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A Pessoa como Sujeito Mora1-convertido

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ESCOLA SECUNDÁRIA DA PONTA-GEA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APONTAMENTOS E EXERCÍCIOS DA DISCIPLINA DE FILOSOFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Beira 
2020 
2 
 
A PESSOA COMO SUJEITO MORAL 
Antes de abordamos aqui a pessoa como sujeito moral, primeiro temos que trazer aquilo que é o 
conceito de própria pessoa. 
 
O conceito de ” Pessoa ” 
A noção de pessoa aparece em oposição à de indivíduo, quer dizer, individuo biológico. 
Mas o que é indivíduo biológico? Indivíduo significa, antes de tudo, consistência, isto é, 
indivisibilidade interna, unidade. Esta unidade não significa simplicidade, mas sim, uma 
composição de partes. Enquanto tal, esta unidade é totalidade: diferenciada, estruturada e 
centrada. 
É uma totalidade diferenciada uma vez que o próprio conceito de ” todo” implica uma 
multiplicidade qualitativa de partes que compõe o todo. Neste sentido, o ser vivo, enquanto 
indivíduo é uma totalidade diferenciada. 
É uma totalidade estruturada porquanto os diversos órgãos e as funções que eles exercem não são 
independentes uns dos outros como se de estratos que se sobrepõem se tratasse. Os diferentes 
órgãos e suas funções constituem uma estrutura, isto é, são interdependentes; eles só são aquilo 
que são devido à relação de mútua dependência. 
É uma totalidade centrada porque enquanto indivíduo biológico tem um centro a partir do qual se 
realiza essa totalidade. O ser vivo, no seu agir, refere-se a si mesmo, a algo interior. Na vida 
vegetativa, por exemplo, a planta já realiza um processo biológico interno de crescimento e de 
conservação. Em relação ao animal, isto se verifica de um modo mais significativo e a um nível 
superior. O animal não só tem percepções sensíveis como também pode conservá-las e reagir de 
acordo com uma sensibilidade instintiva. A este centro poder-se-ia chamar de consciência ou 
memória sensível. 
 
Quem Sou Eu 
No homem as coisas passam-se de maneira muito diversa, o que o torna completamente diferente 
dos outros animais ou indivíduos biológicos e o coloca num outro nível em relação a eles. A 
centralidade no homem não é somente consciência ou memória sensível, mas, sobretudo, 
reflexão, pois o homem não só sabe, mas sabe que sabe. Então, quando a consciência é reflexão, 
aí está-se no mundo do espírito e da pessoa. Esta totalidade centrada que faz com que a pessoa 
3 
 
transcenda o mero nível biológico é que lhe confere uma certa autonomia em relação à sua 
coexistência com o meio ambiente e uma abertura em relação à sua coexistência com os outros. 
O que é Pessoa? O conceito “ Pessoa” pode ser abordado a partir de duas perspectivas: uma parte 
da problemática clássica; outra, mais descritiva, toma em conta as filosofias mais recentes. 
Na perspectiva da Filosofia clássica far-se-á referência tão somente a alguns filósofos. Para 
Cícero, por exemplo, Pessoa é o sujeito de direito e deveres. Boécio, porém, entende Pessoa 
como uma ‘’ substância individual de natureza racional’’. Na mesma linha de pensamento de 
Boécio, S.Tomás de Aquino defende que pessoa é um ‘’subsistente de natureza racional’’. 
Estes últimos dois filósofos destacam dois elementos definitórios de Pessoa. Segundo eles, 
começa por ser indivíduo subsistente, coeso, uno, total e centrada, encontra a sua mais alta 
realização na Pessoa, onde esta’’ centralidade’’ significa reflexão completa: saber que sabe, 
consciência de ter consciência. Esta racionalidade pressupõe na Pessoa uma ‘’ dimensão 
espiritual’’. A razão é fundamento da liberdade e esta o fundamento último de outras 
características e realizações da pessoa. 
É neste sentido que a ideia de Cícero não deve ser posta de lado, uma vez que a sua definição de 
Pessoa quer destacar os caracteres de relação e de inter-relação como constitutivos dinâmicos da 
pessoa humana. 
Os filósofos da modernidade orientaram-se por outras direcções definitórias de Pessoa das quais 
se têm destacados três: 
• a psicológica, que, tomando como referências o filósofo Descartes, toma a consciência 
como a característica definitórias da pessoa; 
• a ética, que, segundo Kant, destaca a liberdade como o constitutivo do ser Pessoa; 
• a social, que com Personalismo e, particularmente, com Martin Buber, sublinha na 
definição de Pessoa a relação desta com o(s) outro(s). 
Estes dados, tanto da Filosofia clássica como da moderna, não devem ser vistos de forma isolada, 
como se eles se excluíssem mutuamente. Na definição de Pessoa, todos estes elementos se 
completam. 
 
A consciência 
A consciência é o conhecimento (scientia) que acompanha (cum) as nossas vivências; a 
consciência apreende três sentidos: biológico, psicológico e moral. 
4 
 
Neste caso interessa-nos o sentido moral, em que a consciência é vista como o juiz do valor 
moral das nossas actividades: avaliando os nossos actos, atribuindo-lhes mérito ou demérito; 
julgando-os sob o ponto de vista do bem ou do mal; e indicando o dever a seguir. 
Em sentido restrito pode significar o conhecimento concomitante e cumulativo dos próprios 
actos ou estados internos no preciso momento em que são vividos ou experimentados. 
A consciência começa por conhecer o espírito e os seus fenómenos e, depois, estrutura-os, 
organiza-os num conjunto global, capaz de responder à situação existente. É através da 
consciência que conhecemos toda a realidade humana e extra-humana. 
A consciência é um elemento essencial dos fenómenos psíquicos. No nosso íntimo, uma 
multidão de fenómenos interpenetram-se. A consciência é como um rio que desliza sem parar, e 
seria ridículo ver num rio não mais do que um composto de gotas de água. Esta afirmação 
baseia-se em Heráclito que dizia: ‘’ Ninguém pode banhar-se duas vezes nas mesmas águas do 
rio”. 
Além da mobilidade e da continuidade da corrente da consciência, há nela um poder de selecção 
e de síntese. A corrente de consciência apresenta uma finalidade e um objectivo, os quais se 
revelam na formação de percepção. Por meio desta, o indivíduo conhece a realidade e se adapta a 
ela, nomeadamente na formação da personalidade e sempre que surja uma situação nova a que 
precisa adaptar-se. 
A selecção e a síntese são importantes na formação da personalidade, que é a síntese dos 
fenómenos psíquicos, seleccionados pela consciência e por ela referidos ao Eu. A personalidade 
exige uma selecção de fenómenos, pois nem todos os que afectam o Eu servem: escolhem-se e 
inibem-se outros. Após a selecção, vem a ligação ao Eu dos fenómenos seleccionados e, assim, 
se constitui a personalidade. 
 
