazenamento. Em casos de cólica eqüina, por exemplo, inicialmente temos uma leucopenia e a seguir uma leucocitose (depois de 3 dias). Leucocitose aumento do n.º de leucócitos Leucopenia diminuição do número de leucócitos. Compart. Compart. Compart. Comparti. Compart. Compart. Multiplic. Maturaç. Armazen. Vascular Circul. Marginal INTERLEUCINA QUIMIOTAXIADESVIOS: Desvio à Esquerda presença de células jovens. Quando houver uma leucocitose REGENERATIVO (prognóstico favorável). Quando houver número de leucócitos normal ou em leucopenia DEGENERATIVO (prognóstico desfavorável). Desvio à Esquerda regenerativo: a)pequeno: se tiver somente bastonete. b)moderado: se tiver metamielócitos (núcleo em forma de rim) e bastonetes. c)marcado: se tiver mielócitos (núcleo redondo), metamielócitos e bastonetes. Desvio à Direita: quando há predominância de neutrófilos segmentados. Pode ocorrer sob ações da epinefrina, pneumonia, efeito de corticóides. VARIAÇÕES DO NÚMERO DE LEUCÓCITOS E SUAS CAUSAS a) Leucocitose associada a Neutrofilia. 1.Infecções generalizadas (sepsis). Exemplo: piometra (o sítio primordial de infecção é localizado, mas posteriormente pode ter septicemia), peritonite, etc. 2.Infecções Localizadas, ex.: piometra aberta. 3.Intoxicações; 4.Reabsorção de Tecidos: ex.: cirurgias. 5. Leucemias células neoplásicas. 6.ACTH e corticóides INFECÇÃO b)Leucopenia associada à neutropenia Degeneração da Medula Óssea: compartimento afetado é o da maturação (distribuição da seqüência na medula óssea). Células maduras ocorrem em grande quantidade na periferia das ilhas. Há presença de células jovens na circulação desvio à esquerda. Como há leucopenia, o desvio é à esquerda DEGENERATIVO. Depressão da Medula Óssea : o compartimento afetado é o da multiplicação. Há leucopenia com predominância de hipersegmentados (quando o organismo deixa de produzir, ele retém os neutrófilos velhos no sangue). Desvio à direita. Corticóides leucocitose com neutrofilia absoluta (impede que os neutrófilos saiam dos vasos, libera os neutrófilos da medula óssea, os neutrófilos aderidos à parede caem na circulação neutrófilos maduros) Depleção ou Exaustão da Medula Óssea : Infecção Bacteriana aguda. Os neutrófilos da circulação são insuficientes. Os neutrófilos marginais são mobilizados, além dos neutrófilos do compartimento de armazenamento da medula óssea. As células vão para o local de infecção (células dos 3 compartimentos), como exemplo cólica eqüina, que retira células do compartimento de armazenamento. Ocorre Leucopenia com neutrofilia (neutrófilos encontram-se nos tecidos) com 1-3 dias de infecção aguda. Destruição da Medula Óssea: compartimentos de multiplicação, maturação e armazenamento afetados. Ocorre em casos de acidentes nucleares, erliquiose em cães (pancitopenia), parvovirose severa, drogas. c) Alterações Morfológicas dos Neutrófilos: 1. Anisocitose neutrofílica: medula deve produzir neutrófilos de mesmo tamanho. Isso não ocorre nos processos de depressão (desvio à direita, hipersegmentados) ou degeneração (desvio à esquerda degenerativo células circulantes jovens, porém com leucopenia). Exceção: Gatos. Na panleucopenia felina há neutropenia. Na recuperação da doença há anisocitose neutrofílica. 2. Granulações tóxicas: nos processos bacterianos supurativos grânulos vermelhos ou escuros. 3. Multisegmentação dos Neutrófilos: neutrófilos velhos na circulação. Ocorre depressão de medula óssea ou tratamento com corticóides. 4. Basofilia Citoplasmática dos Neutrófilos Segmentados: citoplasma azulado. Os grânulos basofílicos predominam na fase mielóide (neutrófilos com núcleo único e arredondado). Quando há um processo supurativo, com retardo da maturação, os neutrófilos mantém os grânulos basofílicos (ficam retidos por mais tempo). Indicativo de processo supurativo bacteriano. 5. Corpos de Dohle: são neutrófilos que apresentam manchas azuladas no citoplasma. Esses corpúsculos são precipitados de retículo endoplasmático. Também ocorre nos processos supurativos. 