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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIDADE ACADÊMICA DE SERRA TALHADA CURSO DE AGRONOMIA CARLOS ALBERTO VIEIRA DE SOUZA DISTRIBUIÇÃO IÔNICA E DANOS CELULARES EM PLANTAS DE FEIJÃO DE CORDA (Vigna unguiculata L.) SUBMETIDAS AO ESTRESSE SALINO SERRA TALHADA PERNAMBUCO – BRASIL 2014 CARLOS ALBERTO VIEIRA DE SOUZA DISTRIBUIÇÃO IÔNICA E DANOS CELULARES EM PLANTAS DE FEIJÃO DE CORDA (Vigna unguiculata L.) SUBMETIDAS AO ESTRESSE SALINO Orientador: Profº. Dr. Sérgio Luiz Ferreira da Silva SERRA TALHADA PERNAMBUCO – BRASIL 2014 Monografia apresentada ao Curso de Agronomia da Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadêmica de Serra Talhada, como exigência para a obtenção do título de Engenheiro Agrônomo. Monografia de Graduação apresentada a Coordenação do Curso de Graduação em Agronomia como parte dos requisitos para obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo, outorgado pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada, e se encontra a disposição dos interessados na Biblioteca desta Universidade. A transcrição de qualquer trecho desta Tese é permitida, desde que feita de acordo com as normas da ética cientifica. Monografia aprovada em _____ / _____ / _______ Carlos Alberto Vieira de Souza Sérgio Luiz Ferreira da Silva, Dr. UFRPE/UAST - Orientador Rosa Honorato de Oliveira, Dr. UFRPE/UAST - Coorientadora Adriano do Nascimento Simões, Dr. UFRPE/UAST – Conselheiro Aos meus pais, Alberto Vieira de Souza (in memorian) e Joana Seles de Souza Moura, por todo amor, dedicação, incentivo e confiança em mim depositados. Aos meus irmãos, José Jailson Vieira de Souza, Joana Darc Vieira de Souza, Joanaína Vieira de Souza pelo carinho e amizade. A minha sobrinha, Sheylla Samara de Souza Melo, Minha alegria presente. A minha noiva, Andriceia Arruda de Souza, Meu maior presente e minha confidente. Aos meus sogros, Antônio Arruda da Silva e Angelita de Souza e Silva, Verdadeiros pais adotivos que Deus me presenteou. A meus cunhados, Andrinéa Arruda de Souza e José André de Souza e Silva Verdadeiros irmãos. DEDICO A meu Orientador, Sérgio Luiz Ferreira da Silva, pela confiança, amizade e dedicação. Aos meus companheiros de trabalho, Hamurabi Lins, Daniel Lopes e Luiz Ferreira Coelho Jr. pela ajuda e companheirismo na execução desse trabalho. A meus amigos, Alberto Laranjeira Jr. e Silvio André de Freitas Bezerra, pelo incentivo e pelo apoio constante. OFEREÇO AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar a DEUS, pela oportunidade a mim ofertada, pela aprendizagem e por me guiar em todo o meu caminho. Aos meus pais, Alberto Vieira de Souza (in memorian) e Joana Seles de Souza Moura, pelo amor, carinho, apoio, ensinamentos e dedicação em todos esses anos da minha vida. Aos meus irmãos, José Jailson Vieira de Souza, Joana Darc Vieira de Souza, Joanaína Vieira de Souza, pela amizade e pelos incentivos dado nesta conquista. A minha sobrinha, Sheylla Samara de Souza Melo, alegria para mim. À Universidade Federal Rural de Pernambuco – Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UFRPE-UAST), pela oportunidade de realizar esse trabalho e pela melhoria dos meus conhecimentos. Ao professor Sérgio Luiz Ferreira da Silva, pela dedicação na orientação, ensinamentos transmitidos, e amizade. Professores Adriano do Nascimento Simões, pelos ensinamentos durante meu curso de graduação pela importante contribuição na avaliação e revisão do presente trabalho. Professora Rosa Honorato de Oliveira, pelos ensinamentos durante meu curso de graduação e importante contribuição durante a avaliação e revisão do presente trabalho. Aos professores do curso de Agronomia em especial ao professor Ornam Felipe pelo exemplo de profissional da UFRPE-UAST, pelo estímulo à pesquisa científica e à formação profissional. A todos os meus colegas de Agronomia da UFRPE-UAST, destacando-se Alberto Luciano Laranjeira Júnior, Adiel Felipe da Silva Cruz, John Ferreira dos Santos e Sílvio Bezerra, pela amizade e apoio a iniciação científica. Agradeço. Muito Obrigado. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................... i RESUMO ......................................................................................................................... ii ABSTRACT .................................................................................................................... iii 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12 2 REVISÃO DE LITERATURA (ESTADO DA ARTE) ............................................... 2 2.1 ESTRESSE SALINO E O CRESCIMENTO VEGETAL ......................................... 2 2.2 ESTRESSE SALINO E DISTÚRBIOS OXIDATIVO .............................................. 5 3 HIPÓTESE E OBJETIVOS ......................................................................................... 8 3.1 HIPÓTESE ............................................................................................................... 8 3.2 OBJETIVOS ............................................................................................................ 8 3.2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 8 3.2.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 8 4 MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 9 4.1 OBTENÇÃO DAS PLANTAS E APLICAÇÃO DO TRATAMENTO SALINO ...... 9 4.2 AVALIAÇÕES REALIZADAS ............................................................................ 10 4.2.1 Determinação da massa fresca das diferentes partes das plantas ........................ 10 4.2.2 Conteúdo relativo de água (CRA) ..................................................................... 10 4.2.3 Extravasamento de eletrólito ............................................................................ 11 4.2.4 Conteúdos de sódio, cloreto e potássio ............................................................. 11 4.2.5 Conteúdo de peróxido de hidrogênio ................................................................ 12 4.2.6 Conteúdo de substância reativa ao ácido tiobarbitúrico ..................................... 12 4.2.7 Determinações da atividade enzimática ............................................................ 13 4.2.7.1 Extração de proteínas ................................................................................. 13 4.2.7.2 Atividade da catalase ................................................................................. 13 4.2.7.3 Atividade de dismutase do superóxido ....................................................... 13 4.2.7.4 Atividade da peroxidase do ascorbato ........................................................ 14 4.2.7.5 Delineamento estatístico e análise dos dados .............................................. 14 5 RESULTADOS .......................................................................................................... 15 5.1 CRESCIMENTO E CONTEÚDO DE CLOROFILAS ........................................... 15 5.2 ACUMULAÇÃO DE Na + , Cl - E K + NAS PLANTAS ............................................. 19 5.3 OCORRÊNCIA DE DANOS CELULARES E PROTEÇÃO OXIDATIVA .......... 