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APOSTILA DE DIREITO CONSTITUCIONAL I - Teoria Da Constituição DP/ADAP da FMU

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DIREITO CONSTITUCIONAL I 
Teoria da Constituição 
 
Bem-vindo 
 
Que você aluno, seja bem-vindo ! 
 
Este material irá auxiliá-lo no aprendizado da disciplina que trata da “Teoria da 
Constituição”. Para isso, é indispensável que você faça a leitura cuidadosa e atenta do 
material e, também, uma leitura complementar dos livros indicados, buscando sempre 
tirar suas dúvidas com o Professor no Fórum de dúvidas. Desde já, ressalto a 
importância da resolução de questões disponíveis para você. Elas não apenas irão 
ajudá-lo a organizar o aprendizado, como também servirá de roteiro para os seus 
estudos. Por isso, não as deixe para última hora. Procure respondê-las na medida em 
que faça a leitura das aulas. Lembre-se que a Educação a Distância prevê a sua 
autonomia e dedicação ao autoestudo. 
 
Professor Responsável: Juliana Cardoso Ribeiro 
Bastos 
 
Formada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Pós-
Graduação, com título de Mestre, em Direito Constitucional pela Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo. Professora da UniFmu. Advogada. Autora da obra “Constituição 
Econômica e a Sociedade dos Intérpretes”. 
 
Objetivos Específicos da Disciplina 
 
Desenvolver o estudo da parte inicial correspondente a Constituição. Esta parte inicial, 
que pretende apresentar a Constituição para você, chama-se “Teoria da Constituição”. 
Ela pretende que você entenda como surgiu a Constituição e como ela evolui até 
alcançar sua atual confiiguração. Com esse objetivo, você estudará os conceitos que a 
Constituição comporta a depender do ângulo sobre o qual você a olhe. Também, você 
estudará suas classificações, o poder que a elabora, seus tipos de normas, como 
buscar o sentido de suas normas, bem como aspectos como o modelo federativo 
adotado pela nossa Constituição, os direitos e nacionalidade, os direitos políticos e 
aspcetos da ordem econômica e social congrados pela nossa atual Constituição. 
Iniciaremos os Estudos da disciplina Direito Constitucional. Por certo, o principal objeto 
de nossas atenções e investigações será Constituição; mais precisamente a 
Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988. 
Nossa Lei Maior. O fundamento de validade de todas as demais normas brasileiras. 
 
 
Unidade Sub-unidade 
 
O Constitucionalismo 
 
 
Origem da ideia de Constituição; a 
Difusão da Constituição; Conceito 
de Constituição. 
 
 
Conceito de Direito Constitucional 
 
 
Concepções sociológica, política e 
puramente jurídica; evolução do 
conceito de Constituição; da 
Constituição Liberal à Constituição 
Social; conceito de direito 
constitucional; direito 
constitucional geral, material, 
formal e comparado; relação com 
outros ramos do direito e com 
disciplinas não jurídicas. 
 
 
Classificação das Constituições 
 
 
Material; formal; escrita; não 
escrita; dogmática; histórica; 
rígida; flexível; semi-rígida; 
promulgada; outorgada; cesarista. 
 
 
Poder Constituinte 
 
 
Origem e conteúdo da doutrina. 
poder constituinte originário; 
natureza; titularidade; caracteres e 
espécies; poder constituinte 
derivado; caracteres; espécies; 
limitações; poder de revisão 
constitucional. 
 
 
Interpretação e Aplicação das 
normas constitucionais 
 
 
Princípios da Interpretação 
Constitucional; Eficácia das normas 
constitucionais. 
 
 
Estado e seus tipos 
 
 
Elementos do Estado; tipos de 
Estado: unitário e federal; 
caracteres do Estado Federal; 
repartição de competências e de 
rendas; formação do Estado 
federal; federalismo por agregação; 
federalismo por segregação; 
 
 
Estado Brasileiro 
 
 
Origem e evolução do federalismo 
brasileiro; estrutura; formação de 
Estados-Membros e Municípios; 
repartição de competências; 
Estados-Membros; Municípios; 
Distrito Federal; regiões 
metropolitanas; territórios; 
intervenção federal e estadual. 
 
 
Estado Brasileiro e Nacionalidade 
 
 
Sentido histórico e jurídico de 
nacionalidade; modos de aquisição 
da nacionalidade no Estado 
brasileiro; os brasileiros natos e 
naturalizados; os portugueses 
residentes no Brasil; as 
prerrogativas dos natos; a perda da 
nacionalidade. 
 
 
Estado Brasileiro e Direito Políticos 
 
 
Os instrumentos de democracia 
direta (plebiscito, referendo e 
iniciativa popular) e a democracia 
representativa na Constituição 
brasileira; o sufrágio no Texto 
Constitucional; a cidadania; 
conceito de modos de aquisição da 
cidadania ativa e da cidadania 
passiva; e elegibilidade e os casos 
de inelegibilidades; a suspensão e 
a perda dos direitos políticos. 
 
 
A Ordem Econômica e Social na 
Constituição 
 
 
Os princípios constitucionais; a 
Constituição Econômica; atuação 
do Estado no domínio econômico; a 
propriedade como princípio da 
ordem econômica; o sistema 
financeiro nacional; seguridade 
social; educação; cultura; desporto; 
ciência e tecnologia; comunicação; 
proteção à família, criança, idoso, 
índios. 
 
Metodologia de ensino e avaliação 
 
 O curso compreende o estudo e análise da Teoria da Constituição. 
 Avaliação Regimental presencial, valendo de 0 a 10, com peso 6. 
 Avaliação por meio de dois Fóruns de Debates, valendo cada um deles 10, com 
peso 2 respectivamente. 
 Aqueles que não obtiverem média 7,0 ou superior, serão submetidos à 
reavaliação. 
 Aqueles que obtiverem média inferior a 4,0 na avaliação final, permanecerão 
em DP/ADAP. 
 
 
Tema I: O Constitucionalismo 
 
 
Introdução 
 
Para começar o estudo do Direito Constitucional nada melhor do que começar olhando 
para a forma pela qual este documento surgiu. Em outras palavras, o que ensejou o 
surgimento de uma Consituição. Por outro lado, você entenderá a importância deste 
documento em nosso ordenamento jurídico, como norma fundante das demais normas 
criadas em uma sociedade. Portanto, esta primeira aula pretende que você saiba a 
origem, evolução e conceito do que seja a Constituição. 
 
Objetivos 
 
Nesta aula, você estudará: 
 
 Origem da ideia de Constituição; 
 Difusão da Constituição 
 Conceito de Constituição 
 
1. Origem da ideia de Constituição 
 
A Constituição é fruto da evolução da sociedade. Contudo, este documento ganha 
corpo e importância nas sociedades políticas a partir do movimento chamado de 
Constitucionalismo. 
Oferecer um conceito de constitucionalismo não é tarefa das mais fáceis. 
Contudo, o que não se tem dúvida é que pode ser apontado como o movimento de 
transição do Estado Absoluto para o Estado de Direito, com o objetivo de derrubar o 
poder absoluto dos governantes e instituir um documento jurídico superior responsável 
pelo surgimento do denominado Estado de Direito. Por isso, é um documento que 
ganha destaque socialmente a partir do chamado constitucionalismo moderno, 
momento a partir do qual surgem as Constituições escritas, com a finalidade de 
proporcionar maior segurança nas relações com o Estado. 
A Constituição é um elemento essencial à organização de uma dada sociedade. 
Nesse diapasão, não será incorreto inferir que em toda sociedade política e em 
qualquer tempo se escora numa constituição. Se a constituição impõe a incidência de 
uma ordenação sobre um dado território e sobre as pessoas contidas nesse território e 
lógico, então, que sua presença é imanente. A sociedade política, portanto, pressupõe 
um mínimo de organização (está aí a presença da Constituição). Logo, ainda que não 
consigamos identificar um documento escrito que estabeleça a Constituição, sua 
presença é inegável. Inexorável. Posto que um fenômeno inerente à sociedade política, 
a verdade é que a preocupação com seu objeto e o seu estudo sistematizado são 
recentes e estão acentuados nas sociedades mais contemporâneas, sobretudo, a partir 
do florescer do Estado Moderno. 
 
2. Difusão da Constituição 
 
Muito embora as Constituições Americana e Francesa, sobretudo esta última, 
sejam as grandes referências de surgimento de uma Constituição Escrita 
(sistematizada num documentosolene), o certo é que resultam, efetivamente, de uma 
construção evolutiva histórica, já que diversos documentos podem portar o gene desse 
fenômeno. Exemplo desses documentos são: 
 
a) os PACTOS que, como a Carta Magna de 1215 (acordo de vontade), estabeleceu 
um respeito pela Coroa a direitos dos súditos; no mesmo sentido a Petição de Direito 
(petition on rights) de 1628, em que houve pelos parlamentares a imposição ao rei dos 
respeitos imemoriais dos cidadãos britânicos. Importante: forma escrita e proteção a 
direitos individuais. 
 
b) os FORAIS OU CARTAS DE FRANQUIA que possuíam semelhanças formais e 
materiais com os pactos, contudo, ia além, eis que traziam em seu bojo um toque 
político, estabelecendo, assim, uma participação no governo local. Importante: forma 
escrita, proteção aos direitos individuais e participação política no governo local. 
 
c) os CONTRATOS DE COLONIZAÇÃO pacto dos colonizadores das colônias inglesas 
que governarem-se; 
 
d) as LEIS FUNDAMENTAIS DO REINO (França), as quais encerravam normas com 
características de direitos políticos (forma de aquisição e exercício do poder), caráter 
de supremacia dessas normas em relação a outras e, outrossim, de estabilidade. 
 
e) as DOUTRINAS DO PACTO SOCIAL, também colaboraram sobremaneira com o 
futuro constitucionalismo a idéia que eclodia nos embriões do Estado Moderno de que 
a autoridade dos governantes encontrava fundamento num pacto destes com os 
súditos. 
 
