Buscar

CRAS- Trabalho de Direito Humanos

Prévia do material em texto

14
SÚMARIO
Introdução...........................................................................................02
Lei Orgânica de Assistência Social................................................................02
Das Definições e dos Objetivos....................................................................03
Da Organização e da Gestão.........................................................................03
 18 de maio- Dia nacional de combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes.........................................................................................05
História...........................................................................................................05
Lei ..................................................................................................................05
Símbolo..........................................................................................................05
Campanha......................................................................................................05
3 Introdução............................................................................................06
Direito das crianças........................................................................................07
UNICEF (Fundo das Nações unidas para a infância) .....................................09
Declaração dos direitos da criança e do adolescente...................................09
O abuso sexual...............................................................................................11
4 Desenvolvimento................................................................................13
 
CRAS
1. Introdução 
O relatório presente busca coletar informações sobre a função do Centro de Referência de Assistência Social – Cras, abordando a esfera de atuação nacional e local dessa assistência prestada para a sociedade. 
CRAS O Centro de Referência de Assistência Social (Cras) é o ponto inicial da Assistência Social. É um estabelecimento ou local público, que é localizado prioritariamente em áreas que tem um maior índice de vulnerabilidade social, no qual são oferecidos par a sociedade os serviços de Assistência Social, com o objetivo de fortalecer a convivência com a família e com a comunidade, que é assegurado pela LEI Nº 12.435, DE 6 DE JULHO DE 2011, que altera a Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da Assistência Social. De acordo com “Art. 2o A assistência social tem por objetivos:
I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, e parágrafos e incisos e alíneas seguintes. A partir de um adequado conhecimento do território, o Cras promove para o social a organização e articulação das unidades da rede socioassistencial e de outras políticas. Assim, possibilita o acesso para a população aos serviços, benefícios e projetos de assistência social, se tornando assim uma referência para a população local e para os serviços setoriais.
1.1 Lei Orgânica de Assistência Social 
LEI Nº 12.435, DE 6 DE JULHO DE 2011
a Constituição de 1988, chamada de Constituição Cidadã, que confere, pela primeira vez, a condição de política pública à assistência social, constituindo, no mesmo nível da saúde e previdência social, o tripé da seguridade social que ainda se encontra em construção no
país. A partir da Constituição, em 1993 temos a promulgação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), no 8.742, que regulamenta esse aspecto da Constituição e estabelece normas e critérios para organização da assistência social, que é um direito, e este exige definição de leis, normas e critérios objetivos.
Esse arcabouço legal vem sendo aprimorado desde 2003, a partir da definição do governo de estabelecer uma rede de proteção e promoção social, de modo a cumprir as determinações legais. Dentre as iniciativas, destacamos a implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), em 2005, conforme determinações da LOAS e da Política Nacional de Assistência Social. É o mecanismo que permite interromper a fragmentação que até então marcou os programas do setor e instituir, efetivamente, as políticas públicas da área e a transformação efetiva da assistência em direito.
1.2 Das Definições e dos Objetivos 
Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. 
NOTA:
 • conforme disposto no art. 194 da Constituição Federal, a assistência social constitui uma das políticas inseridas no âmbito da seguridade social, estando disciplinada pelos arts. 203 e 204 da Carta Magna; 
• A Política Nacional de Assistência Social aprovada pela Resolução n°15, de 15 de outubro de 2004, do CNAS, expressa exatamente a materialidade das diretrizes da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, a Lei Orgânica da Assistência Social; 
• A Norma Operacional Básica do Sistema Único da Assistência Social – NOB/ SUAS aprovada pela Resolução nº 130, de 15 de julho de 2005, do CNAS, visa a implementação e a consolidação do SUAS;
Art. 2º A assistência social tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
 V - a garantia de 1 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família.
Parágrafo único. A assistência social realiza-se de forma integrada às políticas
setoriais, visando ao enfrentamento da pobreza, à garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender contingências sociais e à universalização dos direitos sociais.