26 6 DISCUSSÃO ...............................................................................................................31 7 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 34 8 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 35 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Esquema hipotético mostrando o modelo bifásico para a restrição de crescimento vegetal imposta pela salinidade. A restrição de crescimento inicial é uma resposta rápida e de alta intensidade, causada pelo aumento da pressão osmótica no meio externo (fase osmótica). Posteriormente, ocorre a restrição do crescimento em função de acumulação excessiva de íons tóxicos nos tecidos (fase iônica), que em geral levam ao surgimento de sintomas visuais de toxicidade nas folhas (geralmente clorose seguida por surgimento de áreas necróticas). Essas respostas podem variar intensamente entre espécies/genótipos, nível de salinidade, tipo de solo e fatores ambientais (Adaptado de MUNNS E TESTER, 2008). ........................................................ 3 Figura 2. Relação entre a concentração iônica da solução nutritiva apresentando diferentes concentrações de NaCl (0, 40, 80, 120 e 160 mM) com os respectivos valores de condutividade elétrica (CE). Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. ............................................................... 10 Figura 3. Aspecto visual de plantas de feijão-de-corda, em vista lateral (A)e superior da copa (B), apresentado redução de crescimento da parte aérea em resposta ao tratamento salino, após o cultivo das plantas na ausência (controle) ou na presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias consecutivos. Em detalhe as setas mostram que as plantas expostas as concentrações mais elevada do sal (120 e 160 mM) apresentam folhas com coloração mais clara. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. ..................................................................................... 15 Figura 4. Conteúdos de clorofilas a (A), clorofila b (B), clorofilas totais (C) e relação clorofilas a/b (D), em folhas de feijão de corda cultivada na ausência (controle) ou na presença de concentrações de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias consecutivos. As barras representam médias ± desvio padrão estimados a partir de quatro repetições. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. .. 17 Figura 5. Massa fresca de folhas (A), pecíolos (B), caules (C) e raízes (D) de plantas de feijão de corda cultivada na ausência (controle) ou na presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias consecutivos. As barras representam valores médios de massa fresca, das respectivas partes, com base no conteúdo de massa para cada duas plantas e estão expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. .................. 18 Figura 6. Conteúdo de Na+ (A), K+ (B), Cl- (C) e razão K+/Na+(D) em folha de feijão de corda cultivada na ausência e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) após 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos para duas plantas, e estão expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. .................................. 20 Figura 7. Conteúdo de Na+ (A), K+ (B), Cl- (C) e razão K+/Na+ (D) no pecíolo de feijão de corda cultivada na ausência e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos para duas plantas e estão expressos na forma de média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. ............. 21 Figura 8. Conteúdos de Na+(A), K+ (B), Cl- (C) e razão K+/Na+(D) da parte apical dos caules (representando a região meristemática) de feijão de corda cultivada na ausência (controle) ou na presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) após 20 dias consecutivos. As barras representam valores médios ± desvio padrão, estimados a partir de três repetições. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. .............................................................................................. 23 Figura 9. Conteúdo de Na + (A), K + (B), Cl - (C) e razão K + /Na + (D) em caule de feijão de corda cultivada na ausência e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos para duas plantas e estão expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. .................. 24 Figura 10. Conteúdo de Na+ (A), K+ (B), Cl- (C) e razão K+/Na+(D) em raízes de feijão de corda cultivada na ausência e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos para duas plantas e estão expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. .................. 25 Figura 11. Medidas do conteúdo relativo de água (A) e do dano de membrana em folhas (B) de feijão de corda cultivada na ausência (controle) ou na presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) após 20 dias consecutivos. As barras representam médias ± desvio padrão estimados a partir de três repetições. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. ............................ 26 Figura 12. Peroxidação de lipídios estimada pelo conteúdo de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) em raízes (A) e folhas (B) de feijão de corda cultivada na ausência (controle) e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. ..................................................................................... 27 Figura 13. Conteúdo de peróxido de hidrogênio (H2O2) em raízes (A) e folhas (B) de feijão de corda cultivada na ausência (controle) e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. ...................................... 28 Figura 14. Conteúdo de proteína solúvel em raízes (A) e folhas (B) de feijão de corda cultivada na ausência (controle) e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014.......................................................................... 29 Figura 15. Atividade da enzima dismutase de superóxido (SOD) de raízes (A) e folhas (B) de feijão de corda cultivada na ausência (controle) e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. ...................................... 29 Figura 16. Atividade da catalase em raízes (A) e folhas (B) de feijão de corda cultivada na ausência (controle) e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. ..................................................................................... 30 Figura 17. Atividade da enzima peroxidase do ascorbato (APX) em raízes (A) e folha (B) de feijão de corda cultivada na ausência (controle) e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. ......................................30 SOUZA, C.A.V. Distribuição iônica e danos celulares em plantas de feijão de corda (Vigna unguiculata L.) submetidas ao estresse salino. 2014. Monografia (Agronomia)- Universidade Federal Rural de Pernambuco, Serra Talhada, Pernambuco, Brasil.