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1 - Origem, conceito, objeto e codificação do Direito Administrativo

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03/11/2019 TEC Concursos - Questões para concursos, provas, editais, simulados.
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 Direito Administrativo (3ª edição)
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Origem, conceito, objeto e codificação do Direito Administrativo
NOÇÕES GERAIS SOBRE ESTADO
 
O estudo do Direito Administrativo requer a compreensão de institutos dos mais diversos ramos do Direito
e, especialmente, do Direito Constitucional. Por isso, antes de passarmos ao detalhamento dos pormenores
de tão rica disciplina, que é o Direito Administrativo, avançaremos pelos estudos da Teoria Geral do Estado.
 
O conceito de Estado não é fixo no tempo ou no espaço. A própria expressão “Estado” é, de modo
relativo,recente, aparecendo, com o sentido que ora se utiliza, com mais ênfase na obra “O Príncipe”, de
Maquiavel (séc. XVI). Apesar disso, alguns elementos – ditos constitutivos – costumam ser constantes: o
humano, o geográfico e o político-administrativo. Com outras palavras, e respeitadas as posições
doutrinárias divergentes, a figura do Estado só se faz presente a partir da constituição, nessa ordem, por um
povo, por um território e por um governo soberano.
 
Sinteticamente, cada um desses pode assim ser definido:
POVO é elemento humano, a base DEMOGRÁFICA. Contudo, há uma pequena ressalva. Na realidade, o
povo traduz a ideia de cidadão. Com efeito, os cidadãos compõem o povo, ao passo que população é
conceito mais abrangente, envolvendo, ainda, todos aqueles que, mesmo não sendo cidadãos, estejam
em certo território. Exemplo: estrangeiros não naturalizados fazem parte da população brasileira, caso
aqui vivam, mas não do povo.
TERRITÓRIO são os limites do Estado, sua base GEOGRÁFICA.
GOVERNO SOBERANO diz respeito ao elemento condutor, responsável pela organização do Estado,
afinal, não há Estado real sem soberania!
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Ao lado desses, há autores, como José Afonso da Silva, que acrescentam o elemento finalidade como
informador do conceito de Estado, verdadeiro elemento teleológico – (finalístico). E essa opinião se sustenta
no fato de que não se pode pensar a figura do Estado sem um projeto para o futuro, ou seja, de um fim que o
mova, o qual vem a ser a sua finalidade (os interesses públicos). Muitos autores fazem questão de destacar
que os elementos acima são INDISSOCIÁVEIS, ou seja, precisam “andar juntos” para que se chegue à noção
conceitual que se tem, atualmente, de Estado.
 
Além disso, registre-se que a uniformidade linguística não é elemento de formação dos Estados, apesar de
excelente para que se dê identidade a um povo e facilite a formação de um grande Estado.
 
Nosso país, por exemplo, é de grande extensão territorial, sendo a integração bastante facilitada por conta da
presença de um único idioma, o português. De outro lado, há países em que se falam mais de um idioma e
nem por isso deixam de ser vistos como Estado. Exemplos disso, apenas para ilustrar, a Bélgica, Suíça e
Canadá. Não precisa dizer que há países da África com variados dialetos, e, nem por isso, deixam de ser
considerados Estados.
 
Nesse instante, alguns dos leitores pensam, provavelmente: entendi! O Estado é formado pelos elementos
POVO, TERRITÓRIO E GOVERNO SOBERANO. Mas, por que aqui no Brasil, existe União, Estados, Distrito
Federal e Municípios? Qual o sentido jurídico de tais figuras? E os Territórios, como se situam?
 
Antes de responder a tais quesitos, deve-se ter em mente que diversas são as formas de Estado, a depender
da época, do território e de razões históricas.
 
Entre as formas de organização do poder político, destacam-se: a Confederação, o Estado Unitário e o
Estado Federal. Na Confederação, há a reunião de Estados soberanos. No Estado Unitário (puro e impuro)
existe um único centro de poder, responsável por todas as atribuições políticas, como a França. Já no Estado
Federal, há diferentes polos de poder político, os quais atuam de forma autônoma entre si, como o Brasil.
 
Retornemos aos quesitos. Qual o sentido jurídico das figuras: União, Estados, Distrito Federal e Municípios?
 
Vamos à resposta.
 
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A União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios são as pessoas integrantes da Federação,
ou seja, são entes políticos/federados componentes da Federação Brasileira. São pessoas jurídicas de direito
público INTERNO.
Dica de memorização - A FEderação é a FORMA DE ESTADO e é adotada aqui no Brasil.
E os Territórios?
 
Os territórios, caso voltassem a existir, deteriam competência exclusivamente administrativa, e, bem por
isso, não são considerados entes federados pela CF/1988. Os territórios são definidos doutrinariamente como
autarquias da União (seriam autarquias territoriais). A capacidade de autogoverno é inexistente, porque o
Presidente da República é responsável pela nomeação do Governador do Território, depois de
arguição(sabatina)a ser promovida pelo Senado Federal. Sobre o tema, vejamos o art. 84, inc. XIV, da CF/1988
(competência exclusiva do Presidente da República):
 
(...) nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos
Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente
e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei.
 
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Voltando à conformação jurídica de nossa Federação, há quem sustente que o Brasil seria, nesse aspecto,
espelho do sistema norte-americano. Essa afirmação é só metade verdadeira. Não é bem um espelho, pois a
Federação Brasileira foi formada por desagregação (movimento centrífugo, segregador), diferentemente
do sistema norte-americano (centrípeto ou agregador).
 
Noutras palavras, nos EUA havia Estados Soberanos, reunidos em Confederação (desde 1776), os quais
abriram mão de suas soberanias para aglutinarem-se em torno da Federação (ocorrido em 1787). Note:
movimento da periferia para o centro - agregação. Já no Brasil, tínhamos um Estado Unitário, e por
desagregação (efeito segregador) foi criadaa Federação (CF/1891), atribuindo-se aos Estados-membros
mera autonomia, sendo a República Federativa a guardiã do atributo da soberania. Então, para o fim de
provas, sobretudo discursivas, perceba que há diferenças de formação das federações brasileira e americana,
ok? Prossigamos.
 
 
O Federalismo está ligado, como visto, à distribuição interna de poder por diferentes centros políticos. Todos
os entes federativos são autônomos, ou seja, podem criar suas próprias normas (legislar), mas não são
soberanos ou independentes. Como sobredito, a soberania é atributo da República Federativa do Estado
Democrático de Direito Brasil, atributo que significa, em breves palavras, o reconhecimento que o Estado
Brasileiro tem frente aos demais Estados Soberanos. Para consolidar o entendimento, vejamos o art. 18 da
Constituição Federal:
 
A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
 
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Do dispositivo, depreende-se que todos aqueles que integram a Federação são entes políticos ou federados,
com capacidade de tríplice autonomia (legislar, administrar e se autogovernar). Para Carvalho Filho,
autonomia, no sentido técnico-político, significa ter a entidade integrante da federação capacidade de auto-
organização, autogoverno e autoadministração. No primeiro caso, a entidade pode criar seu diploma
constitutivo; no segundo, pode organizar seu governo e eleger seus dirigentes; no terceiro, pode ela
organizar seus próprios serviços.
 
Esses traços diferenciam as pessoas políticas das entidades da Administração Indireta (autarquias,
fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas), pois essas são pessoas jurídicas
exclusivamente administrativas.
 