6. Vacúolos Citoplasmáticos e Nucleares: indicativo de processos degenerativos nos neutrófilos e linfócitos. É normal nos eosinófilos e basófilos. Nos linfócitos, os vacúolos são comuns nos linfomas e nas leucemias linfocíticas. Depressão da Medula óssea por processo bacteriano podem aparecer várias alterações morfológicas dos neutrófilos. d) Linfocitose: Ocorre na: Leucemia Linfocítica: aumento de linfócitos devido à proliferação neoplásica; Convalescência de doenças infecciosas: cinomose (fase de recuperação), anaplasmose, babesiose produção de anticorpos (progride para a cura). Na multiplicação de bactéria neutrofilia seguida de linfocitose. Associada à neutropenia: compensação. Período pós-vacinação. e) Linfocitopenia: Viroses Drogas Imunossupressoras: corticóides. Estresse. A hipófise anterior produz ACTH que estimula a adrenal a produzir corticóides endógenos. Há neutrofilia, reduz histamina circulante eosinopenia; lise dos linfócitos circulantes; inibe a mitose dos linfoblastos linfocitopenia. f) Eosinofilia: Hipersensibilidade alergia Insuficiência de ACTH aumento de histamina. Convalescência de doenças agudas prognóstico favorável. Granuloma eosinofílico dos felinos massa tumoral na boca. Tratamento com corticóides. Não é neoplásico. Destruição de tecidos: o eosinófilo tem ação antitóxica no local da inflamação. A eosinofilia indica uma destruição ativa do tecido inflamado. Comum nas penumonias. A eosinofilia pode ou não estar relacionada com verminose. Os eosinófilos se concentram no local da verminose. g) Eosinopenia: Estresse Medicações: ACTH e corticóides. Hiperatividade a adrenal. h) Basofilia: Associada a eosinofilia; Lipemias: basófilos removem gotículas de gordura. Nos processos alérgicos, basófilos se transformam em mastócitos nos tecidos. i) Monocitose: Destruição de tecidos: processos bacterianos (pneumonia, peritonite). Fagocitose do tecido necrosado. Doenças crônicas: tuberculose, paracoccidiose, doenças granulomatosas. Leucopenias associadas a neutropenia: aumento relativo. REAÇÃO LEUCEMÓIDE É uma resposta muito elevada da medula óssea. É normal. Escalonada : 100000/ mm³ (Resposta de Schiling) Mieloblasto Promielócitos Mielócito-----------------------------------3 Metamielócito------------------------------8 Bastonete-------------------------------------15 Segmentado-----------------------------------35 Resposta leucemóide escalonada exemplo : piometra. Prognóstico: piometra (bom, no caso cirúrgico) Lesão renal depende do estado de evolução. Piometra fechada elevação da quimiotaxia e aumenta o número de leucócitos. Leucemia: reação não escalonada. É uma neoplasia do sistema hematopoético. A multiplicação celular é alterada. > 100000/mm³. Mieloblasto------------------------------18 – Leucemia Mieloblástica Prómielócito Mielócito hiatus leucemicus de Naegali Metamielócito Bastonete------------------------------------3 Segmentado---------------------------------25 A leucemia pode atingir qualquer fase da granulopoese. Essa célula impede o desenvolvimento das demais células. Há hepatoesplenomegalia (compromete função do órgão). Leucemia blástica: é a mais patogênica (célula totipotente). Cão: processo bacteriano agudo localizado. Exemplo: peritonite. 12 horas 24-36 horas 48 horas > de 5 dias Leucócitos/ l 3000 4500 9000 25000 Metamielócito s % 0 0 1 1 Bastonetes % 0 5 6 8 Segmentados 45 55 50 54 % Linfócitos % 50 35 34 34 Eosinófilos % 0 0 0 0 Basófilos % 0 0 0 0 Monócitos % 5 5 9 3 Proteína Total g/dl 7.0 7,2 7,3 6,8 Fibrinogênio mg/dl 700 800 800 800 Primeiras 12 horas diminuição de leucócitos na circulação (vão para o tecido inflamado). 