1.3 Da Organização e da Gestão
Art. 6º As ações na área de assistência social são organizadas em sistema
descentralizado e participativo, constituído pelas entidades e organizações de assistência social abrangidas por esta lei, que articule meios, esforços e recursos, e por um conjunto de instâncias deliberativas compostas pelos diversos setores envolvidos na área.
Parágrafo único. A instância coordenadora da Política Nacional de Assistência Social é o Ministério do Bem-Estar Social.
Público Atendido
Famílias e indivíduos que estão em situação grave desamparo, pessoas com deficiência, idosos, crianças retiradas do trabalho infantil, que através do NIS (Número de Identificação Social) que são inseridas no Cadastro Único, beneficiários do Programa Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC), entre outros.
Formas de Acesso
Em regiões de difícil acesso, como é no caso das comunidades ribeirinhas, indígenas, rurais, quilombolas, e outras, o Cras tem as chamadas “Equipe Volante”, que realizam a busca ativa. O deslocamento destas equipes é realizado por meio de carros ou das Lanchas da Assistência Social.
Serviços ofertados
O Cras oferece o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif) e o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). No Cras, os cidadãos também são orientados sobre os seus benefícios (que muitas das vezes não são bem orientados), assistenciais e podem ser inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.
· O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos busca reunir as pessoas, nas suas respectivas faixas etárias, crianças e adolescentes ou idosos, para o desenvolvimento de ações em grupos visando a prevenção a situações de vulnerabilidade e violência, constituem-se em espaços de convivência e fortalecimento de vínculos com a comunidade;
· Serviço no domicilio para pessoas com deficiênciaou idosos que não tenham condições de buscar pelos serviços no CRAS ou na sua comunidade;
· Garante acesso aos Direitos através de encaminhamentos e orientações durante os atendimentos;
· No caso de famílias em acompanhamento, realiza plano de acompanhamento familiar: planejamento conjunto entre as famílias e profissionais (psicólogo e assistente social) do CRAS para que a família supere suas dificuldades e alcance seus objetivos.;
· Através das ações particularizadas ou em grupos com famílias usuárias dos benefícios da Assistência Social discute temas que contribuam à vida família e ao consolidar de vínculos; realiza ações na comunidade que estimulem à convivência comunitária, divulgação do acesso aos direitos, a participação da comunidade na construção da vida pública do seu território etc.
2. 18 de maio- Dia nacional de combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes
2.1 História 
A campanha tem como símbolo o caso de Areceli Cabresa Sanches uma criança de 8 anos de idade que foi sequestrada, espancada e morta, em 18 de maio de 1973. Os acusados são Dante de Brito Michelini e Paulo Halel, membros de uma tradicional família do Espírito Santo que eram conhecidos por nutrir atração por menores e por violentá-las durante as festas que promoviam em seus apartamentos em um lugar na praia de Canto, que tinha por apelido Jardim dos anjos, os mesmos são acusados também de liderarem grupos de viciados que buscavam nas escolas por novas vítimas.
 Apesar das evidências, da forte mobilização por parte da mídia e do corpo ter sido encontrado em uma rua na cidade de Vitória, deformado por ácido, poucos foram as denúncias, até mesmo a família da vítima omitiu informações para investigações, por ausência de provas e pelo silêncio de toda sociedade o crime ficou impune e o sepultamento ocorreu três anos após a sua morte. 
2.2 Lei 
Diante dos recorrentes casos de violação dos direitos humanos através do abuso e exploração de crianças e adolescentes nasce a lei 9.970 de 17 de maio de 2.000- Institui o dia nacional de combate ao abuso e à exploração sexual infanto-juvenil. 
Art. 1°- Fica instituído o dia nacional do combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes.
2.3 Símbolo 
A campanha adotou como símbolo uma flor amarela, associada à fragilidade da flor com a de uma criança e também traz à lembrança os desenhos da infância, tornou-se o símbolo da campanha a partir de 2010.
