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Aula 07 - Suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário

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Aula revisada e atualizada em 14/03/2020. 
AULA 07 
SUSPENSÃO, EXTINÇÃO E EXCLUSÃO DO CRÉDITO 
TRIBUTÁRIO (PARTE 01) 
SUSPENSÃO, EXTINÇÃO E EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO ................................................................... 2 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 4 
SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO .................................................................................................. 5 
Moratória ......................................................................................................................................... 9 
Parcelamento ................................................................................................................................. 16 
Reclamações e recursos no âmbito do processo administrativo fiscal ........................................... 23 
Liminar em Mandado de Segurança ou tutela antecipada em outras ações judiciais.................... 25 
Depósito do montante integral ...................................................................................................... 29 
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO .................................................................................................. 37 
Pagamento ..................................................................................................................................... 40 
Efeitos da mora no pagamento ...................................................................................................... 44 
Imputação em pagamento ............................................................................................................. 45 
Pagamento indevido e restituição ................................................................................................. 47 
Compensação ................................................................................................................................. 66 
 
 
 
 
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AVISO DE DIREITOS AUTORAIS 
 Prezado aluno, antes de iniciarmos nossos estudos de hoje, precisamos ter uma 
conversa séria. Trata-se do respeito aos nossos esforços na produção deste curso, a 
que temos dedicado todas nossas energias nos últimos meses. 
 Saiba que nosso objetivo é sempre oferecer o melhor produto possível e que 
realmente faça a diferença na sua caminhada rumo à aprovação. Mas, para que nós 
consigamos atingir essa meta, sua ajuda é imprescindível. 
 Então, sempre que algum amigo ou conhecido falar “será que você passa para 
mim aquele material do RevisãoPGE que você tem?”, lembre desta nossa conversa. 
Mais: lembre que o Preparação Total (assim como todos os nossos produtos) são 
tutelados pela legislação civil (como a Lei 9.610/98 e o Código Civil) e pela legislação 
penal (especialmente pelo art. 184 do Código Penal). 
 Para que não reste dúvida: este curso se destina ao uso exclusivo do aluno 
que o adquirir em nosso site, e sua aquisição não autoriza sua reprodução. Ok? 
 Sabemos que falar isso parece pouco amigável, mas só estamos tendo este 
“papo reto” porque queremos de você justamente um ato de amizade: não participar, 
de forma alguma, da pirataria deste curso. Se isso acontecer, o fornecimento das aulas 
a você será interrompido e nenhum valor pago será restituído, sem prejuízo, 
evidentemente, de toda a responsabilização cabível nos âmbitos civil e penal. 
 Bem, o recado era esse. Agora podemos voltar às boas e meter a cara nos 
livros! Ops... nos PDFs! 
 Bons estudos! 
 
 
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Olá, meus amigos do RevisãoPGE. Tudo certo? 
A aula é longa, cansativa e com bastante conteúdo. O tema é recheado de 
dispositivos legais, jurisprudência e súmulas! 
Você vai precisar de bastante atenção e de boas revisões para absorver bem. E 
você precisar absorver, pois os temas são muito importantes para conversão mesmo 
de questões. Não estou falando mais de montar base para entender outros assuntos 
não. Aqui é para acerto de questões. 
Então, por favor, siga minha sugestão: antes de seguir na leitura da aula, leia o 
CTN do art. 139 a 182. Quero uma leitura rápida, com alguns grifos, mas sem muito 
apego. Não podes demorar mais que 30 min nessa primeira leitura. 
Foi pro CTN? Não? Vá! Nos vemos já já... 
 
INTRODUÇÃO 
 
Estudamos o crédito tributário e vimos que eles são constituídos pelo 
lançamento. Então, recapitulando, temos a hipótese de incidência a qual se subsume o 
fato gerador, fazendo nascer a obrigação tributária, que, por meio do lançamento, 
passar a materializar o crédito tributário. 
Esse crédito tributário é a dívida exigível, em que já se definiu o quantum 
devido, já se descreve o enquadramento legal, já se inclui eventual penalidade 
tributária. O plano normal das coisas, como é de se presumir, seria esse crédito 
tributário ser extinto pelo pagamento e, assim, seria encerrado o ciclo da vida da 
tributação. 
Mas, nem tudo na vida são flores. Surgem diversos problemas no meio disso 
tudo, que tem relevância para o Direito. Todos esses “problemas” (que, muitas vezes, 
 
 
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são soluções, como veremos) foram classificados em 3 grandes grupos: suspensão, 
extinção e exclusão do crédito tributário. 
É o que veremos agora! 
 
SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
 
Como visto na aula anterior, a constituição do crédito tributário tem como 
principal consequência exigível a obrigação tributária já existente. Entretanto, essa 
exigibilidade pode ficar suspensa em algumas situações, as quais são denominadas de 
causas de suspensão do crédito tributário. 
Vejamos as hipóteses previstas no art. 151 do CTN: 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: 
I – moratória; 
II – o depósito do seu montante integral; 
III – as reclamações e os recursos, nos termos das leis 
reguladoras do processo tributário administrativo; 
IV – a concessão de medida liminar em mandado de 
segurança; 
V – a concessão de medida liminar ou de tutela 
antecipada, em outras espécies de ação judicial; 
VI – o parcelamento. 
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o 
cumprimento das obrigações acessórias dependentes da 
obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela 
consequentes. 
 
 
 
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ODEIO MNEMÔNICOS (RESPEITO E ADMIRO QUEM OS USA, AFINAL, 
SE FOR PARA APRENDER, TUDO É VÁLIDO), MAS SEMPRE USEI UM 
PARA ESSE ROLE VOU PASSAR PARA VOCÊS: 
 
MO DE RE CO PA 
 
MORATÓRIA 
DEPÓSITO 
RECURSO ADMINISTRATIVO 
CONCESSÃO DE TUTELA DE URGÊNCIA 
PARCELAMENTO 
 
As hipóteses supracitadas formam um rol exaustivo, tanto porque está 
expresso no art. 141 do CTN (o texto legal fala “nos casos previstos nesta Lei”), como 
pela determinação do art. 111, I, do CTN, que obriga a interpretação literal da 
legislação acerca da suspensão de crédito: 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária 
que disponha sobre: 
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário; 
II - outorga de isenção; 
III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias 
acessórias. 
 
Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído 
somente se modifica ou extingue, ou tem sua 
exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos 
nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob 
pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua 
efetivação ou as respectivas garantias. 
 
 
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As causas de suspensão não apenas incidem nos casos em que o lançamento 
já foi efetuado, podendo incidir antes dele, a exemplo do caso de concessão de 
medida liminar em mandado de segurança antes da constituição do crédito. Nesse 
caso, entende-se que a autoridade continua autorizada a lançar o crédito, ficando 
suspensa apenas de o exigir, ou seja, o crédito tributário estará constituído, contudo, 
sem haverestipulação de prazo para pagamento, bem como sem possibilidade de 
imposição de penalidade decorrente do não pagamento (afina, o débito não é 
exigível). O que importa é que o advento de causa suspensiva, seja anterior ou 
posterior ao lançamento, impede a propositura de execução fiscal. 
JURISPRUDÊNCIA 
TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA 
DO DIREITO DE O FISCO LANÇAR. EXISTÊNCIA DE ÓBICE JUDICIAL À CONSTITUIÇÃO DO 
CRÉDITO. INÉRCIA DO FISCO. NÃO CONFIGURAÇÃO. OCORRÊNCIA DO LANÇAMENTO 
ANTES DO DECURSO DO LUSTRO DECADENCIAL. 
1. As causas supervenientes suspensivas do crédito tributário não inibem a Fazenda 
Pública de providenciar a sua constituição, posto atividade administrativa vinculada 
e obrigatória. É que a Administração Ativa deve lançar o crédito tributário a fim de 
evitar a ocorrência da decadência, possibilitando sua cobrança após encerrada a 
causa suspensiva de exigibilidade (Precedente da Primeira Seção: EREsp 572.603/PR, 
Rel. Ministro CASTRO MEIRA, julgado em 08.06.2005, DJ 05.09.2005). (...) (REsp 
849.273/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/03/2008, DJe 
07/05/2008) 
 
Isso confunde muita gente! Fique ligado(a). É possível que haja uma causa 
suspensiva da exigibilidade anterior à própria constituição do crédito tributário. A 
Fazenda Pública, nesses casos, pode (e deve) lançar o crédito mesmo assim, sob pena 
se configurar a decadência (veremos detalhadamente na próxima aula), a ela sendo 
vedada apenas a cobrança desse débito, afinal, a sua exigibilidade está suspensa. 
 
 
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Destaque-se que as reclamações e os recursos administrativos bem como o 
parcelamento somente podem ocorrer após o lançamento, por questão lógica, pois 
não há como impugnar lançamento que ainda não ocorreu nem parcelar crédito 
tributário não constituído. 
Enquanto vigente qualquer das hipóteses de suspensão do crédito tributário 
do art. 151 do CTN, não poderá haver negativação do sujeito passivo (CADIN, 
protesto ou negativação em banco de dados privado). Eventual negativação, por 
consequência, deve ser baixada. 
Outra consequência prática: o devedor, diante da suspensão da exigibilidade 
do crédito tributário, terá direito à expedição de certidão positiva de débito 
tributário com efeitos de negativa (é a certidão que, embora exista tributo em aberto, 
vale como negativa, isto é, tem o mesmo efeito de uma certidão negativa): 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da quitação de 
determinado tributo, quando exigível, seja feita por 
certidão negativa, expedida à vista de requerimento do 
interessado, que contenha todas as informações 
necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio fiscal e 
ramo de negócio ou atividade e indique o período a que se 
refere o pedido. 
Parágrafo único. A certidão negativa será sempre expedida 
nos termos em que tenha sido requerida e será fornecida 
dentro de 10 (dez) dias da data da entrada do 
requerimento na repartição. 
 
Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo 
anterior a certidão de que conste a existência de créditos 
não vencidos, em curso de cobrança executiva em que 
 
 
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tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade 
esteja suspensa. 
 
A certidão positiva com efeitos de negativa, portanto, será expedida nas 3 
situações previstas no art. 206 do CTN: créditos não vencidos, créditos cobrados em 
processo judicial em que tenha havido penhora e quando presente uma das causas de 
suspensão do crédito tributário do art. 151 do CTN. 
Antes de adentrarmos em cada hipótese específica de suspensão da 
exigibilidade, tenha bastante atenção para o parágrafo único, do art. 151, do CTN: o 
disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias 
dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes. 
Já falamos desse dispositivo quando tratamos das imunidades. Lembra? Mesmo que a 
obrigação principal esteja com exigibilidade suspensa, por qualquer razão que seja, 
deve o contribuinte manter-se cumprindo suas obrigações acessórias, senão a 
Administração Tributária não terá subsídios para realizar a correta fiscalização, 
inclusive quanto ao enquadramento (ou quanto à manutenção do enquadramento) do 
contribuinte naquela causa suspensiva da exigibilidade. 
 
Moratória 
 
Moratória é causa de suspensão do crédito tributário por meio da qual há 
dilação de prazo para pagamento do tributo: 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
 
 
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Art. 152. A moratória somente pode ser concedida: 
I - em caráter geral: 
a) pela pessoa jurídica de direito público competente para 
instituir o tributo a que se refira; 
b) pela União, quanto a tributos de competência dos 
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando 
simultaneamente concedida quanto aos tributos de 
competência federal e às obrigações de direito privado; 
II - em caráter individual, por despacho da autoridade 
administrativa, desde que autorizada por lei nas condições 
do inciso anterior. 
Parágrafo único. A lei concessiva de moratória pode 
circunscrever expressamente a sua aplicabilidade à 
determinada região do território da pessoa jurídica de 
direito público que a expedir, ou a determinada classe ou 
categoria de sujeitos passivos. 
 
A moratória sempre depende de lei. 
A moratória é uma dilação LEGAL. Apenas LEI pode instituir moratória. A 
moratória, portanto, subordina-se à legalidade tributária. Qual é o tipo de lei? 
Depende do tributo. Se se tratar de tributo federal, será lei federal; se for tributo 
estadual, será lei estadual; se for tributo municipal, será lei municipal. 
Por exemplo, uma lei municipal pode dilatar o prazo para o pagamento do 
IPTU, do dia 01/04 para o dia 01/11, caso em que restará caracterizada uma moratória 
tributária, o que significa que, enquanto não expirado o prazo concedido pela 
moratória, não se poderá falar em inadimplemento tributário e, por conseguinte, não 
poderá ser exigido o crédito tributário. 
 
 
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Conforme parágrafo único, do art. 152, do CTN, a moratória pode ser 
concedida a apenas parte do território da pessoa jurídica de direito público que a 
expedir, ou a determinada classe ou categoria de sujeitos passivos. Isso pode ocorrer, 
por exemplo, no caso de uma enchente em parte do território de um Estado, o que 
permitiria aos prejudicados ter maior lapso de tempo para se organizar e pagar o 
tributo devido. Um exemplo de moratória interessante, calcada nesse dispositivo, seria 
a União conceder moratória para os habitantes de Brumadinho, em relação aos 
tributos federais, em decorrência do trágico acidente recentemente lá ocorrido. 
ATENÇÃO! Essa discriminação pela região ou pelo aspecto subjetivo é possível desde 
que a distinção esteja a serviço de uma finalidade lícita, isto é, não odiosa, não 
discriminatória. Não pode a distinção, portanto, ofender a CF/88 no que tange aos 
princípios da isonomia e da igualdade tributária. 
A moratória, como visto no art. 152, pode ser concedida em caráter geral 
(moratória objetiva) ou individual (moratória subjetiva), sendo a primeira conferida a 
uma coletividade e a segunda individualmente para quem atender a determinadas 
condições. O próprio nome já nos induz a essa conclusão. 
Primeiramente, no inciso I, há a previsão das hipóteses de moratória em 
caráter geral, a qual se subdivide em: 
a) moratória autônoma – concedida pela própria pessoa jurídica de direito 
público competente para instituir o tributo a que se refira, sendo denominada 
autônoma justamente por ser conferida pelo ente competente para a instituição do 
tributo; e 
b) moratória heterônoma – concedida pela União, quanto a tributos de 
competência dos Estados, Distrito Federal e Municípios, sendo denominada 
heterônoma por ser conferida por ente diverso do competente para a instituição do 
tributo.P
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A moratória heterônoma apenas pode ser concedida quando a União 
simultaneamente conceda moratória quanto: a) aos tributos de competência federal; 
b) às suas obrigações de direito privado. Nunca houve a moratória heterônoma, 
justamente porque a União teria também de conceder moratória para os tributos 
federais e às suas obrigações de direito privado. Assim, por exemplo, se a União 
quisesse conceder moratória em relação ao ICMS (tributo estadual), teria de também 
conceder a todos os tributos federais. 
ATENÇÃO! Essa hipótese é apontada, por muitos doutrinadores, como não 
recepcionada pela CF/88, por ofender a forma federativa de Estado (a qual consagra a 
autonomia dos entes federados, não se autorizando que um ente interfira nas 
questões dos demais entes). Por outro lado, há doutrinadores que entendem que essa 
hipótese foi plenamente recepcionada, pois ela daria substância aos princípios da 
solidariedade e da igualdade. Não há notícias de precedente do STF relativo a esse 
dispositivo. Assim, em provas objetivas, quando estiver claro que o examinador está 
cobrando a literalidade do dispositivo, deve-se considerá-la como correta. 
Por outro lado, no inciso II, do art. 152, do CTN, prevê-se a moratória em 
caráter individual, que é concedida por despacho da autoridade administrativa, desde 
que autorizada por lei. Uma leitura rápida do art. 152, II, do CTN, pode levar a uma 
errônea interpretação de que a moratória individual não depende de lei. Entretanto, a 
parte final do dispositivo deixa claro que se exige autorização prévia de lei para 
possibilitar a sua concessão por mero despacho da autoridade administrativa: [...] em 
caráter individual, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada 
por lei nas condições do inciso anterior. O despacho administrativo terá apenas 
caráter declaratório de direito preexistente. 
Importante diferença entre as moratórias geral e individual é que a individual 
não gera direito adquirido e pode depender do oferecimento de garantias pelo 
beneficiário; ao contrário da geral, que gera direito adquirido e dispensa garantias. 
MORATÓRIA GERAL – GERA DIREITO ADQUIRIDO 
 
 
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Como afirmado, a moratória individual não gera direito adquirido, devendo, 
portanto, ser revogada de ofício sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia 
ou deixou de satisfazer as condições, cobrando-se o crédito acrescido de juros de 
mora, bem como: 
a) com penalidade, nos casos de simulação ou dolo → nesse caso, o tempo 
decorrido entre a concessão da moratória e a revogação não se computa 
para prescrição da ação de cobrança; e 
b) sem penalidade, nos demais casos → nesse caso, a revogação só pode 
ocorrer antes de prescrito o direito. 
Portanto, se o sujeito passivo contribuiu para a ilegalidade, ele pagará o tributo 
acrescido de multa. Se o sujeito passivo não teve culpa na situação, a moratória será 
cassada, mas o pagamento do tributo não será acrescido de multa, mas apenas de 
juros e de correção. 
Se o sujeito passivo contribuiu para a ilegalidade, o período entre a concessão 
da moratória e sua revogação não será computado para fins de contagem do prazo 
prescricional. Porém, se o benefício da moratória tiver sido concedido por equívoco da 
Administração, sem contribuição do devedor, o período entre a concessão e a 
revogação da moratória será computado para fins de contagem do prazo prescricional 
(podendo o devedor ser beneficiado com o pronunciamento da prescrição do crédito 
tributário). 
Vejamos os dispositivos que disciplinam a moratória em caráter individual: 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual 
não gera direito adquirido e será revogado de ofício, 
sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou 
deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou 
deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, 
 
 
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cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora: 
I – com imposição da penalidade cabível, nos casos de 
dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em 
benefício daquele; 
II – sem imposição de penalidade, nos demais casos. 
Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo 
decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação 
não se computa para efeito da prescrição do direito à 
cobrança do crédito; no caso do inciso II deste artigo, a 
revogação só pode ocorrer antes de prescrito o referido 
direito. 
 
Tenha atenção, pois, embora o CTN use o termo “revogação”, há uma atecnia 
legislativa, pois o certo seria anulação, tendo em vista que a concessão de moratória 
em caráter individual é um ato administrativo vinculado, não podendo ser revogado 
por força de oportunidade e conveniência. 
Destaca-se, ainda, que o art. 155 do CTN também se aplica aos outros 
benefícios fiscais que possam ser individualmente concedidos (remissão, isenção e 
anistia), bem como possui aplicação subsidiária ao parcelamento. 
Ainda, deve você saber que o art. 154 do CTN afirma que, salvo previsão legal 
em sentido contrário, a moratória apenas poderá ser concedida para crédito 
constituído ou em constituição, ou seja, com lançamento em curso. Além disso, o seu 
parágrafo único veda a concessão de moratória em casos de casos de dolo, fraude ou 
simulação do sujeito passivo ou do terceiro em benefício daquele: 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
Art. 154. Salvo disposição de lei em contrário, a moratória 
somente abrange os créditos definitivamente constituídos 
à data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo 
 
 
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lançamento já tenha sido iniciado àquela data por ato 
regularmente notificado ao sujeito passivo. 
Parágrafo único. A moratória não aproveita aos casos de 
dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo ou do 
terceiro em benefício daquele. 
 