* RESUMO O excesso de sais na solução do solo causa estresse osmótico, pela redução do potencial hídrico, e toxicidade iônica, desencadeada pelo excesso de íons tóxicos no tecido da planta. Os distúrbios metabólicos induzidos pelos efeitos osmóticos e iônicos da salinidade afetam processos essenciais para o desempenho vegetal, como o equilíbrio nutricional e as relações hídricas. O presente estudo teve como objetivo caracterizar mecanismos bioquímicos e fisiológicos envolvidos com a proteção oxidativa, distribuição iônica e com a restrição de crescimento em plantas de feijão de corda exposta ao estresse salino. O experimento foi realizado com plantas, cultivar BRS Pujante, obtidas a partir de sementes, e expostas a concentrações crescentes de NaCl (0, 40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. Avaliaram-se o crescimento com base na massa fresca (folha, pecíolo, caule, raiz). Os conteúdos de clorofilas a, b, totais, a relação a/b bem como, o conteúdo relativo de água (CRA) e dano de membrana (DM) nas folhas. A distribuição e o conteúdo dos íons Na + , K + , Cl - e a relação K + /Na + (folha, parte apical do caule, pecíolo, caule e raiz). A peroxidação de lipídios, conteúdo de Peróxido de hidrogênio H2O2, proteína solúvel e atividade das enzimas do sistema SOD-APX-CAT em folhas e raízes. A restrição do crescimento da parte aérea ocorreu associada a sintomas de clorose o que foi relacionado com a redução do teor de clorofilas. Os conteúdos e distribuição de íons (Na + , Cl - e K + ) na planta indicaram que as plantas apresentam boa capacidade de exclusão dos íons salinos Na + e Cl - das folhas e raízes. Essa aparente exclusão correu associada com a inclusão desses íons tóxicos principalmente em tecidos de caules, pecíolos e região apical do caule. O estresse salino não afetou o teor de água do tecido foliar. No entanto, induziu aumentos no dano de membrana, o que ocorreu associado à peroxidação de lipídios. O sistema SOD-APX-CAT, não foi compatível com a proteção oxidativa sob as condições do presente estudo. A sensibilidade de plantas de feijão ao estresse salino está associada com acumulação excessiva dos íons tóxicos (Na + e Cl - ) em caules, pecíolos e região apical do caule, bem como danos oxidativos em folhas e raízes. A relativa tolerância dessa espécie ao sal pode ser atribuída à exclusão dos íons Na + e Cl - de folhas e raízes. Palavras chave: Salinidade, Toxicidade iônica, Estresse oxidativo, Vigna unguiculata. *Orientador: Profº. D.Sc. Sérgio Luiz Ferreira da Silva e co-orientadora Profº. D.Sc. Rosa Honorato de Oliveira - Universidade Federal Rural de Pernambuco SOUZA, Carlos Alberto Vieira. Ion distribution and cellular damage in plants of cowpea (Vigna unguiculata L.) subjected to salt stress. 2014 Monograph (Agronomy) - Federal Rural University of Pernambuco, Serra Hewn, Pernambuco, Brazil *. ABSTRAT Excess salts in the soil solution cause osmotic stress, by reduced water potential, and ionic toxicity triggered by excess toxic ions in plant tissue. Metabolic disorders induced by osmotic and ionic effects of salinity affect essential processes for plant performance, as the nutritional balance and water relations. The present study aimed to characterize the biochemical and physiological mechanisms involved in oxidative protection, ion distribution and growth restriction in bean plants exposed to salt stress rope. The experiment was conducted with plants, BRS Pujante obtained from seeds, and exposed to increasing concentrations of NaCl (0, 40, 80, 120 and 160 mM) for 20 days. We evaluated the growth based on fresh weight (leaf, petiole, stem, root). The contents of chlorophylls a, b, totals, the a/b ratio and the relative water content (CRA) and membrane damage (DM) on the leaves. The content and distribution of Na + , K + , Cl - and K + /Na + (leaf, apical part of the stem, petiole, stem and root). The lipid peroxidation, content of hydrogen peroxide H2O2, soluble protein and enzyme activity of SOD-CAT-APX system in leaves and roots. The restriction of shoot growth was associated with symptoms of chlorosis which was related to the reduction of chlorophylls. The content and distribution of ions (Na + , K + and Cl - ) in the plant indicated that plants have a good ability to exclude saline Na + and Cl - ions of the Leaves and roots. This apparent exclusion rushed associated with the inclusion of these toxic mainly in tissues of stems, petioles and apical region of the stem ions. Salt stress did not affect the water content of the leaf tissue, however, induced increases in membrane damage, which was associated with the lipid peroxidation. The APX-SOD-CAT system is not compatible with the oxidative protection under the conditions of this study. The sensitivity of bean plants to salt stress is associated with excessive accumulation of toxic ions (Na + and Cl - ) in stems, petioles and apical region of the stem, and oxidative damage in leaves and roots. The relative salt tolerance of this species can be attributed to the exclusion of Na + and Cl - in leaves and roots. Keywords: Salinity, ion toxicity, oxidative stress, Vigna unguiculata. * Advisor: Prof.. D.Sc. Sérgio Luiz Ferreira da Silva and co-advisor Prof.. D.Sc. Rosa Honorato de Oliveira - Federal Rural University of Pernambuco 1 1 INTRODUÇÃO A cultura do feijão de corda (Vigna unguiculata L.) representa uma importante fonte de proteína para as populações das Regiões Norte e Nordeste do Brasil, particularmente nas áreas de clima semiárido dessas regiões, onde é bastante explorada em cultivo de sequeiro. Nessas áreas predominam alguns fatores de estresses abióticos que são responsáveis pela perda de produção agrícola, tais como temperaturas elevadas que ocorrem associadas com seca, salinidade e radiação solar excessiva. Esses fatores, isoladamente ou em combinação, causam distúrbios intensos no metabolismo vegetal (MITTLER et al., 2006). Dentre os danos causados para o crescimento vegetal por esses fatores abiótico aqueles atribuídos à salinidade dos solos apresentam extrema relevância, em função de seus efeitos adversos sobre processo metabólicos essenciais, como o desbalanço hídrico, iônico e nutricional das espécies (CUIN et al., 2008; APSE e BLUMWALD, 2007). Resultados de estudos recentes têm demonstrado que plantas de feijão de corda apresentam relativa sensibilidade ao estresse salino, a qual está diretamente relacionada com uma intensa redução de crescimento (CAVALCANTI et al., 2007; MAIA et al., 2012) e restrição da absorção e utilização de nutrientes, afetando a nutrição de macronutrientes como o potássio (VOIGT et al., 2009) e o nitrogênio (SILVEIRA et al., 2010). Dos mecanismos relacionados com a tolerância ao estresse salino, a capacidade de distribuição e de exclusão de íons tóxicos (Na + e Cl - ) dos tecidos é considerada de fundamental importância para a caracterização da resistência ao estresse em espécies e/ou genótipos de interesse (ASHRAF e AHMAD, 2000; SANTA-CRUZ et al., 2002; ESTAÑ et al., 2005; PARANYCHIANAKIS e ANGELAKIS, 2008). A eficiência desses mecanismos de distribuição e exclusão iônica em condições de salinidade pode levar a uma restrição do excesso de íons tóxicos, o que ocorre associado com uma adequada nutrição potássica, considerada essencial para a manutenção de uma homeostase K + /Na + em meios salinizados (APSE e BLUMWALD, 2007). Além de distúrbios associados à toxicidade iônica em plantas de feijoeiroexpostas a salinidade, estudos também têm demonstrado que o estresse salino pode levar a ocorrência de danos oxidativos, causando intensa peroxidação de lipídios de membranas e conseqüente morte de células e tecidos (MAIA et al., 2010). Esses danos oxidativos, embora 2 considerados secundários, apresentaram estreita relação com mecanismos de restrição de crescimento do sistema radicular em plantas de feijoeiro submetidas aos estresses salino e hídrico (MAIA et al., 2013). Esses estudos já realizados indicam parte da complexidade dos mecanismos celulares que estão efetivamente relacionados com respostas de crescimento dessa espécie em condições de salinidade. Dessa forma, pesquisas que possam caracterizar marcadores bioquímicos e fisiológicos envolvidos com a redução de crescimento do feijoeiro em condições salinas, podem efetivamente dar uma contribuição ao melhor entendimento dos componentes celulares envolvidos com esse processo naquelas condições. 