2.4 Campanha
O dia 18 de maio foi instituído em 1998, quando cerca de 80 entidades públicas e privadas, reuniram-se na Bahia para o 1º Encontro do Ecpat no Brasil. O evento foi organizado pelo Centro de Defesa de Crianças e Adolescentes (CEDECA/BA), representante oficial do Ecpat, organização internacional que luta pelo fim da exploração sexual e comercial de crianças, pornografia e tráfico para fins sexuais, surgida na Tailândia. O encontro reuniu entidades de todo o país. Foi nessa oportunidade que surgiu a ideia de criação de um Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Infanto-Juvenil. De autoria da então deputada federal Rita Camata (PMDB/ES) - presidente da Frente Parlamentar pela Criança e Adolescente do Congresso Nacional -, o projeto foi sancionado em maio de 2000.Desde então, a sociedade civil em Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes promovem atividades em todo o país para conscientizar a sociedade e as autoridades sobre a gravidade da violência sexual. O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes vem manter viva a memória nacional, reafirmando a responsabilidade da sociedade brasileira em garantir os direitos de todas as suas Aracelis.
3. Introdução
 
A política do estupro, apesar de ser um termo contemporâneo, o mesmo surge no século 19, na Universidade de Oxford e servia de referência apenas para crimes cometidos por homens negros, onde a sua menção vinha carregado de cunho racista, esses eram julgados e condenados, porém os homens brancos tinham tratamento diferente, quando condenados suas penas eram insignificantes. Entretanto, desde a antiguidade há relato de casos de estupro. Na Grécia antiga, à maior divindade do panteão foi responsável por vários estupros, alguns dele eternizado em mármore, como no caso do estupro da sua própria filha, Perséphone, onde o mesmo foi cúmplice; outro caso foi o de Europa, o mito relata que Zeus transformou-se em touro, enquanto a moça colhia flores, quando avistou quis acariciá-lo, aproveitando-se de um momento de distração ele a raptou e levou para uma ilha, a mesma foi estuprada e engravidou. Na mitologia Grega encontra-se também o crime de Laio, que estuprou Chyrsippus, nesse caso houve repúdio, gerou uma grande indignação, não foi romantizado como nos outros casos que envolve a figura feminina. Dessa forma, fica claro que apesar de um crime que viola os direitos básicos do ser humano, o mesmo está totalmente atrelado a fatos sociais que precisam ser desconstruídos. 
No Brasil, apesar de já existir uma cultura aqui existente quando descoberto, no seu processo de colonização houve a aculturação da cultura indígena e a padronização da cultura europeia, a mesma caracteriza-se pelo seu sistema patriarcal, conservador, sendo totalmente baseado no direito romano, sabe-se que nesse meio a figura feminina é voltada apenas para procriação, para os cuidados da prole e do lar, estabelecendo por base a fragilidade do corpo, a teologia, filosofia, psicologia e até mesmo a igreja. Como bem disse Friedrich Engels, a violência de gênero é um reflexo direto da maior derrota histórica do sexo feminino, quando, ao serem retiradas da esfera do trabalho produtivo para serem encarceradas dentro de casa, as mulheres passam a servir como reprodutoras de herdeiros para os homens que detinham os meios de produção. O advento da propriedade privada celebra a inauguração do mundo patriarcal e a redução da humanidade histórica das mulheres a meros objetos, parte delas servindo a produção de herdeiros e outra parte à satisfação da luxúria dos homens.
No nosso país a história do estupro vem desde seu descobrimento, quando os portugueses chegam ao Brasil, encontram as mulheres indígenas e as estupram. A miscigenação do povo brasileiro começa aí. Mais adiante com a chegada de negros e negras para fins de servirem em sistema de escravidão aos senhores da casa grande, as mulheres negras, que não estavam nesta polarização esposa x prostituta, eram violentadas sexualmente, pelos senhores. Se engravidassem, o filho seria mais um escravo da fazenda como todos os outros ou seria vendido. Para o escravizador, mulheres negras eram bens móveis sub-humanos, apenas propriedades. Dentro do direito vemos os direitos femininos sendo negligenciados, exemplo disso é o código civil de 1916 traz um pensamento patriarcal e machista, já que não concedia os mesmos direitos e obrigações a homens e mulheres. A ideia de submissão e de dependência preponderava, fazendo com que as mulheres não pudessem agir com autonomia, nem perante a sociedade, nem perante a sua família. À mulher não se concedia a capacidade plena, ou seja, ela não podia realizar os atos da vida civil de forma independente, precisando ser assistida ou ter seus atos ratificados. Mulheres que queriam ingressar no mercado de trabalho, por exemplo, só podiam fazê-lo se tivessem a autorização do cônjuge, como indica o inciso VII do artigo 242 do Código de 1916, segundo o qual "a mulher não pode, sem autorização do marido, exercer profissão".