DISTINÇÃO ENTRE A ÉTICA E A MORAL 
Ética e moral - Qual é a diferença? 
Isso é certo ou errado? Bom ou ruim? Devo ou não devo? Provavelmente já deve ter feito 
alguma dessas perguntas na hora de tomar uma decisão ou fazer uma escolha. Essas perguntas 
permeiam a reflexão sobre dois termos: ética e moral. 
É muito comum esses termos serem confundidos como se significassem a mesma coisa. Embora 
estejam relacionados entre si, moral e ética são conceitos distintos. 
5 
 
A palavra “ética” vem do grego ethos. Em sua etimologia, ethos significa literalmente morada, 
habitat, refúgio. O lugar onde as pessoas habitam. Mas para os filósofos, a palavra se refere a 
“carácter”, “índole”, “natureza”. 
Sócrates coloca o autoconhecimento como a melhor forma de viver com sabedoria. E seguindo a 
máxima de Aristóteles em “Ética a Nicômaco” e em seu pensamento moral de forma geral, 
“somos o resultado de nossas escolhas”. Aristóteles acreditava que a ética caracteriza-se pela 
finalidade e pelo objectivo a ser atingido, isto é, que se possa viver bem, ter uma vida boa, com e 
para os outros, com instituições justas. Já Platão entende que a justiça é a principal virtude a ser 
seguida. 
Neste sentido, a ética é um tipo de postura e se refere a um modo de ser, à natureza da ação 
humana, ou seja, como lidar diante das situações da vida e ao modo como convivemos e 
estabelecemosrelações uns com os outros. É uma postura pessoal que pressupõe uma liberdade 
de escolha. 
O que estamos fazendo uns com os outros? Quais são as nossas responsabilidades pessoais diante 
do outro? Uma postura ou conduta ética pode ser a realização de um tipo de comportamento 
mediado por princípios e valores morais. 
A palavra “moral” deriva do latim mores, que significa “costume”. Aquilo que se consolidou ou 
se cristalizou como sendo verdadeiro do ponto de vista da ação. A moral é fruto do padrão 
cultural vigente e incorpora as regras eleitas como necessárias ao convívio entre os membros 
dessa sociedade. Regras estas determinadas pela própria sociedade. 
Na época medieval, por exemplo, a moral era muito atrelada a crenças religiosas. A sociedade 
buscava na religião um meio para orientar o homem a agir de acordo com valores éticos. Após a 
Idade Moderna, o Estado passou a estimular regras e valores éticos, por meio de leis e o 
reconhecimento dos deveres de um sujeito em responder pelas consequências de seus atos. 
E o que seria um comportamento moral ou imoral? Assim como a reflexão ética, uma conduta 
moral também é uma escolha a ser feita. As normas ou códigos morais são cumpridos a partir da 
convicção íntima da pessoa que se comporta. Uma pessoa moral age de acordo com os costumes 
e valores de uma determinada sociedade. Ou seja, quem segue as regras é uma pessoa moral; 
quem as desobedece, uma pessoa imoral. 
Uma pessoa moral ou imoral não é necessariamente aquela que segue as leis ou regras jurídicas. 
Comportamentos como furar fila no banco, jogar lixo no chão, colar na prova, falar mal de um 
6 
 
colega na frente do outro ou não dar espaço para os mais velhos no metrô não são considerados 
ilegais, mas podem ser actos imorais. 
A ética, por sua vez, é a parte da filosofia que estuda a moral, isto é, que reflete e questiona sobre 
as regras morais. A reflexão ética pode inclusive contestar as regras morais vigentes, 
entendendo-as, por exemplo, como ultrapassadas ou simplesmente erradas do ponto de vista 
pessoal. 
Os filósofos antigos (gregos e romanos) consideravam a vida ética transcorrendo como um 
embate contínuo entre nossos apetites e desejos – as paixões – e nossa razão. Eles estabeleceram 
três aspectos principais para a ética: o racionalismo (a vida virtuosa é agir em conformidade com 
a razão, que conhece o bem, o deseja e guia nossa vontade até ele); o naturalismo (a vida virtuosa 
é agir em conformidade com a Natureza - o cosmos - e com nossa natureza – ethos -, que é uma 
arte do todo natural); e a inseparabilidade entre ética e política, ou seja, entre a conduta do 
indivíduo e os valores da sociedade. 
Um exemplo. Como lidar com uma pessoa que roubou um remédio para salvar uma vida? Seu 
comportamento é imoral, ela quebrou a regra de uma sociedade. Mas será que seria justificado 
eticamente? 
A moral é constituída pelos valores previamente estabelecidos e comportamentos socialmente 
aceitos e passíveis de serem questionados pela ética, em busca de uma condição mais justa. É 
possível uma acção moral ou imoral sem qualquer reflexão ética, assim como é possível uma 
reflexão ética acompanhada de uma acção imoral ou amoral. 
Basicamente, quando se trata de moral, o que é certo e errado depende do lugar onde se está. A 
ética é o questionamento da moral, ela trata de princípios e não de mandamentos. Supõe que o 
homem deva ser justo. Porém, como ser justo? Ou como agir de forma a garantir o bem de 
todos? Não há resposta predefinida. Mas há sempre uma resposta a ser pensada. 
Ninguém nasce com ética ou com moral. São construções culturais e simbólicas. As pessoas 
podem aprender ética na família, na escola, na rua, no trabalho. Esses conceitos são adquiridos 
ao longo da experiência humana, seja pela cultura, pelas regras jurídicas, pela educação ou por 
reflexões pessoais. 
Quando uma empresa diz que possui um “código de ética”, na verdade o que se está presente no 
texto são códigos ou regras de moral que buscam criar uma cultura ética. A moral é convenção e 
a ética, reflexão. 
7 
 
O aprendizado da ética seria o aprendizado da convivência. Aprender a conviver juntos é um dos 
maiores desafios no século 21. A ética pode ser uma bússola para orientar o pensamento e 
responder a seguinte pergunta: qual sociedade eu ajudo a formar com a minha ação? 
CARACTERÍSTICAS DA PESSOA 
A pessoa é a base da reflexão ética, é o centro e fundamento da ética, o lugar onde os valores 
éticos se revelam. 
Na noção de pessoa estão incluídas as mais dignificantes características do ser humano, que 
fazem dele o ser supremo, o sujeito, a fonte e o critério de qualquer apreciação valorativa. 
Características e sua descrição: 
Singularidade / Individualidade - cada ser humano é uma essência individual. O que faz de 
cada um de nós um ser único, irrepetível e insubstituível, um “eu”. 
Unidade - cada ser humano é um microcosmos, um centro de decisão, uma totalidade concreta, 
uma unidade psicológica e moral. 
Autonomia/Liberdade - centro de decisão e de acção, o ser humano tem em si o princípio e a 
causa do seu agir, apesar de condicionado. Entre as suas manifestações mais elevadas encontra-
se a possibilidade de se auto-determinar. 
Interioridade/ Subjectividade - em cada ser humano há um espaço de reserva e de intimidade 
que é inacessível, inviolável - é a zona da consciência; consciência de si. 
Abertura - singularidade, unidade e autonomia podem esgotar a noção de indivíduo mas não 
esgotam a de pessoa. Só somos verdadeiramente pessoas na relação com os outros e com o 
mundo. 
Projecto/Possibilidade - não se nasce pessoa. Ser pessoa não é coisa dada; é uma das 
possibilidades humanas que cada um deve realizar. 
Proximidade - a pessoa estabelece vínculos de proximidade com os outros, manifestando 
solidariedade e amizade. 
Compromisso - a identidade da pessoa forma-se pelos compromissos que assume. Ao 
comprometer-se, a pessoa age recusando a neutralidade, a indiferença. 
Crítica - a pessoa dispõe de uma dimensão crítica com que avalia os diversos aspectos da vida. 
Esta capacidade crítica faz com que o homem seja capaz de dizer não ao que lhe parece negativo 
e se empenhe na construção de um mundo diferente. 
8 
 
Dignidade - a pessoa é um valor incomensurável. Ocupa o lugar cimeiro no conjunto dos seres 
do universo. Neste sentido, a pessoa é a mais elevada forma de existência e tem valor absoluto. 
 