EXEMPLO:
A autarquia Federal Banco Central não edita leis (autolegislação); a empresa pública Federal Caixa
Econômica não elege governador, prefeito, ou presidente (autogoverno).
 
Pois bem! Analisando a formação da expressão, autônomo deriva dos termos gregos AUTOS (próprio), mais
NOMOS (regras - donde deriva, também, o termo “normas”). Assim, dizer que os entes federativos são
autônomos significa dizer que podem estabelecer as próprias regras, ou seja, legislam, produzindo normas
próprias.
 
Já vimos que o Estado Brasileiro é República Federativa e Estado Democrático de Direito. Dois novos
conceitos para agruparmos ao rol já existente: o que é República? O que é ser de Direito e Democrático?
 
Na visão de José Afonso da Silva, a República (a coisa do povo para o povo) é forma de governo, ao lado da
Monarquia, mas desta distinta, referindo-se à maneira como se dá a instituição do poder na sociedade e
como se dá a relação entre governantes e governados. Responde à questão de quem deve exercer o poder e
como este se exerce.
 
Ganha destaque o fato de que, no Regime Republicano, o exercício de tal poder não é vitalício. No caso
brasileiro, por exemplo, os cargos políticos de chefia do Poder Executivo, além de eletivos, não são exercidos
nem ocupados em caráter permanente, por serem os mandatos temporários e seus ocupantes, transitórios.
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Em síntese, podem ser apresentadas as seguintes características da forma de governo - República:
Legitimidade popular dos Chefes dos Executivos (Presidente, Governadores e Prefeitos) e das Casas
Legislativas;
Temporariedade dos mandatos eletivos (contraponto da vitaliciedade monárquica);
Prestação de contas pelos gestores públicos.
 
Antes de tratarmos de Estado de Direito, cabe registrar que, no direito internacional, apenas a República
Federativa do Brasil tem competência para a formalização de tratados, dela não dispondo a União, os
Estados-membros ou os Municípios. Nesse particular, o Presidente da República não subscreve os tratados
como Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado.
STF – RE 229096/RS
No direito internacional apenas a República Federativa do Brasil tem competência para firmar tratados
(art. 52, § 2º, da CR), dela não dispondo a União, os Estados-membros ou os Municípios. O presidente da
República não subscreve tratados como chefe de Governo, mas como chefe de Estado, o que
descaracteriza a existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, III, da Constituição.
O que é Estado de Direito?
 
Para respondermos ao quesito, vejamos, inicialmente, o que diz o art. 1º da Constituição Federal de 1988:
 
A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...).
 
O “Estado de Direito”, destacado no dispositivo, pode ser assim traduzido: O Estado cria as leis (em sentido
amplo – a norma) para que a todos sejam impostas, inclusive a si mesmo. O Estado não se afasta de cumprir
a norma que cria, dado que, como diria o educador Paulo Freire: educar é dar exemplo.
 
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De que valeria o Estado criar a norma para vê-la cumprida por todos, se não fosse o Estado o primeiro
cumpridor?
 
A ideia de Estado de Direito baseia-se na imposição de “freios” à atividade do próprio Estado. A Lei diz
respeito à vontade geral, a qual, obviamente, significa a vontade do povo, a contenção do Estado pelo
povo, e não o inverso (parágrafo único do art. 1º da CF/1988 - “todo poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”).
 
Com efeito, o Estado de Direito surgiu, essencialmente, para fazer frente ao Estado Absolutista, cujo poder –
de base divina e contratualista por vezes – centrava-se na figura do soberano (rei, príncipe). No Estado de
Direito a contenção do poder é feita pela lei. Aplica-se a fórmula ocidentalizada do “rule of law” (o Estado é
que cria as regras, mas a estas deve se sujeitar). 
 
De se destacar que esse “primado da lei” no Estado de Direito gera presunção aplicável a todo e qualquerato
que provenha do Estado: a presunção de legitimidade dos atos estatais. De fato, se o Estado é de Direito e,
assim, pressupõe-se que cumpra a lei, todo e qualquer ato proveniente do Estado é produzido,
presumidamente, de acordo com a ordem jurídica, portanto é legítimo.
 
Nesse instante, alguns dos amigos leitores devem estar pensando: então todos os atos do Estado, não só os
administrativos, possuem a característica da presunção de legitimidade? Resposta: SIM! Mas, então, por
serem presumidos legítimos, tornam-se inquestionáveis?
Resposta: NÃO!
 
A presunção de legitimidade é uma presunção relativa (ou juris tantum, para aqueles que gostam de latim),
ou seja, pode ser questionada, com a necessidade de produção de provas invertida em desfavor dos
administrados (particulares).
 
Isso ocorre porque o Estado, ao fim, é composto por seres humanos, os quais são falíveis. Por exemplo, o
servidor da Receita Federal é o Estado quando atua, assim como boa parte dos amigos leitores também o
serão, logo depois das respectivas aprovações nos concursos que prestem e do consequente ato de posse.
Como qualquer ser humano, o servidor do Fisco poderá falhar. É preciso, então, que se dê oportunidade aos
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prejudicados para questionar o ato gerador. A presunção de legitimidade dos atos da Administração é,
portanto, relativa, para que não impeça o eventual questionamento das potenciais falhas. Fosse absoluta, o
que não é o caso, não seria possível o eventual recurso ou ação contra a decisão administrativa tomada. 
 
E você, agora, pergunta-se: em que o conceito de Estado de Direito importa para o Direito Administrativo? A
resposta é: em tudo! Isso porque o Direito Administrativo nasceu com o Estado de Direito. Como sinaliza
Dirley Cunha, é o Direito, ao qual o Estado passou a se submeter, que regula as relações entre a Administração
Pública e os administrados, assegurando a correta e legítima gestão do interesse público e garantindo os
direitos dos administrados.
 
Por fim, o que vem a ser Estado Democrático? A Constituição, ao mencionar Estado Democrático de
Direito, deixa evidente que não se trata de reunião meramente formal de elementos,e que os termos
Democrático e Direito, portanto, têm alcances diferenciados, sendo a democracia mais abrangente do que o
direito.
EXEMPLO:
O Estado da Venezuela é de Direito? Pode se ter em conta que sim.O problema é saber como são feitas
tais leis: será que com a real participação dos cidadãos ou meramente semântica ou formal?
Exatamente por isso que nosso texto constitucional se preocupou em inserir expressamente o termo
Democrático. Foi para afastar, de vez, a ideia de que a Constituição é meramente garantia (negativa ou
liberdade, como é o caso da Norte-americana), assumindo o compromisso formal de evolução para a ideia
de Constituição Dirigente (leia-se: preocupada com os direitos sociais – de 2ª geração – e não tão-somente
os de 1ª geração – civis e políticos).
 
DIREITO: RAMOS E SUB-RAMOS
 
O Direito é uma ciência UNA. A ciência jurídica, entretanto, é bastante complexa e difusa. Para que o estudo
seja facilitado, como em qualquer ciência e por questões meramente didáticas, o Direito é dividido nos
seguintes ramos: privado, público e social. 
 
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O autor Celso Antônio Bandeira de Mello ensina que o Direito Privado é governado pela autonomia de
vontade, isto é, as partes elegem as finalidades que desejam alcançar, servindo-se para tanto dos meios que
elejam, desde que, obviamente, tais finalidades ou meios não esbarrem no Direito.
 