Com o passar do tempo e de sucessivas lutas as mulheres conseguiram atingir seu espaço dentro da sociedade brasileira, exemplo disso é o código civil de 2002, porém, mesmo com todas as modificações ainda são diversos casos de discriminação frente a imagem feminina encontrados, mesmo com a isonomia de gêneros sendo solidamente firmada pelo ordenamento jurídico, ainda existe um caminho a percorrer para que a sociedade realmente se comporte como empregam as leis. 
Apesar do respectivo relatório não se tratar da imagem feminina dentro do papelsocial, mostra necessário uma discussão sobre o tema, pois através dela conseguimos chegar à conclusão que a política do estupro está atrelada a submissão, fragilidade e por uma cultura patriarcal e conservadora construída ao longo dos séculos. Tendo em vista que nem todas as vítimas de abuso e exploração sexual são na sua totalidade mulheres, mas essas ainda lideram todos os índices. Um fato ainda mais alarmante são as pesquisas realizadas pela bbc nos últimos anos, onde mais de 70% dessas vítimas são crianças e adolescentes, distribuída em todas as classes sociais; uma atenção maior dar-se as de classe inferiores que são exploradas sexualmente através do tráfico de mulheres e da prática da prostituição para fins lucrativos, entretanto muitos desses casos as crianças e adolescentes são violentadas dentro de suas próprias casas, segundo a secretária de segurança do Distrito Federal cerca de 70%, muitas vezes por pessoas que tem laços consanguíneos com as mesmas. 
Diante desse trágico cenário a equipe aqui representada viu a necessidade de tratar sobre o tema no respectivo trabalho, com ênfase na localidade do aeroporto, através do papel preventivo realizado pelo CRAS (Centro de Referência da Assistência Social). 
3.1 Direito das crianças
Em 1990, com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, crianças e adolescentes passaram a ser considerados pessoas. Foi preciso esse pequeno livro, com regras, direitos e deveres, para dispor a respeito de princípios básicos às crianças e adolescentes brasileiros. O estatuto nada mais é que uma constituição que prevê a eles todos os direitos humanos fundamentais, como à educação, ao lazer, à dignidade, à saúde, à convivência familiar e comunitária, aos objetos pessoais.
O estatuto inovou ao trazer num conjunto de leis próprias do país, os princípios aprovados convenção sobre os direitos das crianças, aprovado e assinado pelo Brasil na ONU em 1989. À época, foi considerado um conjunto de Leis progressistas, tornando-se referência aos outros países da América Latina ao colocar a infância e adolescência na agencia política nacional, como um assunto urgente a ser tratado e discutido. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente foi uma verdadeira revolução sobre a maneira que essas pessoas eram enxergadas no país; antes dele, não eram vistas como pessoas, nem culturalmente nem pelo próprio ordenamento jurídico, ou seja, pelas leis. Essa foi a primeira mudança drástica trazida pelo estatuto: as crianças e adolescentes passariam a ser sujeitos de direitos – ou seja, resguardados pelas leis brasileiras – e na condição de pessoas em desenvolvimento.