CONSCIENCIA MORAL: ETAPAS DO SEU DESENVOLVIMENTO (Piaget e Kohlberg) 
 
Noção e Caracterização 
Entende-se por consciência o estado ou a faculdade de alerta, que nos permite perceber o mundo 
intrínseco e extrínseco a nós mesmos e fazer juízo de valores sobre eles, enquanto estamos 
mentalmente sadios. A consciência Moral a capacidade que o homem tem de distinguir o bem do 
mal, e adoptar uma determinada forma de comportar-se. Deste modo A consciência moral é a 
capacidade que o sujeito tem de avaliar os princípios básicos dos seus actos. 
 
Formação e desenvolvimento da consciência Moral 
Para os filósofos antigos, a Consciência Moral era algo inato, que pertencia ao próprio homem. 
Enquanto os filósofos Contemporâneos e modernos, defende a tese de que a a consciência moral 
é algo que é adquirido pelo homem em sociedade, família, grupo social, escola etc. 
A formação e o desenvolvimento da consciência é um assunto de capital importância, que 
mereceu uma atenção dos filósofos modernos, com maior destaque no Suíço Jean Piaget (1896-
1980), e o Americano Lawrence Kohlberg (1927-1987). 
Piaget conclui que a moralidade se desenvolve na medida e que a inteligência humana se 
desenvolve, seguindo um processo delineado por três etapas: 
• Moral de obrigação ou heteronomia, que compreende (entre os 2 e aos 6 anos), onde a 
criança vive numa atitude unilateral de respeito absoluto para com os mais velhos e as 
normas são totalmente exteriores a si. 
• Moral da Solidariedade verifica-se(entre os 7 e aos 11 anos), uma substituição do 
respeito unilateral pelo respeito mútuo, começa a desenvolver-se a noção da igualdade 
entre todos e as normas de conduta são aplicadas com rigorosidade. 
• Moral de equidade e Autonomia, dos 12 anos em diante, aqui aparece o altruísmo, o 
interesse pelo outro e a compaixão e a moral torna-se autónoma. 
Da mesma maneira, Kohlberg considera que a consciência moral se desenvolve no processo de 
aprendizagem social. Na sua opinião há três (3), e todas baseadas na noção de justiça, segundo 
9 
 
ele cada um está num determinado estado e desenvolvimento moral de acordo com as suas 
respostas a Dilemas morais: 
1. Nível pré-convencional, As pessoas respeitam as normas sociais, mas receiam o castigo 
se não as cumprirem ou esperam uma recompensa pelo seu cumprimento. 
2. Nível Convencional, determina que as pessoas respeitam as normas sociais porque 
consideram importante que cada um desempenhe o seu papel numa sociedade 
moralmente organizada. 
3. Nível pós-convencional, as pessoas se preocupam com o juízo autónomo e com o 
estabelecimento de princípios morais universais. 
 
ACÇÃO HUMANA E VALORES 
O Homem pratica dois tipos de actos: os que são comuns a outros animais e os que só ele próprio 
realiza. 
No primeiro caso, temos, entre outros, os chamados actos instintivos, e No segundo, a actividade 
instintiva é secundarizada a favor da actividade reflexiva, especifica dos seres humanos. 
Dada a diversidade das acções que o Homem pratica, é natural que a palavra “acção" tenha 
muitos significados. Importa diferenciar dois tipos de acções: as involuntárias e as voluntárias: 
 
Actos voluntários e actos involuntários 
Acções involuntárias (ou actos do Homem) 
São acções que na o implicaram qualquer intenção da parte do sujeito. São acontecimentos em 
que nos limitamos a ser meros receptores de efeitos que não provocamos. Há actos que 
realizamos por um mero reflexo instintivo, fazemo-los sem pensar. São exemplos destes actos 
mastigar, ressonar, esticar o braço em autodefesa, envelhecer, gritar de Susto, etc. 
 
Acções voluntárias (ou actos humanos) 
As acções humanas implicam uma intenção deliberada de um agente, de agir de determinado 
modo e não doutro. Estas acções são reflectidas, estudadas, premeditadas ou até prospectadas a 
longo prazo, tendo em vista atingir determinados objectivos. 
10 
 
Aplicamos o termo "acção" apenas aqueles actos que realizamos de forma consciente (racional), 
voluntaria e responsável, por isso, toda a acção humana implica, necessariamente, os seguintes 
elementos: 
• Agente - um sujeito que é capaz de se reconhecer como autor da acção e que age com 
consciência e ter responsabilidade pela mesma e livre-arbítrio ou vontade, ou seja, que é 
capaz de optar e tomar decisões livremente. 
• Motivo - a razão que justifica a acção; o que nos leva a agir ou fazer algo. Por isso, 
quando perguntamos “Porque fizeste ou vais fazer isto ou aquilo?", procuramos encontrar 
a razão que justifica a acção. 
• Intenção - A intenção implica um agente consciente, pois a intenção consiste naquilo que 
o agente quer realizar. 
• Fim - o fim da acção é a possessão daquilo para que se quer a acção voluntária. A 
finalidade da acção difere do fim da acção, Pois corresponde a uma orientação para o fim 
da acção. 
Depois da caracterização dos actos humanos, uma questão emerge: fazer e agir, são conceitos 
que exprimem significados diferentes, enquanto A acção do sujeito em torno de objectos ou no 
decorrer da execução de uma técnica chama-se Fazer, o conceito agir aplica-se a todas as outras 
acções intencionais que realizamos livremente e em que somos capazes de identificar facilmente 
os motivos por que fazemos o que fazemos. 
Da acção aos valores 
Noção de Valor 
Em toda a acção humana, o ser humano exprime o modo como se relaciona com o mundo do, 
podendo preferir ou preterir algo. A acção humana está estritamente ligada aos valores, explicita 
ou implicitamente. Os valores dão ao sujeito o motivo para agir. 
Por exemplo: parar quando o semáforo está vermelho exprime um valor nobre: o civismo, 
quando damos esmola, também lá está um valor muito nobre: a solidariedade. 
Mas o que são os valores? O que a um juízo de valor? E o que distingue um juízo de facto de um 
juízo de valor? 
Os valores são critérios segundo os quais damos ou não importância As coisas, os valores são as 
razões que justificam ou motivam as nossas acções, Tornando-as preferíveis a outras. 
11 
 