3. Conceito de Constituição 
 
É preciso esclarecer que o termo constituição deriva da palavra constituir, que 
deriva do latim constituere, que significa ser a base, a essência de algo; significa a 
composição de algo. Justamente a partir dessa compreensão podemos capturar o 
cerne dessa ideia e passar para o campo jurídico, para que possamos identificar a ideia 
de que a Constituição do Estado é a forma, a estrutura desse ser (sociedade política). 
Neste sentido, são conceitos de Constituição apresentados pela doutrina: 
 
 A - JOSÉ AFONSO DA SILVA. “UM SISTEMA DE NORMAS JURÍDICAS, 
ESCRITAS OU COSTUMEIRAS, QUE REGULA A FORMA DE ESTADO, A 
FORMA DE GOVERNO, O MODO DE AQUISIÇÃO E EXERCÍCIO DO PODER, 
O ESTABELECIMENTO DE SEUS ÓRGÃOS E OS LIMITES DE AÇÃO”. 
 
B – MARCELO MINGRONE. “ORDENAÇÃO QUE RECAI SOBRE UM DADO 
TERRITÓRIO E SOBRE UM DADO CONTINGENTE HUMANO, 
CONSTITUINDO UMA ESTRUTURA SOCIAL; UMA SOCIEDADE POLÍTICA” 
 
C - CELSO BASTOS. “É A PARTICULAR MANEIRA DE SER DO ESTADO”. 
 
 Como se depreende da análise dos textos acima, o primeiro dos conceitos, traz 
bem à evidência a matéria constitucional, o segundo, a função de ordenação da 
constituição e, por derradeiro, o terceiro, que afirma a especialidade que assume o 
texto constitucional em face de cada organização social; de cada sociedade política. 
 
Auto Avaliação 
 
1. Como ocorreu o surgimento da ideia de Constituição ? 
 
2. Qual a importância de um documento como a Constituição ? 
 
3. Defina o que é Constituição. 
 
 
Referências 
 
ARAUJO, Luiz Alberto David. NUNES Jr., Vidal Serrano. Curso de Direito 
Constitucional. Ed.: Saraiva; 
 
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros; 
 
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva; 
 
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires e BRANCO, Paulo Gustavo 
Gonet. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva; 
 
MORAES, Alexandre de., Direito Constitucional. São Paulo: Atlas; 
 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros. 
 
 
Tema II: Conceito de Direito Constitucional 
 
 
Introdução 
 
Neste ponto, você estudará o conceito de direito constitucional, como ramo do direito 
público, que tem como seu objeto de tutela o Texto Constitucional. Contudo, a 
depender da forma pela qual você estude a Constituição, uma concepção nova pode 
surgir. Assim, você também irá estudar estes diversos ponto de vista ou, também, 
chamadas de concepções da Constituição. 
 
Objetivos 
 
Nesta aula, você estudará: 
 
 Conceito de direito constitucional; 
 Concepção jurídica da Constituição; 
 Concepção sociológica da Constituição; 
 Concepção política da Constituição; 
 Evolução do conceito de Constituição: Liberal à Social; 
 Direito Constitucional: geral, material, formal e comparado; 
 Relação com outros ramos do direito e com disciplinas não jurídicas. 
 
1. Conceito de direito constitucional 
 
O Direito Constitucional, ramo do Direito Público, em verdade, vai se preocupar 
com a incidência de um ordenamento jurídico sobre um território e sobre as pessoas 
desse território. Não por outro motivo, o Direito Constitucional tem por objeto de 
investigação a norma que, além de estruturar o Estado, ainda o funda juridicamente. 
Da sociedade política se abstrai inequivocamente uma Constituição. 
 
2. Concepção jurídica da Constituição 
 
A concepção jurídica de Constituição é aquela defendida por Hans Kelsen, em 
seu livro Teoria Pura do Direito. Para este filósofo, a Constituição é fruto da vontade 
racional do homem. A Constituição deve ser compreendida como norma pura, ou 
ainda, como apenas um dever ser, desligado de qualquer pretensão a fundamentação 
sociológica, política ou filosófica de suas normas. 
 
3. Concepção sociológica da Constituição 
 
A concepção sociológica é aquela defendida por Ferdinand Lasse, em seu livro 
“Que é uma Constituição” (original em francês), o qual procura a essência da 
Constituição. Defende o autor que uma Constituição só é legítima se representa o 
efetivo poder social, refletindo as forças sociais que constituem o poder. Caso isso 
não ocorra, ela é ilegítima e pode ser considerada como simplesmente uma “folha de 
papel.” Portanto, diz o autor que a Constituição é a somatória dos fatores reais do 
poder dentro de uma sociedade. 
 
4. Concepção política da Constituição 
 
A concepção política é aquela defendida por Carl Schmitt, em seu livro “Teoria da 
Constituição”, o qual ensina que a Constituição é a decisão política fundamental de 
uma sociedade, pois por meio dela estrutura-se o Estado. Quando determina que a 
Constituição seja esta decisão política fundamental, faz a distinção entre ela e as leis 
constitucionais, estas, sim, os dispositivos inseridos no texto do documento 
constitucional. 
 
5. Evolução do conceito de Constituição: Liberal à Social 
 
Quando do surgimento dos primeiros Textos Constitucionais, a característica 
marcante de suas normas era o caráter liberal consagrado por meio da proteção dos 
chamados direitos de liberdade. Contudo, com o passar do tempo e as mudanças 
sociais que sobrevieram em razão das crises econômicas, surgiu a necessidade das 
Constituições reformularem o rol de direitos que ela usualmente protegia. Assim, sem 
deixar de lado a proteção dos chamados direitos de liberdade, as Constituições 
passaram a prever a proteção de direitos sociais, que marcavam uma conduta positiva 
por parte do Estado. Sendo assim, de Constituições Liberais evoluiu-se para 
Constituições Sociais. 
 
6. Direito Constitucional: geral, material, formal e comparado 
 
A concepção de um Direito Constitucional geral seria aquela que envolvesse 
conceitos e instituições que se acham em diversas Constituições no mundo. Em outras 
palavras, seria aquela que buscaria entre as Constituições existentes pontos comuns 
entre elas com o objetiv de formar um único documento “geral”. 
Já o Direito Constitucional material é o conjunto de normas que tratam dos 
aspectos estruturantes de um determinado Estado: separação dos poderes, proteção 
aos direitos fundamentais e distribuição do poder no território. 
O Direito Constitucional formal é o conjunto de normas que se encontram 
expressas em um determinado Texto Constitucional. Em outras palavras, um conjunto 
de normas que passou por um procedimento diferenciado ao de criação das demais 
normas do ordenamento jurídico. 
E, por fim, o Direito Constitucional comparado, como sendo aquele que aponta as 
distinçõesexistsntes entre as Constituições dos diversos Estados. 
 
7. Relação com outros ramos do direito e com disciplinas não jurídicas 
 
O direito constitucional se relaciona com todos os ramos do direito por ser a 
Constituição o documento supremo de um Estado. A Constituição é fonte de validade 
para as demais normas constitucionais. Assim, independentemente do ramo jurídico 
estudado, sua fonte será sempre no Texto Constitucional. 
No que tange as disciplinas não jurídicas, que envolve diferentes aspectos de 
uma vida em sociedade, podem ser vistas tanto do ponto a partir do qual elas auxiliam 
o próprio evoluir do direito e, também, como sendo elas as destinatárias das normas 
jurídicas, pautando a conduta dos indivíduos nas diversas esferas sociais. 
 
Auto Avaliação 
 
1. Traçar as distinções entre as diversas concepções de Constituição. 
 
2. Qual a distinção entre Estado Liberal e Estado Social ? 
 
 
Referências 
 
ARAUJO, Luiz Alberto David. NUNES Jr., Vidal Serrano. Curso de Direito 
Constitucional. Ed.: Saraiva; 
 
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros; 
 
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva; 
 
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires e BRANCO, Paulo Gustavo 
Gonet. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva; 
 
MORAES, Alexandre de., Direito Constitucional. São Paulo: Atlas; 
 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros. 
 
 
Tema III: Classificação das Constituições 
 
 
Introdução 
 
As classificações devem ser úteis. Assim, ao estudar cada uma das classificações 
apontadas nesta aula, você irá identificar diversas facetas da Constituição. Isso porque 
a depender do modo como você a olhe, uma nova classificação pode surgir. Contudo, 
todas elas permitem que o intérprete e aplicador da Constituição possa compreendê-la 
e realizá-la da melhor forma. 
 
Objetivos 
 
Nesta aula, você estudará: 
 
 Classificação quanto à origem; 
 Classificação quanto ao conteúdo; 
 Classificação quanto à forma; 
 Classificação quanto à extensão; 
 Classificação quanto ao modo de elaboração; 
 Classificação quanto à mutabilidade; 
 Classificação quanto à ideologia; 
 Classificação quanto à finalidade. 
 
1. Classificação quanto à origem 
 
 Outorgada: é a constituição imposta pelos detentores do Poder. Não conta com 
a participação popular ou de seus representantes. Exemplo: a Constituição 
brasileira de 1967 com a emenda de 1969. A doutrina costuma utilizar para este 
instrumento a expressão “Carta Constitucional”, contudo, entendemos que a 
tradução de expressão enquanto sinônimo de constituição outorgada não traz 
maior segurança, eis que não raro é utilizada como referência de constituição, 
independentemente de sua origem. 
 
 Promulgada: é a constituição elaborada livremente por uma Assembléia 
Constituinte eleita com esta finalidade. É Democrática. Exemplo: a Constituição 
Brasileira de 1988. 
 