2 REVISÃO DE LITERATURA (ESTADO DA ARTE) 2.1 ESTRESSE SALINO E O CRESCIMENTO VEGETAL Os efeitos primários da salinidade sobre o crescimento vegetal estão relacionados com os seguintes distúrbios metabólicos: (1) déficit hídrico, devido à elevada concentração de solutos na solução do solo pode causar redução do potencial hídrico próximo à raiz; (2) a toxicidade iônica associada à absorção excessiva de íons salinos, principalmente Cl - e Na + ; (3) desbalanço nutricional induzido pela redução na absorção e/ou transporte de nutrientes para a parte aérea da planta (MUNNS, 2005). Os impactos desses três componentes considerados primários do estresse salino sobre os distúrbios metabólicos, que resultam em restrição do crescimento e da produção, são relativamente complexos devido à ocorrência de forma simultânea e interativa desses fatores em condições de salinidade (YEO, 1998). A restrição de crescimento imposta pela salinidade nas plantas apresenta um modelo bifásico, conforme proposto por (MUNNS e TESTER, 2008). Por essa proposta, logo após a exposição ao sal a diminuição do crescimento é atribuída exclusivamente à redução do potencial osmótico do meio, enquanto que com a continuação de exposição à salinidade os impactos sobre o crescimento passam a ser atribuídos ao efeito tóxico dos íons salinos. Na primeira fase, o crescimento da planta é afetado pelos sais que estão no exterior da mesma, sendo que essa resposta está aparentemente regulada por sinalização proveniente da raiz, sobretudo pelo ácido abscísico (ABA) e o cálcio intracelular [Ca 2+ ]int, enquanto que a 3 segunda fase, caracteriza-se pela redução do crescimento resultante do acúmulo de sais no interior da planta (Figura 1). O aumento do conteúdo de Na + no tecido foliar pode afetar processos fisiológicos e bioquímicos dependentes de K + , como a abertura estomática, a fotossíntese, a respiração e a síntese de proteínas, devido à similaridade físico-química entre esses dois íons (APSE e BLUMWALD, 2007). Esses distúrbios são reflexos da toxicidade iônica e estão diretamente associados com alterações nas proporções de nutrientes no tecido, principalmente na razão K + /Na + , que afetam a homeostase iônica celular (MAATHUIS e AMTMANN, 1999; ZHU, 2001). Sob condições fisiológicas normais, a concentração citosólica de K + na célula vegetal é de cerca de 150 mM (HIGINBOTHAM, 1973), enquanto a concentração de Na + é relativamente baixa (1–10 mM) (CARDEN et al., 2003). Devido à natureza competitiva desses íons, a acumulação excessiva de Na + no citosol (ZHU, 2000; LEIGH, 2001) pode levar a redução significativa da relação K + /Na + , o que está diretamente associada com o aumento da sensibilidade ao estresse (MAATHUIS e AMTMANN, 1999; DASGAN et al., 2002). Figura 1. Esquema hipotético mostrando o modelo bifásico para a restrição de crescimento vegetal imposta pela salinidade. A restrição de crescimento inicial é uma resposta rápida e de alta intensidade, causada pelo aumento da pressão osmótica no meio externo (fase osmótica). Posteriormente, ocorre a restrição do crescimento em função de acumulação excessiva de íons tóxicos nos tecidos (fase iônica), que em geral levam ao surgimento de sintomas visuais de toxicidade nas folhas (geralmente clorose seguida por surgimento de áreas necróticas). Essas respostas podem variar intensamente entre espécies/genótipos, nível de salinidade, tipo de solo e fatores ambientais (Adaptado de MUNNS E TESTER, 2008). A restrição da absorção de K + em raízes de plantas sob salinidade está relacionada aos sistemas de transporte de K + na plasmalema (MARTINEZ-CORDERO et al., 2005). O influxo de K + nas células ocorre por dois sistemas específicos, denominados de alta e de 4 baixa afinidade (MAATHUIS e SANDERS, 1994). O sistema de baixa afinidade é responsável pela absorção K + em meios em que a concentração de K + é relativamente elevada (faixas de mM), enquanto que o de alta afinidade é responsável pela absorção em baixas concentrações (faixa de µM) de potássio (EPSTEIN et al., 1963). Por sua vez, o influxo do Na + na célula ocorre principalmente por canais de cátions não seletivos (TESTER e DAVENPORT; 2003), mas pode competir pelos sistemas de absorção de K + , principalmente com aquele de alta afinidade (RUS et al., 2001; MÁSER et al., 2002; ZHU, 2003). O influxo de Na + pelo sistema de alta afinidade responsável pela a absorção de K + ocorre devido à similaridade do raio iônico desses dois cátions (ZHU, 2003), e representa uma das bases da toxicidade iônica da salinidade para as plantas (MAATHUIS E AMTMANN, 1999; APSE, 2007). Embora o sistema de alta afinidade possua uma maior seletividade K + /Na + durante a absorção, em meios com concentração relativamente elevada de Na + essa via pode permitir significativo influxo de Na + na célula (ZHU, 2003). O aumento do conteúdo de Na + no citosol afeta a homeostase iônica nutricional e pode comprometer o funcionamento celular, sendo a manutenção de uma elevada razão K + /Na + no citosol considerada essencial para a resistência à salinidade (MAATHUIS e AMTMANN, 1999). Além da competição iônica específica, a redução do conteúdo de K + celular induzida pela salinidade (SHABALA et al., 2003, 2006; CHEN et al., 2005) pode também resultar da despolarização da membrana e ativação de canais associados ao efluxo de K + da célula (SHABALA et al., 2006). Dentre os mecanismos relacionados com a resistência a salinidade atualmente conhecidos, a capacidade de exclusão de Na + e Cl - é considerada de fundamental para a caracterização da resistência ao estresse salino em espécies e/ou genótipos de interesse (ASHRAF e AHMAD, 2000; WAHOME et al., 2001; SANTA-CRUZ et al., 2002; ESTAÑ et al., 2005; PARANYCHIANAKIS e ANGELAKIS, 2008). Além disso, a manutenção de uma adequada nutrição potássica é essencial para manutenção de uma homeostase K + /Na + favorável, além de seu envolvimento em diversos processos fisiológicos importantes (MAATHUIS e AMTMANN, 1999, ZHU, 2003; CUIN et al., 2008). A acumulação de K + e de outros solutos compatíveis na célula vegetal, tais como prolina, glicina betaína e açúcares (SILVA et al., 2009), é considerada um importante mecanismo bioquímico e fisiológico envolvido com a resistência ao efeito osmótico da 5 salinidade (ASHRAF e HARRIS, 2004; ASHRAF e FOOLAD, 2007). As estratégias atualmente empregadas para atenuar os danos causados pelo estresse salino no rendimento agrícola incluem algumas medidas relacionadas à correção dos solos, ainda consideradas dispendiosas e apenas temporárias (DASGAN et al., 2002), além daquelas direcionadas à obtenção e utilização de materiais geneticamente mais resistentes ao estresse, consideradas laboriosas e complexas em função do caráter multifatorial da resistência, más permanentes (FLOWERS, 2004). Assim, a elucidaçãoe a utilização de mecanismos de resistência ao estresse salino, presentes em espécies vegetais de importância econômica, podem consistir em abordagens mais viáveis e estratégicas para produzir plantas mais resistentes visando reduzir os impactos da salinidade sobre a produtividade das culturas (MARTINEZ- RODRIGUEZ et al., 2008). 