Por fim, vamos entender o que é a moratória parcelada e diferenciá-la do 
parcelamento. 
O art. 153 do CTN especifica quais requisitos deve obedecer a lei concessiva ou 
autorizativa da moratória: 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou 
autorize sua concessão em caráter individual especificará, 
sem prejuízo de outros requisitos: 
I - o prazo de duração do favor; 
II - as condições da concessão do favor em caráter 
individual; 
III - sendo caso: 
a) os tributos a que se aplica; 
b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do 
prazo a que se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação 
de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada 
caso de concessão em caráter individual; 
c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado 
no caso de concessão em caráter individual. 
 
A alínea “b” do inciso III se refere à moratória parcelada. Durante muito tempo, 
o parcelamento era tido como a moratória parcelada, porém se trata de institutos 
 
 
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diversos. A moratória é medida excepcional, adotada apenas em situações específicas, 
enquanto o parcelamento é corriqueira medida de política fiscal, que visa a recuperar 
créditos e permitir a regularização da situação dos contribuintes. 
Na moratória parcelada, é possível o livramento de qualquer penalidade 
pecuniária e até mesmo os juros; no parcelamento, no entanto, salvo disposição de lei 
em contrário, não se exclui a incidência de juros e multas. 
MORATÓRIA PARCELAMENTO 
EXCEPCIONAL E PARA 
FATORES ECONÔMICOS E 
SOCIAIS 
COMUM E PARA 
INADIMPLENTES 
NÃO INCIDEM JUROS E 
MULTAS 
INCIDEM JUROS E MULTAS – 
SALVO DISPOSIÇÃO LEGAL EM 
CONTRÁRIO 
 
.................................................................................................................. 
Terminamos a moratória. É relativamente grande, mas pode ficar tranquilo(a), 
porque se trata do maior tópico da parte de suspensão da exigibilidade do crédito 
tributário e talvez o mais importante, pois tem dispositivos desta parte quese aplicam 
a outros institutos que estudaremos na aula de hoje, a exemplo do parcelamento. 
.................................................................................................................. 
 
Parcelamento 
 
O parcelamento é medida que possibilita a devedores inadimplentes terem 
condições de cumprir com as suas obrigações tributárias. Como o próprio nome já diz, 
poderá o devedor parcelar o seu débito, entretanto haverá a incidência de juros e 
multas, sendo esta uma das diferenças para a moratória. Todavia, serão aplicadas 
subsidiariamente ao parcelamento as disposições do CTN referentes à moratória. 
 
 
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CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
Art. 155-A. 
(...) 
§ 1º Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento 
do crédito tributário não exclui a incidência de juros e 
multas. 
§ 2º Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as 
disposições desta Lei, relativas à moratória. 
 
Conforme redação do art. 155-A do CTN, o “parcelamento será concedido na 
forma e condição estabelecidas em lei específica”. Esta lei específica será do ente da 
federação com competência para instituir o tributo, o qual igualmente terá 
competência para conceder o parcelamento. 
Além disso, para os casos de parcelamento de créditos tributários de devedor 
em recuperação judicial, deverá existir lei específica sobre as suas condições de 
parcelamento. Inexistindo esta lei específica, serão aplicadas as leis gerais de 
parcelamento do ente da Federação do devedor em recuperação judicial, não 
podendo, contudo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela 
lei federal específica. Isso está expresso nos §§ 3º e 4º do art. 155-A: 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
Art. 155-A. 
(...) 
§ 3º Lei específica disporá sobre as condições de 
parcelamento dos créditos tributários do devedor em 
recuperação judicial. 
§ 4º A inexistência da lei específica a que se refere o § 3º 
deste artigo importa na aplicação das leis gerais de 
parcelamento do ente da Federação ao devedor em 
 
 
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recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o 
prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei 
federal específica. 
 
Observa-se, pois, que cada ente terá duas leis específicas acerca do 
parcelamento: uma que trate genericamente e outra que trate especificamente sobre 
o parcelamento da empresa em recuperação judicial. Caso não seja editada a segunda 
lei por determinado ente, o devedor terá direito ao parcelamento segundo a lei geral, 
não podendo ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal 
específica. 
O Superior Tribunal de Justiça recentemente reafirmou que os requisitos para 
o parcelamento devem ser fixados em lei específica e atos infralegais não poderão 
impor condições não previstas nesta lei: 
JURISPRUDÊNCIA 
TRIBUTÁRIO. PARCELAMENTO. LIMITE FINANCEIRO MÁXIMO. PORTARIA CONJUNTA 
PGFN/RFB N. 15/2009. ILEGALIDADE. 1. O art. 155-A do CTN dispõe que o 
parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica, 
enquanto o art. 153 do CTN, aplicado subsidiariamente ao parcelamento, estabelece 
que "a lei" especificará i) o prazo do benefício, ii) as condições da concessão do favor 
em caráter individual e iii) sendo o caso: a) os tributos a que se aplica; b) o número de 
prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a que se refere o inciso I, podendo 
atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de 
concessão em caráter individual e c) as garantias que devem ser fornecidas pelo 
beneficiado no caso de concessão em caráter individual. 2. A concessão do 
parcelamento deve estrita observância ao princípio da legalidade, não havendo 
autorização para que atos infralegais, como portarias, tratem de requisitos não 
previstos na lei de regência do benefício. (...) (REsp 1739641/RS, Rel. Ministro GURGEL 
DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/06/2018, DJe 29/06/2018). 
 
 
 
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Também é entendimento do STJ o de que o parcelamento, ainda que 
acompanhado de confissão de dívida, não equivale ao pagamento do tributo, o que 
impediria o gozo dos benefícios da denúncia espontânea com base naquele (AgRg no 
Ag 1157062/SP AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 2009/0028328-
7). A denúncia espontânea exige o pagamento do tributo e dos juros de mora devidos 
ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa (neste caso, 
quando montante do tributo dependa de apuração). 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia 
espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do 
pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do 
depósito da importância arbitrada pela autoridade 
administrativa, quando o montante do tributo dependa de 
apuração. 
 
Fica gelo que veremos a respeito da denúncia espontânea em breve no nosso 
curso... 
Além disso, o mesmo STJ afirma que o parcelamento constitui reconhecimento 
inequívoco do débito e consequentemente interrompe o prazo prescricional para 
cobrança do crédito tributário, nos termos do art. 174, parágrafo único, IV, do CTN, 
ainda que o parcelamento não tenha sido efetivado. Todavia, não haverá a 
interrupção da prescrição em casos de parcelamento efetivado de ofício, conforme 
julgado a seguir ementado: 
JURISPRUDÊNCIA 
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA 
CONTROVÉRSIA. IPTU. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. DIA SEGUINTE AO VENCIMENTO 
DA EXAÇÃO. PARCELAMENTO DE OFÍCIO DA DÍVIDA TRIBUTÁRIA. 
NÃO CONFIGURAÇÃO DE CAUSA SUSPENSIVA DA CONTAGEM DA PRESCRIÇÃO. 
 
 
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MORATÓRIA OU PARCELAMENTO APTO A SUSPENDER A EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO 
TRIBUTÁRIO. NECESSÁRIA MANIFESTAÇÃO DE VONTADE DO CONTRIBUINTE. 
PARCELAMENTO DE OFÍCIO. MERO FAVOR FISCAL. APLICAÇÃO DO RITO DO ART. 1.036 
E SEGUINTES DO CPC/2015. ART. 256-I DO RISTJ. 
RECURSO ESPECIAL DO MUNICÍPIO DE BELÉM/PA A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (...) 
2. O parcelamento de ofício da dívida tributária não configura causa interruptiva da 
contagem da prescrição, uma vez que o contribuinte não anuiu. 
3. A liberalidade do Fisco em conceder ao contribuinte a opção de pagamento à vista 
(cota única) ou parcelado (10 cotas), independente de sua anuência prévia, não 
configura as hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário previstas 
no art. 151, I e VI do CTN (moratória ou parcelamento), tampouco causa de 
interrupção da prescrição, a qual exige o reconhecimento da dívida por parte do 
contribuinte (art. 174, parág. único, IV do CTN). 4. O contribuinte não pode ser 
despido da autonomia de sua vontade, em decorrência de uma opção unilateral do 
Estado, que resolve lhe conceder a possibilidade de efetuar o pagamento em cotas 
parceladas. Se a Fazenda Pública Municipal entende que é mais conveniente oferecer 
opções parceladas para pagamento do IPTU, o faz dentro de sua política fiscal, por 
mera liberalidade, o que não induz a conclusão de que houve moratória ou 
parcelamento do crédito tributário, nos termos do art. 151, I e VI do CTN, apto a 
suspender o prazo prescricional para a cobrança de referido crédito. 
Necessária manifestação de vontade do contribuinte a fim de configurar moratória ou 
parcelamento apto a suspender a exigibilidade do crédito tributário. 
5. Acórdão submetido ao regime do art. 1.036 e seguintes do CPC/2015 (art. 256-I do 
RISTJ, incluído pela Emenda Regimental 24 de 28.9.2016), cadastrados sob o Tema 
980/STJ, fixando-se a seguinte tese: (i) o termo inicial do prazo prescricional da 
cobrança judicial do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU inicia-se no dia 
seguinte à data estipulada para o vencimento da exação; (ii) o parcelamento de ofício 
da dívida tributária não configura causa interruptiva da contagem da prescrição, uma 
vez que o contribuinte não anuiu. (REsp 1658517/PA, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES 
MAIA FILHO, PRIMEIRASEÇÃO, julgado em 14/11/2018, DJe 21/11/2018) 
 