 Cesarista: é a constituição que na realidade foi imposta, não contou com a 
participação livre de uma Assembléia Constituinte, mas que, para dar ares de 
legitimidade o governante convoca um referendo popular para ratificá-la. Na 
prática, nem o referendo é realizado com liberdade, por exemplo, a Constituição 
da Venezuela, do Presidente Hugo Chávez. 
 
2. Classificação quanto ao conteúdo 
 
 Formal: se refere ao documento escrito chamado constituição. Ocupando o 
cume do ordenamento jurídico - hierarquicamente superior às demais normas 
jurídicas - as normas que estão contidas neste documento são normas 
constitucionais formais (ainda que a matéria não apresente conteúdo 
eminentemente constitucional, por integrar a constituição será sempre 
constitucional; pelo menos pelo período em que inserta na constituição). É a 
adotada pela Constituição de 1988. 
 
 Material: algumas normas que estão dentro da constituição tratam daqueles 
assuntos de matéria constitucional, ou seja, são temas, substancialmente 
constitucionais. Este conceito é muito importante para o conhecimento de 
constituições não escritas, já que a mesma não dessume de um instrumento 
solene, mas, sim, de matérias constitucionais (recorde o conceito exarado por 
José Afonso da Silva acima transcrito). 
 
 Todas as normas que estiverem na constituição e que tratarem de matéria 
 constitucional são normas constitucionais materiais. De outro lado, se constarem 
 da constituição e não apresentarem o conteúdo constitucional podemos dizer 
 tratarem-se de normas exclusivamente formais. Exemplo da primeira (material), 
 artigo 18 da Constituição de 1988 (trata da organização político-administrativa da 
 República Federativa do Brasil). Já como exemplo da segunda poderemos 
 indicar o artigo 180 da mesma constituição (incentivo ao turismo pelo entes 
 políticos em proveito do desenvolvimento social). 
 
3. Classificação quanto à forma 
 
 Escritas: positivas ou positivadas, são as elaboradas num mesmo processo 
constituinte que se realiza de forma solene, positivando preceitos de forma 
sistematizada num mesmo diploma, de maneira codificada, geralmente em um 
instrumento chamado constituição. É a adotada pela Constituição Brasileira de 
1988. 
 
 Não-escritas: são normas básicas referentes à matéria constitucional e que não 
se encontram sistematizadas em um texto solene, razão pela qual encontram-se 
em normas costumeiras, em textos legais esparsos, precedentes dos tribunais. 
Exemplo: Constituição Inglesa. 
 
4. Classificação quanto à extensão 
 
 Sintética: são aquelas formadas por normas genéricas, por princípios 
norteadores, sem maiores detalhes, deixando-os a cargo do legislador 
infraconstitucional. Exemplo: a Constituição dos Estados Unidos. 
 
 Analítica: ao contrário da anterior, são aquelas que disciplinam com detalhes, 
com minúcias os assuntos por elas tratados. Exemplo: a atual Constituição 
Brasileira. 
 
5. Classificação quanto ao modo de elaboração 
 
 A constituição histórica ou costumeira: é sempre não-escrita e é um 
resultado de uma evolução gradual, lenta, da organização política e das 
instituições de um Estado, ela surge com o passar do tempo, decorre das 
tradições históricas. Exemplo: Constituição Inglesa. 
 
 A constituição dogmática: é sempre escrita e foi elaborada por uma 
Assembléia Constituinte influenciada pelo pensamento, pelas doutrinas, pelas 
ideologias que predominavam na sociedade naquele momento histórico. 
Exemplo: a atual Constituição Brasileira. 
 
6. Classificação quanto à mutabilidade 
 
Esta classificação centra-se no processo de reforma do texto constitucional. 
 
 Rígida: é a constituição que prevê um processo solene, especial de reforma; 
logo, de maior complexidade. Comportam, portanto, reforma. Exemplo: Atual 
Constituição Brasileira de 1988. 
 
 Flexível: é aquela constituição que admite um processo simplificado, fácil de 
reforma. Análogo, portanto, àquel previsto para as normas infraconstitucionais. 
Exemplo: a Constituição Inglesa. 
 
 Semi-rígida: é a constituição que admite que algumas de suas normas só 
podem ser reformadas por processo especial (rígida), enquanto outras de suas 
normas podem ser reformadas por um processo simplificado (flexível). Exemplo: 
a Constituição brasileira do Império (1824) 
 
 Imutável: é a constituição que não admite reforma, por exemplo, a Constituição 
da Finlândia. 
 
 Super-rígida, se refere a uma constituição que além de ser rígida, prevê as 
figuras das cláusulas pétreas, por exemplo, a Constituição brasileira de 88. 
 
7. Classificação quanto à ideologia 
 
 Ortodoxa: é a que ocorre na hipótese em que a Constituição é influenciada por 
uma única ideologia, que é dessa forma regula a sociedade, por exemplo, a 
Constituição de Cuba. 
 
 Eclética: é a que predomina mais hoje em dia. É influenciada por mais de uma 
ideologia, por exemplo, a Constituição brasileira de 88. Tem normas liberais 
(garantia da propriedade privada, de livreiniciativa etc) e tem normas sociais 
(função social da propriedade, reforma agrária etc). 
 
8. Classificação quanto à finalidade 
 
 A Constituição Garantia: é a constituição clássica – liberal - que trata apenas 
da organização do Estado, do Poder Político e da Proteção aos Direitos 
Individuais. Limita, pois, o Poder. 
 
 A Constituição Dirigente: é a constituição social que impõe ao Poder Público, 
programas de atuação na ordem social e econômica, por exemplo, a 
Constituição Portuguesa de 1976 (está em vigor) e a Constituição Brasileira 
(1988), que também sofreu essa influência, tanto que tem várias normas 
programáticas. 
 
 A Constituição Balanço: se refere a um tipo de constituição dos Estados 
socialistas, reflete a idéia, segundo a qual toda nova constituição deveria ser um 
balanço daquilo que vigorou anteriormente para que o Estado socialista 
pudesse, de balanço em balanço, de degrau em degrau, atingir o grau máximo 
do próprio socialismo, por exemplo, a Constituição da antiga União Soviética, de 
20, 30 e 70. 
 
Auto Avaliação 
 
1. Qual a classificação da Constituição quanto à mutabilidade ? 
 
2. Qual a classificação da Constituição quanto ao conteúdo ? 
 
3. Qual a classificação da Constituição quanto à origem ? 
 
Respeitando as perguntas acima, como forma de estudo, faça o mesmo 
para as demais formas de classificação da Constituição. 
 
 
Referências 
 
ARAUJO, Luiz Alberto David. NUNES Jr., Vidal Serrano. Curso de Direito 
Constitucional. Ed.: Saraiva; 
 
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros; 
 
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva; 
 
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires e BRANCO, Paulo Gustavo 
Gonet. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva; 
 
MORAES, Alexandre de., Direito Constitucional. São Paulo: Atlas; 
 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros. 
 
 
Tema IV: Poder Constituinte 
 
 
Introdução 
 
Esta aula pretende que você aprenda o modo pelo qual se elabora (ou cria) uma 
Constituição, bem como a forma pela qual ela pode ser reformada ou substituída. 
 
Objetivos 
 
Nesta aula, você estudará: 
 
 Poder constituinte: origem e conteúdo; 
 Poder constituinte originário: caracteríticas, titularidade e natureza jurídica 
 Poder constituinte derivado: reformador, decorrente e revisor 
 
1. Poder constituinte: origem e conteúdo 
 
Chamaremos de Poder Constituinte o poder de estabelecer uma constituição, ou 
seja, de fundar juridicamente uma sociedade política, um Estado. Também 
chamaremos de Poder Constituinte a competência reservada a algum órgão para 
alterar o texto da constituição em vigor, sem, contudo, implicar em rescisão com o texto 
predecessor, mas, apenas, alterações que se fazem necessárias para acompanhar a 
evolução da sociedade. 
O primeiro chamaremos de Poder Constituinte Originário (de primeiro grau; 
inicial); o segundo, chamaremos de Poder Constituinte Derivado (de segundo grau). 
 Também utilizaremos essa palavra quando comentarmos sobre o poder 
conferido aos Estados de uma federação para que formulem sua própria constituição, 
todavia, neste caso, o poder constituinte, que também será derivado, eis que recebe tal 
atribuição do originário, receberá o nome de poder constituinte decorrente. E, por fim, a 
análise o poder constituinte revisor. 
 
2. Poder constituinte originário 
 
 Poder Constituinte Originário é o poder que cria uma Constituição. É importante 
verificar que esse poder originário pode ser histórico (inaugura a existência de um 
Estado na comunidade originária. Exemplo: a Constituição de 1824) ou pode ser 
revolucionário, eis que implica num poder constituinte que firma um novo Estado a 
partir da ruptura com a ordem constitucional então em vigor (Exemplo: todas as 
Constituições brasileiras subsequentes à de 1824). 
 
2.1 Características 
 
 Inicial: é um poder criador, inaugural da organização do Estado. Funda 
juridicamente um novo Estado. Cria uma nova ordem jurídica e passa a validar 
todas as normas com ela compatíveis e afasta aquelas que com ela não venham a 
guardar compatibilidade. 
 
 Ilimitado: não se sujeita a nenhum outro poder, a nenhuma restrição de natureza 
jurídica. Elabora a Constituição como lhe aprouver. (é passível à luz de 
considerações de direito natural e também das forças reais de poder, no entanto, 
não adotaremos estas ponderações) 
 
 Incondicionado: é exercido segundo condições, regras que ele mesmo 
estabelece, não segue condições pré-estabelecidas por outro poder. 
 