2.2 ESTRESSE SALINO E DISTÚRBIOS OXIDATIVO Além dos efeitos osmóticos e iônicos, considerados efeitos primários da salinidade, o estresse salino pode afetar diferentes aspectos do metabolismo vegetal envolvidos com processos metabólicos chaves, como a fotossíntese e distúrbios oxidativos (MUNNS e TESTER, 2008). O fechamento estomático é uma das respostas mais rápidas e intensas que ocorrem em plantas submetidas à salinidade. Essa resposta estomática é provavelmente regulada por vias de sinalização que ocorre na raiz, apresentando grande similaridade com aquelas associadas à sinalização sob condições de estresse hídrico (DAVIES et al., 2005). A restrição estomática, induzida pela salinidade e outros estresses abióticos, limita a fixação de CO2 e a taxa fotossintética, podendo resultar no aumento da produção de espécies reativas de oxigênio (EROs), como o radical superóxido (O2 •- ), peróxido de hidrogênio (H2O2) e o radical hidroxil (OH • ), e da atividade de enzimas removedoras dessas formas tóxicas do oxigênio (MITTLER, 2002; APEL e HIRT, 2004). A limitação da fixação de CO2 sob condições de estresses resulta na diminuição de redução de carbono pelo Ciclo de Calvin e no aumento da relação NADPH/NADP + no estroma dos cloroplastos, reduzindo a concentração de NADP + que é o principal aceptor de elétrons fotossintéticos. Nessas condições, ocorre rapidamente uma sobrecarga de energia na cadeia transportadora de elétrons (CTE) do cloroplasto e o excesso de elétrons pode ser 6 desviado para redução do O2 (FOYER et al., 2000). Nesse estado de super-redução do fotossistema I (PSI) ocorre a foto-redução do O2, podendo produzir o radical superóxido (O2 •- ), pela reação de Mehler (HUS e KAO, 2003), que ativa uma reação em cadeia e produz mais EROs nos cloroplastos. Essas EROs são altamente reativas e em excesso alteram rapidamente o metabolismo celular, reagindo com proteínas, lipídios e ácidos nucléicos, causando peroxidação de lipídios, desnaturação de proteínas e mutação no DNA (DAT et al., 2000; IMLAY, 2003). As EROs estão presentes na célula vegetal como subprodutos normais do metabolismo aeróbico e de processos fotoxidativos (NOCTOR e FOYER, 1998). Entretanto, sob condições adversas, como estresse hídrico, salino e temperaturas elevadas, sua produção pode ser aumentada (VAIDYANATHAN et al., 2003; GUO et al., 2006). A proteção oxidativa na célula vegetal é realizada por um complexo sistema de defesa, o qual envolve mecanismos enzimáticos e não enzimáticos. O sistema não enzimático é constituído principalmente por componentes hidrofílicos, como o acido ascórbico (ASA) e a glutationa (GSH), enquanto que a proteção enzimática é composta por um complexo sistema de enzimas, presentes em várias organelas e atuando de forma coordenada na proteção oxidativa. As principais enzimas oxidativas são as dismutases do superóxido (SOD), catalases (CAT), peroxidases de ascorbato (APX), redutases da glutationa (GR), redutases do monodeidroascorbato (MDHAR) e redutases do deidroascorbato (DHAR) (FOYER e NOCTOR, 2003). A SOD é essencial na eliminação do O2 •- , produzido principalmente durante os processos fotoxidativos nos cloroplastos, e sua ação resulta na formação de H2O2 e O2. O peróxido de hidrogênio é rapidamente eliminado pelas catalases e diversas classes de peroxidases, localizadas em diferentes compartimentos celulares (SHIGEOKA et al., 2002). As peroxidases do ascorbato, presentes no cloroplasto e citosol, são exemplos de peroxidases que auxiliam na remoção do excesso de H2O2 celular, utilizando o ascorbato reduzido como doador específico de elétrons (ASADA, 1999). O ascorbato na reação da APX, durante a eliminação do peróxido de hidrogênio, é convertido para a forma oxidada e rapidamente regenerado pelo ciclo metabólico do ascorbato-glutationa, onde as enzimas GR, MDHAR e DHAR atuam de forma sincronizada utilizando NADPH e GSH como poder redutor (FOYER e NOCTOR, 2005). 7 Diversos estudos relatam o aumento da geração de EROs, com concomitante indução do sistema de proteção oxidativa enzimático e não enzimático, em diversas espécies agrícolas, expostas a diferentes estresses abióticos. O aumento na indução do sistema enzimático SOD-CAT-APX observado em folhas de dois cultivares de citrus, expostos ao estresse de alta temperatura por longo tempo (± 20 dias), foi correlacionado com a maior proteção oxidativa e à maior resistência diferenciada dos genótipos ao estresse térmico (GUO et al., 2006a). Quando cinco cultivares de trigo apresentando resistência diferenciada ao estresse térmico foram expostas a temperatura elevada, foi observado que os genótipos mais resistentes apresentaram maior atividade do sistema enzimático de remoção de EROs, associado a menores índices de injúrias oxidativas comparado aos sensíveis (ALMESELMANI et al., 2006). A proteção contra os danos oxidativos induzidos pelo estresse hídrico em diferentes espécies vegetais também está relacionada com a indução de proteção oxidativa enzimática e não enzimática. Em plantas de Vigna unguiculata submetidas ao estresse hídrico foram verificados aumentos significativos na atividade das enzimas SOD, CAT e APX, em tecidos de raízes, caules e folhas, demonstrando o possível papel dessas enzimas na proteção oxidativa dos diferentes tecidos e órgãos (MANIVANNAN et al., 2007). Em arroz (Oryza sativa L), genótipos mais resistentes ao estresse hídrico apresentaram maior indução do sistema SOD-CAT-APX, associada ao menor acúmulo de radical superóxido, peróxido de hidrogênio e dano de membrana indicado pelo conteúdo de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), comparado aos sensíveis, após exposição das plântulas a doses crescentes de polietilenoglicol (PEG-6000) (SHARMA e DUBEY, 2005; GUO et al., 2006b). 8 3 HIPÓTESE E OBJETIVOS 3.1 HIPÓTESE A tolerância está relacionada com a distribuição diferencial de íons, proteção de danos oxidativos e com a restrição de crescimento em plantas de feijão de corda expostas ao estresse salino. 3.2 OBJETIVOS 3.2.1 Objetivo geral Caracterizar o padrão de distribuição de íons salinos tóxicos (Na + e Cl - ) e sua relação com danos oxidativos e restrição de crescimento em plantas de feijão de corda submetidas à salinidade. 3.2.2 Objetivos específicos Mensurar os conteúdos de sódio, cloreto e potássio em tecidos de folhas, pecíolos, região apical do caule, caules e raízes de plântulas de feijão de corda cultivadas na ausência (controle) e presença de concentrações crescente de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM); Avaliar o padrão de crescimento (alocação de massa em raízes, caules e folhas) de plântulas de feijão de corda cultivadas na ausência (controle) e presença de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM); Estimar a relação K+/Na+ em tecidos de folhas, caules e raízes em plântulas de feijão de corda cultivadas na ausência (controle) e presença de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM); Medir o conteúdo relativo e água (CRA) em folhas de plântulas de feijão de corda cultivadas na ausência (controle) e presença de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM); Determinar a atividade das enzimas antioxidativas CAT, APX e SOD em tecidos de folhas e raízes de plântulas de feijão de corda cultivadas na ausência (controle) e presença de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM); Mensurar o conteúdo de peróxido de hidrogênio (H2O2) em tecidos de folhas e de raízes em plântulas de feijão de corda cultivadas na ausência (controle) e presença de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM); Avaliar os danos em membranas (DM) pelo vazamento de eletrólitos e pelo conteúdo de TBARS em folhas e raízes em plântulas de feijão de corda cultivadas na ausência (controle) e presença de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM). 