 
 
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O STJ também tem jurisprudência no sentido de que a confissão e o 
parcelamento de crédito tributário prescrito não vão reavivar sua exigibilidade. Isso 
porque a prescrição tributária é diferente da prescrição civil. A prescrição tributária é, 
segundo o CTN, hipótese de extinção do crédito tributário. (AgRg no ARESP 
743252/MG, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 
08/03/2016, DJe 17/03/2016). Discorreremos sobre prescrição em breve, ocasião em 
que trataremos novamente disso tudo, e de maneira mais aprofundada. 
Esses julgados, de todo modo, já adianto para você, serão cobrados nas 
próximas provas de procuradoria, especialmente da banca CESPE. Vocês lembrarão de 
mim no dia da prova! 
Vamos a mais um precedente do STJ. Lembre-se que as bancas estão cada vez 
mais exigentes e saber os principais precedentes dos Tribunais Superiores e seus 
fundamentos é essencial para uma preparação completa do candidato a cargos de 
grandes carreiras, como é o caso das Procuradorias! 
O STJ decidiu que o contribuinte pode optar pelo parcelamento de débitos 
considerados isoladamente, nos termos do art. 1º, § 2º, da Lei nº 11.941/2009 – 
ainda que relativos a uma mesma CDA – não sendo possível o parcelamento de uma 
fração de competência ou período de apuração. Este precedente é importante para 
quem almeja as carreiras da AGU, pois trata de lei referente a parcelamento de 
débitos tributários federais! 
JURISPRUDÊNCIA 
TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. PARCELAMENTO DA LEI Nº 11.941/2009. 
ART. 1º, §2º. INCLUSÃO DE PERCENTUAL DE DÉBITO ISOLADO. 
IMPOSSIBILIDADE. RESPEITO AO PERÍODO DE APURAÇÃO OU COMPETÊNCIA DO 
TRIBUTO. 1. O parcelamento é instituto de interpretação literal, a impedir que o Fisco 
se exceda nas exigências a serem feitas aos contribuintes e, de outro lado, que estes 
não logrem êxito em deduzir pretensão não albergada pelos termos legais que abrem 
a possibilidade do acordo. Interpretação dos artigos 111, I, e 151, VI, do CTN. 2. 
 
 
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Referindo-se o art. 1º, §2º, da Lei 11.941/2009 às dívidas consideradas isoladamente 
deve-se compreender o termo como a expressão monetária referente a um tributo, de 
modo que a palavra dívida se refere à quantia em dinheiro devida em virtude da 
subsunção de um fato da vida (fato gerador) a uma previsão normativa abstrata 
(hipótese de incidência). 3. Dentro da concepção de tributo e de crédito tributário, 
bem como do respectivo aspecto temporal, a interpretação que deve ser dada à 
expressão dívidas consideradas isoladamente deve respeitar, no mínimo, uma 
competência ou período de apuração. 4. Pode o contribuinte escolher débitos 
isolados e os parcelar, ainda que digam respeito a uma mesma Certidão de Dívida 
Ativa, desde que respeitado o período de apuração do tributo. 
5. No caso dos autos, o recorrente não pretende incluir em parcelamento débito 
isolado, mas 'percentual' ou 'fração' de um débito, o que não está previsto em lei. 6. 
Recurso especial não provido. (REsp 1382317/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, 
PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/11/2017, DJe 14/12/2017) 
 
Vamos entender bem esse julgado? O STJ, interpretando a lei de parcelamento 
da União, definiu que, havendo vários débitos agrupados numa certidão de Dívida 
Ativa só (veremos, mais à frente, que a CDA é um título executivo extrajudicial que 
materializa os créditos tributários a serem cobrados numa execução fiscal), o 
contribuinte não precisa parcelar todos os débitos para aderir a um parcelamento. Ele 
pode escolher apenas alguns deles para aderir ao parcelamento. Não pode, contudo, 
fracionar cada competência dentro daquele débito interior. Um exemplo vai te ajudar 
a entender. Imagine uma CDA com os seguintes débitos: 
DÉBITO VALOR COMPETÊNCIA 
CONTRIBUIÇÃO 
PREVIDENCIÁRIA 
R$ 1,257,58 01/2018 
CONTRIBUIÇÃO 
PREVIDENCIÁRIA 
R$ 1,458,58 02/2018 
CONTRIBUIÇÃO 
PREVIDENCIÁRIA 
R$ 1,701,58 03/2018 
IMPOSTO DE RENDA R$ 5.421,52 06/2016 
IMPOSTO DE RENDA R$ 4.589,21 06/2018 
 
 
 
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Pode o contribuinte parcelar apenas parte desses débitos ou somente pode 
parcelar o débito total inteiro? O STJ disse que o contribuinte pode parcelar partes do 
débito, então, ele poderia somente parcelar, por exemplo, os débitos de contribuição 
previdenciária de 01/2018 e 03/2018 e de imposto de renda de 06/2016. Os demais, 
suponhamos, o contribuinte não reconhece como devidos e pretende discutir na 
justiça a legalidade da exação. Tudo parece bastante justo. O entendimento do STJ é 
perfeito. 
O que se disse no julgado acima foi além do exemplo dado, no entanto. O STJ 
disse que não pode o contribuinte, por exemplo, relativamente à contribuição 
previdência da competência 02/2018, parcelar apenas metade daquele valor e deixar a 
outra metade não parcelada. Ou ele parcela a competência inteira ou não poderá 
aderir ao parcelamento. A mim, isso também parece justo. Mas, e se o contribuinte 
entende que deve menos? Nesse caso, deve ele questionar a cobrança inteira, 
podendo fazer o depósito da parte que não se discute. Poderia ser diferente? Sim, 
poderia, sem problemas, mas essa não foi a opção do legislador federal. 
Captou? Massa, não é? Isso tem cheirinho de primeira fase! 
 
Reclamações e recursos no âmbito do processo 
administrativo fiscal 
 
A primeira manifestação de inconformismo do sujeito passivo contra 
lançamento efetuado pela administração tributária é denominada reclamação. Após a 
decisão de primeira instância, havendo previsão na lei do processo administrativo 
fiscal (federal, estadual ou municipal), poderá haver recurso contra a decisão. Em 
ambos os casos (reclamação ou recurso), haverá a suspensão da exigibilidade do 
crédito até o encerramento do processo administrativo. 
É importante destacar que o STJ entende que, mesmo nos casos em que os 
recursos forem intempestivos ou não forem cabíveis, a exigibilidade do crédito será 
suspensa. 
 
 
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JURISPRUDÊNCIA 
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO N. 3/STJ. MARCO INICIAL DO CURSO DA 
PRESCRIÇÃO.MPUGNAÇÃO DE DÉBITO TRIBUTÁRIO NA VIA ADMINISTRATIVA. 
SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 151, III, E 174, DO 
CTN. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. "Nos termos da jurisprudência do STJ, a 
reclamação ou recurso administrativo, mesmo intempestivo, suspende a 
exigibilidade do crédito tributário e, por conseqüência o curso do prazo prescricional, 
enquanto perdurar o contencioso administrativo, nos termos do art. 151, III, do 
CTN". (EDcl no AgRg no REsp 1.401.122/PE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda 
Turma, julgado em 17/12/2013, DJe 03/02/2014) 2. Agravo interno não provido. (AgInt 
no AREsp 1082641/ES, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, 
julgado em 07/06/2018, DJe 13/06/2018) 
 
Contudo, não será suspensa a exigibilidade do crédito quando a reclamação 
ou o recurso não discutir o lançamento, mas sim o ato que excluiu o beneficiado do 
parcelamento, tal qual ocorreu no seguinte julgado do STJ: 
JURISPRUDÊNCIA 
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. PARCELAMENTO. ATO DE EXCLUSÃO. 
RECLAMAÇÃO ADMINISTRATIVA. AUSÊNCIA DE EFEITO SUSPENSIVO. 
INAPLICABILIDADE DO ART. 151, INCISO III, DO CTN. 1. A reclamação administrativa 
interposta contra ato de exclusão do contribuinte do parcelamento não é capaz de 
suspender a exigibilidade do crédito tributário, sendo inaplicável o disposto no art. 
151, inciso III, do CTN, pois as reclamações e recursos previstos no referido artigo são 
aqueles que discutem o próprio lançamento, ou seja, a exigibilidade do crédito 
tributário. 2. Hipótese em que a impugnação apresentada apenas questiona a 
legalidade do ato de exclusão do parcelamento. Logo, não é capaz de suspender a 
exigibilidade do crédito. (...) (REsp 1372368/PR, Rel. MinistroHUMBERTO MARTINS, 
SEGUNDA TURMA, julgado em 05/05/2015, DJe 11/05/2015) 
 
 
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Após a decisão final do processo administrativo, extinguir-se-á o crédito 
tributário, se decisão da impugnação for favorável ao sujeito passivo, ou voltará ele a 
ser exigível, se desfavorável for a decisão. 
CUIDADO PARA NÃO CONFUNDIR 
Impugnação/recurso em processo administrativo → suspende exigibilidade do 
crédito tributário. 
Ajuizamento de ação judicial ou impetração de mandado de segurança → 
proposição isoladamente não basta para a suspensão da exigibilidade do crédito 
tributário, sendo necessária uma decisão judicial. 
 