Portanto, crianças e adolescentes passaram a ter direitos e usufruir propriamente deles, com as ressalvas necessárias ao considerá-las sujeitos em desenvolvimento. Um dos pontos mais polêmicos do estatuto até hoje é a proibição da tortura em qualquer medida, inclusive a famosa “palmada”. O artigo 18 é claro: “a criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto”, seja pelos pais, professores, membros familiares ou qualquer outra pessoa. Essa medida, por mais polêmica que seja, foi meramente conceder à criança e ao adolescente o status de pessoa, já que o Código Penal (de 1940) já vetava qualquer forma de agressão e tortura entre seres humanos. Havia no Brasil uma segregação clara entre crianças e adolescentes de famílias com boas condições financeiras, de classe média e classe média alta, socialmente inclusos e aqueles à margem da sociedade, socialmente excluídos. Esses eram chamados de menores e estavam inclusos no Código de Menores, uma lei que tratava com força policial os “menores”, adolescentes considerados de “segunda classe”. O que o estatuto fez foi, além de banir o termo “menor” em qualquer circunstância, ser universal ao incluir todas as crianças e adolescentes nas suas normas, independente de sua origem, cor, crença, religião, classe social, situação econômica e familiar. A lei que falava sobre o tratamento com a criança e o adolescente antes do estatuto era o Código do Menor, que valia aos “adolescentes de segunda classe”, chamados de “menores”. Herança da ditadura militar, o código levava ao tratamento com crianças e adolescentes a sua ideologia de vigilância, com políticas de fiscalização e, muitas vezes, tortura. Os chamados “menores abandonados”, que cometiam delitos, faziam uso de drogas ou estavam envolvidos com o tráfico nas comunidades, estavam sujeitos a essas políticas de repressão. Além disso, a qualquer momento poderiam ser retirados de suas famílias por decisões dos juízes de família, que eram a autoridade máxima sobre o assunto. Nesses casos, as crianças e adolescentes passavam a ficar sob a tutela do Estado e eram enviados a abrigos e orfanatos. Uma vez institucionalizados, não haveria muita perspectiva a eles: sob os cuidados do Estado, seria difícil a reintegração na sua própria família ou mesmo em famílias adotivas.
O Estatuto da Criança e do Adolescente mudou essa perspectiva ao garantir uma prioridade à vida das crianças e dos adolescentes: a convivência familiar. Entendeu-se que, como seres em desenvolvimento, lhes é essencial uma estrutura familiar saudável e convívio harmonioso, o que deve estar em primeiro plano. Hoje, é uma prioridade que crianças e adolescentes permaneçam em suas famílias e, quando houver problemas e situações excepcionais, que sejam atendidas por assistentes sociais, visando a resolver os problemas dentro daqueles núcleos familiares. Só então, quando todas as chances forem gastas, que crianças e adolescentes podem ser retiradas de seus lares – pela sua própria segurança e bem-estar. O Estatuto previne decisões arbitrárias e autoritárias dos juízes sobre o destino dessas crianças – no geral, pobres, órfãs, infratoras ou abandonadas.
3.2 UNICEF (Fundo das Nações unidas para a infância) 
Depois da Segunda Guerra Mundial, muitas crianças na Europa, no Oriente Médio e na China ficaram órfãs, sem família, sem comida e muito mais. Então, um grupo de países reunidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) resolveu criar um fundo para ajudar essas crianças, e desde então a Organização permanece na atividade. A UNICEF é a única organização mundial que se dedica especificamente às crianças. Ela trabalha diretamente com os governos dos países para criar programas de desenvolvimento nos setores da saúde, educação, nutrição, água e saneamento e também para defender e proteger as crianças vítimas de violência. No Brasil, a UNICEF está em atividade em todo o território, no entanto, tem como prioridade as regiões Norte e Nordeste, onde os índices sociais são mais baixos. Para ajudar os elementos da infância mais desfavorecidos, a UNICEF apoia projetos de várias instituições em todo o Brasil.
3.3 Declaração dos direitos da criança e do adolescente. 
Considerando que a criança, em decorrência de sua imaturidade física e mental, precisa de proteção e cuidados especiais, inclusive proteção legal apropriada, antes e depois do nascimento. Considerando que a necessidade de tal proteção foi enunciada na Declaração dos Direitos da Criança em Genebra, de 1924, e reconhecida na Declaração Universal dos Direitos Humanos e nos estatutos das agências especializadas e organizações internacionais interessadas no bem-estar da criança. Considerando que a humanidade deve à criança o melhor de seus esforços.