De modo distinto, o Direito Público se ocupa de interesses da sociedade como um todo, interesses
públicos, cujo atendimento não é um problema pessoal de quem os esteja a curar, mas um dever ou encargo
público inescusável. Assim, não há espaço para a autonomia da vontade, que é substituída pela ideia de
função, de dever de atendimento ao interesse público.
 
O ramo do Direito Social é sui generis, sendo citado por literatura especializada. É um ramo responsável
pelos Direitos concernentes aos hipossuficientes, como é o caso do Direito Acidentário e Assistencial. A
citação ao referido ramo é apenas demonstrativa, isso porque, até hoje, constitui tema raro em concursos
públicos.
 
Como sub-ramos do Direito Privado, há o Direito Civil e o Comercial, sendo este, parcialmente, positivado no
próprio Código Civil. São sub-ramos em que o predomínio é o interesse individual. Resgatando Orlando
Gomes, o Direito Privado pode ser entendido como aquele que regula as relações entre os homens, tendo em
vista o interesse particular dos indivíduos, ou a ordem privada (Direito Civil e Comercial).
 
Já o Direito Público se encarrega da disciplina dos interesses da coletividade, do interesse público e social,
competindo-lhe a organização do Estado (como o Direito Constitucional); a atividade financeira
(arrecadatória) do Estado (como o Direito Tributário); a disciplina da hierarquia entre seus órgãos, das
relações com seus servidores (como é o caso do Direito Administrativo). 
 
Nessa passagem, percebemos claramente que o Direito Administrativo é sub-ramo do direito público interno,
uma vez que regula as relações em que predominam os interesses do Estado, em posição de verticalidade,
de supremacia, e porque em pelo menos um dos polos da relação disciplinada por ele está a Administração
Pública.
 
Por fim, cabe reiterar que essa dicotomia (público e privado) é meramente didática. Por exemplo: há normas
do direito privado que defendem interesses públicos (por exemplo: direito de família), o chamado
dirigismo estatal; por outro lado, existem normas de direito administrativo para a defesa de interesses
dos particulares (leia-se: dos administrados), como são as normas de segurança e os direitos
fundamentais. (7385849?exercicio=1) (7385756) (7385867)  ✏     
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ORIGEM DO DIREITO ADMINISTRATIVO
 
CONSIDERAÇÕES GERAIS
 
Vamos distinguir as três principais funções do Estado: legislar, administrar e julgar, as quais, inclusive,dão
origem aos “Poderes” constituídos, tal qual escrito na Constituição (art. 2º):
São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.
Sobre a separação de poderes, o autor mais influente e discutido a respeito da repartição das atividades de
Estado é, muito provavelmente, Charles-Louis de Secondat, o Barão de Montesquieu.
 
No seu clássico “O Espírito das Leis”, Montesquieu registrou que as missões fundamentais do Estado de
legislar (função legislativa: criar o Direito novo), de julgar (função judicial ou jurisdicional: aplicar o Direito
aos casos conflituosos, solucionando-os em definitivo) e de administrar (função administrativa ou executiva:
usar a norma jurídica criada, para, aplicando-a, dar atendimento às demandas concretas da coletividade)
deveriam ser exercidas por órgãos diferentes, independentes.
 
Desse modo, quem julgasse, não administraria; quem administrasse, não legislaria, e assim sucessivamente.
Esta ideia rodeia quase todo o direito ocidental moderno, tal como no Brasil, que, como dito, consagra essa
“tripartição” de poderes no art. 2º da CF/1988. (7385849?exercicio=1) (7385756) (7385867)  ✏     
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Acontece que, tecnicamente, a abordagem inicial de Montesquieu não falava de “Poderes”, mas sim de
órgãos distintos, exercentes do Poder. Decorre daí o entendimento de que o Poder é UNO, havendo apenas
uma distribuição funcional de seu exercício – aquilo que os constitucionalistas chamam de princípio da
especialização.
 
De fato, o Poder do Estado, que é um só, indivisível, é exercido em diversas frentes. A divisão do Poder entre
órgãos diferentes possibilita a estes efetuarem um controle recíproco, constituindo o que se reconhece na
doutrina constitucionalista como sistema de “Freios e Contrapesos” (ou checks and balances, para os mais
chegados à língua inglesa).
 
Todavia, diferentemente da tripartição de Montesquieu (considerada rígida), o exercício dos Poderes no Brasil
dá-se por precipuidade (preponderância, especialização) de função, enfim, não há exclusividade. Tome-se
como exemplo a ordem jurídica brasileira. Vejamos, a seguir, a representação gráfica da tripartição brasileira:
Para ilustrar, analisemos os ensinamentos do autor José dos Santos Carvalho Filho, que sintetiza a referida
distribuição de funções:
Os Poderes estatais, embora tenham suas funções normais (funções típicas), desempenham também
funções que materialmente deveriam pertencer a Poder diverso (funções atípicas), sempre, é óbvio, que
a Constituição o autorize.
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O Legislativo, por exemplo, além da função normativa, exerce a FUNÇÃO JURISDISCIONAL quando o
Senado processa e julga o Presidente da República nos CRIMES DE RESPONSABILIDADE (art. 52, I, CF) ou
os Ministros do Supremo Tribunal Federal pelos mesmos crimes (art. 52, II, CF). Exerce também
a FUNÇÃO ADMINISTRATIVA quando organiza seus serviços internos (arts. 51, IV, e 52, XIII, CF).
O Judiciário, afora sua função típica (função jurisdicional), pratica atos no exercício de FUNÇÃO
NORMATIVA, como na elaboração dos regimentos internos dos Tribunais (art. 96, I, "a", CF), e de FUNÇÃO
ADMINISTRATIVA, quando organiza os seus serviços (art. 96, I, "a", "b", "c"; art. 96, II, "a", "b" etc.).
Por fim, o Poder Executivo, ao qual incumbe precipuamente a função administrativa, desempenha
também FUNÇÃO ATÍPICA NORMATIVA, quando produz, por exemplo, normas gerais e abstratas através
de seu poder regulamentar (art. 84, IV, CF), ou, ainda, quando edita medidas provisórias (art. 62, CF) ou
leis delegadas (art. 68, CF). Quanto à FUNÇÃO JURISDICIONAL, o sistema constitucional pátrio
vigente não deu margem a que pudesse ser exercida pelo Executivo.
Portanto, no Brasil, a função administrativa de Estado é essencialmente exercida pelo Poder Executivo.
Contudo, não há como se negar que a mesma função é desempenhada por todos os demais Poderes. A
questão seria identificar a quem é outorgada a função de forma típica ou atípica. Entendamos isso melhor.
 
A missão típica do Poder Judiciário é aplicar o direito aos casos litigiosos que lhes sejam submetidos.
Contudo, atipicamente, o mesmo Poder pode deflagrar o processo legislativo, quando encaminha normas
para apreciação do Poder Legislativo. Da mesma forma, o Judiciário realiza licitações (administração de
compras, obras, serviços) e concursos públicos para seleção de servidores (administração de pessoas),
exercendo, mais uma vez de maneira atípica, funções administrativas.
 
Essa mesma função – administrativa – pode ser percebida com relação ao Poder Legislativo, quando abre
procedimentos administrativos e realiza concursos públicos para acesso aos cargos públicos. O Legislativo
também desempenha a atividade jurisdicional, em sentido amplo, quando, por exemplo, o Senado processa
e julga o Presidente da República nos crimes de responsabilidade (inc. I do art. 52 da Constituição Federal).
 