Liminar em Mandado de Segurança ou tutela antecipada 
em outras ações judiciais 
 
Em decorrência das semelhanças, vamos tratar dessas duas hipóteses de 
suspensão da exigibilidade num mesmo tópico. A verdade é que o CTN poderia ter 
previsto apenas um dispositivo no sentido de que se suspende a exigibilidade do 
crédito tributário em razão de decisão judicia. Aliás, o CTN poderia até ter sido omisso 
quanto a isso, afinal, se o Judiciário determinar a suspensão da exigibilidade do crédito 
tributário, a decisão teria de ser cumprida, com ou sem previsão na lei. Salutar, de 
todo modo, a previsão, para evitar qualquer tipo de questionamento. Para seus 
estudos, somente leve consigo: suspende a exigibilidade do crédito tributário qualquer 
decisão judicial em tutela de urgência e/ou que produza efeitos desde que proferida. 
Como se sabe, a medida liminar no mandado de segurança (MS) tem como 
requisitos essenciais: o perigo da demora (periculum in mora) e a fumaça do bom 
direito (fumus boni juris). Em matéria de direito tributário, muitos sujeitos passivos 
decidem entrar com MS alegando que a demora do provimento jurisdicional lhe seria 
muito prejudicial, na medida em que, por exemplo, estaria impossibilitado de 
participar de procedimentos licitatórios, negativa de crédito oficial etc. Ademais, 
 
 
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utiliza-se como fundamento jurídico a ilegalidade/irregularidade/inconstitucionalidade 
na cobrança que se tenta evitar. Desse modo, caso o juiz entenda estarem presentes 
os mencionados requisitos, deve ser concedida a liminar, por se tratar de direito do 
impetrante. 
Como afirma Ricardo Alexandre, não é necessário que haja crédito tributário 
constituído, nem mesmo se exige a presença de fato gerador, pois não se pode 
excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de lesão a direito (art. 5ª, 
XXXV, da CF)1. 
Ressalta-se que a concessão da liminar em MS, assim como a tutela antecipada 
nas demais ações, não pode proibir a autoridade fiscal de promover o lançamento, 
haja vista que se inverteria o perigo da demora. Isto porque poderia ser que no final do 
processo, mesmo que a sentença fosse favorável ao Fisco, o prazo decadencial já 
tivesse decorrido. O que é permitido é a proibição da promoção de atos de cobrança 
administrativa ou judicial. 
A tutela antecipada em ações judiciais não apresenta grande distinção em 
relação à liminar em mandado de segurança, tendo como requisitos para sua 
concessão: a probabilidade do direito (fumus boni juris) e o perigo de dano ou risco ao 
resultado útil do processo (periculum in mora) (art. 300 do CPC). 
Após a decisão final do processo judicial, seja ação ordinária ou mandado de 
segurança, extinguir-se-á o crédito tributário (se decisão judicial for favorável ao 
sujeito passivo) ou voltará a ser exigível (se desfavorável for a decisão), 
semelhantemente ao que ocorre ao fim do processo administrativo fiscal que decidiu 
sobre lançamento impugnado. 
O STJ analisou um caso interessante. Imagine que foi concedida liminar em 
mandado de segurança no Tribunal de Justiça. Entretanto, ao analisar o mérito em 
cognição exauriente, o Tribunal proferiu acórdão pela denegação da segurança e 
revogação da liminar concedida. Diante disso, o impetrante ingressou com recurso 
 
1 ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário. 11.ed. Salvador: JusPodivm, 2017. P. 475. 
 
 
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especial, o qual não tem efeito suspensivo ope legis (automático), ou seja, a liminar 
perdeu os seus efeitos e houve um retorno à situação jurídica anterior ao processo 
judicial (status quo ante). Estará suspensa a exigibilidade do crédito tributário? O STJ 
decidiu que não! Ora, se a liminar que suspendia a exigibilidade do crédito tributário 
foi revogada e não houve recurso com efeito suspensivo que fizesse a liminar voltar a 
ter efeitos, o crédito tributário voltará a ser exigível, voltando, inclusive, a correr o 
prazo prescricional. 
JURISPRUDÊNCIA 
TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 
SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO. LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA. 
DENEGAÇÃO DA ORDEM. RETOMADA DO PRAZO PRESCRICIONAL. 
DESNECESSIDADE DE AGUARDAR O TRÂNSITO EM JULGADO. 
1. A divergência traçada nestes autos envolve a identificação do início da prescrição 
tributária para o Fisco após a revogação de liminar que anteriormente suspendeu a 
exigibilidade do crédito tributário, mesmo havendo a parte sucumbente interposto 
recurso especial e extraordinário desprovidos de eficácia suspensiva. 2. Para o acórdão 
embargado, "constituído o crédito tributário, mas suspensa a exigibilidade da exação 
por decisão liminar, não há falar em curso do prazo de prescrição, uma vez que o 
efeito desse provimento é justamente o de inibir a adoção de qualquer medida de 
cobrança por parte da Fazenda, de sorte que somente com o trânsito em julgado da 
decisão contrária ao contribuinte é que se retoma o curso do lapso prescricional". Os 
acórdãos paradigmáticos, por sua vez, firmaram compreensão de que, "revogada a 
liminar pela Corte de apelação e considerando o efeito meramente devolutivo dos 
recursos especial e extraordinário, nada impede que a Fazenda promova, desde a 
revogação da liminar, as medidas necessárias tendentes à cobrança dos créditos 
tributários cuja exigibilidade não mais se encontra suspensa, se não verificada outra 
causa de suspensão prevista no art. 151 do CTN" (AgRg no REsp 1.375.895/RN, Rel. 
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 20/8/2013). 
3. A divergência, portanto, é evidente e deve ser resolvida adotando-se o 
entendimento firmado nos acórdãos paradigmas, tendo em vista que, afastados os 
 
 
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motivos que deram ensejo à suspensão da exigibilidade - no caso, o provimento de 
natureza liminar, que posteriormente foi revogado em julgamento pelo Tribunal de 
origem - e inexistente qualquer outra medida entre aquelas constantes do art. 
151 do CTN ou a interposição de recurso extraordinário ou especial com efeito 
suspensivo, o prazo prescricional do Fisco para proceder à cobrança começa a correr 
novamente, sendo desnecessário aguardar o trânsito em julgado. 
4. A concessão de liminar em mandado de segurança é causa de suspensão da 
exigibilidade do crédito tributário (art. 151, IV, do CTN). Conforme destacado em um 
dos acórdãos paradigmas, "diversamente do recurso administrativo que suspende a 
exigibilidade do crédito tributário enquanto persiste o contencioso administrativo 
(inciso III do artigo 151 do CTN), não é a mera existência de discussão judicial sobre o 
crédito tributário que suspende a sua exigibilidade, mas a existência de medida 
liminar, durante o tempo de sua duração, ou a concessão da ordem, a inibir a adoção 
de qualquer medida visando à satisfação do crédito por parte da Fazenda Nacional" 
(EREsp 449.679/RS, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Primeira Seção, DJe 1º/2/2011). 
5. Na hipótese dos autos, considerando que a liminar que suspendeu a exigibilidade do 
crédito tributário foi revogada definitivamente em 26/11/1998 e que os recursos 
especiais e extraordinários interpostos pela ora recorrente foram desprovidos de 
eficácia suspensiva, o reconhecimento do transcurso do prazo prescricional a que se 
refere o art. 174, caput, doCTN, é medida que se impõe, já que a execução fiscal foi 
ajuizada somente em 4/11/2009, ou seja, após o transcurso do prazo de 5 anos. (...) 
(EAREsp 407.940/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 
10/05/2017, DJe 29/05/2017). 
 
Recentemente o Superior Tribunal de Justiça decidiu que, quando há decisão 
judicial suspendendo a exigibilidade do crédito tributário, o retorno da exigibilidade 
pode ocorrer depois de anulado ou reformado o aludido decisum/acórdão. O Fisco, 
então, estará autorizado a proceder à cobrança do crédito tributário referente ao 
direito então controvertido, iniciando-se a contagem da prescrição para o ajuizamento 
da execução fiscal do trânsito em julgado desse novo provimento judicial. A 
exigibilidade, para o STJ, reinicia do trânsito em julgado da decisão que anula o julgado 
 
 
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que suspendeu a exigibilidade. E, a partir desta data, retoma-se o prazo prescricional. 
(AREsp 1280342/RS, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 
15/10/2019, DJe 11/11/2019). 
Depósito do montante integral 
 
O depósito do montante integral vai ocorrer geralmente em casos nos quais 
haja um litígio ou sua iminência. Nas hipóteses em que o sujeito passivo não concorda 
com a cobrança do tributo, ele poderá impugnar administrativa ou judicialmente. 
Caso escolha a opção da impugnação judicial, um meio pelo qual o contribuinte 
poderá suspender a exigibilidade do crédito tributário é através do depósito do 
montante integral – além da tutela antecipada, já abordada mais acima. 
Mesmo nos casos em que a exigibilidade já esteja suspensa, seja por tutela 
antecipada em ação judicial, seja por impugnação administrativa, pode o sujeito 
passivo depositar o montante, a fim de evitar eventual cobrança de juros de mora em 
caso de decisão favorável à Fazenda Pública. 
Porém, como se infere da própria interpretação literal do art. 151, II, do CTN, 
apenas o depósito integral irá suspender a exigibilidade. A fim de dirimir quaisquer 
dúvidas, o STJ sumulou tal entendimento e ainda acrescentou a necessidade de 
depósito ser em dinheiro: 
SÚMULA Nº 112 DO STJ 
O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito 
tributário se for integral e em dinheiro. 
 