Assim, a Assembleia Geral, proclama esta Declaração dos Direitos da Criança, visando que a criança tenha uma infância feliz e possa gozar, em seu próprio benefício e no da sociedade, os direitos e as liberdades aqui enunciados e apela a que os pais, os homens e as mulheres em sua qualidade de indivíduos, e as organizações voluntárias, as autoridades locais e os Governos nacionais reconheçam estes direitos e se empenhem pela sua observância mediante medidas legislativas e de outra natureza, progressivamente instituídas, de conformidadecom os seguintes princípios:
Princípio I 1- À igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade.
•	A criança desfrutará de todos os direitos enunciados nesta Declaração. Estes direitos serão outorgados a todas as crianças, sem qualquer excepção, distinção ou discriminação por motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de outra natureza, nacionalidade ou origem social, posição económica, nascimento ou outra condição, seja inerente à própria criança ou à sua família.
Princípio II 2 - Direito a especial proteção para o seu desenvolvimento físico, mental e social.
•	A criança gozará de proteção especial e disporá de oportunidade e serviços a serem estabelecidos em lei e por outros meios, de modo que possa desenvolver-se física, mental, moral, espiritual e socialmente de forma saudável e normal, assim como em condições de liberdade e dignidade
Princípio III 3 - Direito a um nome e a uma nacionalidade.
•	A criança tem direito, desde o seu nascimento, a um nome e a uma nacionalidade.
Princípio IV 4 - Direito a alimentação, moradia e assistência médica adequadas para a criança e a mãe.
•	A criança deve gozar dos benefícios da previdência social. Terá direito a crescer e desenvolver-se em boa saúde; para essa finalidade deverão ser proporcionados, tanto a ela, quanto à sua mãe, cuidados especiais, incluindo-se a alimentação pré e pós-natal. A criança terá direito a desfrutar de alimentação, moradia, lazer e serviços médicos adequados.
Princípio V 5 - Direito a educação e a cuidados especiais para a criança física ou mentalmente deficiente.
•	A criança física ou mentalmente deficiente ou aquela que sofre de algum impedimento social deve receber o tratamento, a educação e os cuidados especiais que requeira o seu caso particular.
Princípio VI 6 - Direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade.
•	A criança necessita de amor e compreensão, para o desenvolvimento pleno e harmonioso de sua personalidade; sempre que possível, deverá crescer com o amparo e sob a responsabilidade de seus pais, mas, em qualquer caso, em um ambiente de afeto e segurança moral e material; salvo circunstâncias excepcionais, não se deverá separar a criança de tenra idade de sua mãe.
Princípio VII 7- Direito a educação gratuita e ao lazer infantil.
•	O interesse superior da criança deverá ser o interesse diretor daqueles que têm a responsabilidade por sua educação e orientação; tal responsabilidade incumbe, em primeira instância, a seus pais.
•	A criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras os quais deverão estar dirigidos para educação; a sociedade e as autoridades públicas se esforçarão para promover o exercício deste direito.
•	A criança tem direito a receber educação escolar, a qual será gratuita e obrigatória, ao menos nas etapas elementares. Dar-se-á à criança uma educação que favoreça sua cultura geral e lhe permita - em condições de igualdade de oportunidades - desenvolver suas aptidões e sua individualidade, seu senso de responsabilidade social e moral. Chegando a ser um membro útil à sociedade.
Princípio VIII 8- Direito a ser socorrido em primeiro lugar, em caso de catástrofes.
•	A criança deve - em todas as circunstâncias - figurar entre os primeiros a receber proteção e auxílio.
Princípio IX 9 - Direito a ser protegido contra o abandono e a exploração no trabalho.
•	A criança deve ser protegida contra toda forma de abandono, crueldade e exploração. Não será objeto de nenhum tipo de tráfico.
• não se deverá permitir que a criança trabalhe antes de uma idade mínima adequada; em caso algum será permitido que a criança dedique-se, ou a ela se imponha, qualquer ocupação ou emprego que possa prejudicar sua saúde ou sua educação, ou impedir seu desenvolvimento físico, mental ou moral.
Princípio X 10 - Direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos.