O Poder Executivo, cuja missão típica é a atividade administrativa, também exerce, atipicamente, a
missão legislativa. Exemplo disso é a de edição de medidas provisórias por parte do Presidente da
República, medidas estas que possuem força de lei desde sua edição (art. 62 da CF/1988). Havendo previsão
na Constituição dos Estados e nas Leis Orgânicas, tanto os Governadores como os Prefeitos ficam
autorizados a editarem medidas provisórias.     
 
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Contudo, como bem informado por José dos Santos Carvalho Filho, ao Poder Executivo não é dado o
exercício da atividade jurisdicional (estrito senso), com o sentido que esta deve ser vista, ou seja, com
força de definitividade. Ainda que o Executivo decida os processos administrativos de sua competência, as
decisões não constituirão coisa julgada material ou definitiva, em sentido estrito, à semelhança das
decisões proveniente do Poder Judiciário. Este, inclusive, tem sido o entendimento majoritário nas provas, as
quais, no entanto, por vezes, pregam-nos "peças", ou seja, a depender da linha doutrinária adotada (porém,não divulgada!), pode-se entender pela atividade judicante por parte do Executivo, ao julgar os processos
administrativos.
 
A Jurisdição é quase que monopolizada pelo Poder Judiciário e apenas em casos excepcionais pode ser
exercida pelo Legislativo. Essa é a posição da doutrina majoritária e que devemos levar para a prova.
Não obstante, há quem defenda que o Poder Executivo exerce atividade jurisdicional, porém sem
definitividade - como é o caso do autor Diogo Figueiredo, que, no entanto, tem sido voz vencida, tratando-
se, é claro, de concursos públicos, porque o Executivo não exerce atividade jurisdicional em sentido formal.
 
Porém, não há duvida de que a questão é tormentosa, afinal, no mundo dos concursos não há verdades
absolutas! E, nesse ponto, há forte divergência doutrinária, de modo que as bancas não deveriam formular
quesitos dessa natureza.
 
ORIGEM DO DIREITO ADMINISTRATIVO
Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro aponta, a formação do Direito Administrativo como ramo autônomo,
dotado de princípios e objeto próprios, teve início a partir do momento em que começou a desenvolver-se o
conceito de Estado de Direito, estruturado sobre o princípio da legalidade e sobre o princípio da
separação de poderes.
 
O Direito Administrativo Brasileiro certamente não “brotou” antes do Direito Romano, do Germânico, do
Francês, do Italiano, o que, de certa forma, é para ser visto com bons olhos. O que é mais fácil: criticar um livro
de um grande autor ou fazer um livro de igual quilate? Criticar, obviamente, porque podemos aprimorá-lo e
não simplesmente partir do zero.
 
Com o Direito Administrativo Brasileiro não foi diferente, pois, tendo as contribuições dos diversos direitos
nacionais (francês, inglês, italiano, alemão, e outros), o nosso Direito pode captar os traços positivos e
reproduzi-los de acordo com a nossa realidade histórica.
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Dos direitos nacionais, provavelmente, foi do francês (de base romanística), berço do Direito Administrativo,
que o nosso sistema se fartou.
São exemplos de contribuições francesas:
Responsabilidade civil objetiva do Estado: existente, entre nós, desde a Constituição de 1946. É
encontrada, atualmente, no §6º do art. 37 da CF/1988, traduzida na ideia de que o Estado será
responsável pelos atos lícitos ou ilícitos dos agentes;
Presença de cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos: cláusulas que garantem a
posição de supremacia do Estado sobre os particulares, como, por exemplo, o Estado ficar sem
pagar pelos serviços e o contratado ter a obrigação de executá-los;
Inserção do princípio da moralidade administrativa de forma expressa no texto da Constituição;
Regime legal dos servidores (Lei 8.112/1990, na esfera federal): com a finalidade de se evitar o
sistema de despojos (“spoil system”), que, com a entrada de novo Governante, todo o corpo de
servidores era despojado para a colocação de novos agraciados.
É bem verdade que existem outras contribuições, todavia, tendo em conta o objetivo deste curso (concursos
públicos), pensamos ser suficiente essa apresentação. E mais: nas provas, as ilustres bancas organizadoras
insistem em cobrar a contribuição advinda de fora da França! Vejamos.
 
Na França, as decisões administrativas são definitivas, ou seja, não cabe a reapreciação pelo Poder
Judiciário. É o que a doutrina denomina contencioso administrativo. Portanto, na França, não temos
apenas uma jurisdição, mas sim duas: a administrativa (sistema de contencioso administrativo) e a
judiciária (comum). Nesse contexto, as decisões geradas pelo Estado-administrador são definitivas e, assim,
não sindicáveis pelo Poder Judiciário.
 
Então responda: no Brasil,será que existe a separação das autoridades administrativa e judiciária? Será que as
decisões adotadas por um Ministério ou por Tribunais de Contas não poderão ser sindicáveis/controláveis
pelo Poder Judiciário?
 
A resposta é simples. No entanto, primeiro passemos à leitura do art. 5º, XXXV, da CF/1988:
 
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
A partir da leitura do texto, desvendamos que não vigora entre nós a existência de duas jurisdições (como
na França) – o sistema contencioso; houve, para a formação do nosso sistema de jurisdição, a contribuição
do sistema inglês, em que a definitividade é traço formal do Judiciário (sistema de jurisdição UNA ou ÚNICA).
 
Em conclusão, as decisões adotadas pelas instâncias administrativas (ressalvado o mérito administrativo)
podem ser sindicadas (princípio da sindicabilidade) pelo Poder Judiciário.
 
Mas, e o tal contencioso administrativo? Não existe no Brasil, afinal já ouvi Professor de Direito Tributário
mencionando, expressamente, sobre contencioso administrativo Tributário? Abaixo explicamos
detalhadamente. Vejamos.
 
A coisa julgada e suas implicações são estudadas, mais enfaticamente, nas aulas de Direito Processual, e,
quando muito, em Direito Constitucional. A razão é lógica: o instituto é típico da função jurisdicional,
naturalmente a responsável por dar definitividade às decisões, pela pacificação social. O juiz, nas lides
(demandas, litígios), atua de forma imparcial, não sendo parte no processo em si. Portanto, a relação
estabelecida nos contenciosos judiciais costuma ser trilateral (de um lado as partes – autor e réu, e, de outro,
o juiz). Daí não ser criticável a formação de coisa julgada.
 
Por outro lado, os litígios que surgem no interior do Estado-administrador (da Administração Pública) têm
de um lado o administrado (particulares ou servidores, conforme o caso), e de outro a própria
Administração. Curioso, não é verdade? A Administração é parte na relação, agindo, por conseguinte, de
forma parcial. E, por isso, a doutrina registra que a decisão administrativa não pode ser definitiva, afinal
ninguém pode ser juiz e parte ao mesmo tempo. Abre-se, dessa forma, a possibilidade de o prejudicado
“bater às portas” do Poder Judiciário para suscitar a revisão da decisão.
 
Portanto, mesmo que, por vezes, no Direito Administrativo seja empregada a expressão coisa julgada, não se
tem em tal ramo jurídico o mesmo sentido que se dá no Direito Judiciário. Ela significa apenas que a decisão
se tomou irretratável pela própria Administração, conforme ensina a Professora Maria Sylvia Di Pietro.
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Para Dirley Cunha, a coisa julgada administrativa torna os atos ou decisões da Administração Pública
definitivos e imutáveis, mas apenas internamente, ou seja, tão-somente para a Administração Pública,
impedindo-a de alterar suas próprias decisões. Exatamente por isso, não há impedimento de as decisões
serem revistas pelo Poder Judiciário, o que significa dizer que a coisa julgada administrativa não é oponível
ao Judiciário.
 