Um juízo de facto é um juízo em que se descreve a realidade de uma forma objectiva, neutra e 
impessoal. Estes podem ser verdadeiros ou falsos: Ex: “Quelimane é cidade Capital da 
Zambêzia” Walker é Branco. 
Um juízo de valor é urna manifestação de preferência e apreciação sobre a realidade e é fruto de 
uma interpretação parcial e subjectiva feita com base em valores. Os juízos de valor são 
relativos, Pois variam de pessoa para pessoa, e por isso, estão sujeitos a discussão. Ex: Agnélio é 
o jovem mais bonito da turma C/O. 
É no contexto do juízo de valor que podemos enquadrar a análise da acção humana, pois o juízo 
de valor é já o resultado do que designamos por valores. 
Tipos de valores 
Os valores na o são coisas, nem simples ideias que adquirimos, mas conceitos que traduzem as 
nossas preferências. São importares para o agir humano na medida em que constituem os 
critérios e padrões que orientam a acção e lhe dão sentido. Existem uma enorme diversidade de 
valores, que podemos agrupar cm espirituais e materiais: 
1. valores espirituais: 
• Valores religiosos - aqueles que dizem respeito a religião do Homem com a 
transcendência (o sagrado ou divino, pureza, santidade, perfeição, castidade, etc.); 
• Valores estéticos - os valores de expressão (beleza, harmonia, graciosidade, elegância, 
feio, sublime, trágico, etc.); 
• Valores Éticos - aqueles que se referem As normas ou critérios de conduta que afectam 
todas as áreas da nossa actividade (lealdade, verdade, solidariedade, honestidade, bem, 
bondade, altruísmo, amizade, liberdade, etc.); 
• Valores políticos - aqueles que dizem respeito ao Homer na sua qualidade de cidadão 
(justiça, igualdade, imparcialidade, cidadania, liberdade de expressão ou de associação ou 
de culto, etc.). 
2. Valores materiais ou sensíveis 
• Valores do agradável e do prazer - aqueles que exprimem as sensações de prazer e de 
satisfação, assim como as suas fontes (comida, bebida, vestuário, etc.,); 
• Valores vitais - aqueles que se referem ao estado físico (saúde, força, resistência física, 
vigor e robustez, êxito, felicidade, amor, etc.); 
12 
 
• Valores de utilidade ou económicos - aqueles que se referem habitação, dinheiro, meios 
de comunicação, electrodomésticos, vestuário, alimentos, automóveis, máquinas, etc. 
Apesar da diversidade de valores, estes apresentam porém características comuns a todos os 
tipos, grupos e situações: 
• Bipolaridade dos valores - os valores apresentam-se sempre em pares opostos, numa 
polaridade negativo/positivo; belo/feio; útil/inútil, e outros mais. 
• Hierarquia dos valores - os valores encontram-se sempre Dispostos norma hierarquia que 
implica a superioridade e prioridade de uns sobre outros; cada pessoa, grupo, cultura ou 
comunidade possui a sua própria hierarquia ou tábua de valores. 
• Historicidade dos valores: a selecção, a hierarquização e o próprio conteúdo dos valores 
sofrem condicionalismos e influência da época em que são enunciados. 
A subjectividade (ou relatividade) e a objectividade dos valores 
Existem duas posições que surgem sobre a discussão em torno da natureza dos valores. Para 
alguns autores, os valores têm duas vertentes: subjectiva e objectiva; para outros, Os valores são 
só objectivos, ou, ainda para outros, são apenas subjectivos. 
Para os defensores da subjectividade, os valores nunca deixam de ser subjectivos, tanto mais que 
designam um padrão comportamentaldo que alguém atribui importância ou relevo. Esta 
concepção assenta na constatação empírica de que, ao longo dos tempos, os valores estão sempre 
a mudar. 
Os defensores da vertente objectiva advogam que os valores designam padrões de 
comportamento colectivamente reconhecidos e adaptados por um grupo, comunidade mais ou 
menos vasta e que, como tal, estes valores são considerados absolutos e inquestionáveis. Esta é a 
posição defendida pela maioria das religiões que, apoiadas na bíblia, no Alcorão, e em outros 
textos sagrados. 
A mesma posição foi defendida por Platão ao considerar o bem, o belo e o justo, entidades 
ideais, imutáveis e incondicionadas. 
Por oposição, Jean Paul Sartre (famoso filósofo Francês do século XX), ao defender a liberdade 
Anuncia que cabe ao homem inventar os seus próprios valores. Muitos autores e instituições 
actuais defendem, por sua vez, que todo o conjunto de valores, o acto de valorar incorporam 
critérios objectivos e subjectivos, pois, a certos valores, em cada época ou cultura, é atribuído o 
carácter de absolutos e inquestionáveis, ou seja, aqueles que não podem deixar de ser obedecidos 
13 
 
e seguidos (a Declaração dos Direitos do Homem defende que a liberdade, a igualdade, a paz e a 
solidariedade são direitos e valores universais e absolutos), em detrimento de outros que são 
considerados mais relativos e menos "obrigatórios". 
A liberdade como fundamento da acção humana noção de liberdade 
Apesar de todos os condicionalismos, o homem é um ser livre, pois, em última estancia sempre 
ele quem decide agir ou não. 
Sendo livre, o homem pode decidir ajustar se ou não as regras sociais que em contrariedade 
realizar assoem ou não que constituem verdadeiras rupturas com os condicionalismos e as 
solicitações externas ou internas (liberdade). 
Sendo livre, toma decisões que tem como objectivo responder a sua necessidade de realização 
pessoal em conformidade como seu próprio projecto de vida (liberdade para). 
O termo «liberdade» designa a capacidade que todo o homem possui de agir de acordo com a sua 
própria decisão: é a capacidade de autodeterminação. Como condição do agir humano a 
liberdade pressupõe: 
Autonomia do sujeito 
Face ao seu condicionamento por factores externos e internos, para que uma acção possa ser 
considerada de livre e necessário que de a causa dos seus actos isto é, que o acto resulta de uma 
conduta livre. 
Consciência da acção 
Acção humana e a manifestação de uma vontade livre e portanto consciente dos seus actos. 
Os motivos e as circunstâncias, assim como as consequências da própria acção. 
Escolhas fundamentais 
Toda acção humana exprime sempre a manifestação de certas preferências, em que o homem 
esta a aplicando. 
Nem sempre esta dimensão da liberdade e consistente, embora seja sempre materializada na 
própria acção. 
Formas e tipos de liberdades 
Os tipos de liberdade são uma consequência directa dos tipos de coacção de que o homem é a 
vítima na sua relação com outros (sociedade) e com sigo mesmo. Por isso a liberdade pode ser 
interior ou exterior. 
A liberdade interior compreende: 
14 
 
Liberdade psicológica - capacidade que o homem tem de fazer ou não uma determinada coisa. 
É a isenção de impulsos internos sobre a nossa vontade de agir de uma determinada forma. É a 
capacidade de decidir por si mesmo. 
Liberdade moral - ausência de qualquer constrangimento de ordem moral, como, por exemplo o 
medo de punições ou de infringir leis, ameaças, etc. manifesta-se na adesão voluntária, 
intencional e consciente a valores estabelecidos por si como uma meta a tingir ao longo da vida. 
E a liberdade de escolha ou de não escolha que torna o homem digno de si próprio. 
A liberdade exterior, por sua vez, compreende os seguintes tipos: 
Liberdade sociológica - autonomia do sujeito face aos constrangimentos impostos pela 
sociedade. 
Liberdade física - ausência de qualquer constrangimento físico. 
Liberdade política - ausência de qualquer constrangimento de natureza política. 
Da liberdade humana à responsabilidade moral 
O homem pode escolher agir de acordo com as normas impostas pelas regras morais exteriores e 
ainda de acordo com as normas internas e os valores interiorizados que lhes são ditados pela sua 
consciência. No entanto, só quando o homem age segundo as regras e os valores da sua 
consciência é que este se torna um sujeito ético-moral e a sua acção é considerada uma acção 
moral. 
Na acção moral a liberdade esta ligada a responsabilidade, estas são duas características da acção 
moral. 
Pode definir-se a responsabilidade moral como a característica em virtude da qual a pessoa deve 
responder pelos seus actos, reconhecendo-os e assumindo as suas consequências ou efeitos 
perante os outros e perante si mesmo e a sua consciência. 
Todo acto moralmente responsável exige as seguintes condições: 
Imputabilidade- só é responsável por determinado acto aquele a quem esse mesmo acto é 
imputado, isto é, aquele a quem é atribuída a sua autoria. 
Consciência - o sujeito age conscientemente, com conhecimento de causa, isto é, não ignora as 
circunstâncias em que a sua acção se desenrola e, de certa forma, pode controlar as 
consequências imediatas do seu comportamento. Se uma pessoa age por ignorância inculpável ou 
por inadvertência ao bem e ao mal, a sua responsabilidade será atenuada ou suprimida, visto que 
15 
 