Ressalta-se que a fiança, o seguro garantia e a penhora de bens diversos do 
dinheiro não configuram hipóteses de suspensão, pois não são depósitos em dinheiro. 
Além disso, o valor a ser depositado será aquele exigido pela Fazenda Pública, 
 
 
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incluídos juros e multas devidos, ainda que o sujeito passivo discorde do valor 
cobrado. 
Sobre isso, tem-se uma ressalva importantíssima e que muda bastante as 
regras do jogo na cobrança da dívida não tributária. Preste atenção! Agora, não falo 
mais em Direito Tributário. Falo em Execução Fiscal. Adiantando rapidamente um 
pouco do que veremos mais à frente: a execução fiscal é um processo de execução de 
título executivo extrajudicial (certidão de Dívida Ativa), que se submete à Lei nº 
6.830/80, por meio do qual se pode cobrar tanto dívidas tributárias quanto não 
tributárias inscritas em Dívida Ativa. A ressalva que vem a seguir, portanto, refere-se 
apenas a dívidas não tributárias. 
O Superior Tribunal de Justiça decidiu que o entendimento contemplado no 
Enunciado Sumular 112 do STJ, segundo o qual o depósito somente suspende a 
exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro, que se reproduziu no 
julgamento do Recurso Representativo da Controvérsia, nos autos do REsp. 
1.156.668/DF, não se estende aos créditos não tributários originários de multa 
administrativa imposta no exercício do Poder de Polícia. Por isso, é cabível a 
suspensão da exigibilidade do crédito não tributário a partir da apresentação da 
fiança bancária e do seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do 
débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento, nos moldes previstos no 
art. 151, inciso II, do CTN, c/c o art. 835, § 2º, do Código Fux, e o art. 9º, § 3º, da Lei 
6.830/1980, uma vez que não há dúvida quanto à liquidez de tais modalidades de 
garantia, permitindo, desse modo, a produção dos mesmos efeitos jurídicos do 
dinheiro (REsp 1.381.254/PR, Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, 
DJe 28/6/2019). 
O entendimento já foi reiterado pelo STJ em 2020: 
JURISPRUDÊNCIA 
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. 
MULTA ADMINISTRATIVA. AÇÃO ANULATÓRIA. APRESENTAÇÃO DE SEGURO-
 
 
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GARANTIA. ANTECIPAÇÃO DA TUTELA CONCEDIDA PELO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU 
PARA SUSPENDER OS EFEITOS DA NOTIFICAÇÃO DE APLICAÇÃO DE PENALIDADE. 
SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO NÃO TRIBUTÁRIO. POSSIBILIDADE. 1. De 
acordo com recente julgado desta Primeira Turma, "o entendimento contemplado no 
Enunciado Sumular 112 do STJ, segundo o qual o depósito somente suspende a 
exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro, que se reproduziu no 
julgamento do Recurso Representativo da Controvérsia, nos autos do REsp. 
1.156.668/DF, não se estende aos créditos não tributários originários de multa 
administrativa imposta no exercício do Poder de Polícia" (REsp 1.381.254/PR, Ministro 
Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 28/6/2019). 2. Na mesma ocasião, o 
Colegiado asseverou ser "cabível a suspensão da exigibilidade do crédito não tributário 
a partir da apresentação da fiança bancária e do seguro garantia judicial, desde que em 
valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento, nos 
moldes previstos no art. 151, inciso II, do CTN, c/c o art. 835, § 2º, do Código Fux, e o 
art. 9º, § 3º, da Lei 6.830/1980, uma vez que não há dúvida quanto à liquidez de tais 
modalidades de garantia, permitindo, desse modo, a produção dos mesmos efeitos 
jurídicos do dinheiro". 3. Agravo interno não provido. (AgInt no REsp 1612784/RS, Rel. 
Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/02/2020, DJe 18/02/2020) 
 
Voltemos ao Direito Tributário. 
O STJ entende que o depósito integral, a fim de suspender a exigibilidade do 
crédito tributário, é direito subjetivo do contribuinte (STJ, RESP 24927/RN e RESP 
324012/RS). Desse modo, nem mesmo o juiz pode obstar o depósito do montante 
integral. 
Esse depósito ficará lá para sempre? É claro que não! Ao final do processo 
judicial ou administrativo, caso o depositante seja vitorioso, impõe-se o 
levantamento do que foi depositado, mesmo que o vencedor possua outros créditos 
tributários em aberto perante o mesmo sujeito ativo, conforme entendimento do STJ 
(STJ, 1.ª T., REsp 297.115/SP, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, j. 03.04.2001, DJ 
 
 
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04.06.2001, p. 72). Por outro lado, caso haja razão ao sujeito ativo, o crédito será 
extinto pela conversão do depósito em renda, hipótese esta de extinção do crédito 
tributário, que será vista mais adiante. 
E quando se extinguir o processo sem resolução de mérito? Nesses casos, o 
STJ entende que o depósito deve ser convertido em renda também, haja vista que a 
única hipótese capaz de ensejar o levantamento do depósito seria a decisão 
transitada em julgado em favor do sujeito passivo (EREsp 215.589-RJ, Rel. Min. José 
Delgado, julgado em 12.09.2007). 
Como já dito no início da aula de hoje, as hipóteses de suspensão da 
exigibilidade não ocorrem apenas após o lançamento ter ocorrido. Nos casos de 
lançamento por homologação, em que houver sido realizado o depósito do montante 
integral pelo contribuinte, incumbe à Fazenda Pública manifestar-se acerca da sua 
concordância ou discordância com o valor depositado. Concordando (expressa ou 
tacitamente), reputa-se efetuado tacitamente o lançamento, evitando-se, em tal caso, 
portanto, a decadência do direito (EREsp 767.328-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, 
julgado em 11.04.2007). 
JURISPRUDÊNCIA 
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. COFINS. MANDADO DE SEGURANÇA. LEI9.718/98. 
DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE. RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
PARCIALMENTE PROVIDO PELO STF. TRÂNSITO EM JULGADO. DEPÓSITO EFETUADO 
NOS TERMOS DO ART. 151, II, DO CTN. LEVANTAMENTO. ART. 538, PARÁGRAFO 
ÚNICO, CPC. SÚMULA 98/STJ. EXCLUSÃO DE MULTA. 
1. Os depósitos efetuados pelo contribuinte por ocasião do questionamento judicial 
do tributo suspendem a exigibilidade do mesmo, enquanto perdurar a contenda, ex 
vi do art. 151, II, do CTN e, por força do seu desígnio, implica lançamento tácito do 
montante exato do quantum depositado, conjurando eventual alegação de 
decadência do direito de constituir o crédito tributário. Precedentes: AgRg no Ag 
1163962/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 
06/10/2009, DJe 15/10/2009; AgRg nos EREsp 1037202/PR, Rel. Ministro Herman 
 
 
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Benjamin, Primeira Seção, julgado em 27/05/2009, DJe 21/08/2009; REsp 1037202/PR, 
Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 09/09/2008, DJe 24/09/2008; 
REsp 757.311/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 13/05/2008, DJe 
18/06/2008. 
2. "O depósito do montante integral do crédito tributário, na forma do art. 151, II, do 
CTN, é faculdade de que dispõe o contribuinte para suspender sua exigibilidade. Uma 
vez realizado, porém, o depósito passa a cumprir também a função de garantia do 
pagamento do tributo questionado, permanecendo indisponível até o trânsito em 
julgado da sentença e tendo seu destino estritamente vinculado ao resultado 
daquela demanda em cujos autos se efetivou" (REsp nº 252.432/SP, Rel. para o 
acórdão Min. Teori Albino Zavascki, 1ª Turma, j. 02.06.2005, DJ 28.11.2005). Outros 
precedentes: AgRg no REsp 921.123/RJ, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado 
em 23/4/2009, DJe de 3/6/2009; EDcl no REsp 225.357/RJ, Rel. Ministro João Otávio de 
Noronha, Segunda Turma, julgado em 16/3/2006, DJ de 28/4/2006. 
3. O destino do depósito efetuado nos moldes do art. 151, II, do CTN, para fins de 
suspensão da exigibilidade do crédito tributário, sempre dependerá do resultado da 
demanda a que estiver vinculado, dada a sua natureza de garantia da dívida em 
discussão, conforme estabelece o art. 1º, § 3º, II, da Lei nº 9.703/98. Permitir o 
levantamento do depósito judicial sem a anuência do Fisco significa esvaziar o 
conteúdo da garantia prestada pelo contribuinte em detrimento da Fazenda Pública. 
Precedentes: REsp 476.567/DF, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ 
06/12/2004; AgRg no REsp 921.123/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 
03/06/2009; REsp 252.432/SP, Rel. Min. Francisco Falcão, Rel. p/ Acórdão Min. Teori 
Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 28/11/2005). (...) (REsp 1157786/MG, Rel. Ministro 
LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/10/2010, DJe 28/10/2010) 
 
Na mesma toada, destaca-se, ainda, precedente do STJ, no qual se afirmou não 
ser o depósito do montante integral suficiente para se beneficiar da utilização do 
instituto da denúncia espontânea. Como o assunto “denúncia espontânea” é um dos 
queridinhos das bancas examinadoras, é bom ter atenção com o precedente: 
 