2.2 Titularidade 
 
Temos que a titularidade do Poder Constituinte deva ser conferida ao povo, não 
obstante que o êxito dessa inferência esteja ligado ao fato de que o pressuposto é de 
que estejamos falando de um Estado Democrático, como, no caso, é o Brasil. Não 
estivéssemos falando de uma concepção democrática, o correto é que verificássemos 
a ideologia reinante para saber, de fato, quem pode veicular esse pode constituinte. 
O nome dado ao conjunto dos representantes do povo eleitos para elaborar a 
Constituição é Assembléia Constituinte. A assembléia, portanto, é o instrumento de que 
se vale o povo para a instituição de uma constituição do tipo promulgada. 
Importante observar que a idéia de poder constituinte sugere que este fenômeno 
esteja ligado ao fundamento jurídico de qualquer sociedade política, portanto, algo 
inequivocamente imanente. Destarte, cumpre destacar que, ao contrário do poder, sua 
teoria, é algo recente e, a propósito, ganhou força pela obra de Sieyes – o que é o 
terceiro estado . Importante ressaltar que referida teoria sobre o poder constiutuinte 
muito mais do que análise pura e simples do poder, teve fundamental importância na 
legitimação do poder nas mãos do povo, em especial da ascendente classe burguesa. 
O período em questão é o nascedouro do Estado Moderno 
 
2.3 Natureza jurídica 
 
Para os que advogam a idéia de que o direito surge com o Estado, juspositivistas, 
o Poder Constituinte assume a natureza de força pré-jurídica, de outro lado, para 
aqueles que vislumbram o nascimento do direito antes mesmo do Estado, 
jusnaturalistas, a natureza desse fenômeno é jurídica. Para nós, optaremos, com todo 
respeito às posições em sentido diverso, e não menos aceitáveis, o entendimento de 
que a sua natureza é pré-jurídica, mormente porque envidaremos esforços na 
organização da estrutura jurídica e do nosso raciocínio a partir da constituição do 
Estado e teremos por inolvidável fundamento de validade das normas a Constituição 
em vigor. 
 
3. Poder constituinte derivado: reformador, decorrente e revisor 
 
PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR 
 
É criado pelo Poder Originário e tem a competência de reformar a Constituição. 
Cumpre esclarecer que ao lado da expressão Poder Constituinte Derivado 
acrescentamos a palavra REFORMADOR isso porque analisaremos mais adiante uma 
outra competência para reformar a constituição, que é chamada de Poder Constituinte 
Derivado REVISOR e DECORRENTE. 
Na doutrina encontram-se aqueles que tecem críticas à utilização da palavra 
poder constituinte porque ele não cria uma constituição, mas, sim, a altera. Em 
verdade, ele não é constituinte, mas, de fato, constituído. Aliás, uma competência para 
alterar a Constituição. Não obstante os argumentos, utilizaremos a expressão 
consagrada, até mesmo porque pelo fato de que ajuda no raciocínio sobretudo por 
força de que Poder Constituinte altera Poder Constituinte (mesmas espécies), ainda 
que pautado por algumas regras criadas pelo originário. 
O instrumento utilizado pelo poder constituinte derivado reformador é a Emenda 
Constitucional. 
 
a. Características 
 
 Não é inicial: ele não inaugura ordem alguma, eis que somente procede à 
alteração pontual da ordem existente. 
 
 Limitado juridicamente: ao contrário do Poder Constituinte originário, o 
derivado não é ilimitado, eis que sofre uma série de limitações,a propósito, de ordem 
material (matérias que não comportam exclusão), circunstancial (situações em que não 
se admite a alteração da constituição) e procedimental (ritos que perfazem o devido 
processo legislativo para promulgar validamente uma emenda à constituição). 
Referidas limitações, em nosso ordenamento, depreendem-se facilmente do artigo 60 
da Constituição Federal, a saber: 
 
a) material. Exprimem as cláusulas pétreas, ou seja, aquelas que, a teor do 
parágrafo quarto do artigo 60, não podem ser banidas do texto magno, aliás, sequer 
admite sejam levadas a deliberação das Casas do Congresso Nacional; cumpre 
destacar que referidas regras são explícitas, sendo certo que a estrutura constitucional, 
por sua vez, igualmente não admite que o dispositivo constitucional que estabelece tais 
regras seja afastado, razão pela qual essa limitação, do mesmo jeito de ordem 
material, se mostra implícita. 
 
b) circunstancial. Não se admite a emenda à constituição diante de anomalias 
institucionais do tipo estado de sítio (art. 137), estado de defesa (art. 136) e de 
intervenção federal (art. 34). 
 
c) procedimental. O poder constituinte originário estabelece um rito para a 
elaboração de uma emenda à constituição, de tal sorte que o poder constituinte 
derivado somente trabalha de forma escorreita se observar o procedimento 
estabelecido, sob pena da pecha da inconstitucionalidade formal da emenda (artigo 60, 
I, II e III, parágrafo segundo, parágrafo terceiro, parágrafo quinto e até mesmo o 
parágrafo quarto, pois não obstante veicule limites de ordem material, impede 
deliberação – caráter processual) 
 
 Condicionado. Porque as regras para o seu exercício estão fixadas pela própria 
Constituição. São pré-estabelecidas. 
 
b. Natureza: diferentemente do que constatamos quando da análise do originário, 
no caso do derivado não há qualquer dúvida; sua natureza é jurídica. 
 
c. Titularidade: valem aqui as informações prestadas quando da análise do poder 
constituinte originário, contudo, quem aqui no Brasil expressa esse poder, e com 
absoluta exclusividade, é o Congresso Nacional, ou seja, o Poder Legislativo 
Federal. 
 
PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE 
 
A Constituição Federal determina aos Estados Federados a sua organização por 
meio de uma Constituição Estadual. Portanto, abre aos Estados a incumbência de 
organizarem-se. É chamado de poder constituinte derivado decorrente porque decorre 
da própria Constituição Federal e é a ela submetida também. 
O Poder Constituinte Decorrente é derivado em virtude de suas características. É 
um poder limitado pela própria Constituição Federal, pois sua existência deve-se a ela, 
além do que não escapa a certos comandos de observância obrigatória, mormente pela 
unidade que caracteriza a federação, aliás, alicerçada nos mesmos princípios 
fundamentais (art. 1º a 4º da Constituição Federal) . 
O art. 25 da Constituição Federal prevê a existência do Poder Decorrente e já 
deixa clara a natureza limitada desse poder. Eis que o próprio caput diz que os Estados 
farão suas Constituições Estaduais observados os limites impostos na Constituição 
Federal. 
A doutrina costuma apresentar uma classificação desses princípios que os 
Estados devem respeitar no uso do Poder Constituinte Decorrente, que são: princípios 
constitucionais estabelecidos; princípios constitucionais sensíveis; e, princípios 
xonstitucionais extensíveis 
Os Princípios Constitucionais Estabelecidos são aqueles que impõem ao 
Poder Decorrente limitações implícitas ou explícitas, diretas ou indiretas. As limitações 
diretas (explícitas) impõe textualmente aos Estados certas vedações, por exemplo, o 
art. 19 da Constituição (fazer a leitura). Nas limitações indiretas (implícitas) é possível 
concluir a vedação aos Estados por exclusão, porque a Constituição faz referência aos 
outros entes, por exemplo, o art. 21 da CF, que prevê as competências exclusivas da 
União, assim, se compete à União, por exclusão, a matéria não poder ser tratada pelos 
Estados. 
Os Princípios Constitucionais Sensíveis são expressamente relacionados pela 
Constituição, e se forem violados pelos Estados provocam a Intervenção Federal da 
União no Estado transgressor. Os princípios são os do art. 34, VII, da CF, segundo o 
qual a União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para assegurar 
a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema 
representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia 
municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta; e) 
aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, 
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do 
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. 
Os Princípios Constitucionais Extensíveis são aqueles que disciplinam a 
organização somente da União Federal e que pela importância que possuem devem 
ser reproduzidos pelas Constituições estaduais, por isso extensíveis. 
A doutrina reconhece a importância que esses princípios tem, sobretudo para o 
Federalismo, mesmo no silêncio, os Estados devem reproduzir, por exemplo, as 
normas da Constituição Federal que tratam do processo legislativo (art. 59 e 
seguintes), pela importância que tem essa matéria de serem uniformizadas, porém, o 
Estado não precisa reproduzir exatamente, mas ser similar. 
É claro, que, quando houver essa transposição deve-se aplicar aos Estados de 
acordo com suas próprias características. O Poder Legislativo dos Estados é 
unicameral e não bicameral. Essa forma de adaptação dos princípios extensíveis às 
constituições estaduais, às características típicas do Estado chama-se princípio da 
simetria. O Supremo Tribunal Federal mantém essa aplicação em nome da 
uniformidade da estrutura federativa brasileira. 
 
# Poder constituinte e a posição dos Municípios e do Distrito Federal 
 
A Constituição Federal considerou o Município e o Distrito Federal também como 
entes da Federação. No concernente aos Municípios foi uma inovação, tanto que é a 
única Constituição do mundo que tomou essa posição, de acordo com seus arts. 1o e 
18. 
 
MUNICÍPIOS: ocupando, portanto, esse status, o Município passou a ser 
reconhecido como ente da federação de terceiro grau, a União seria de primeiro grau, e 
os Estados e o Distrito Federal seriam de segundo grau, isso provocou o surgimento de 
uma discussão, como os Municípios passariam a ser entes da Federação e tendo 
competência para elaborar as LEIS ORGÂNICAS, teriam ou não poder constituinte 
(decorrente)? Imediatamente antes da Constituição Federal de 1988, portanto, sob a 
égide da Constituição anterior (1967/69) não era conferida autonomia aos municípios, 
uma vez que os Estados é que faziam as leis orgânicas dos seus municípios. 
A Constituição Federal deixou claro e atribui o poder de elaborar as leis orgânicas 
aos próprios municípios. O que é lei orgânica? É algo semelhante a uma Constituição 
municipal, entretanto, a posição que tem prevalecido na Jurisprudência é a de não 
reconhecer o status de Constituição à Lei Orgânica municipal. O que significa, na 
prática, e com muita importância, que a violação à Lei Orgânica municipal gera 
ilegalidade e não inconstitucionalidade. 
 