24-36 horas expansão da medula óssea, com liberação de células jovens (estímulo da interleucina). Leucopenia com desvio a esquerda. É transitório. > de 5 dias expansão completa leucocitose com desvio para a esquerda regenerativo (importante o tempo de evolução do processo). Aparecimento de células jovens : 2-3 dias. Histórico fundamental para a interpretação do leucograma. Necrose de alça intestinal diminui a produção deinterleucina ocorre desvio para a direita. Resposta leucocitária de bovinos: Maior predomínio de linfócitos (valores normais). Menor número de leucócitos. Bovinos animais linfáticos. Fase monogástrica mesmo compartimento dos carnívoros. Adultos aumenta o número de linfócitos. O bovino não responde com leucocitose intensa. Responde dentro dos valores normais. Ex.: Pneumonia aumentam os neutrófilos. Leucócitos normais, porém aumenta a relação neutrófilo: linfócito (inversão da relação). O neutrófilo bovino é mais competente (tem mais enzimas bacteriostáticas e bactericidas) não necessitando da ação linfocitária, ao contrário do que ocorre no cão. Compartimento de neutrófilos imaturos e maduros Leucócitos: 8000 normal. Neutrófilos 2200 –27,5% Linfócitos: 4600 -57,5% Eosinófilos 700 - 8,5% Bastonetes: 0000 Monócitos: 500 - 6,5% 6- 24 h Leucopenia +_ 2000 24-48 hs Leucopenia Com Desvio Para Esquerda 3- 4 dias Leucócitos Dentro dos Intervalos Normais ou Leucocitose Com neutrofilia Com 6 a 24 horas há migração dos leucócitos para os tecidos (como no cão). Com 24 a 48 horas há expansão da medula (efeito das interleucinas). Com 3 a 4 dias não se espera uma resposta com muitos leucócitos (pouca reserva de leucócitos na medula óssea) neutrofilia. Continua com desvio para a esquerda. FATORES QUE INFLUENCIAM NA CONTAGEM GLOBAL E DIFERENCIAL DOS LEUCÓCITOS: 1. Idade: cães e bovinos mais jovens tem maior número de leucócitos que adultos. Limite extremo dos valores normais. 2. Exercício muscular: cães, gatos e eqüinos puro sangue leucocitose com neutrofilia. 3. Sexo: vacas e cadelas no final da gestação tem leucocitose com neutrofilia. 4. Digestão: leucocitose com neutrofilia. É marcada em suínos e discreta em cães, mínima em eqüinos e nula em ruminantes. 5. Poluição: leucocitose com neutrofilia. HEMOSTASIA VETERINÁRIA I – INTRODUÇÃO: O sistema hemostático consiste de mecanismos que levam a uma resposta efetiva à injúria vascular, garantindo a fluidez do sangue dentro dos vasos e a perfusão tecidual. Eventos fisiológicos e bioquímicos envolvendo a dinâmica do fluxo sangüíneo, componentes do endotélio vascular, fatores de coagulação, plaquetas e os mecanismos fibrinolíticos interagem para minimizar a perda de sangue e promover a subseqüente reparação tecidual. Este enfoque é importante pois a hemostasia inclui não apenas o controle da hemorragia, com a qual é mais comumente relacionada, mas também a dissolução do coágulo (fibrinólise). Didaticamente, pode-se dividir o mecanismo hemostático em três fases: hemostasia primária, hemostasia secundária e fibrinólise, embora seja importante ressaltar a inter-relação existente entre todos os componentes do sistema. HEMOSTASIA PRIMÁRIA A hemostasia primária é o resultado da interação entre as paredes do vaso lesado e as plaquetas, culminando na formação do plug hemostático primário. A vasoconstrição por meio de arco-reflexo acontece imediatamente após a lesão do vaso, mantendo o controle da hemorragia nos momentos iniciais (primeiros segundos). Com a exposição do tecido subendotelial, ocorre a ligação entre as plaquetas e o colágeno tecidual (adesão plaquetária) intermediada pelo Fator de von Willebrand (FvW). A ligação do FvW em receptores na membrana das plaquetas provoca alterações morfológicas e a conseqüente liberação de substâncias vasoativas e agregantes (adrenalina, noradrenalina, ADP, serotonina, tromboxane A2, entre outras). Estas substâncias são responsáveis pela manutenção da vasoconstrição nos próximos minutos e pela amplificação da adesão e agregação plaquetária. A ligação das plaquetas entre si (agregação plaquetária) é mediada pelo Fibrinogênio presente no plasma. A compactação do agregado (plug hemostático primário) se dá pela contração dos filamentos de actinomiosina existentes no citoplasma das plaquetas. A eficiência deste processo depende do calibre do vaso lesado, sendo mais eficiente nos capilares. A limitação do processo de adesão plaquetária ocorre pela liberação de prostaciclina (PGI2), um potente vasodilatador e antagonista da