9 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 OBTENÇÃO DAS PLANTAS E APLICAÇÃO DO TRATAMENTO SALINO O experimento foi conduzido sobre bancadas em área experimento da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada, sob as condições climáticas naturais da Cidade de Serra Talhada, Pernambuco, Brasil. As sementes de feijão- de-corda (Vigna unguiculata L.), cultivar BRS pujante, fornecidas pela EMBRAPA, foram esterilizadas em hipoclorito de sódio comercial 1% (v/v) durante 2 min. Em seguida, foram semeadas em substrato sólido composto por uma mistura de areia e vermiculita de textura média na proporção de 1/1 (volume/volume), em vaso plástico de 2,0 litros, e passaram a receber água destilada diariamente durante a germinação para manutenção da umidade do substrato próximo da capacidade de campo. Após a germinação as plântulas passaram a receber solução nutritiva de Hoagland e Arnon, (1950). Aos vinte dias após o plantio (DAP) das sementes, as plântulas passaram a ser irrigadas com a mesma solução nutritiva adicionada de concentrações crescentes de NaCl (0, 40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias, por aplicações a cada três dias. A relação da condutividade elétrica (CE) das soluções nutritivas correspondente aos diferentes tratamentos salinos aplicados nas plantas está representada na figura 2. 10 NaCl (mM) 0 40 80 120 160 C E ( m S ) 0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0 17,5 CE = 0,1022.[NaCl] R 2 = 0,9993 (p < 0,001) Figura 2. Relação entre a concentração iônica da solução nutritiva apresentando diferentes concentrações de NaCl (0, 40, 80, 120 e 160 mM) com os respectivos valores de condutividade elétrica (CE). Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. 4.2 AVALIAÇÕES REALIZADAS 4.2.1 Determinação da massa fresca das diferentes partes das plantas Ao final do experimento as plântulas foram coletadas e separadas nas partes raiz, caule, pecíolo e folhas para a determinação das massas frescas (MF). Segmentos de três (3) cm de comprimento da região apical do caule foram coletados e utilizados para mensuração apenas dos conteúdos de Na + , Cl - e K + . 4.2.2 Conteúdo relativo de água (CRA) O conteúdo relativo de água foi determinado conforme Fidalgo et al., (2004). Ao final do experimento foram coletados vinte discos foliares (10 mm de diâmetro) e a massa fresca (MF) determinada imediatamente. Em seguida, os discos foram imersos em 30 ml de água deionizada por 8 h, em placas de petri, e após breve secagem dos discos em papel toalha, para remover o excesso de água, foi determinada a massa túrgida (MT). A massa 11 seca (MS) foi determinada após secagem dos discos a 70ºC, durante 48 h em estufa, e o CRA foi estimado pela seguinte relação: CRA = [(MF – MS)/(MT – MS)] x 100. 4.2.3 Extravasamento de eletrólito O dano de membrana foi determinado com base no vazamento de eletrólitos, como descrito por Shanahan et al., (1990). Ao final do ensaio foram coletados vinte discos foliares (10 mm de diâmetro) que foram imersos em 10 ml de água deionizada em tubos fechados e incubados a 40 ºC durante 30 min e determinada à condutividade elétrica da solução (C1). Em seguida, os tubos foram incubados a 100 ºC por 1 h e após atingir a temperatura ambiente foi determinada à condutividade elétrica da solução (C2). O dano de membrana (DM) foi estimado pela relação: DM = (C1/C2) x 100. Essa medida foi utilizada como um indicador do extravasamento o conteúdo citoplasmático através da membrana plasmática, marcador diretamente relacionado com a viabilidade celular. 4.2.4 Conteúdos de sódio, cloreto e potássio Os conteúdos de Na + e K + foram determinados por fotometria de chama e o de Cl - por titulação, conforme Viégas et al., (2001). Para extração dos íons Na + e K + os tecidos secos foram maceradas e amostras de 50 mg de foram submetidas a extração em 10 mL de água deionizada, em banho maria a 100 ºC durante 1 hora, em tubos hermeticamente fechados. Após extração, o sobrenadante foi filtrado e as leituras realizadas em fotômetro de chama. O íon Cl - foi extraído a partir de 200 mg de tecido vegetal, adicionado de 25 mL de água deionizada em tubos hermeticamente fechados e incubados em banho maria a 100 C durante 1 hora. Em seguida, o extrato foi filtrado e alíquotas de 20 mL da fase límpida foram tituladas com AgNO3 (28 mM), usando K2CrO4 5% (p/v) como indicador do final da reação. 12 4.2.5 Conteúdo de peróxido de hidrogênio O conteúdo de H2O2foi determinado pelo método descrito por Cheeseman (2006). Duzentos miligramas de tecido fresco de folhas foram macerados na presença de nitrogênio líquido. Após a obtenção de farinha homogênea, 1,5 ml de tampão borato-bórax 50 mM pH 8,4, foram adicionados, seguido de maceração por mais 3 minutos. As amostras foram então centrifugadas a 10.000 x g por 20 minutos, a 4 ºC. Ao término, o sobrenadante foi coletado (H2O2 total) e o precipitado descartado. Alíquotas de 100 µl das amostras foram transferidas para tubos de ensaio e adicionado 900 µl de reagente contendo 0,25 mM de FeSO4, 0,25 mM de (NH4)2SO4, 0,25 mM de H2SO4, 124 µM de alaranjado de xilenol e 99 mM de sorbitol. A mistura de reação foi incubada por 30 minutos, a 25 ºC, e posteriormente, foram realizadas as leituras de absorbância, no comprimento de onda de 560 nm. As concentrações de H2O2foram obtidas a partir de curva padrão e os dados foram expressos em µmol g -1 MS. Neste ensaio, o peróxido de hidrogênio reage com Fe +2 a pH ácido, na presença do corante alaranjado de xilenol (XO) para a formação de Fe +3 . A concentração de Fe +3 gerada é calculada pelo aumento da absorbância, ocasionado pela formação do complexo Fe-XO. 4.2.6 Conteúdo de substância reativa ao ácido tiobarbitúrico A peroxidação de lipídios foi estimada pelo conteúdo de substância reativas ao acido tiobarbitúrico (TBARS) conforme Heath e Packer (1968). Amostras de 0,1 g de folhas frescas foram maceradas em almofariz na presença de N2 liquido seguido da adição de ácido tricloracético (TCA) 6% e maceração por mais 3 min. O extrato foi centrifugado a 12.000 x g durante 15 min em temperatura de 4 ºC. Em seguida 0,5 ml do sobrenadante foi adicionado a 2,0 ml da solução TCA 20% e TBA 0,5% (p/v) e aquecida em banho maria a 95 °C em tubos hermeticamente fechados durante 1 hora. Em seguida a reação foi interrompida em banho de gelo, e foram realizadas leituras a 532 e 660 nm. O conteúdo de TBARS foi estimado utilizando o coeficiente de extinção molar de 155 m M -1 cm -1 após a subtração da absorbância obtida a 660 nm daquela a 532 nm. 13 4.2.7 Determinações da atividade enzimática 4.2.7.1 Extração de proteínas A extração de proteína foi realizada conforme Zimmermam et al., (2006), com modificações. Com o mesmo extrato