DISTRITO FEDERAL: o Distrito Federal é um ente sui generis, organizado por Lei 
Orgânica, e como o próprio Supremo Tribunal Federal já decidiu, a parte da Lei 
Orgânica que trata de matéria que seria estadual e municipal. 
 
PODER CONSTITUINTE DERIVADO REVISOR 
 
Atualmente, o único instrumento previsto para a reforma da Constituição Federal 
é a emenda prevista, a propósito, no art. 60 da Carta Magna. 
Também já existiu no atual ordenamento jurídico um outro mecanismo 
denominado como “Revisão Constitucional”, previsto no art. 3o dos Atos das 
Disposições Constitucionais Transitórias. Porém, não existe mais porque foi prevista 
uma única revisão, já ocorrida em 1994. Isto gerou polêmicas,até mesmo a natureza 
da revisão dos ADCT, pois o art. 3o é sucinto, sem informações detalhadas. Diz referido 
artigo que: 
 
“A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da 
 promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros 
 do Congresso Nacional, em sessão unicameral”. 
 
Não previu data específica, nem prazo final, e o sistema de votação interna e o 
quorum, por ser sucinto gerou controvérsia. Até mesmo os Governos que queriam fazer 
outra Revisão já quedaram. 
A dúvida era que, para alguns a revisão seria manifestação do Poder Constituinte 
Originário (José Afonso da Silva), como o art. 3o do ADCT não mencionou que a 
revisão deveria respeitar as cláusulas pétreas. Contudo, esta posição não prevaleceu. 
Também, não fosse isso a alteração daquilo que é estrutural na Constituição outra 
coisa não significaria senão a revogação de uma Constituição por outro cravada pela 
rubrica da revisão . 
A segunda posição, que prevaleceu, foi a que sustentou a natureza de Poder 
Derivado Reformador. Portanto, a segunda modalidade de poder reformador no Brasil 
em relação a qual já estaria implícita a necessidade de respeito às cláusulas pétreas. 
Como chegaram a essa conclusão? Dizia esta corrente: se a própria Constituição 
impôs a Emenda Constitucional o dever de respeitar cláusula pétrea, que é aprovada 
por quorum qualificado, o que se dirá da Revisão que tem um quorum menor (maioria 
absoluta). 
A Constituição Federal é um sistema de normas, devendo ser interpretado no seu 
conjunto, por isso prevaleceu que a Revisão tem natureza de Poder Constituinte 
Derivado. 
 
Auto Avaliação 
 
1. O que é poder constituinte ? 
 
2. Qual a distinção entre o poder constituinte originário e o derivado ? 
 
3. Quais são as espécies de poder constituinte derivado ? Explique-as. 
 
 
Referências 
 
ARAUJO, Luiz Alberto David. NUNES Jr., Vidal Serrano. Curso de Direito 
Constitucional. Ed.: Saraiva; 
 
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros; 
 
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva; 
 
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires e BRANCO, Paulo Gustavo 
Gonet. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva; 
 
MORAES, Alexandre de., Direito Constitucional. São Paulo: Atlas; 
 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros. 
 
 
Tema V: Interpretação e Aplicação Constitucional 
 
 
Introdução 
 
Neste ponto você estudará um dos pontos essenciais para que a Constituição tenha 
efetividade, qual seja o da interpretação. Trata-se do modo pelo qual se compreende o 
sentido da norma constitucional. Já a eficácia e a aplicação das normas constitucionais 
são elementos indispensáveis para o intérprete. 
 
Objetivos 
 
Nesta aula, você estudará: 
 
 Interpretação 
 Princípios da interpretação constitucional 
 Eficácia e Aplicabilidade das normas constitucionais 
 Normas constitucionais no tempo 
 
4. Interpretação 
 
 Interpretação, segundo o dicionário jurídico, significa examinar, perquerir e fixar 
o sentido ou a inteligência do texto legal, ou do teor do escrito, para que se tenha sua 
exata significação ou sentido (Vocabulário Jurídico De Plácido e Silva). 
 Assim sendo, interpretação constitucional é a busca do sentido da norma 
constitucional. A interpretação é utilizada mesmo quando o intérprete (aquele que 
realiza a atividade interpretativa) acredita que a norma constitucional seja clara, pois 
para chegar a esta conclusão ele teve que, necessariamente, interpretá-la. Neste 
sentido Carlos Maximiliano, “tudo se interpreta; inclusive o silêncio” (Hermenêutica e 
aplicação do direito, p.9). 
 
5. Princípios da interpretação constitucional 
 
 Os princípios da interpretação constitucional são auxiliares da atividade 
interpretativa. Eles destacam algumas questões que precisam ser levadas em 
consideração antes e no momento da busca do sentido da norma. São eles: 
 
 Princípio da supremacia da Constituição 
 
Quando você for aplicar a norma constitucional precisa lembrar que a 
Constituição é o conjunto de normas de mais alta hierarquia no 
ordenamento jurídico. 
 
 Princípio da força normativa da Constituição 
 
Segundo este princípio, você deve interpretar a Constituição sempre 
buscando a maior otimização possível das normas constitucionais. 
 
 Princípio da unidade da Constituição 
 
A unidade da Constituição impõe que ao você interpretar a Constituição 
você leve em consideração que as normas Constitucionais formam uma 
unidade e, portanto, não devem ser interpretadas de forma isolada das 
demais normas do Texto Constitucional. As normas constitucionais estão 
reciprocamente implicadas. 
 
 Princípio da máxima efetividade 
 
Determina que você confira a maior eficiência possível da norma 
constitucional. Em outras palavras, busca que você realize a norma 
constitucional da forma mais ampla possível diante do caso concreto. 
 
 Princípio da harmonização 
 
Quando você interpretar a Constituição deve procurar evitar o conflito 
entre as normas e, ao contrário, buscar harmonizá-las. 
 
 Princípio da correição funcional 
 
Ao interpretar a Constituição, você deve manter a harmonia entre os 
órgãos do Estado disciplinada na Constituição. Deve, portanto, respeitar a 
repartição de competências prevista constitucionalmente sem desvirtuá-
las. 
 
6. Eficácia e Aplicabilidade das normas constitucionais 
 
O assunto se refere ao momento em que as normas da Constituição entram em 
vigor, quando podem ser aplicadas na prática. Será que assim que a CF entra em vigor 
já é possível exercer os direitos? Ou alguns dispositivos dependem de regulamentação 
posterior? Desde o século XIX existem estudos doutrinários que classificam as normas 
constitucionais tendo em vista o momento em que são aplicadas na prática. 
A classificação mais utilizada no Brasil é a introduzida por José Afonso da Silva, 
que entende quanto à aplicabilidade que as normas constitucionais podem ser: 
 Normas Constitucionais de Eficácia Plena; 
 Normas Constitucionais de Eficácia Contida; 
 Normas Constitucionais de Eficácia Limitada. 
 Normas Constitucionais de Eficácia Exaurida 
 
Normas Constitucionais de Eficácia Plena: são as normas constitucionais 
completas, dotadas de aplicabilidade imediata, ou seja, não dependem de 
esclarecimentos posteriores. O texto já diz tudo, já contém as informações necessárias 
para a aplicação imediata. Exemplos: o art. 5o, IV, art. 12, I, “a”, art. 17, § 4o, art. 46, § 
1o, entre outros. (fazer a leitura dos dispositivos) 
 
Normas Constitucionais de Eficácia Contida ou como prefere Michel Temer 
Norma Constitucional de Eficácia Restringível: também possuem aplicabilidade 
imediata, todavia admitem a edição de lei posterior ou a prática de um ato posterior que 
reduza o seu alcance, que contenha sua amplitude. Exemplo: art. 5, XIII CF que trata 
da liberdade profissional. O dispositivo diz na primeira parte que “é livre o exercício de 
qualquer trabalho, ofício ou profissão” e na segunda parte diz “atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer”. O cidadão pode ter qualquer trabalho, 
mas pode surgir uma leia restringindo esse direito, por isso foi julgado improcedente 
uma Ação Direta de Inconstitucionalidade que pedia para acabar com o exame da 
Ordem dos Advogados, o Supremo entendeu que o exame de ordem não violava a 
ordem constitucional. 
 
Normas Constitucionais de Eficácia Limitada: são as normas que carecem de 
complemento, cuja aplicação prática depende de uma regulamentação, de uma 
providência ulterior. Enquanto não surge a regulamentação da norma, esta não terá 
aplicabilidade prática. Sua aplicação é mediata, pois depende de ato posterior, por 
exemplo, o art. 5o, XXXII, onde consta que “o Estado promoverá, na forma da lei, a 
defesa do consumidor”. 
José Afonso da Silva identifica dentre as normas de eficácia limitada duas 
modalidades: as normas institutivase as normas programáticas. 
As normas institutivas são as normas constitucionais que prevêem a 
necessidade de criação de organização ou esclarecimento (especificação) de 
competências de instituições, de órgãos, e até de entes políticos. Exemplo: art. 134, 
parágrafo único CF (fazer a leitura). 
As normas programáticas são as normas de eficácia limitada que impõe ao 
Poder Público a realização de um programa social, de um programa que atenda aos 
direitos sociais, por isso programáticas. Enquanto não for oferecido à sociedade não é 
aplicada a norma constitucional, por exemplo, o art. 196 CF (caso o Poder Público 
implemente e ofereça à sociedade aplica a norma constitucional). 
 
Normas Constitucionais de Eficácia Exaurida. A doutrina costuma fazer 
referência a essas normas. São normas constitucionais que já cumpriram a sua 
finalidade, e, portanto, deixaram de ser aplicadas, esgotou-se seu papel, por exemplo, 
os arts. 2o e 3o dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias, o art. 2o trata do 
plebiscito sobre a forma e o sistema de governo, e o art. 3o trata da Revisão 
Constitucional, ambos já ocorridos. 
 