agregação plaquetária derivado do ácido aracdônico, pelo endotélio íntegro adjacente, restringindo os eventos acima citados ao local da injúria produção de plaquetas (Trombopoese). É realizada pelos megacariócitos na medula óssea, por meio de fragmentação de seu citoplasma. Os megacariócitos são as maiores células da medula óssea, pois sofrem um processo de endomitose, ou seja, realizam a multiplicação nuclear sem a divisão do citoplasma, dando origem a células multinucleadas. Quanto maior o número de divisões nucleares maior será a capacidade de produção de plaquetas. Os megacariócitos localizam-se próximos aos sinusóides da medula óssea, emitindo prolongamentos (proplaquetas) para dentro destes vasos, originando as plaquetas. A vida média das plaquetas é de 7 a 10 dias. Uma disfunção na hemostasia primária leva à formação de pequenas lesões hemorrágicas (petéquias e equimoses) imediatamente após o trauma, devido à ineficiência dos componentes da hemostasia primária em conter o extravasamento de sangue dos vasos, principalmente nos primeiros minutos. Estas lesões são geralmente múltiplas e difusas. Em resumo, a lesão vascular seguida da vasoconstrição por arco-reflexo, posteriormente mediada por substâncias vasoativas liberadas pelo vaso, leva à diminuição da pressão hidrostática e do fluxo sangüíneo local. Ocorre a adesão plaquetária à superfície da parede do vaso e alterações morfológicas levam à liberação de outros mediadores químicos pelas plaquetas, estimulando a adesão e agregação plaquetárias e a formação do plug hemostático primário. HEMOSTASIA SECUNDÁRIA –COAGULAÇÃO: A hemostasia secundária envolve a formação de complexos macromoleculares de fibrina pela coagulação de proteínas na superfície do plug plaquetário primário. O evento central da coagulação sangüínea é a conversão do fibrinogênio em fibrina, mediada pela trombina. Esta transformação de uma substância solúvel em uma rede polimérica insolúvel ocorre com precisão no local da injúria. Os fatores ou proteínas da coagulação sangüínea participam em reações altamente específicas e são designados por números romanos de acordo com a sua descoberta pelo mundo científico, não correspondendo à ordem de atuação na seqüência de reações da formação do coágulo de fibrina. A quantidade de cálcio necessária para o processo de coagulação é muito pequena, e uma hipocalcemia severa, a ponto de interferir com este processo levaria o animal à morte por outros motivos, pois o cálcio desempenha outras funções vitais em que são requeridas maiores concentrações (contração muscular, etc.). o conhecimento da atuação do cálcio na coagulação possibilita a obtenção de sangue e plasma (com anticoagulantes quelantes de cálcio) para a realização de diversas provas laboratoriais. O FvW é uma molécula grande e de alto peso molecular e serve de carreador para as moléculas do fator anti-hemofílico. Embora sejam duas proteínas distintas e de funções bastante distantes, o fator anti-hemofílico coagulante e o fator de von Willebrand são por vezes considerados como um único complexo denominado apenas como Fator VIII. Com base no mecanismo de ativação inicial da coagulação foram identificadas duas vias: a via intrínseca e a via extrínseca. Qualquer que seja o mecanismo de ativação, ambas levam a via comum e a formação de fibrina. A via intrínseca é ativada pelo contato do fator XII com uma superfície negativamente carregada, geralmente o colágeno. Substâncias como a calicreína, precalicreína, cininogênio de alto peso molecular e fatores plaquetários liberados no processo de ativação plaquetária também propagam a coagulação. A via extrínseca é ativada pelo extravasamento de substâncias teciduais (fatores teciduais, tromboplastina, etc) liberadas no momento da injúria. O fator XIII (fator estabilizador da fibrina) forma ligaçõescovalentes de dissulfito entre os monômeros de fibrina, tornando-a insolúvel e estabilizadas. Ao final deste processo obtêm-se uma malha de polímeros de fibrina sobre o alicerce formado pelo endotélio lesado e pelo