•	A criança deve ser protegida contra as práticas que possam fomentar a discriminação racial, religiosa, ou de qualquer outra índole. Deve ser educada dentro de um espírito de compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz e fraternidade universais e com plena consciência de que deve consagrar suas energias e aptidões ao serviço de seus semelhantes.
3.4 O abuso sexual
O abuso sexual pode acontecer dentro e fora do núcleo familiar, sendo conhecido como intrafamiliar e extrafamiliar, respectivamente, e pode se expressar de diversas maneiras. Abuso sexual sem contato físico corresponde a práticas sexuais que não envolvem contato físico, e pode ocorrer de várias formas:
• O assédio sexual caracteriza-se por propostas de relações sexuais por chantagem ou ameaça.
• O abuso sexual verbal pode ser definido por conversas abertas e/ou telefonemas sobre atividades sexuais, destinados a despertar o interesse da criança ou do adolescente ou a chocá-los.
• O exibicionismo é o ato de mostrar os órgãos genitais ou de se masturbar em frente a crianças ou adolescentes.
• O voyeurismo é o ato de observar fixamente atos ou órgãos sexuais de outras pessoas quando elas não desejam ser vistas.
 • A pornografia é considerada abuso sexual quando uma pessoa mostra material pornográfico à criança ou ao adolescente.
Abuso sexual com contato físico corresponde a carícias nos órgãos genitais, tentativas de relações sexuais, masturbação, sexo oral, penetração vaginal e anal. Essas violações podem ser legalmente tipificadas em tentado violento ao pudor, corrupção de menores, sedução e estupro. Existe, contudo, uma compreensão mais ampla de abuso sexual com contato físico que inclui contatos “forçados”, como beijos e toques em outras zonas corporais erógenas.
A exploração sexual
A exploração sexual é caracterizada pela relação sexual de uma criança ou adolescente com adultos, mediada pelo pagamento em dinheiro ou qualquer outro benefício.
Conheça as principais formas de exploração sexual:
A pornografia se configura como exploração sexual quando há produção, utilização, exibição, comercialização de material (fotos, vídeos, desenhos) com cenas de sexo explícito envolvendo crianças e adolescentes ou imagem, com conotação sexual, das partes genitais de uma criança.
O tráfico para fins sexuais é a prática que envolve cooptação e/ou aliciamento, rapto, intercâmbio, transferência e hospedagem da pessoa recrutada para essa finalidade. O mais recorrente é que o tráfico para fins de exploração sexual ocorra de forma disfarçada por agências de modelos, turismo, trabalho internacional, namoro-matrimônio, e, mais raramente, por agências de adoção internacional.
A exploração sexual agenciada é quando há a intermediação por uma ou mais pessoas ou serviços. No primeiro caso as pessoas são chamadas rufiões, cafetões e cafetinas e, no segundo, os serviços são normalmente conhecidos como bordéis, serviços de acompanhamento, clubes noturnos.
A exploração sexual não-agenciada é a prática de atos sexuais realizada por crianças e adolescentes mediante pagamento ou troca de um bem, droga ou serviço.