só é responsável pelo bem ou pelo mal que a própria pessoa reconhece existir no acto e também 
só pelas consequências que por isso foram previstas 
Intencionalidade - o acto realizado é intencional, isto é, deriva de uma decisão consciente, 
voluntária e livre do sujeito, não sendo este forçado a agir de uma determinada forma por normas 
exteriores a si ou impostas. 
A justiça e o dever 
Justiça 
A justiça é uma virtude ou qualidade humana que consiste na vontade firme e constante de dar a 
cada um o que lhe é devido. 
A justiça, como virtude, pressupõe a existência de uma pessoa que tem o direito a um objecto 
que lhe pertence e outra que tem o dever correlativo de respeitar. 
Segundo Carlos Dias Hernandez, filósofo contemporâneo, a noção de justiça exprime uma 
tripla dimensão. 
Ético pessoal - referida ao homem justo, como virtude pessoal, designa a imparcialidade e a 
capacidade de, nas relações com os outros, antepor as exigências morais aos interesses 
subjectivos ou de conjugá-los adequadamente. 
Ética-social - refere-se aos deveres do estado ou da política para com os seus cidadãos, ou seja, 
dar a cada um aquilo a que tem direito. 
Jurídico-legal - é o sistema de leis que estabelecem de modo positivo o que é seu, o que 
corresponde a cada um nas diversas circunstâncias e que utiliza os mecanismos adequados para a 
sua realização e cumprimento. A justiça é aplicada quando a lei é cumprida. 
Noção de dever 
O dever é um principio que esta ligado a dimensão ético-pessoal da pessoa e define o fim da 
acção e a sua moralidade. 
O principal defensor de uma ética ou agir moral por dever foi Immanuel Kant (1724-1804), 
desenvolveu uma teoria ética que influenciou e continua influenciar toda reflexão filosófica 
sobre essa temática. 
O dever- é uma realidade interior que leva a vontade a agir de determinada maneira, sem 
violentar, mas que, no entanto se impõe como expressão de uma ordem que impera absoluta e 
incondicionalmente e que é cumprimento e respeito pela lei moral. De a cordo com a 
16 
 
terminologia de Kant, o dever é um imperativo categórico e não hipotético, isto é, uma 
obrigação, visto que impera incondicionalmente. 
A formulação do imperativo categórico é a seguinte: 
Age apenas segundo uma máxima tal que possas, ao mesmo tempo, querer que ela se torne lei 
universal. 
A lei moral, ou o dever, não diz o que se deve fazer nesta ou naquela situação, mas indica ao ser 
humano como se devera comportar em todas situações. 
Na execução do dever, a liberdade é a condição essencial:a liberdade é a condição importante do 
dever, visto que "dever fazer uma coisa ou seguir um princípio" implica necessariamente a 
possibilidade de a não fazer. 
Assim sendo, o dever só si impõe o homem e não ao animal ou uma coisa. 
O dever encontra fundamentação em tendências que podem ser resumidas assim: 
• Tendência teísta - defende que o verdadeiro fundamento do dever é Deus, criador e 
legislador supremo da natureza e do homem. 
• Tendência positivista - defende o dever como algo resultante da expressão exercida pela 
sociedade sobre os indivíduos que, com o tempo, se foi interiorizando e se transformou 
em obrigação de consciência. Os positivistas negam a transcendência do dever, baseando-
o na própria razão humana ou na sociedade. 
• Tendência racionalista - defende como fundamento do dever a própria razão humana, 
autora de todas as leis e, por isso, também todas as leis morais. Por tanto, é a razão que 
cria o dever. 
Sanção e Mérito 
Sanção 
A sanção é uma aplicação de algum tipo de pena ou castigo a um indivíduo diante de um 
determinado comportamento considerado inapropriado, perigoso ou ilegal. Neste sentido, o 
conceito de sanção pode ser entendido de duas maneiras diferentes, embora similares e 
conectados entre si. Estes dois sentidos são, basicamente, o jurídico e o social, cada um contando 
com elementos particulares. 
Em primeiro lugar, a sanção é um dos principais elementos da área jurídica e foi criada para 
representar a pena ou o castigo que um indivíduo pode receber como consequência do 
cometimento de algum tipo de delito ou ato ilegal. Neste espaço, as sanções estão fixadas por lei 
17 
 
e aparecem como resultado de todo um sistema de categorias e hierarquias que faz com que cada 
fato receba um tipo específico e particular de sanção. Por exemplo, tanto um ladrão como um 
homicida recebe a sanção de ir para prisão, porém em cada caso será diferente a quantidade de 
anos de prisão que cada um receberá pelo crime cometido. 
Por outro lado, a sanção também pode sair do espaço meramente jurídico quando se fala de 
sanções sociais. Elas têm a ver com a combinação de costumes, tradições, comportamentos e 
atitudes aprovadas por cada cultura que constroem em conjunto sua estrutura moral e ética. 
Entendida assim, a sanção pode tornar-se um elemento muito mais indefinido, pois não é a que 
rege uma lei, mas o sentido comum na maioria dos casos. Então, a sanção pode ser representada 
por um desafio, por um olhar de desaprovação, discriminação e até indiferença de parte dos 
demais indivíduos diante de um fato cometido. Como no caso de uma pessoa que joga lixo em 
via pública em um lugar que não é penalizado por lei; a sanção social faz com que as pessoas o 
vejam mal e desaprovem seu comportamento sem que necessariamente receba um castigo. 
Mérito 
Mérito, do latim “merĭtum”, é a acção que torna uma pessoa digna de ser recompensada ou, pelo 
contrário, castigada, consoante o caso. O mérito é aquilo que justifica um reconhecimento (ou 
um feito) ou que explica um fracasso. 
Exemplos: “O atacante teve mérito suficiente para ser tido em conta pelo treinador da selecção”, 
“Comprar um carro de luxo antes de comprar casa não me parece um mérito”, “Se quiseres 
chegar à gerência desta empresa, tens de ter méritos que justifiquem a tua promoção”, “Parabéns, 
ganhaste a confiança dos teus companheiros por mérito próprio!”. 
Pode entender-se como mérito o resultado das boas acções de uma pessoa. O mérito, neste 
sentido, converte o sujeito em digno de apreço. O talento, o esforço, o êxito profissional e a 
solidariedade são algumas questões meritórias. 
No entanto, triunfar graças aos favores (as chamadas “cunhas”) de outras pessoas, a mentira, o 
engano e o egoísmo não são considerados como aspectos de mérito, mesmo que o sujeito em 
questão consiga cumprir com os seus objectivos ou superá-los graças a estes recursos. 
O mérito também é aquilo que confere valor às acções ou às coisas. Concluir um curso 
universitário e obter um título profissional é sempre algo meritório. Mas se a pessoa que 
conseguir isso, ainda tiver um emprego (trabalhar de dia e estudar à noite, por exemplo) e uma 
família a sustentar, o feito tem ainda mais mérito. 
18 
 