plug plaquetário. A deficiência dos fatores de coagulação pode levar à formação de lesões hemorrágicas maiores (equimoses e hematomas) e hemorragias em cavidades, pois os mecanismos de hemostasia primária não são suficientes para reparar as injúrias de vasos de maior calibre, onde o fluxo é maior ou as lesões mais extensas. O sangramento exacerbado ocorre geralmente após uma ou duas horas da lesão inicial, quando cessam os efeitos temporários exercidos pela vasoconstrição e pela adesão e agregação plaquetária. Sem a consolidação do plug plaquetário pela fibrina, o tamponamento dos vasos é ineficiente. HEMOSTASIA TERCIÁRIA – FIBRINÓLISE Concomitantemente à formação do tampão hemostático, iniciam-se os mecanismos fibrinolíticos, que promovem a degradação enzimática do fibrinogênio e da fibrina e de outros fatores de coagulação ativados, permitindo um reparo definitivo da injúria vascular e o controle sobre os eventos trombóticos. O equilíbrio entre a coagulação e a fibrinólise são importantes, uma vez que deles dependem a manutenção do sangue dentro dos vasos e sua fluidez por dentro dos mesmos. A plasmina é o principal mecanismo de fibrinólise, e é formada a partir do plasminogênio por meio de substâncias liberadas pelo tecido lesado. A plasmina age sobre a fibrina, gerando os fragmentos denominados Produtos de Degradação da Fibrina (PDFs). Plasminogênio___Substâncias ativadoras do plasminogênio Plasmina (Transforma a Fibrina) Produtos de Degradação de Fibrina (PDFs) Outras substâncias importantes na fibrinólise são as proteínas C e S, que promovem a proteólise dos fatores V e VII ativados. São Vitamina K dependentes. A antitrombina III é um anticoagulante natural antagonista da trombina. PATOGÊNESE DOS DEFEITOS DE HEMOSTASIA A origem dos defeitos de hemostasia pode estar localizada em qualquer uma das fases, levando tanto a fenômenos hemorrágicos, quanto trombóticos. Possíveis Alterações Sinais Hemostasia Primária Defeitos vasculares, alterações quantitativas ou qualitativas das plaquetas Petéquias e equimoses sangramento imediato Hemostasia Secundária (Coagulação) Deficiência adquirida ou hereditária na síntese dos fatores de coagulação, síntese defeituosa dos fatores, consumo excessivo. Equimoses, hematomas, hemartoses, sangramento tardio Hemostasia Terciária (fibrinólise) Estímulos excessivos. Liberação de substâncias ativadoras da coagulação Trombose, Infarto renal, cardíaco, etc. Defeitos vasculares Os vasos são responsáveis pelo controle imediato da hemorragia, e as alterações estruturais pré-existentes ou decorrentes de processos imunomediados (deposição de imunocomplexos) e/ou inflamatórios, levam a vasculites e a fragilidade capilar, diminuindo a resposta dos mesmos. Anormalidades quantitativas das plaquetas (trombocitopenias) São a principal causa de desordens hemostáticas. As principais causas de trombocitopenia são: produção defeituosa (dismegacariocitopoiese) ou diminuída; vida média reduzida por destruição (processos imunomediados) ou consumo (coagulação intravascular disseminada); ou seqüestro em baço. O baço pode armazenar cerca de 75% das plaquetas circulantes, e em condições de esplenomegalia, pode haver uma trombocitopenia transitória. Anormalidades qualitativas das plaquetas As anormalidades qualitativas, menos freqüentes que as quantitativas, são normalmente decorrentes de alterações morfológicas e funcionais adquiridas por processos imunomediados (drogas, Ehrlichia sp, transfusões incompatíveis, etc.). Dentre as alterações funcionais congênitas, citam-se a deficiência de estoque ou produção de substâncias plaquetárias (Cálcio, fator de Von Willebrand, ADP, etc.), conhecida como síndrome da plaqueta cinzenta devido à falta de granulação típica, correspondentes aos grânulos de estocagem destas substâncias observáveis à microscopia óptica. As deficiências de receptores de membrana (glicoproteínas) são raríssimas. A administração de antiinflamatórios não esteróides inibidores da cicloxigenase inibem a adesão e a agregação plaquetária por