Observações Finais. Não existe norma constitucional sem eficácia, um mínimo 
de eficácia todas tem. As limitadas surtem, produzem efeito, por exemplo: a)revoga a 
lei infraconstitucional que for contrária aos seus termos; b) embora não seja aplicada 
de imediato não pode ser contrariada. 
 
7. Normas constitucionais no tempo 
 
Se a Constituição é suprema, o que acontece com a Constituição anterior? 
Haverá a revogação total da Constituição anterior. 
Há uma alternativa, mas deveria constar na Constituição nova (não é aplicado 
no Brasil), que é a chamada desconstitucionalização. Nesta as normas da 
Constituição anterior que não contrariarem a nova Constituição continuam valendo, 
mas com a natureza de lei ordinária. 
Por outro lado, outra questão duvidosa é em relação ao que acontece com a 
legislação infraconstitucional anterior à Constituição nova. A lei infraconstitucional 
anterior que não contrariar a nova Constituição continuará valendo. em vigor. Trata-se 
do do fenômeno da recepção. Neste sentido, a lei infraconstitucional que não for 
compatível com a nova constituição é considerada como revogada. Assim entende o 
Supremo Tribunal Federal. 
 
Auto Avaliação 
 
1. O que é interpretação constitucional ? 
 
2. Aponte e explique os princípios de interpretação constitucional. 
 
3. Qual a distinção entre as normas de eficácia plena, contida e limitada ? 
 
Referências 
 
ARAUJO, Luiz Alberto David. NUNES Jr., Vidal Serrano. Curso de Direito 
Constitucional. Ed.: Saraiva; 
 
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros; 
 
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva; 
 
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires e BRANCO, Paulo Gustavo 
Gonet. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva; 
 
MORAES, Alexandre de., Direito Constitucional. São Paulo: Atlas; 
 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros. 
 
 
Tema VI: Estado e seus tipos e o Estado 
Brasileiro 
 
 
Introdução 
 
O estudo do Estado e seus tipos procura ensinar a você a respeito da própria estrutura 
do Estado. Desta forma, será aprofundada características pertencentes ao Estado 
Brasileiro, dentre escolhas que ele fez para administrar a sociedade. 
 
Objetivos 
 
Nesta aula, você estudará: 
 
 Elementos do Estado 
 Tipos de Estado: Unitário e Federal 
 Características da Federação e Federação Brasileira 
 Repartição de Competências 
 Formação da Federação: por agregação ou por segregação 
 Formação dos Estados-Membros 
 Formação dos Municípios 
 Distrito Federal 
 Intervenção Federal e Intervenção Estadual 
 
1. Elementos do Estado 
 
 São elementos do Estado: povo, território e poder. 
 Por povo, você deve entender aqueles indivíduos que possuem um vínculo 
jurídico com determinado Estado. Exemplo: o povo brasileiro são todas as pessoas que 
possuem a nacionalidade brasileira, pois por meio da nacionalidade o indivíduo 
estabelece o seu vínculo jurídico com determinado Estado. Povo não se confunde com 
o cidadão. Este é todo aquele que se encontra no gozo dos seus direitos políticos. 
 O elemento territorial é a base geográfica do Estado. Contudo, não se resume 
apenas a base geográfica do Estado, pois possui um conceito jurídico-político, que o 
identifica como sendo o âmbito de validade das normas e exercício da soberania de 
determinado Estado. 
 E, por fim, o elemento poder que, da mesma forma, é indispensável, por impor 
sua vontade na manutenção da paz social e busca pelo bem comum. Chama-se poder 
político aquele exercido pelo Estado e, possui como características: uso da força física 
com exclusividade, não reconhece poder maior do que o seu externamente, não 
reconhece poder igual ou maior que o seu internamente. 
 
2. Tipos de Estado: Unitário e Federal 
 
 O Estado Unitário é aquele que se caracteriza pelo poder centralizado. Em 
outras palavras, existe apenas um centro emanador de decisões políticas. Ocorre que 
como bem observa a doutrina, háuma necessidade prática destes Estados Unitários 
em efetivarem uma descentralização administrativa para a maior efetividade dos seus 
deveres. 
 Já o Estado Federal é aquele formado por governos autônomos, sendo um 
governo central e os demais caracterizados pela localidade. Estes entes autônomos 
possuem a capacidade de auto-governo, devendo respeito apenas a repartição de 
competências disciplinada constitucionalmente. Pretende-se com esta descentralização 
política buscar maior proximidade entre os governantes e os governados. 
 
3. Características da Federação e Federação Brasileira 
 
 Esferas de Governos autônomos: devem existir pelo menos duas 
esferas de governos autônomos, em geral, há o Governo Central e o Governo local. 
Ambos são autônomos. No Brasil são três esferas, embora haja protestos doutrinários, 
porque a Constituição Federal considera o Município ente da Federação de 3o grau. 
Em nosso federalismo o município é considerado ente da federação. 
É importante ressaltar que os entes são apenas autônomos, sendo apenas o 
todo que possui soberania. A União é um ente autônomo e não soberano (pessoa 
jurídica de direito público interna). A soberania é do Estado Brasileiro (pessoa jurídica 
de direito público externo) e não da União; mesmo que esta venha a representar o 
país. 
 
 Capacidade de autogoverno dos entes federados: capacidade de 
organização de seus próprios poderes públicos, por exemplo, a União deve organizar 
os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; os Estados Federados devem organizar 
seus próprios Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; já os Municípios têm uma 
capacidade um pouco mais restrita, posto que os Municípios só organizam os Poderes 
Executivo e Legislativo, pois não tem Poder Judiciário. 
 
 Repartição de Competências: a Constituição Federal deve estabelecer 
uma repartição de competências entre os entes da Federação. 
 
 Participação de todos os entes na formação da vontade nacional: na 
elaboração das leis que valem para todo o país. Participação dos Estados Federados, 
pois os Governos locais participam da elaboração dessas leis por meio dos Senadores. 
O Senado representa os Estados no Poder Legislativo Federal, e os Deputados 
representam o povo de cada Estado federado no Poder Legislativo Federal. 
Por isso o número de Senadores é fixo, e cada Estado elege três Senadores 
e o Distrito Federal também elege o mesmo número de Senadores, aqui o tratamento 
jurídico deve ser equivalente sob pena de subordinação entre Estados. 
Já os Deputados representam o povo de um Estado e quanto mais populoso 
maior será o número de Deputados. Essa característica não é preenchida pelos 
Municípios na participação da vontade nacional. 
 
 Auto-organização dos entes federados: cada Estado deve ter o poder 
de elaboração de suas própriasconstituições estaduais. No caso do Federalismo 
brasileiro o Município preenche esse item, pois cada Município pode ter sua própria lei 
orgânica. A lei orgânica, entretanto, não tem status de “Constituição Municipal”, mas é 
instrumento de organização do Município. 
 
 Autonomia Administrativa: cada ente deve ter competências próprias, 
portanto, capacidade de prestação de serviços públicos. 
 
 Autonomia política: cada ente deve designar seus próprios 
representantes e governantes. Isso impede que o Presidente da República nomeie 
Governadores de Estado e Senadores. 
 
 Autonomia Financeira: os entes federados devem ter recursos próprios, 
devem ter fontes próprias de recursos, por isso, é que existem os tributos exclusivos 
dos Estados para atender essas características. A forma federativa é cláusula pétrea e 
a tentativa de enfraquecer o sistema federativo viola a Constituição Federal, uma vez 
que se o repasse de verbas dependesse da União desconfiguraria o sistema. 
 
 Proibição de Separação dos Estados Federados: os Estados não 
podem se separar do conjunto. E tentativas nesse sentido permitiria a intervenção 
federal. Esta é uma das diferenças entre o sistema federativo e a Confederação, neste 
caso os Estados são soberanos. Na Federação os Estados são autônomos e não 
soberanos. 
 
 Iniciativa de proposta de reforma à Constituição: os entes federados 
devem ter iniciativa para propor emendas ou reforma à Constituição. Para isso a 
Constituição Federal brasileira prevê hipótese de proposta de emenda (art. 60). 
Iniciativa de pelo menos metade das Assembléias Legislativas dos Estados. Esta 
cláusula também não é preenchida pelos Municípios. 
 