Como registra José dos Santos Carvalho Filho, a coisa julgada administrativa é a situação jurídica pela qual
determinada decisão firmada pela Administração não mais pode ser modificada na via administrativa. A
irretratabilidade, pois, se dá apenas nas instâncias da Administração, ou seja, a definitividade da decisão
administrativa é relativa, isso porque o administrado poderá socorrer-se do Poder Judiciário, e este poderá
decidir em sentido contrário ao decidido pela Administração, reformando, dentro de alguns limites a serem
ainda estudados, a decisão administrativa adotada.
 
Ficamos assim: a coisa julgada administrativa ocorre apenas dentro da Administração Pública, ora porque a
decisão tornou-se irrecorrível, ora porque se está diante de atos irrevogáveis.
 
Tratemos, agora, da conhecida instância administrativa de curso forçado.
 
Apesar de “as portas” do Poder Judiciário permanecerem abertas à tutela das ameaças e lesões a direito, é
oportuno salientar que, por vezes, o particular deve, primeiramente, vencer a esfera administrativa. É o que a
doutrina chama de instância administrativa de curso forçado.
 
Então, há ou não necessidade de exaurimento das vias administrativas para “batermos às portas” do
Judiciário? Será a instância administrativa de curso forçado regra ou exceção? Vejamos.
 
O Brasil adota o sistema inglês, de jurisdição una, para controle judicial de atos jurídicos. No entanto, a
adoção da jurisdição una não impede que a Administração Pública instaure processos administrativos
visando tomar as decisões dessa natureza. Detalhe-se que tais decisões não serão dotadas da definitividade
típica das decisões judiciais, em razão da unicidade (ou inafastabilidade) da jurisdição do Poder Judiciário.
No máximo, como pré-falado, a formação de coisa julgada é administrativa (formal, não definitiva),
entenda: a matéria torna-se irrecorrível para a própria Administração, que fica proibida de rever o ato
administrativo, porém, não o Judiciário.
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Pergunta instigante diz respeito ao momento em que um eventual interessado pode socorrer-se do
Judiciário, já tendo sido instaurado um processo administrativo.
 
A regra é que a qualquer instante uma matéria pode ser levada à apreciação judicial, ainda que já
instaurado ou já decidido o processo administrativo. Isso se dá em razão da unicidade de jurisdição,
própria do Poder Judiciário. Mas a questão merece temperamentos...
 
Por exceção, há situações em que só depois de esgotada a instância administrativa, um assunto poderia
ser levado à apreciação de um juiz. Os casos “clássicos” para fins de concurso público são:
1. Processos administrativos referentes à Justiça Desportiva. Com relação a essa, o Judiciário só
aceitará ações judiciais referentes a competições desportivas depois de se esgotarem as instâncias
desportivas (§1º do art. 217 da CF, de 1988);
2. Reclamação a ser interposta perante o STF em razão do descumprimento do teor da Súmula
Vinculante. Vejamos o §1º do art. 7º da Lei 11.417/2006:
Art. 7º Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante,
negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem
prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação.
§ 1º Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido após
esgotamento das vias administrativas.
3. Art. 5º, I, da Lei 12.016, de 2009 (nova Lei do Mandado de Segurança - MS), dispôs-se que o MS não é
cabível se houver recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução. Mais à
frente, veremos que o Poder Judiciário atua por provocação, sendo instância de exceção. Por isso, se
há recurso administrativo, com efeito suspensivo, não há prejuízo para a parte, inexistindo, portanto,
interesse de se demandar o Judiciário;
4. Súmula Vinculante 24 - Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º,
incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. A atividade de lançamento é
privativa da autoridade tributária, sendo, portanto, atribuição administrativa. Há a necessidade de
exaurimento da via administrativa, para a tipificação de crime material contra a ordem tributária;
5. Por reforço, acrescente-se que há doutrinadores que defendem ser o juízo arbitral (a arbitragem) e o
habeas data formas de esgotamento prévio ou de condição de acesso ao Judiciário.
O argumento é bastante razoável, sendo forçoso reconhecê-lo. Isso porque, havendo a presença de cláusula
compromissória (leia-se: acordo prévio entre as partes de que futuros conflitos seriam resolvidos nas
câmaras de arbitragem), primeiramente, as partes devem levar a resolução dos conflitos surgidos ao árbitro, (7385849?exercicio=1) (7385756) (7385867)  ✏     
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responsável por dizer o direito entre as partes (leia-se: de forma extrajudicial).
 
Quanto ao habeas data, a organizadora FCC, por exemplo, em prova de Direito Constitucional, para APOFP-
SP, considerou o instrumento como instância administrativa de curso forçado. Talvez devido ao teor da
Súmula 2 do STJ, em que se exige a negativa da via administrativa, como condição de acesso ao Poder
Judiciário. Portanto, tenham cuidado com tal afirmativa, pois outras bancas podem seguir idêntico
posicionamento!
CODIFICAÇÃO
 
Sr. concursando, você, por acaso, já viu, nas livrarias, um Código de Direito Administrativo? Algo parecido com
o que é encontrado em Tributário, Penal, Processo e outros mais? Claro que não! É que Direito Administrativo
Brasileiro ressente-se de codificação legal.No entanto, ao vasculharmos os manuais de Direito Administrativo, percebemos três correntes a favor ou
contra a reunião de forma harmônica das normas administrativas, assim distribuídas:
1ª – O Direito Administrativo não pode ser codificado: sendo o Direito Administrativo bastante
dinâmico, seus defensores apontam para o perigo de petrificar o direito, tornando-o inerte às
evoluções, às transformações do mundo, como ocorrido com o Código Civil de 1916 alterado, tão
somente, em 2002;
2ª – O Direito Administrativo deve ser codificado totalmente: segundo seus defensores, haveria
facilitação na compreensão e aplicação das normas, garantindo-se aos administrados maior segurança
jurídica;
3ª – O Direito Administrativo é passível de codificação parcial: das correntes, essa parece ser a
menos extremada, não defendendo a inexistência de qualquer código ou a existência de um código
totalizante. São exemplos de codificações parciais: Código de Águas; Código Florestal; Lei 8.112/1990;
Lei 9.784/1999 (Lei de Processo Federal); Lei 8.987/1995 (Lei de Concessões de Serviços Públicos).
CONCEITO E OBJETO DO DIREITO ADMINISTRATIVO
 
O Direito Administrativo é assemelhado ao grupo do X-MEN, cheio de mutações. É verdade, dos Direitos, é
aquele que, provavelmente, sofre mais mudanças ao longo dos séculos. E, muitas das vezes, conta com
mudanças gritantes territoriais. Quer dizer que o Administrativo de hoje, no Brasil, não é igual àquele que
 (7385849?exercicio=1) (7385756) (7385867)  ✏     
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vigorou no século passado, bem como, o Administrativo Brasileiro não é idêntico àquele vivenciado, hoje, no
Chile, para o mesmo período.
 
Por isto, a definição do conceito de Direito Administrativo envolve um leque considerável de opções; ao longo
da história do Direito Administrativo, vários foram os critérios utilizados na tentativa de detalhá-lo. Isso ocorre
em razão do próprio dinamismo e evolução do Direito Administrativo.
 