Num sentido semelhante, uma equipa de futebol que se consagra campeã de um torneio tem 
grande mérito. Então, tratando-se de uma equipa cujo orçamento é um dos mais baixos, o mérito 
ganha ainda mais relevo. 
A PESSOA COMO UM SER DE RELAÇÕES 
A relação consigo próprio 
Quando falamos sobre a relação da pessoa consigo própria, pensamos na questão moral da 
pessoa, na forma como cada um olha para si e se vê enquanto pessoa, a forma como julga as suas 
acções e finalidade de vida. Resumindo, ao olhar para dentro e analisar-se, pois a pessoa só 
existe enquanto ser social estabelecendo relações com os outros e com o mundo natural que o 
cerca. 
Na sua relação consigo próprio, a consciência moral é a base do indivíduo. A consciência tem 
um papel de orientar, ordenar, avaliar e criticar todas acções humanas. A consciência está sempre 
ligada à razão, é a capacidade que permite ao homem conhecer-se a si próprio. 
Agir de acordo com a razão, representa agir eticamente, em liberdade e optar por princípios 
universais, isto é, que sejam bons para todos Homens e que regulem a sociedade com o bem 
comum como objectivo. Estes princípios podem optar por bem-estar de todos, ao invés de 
individual, altruísmo ao invés do egoísmo, paz ao invés de guerra, compreender e ajudar ao invés 
de ser hostil, solidário ao invés de competitivo. etc. 
A pessoa pela sua capacidade racional e ética, na sua relação consigo mesmo é chamado a 
cultivar bons sentimentos como (amor, amizade, solidariedade, justiça e altruísmo), e respeitar-se 
como homem ou mulher, reconhecendo a sua dignidade, desenvolvendo bons actos consoante as 
normas morais da sua sociedade evitando a ganancia, inveja, rancor, ciúme, etc. 
A relação com o Outro 
A relação da pessoa com o outro pode ser entendida em dois âmbitos opostos: por um lado o 
outro pode ser visto como um tu-como-eu e é sempre definido em função do eu. A pessoa é um 
eu, mas que não sou eu, o eu se reconhece como tal e se complementa diante de um outro eu: eu 
sou eu na minha relação com o outro, nele me projecto como pessoa. 
Por outro lado o outro pode ser visto sob contracto. Aqui a relação com o outro é estabelecida 
mediante um contracto que estabelece um conjunto de regras que vinculam uns aos outros, 
estabelecendo acordos e vontades. Esses acordos são fundados nas leis escritas e nas práticas 
costumeiras e nelas a boa-fé, isto é, a intensão primeira é de não enganar o outro e não se deixar 
19 
 
enganar. Esses contractos são a base da nossa vivência social, estabelecidas em todas sociedades 
onde exista um Estado, política e o Direito. 
No contracto os homens olham-se reciprocamente como sujeitos com mesmos interesses, ou 
mesmo diferentes mas com responsabilidade pelo mútuo benefício. 
A relação com o Trabalho 
O trabalho pode ser definido como “toda actividade material ou espiritual, com vista a um 
resultado útil”. Trata-se de uma actividade que visa a transformação de algo mediante o uso do 
corpo e instrumentos. Por esta razão o trabalho humano é resultante da intervenção internas e 
externas: 
• Intervenções internam – temperamento, carácter, comportamento, intelecto etc. 
• Intervenções externas – condições físicas, técnicas, económicas e socias, que são a 
natureza externam o trabalhador. 
De acordo com Battista Mondim, “O homem quem ele é”, para que uma actividade seja 
considerada trabalho e pertinente que seja: 
• Uma acção transitória, em que é possível através dela chegar a um resultado concreto. 
• Uma acção que requeira o uso do corpo para transmitir energia, destingindo-se da 
actividade simplesmente reflexiva. 
• Uma acção que implique esforço e perseverança. 
Assim, na sua relação como trabalho o homem não é só chamado em transformar o mundo em 
mundo para si, mas também para Humaniza-lo. Pelo trabalho o homem dignifica-se, pois possui 
para si um valor antropogénico: “a natureza humana não nasce perfeita […],ela aperfeiçoa-se, 
tempera-se, afina-se, enriquece-se através do trabalho”. 
A relação com a Natureza 
O homem é criatura e criadora do seu ambiente, que lhe proporciona a subsistência física e lhe dá 
a possibilidade de desenvolvimento intelectual, moral, social e espiritual. 
Desde que o homem se adaptou ao modo de vida baseado na técnica e ciência, a sua relação com 
a natureza se tornou mais agressiva. 
Filósofos como, Francis Bacon (1551-1626), Galileu (1564-1642), René Descartes (1596-1690) 
e Isac Newton (1642-1727), vêm a ciência e a técnica como condições que possibilitam a 
melhoria das condições da vida e a alimentação da miséria humana. Por isso estes filósofos 
20 
 
preconizavam um tecnicismo na relação do homem com a natureza e o conhecimento é era 
encarado como um meio de nominar, manipular e transformar a natureza. 
De facto, nos seculos XVII, XVIII em especial no século XIX, com a revolução industrial 
assistiu-se uma vontade de dominar e transformar o mundo, cujo lema (slogan) era: “O Homem 
transforma a natureza”. Com esta transformação resultou o crescimento económico, produção e 
consumismo, aumento da população mundial e de zonas urbanizadas. Tudo isso parecia 
progresso da ciência e técnica para os ingénuos, e como onde há vantagens há desvantagens, com 
este progresso o homem o homem alterou radicalmente a sua relação com o seu habitat, isto é, 
meio ambiente, provocando a contaminação das águas, dos lençóis freáticos, dos Solos, a 
camada do ozono, transformou rios em esgotos, redução dos recursos naturais, devastação das 
áreas florestais e extinção de algumas espécies animais. 
Pensando nas próximas gerações e cientes da gravidade da situação, vários filósofos, com 
destaque para o moçambicano Severino Elias Ngoenha, autor do Retorno do Bom Selvagem, e 
movimentos ecologistas, consideram um problema global, porque diz respeito a toda sociedade, 
e há necessidade de fazer um contrato de carisma moral e político, como forma de manter o 
equilíbrio natural e preservar o futuro das próximas gerações. Chamado desenvolvimento 
sustentável. 
Como acabamos de ver, relacionamento significa conviver com outros homens e a natureza. O 
que devemos sublinhar é: Quais são as maneiras adequadas de nos relacionar com os outros? 
 