A FEDERAÇÃO BRASILEIRA 
 
A Constituição Federal de 1988 disciplina a organização do Estado brasileiro 
no art. 18 e seguintes. A organização político-administrativa da República Federativa 
do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos 
autônomos, nos termos desta Constituição. 
No caput do art.18 não se encontram os Territórios Federais, porém, a própria 
Constituição Federal brasileira disciplina esta figura no § 2o, do art. 18, e no art. 33. Os 
Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou 
reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. 
Atualmente não existem mais territórios. Os últimos foram extintos pela atual 
Constituição, Roraima e Amapá, que foram transformados em Estados, pelo art. 14 do 
ADCT, e Fernando de Noronha que passou a integrar o Estado de Pernambuco, art. 15 
do ADCT. No entanto, os territórios podem ser criados a qualquer momento, e não 
seriam considerados entes da Federação. 
Os territórios não são entes da federação por não possuírem autonomia, e por 
isso a Constituição diz que os territórios integram a União Federal. Os territórios são 
divisões administrativas da União. 
Os territórios só podem ser criados por Lei Complementar. 
Existe Poder Executivo nos territórios, porém, o Governador não é eleito. Na 
verdade, os nomes são indicados pelo próprio Presidente da República e aprovados 
pelo Senado Federal, e nomeado pelo Presidente. Portanto, aos territórios falta 
autonomia política. Além disso, cabe ao congresso Nacional legislar para os territórios. 
O art. 33 da Constituição Federal prevê que se o território tiver mais de cem mil 
habitantes terá um legislativo próprio que recebeu o nome de Câmara Territorial. 
Essa Câmara deve ser composta por meio de eleições. O eleitorado do 
território deverá votar nas eleições para escolher seus membros e as atribuições serão 
definidas por lei. 
O que doutrinariamente é possível mencionar é que para muitos autores a 
existência da Câmara Territorial não elimina a ingerência do Congresso Nacional, 
assim a este continuaria com o Poder para legislar para o Território, porém, deveria ser 
realizada uma divisão de tarefas entre o Congresso Nacional e a Câmara Territorial. 
O art. 33 ainda prevê que os territórios com mais de cem mil habitantes terão 
também um Judiciário próprio de primeira e segunda instância, membros do Ministério 
Público e defensores públicos federais. 
Em geral, não havendo essa quantidade populacional não haverá judiciário 
próprio, então, nesse caso, será o Judiciário do Distrito Federal. 
Cada território elege para a Câmara dos Deputados (representantes do povo 
brasileiro) quatro representantes, independentemente da população. É uma regra fixa. 
Não há eleição para Senadores, aliás, não é ente que compõe a federação. 
É importante lembrar que os territórios não possuem autonomia financeira, 
portanto, os tributos que seriam arrecadados pelos Estados são realizados pela União. 
Os territórios podem ser formados internamente por Municípios, e, estes nada 
diferem dos Municípios existentes nos Estados. Os Municípios elegem seus prefeitos, e 
ficam com a arrecadação de seus tributos. 
 
4. Repartição de Competências 
 
A repartição pode ser analisada sob vários enfoques. É possível a seguinte 
classificação: quanto à natureza da atividade, quanto à origem, quanto à forma, quanto 
ao modelo federativo, e quanto à extensão. 
 
I. Quanto à natureza da atividade: 
 
a) Competência Legislativa. Para elaboração de leis sobre certos assuntos. 
 
b) Competência Administrativa. Também chamada de competência executiva 
ou material, é a competência para a prática de atos administrativos sobre determinados 
assuntos. 
 
II. Quanto à origem: 
 
a) Originárias. São aquelas que a própria Constituição Federal atribui a 
determinados entes. 
 
b) Delegadas. São aquelas resultantes da delegação da competência 
originária de um ente para outro. 
 
III. Quanto à forma: 
 
a) Competências enumeradas. São aquelas expressamente atribuídas pela 
Constituição Federal a certos entes. 
 
b) Competências reservadas ou remanescentes. São aquelas competências 
que não foram enumeradas a certos entes poderá ser reservado a um outro ente, ou 
seja, o que sobrou. 
 
V. Quanto ao modelo federativo: 
 
a) Horizontais: são aquelas atribuídas a um ente com exclusão dos outros 
entes. 
 
b) Verticais: são aquelas atribuídas a mais de um ente, mas havendo uma 
variedade de graduação no seu exercício. Por exemplo, competência concorrente (art. 
24, da CF), sobre essas matérias a União faz norma geral e os Estados normas 
específicas. 
 
VI. Quanto à extensão: 
 
a) Competência Exclusiva: é a que cabe apenas a um ente da federação, 
não pode ser delegada a outro ente. Por exemplo, o art. 21 da Constituição que 
relaciona as matérias de competência exclusiva da União Federal, que não podem ser 
delegadas a outro ente da federação. Exemplo de competência exclusiva dos Estados 
é o art. 25, §§ 2o e 3o, da Constituição. Exemplo de competência exclusiva dos 
municípios, está no art. 30 da Constituição. 
 
b) Competência Privativa: é aquela que também cabe a apenas um ente, 
mas poderá ser delegada a outro. Exemplo: o art. 22 da CF, que prevê a competência 
legislativa privativa da União Federal. O art. 21 trata da competência meramente 
administrativa. O art. 22 trata da competência legislativa. Todo o conteúdo do art. 22 só 
pode ser exercido pela União, porém esta poderá ser delegada, segundo o parágrafo 
único do art. 22 da Constituição. 
É bom observar que a delegação deve para os Estados em geral, não pode 
ser dirigido a um determinado Estado, sob pena de violação do princípio federativo. A 
delegação é uma liberalidade da União, mas não acarreta uma obrigação de legislar 
para o Estado. O Estado que quiser legisla. 
A delegação é sempre feita por lei complementar, e apenas sobre aspectos 
específicos das matérias relacionadas no art. 22 da CF, não é uma delegação ampla. E 
apenas sobre aspectos específicos dessas matérias do art. 22, não é uma delegação 
irrestrita, ilimitada, plena, porque o constituinte não quis aproximar o federalismo 
brasileiro com o americano, quis manter um controle maior da União. 
 
c) Competência Comum: encontra-se previstano art. 23 da Constituição 
Federal. É uma competência de natureza administrativa (material). Pode ser exercida 
por todos os entes da federação. Como todos podem tratar dessas questões poderiam 
ocorrer choques, conflitos. Para evitar conflitos a Constituição Federal no exercício da 
competência comum, no parágrafo único do art. 23, disciplinou que por meio de lei 
complementar federal seria estabelecido a cooperação entre os entes no exercício da 
competência comum, ou seja, quais os aspectos dessas matérias que caberiam 
especificamente à União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 
 
d) Competência Concorrente: está no art. 24 da Constituição Federal e tem 
natureza legislativa. O caput do art. 24 reconhece competência concorrente à União, 
Estados e Distrito Federal, não aparece a figura do Município. 
Essa competência funciona sobre as matérias do art. 24. A União fará apenas 
normas gerais, enquanto que os Estados e o Distrito Federal fazem normas específicas 
sobre assuntos do mesmo artigo. 
 
e) Competência Suplementar: a Constituição Federal designou competência 
suplementar aos Estados e Distrito Federal no tocante às matérias do art. 24, nos §§ 
2o, 3o, e 4o da Constituição. 
Significa que se os Estados e o Distrito Federal se quiserem poderão 
desenvolver melhor, detalhar, as normas gerais criadas pela União. Por isso, alguns 
autores chamam de competência complementar. O Estado pode elaborar, também, 
normas gerais, mas em complemento às normas gerais da União. 
Há, ainda, uma outra situação onde os Estados também exercem a 
competência suplementar. Se a União não criar a norma geral sobre matéria do art. 24, 
o Estado terá capacidade legislativa plena para elaboração de normas gerais. Se, 
posteriormente, a União fizer a norma geral, as normas elaboradas pelos Estados 
serão suspensas apenas nos pontos que contrariarem a norma geral da União. 
Perceba que o § 4o, do art. 24 não diz revogadas, mas suspensas. 
A Constituição Federal prevê também uma competência suplementar dos 
Municípios que está em seu art. 30, II, segundo o qual compete aos Municípios 
suplementar a legislação federal e a estadual no que couber. A doutrina e a 
jurisprudência tem interpretado a expressão a expressão “no que couber”, como 
interesse local. O Município poderá complementar uma lei federal ou estadual se 
houver aspectos de interesse local. 
 
f) Competência Remanescente ou Reservada ou Residual: significa que 
tudo aquilo que a Constituição não enumerar expressamente como sendo de 
competência da União ou dos Municípios, nem como competência comum ou 
concorrente, o remanescente caberá aos Estados. 
A Constituição Federal enumera as competências do Governo Central e o 
resto caberá aos Estados, por exemplo, transporte, a Constituição define como 
competência da União diretrizes sobre transporte e trnsportes interestaduais e 
internacional, a Constituição enumera, também, como competêcia principal os aspectos 
de interesse local de transporte coletivo, toda a disciplina dos Municípios sobre 
transportes, e não enumera em nenhum momento a competência para tratar de 
transportes intermunicipais, se não foi enumerada a nenhum ente, sobrou, portanto, 
para os Estados. Não se confunde com a competência tributária residual da União 
Federal. 
 
5. Formação da Federação: por agregação ou por segregação 
 
 A formação da federação por agregação é aquela que se forma a partir de 
Estados soberanos que decidem se unir. Assim, estes Estados soberanos abrem mão 
de sua soberania que passa a ser apenas da federação, da união destes Estados que 
passam a ter autonomia. É o caso da formação da federação dos Estados Unidos. Diz-
se que sua formação ocorre por meio de um movimento centrípeto, sendo aquele que 
tende a aproximar-se do centro. 
 A formação da federação por segregação é aquela na qual originariamente 
existe um Estado Unitário e posteriormente ele é dividido para formar a federação. É o 
caso da formação da federação Brasileira, já que no Brasil Império foi um Estado 
Unitário que após a República optou pela forma federativa de Estado. Diz-se que sua 
formação ocorre por meio de um movimento centrífogo, sendo aquele que possui a 
tendência de se afastar do centro. 
 
6. Formação dos Estados-Membros 
 
Atualmente o Brasil possui 26 Estados e o Distrito Federal, esse número pode 
ser reduzido ou ampliado, conforme disposição supra. 
Os critérios de modificação encontram-se no citado § 3o, do art. 18 da 
Constituição, que prevê os fenômenos da incorporação entre si, subdivisão e o 
desmembramento. Assim, os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou 
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios 
Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de 
plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. 
 
a) Incorporação: embora a expressão “entre si” pareça insignificante, 
provocou uma enorme discussão na doutrina. Essa expressão não combina com o 
significado de incorporação, nesta um determinado ente, o incorporador absorve o 
outro, o incorporado, que deixa, então, de existir, foi o que aconteceu com o Estado da 
Guanabara que foi incorporado pelo Estado do Rio de Janeiro. 
A expressão “entre si” é própria de um outro fenômeno conhecido como 
fusão, isto é, quando dois ou mais entes se integram. O resultado desta união é o 
desaparecimento dos entes originários e o aparecimento de um elemento distinto. 
Como reconhece José Afonso da Silva e Alexandre de Morais, no momento 
em que a Constituição Federal fala em incorporação entre si está definindo o fenômeno 
da fusão. 
Observação: segundo o art. 48, VI, da CF: cabe ao Congresso Nacional, com 
a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 
49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente 
sobre: incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou 
Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas. Percebe-se que o artigo 
acima fala apenas em incorporação. Assim, também temos o reconhecimento da 
incorporação. 
b) Subdivisão: um determinado Estado se desintegra por completo. Suas 
partes terão destinos variados. O que configura a subdivisão é o desaparecimento total 
do Estado subdividido. 
 
c) Desmembramento: um determinado Estado perde uma parcela de sua 
área territorial, mas continua existindo. Juridicamente é o mesmo Estado, fisicamente 
menor. 
 