Apesar da constelação de critérios, as bancas examinadoras tendem a cobrança de apenas parte deles.
Vejamos os principais:
 
1º – CRITÉRIO legalista, exegético, empírico, caótico, ou francês
 
Com a revolução francesa e o império da burguesia, houve grande preocupação de se codificar o direito que
andava espalhado pela natureza em papel (ou seja, a positivação do direito natural em normas), com a
finalidade, entre outras, de se garantir aos cidadãos maior segurança em suas liberdades e, sobretudo,
propriedades.
 
Nessa época, o Direito Administrativo teve por objeto a interpretação das normas jurídicas administrativas
e atos complementares (leia-se: direito positivo). Assim, estruturou-se a partir da interpretação de textos
legais, proporcionada pelos Tribunais Administrativos.
Crítica: a palavra direito não pode (não deve) se resumir a um amontoado de leis. O direito não deve se
resumir à interpretação de leis e de regulamentos administrativos. Muito mais que leis, o Direito
Administrativo deve levar em consideração a carga valorativa dos princípios, sem falar da doutrina, da
jurisprudência e dos costumes.
 
Há um cartaz na entrada do metrô que diz – “proibido entrada com cães”; outro na entrada de um
parque que diz – “proibido entrada com veículos automotores”. De acordo com o critério exegético
(legalista), a solução seria de se admitir a entrada com cobras (são répteis) e baleias (são mamíferos, mas
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não são cães) e a de não autorizar a entrada da ambulância, a fim de socorrer pessoas dentro do Parque,
por exemplo. Porém, nos dias atuais e amparado pelo princípio da razoabilidade, isso não seria possível.
2º – CRITÉRIO do Poder Executivo ou Italiano
 
Segundo seus defensores, o Direito Administrativo é o conjunto de princípios regentes da organização e
das atividades do Poder Executivo, incluídas as entidades da Administração Indireta (autarquias e
fundações, por exemplo).
Crítica: o Direito Administrativo não se resume à disciplina do Poder Executivo, afinal, todos os Poderes
administram, embora, para alguns, isso constitua missão atípica. E mais: no Poder Executivo, nem tudo é
objeto do Direito Administrativo, como são as funções de governo, regidas pelo Direito Constitucional.
 
3º – CRITÉRIO das relações jurídicas
Para seus defensores, o Direito Administrativo é responsável pelo relacionamento da Administração Pública
com os administrados.
O critério é válido.
Crítica: o que fazer com o Direito Tributário, Penal, Eleitoral, Processual, e outros, que mantêm relação com
os administrados? Enfim, não é o Direito Administrativo o único, entre os ramos, a manter relação com os
administrados.
 
4º – CRITÉRIO do serviço público
Essa escola de pensamento inspirou-se, basicamente, na jurisprudência do conselho de Estado francês, mais
precisamente quando do julgamento da responsabilidade civil do Estado (atropelamento de menina – Agnès
Blanco – por prestadora de serviços públicos).
 
Para seus defensores, o Direito Administrativo regula a instituição, a organização e o funcionamento dos
serviços públicos, bem como a prestação aos administrados. Enfim, todas as atividades do Estado se
resumem a serviços públicos.
 
A definição do que é serviço público encontrou terreno fértil especialmente na França do séc. XIX, tendo tal
critério contado com fortes defensores, entre eles: Leon Duguit e Gaston Jèze.
  (7385849?exercicio=1) (7385756) (7385867)  ✏     
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No entanto, tais autores diferiram quanto ao alcance do serviço público, como objeto do Direito
Administrativo: Duguit (sentido amplo) e Jèze (sentido estrito).
 
Para Duguit, serviços públicos incluem todas as atividades Estatais, de direito constitucional à atividade
econômica (sentido amplo), deixando, portanto, de distinguir a atividade jurídica do Estado e a atividade
material, a serem prestadas aos cidadãos.
 
De sua parte,Jèze considerou serviço público tão somente a atividade material do Estado (leia-se: aquela
de dentro para fora, com a finalidade de satisfação das necessidades coletivas - sentido estrito), cercada
de prerrogativas de direito público,excluindo, portanto, os serviços administrativos (internos) e os serviços
industriais e comerciais (predominantemente privados).
 
Crítica: ao lado dos serviços públicos, o Estado realiza, por exemplo, Poder de Polícia, o qual, como é de
conhecimento, é uma atividade eminentemente negativa, daí inconfundível com os serviços públicos
(atividade positiva do Estado).
 
5º – CRITÉRIO teleológico
Também chamado de finalista, segundo o qual o Direito Administrativo é um conjunto harmônico de
princípios que disciplinam a atividade do Estado para o alcance de seus fins.
 
O critério é válido, mas, assim como o das relações jurídicas, não é isento de críticas.
 
Crítica: o que são os fins do Estado? Não há uma resposta precisa, matemática, para o que sejam finalidades
do Estado. Na verdade, o Direito Administrativo não se destina propriamente aos fins do Estado, mas sim ao
atendimento dos interesses da coletividade.
 
6º – CRITÉRIO da hierarquia orgânica
Segundo esse critério, o Direito Administrativo rege os órgãos inferiores do Estado, enquanto o Direito
Constitucional estuda os órgãos superiores.
 
 (7385849?exercicio=1) (7385756) (7385867)  ✏     
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Crítica: a Presidência da Republica é objeto de estudo do Direito Administrativo e não é órgão inferior, mas
sim independente e indispensável à estrutura do Estado (ou seja, é um órgão superior).
 
7º – CRITÉRIO residual ou negativista
As funções do Estado são em número de três: judicial, legislativa e administrativa. Assim, o que não é judicial,
não é legislativo; logo, só pode ser (por sobra, residualmente) administrativo. Em suma, o Direito
Administrativo é ramo do direito público que disciplina todas as atividades estatais que não sejam
judiciais ou legislativas.
 
Crítica: as definições servem para dizer o que as coisas são e não o que não são. Outra crítica é que dentro do
Poder Executivo nem tudo é regulamentado pelo Direito Administrativo; exemplo disso é a atividade
política, disciplinada essencialmente pelo Direito Constitucional.
 
Ainda assim, esse critério é relevante para encontrarmos o objeto do Direito Administrativo. Para a doutrina, o
Estado sobrevive sem leis e sem juízes, mas um Estado sem Administração é anarquia. Nesse contexto, a
Administração é, entre as funções estatais, a mais compreensiva (abrangente).
 
8º – CRITÉRIO da Administração Pública
De acordo com esse critério, o Direito Administrativo constitui o ramo do direito que rege a Administração
Pública como forma de atividade; define suas pessoas administrativas, organização e agentes; regula,
enfim, os seus direitos e obrigações, umas com as outras e com os particulares, por ocasião do
desempenho da atividade administrativa.
 
Ainda que se possa criticar o conceito, pode-se afirmar que no direito brasileiro, hoje, é o mais aceito pela
doutrina, utilizado por autores para traçar a definição de Direito Administrativo.
 