Kant responde com o princípio formal da acção moral: “Procede em conformidade com a lei”. a 
partir deste princípio, derivam três (3) máximas de ordem prática que regulam a conduta moral 
do homem: “Age sempre de modo que a norma da tua acção se possa transformar em lei 
Universal”, “Procede de forma que consideres a humanidade, tanto na tua pessoa como na dos 
outros, como um fim e não simplesmente como um meio” e “Procede como se fosses legislador e 
súbdito ao mesmo tempo”. Kant na sua obra A Paz perpetua entre os Estados, Diz não aceitar 
uma única lei enquanto não ser do seu consentimento. Vale dizer que temos de compreender a 
lei, assumi-la como escolha e decisão nossa, para que possamos cumpri-la sabendo o seu valor 
na sociedade assim como individualmente. 
21 
 
ASPECTOS DA BIOÉTICA 
A Bioética é uma área de estudo interdisciplinar que envolve as problematizações éticas, o 
Direito e a Biologia enquanto ciência que estuda a vida. 
A Bioética é uma área de estudo interdisciplinar que envolve a Ética e a Biologia, 
fundamentando os princípios éticos que regem a vida quando essa é colocada em risco pela 
Medicina ou pelas ciências. A palavra Bioética é uma junção dos radicais “bio”, que advém do 
grego bios e significa vida no sentido animal e fisiológico do termo (ou seja, bio é a vida 
pulsante dos animais, aquela que nos mantém vivos enquanto corpos), e ethos, que diz respeito à 
conduta moral. 
Trata-se de um ramo de estudo interdisciplinar que utiliza o conceito de vida da Biologia, o 
Direito e os campos da investigação ética para problematizar questões relacionadas à conduta 
dos seres humanos em relação a outros seres humanos e a outras formas de vida. 
Origem 
A Bioética surgiu na segunda metade do século XX, devido ao grande desenvolvimento da 
Medicina e das ciências, que avançaram cada vez mais para a modificação da vida humana e a 
promoção do conforto humano, bem como para a utilização de cobaias vivas (humanas e não 
humanas). A fim de evitar horrores, como os que foram vividos dentro dos campos de 
concentração nazistas e de técnicas médicas que ferissem os princípios vitais das pessoas, surgiu 
a Bioética como meio de problematizar o que está oculto na pesquisa científica ou na técnica 
médica quando elas envolvem a vida. 
Autores 
Hoje, alguns autores são referências para os estudos de Bioética no mundo. Entre eles, estão o 
filósofo Tom L. Beauchamp, professor da Georgetown University, e o filósofo e teólogo James 
F. Childress, professor de Ética da Universidade de Virgínia. Juntos, esses dois destacados 
estudiosos da Bioética escreveram o livro Princípios de Ética Biomédica, que contém a 
formulação dos princípios bioéticos básicos, inspirados em grandes sistemas éticos de filósofos 
considerados cânones do conhecimento ocidental, como Kant e Mill. 
Outro autor de igual importância é Peter Singer, filósofo australiano e professor da Universidade 
de Princeton desde 1999. Dentre suas obras, podemos destacar Ética prática, que problematiza 
questões referentes à Ética enquanto área de estudo capaz de interferir na vida cotidiana das 
22 
 
pessoas, analisando questões polémicas, como o aborto e a eutanásia; e Libertação animal, que 
funda a teoria dos direitos dos animais. 
Importância 
A importância social da Bioética centra-se, justamente, no fato de que ela procura evitar que a 
vida seja afectada ou que alguns tipos de vida sejam considerados inferiores a outros. A Bioética 
discute, por exemplo, a utilização de células-tronco embrionárias em suas mais diversas 
problemáticas, passando pela necessidade de abortar-se uma gestação para retirar tais células e 
pelos benefícios que os tratamentos obtidos por esse recurso podem promover para as pessoas. 
Também é tratado por estudiosos de Bioética o respeito aos limites que devemos ter ao lidar com 
animais, seja para o cuidado ou a alimentação, seja para a utilização comercial deles, pois são 
seres vivos dotados de sentidos e capazes de sofrer. 
Princípios da Bioética 
Em Princípios de Ética Biomédica, Beauchamps e Childress estabelecem quatro princípios 
básicos que devem nortear o trabalho bioético tanto para as ciências que utilizam cobaias quanto 
para as técnicas biomédicas e médicas que lidam directamente com a vida. Esses princípios estão 
ligados a teorias éticas conhecidas e ganham um novo contorno em suas formulações voltadas 
para a vida animal. 
Princípio da não maleficência: consiste na proibição, por princípio, de causar qualquer dano 
intencional ao paciente (ou à cobaia de testes científicos). A sua mais antiga formulação pode ser 
encontrada no Juramento de Hipócrates, e, no século XX, ele foi estabelecido como princípio 
bioético pelos estudiosos Dan Clouser e Bernanrd Gert. 
Princípio da beneficência: pode ter seu gérmen encontrado no juramento hipocrático, em que se é 
afirmado que o médico deve visar ao benefício do paciente. Beauchamp e Childress vão além, 
estabelecendo que tanto médicos quantos cientistas que utilizam cobaias devem basear-se no 
princípio da utilidade (o utilitarismo de Mill e Bentham), visando a provocar o maior benefício 
para o maior número possível de pessoas. 
Princípio da autonomia: tem suas raízes na filosofia de Immanuel Kant e busca romper a relação 
paternal entre médico e paciente e impedir qualquer tipo de obrigação de cobaias para com a 
ciência. Trata-se do respeito à autonomia do indivíduo,pois esse é o responsável por si, e é ele 
que decide se quer ser tratado ou se quer participar de um estudo científico. 
23 
 
Princípio da justiça: baseado na teoria da justiça, de John Rawls, esse princípio visa a criar um 
mecanismo regulador da relação entre paciente e médico, a qual não deve ficar submetida mais 
apenas à autoridade médica. Tal autoridade, que é conferida ao profissional devido ao seu 
conhecimento e pelo juramento de conduta ética e profissional, deve submeter-se à justiça, que 
agirá em caso de conflito de interesses ou de dano ao paciente. 
Temas da Bioética 
A Bioética trata de temas muito delicados, muitas vezes considerados tabus. Há uma dificuldade 
de estabelecimento de proposições únicas e últimas, pois existem, ao menos, três grandes áreas 
do conhecimento que envolvem a Bioética e porque, enquanto ciência, ela não pode se submeter 
à moral religiosa, que pode ser um obstáculo forte em questões relativas à vida, principalmente a 
humana. 
Listamos abaixo alguns temas tratados pela Bioética, expondo uma breve discussão que pode 
aparecer sobre eles: 
• Médico e paciente x cientista e cobaia 
É o principal ponto tocado pelos estudos de Beauchamp e Childress, que formulam a 
solução principalista (que se baseia em uma ética de princípios) para os problemas 
decorrentes. 
• Eutanásia e suicídio assistido 
A tradução literal de eutanásia é “boa morte”. Eutanásia é o ato de encerrar a vida de 
alguém que, incapacitado, está em situação de penúria e não pode decidir por si mesmo. 
Quando um animal de estimação tem uma doença crónica progressiva ou ficou 
gravemente sequelado por algum mal, os veterinários podem dar a eles a eutanásia para 
encerrar o seu sofrimento. 
O suicídio assistido é um tipo de eutanásia, mas aplicado por humanos que decidem tirar a 
própria vida de maneira digna e assistida por pessoas que garantirão o não sofrimento do 
paciente. Peter Singer baseia-se no respeito à dignidade humana e no direito à escolha, que, para 
Beauchamp e Childress, podem ser representados pelo princípio da autonomia, para afirmar a 
necessidade de serem respeitadas as escolhas individuais de cada sujeito e a necessidade de 
olhar-se para a dignidade de uma vida que não vale a pena ser vivida. 
Os problemas que a eutanásia e a distanásia querem resolver 
24 
 