bloqueio da síntese de tromboxane A2 (TXA2) plaquetário a partir do ácido aracdônico. O TXA2 é um potente agente vasoconstritor e estimulante da adesão plaquetária. A síntese da prostaciclina (PGI2), antagonista do TXA2 e potente vasodilatador; pelo endotélio íntegro não é muito prejudicada devido à reversibilidade deste bloqueio, uma vez que a célula endotelial é nucleada e capaz de produzir mais cicloxigenase. Esses medicamentos são utilizados em doses muito baixas na terapia antitrombótica. Defeitos nos fatores de coagulação As alterações decorrentes de falha nos mecanismos de hemostasia secundária podem advir de falha absoluta ou parcial na síntese dos fatores de coagulação. Estas podem ser congênitas como na Hemofilia A ou hemofilia clássica (deficiência de fator VIII) e Hemofilia B (Def. de Fator IX) ou adquiridas. A deficiência do FvW leva à doença de Von Willebrand, entretanto os sinais serão de primeira fase, pois esta é a única proteína de coagulação que atua na hemostasia primária (adesão plaquetária). A insuficiência hepática, a intoxicação por rodenticidas (antagonistas de vitamina K), o consumo excessivo dos fatores de coagulação (CID) e a presença de inibidores na circulação (heparina, etc) são as principais causas de Deficiência adquirida dos fatores de coagulação. Alguns fatores de coagulação (II, VII, IX e X) chamados vitamina K- dependentes, são sintetizados em uma forma afuncional (acarboxiladas) e sofrem uma reação de carboxilação em que a vitamina K participa como cofator, produzindo centros de ligação com o cálcio, necessários para a sua função normal. Durante esta reação a vitamina K é convertida num metabólito inativo (vitamina K- epóxido). A enzima epóxido-redutase é responsável pela reciclagem deste metabólito, convertendo-o para a forma ativa, razão pela qual a necessidade diária de ingestão de vitamina K é pequena. A ingestão de anticoagulantes rodenticidas leva à inibição desta enzima, e à rápida depleção dos estoques de vitamina K do organismo. Coagulopatias de consumo A Coagulação Intravascular Disseminada (CID) é um estado patológico secundário encontrado em uma grande variedade de doenças e sob várias condições patológicas. A CID é um dos achados mais alarmantes numa doença, pois normalmente indica um mau prognóstico. O mecanismo básico desta síndrome é a ativação intravascular da coagulação sangüínea como resultado da exposição do sangue à superfícies estranhas ou da entrada de material tromboplástico na circulação, concomitantemente com a ativação do sistema fibrinolítico. A formação subseqüente de trombina leva a amplificação do processo com a estimulação da agregação plaquetária e a formação da fibrina, resultando em trombose de capilares, arteríolas e vênulas, e infarto em diversos órgãos. A ativação do sistema fibrinolítico resulta na dissolução do fibrinogênio e fibrina e na liberação dos produtos de degradação de fibrina no sangue. Por esta razão a CID também pode estar associada a tendências hemorrágicas que podem ser severas. Para definir esta condição paradoxal, em que um excesso de coagulação dá origem a uma diátese hemorrágica, o termo coagulopatia de consumo também é usado como sinônimo de CID, que interfere nos três níveis do processo hemostático. Acidentes ofídicos Os venenos ofídicos agem sobre o mecanismo hemostático por meio de suas ações coagulante, proteolítica e vasculotóxica, interferindo em todas as fazes da hemostasia. O veneno das serpentes do gênero Bothrops possui ação coagulante “tipo trombina”, transformando o fibrinogênio em fibrina, resultando num consumo de fibrinogênio com conseqüente incoagulabilidade sangüínea. O veneno dasserpentes do gênero Bothrops também age destruindo a membrana basal do endotélio, causando posteriormente a ruptura dos vasos capilares. O veneno de Bothrops jararaca possui uma fração denominada botrocetina que possui atividade agregante plaquetária in vitro, mostrando que também há interferência com a hemostasia primária.
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