A expressão Administração Pública pode assumir sentidos diversos, conforme o contexto em que esteja
inserida. Vejamos:
 
 
 
Administração Pública
Sentido
AMPLO RESTRITO
 (7385849?exercicio=1) (7385756) (7385867)  ✏     
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Subjetivo, Orgânico ou
Formal
Órgãos governamentais e
administrativos
Apenas órgãos
administrativos
Objetivo, Material ou
Funcional
Funções políticas e
administrativas
Apenas funções
administrativas
 
 O termo “Administração Pública” envolve, em sentido amplo, além dos órgãos e funções administrativas, os
órgãos e funções políticas. Vamos, desde logo, entendermos as funções administrativas e as funções políticas
(de Governo).
 
As funções administrativas são complementares às leis. São realizadas basicamente de forma vinculada,
visando ao atendimento concreto e direto do interesse da coletividade. O “concreto” é ponto distintivo da
função legislativa, tipicamente abstrata. O “direto” tem como contraponto a função judicante, em que o
exercício dá-se por provocação do particular (princípio da inércia ou demanda).
 
Já as funções políticas (de Governo) são aquelas realizadas pela alta cúpula da Administração. São de
extração constitucional, como o ato de declaração de Guerra pelo chefe do Executivo Federal. Possuem como
traços marcantes a coordenação, a direção e o planejamento. São os núcleos do Estado, marcados pela maior
discricionariedade, definidores das políticas públicas.
 
Acrescente-se que as funções políticas ou de Governo concentram-se, primariamente, nos Poderes Executivo
e Legislativo. Isso mesmo,  “primariamente”. Afinal, no Brasil, segundo o STF, o Judiciário, ainda que
indiretamente, pode contribuir para a implementação de políticas públicas. Sobre o tema, fiquem atentos ao
voto do Ministro Celso de Mello na ADPF 45/DF (reserva do possível), do qual se extrai que o Poder Judiciário
também tem missão política, embora indireta. Breve trecho do voto, a seguir:
(...) não se mostrará lícito, no entanto, ao Poder Público, mediante indevida manipulação de sua
atividade financeira e/ou político-administrativa, criar obstáculo artificial que revele o ilegítimo,
arbitrário e censurável propósito de fraudar, de frustrar e de inviabilizar o estabelecimento e a
preservação, em favor da pessoa e dos cidadãos, de condições mínimas de existência (...) a cláusula da
reserva do possível, ressalvada a ocorrência de justo motivo, não poderá ser invocada, pelo Estado, com
 (7385849?exercicio=1) (7385756) (7385867)  ✏     
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a finalidade de exonerar-se do cumprimento de suas obrigações constitucionais, notadamente quando,
dessa conduta governamental negativa, puder resultar nulificação ou, até mesmo, aniquilação de
direitos constitucionais impregnados de um sentido de essencial fundamentalidade.
Em relação ao sentido subjetivo, orgânico ou formal, a expressão diz respeito aos sujeitos, aos entes que
exercem a atividade administrativa (pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos). Para identificar o aspecto
orgânico, suficiente a seguinte pergunta: quem exerce a atividade?
 
Já o sentido objetivo, material ou funcional designa a natureza da atividade, as funções exercidas pelos
entes, caracterizando,portanto, a própria função administrativa, exercida predominantemente pelo Poder
Executivo. Pergunta chave para identificação do sentido: qual a atividade (função) exercida?
 
Apesar de ser óbvio, vale reforçar que não é apenas o Poder Executivo que edita atos administrativos.
Todos os Poderes editam atos administrativos quando, por exemplo, abrem sindicância, efetuam aquisição
de bens, nomeiam um funcionário ou concedem férias. A diferença básica é que compete tipicamente ao
Poder Executivo administrar, ao passo que os outros Poderes, ao exercerem atividades administrativas,
encontram-se no desempenho de atribuições atípicas.
 
O Direito Administrativo, portanto, rege toda e qualquer atividade de administração, provenha esta do
Executivo, do Legislativo ou do Judiciário.
 
Assim, no sentido subjetivo (ou formal ou orgânico, que são vocábulos sinônimos), a expressão
Administração Pública abrange órgãos, entidades ou agentes, que tenham por papel desempenhar tarefas
administrativas do Estado.
Na visão objetiva, administração pública consiste nas atividades levadas a efeito pelos órgãos e agentes
incumbidos de atender as necessidades da coletividade. Nesse contexto, a expressão deve ser grafada com
iniciais minúsculas, por se tratar efetivamente da atividade administrativa, a qual, ao lado da legislativa e da
judiciária, forma uma das funções tripartite do Estado.
Sob o ponto de vista material, a administração pública abarca as seguintes atividades finalísticas: fomento,
polícia administrativa, serviço público e intervenção. A seguir, breves explicações:
I – fomento: refere-se à atividade administrativa de incentivo à iniciativa privada de utilidade ou
interesse público, tais como o financiamento em condições especiais, as desapropriações que
beneficiem entidades privadas desprovidas do intuito do lucro e que executem atividades úteis à (7385849?exercicio=1) (7385756) (7385867)  ✏     
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coletividade.
II – polícia administrativa: abrange as atividades administrativas restritivas ao exercício de direitos
individuais, tendo em vista o interesse de toda coletividade ou do Estado. Não se trata, aqui, das
polícias civil, federal e militar, que são órgãos da Administração Pública, e, por consequência,
compõem a Administração Pública, mas no sentido subjetivo (ainda que exerçam atividades de polícia
administrativa).
III – serviço público: diz respeito às atividades executadas direta ou indiretamente pela Administração
Pública e em regime predominantemente de direito público, em atendimento às necessidades
coletivas.
IV – intervenção: é entendida como sendo a regulamentação e fiscalização da atividade econômica de
natureza privada (art. 174 da CF/1988), bem assim a atuação do Estado diretamente na ordem
econômica (art. 173 da CF/1988). Como regra, essa atuação dá-se por intermédio de empresas públicas
e de sociedades de economia mista, instituídas e mantidas pelo Estado.
 
Por fim, ao lado dos critérios subjetivo (conjunto de órgãos) e material (conjunto de funções) de
Administração Pública, Hely Lopes destaca o sentido operacional. Para o autor, em sentido operacional, a
Administração Pública é o desempenho perene e sistemático, legal e técnico, dos serviços próprios do Estado
ou por ele assumidos em benefício da coletividade.
 
Vejamos o conceito de Direito Administrativo apresentado por Maria Sylvia Zanella Di Pietro: "Ramo do
direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a
Administração Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a
consecução de seus fins, de natureza pública".
 