Tráfico de crianças
Considerado como uma das mais graves violações do Direito Humano, o tráfico de crianças, quaisquer sejam os seus fins, resultam em danos psicológicos e físicos irreparáveis à vítima pelo resto de sua vida. São crianças levadas do seu meio familiar, para outra região, ou além da fronteira de seu país. É considerado um dos crimes com maior lucratividade internacional, onde atinge diversos países mundialmente com foco àqueles que vivem em situação de pobreza e miséria, que por vezes são pessoas com baixo nível, ou nada, de escolaridade. Já os seus destinos são os países desenvolvidos. O sexo da criança e a idade distinguem os seus determinados fins. As meninas têm maior estatística de crimes que foram cometidos por exploração sexual para fins comerciais, sendo para a prostituição ou pornografia, para casamentos e os trabalhos domésticos. Os meninos seguem em uma estatística menor em questão ao tráfico, porém os dois gêneros estão sujeitos a diversas formas de exploração,desde as já citadas à adoção, trabalhos forçados, qualquer tipo de trabalho que coloque em perigo a saúde ou a vida da criança, entre várias outras. A idade também determina estratégias da sua função, pois o grau de intimidação é diferente para uma criança pequena do que as utilizadas para adultos e crianças com maior apreensão de ordens, sendo mais difícil enfrentá-las. E quando ouvimos falar em tráfico já pensamos logo em tráfico de drogas ou armas, mas assim como a escravidão há também o tráfico de pessoas que é o terceiro mais lucrativo do mundo, só perde para tráfico de drogas e armas A cada ano esse crime movimenta cerca de 32 bilhões de dólares e faz pelo menos 1 milhão de vítimas diagnosticado pelo ministério público sendo difícil falar em números exatos, por se tratar de atuações clandestinas, proibidas ou ilícitas, mas sabe-se que metade destas vítimas são crianças. O tráfico de crianças tem como características indispensáveis à restrição da liberdade devidas o índice de domínio onde crianças e adolescentes na maioria das vezes são obrigadas a se prostituir, isso acaba afetando sua personalidade desde a infância até a maioridade, pois hoje cerca de 2,5 milhões pessoas no mundo são vítimas de tráfico de seres humanos para trabalhos forçados e exploração sexual.
4. Desenvolvimento
Segundo as informações obtidas através do CRAS AEROPORTO sobre as comunidade por ele assistidas ( ...), viu-se a frequência de casos ocorridos intrafamiliar, de parentes próximos e em muitos caso, consanguíneos, outro fator relevante é que a vítima notifica para os pais o fato corrido mas na grande parte das vezes a família é omissa e até mesmo apoia a prática desse crime, sendo dessa forma coautores e coparticipante do mesmo, os familiares que apoiam a prática do crime justificam a sua negligencia por fatores econômicos, casos de mães que tem ciência de suas próprias filhas são abusadas por pais, tios, avós, padrastos etc, mas não os denunciam porque temem pela prisão do mesmo e são dependentes dele financeiramente ou em outro caso, colocam suas filhas para trabalharem como empregada doméstica, lavadeira, cuidadora de idosos, enfim, função que desempenham na casa do acusados e não permitem que as mesmas saiam nem procure apoio diante a situação, pois também necessita financeiramente. Mais um ponto observado é visão de licitude do ato, os acusados alegam a permissão por parte das vítimas e que desconhecia a ilicitude dessa prática. 
Com base nos casos ocorridos naquela localidade, a equipe em questão optou por levar para crianças, jovens, adolescentes, adultos e idosos as normas proibitivas dessa prática, a atuação do direito, suas formas de punição para os que praticam e para os que se omitem, os direitos das crianças, que apesar de ser civilmente incapazes são representados dentro do direito penal e em outras esferas do direito, tendo por base o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) também buscamos mostrar a importância da denúncia, de não silenciar-se, que buscar apoio, onde e como denunciar, apresentamos a campanha, a sua importância, a sua história, a sua chama, qual o seu intuito, o que ela prega e espera modificar dentro da sociedade.
O primeiro passo para conseguir desconstruir o medo, a omissão e negligencia foi roda de conversa com as crianças e adolescentes participantes dos programas sociais do CRAS daquela localidade e com as crianças dos colégios do bairro, levando peças, com desenhos, figuras e personagens, para que as elas identificassem. onde podemos ouvi-los e mostrar para os mesmos os seus diretos, como e onde procurar ajuda, auxiliando na denúncia, identificar os tipos de assuntos que eles costumam abordar na tentativa de seduzi-las 
O Passo seguinte foi as palestras com os pais e responsáveis nas escolas do bairro e lá mostramos os direitos fundamentais das crianças, a importância da denúncia, os meios sociais que servem de apoio, mostrar dentro do ordenamento jurídico as normas punitivas a respeito do estupro de vulneráveis, as penas, a pornografia infantil. Trazemos ao conhecimento e diferenciação entre abuso e exploração, as multas e penas para quem exploram, para aqueles que se beneficiam, a onde e como procurar ajuda, falamos das penas para os coautores. Descontruímos a ideia do vitimismo transmitida pelos abusadores,

Continue navegando