foi determinada a atividade da enzimas SOD, CAT. Amostras de raízes e folhas frescas (0,1 g) foram maceradas em almofariz na presença de N2 líquido seguido da adição de tampão fosfato de potássio 100 mM (pH 7,0). Para extração da enzima APX foi adicionado 1 mM de ascorbato no tampão de extração. Após a extração, o extrato foi centrifugado a 10.000 x g em temperatura de 4 °C durante 30 min. O conteúdo de proteínas solúveis foi mensurado conforme Bradford (1976) e estimado com base em curva padrão de BSA. 4.2.7.2 Atividade da catalase A atividade da catalase (CAT; EC: 1.11.1.6) foi determinada conforme Havir e McHale, (1987). Alíquotas de 0,05 ml de extrato protéico foram adicionados a 2,95 ml de tampão fosfato de potássio 50 mM, pH 7,0, a 30 °C e acompanhado o decaimento daabsorbância a 240 nm em espectrofotômetro durante 300 segundos, com leituras sucessivas a cada 30 seg. A atividade da enzima foi calculada com base no coeficiente de extinção molar de 36 M -1 cm -1 , a 240 nm, para o H2O2 e expressa em µmol H2O2 g -1 MF min -1 ou de forma específica, µmol H2O2 mg -1 prot. min -1 . 4.2.7.3 Atividade de dismutase do superóxido A atividade da dismutase de superóxido (SOD; EC: 1.15.1.1) foi determinada conforme metodologia descrita por Gianopolitis e Ries (1977). Alíquotas de 0,1 ml foram transferidas para tubos ensaio protegidos da luz, contendo tampão fosfato de potássio 50 mM, pH 7,8, contendo 0,1 mM de EDTA, 13 mM de L-metionina e 75 µM de nitro blue tetrazolion (NBT). A reação foi iniciada pela adição de 2 mM de riboflavina e rápida transferência dos tubos, sem a proteção da luz, para câmara iluminada por lâmpada de 30 wats (30 µmol de fotons m -2 s -1 ), durante 6 minutos. A reação foi interrompida pelo 14 desligamento da luz, os tubos foram revestidos por filme escuro para proteção da luz e realizadas leituras a 540 nm. A atividade da enzima foi estimada com base na inibição do NBT e uma unidade de atividade foi considerada como a quantidade da enzima necessária para inibir 50% da sua redução (Beauchamp e Fridovich, 1971) e expressa em U.A. g -1 MF min -1 . 4.2.7.4 Atividade da peroxidase do ascorbato A atividade da peroxidase de ascorbato (APX; EC: 1.11.1.1) foi determinada conforme método descrito por Nakano e Asada (1981). Alíquotas de 0,1 ml de extrato protéico foram adicionadas ao meio de reação composto de 2,7 ml de tampão fosfato de potássio 50 mM (pH 6,0), contendo 0,5 mM de acido ascórbico P. A. A reação foi iniciada pela adição de H2O230 mM ao meio de reação e acompanhada pelo decaimento da absorbância em 290 nm em espectrofotômetro durante 300 segundos, com leitura sucessivas em intervalos de 30 seg. A atividade da APX foi estimada utilizando o coeficiente e de extinção molar de 2,8 mM -1 cm -1 para o ascorbato, em 290 nm, e expressa como µmol AsA g -1 MF min -1 . 4.2.7.5 Delineamento estatístico e análise dos dados O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado (DIC) com os tratamentos consistindo de plântulas de feijão-de-corda submetidas a concentrações crescentes de NaCl (0, 40, 80, 120 e 180 mM), representando cinco tratamentos. A parcela experimental consistiu de um vaso contendo duas plantas de feijão e cada tratamento foi representado por quatro parcelas, perfazendo um total de 20 parcelas experimentais. Os dados das variáveis mensuradas foram submetidos ao teste F a 5% de significância, por meio de análise de variância, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey em mesmo nível de significância. 15 5 RESULTADOS 5.1 CRESCIMENTO E CONTEÚDO DE CLOROFILAS Com relação ao aspecto visual, foi observado uma redução gradual na altura das plantas em resposta ao aumento da concentração de NaCl na solução nutritiva (Figura 3A), o que ocorreu associado com uma intensa redução no diâmetro de copa das plantas (Figura 3B). O estresse salino afetou severamente o crescimento e o conteúdo de clorofilas das plantas de feijão-de-corda após os 20 dias (Figuras 3 e 4). Essa restrição de crescimento ocorreu associada a uma aparente redução do conteúdo de clorofilas nas folhas, conforme indicado pela clorose foliar das plantas expostas principalmente as concentrações mais elevada do NaCl (120 e 160 mM), como indicado em detalhes na figura 3B. Figura 3. Aspecto visual de plantas de feijão-de-corda, em vista lateral (A)e superior da copa (B), apresentado redução de crescimento da parte aérea em resposta ao tratamento salino, após o cultivo das plantas na ausência (controle) ou na presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias consecutivos. Em detalhe as setas mostram que as plantas expostas as concentrações mais elevada do sal (120 e 160 mM) apresentam folhas com coloração mais clara. Serra Talhada, PE, UFRPE- UAST, 2014. 16 Os conteúdos de clorofilas totais, bem como das frações de clorofilas a e b das plantas foram afetadas pelo estresse salino apenas em resposta as concentrações mais elevadas do sal (Figura 4). Nas plantas submetidas aos tratamentos com 40 e 80 mM de NaCl não ocorreu mudanças significativas nos conteúdos desses pigmentos. Por outro lado, naquelas plantas expostas as concentrações de 120 e 160 mM foi observada uma redução de cerca de 20% nos teores de clorofilas a, b e toais (Figuras 4A, 4B e 4C). Apesar dessas reduções, a relação entre as clorofilas a e b (razão a/b) não foi afetada pela salinidade no presente estudo (Figura 4D). Esses dados, sugerem que a clorose observada nas plantas submetidas a concentrações elevadas do NaCl de fato ocorreu devido a uma significativa redução no teor de clorofilas. A análise de crescimento das plantas em resposta a salinidade, com base na acumulação de massa fresca nas diferentes partes da planta (Raiz, caule, pecíolo e folha), mostrou que ocorreu uma alocação diferencial na massa fresca induzida pelo sal (Figura 5). O conteúdo de massa fresca de tecidos foliares foi reduzido gradualmente em resposta ao incremento do sal na solução, alcançando cerca de 50% de redução nas plantas tratadas com a concentração mais elevada (160 mM) do NaCl (Figura 5A). Em pecíolos, foi observada uma significativa redução de massa fresca (cerca de 30%) apenas nas plantas tratadas com 160 mM do sal (Figura 5B), enquanto em caules foi observada uma redução de conteúdo de massa fresca de aproximadamente 20% em repostas a todas as concentrações de NaCl (Figura 5C). Com relação ao sistema radicular, foi demonstrado que o aumento da concentração do NaCl na solução nutritiva resultou numa restrição gradual da capacidade de crescimento desses órgão. As plantas expostas a concentrações intermediárias do sal (40 e 80 mM) apresentaram redução similar de aproximadamente 25% da massa fresca de raízes, enquanto naquelas submetidas às concentrações mais elevadas do sal (120 e 160 mM) essa redução foi cerca de 65% (Figura 5D). Em conjunto, os resultados de crescimento indicam que o estresse salino uma causou forte restrição de crescimento nessa variedade de feijão de corda. Além disso, os dados indicam também que o estresse afetou severamente a alocação de massa fresca na planta, caracterizando as folhas e as raízes como os órgãos mais afetados e os caules e pecíolos com os menos afetados. 