 
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JURISPRUDÊNCIA 
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. DEPÓSITO JUDICIAL. 
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138 DO CTN. NÃO OCORRÊNCIA. 
ATUAL ENTENDIMENTO DE AMBAS AS TURMAS DE DIREITO PÚBLICO DO STJ. 
ENFOQUE ECONÔMICO DO INSTITUTO. NECESSIDADE DE EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE 
TROCA ENTRE CUSTO DE OPORTUNIDADE E CUSTO ADMINISTRATIVO. 
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA CONHECIDOS E NÃO PROVIDOS. 
1. Discute-se nos autos a ocorrência ou não de denúncia espontânea em caso de 
depósito judicial dos valores do tributo devido antes da instauração de procedimento 
fiscal pelo Fisco. O Embargante alega dissídio interpretativo com julgado proferido pela 
Segunda Turma desta Corte nos autos do REsp nº 196.037/PE de relatoria do Min. 
Francisco Peçanha Martins, caso em que se reconheceu a ocorrência de denúncia 
espontânea, nos termos do art. 138 do CTN, na hipótese do depósito judicial do tributo 
e seus consectários antes de procedimento de fiscalização realizado pelo Fisco. 
2. O acórdão embargado entendeu que a ocorrência da denúncia espontânea 
pressupõe a consolidação definitiva da relação jurídica tributária mediante confissão 
do contribuinte e imediato pagamento de sua dívida fiscal, o que não ocorre por 
depósito judicial, pois, por meio dele subsiste a controvérsia sobre a obrigação 
tributária, retirando, dessa forma, o efeito desejado pela norma de mitigar as 
discussões administrativas ou judiciais a esse respeito. 
3. Em recente julgado da Segunda Turma desta Corte, nos autos do REsp nº 
1.340.174/PR, de minha relatoria, DJe 28.9.2015, foi negado provimento recurso 
especial onde se pretendia o reconhecimento de denúncia espontânea em caso de 
depósito judicial dos valores do tributo e respectivos juros, ocasião em que foi 
explicitado, nas razões de decidir, o precedente da Primeira Turma desta Corte nos 
autos do REsp nº 1.131.090/RJ, DJe 19.9.2013, objeto dos presentes embargos de 
divergência. 
4. O instituto da denúncia espontânea, mais que um benefício direcionado ao 
contribuinte que dele se favorece ao ter excluída a responsabilidade pela multa, está 
direcionado à Administração Tributária que deve ser preservada de incorrer nos 
 
 
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custos administrativos relativos à fiscalização, constituição, administração e 
cobrança do crédito. Para sua ocorrência deve haver uma relação de troca entre o 
custo de conformidade (custo suportado pelo contribuinte para se adequar ao 
comportamento exigido pelo Fisco) e o custo administrativo (custo no qual incorre a 
máquina estatal para as atividades acima elencadas) balanceado pela regra prevista 
no art. 138 do CTN. 
5. O depósito judicial integral do tributo devido e respectivos juros de mora, a 
despeito de suspender a exigibilidade do crédito, na forma do art. 151, II, do CTN, 
não implicou relação de troca entre custo de conformidade e custo administrativo a 
atrair caracterização da denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN, sobretudo 
porque, constituído o crédito pelo depósito, nos termos da jurisprudência desta 
Corte (EREsp 464.343/DF, Rel. Min. José Delgado, DJ de 29.10.2007; EREsp 898.992/PR, 
Rel. Min. Castro Meira, DJ de 27.8.2007; EREsp. n. 671.773-RJ, Primeira Seção, Rel. 
Min. Teori Zavascki, julgado em 23.6.2010), pressupõe-se a inexistência de custo 
administrativo para o Fisco já eliminado de antemão, a exemplo da entrega da 
declaração constitutiva de crédito tributário. 
6. Por outro lado, além de não haver relação de troca entre custo de conformidade e 
custo administrativo a atrair caracterização da denúncia espontânea na hipótese, 
houve a criação de um novo custo administrativo para a Administração Tributária em 
razão da necessidade de ir a juízo para discutir, nos autos do mandado de segurança 
impetrado pelo contribuinte, o crédito tributário cuja exigibilidade se encontra 
suspensa pelo depósito, ao contrário do que ocorre, v. g., em casos ordinários de 
constituição de crédito realizado pelo contribuinte pela entrega da declaração 
acompanhada do pagamento integral do tributo. 
7. Embargos de divergência conhecidos e não providos. 
(EREsp 1131090/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, 
julgado em 28/10/2015, DJe 10/02/2016) 
 
 
 
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ATENÇÃO! É correto dizer que, em toda ação tributária na qual o contribuinte 
queira discutir o débito tributário, será necessário realizar o depósito integral e em 
dinheiro? 
Veja o que dispõe o art. 38 da Lei nº 6.830/80: 
LEI Nº 6.830/80 
Art. 38. A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda 
Pública só é admissível em execução, na forma desta lei, 
salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de 
repetição do indébito ou ação anulatória do ato 
declarativo da dívida, esta precedida do depósito 
preparatóriodo valor do débito, monetariamente 
corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais 
encargos. 
 
Para ajuizar uma ação declaratória, será sempre necessário efetuar o depósito 
preparatório? É esse depósito uma condição da ação? Ou isso contraria o art. 5º, XXXV, 
da CF/88, que prevê o direito fundamental de amplo acesso à justiça? Ou a exigência 
desse depósito restringe esse direito fundamental de amplo acesso à justiça? 
Durante muito tempo isso foi discutido, mas essa questão, hoje, já está 
pacificada: o art. 38 da LEF merece uma nova interpretação à luz da CF/88. A ação 
tributária pode ser ajuizada independentemente do depósito do montante devido. 
Porém, sem o depósito, a exigibilidade do crédito tributário não será suspensa, sendo 
possível que a Fazenda proponha a respectiva ação de execução fiscal. Já com o 
depósito, o crédito tributário restará suspenso, não sendo possível o ajuizamento da 
execução fiscal antes da solução da ação tributária em que houve o depósito. Mais: se 
a ação de execução fiscal já tiver sido proposta e o executado tiver perdido o prazo 
para embargar, ele poderá ajuizar a ação anulatória e, se efetuar o depósito do 
montante integral, o crédito tributário e o feito executivo ficarão suspensos. 
 
 
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Nesse sentido, a Súmula Vinculante nº 28: 
SÚMULA VINCULANTE Nº 28 
É inconstitucional a exigência de depósito prévio como 
requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se 
pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. 
 
Nessa mesma linha, mas se relacionando também aos recursos administrativos, 
veja outra súmula vinculante do STF: 
SÚMULA VINCULANTE Nº 21 
É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento 
prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de 
recurso administrativo. 
 
O recurso administrativo, portanto, é incondicionado, inclusive como forma de 
suspensão da exigibilidade do crédito tributário, nos termos do art. 151, III, do CTN. 
 
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
Art. 156. Extinguem o crédito tributário: 
I - o pagamento; 
II - a compensação; 
III - a transação; 
IV - remissão; 
V - a prescrição e a decadência; 
VI - a conversão de depósito em renda; 
 
 
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VII - o pagamento antecipado e a homologação do 
lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus 
§§ 1º e 4º; 
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do 
disposto no § 2º do artigo 164; 
IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida 
a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa 
ser objeto de ação anulatória; 
X - a decisão judicial passada em julgado. 
XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e 
condições estabelecidas em lei. 
 
Esse rol de hipóteses é taxativo ou exemplificativo? 
O mesmo fundamento utilizado para se defender a taxatividade da lista de 
causas de suspensão também serve para se afirmar a exaustividade das causas de 
extinção do crédito tributário do art. 156 do CTN. E qual é esse argumento mesmo? O 
art. 141 do CTN expressamente afirma que: 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído 
somente se modifica ou extingue, ou tem sua 
exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos 
nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob 
pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua 
efetivação ou as respectivas garantias. 
 
Pela leitura de tal artigo, observa-se a opção legal pelo caráter taxativo do rol 
disposto no art. 156 do CTN. 
 
 
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Todavia, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, é possível lei 
local instituir novas formas de extinção do crédito tributário, o que iria de encontro 
ao entendimento de ser o rol do art. 156 taxativo (STF, Tribunal Pleno, ADI 2405-
MC/RS, Rel. Min. Carlos Britto, j. 06.11.2002, DJ 17.02.2006, p. 54). Os fundamentos 
adotados pelo Supremo foram os seguintes: 
1) pacto federativo: o ente federado tem o direito de receber algo do seu 
interesse para quitar um crédito de que é titular; 
2) “quem pode o mais, pode o menos”: se o ente pode até perdoar o que lhe é 
devido (o mais), não é razoável que não possa autorizar a extinção do 
crédito tributário por uma forma não prevista no CTN (o menos). 
 