Abaixo, um resumo dos principais critérios envolvidos na definição do conceito de Direito Administrativo:
Critério
Definição de Direito
Administrativo
Críticas
Legalista,
exegético,
empírico,
caótico, ou
francês
Tem por objeto de estudo a
interpretação das normas
jurídicas administrativas e
atos complementares.
Direito Administrativo não deve se
resumir à interpretação de leis e de
regulamentos administrativos, devendo
considerar a carga valorativa dos
princípios, além da doutrina, da
jurisprudência e dos costumes.
 (7385849?exercicio=1) (7385756) (7385867)  ✏     
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Poder Executivo
ou Italiano
Tem por objeto de estudo a
atividade desempenhada
pelo Poder Executivo.
Atividades estatais de Administração
Pública são principalmente, mas não
exclusivamente, realizadas pelo
Executivo. Outras atividades levadas a
efeito pelo Executivo são regidas por
outros ramos do direito (ex.:
Constitucional, Civil, Empresarial).
Relações
Jurídicas
Regem as relações entre a
Administração e os
administrados.
Outros ramos também regem a relação
entre o Estado e os administrados
(Direitos Tributário, Penal, Eleitoral).
Serviço Público
Estuda as atividades
entendidas como serviço
público.
Sentido amplo: Direito Administrativo
abrangeria assuntos abordados por outros
ramos do Direito (ex.: Constitucional).
Sentido restrito:Direito Administrativo
abrangeria atividades industriais e
comerciais prestadas pelo Estado,
fugindo ao objeto do estudo do Direito
Administrativo.
Teleológico
Regula a atividade do
Estado para o
cumprimento de seus fins.
Imprecisão acerca das finalidades do
Estado, abrangendo a atividade legislativa
do Estado.
Hierarquia
Orgânica
Direito Administrativo rege
os órgãos inferiores do
Estado, enquanto o Direito
Constitucional estuda os
órgãos superiores.
Critério é parcialmente válido. Ex.:
Presidência da Republica é objeto de
estudo do Direito Administrativo e não é
órgão inferior, mas sim independente e
indispensável à estrutura do Estado (leia-
se: órgão superior).
Negativista ou
residual
Exclui as atividades do
Estado de legislação e de
jurisdição.
Não define o Direito Administrativo.
Dentro do Poder Executivo nem tudo é
regido pelo Direito Administrativo (Ex.:
Atividade Política – Direito
Constitucional).
 (7385849?exercicio=1) (7385756) (7385867)  ✏     
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Da Administração
Pública
Ramo do direito que rege a
Administração Pública
como formade atividade;
define suas pessoas
administrativas,
organização e agentes;
regula, enfim, os seus
direitos e obrigações, umas
com as outras e com os
particulares, por ocasião do
desempenho da atividade
administrativa.
Critério mais aceito pela Doutrina.
 
FONTES OU FORMAS DE EXPRESSÃO
 
Ainda que óbvio, é bom registrar que o Direito Administrativo, na condição de ramo autônomo do Direito,
nasce de algum lugar; portanto, possui fontes, as quais funcionam como seu “ponto de partida”. Contudo,
para parte da literatura, o mais técnico é, no lugar de fontes, denominarmos as manifestações de origem do
Direito Administrativo como “formas de expressão”.
 
Nesse contexto, no estudo do Direito Administrativo, encontramos, comumente, as seguintes formas de
expressão:
I) lei;
II) jurisprudência;
III) doutrina;
IV) costumes;
V) princípios.
 
Tratamos, agora,dessas fontes (ou formas de expressão) do Direito Administrativo.
 
I) Leis
 (7385849?exercicio=1) (7385756) (7385867)  ✏     
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A lei é considerada a primordial entre as fontes do Direito Administrativo Brasileiro, geradora e extintiva de
direitos e obrigações, impondo-se tanto à conduta dos particulares, quanto à ação estatal. Por convivermos
em Estado de Direito, as leis obrigam, sobretudo, o próprio Legislador e os aplicadores (Judiciário e
Executivo).
Concernentemente às leis, cabe um ‘alerta’ prático. Alguns editais estão fazendo referência expressa a
tratados internacionais, regulamentos, resoluções, instruções e outros veículos normativos. Nesse instante,
sinceramente, não há motivo para aprofundarmos os conceitos de todos os instrumentos normativos
editáveis pelo Estado-legislador ou Estado-administrador, isso porque muitos deles são atos administrativos,
e, por conseguinte, devem ser trabalhados quando do estudo dos atos da Administração.
 
II) Jurisprudência
A jurisprudência é um conjunto de decisões judiciais reiteradas num mesmo sentido, a respeito de uma
matéria. Dessa forma, não se pode considerar “jurisprudência” uma decisão judicial isolada, a qual, no
máximo, constitui um caso paradigmático, referencial, indicativo de uma situação concreta submetida à
apreciação de um juiz ou Tribunal. Por exemplo: é reiterado o entendimento do STF de que o candidato
aprovado, dentro do número de vagas previsto no Edital, tem direito adquirido à nomeação. É nesse contexto,
portanto, a jurisprudência daquela Corte.
 
Apesar da menção à jurisprudência como sendo resultante de decisões judiciais, órgãos administrativos
também podem produzir sua própria jurisprudência. Por exemplo: o inc. II do art. 71 da CF/1988 garante ao
Tribunal de Contas da União - TCU o poder de julgar as contas dos administradores e demais responsáveis
por dinheiros, bens e valores públicos, e as contas daqueles que derem causa à perda, extravio ou outra
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário. Nesse quadro, o TCU forma sua própria jurisprudência e
produz uma série de decisões, com a emissão, inclusive, de Súmulas, a despeito de sua natureza
administrativa.
 
Importante detalhe para as provas é que a jurisprudência no Brasil não possui, de regra, força vinculante,
mas sim força moral. Difere, então, do sistema norte-americano, em que as decisões proferidas pelas
instâncias superiores vinculam as inferiores, para os casos idênticos (sistema do stare decisis). No Brasil, a
atividade jurisprudencial está apta à criação de normas para os casos concretos levados à sua apreciação,
sem a pretensão de vincular as futuras decisões dos juízes ou Tribunais.
 
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Por fim, esclareça-se que a jurisprudência é fonte não escrita do Direito Administrativo, impondo-se pela
força moral que possui junto à sociedade. E, como esclarece a literatura, a doutrina tende a globalizar-se e
ver o mundo jurídico de forma generalizada (universalizar-se), e a jurisprudência particularizar-se, uma vez
que sempre estará diante de um determinado caso. Segundo Hely Lopes Meirelles, enquanto a doutrina
tende a universalizar-se, a jurisprudência tende a nacionalizar-se, pela contínua adaptação da lei e dos
princípios teóricos ao caso concreto.
III) Doutrina
 
A doutrina significa o conjunto dos trabalhos dos estudiosos a respeito do Direito Administrativo, ou seja, os
livros, os artigos, os pareceres, elaborados por estudiosos desse ramo jurídico. Tais trabalhos fornecem,
muitas vezes, bases para textos legais, sentenças, acórdãos e interpretações, sendo responsável, de certa
maneira, pela unificação das interpretações.
 
No entanto, a doutrina é fonte escrita e mediata (secundária) para o Direito Administrativo, não gerando
direitos para os particulares, mas contribuindo para a formação do nosso ramo jurídico. Assim, opiniões
doutrinárias que sejam desconexas com as leis não podem ser consideradas como fontes para o Direito
Administrativo. Entre as leis e a doutrina deve prevalecer o conteúdo das leis. A doutrina, contrária às leis,
pode servir para clarear a ideia do legislador no caminho de aperfeiçoamento das leis.
 
Mais uma vez, cabe um parêntese para registrar que, no estudo do Direito Constitucional, deparamo-nos com
a possibilidade de o chefe do Executivo, no caso concreto, deixar de aplicar a lei quando inconstitucional.
Logo a afirmação de que opiniões doutrinárias, em dissonância com as leis, não devem ser admitidas deve
ser lida levando-se em consideração a existência de exceções. Para os nobres amigos concurseiros, isso, claro,
demandará a análise do item no contexto da prova, para concluir-se pela correção ou não da assertiva.
 
IV) Costumes
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Os costumes são os comportamentos reiterados e tidos por obrigatórios pela consciência popular. No
que diz respeito ao Direito Administrativo, o costume é de pouca relevância, tendo em vista a ênfase na
aplicabilidade do princípio da legalidade.
 
No entanto, ainda que de menos importância, o costume constitui, sim, fonte para o Direito Administrativo,
sendo aplicado quando da deficiência da legislação, sempre

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