A eutanásia e a distanásia, como procedimentos médicos, têm em comum a preocupação com a 
morte do ser humano e a maneira mais adequada de lidar com isso. Enquanto a eutanásia se 
preocupa prioritariamente com a qualidade da vida humana na sua fase final _ eliminando o 
sofrimento, a distanásia se dedica a prolongar ao máximo a quantidade de vida humana, 
combatendo a morte como o grande e último inimigo. 
Estas caracterizações iniciais da eutanásia e da distanásia, apontando para os valores que querem 
proteger, podem servir de ponto de partida para nossa discussão. 
A primeira grande questão para ambas é a morte do ser humano e o sentido que esta morte 
apresenta, principalmente quando acompanhada de fortes dores e sofrimento psíquico e 
espiritual. Até um momento relativamente recente na história da humanidade, a chamada morte 
natural por velhice ou doença simplesmente fazia parte da vida e, em grande parte, fugia do 
nosso controle. A morte violenta, por outro lado, vem sendo aperfeiçoada pela maldade humana 
durante séculos e já alcançou requintes de perversidade e capacidade de mortandade em massa 
jamais sonhados no passado. Muitos dos receios que surgem na discussão sobre eutanásia e 
distanásia reflectem a consciência que se tem de tanta violência e, no contexto da medicalização 
da morte, são resultado do crescente poder moderno sobre os processos ligados com a chamada 
morte natural e o espectro da mão curadora do médico se transformar em mão assassina. 
Diante destas ambiguidades, para maior clareza na discussão, parece-me oportuno distinguir 
entre a morte provocada que acontece num contexto terapêutico sob a supervisão de pessoal 
médico devidamente habilitado e todas as outras formas de morte violenta, sejam acidentais, 
sejam propositais. Esta distinção nos proporcionará uma maior precisão terminológica e maior 
segurança nas decisões que precisam ser tomadas, seja como membro da equipe médica, seja 
como paciente, familiar ou responsável legal. 
No período pré-moderno, o médico e a sociedade estavam bastante conscientes de suas 
limitações diante das doenças graves e da morte. Muitas vezes, o papel do médico não era curar, 
mas sim acompanhar o paciente nas fases avançadas de sua enfermidade, aliviando-lhe a dor e 
tornando o mais confortável possível a vivência dos seus últimos dias. De modo geral, o médico 
era uma figura paterna, um profissional liberal, num relacionamento personalizado com seu 
paciente, muitas vezes um velho conhecido. Os ritos médicos foram acompanhados de ritos 
religiosos e tanto o médico como o padre tornaram-se parceiros na tarefa de garantir para a 
pessoa uma morte tranquila e feliz. 
25 
 
Aborto 
Singer defende o aborto de fetos com até três meses de gestação, período em que a Medicina 
afirma não haver ainda actividade cerebral e, portanto, há a ausência completa de sentidos. O 
aborto, antes dos três meses, seria apenas a interrupção do crescimento celular dentro de um 
corpo. Para discutir sobre isso, Singer parte das noções de consciência e de semiciência (sentidos 
básicos e noção da presença no mundo pela dor e pelo sofrimento). 
Tipos de aborto 
Existem três tipos de aborto que são: aborto espontâneo, aborto provocado e aborto terapêutico. 
Aborto espontâneo 
É aquele que ocorre devido as causas naturais, isto é, sem a vontade das pessoas ou de qualquer 
intercessão humana. Por isso é livre de qualquer avaliação moral. 
Aborto provocado 
É aquele que ocorre por causas económicas (falta de recursos para sustentar e criar um filho ) ou 
sociopsicológicas (o desejo de não querer ser mãe solteira ou ter sido vitima de uma violação, a 
fecundação não foi livre e concedida pela mulher). 
Aborto terapêutico 
É aquele que resulta como forma de salvar a vida da mãe seriamente ameaçado. 
 
Utilização de células-tronco 
Partindo da utilidade e da beneficência, a utilização de células-tronco embrionárias é eticamente 
viável quando visa ao tratamento e à melhoria da vida comum. A parte polémica desse tema é a 
necessidade de efectuar-se abortos para conseguir a extracção de células de embriões. A 
eticidade do aborto, nesses casos, baseia-se nos mesmos princípios discutidos no tópico anterior. 
 
EXERCÍCIOS E APLICAÇÃO 
1. Por que precisamos de filosofar? 
2. Qual é a importância da Filosofia para a nossa vida? 
3. O que é a Filosofia? 
4. O que estuda a Filosofia ou qual é o objecto de estudo da Filosofia? 
5. Será que a Filosofia é também uma disciplina particular? 
6. Podemos afirmar que a Filosofia é uma disciplina universal? 
26 
 
7. Qual é a utilidade da Filosofia? 
8. Qual é a importância da Filosofia? 
9. Quais as atitudes que devem tomar um filósofo na busca da verdade? 
10. Qual a metodologia que a Filosofia usa para buscar a verdade do real? 
11. O filósofo alguma vez já foi satisfeito pelas respostas a certas questões filosóficas? 
12. Será que Filosofia é uma ciência? 
13. Em que a Filosofia se relaciona à ciências? 
14. Quem são os primeiros filósofos? Qual era a sua principal preocupação? 
15. Qual é o conceito de pessoa para Cicero, Boecio e Kant? 
16. Refere-te à origem da consciência moral e apresenta as teorias de Piaget e Kohlbrg. 
17. Distingue a acção humana da acção do homem. 
18. Que condições são necessárias à existência de um acto humano? 
19. Identifica as afirmações verdadeiras e as falsas. 
• Os valores são bipolares, hierarquizáveis e sofrem influência histórica da época em 
que são enunciados. 
• O valor da amizade não sofre quebra porque um amigo meu me traiu. 
• Segundo Sartre, os valores são uma invenção divina.• os valores objectos com que lidamos no dia-a-dia. 
20. Toda a liberdade é sempre liberdade de algo. Comenta a afirmação. 
21. Em que condições se pode atribuir responsabilidade a uma pessoa, agente ou sujeito? 
22. Somos responsáveis perante quem? 
23. Estabeleça a diferença entre acção humana da acção do Homem. 
24. Que condições são necessárias para existência de um acto humano? 
25. Porém, como ser justo? 
26. Como agir de forma a garantir o bem de todos? 
27. Imagina que, chegando ao final do ano, o teu professor dá a todos os alunos da tua turma 
a mesma nota, o que permite que todos passem de classe. Este procedimento aproxima-se 
ao ideal de justiça? Justifica a tua resposta 
28. Mas o que se entende por liberdade? 
29. Existem práticas comuns na tua comunidade que conduzam à degradação do ambiente? 
27 
 
30. Que práticas costumeiras podem, favorecer a preservação do ecossistema, ao nível da tua 
comunidade? 
31. Do ponto de vista ético a eutanásia não é suicídio. Justifica a afirmação. 
32. Que problema se coloca a quem defende o carácter inviolável da vida humana desde a 
fecundação se uma mulher grávida sofre de uma doença grave? 
33. Considera legítimo que o controle da natalidade seja feito pela prática do aborto? 
Justifica 
 
 
NB: Cumpramos com as orientações de Sua Excia o Presedente da República, mantenhamo-
nos a salvo dentro de casa e em quarentena. Não estamos de férias, estamos a proteger-nos da 
pandemia do COVID-19 que é uma realidade e está a matar. Lave sempre as mãos com água e 
sabão. Não saia de casa até que haja orientações para tal. 
 
 
 
 
 
Elaborado pela Professora: Filomena Moniz Alberto Cossoma

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