Destaco, antes de adentrar na análise das modalidades de extinção do crédito 
tributário, que o STF, em julgamento posterior ao de cima, declarou inconstitucional lei 
local que permita a dação em pagamento por bens móveis como causa de extinção. 
Entretanto, os fundamentos adotados pelo STF em tal julgado foram: a) violação ao 
princípio constitucional da obrigatoriedade de licitação, o qual apenas pode ser 
excepcionado por lei federal; b) apenas lei complementar nacional pode definir 
hipóteses de extinção do crédito tributário (ADI 1.917, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
j. 26-4-2007, P, DJ de 24-8-2007). 
Finalmente, há mais um precedente digno de nota, que é o da ADI 124 do STF. 
Nesse caso, o problema foi o seguinte: o Estado de Santa Catarina instituiu uma forma 
de extinção do crédito tributário referente à demora no procedimento administrativo 
tributário. Se o sujeito passivo se defendesse na via administrativa, e esse processo 
administrativo fiscal demorasse para ser concluído, ocorreria a extinção do crédito 
tributário. O STF julgou inconstitucional essa lei do Estado de SC: 
JURISPRUDÊNCIA 
Extinção do crédito tributário por lei estadual ante decurso do prazo para 
 
 
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apreciação de defesa administrativa: nova forma de tratamento da decadência – 
inconstitucionalidade da norma regional: “Norma do Estado de Santa Catarina que 
estabelece hipótese de extinção do crédito tributário por transcurso de prazo para 
apreciação de recurso administrativo fiscal. (...) A determinação do arquivamento de 
processo administrativo tributário por decurso de prazo, sem a possibilidade de 
revisão do lançamento equivale à extinção do crédito tributário cuja validade está 
em discussão no campo administrativo. Em matéria tributária, a extinção do crédito 
tributário ou do direito de constituir o crédito tributário por decurso de prazo, 
combinado a qualquer outro critério, corresponde à decadência. Nos termos do 
Código Tributário Nacional (Lei 5.172/1966), a decadência do direito do Fisco ao 
crédito tributário, contudo, está vinculada ao lançamento extemporâneo 
(constituição), e não, propriamente, ao decurso de prazo e à inércia da autoridade 
fiscal na revisão do lançamento originário. Extingue-se um crédito que resultou de 
lançamento indevido, por ter sido realizado fora do prazo, e que goza de presunção 
de validade até a aplicação dessa regra específica de decadência. O lançamento 
tributário não pode durar indefinidamente, sob risco de violação da segurança 
jurídica, mas a Constituição de 1988 reserva à lei complementar federal aptidão 
para dispor sobre decadência em matéria tributária. Viola o art. 146, III, b, da CF, 
norma que estabelece hipótese de decadência do crédito tributário não prevista em 
lei.” (STF, ADI 124, Rel. Min. complementar federal Joaquim Barbosa, julgamento 
em 1º-8-2008, Plenário, DJE de 17-4-2009) 
 
Nesse caso, o STF entendeu que se trataria de uma nova forma de tratamento 
da decadência tributária, matéria reservada a lei complementar federal nacional. 
Vamos, então, analisar as hipóteses de extinção do crédito tributário? 
 
Pagamento 
 
 
 
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O pagamento é a forma ordinária de extinção do crédito tributário. Em regra, 
será realizado por moeda corrente, cheque ou vale postal; e, nos casos estabelecidos 
em lei, por estampilha, papel selado ou processo mecânico, conforme art. 162 do CTN: 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
Art. 162. O pagamento é efetuado: 
I - em moeda corrente, cheque ou vale postal; 
II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel 
selado, ou por processo mecânico. 
 
Noteque o cheque e o vale postal apresentam a mesma possibilidade de serem 
utilizados como forma de pagamento que a moeda corrente. Contudo, nos casos de 
pagamento por meio de cheque, a extinção do crédito tributário não ocorrerá com 
entrega deste, mas apenas com seu resgate pelo sacado (compensação bancária), 
enquanto o crédito pagável em estampilha será considerado extinto com sua 
inutilização regular, consoante §§ do art. 162 do CTN: 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
Art. 162. 
(...) 
 § 2º O crédito pago por cheque somente se considera 
extinto com o resgate deste pelo sacado. 
§ 3º O crédito pagável em estampilha considera-se extinto 
com a inutilização regular daquela, ressalvado o disposto 
no artigo 150. 
 
São formas tão arcaicas de pagamento que, se o examinador cobrar isso, ele é 
o cara mais chato do mundo. Não vamos dar sorte ao azar, no entanto, então a leitura 
dos dispositivos é obrigatória. 
 
 
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2 
A imposição de penalidade não elide o pagamento integral do crédito 
tributário, ou seja, não é porque o contribuinte incorreu em penalidade que seu 
pagamento será desconsiderado, conforme art. 157 do CTN. 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
Art. 157. A imposição de penalidade não ilide o 
pagamento integral do crédito tributário. 
 
Outro ponto importante é que, diferentemente do Direito Civil (ramo do Direito 
Privado), não existe presunção de pagamento no Direito Tributário (ramo do Direito 
Público), haja vista disposição do art. 158 do CTN: 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em 
presunção de pagamento: 
I - quando parcial, das prestações em que se decomponha; 
II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo 
ou a outros tributos. 
 
Em decorrência dessa ausência de presunção, haverá obrigação do contribuinte 
de guardar os comprovantes de pagamento de todas as prestações ou quotas até a 
prescrição dos respectivos créditos. 
Por exemplo, quando o sujeito passivo quita o IPVA e paga o licenciamento, ele 
recebe o CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo). Ao receber o 
CRLV, poder-se-ia sustentar que se presumiriam pagos os débitos relativos ao 
automóvel. No entanto, com espeque no art. 158 do CTN, o STJ já decidiu que o CRLV 
não serve para comprovar/fazer presumir o pagamento, por exemplo, do IPVA de 
anos anteriores. 
 
 
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Superado isto, o local para o pagamento do tributo, se a lei nada dispuser, será 
a repartição competente do domicílio do sujeito passivo. Desse modo, caso seja a 
legislação omissa, a obrigação tributária é portável, isto é, o devedor é quem deve 
procurar o credor para pagar. 
Quanto ao prazo para pagamento dos tributos, em regra, será fixado pelo ente 
instituidor do tributo. E quando este não fixar? Neste caso, o CTN já traz a solução: 
será de 30 dias, a contar da notificação do lançamento ao sujeito passivo, nos termos 
do art. 160 do CTN: 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
 Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o 
tempo do pagamento, o vencimento do crédito ocorre 
trinta dias depois da data em que se considera o sujeito 
passivo notificado do lançamento. 
Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder 
desconto pela antecipação do pagamento, nas condições 
que estabeleça. 
 
Todavia, esse prazo de 30 dias não se aplica aos casos do lançamento por 
homologação, pois neste o contribuinte deve antecipar pagamento e, portanto, não há 
notificação de lançamento. Assim, para os tributos sujeitos a lançamento por 
homologação, a legislação vai definir prazo para seu pagamento. 
O parágrafo único, do art. 160, do CTN, deixa claro que os descontos no âmbito 
tributário não se submetem ao princípio da legalidade tributária, podendo ser tratados 
pela legislação tributária (a qual, nos termos do art. 96 do CTN, abrange lei, tratados e 
convenções internacionais, decretos e normas complementares de direito tributário). 
Portanto, não há necessidade de um desconto estar disciplinado em lei, podendo estar 
disciplinado, por exemplo, em um decreto. 
 
 
 
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Efeitos da mora no pagamento 
 
E se passa o prazo do vencimento do crédito tributário sem haver pagamento? 
Incorrerá o sujeito passivo inadimplente em mora, a qual corre automaticamente a 
partir da data do vencimento. Assim dispõe o art. 161 do CTN: 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
 Art. 161. O crédito não integralmente pago no 
vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o 
motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição 
das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer 
medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei 
tributária. 
 
Desse modo, a mora vai trazer como consequências negativas para o 
inadimplente os juros de mora e a multa moratória. 
E como serão calculados os juros de mora? O CTN responde logo no § 1º do art. 
161: 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
 Art. 161. 
(...) 
§ 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de 
mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. 
 
Atualmente, no âmbito federal, a correção monetária e os juros de mora estão 
reunidos em único índice: a SELIC. Tal previsão é justa porque, até mesmo na 
restituição de valor pago a maior ou inteiramente indevido, a correção monetária e os 
juros estão reunidos na SELIC. Nesse contexto, há ampla liberdade para que os entes 
 
 
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estaduais e municipais escolham a taxa SELIC ou não, conforme previsão da Súmula 
523 do STJ: 
SÚMULA Nº 523 DO STJ 
A taxa de juros de mora incidente na repetição de indébito 
de tributos estaduais deve corresponder à utilizada para 
cobrança do tributo pago em atraso, sendo legítima a 
incidência da taxa Selic, em ambas as hipóteses, quando 
prevista na legislação local, vedada sua cumulação com 
quaisquer outros índices. 
 
Ainda, é importante você saber que a consulta tributária impede o 
contribuinte de incorrer em mora. E o que é a consulta tributária? Ela consiste em 
processo administrativo instaurado a partir de iniciativa do contribuinte, com a 
finalidade de sanar dúvidas relativas à legislação tributária, a exemplo da interpretação 
de determinado dispositivo legal. 
Caso o contribuinte formule a consulta dentro do prazo legal para pagamento 
do tributo, enquanto pendente a consulta, não haverá a fluência de juros nem 
aplicação da penalidade. Contudo, apesar de não correr juros de mora, não se trata de 
caso de suspensão do crédito tributário, pois a exigibilidade não fica suspensa. 
 
Imputação em pagamento 
 
A imputação em pagamento ocorre quando o mesmo sujeito passivo possui 
perante o mesmo sujeito ativo mais de um débito e oferece montante insuficiente 
para a quitação de tudo. Nesse caso, o CTN optou por atribuir à autoridade 
administrativa estabelecer quais débitos seriam quitados em primeiro lugar, conforme 
rígida disciplina legal: 
 
 
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CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
Art. 163 CTN. Existindo simultaneamente 2 ou mais 
débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a 
mesma PJ de direito público, relativos ao mesmo ou a 
diferentes tributos ou provenientes de penalidade 
pecuniária ou juros de mora, a autoridade administrativa 
competente para receber o pagamento determinará a 
respectiva imputação, obedecidas as seguintes regras, na 
ordem em que enumeradas: 
I – em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e 
em segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade 
tributária; 
II – primeiramente, às contribuições de melhoria, depois 
às taxas e por fim aos impostos; 
III – na ordem crescente dos prazos de prescrição; 
IV – na ordem decrescente dos montantes. 
 
Sempre se dá preferência à proximidade do débito em relação ao sujeito 
passivo e também ao resguardo dos prazos de extinção dos débitos, além da 
preservação dos débitos de maiores valores. 
Por isso é que o primeiro critério dá prevalência aos débitos de obrigação 
própria,

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