REQUISITOS DA INCORPORAÇÃO, SUBDIVISÃO E DESMEMBRAMENTO 
 
a) Realização de Plebiscito. De acordo com os termos do § 3o, do art. 18, 
para que a população diretamente interessada se manifeste. Embora a Constituição 
Federal utilize o termo população é apenas o eleitorado que deve participar do 
plebiscito. No termo técnico seria o povo. De acordo com a Lei 9.709/98, que regula o 
plebiscito, se o resultado do plebiscito for desfavorável à formação do Estado, a 
tentativa de formação do Estado encerrar-se-á. Se o resultado for favorável à formação 
do Estado, deve-se realizar os demais requisitos. 
 
b) Oitiva das Assembléias Legislativas dos Estados envolvidos. Tendo 
uma atuação meramente opinativa, não decisória, é claro que haverá manifestação dos 
Estados envolvidos, através do seu Poder Legislativo. 
 
c) Lei Complementar. Deve ser aprovada pelo Congresso Nacional Lei 
Complementar determinando a formação do Estado. A função decisiva é do Congresso 
nacional. Também pode rejeitar, afinal, não se deve esquecer que participa do 
plebiscito apenas uma parcela do eleitorado, sendo que não pode uma parcela do 
eleitorado vincular o órgão que representa os eleitores de todos os Estados. 
 
Os dois primeiros requisitos servem para instruir, dar elementos ao 
Congresso Nacional. As manifestações das Assembléias Legislativas estão previstas 
no art. 48, VI, da Constituição Federal. 
 
7. Formação dos Municípios 
 
O § 4o, do art. 18, da Constituição Federal, prevê a criação, incorporação, 
fusãoe desmembramento de Município. A criação, a incorporação, a fusão e o 
desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período 
determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, 
mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos 
Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. 
Não foi prevista a subdivisão para os Municípios, somente para os Estados. 
Percebe-se que a redação do dispositivo constitucional é mais clara, não fala de 
incorporação entre si, e autoriza tanto a fusão como a incorporação. E coloca o termo 
“criação” independente dos demais, dando um significado próprio, que não se confunde 
com os demais fenômenos. 
Assim, o citado dispositivo constitucional prevê quatro fenômenos modificativos 
dos Municípios: criação, incorporação, fusão e desmembramento. 
 
a) Incorporação. Um determinado município, o incorporador, absorve, incorpora, 
engloba um outro município, chamado de incorporado, esse município incorporado 
deixa, então de existir, e o incorporador continua existindo, só que maior. 
 
b) Fusão. Dois ou mais municípios se integram e o resultado desta união é o 
surgimento de um município distinto dos originários. 
 
c) Desmembramento. Os municípios que sofre o desmembramento perdem 
parcela de território, porém, continuam existindo. 
 
d) Criação. É a hipótese de surgimento de município em área não pertencente a 
outro município. 
 
REQUISITOS PARA FORMAÇÃO DOS MUNICÍPIOS 
 
a) Plebiscito. A Constituição Federal faz referência para manifestações das 
populações diretamente interessadas. 
 
b) Lei Complementar. Deve ser aprovada pelo Congresso Nacional, fixando o 
período m que poderia ocorrer em todo o país a formação de municípios. É o papel da 
União por meio do Congresso. Esta lei complementar até hoje não foi aprovada. 
 
c) Estudos de Viabilidade. Diz a Constituição brasileira da apresentação de 
viabilidade municipal na forma da lei, entende-se que essa lei é federal. Se a 
Constituição Federal não especifica é lei federal ordinária, que até hoje não foi 
aprovada. Não há, portanto, definição desses estudos, e do órgão que teria 
competência para sua elaboração. 
 
d) Aprovação de Lei Estadual. Esta lei determina a formação do município, o 
ente que determina é o Estado, por lei estadual. Como a Constituição Federal diz 
apenas lei estadual, entende-se que é lei ordinária. A Constituição de São Paulo diz lei 
complementar, deve ser dada primazia à Constituição Federal, portanto, é lei estadual 
ordinária. 
 
Dos quatro requisitos, dois dependem de regulamentação, a lei complementar e 
os estudos de viabilidade. O Supremo Tribunal Federal tem entendido que o § 4o é uma 
norma constitucional de eficácia limitada, ou seja, é uma norma incompleta, cuja 
aplicação prática depende de uma regulamentação, de uma providência posterior. 
Enquanto não surge a regulamentação da norma, esta não terá aplicabilidade prática, 
por isso é chamada por Maria Helena Diniz como norma de eficácia relativa 
dependente de complementação, assim, não seria possível a formação de Município, 
sob pena de inconstitucionalidade enquanto não surgisse a regulamentação. A partir de 
1996 o Supremo Tribunal Federal vem julgando inconstitucional o desmembramento de 
município. 
 
8. Distrito Federal 
 
 Encontra-se previsto no art.32 CF. É um ente típico da forma federativa em que 
o Brasil importou dos Estados Unidos. Surgiu para que fosse reservada uma área 
territorial para abrigar a sede da União Federal, portanto, uma área que não pertenceria 
a nenhum Estado-Membro da Federação. Afinal, a União não pode se confundir com 
os Estados-membros. Essa é a razão de ser dessa figura sui generis chamada Distrito 
Federal. 
 Foi atribuída autonomia a este ente para não se confundir com a própria União 
Federal, que tem em vista questões de interesse nacional, e assim não ficasse com o 
encargo de governar e administrar a vida social que existe naquela área, criada para 
abrigar a sua sede. Assim, para aliviar a União deste encargo é que foi conferida 
autonomia ao Distrito Federal. A confusão é geográfica, porém, juridicamente são entes 
distintos a União e o Distrito Federal. 
 O nome que se dá ao documento organizativo desse ente federativo e elaborado 
por ele é Lei Orgânica. O Poder Executivo do Distrito Federal tem a particularidade do 
Governador também contar com o auxílio dos Administradores Regionais, além dos 
Secretários distritais. Isso decorre do fato que o Distrito Federal não é formado por 
Municípios e não pode ser dividido em Municípios. 
 Outra peculiariedade diz respeito ao Poder Legislativo, esta Câmara Legislativa 
exercerá as competências legislativas do Distrito Federal, isto é, aquelas que seriam 
estaduais e as municipais. 
 
9. Intervenção Federal e Intervenção Estadual 
 
 A regra em nosso ordenamento jurídico é a de que não haja intervenção da 
União nos Estados e nem no Distrito Federal (também da União nos Municípios 
contidos em Território Federal). O mesmo também vale para os Estados em face dos 
Municípios constantes de seu território. Entrementes, para a salvaguarda da pontos 
constitucionais que o constituinte entendeu por bem privilegiar restou autorizada a 
intervenção, nos moldes dos artigos 34, 35 e 36 da Constituição Federal. 
 
INTERVENÇÃO FEDERAL 
 
Consoante o já informado, prevalece a regra geral da autonomia dos entes federativos. 
Contudo, excepcionalmente, será admitido o sobrestamento dessa autonomia, não 
obstante claro o propósito de assegurá-la. A UNIÃO somente poderá intervir nos 
Estados e no Distrito Federal. A UNIÃO não poderá intervir diretamente nos Municípios, 
exceto se pertencentes a Território Federal (Autarquia Federal). 
 
A UNIÃO intervirá nos Estados e no Distrito Federal, para: a. manter a integridade 
nacional; b. repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; c. 
pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; d. garantir o livre exercício de 
qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; e. reorganizar as finanças da 
unidade da Federação. 
 
INTERVENÇÃO ESTADUAL 
 
O ESTADO não intervirá em seus MUNICÍPIOS e a UNIÃO nos Municípios localizados 
em Territórios Federais, exceto quando: a. deixar de ser paga, sem motivo de força 
maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada; b. não forem prestadas contas 
devidas, na forma da lei; c. não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita 
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços 
públicos de saúde; d. o Tribunal de Justiça der provimento a representação para 
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para 
prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. 
 
Auto Avaliação 
 
1. Aponte e explique os elementos do Estado. 
 
2. Qual a distinção entre o Estado Unitário e o Estado Federal ? 
 
3. Quais são as características do Estado Federal ? 
 
4. Existe hierarquia entre os entes políticos da Federação ? Explique. 
 
5. Quais são os critérios de repartição de competências na Federação ? 
 
6. Quando o institudo da Intervenção Federal pode ser utilizado ? 
 
 
Referências 
 
ARAUJO, Luiz Alberto David. NUNES Jr., Vidal Serrano. Curso de Direito 
Constitucional. Ed.: Saraiva; 
 
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros; 
 
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva; 
 
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires e BRANCO, Paulo Gustavo 
Gonet. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva; 
 
MORAES, Alexandre de., Direito Constitucional. São Paulo: Atlas; 
 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros. 
 
 
Tema VII: Estado Brasileiro e Nacionalidade 
 
 
Introdução 
 
Você estudará como ocorre a formação do vínculo jurídico com o Estado Brasileiro, 
bem como hipóteses perda deste vínculo. A este vínculo jurídico existente

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