17 C lo ro fila a (m g . g -1 M F ) 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 C lo ro fi la t o ta l (m g .g -1 M F ) 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 NaCl (mM) 0 40 80 120 160 R a zã o a / b (a / b ) 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 (B)(A) NaCl (mM) 0 40 80 120 160 C lo ro fi la b (m g .g -1 M F ) 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 (C) (D) Figura 4. Conteúdos de clorofilas totais (A), clorofila a (B), clorofilas b (C) e relação das clorofilas a/b (D), em folhas de feijão de corda cultivada na ausência (controle) ou na presença de concentrações de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias consecutivos. As barras representam médias ± desvio padrão estimados a partir de quatro repetições. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. 18 NaCl (mM) 0 40 80 120 160 R a iz (g . M F . 2 p la n ta s -1 ) 0 5 10 15 20 25 0 40 80 120 160 C a u le (g M F . 2 p la n ta s- 1 ) 0 5 10 15 20 25 P ecío lo (g M F . 2 p la n ta s -1 ) 0 5 10 15 20 25 30 F o lh a s (g M F . 2 p la n ta -1 ) 0 5 10 15 20 25 30 (A) (B) (C) (D) Figura 5. Massa fresca de folhas (A), pecíolos (B), caules (C) e raízes (D) de plantas de feijão de corda cultivada na ausência (controle) ou na presença de concentrações crescentes de NaCl (40,80, 120 e 160 mM) durante 20 dias consecutivos. As barras representam valores médios de massa fresca, das respectivas partes, com base no conteúdo de massa para cada duas plantas e estão expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. 19 5.2 ACUMULAÇÃO DE Na + , Cl - E K + NAS PLANTAS O estresse salino afetou diferentemente os conteúdos dos íons Na + , Cl - e K + nas folhas de feijão (Figura 6). O aumento da concentração do NaCl na solução nutritiva não alterou os conteúdos de Na + e K + nas folhas (Figuras 6A e B). Por outro lado, o conteúdo de Cl - foi maior em folhas das plantas expostas aos tratamentos com NaCl (a partir de 40 mM) se comparado com as plantas cultivadas na ausência do sal (Figura 6C). A relação K + /Na + do tecido foliar não foi afetada pelo tratamento salino, o que ocorreu associado à relativa estabilidade nos conteúdos de Na + e K + foliar das plantas (Figura 6D). Em conjunto, os dados referentes aos conteúdos desses íons em folhas, indicam que as plantas de feijão apresentaram uma boa capacidade para evitar o acúmulo excessivo de Na + e manter o teor de K + estável nas folhas. No entanto, as plantas não foram capazes de restringir o aumento do conteúdo de Cl - nas folhas, sugerindo que esse íon pode ser o mais tóxico quando comparado ao Na + nas folhas de feijão. O excesso de NaCl na solução nutritiva induziu um acúmulo de Na + e Cl - em tecidos de pecíolos das plantas após os 20 dias de tratamento salino (Figura 7).Comparado as plantas controle, aquelas expostas ao tratamento de 40 mM do sal não apresentaram aumentos no conteúdo de Na + nos pecíolos. Por outro lado, as plantas submetidas aos tratamentos com 80, 120 e 160 mM apresentaram acréscimos de cerca de 2, 4 e 5 vezes, respectivamente, do conteúdo de Na + nos pecíolos (Figura 7A). Com relação ao K + foi verificado um acréscimo de cerca de 20% no conteúdo desse íon em repostas a todos os tratamentos com NaCl (Figura 7B), enquanto para o Cl - ocorreu um aumento expressivo de cerca de 4 vezes em repostas ao NaCl já a partir da concentração mais baixa (40 mM) do sal (Figura 7D). O expressiva aumento da concentração de Na + associado ao pequeno incremento do teor de K + nos pecíolos resultou numa intensa redução da relação K + /Na + nesse órgão a partir do tratamento com 80 mM de NaCl, alcançando uma redução de cerca de 80% dessa relação no tratamento mais levado do sal (Figura 7D). 20 N a + m o l g -1 . M F ) 0 50 100 150 200 250 300 C l- ( m o l. g -1 M F ) 0 50 100 150 200 250 NaCl (mM) 0 40 80 120 160 R a zã o K + /N a + (K + /N a + ) 0 2 4 6 8 10 12 (A) K + ( m o l g -1 . M S ) 0 50 100 150 200 250 (D) (B) (C) Figura 6. Conteúdo de Na+ (A), K+ (B), Cl- (C) e razão K+/Na+(D) em folha de feijão de corda cultivada na ausência e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) após 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos para duas plantas, e estão expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. 21 NaCl (mM) 0 40 80 120 160 R a zã o K + /N a + (K + /N a + ) 0 2 4 6 8 10 12 N a + ( m o l. g -1 M S ) 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 C l- ( m o l. g -1 M S ) 0 500 1000 1500 2000 2500 (A) (C) (D) K + ( m o l. g -1 M S ) 0 500 1000 1500 2000 2500 (B) Figura 7. Conteúdo de Na+ (A), K+ (B), Cl- (C) e razão K+/Na+ (D) no pecíolo de feijão de corda cultivada na ausência e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos para duas plantas e estão expressos na forma de média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. 22 A região apical dos caules apresentou uma intensa acumulação dos íons tóxicos Na + e Cl - associado com uma relativa redução do conteúdo de K + em resposta ao estresse salino (Figura 8). A interação do aumento de Na + associado com redução do K + nessa parte do caule, resultou em um aparente desbalanço nutricional em relação ao macronutriente K + conforme indicado pela drástica redução da relação K + /Na + em tecidos da região apical (Figura 8D). Esse desbalanço nutricional pode explicar, pelo menos em parte, a forte redução de crescimento das plantas de feijão induzida pelo estresse salino, o que ocorreu principalmente em repostas as concentrações mais elevadas do NaCl (Figuras 3A e 3B). Conforme observado para os tecidos da região apical, o aumento de sal no meio de crescimento afetou severamente a homeostase iônicas nos caules, com base nos conteúdos de Na + e Cl - e na relação K + /Na + (Figura 9). O incremento do NaCl no meio externo induziu aumentos proporcionais nos conteúdo de Na + e Cl - em caules, alcançando acréscimos de cerca de 8 vezes para ambos os íons (Figura 9).O estresse salino não afetou os conteúdos de Na + e Cl - no sistema radicular, sugerindo que essa espécie apresenta uma eficiente capacidade de exclusão desses íons tóxicos sob condições salina (Figura 10A e 10C). Por outro lado, nas plantas expostas a concentrações crescente de NaCl foi observado uma redução significativa no teor de K + radicular (Figura 10 B), resultando em uma intensa redução da relação K + /Na + no tecido radicular induzida pela salinidade do meio de crescimento (Figura 10D). 23 N a + m o l g -1 . M S ) 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 NaCl (mM) 0 40 80 120 160 R a zã o K + /N a + (K + /N a + ) 0 2 4 6 8 10 12 A (A) C l- ( m o l. g -1 M S ) 0 500 1000 1500 2000 2500 (B) K + ( m o l. g -1 M S ) 0 500 1000 1500 2000 2500 (B) (C) (D) Figura 8. Conteúdos de Na+(A), K+ (B), Cl- (C) e razão K+/Na+(D) da parte apical dos caules (representando a região meristemática) de feijão de corda cultivada na ausência (controle) ou na presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) após 20 dias consecutivos. As barras representam valores médios ± desvio padrão, estimados a partir de três repetições. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. 24 N a + m o l. g -1 M S ) 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 C l- ( m o l. g -1 M S ) 0 500 1000 1500 2000 2500 NaCL (mM) 0 40 80 120 160 R a zã o K + /N a + (K + /N a + ) 0 2 4 6 8 10 12 (A) (C) K + ( m o l. g -1 M S ) 0 300 600 900 1200 1500 (B) (D) Figura 9. Conteúdo de Na+ (A), K+ (B), Cl- (C) e razão K+/Na+(D) em caule de feijão de corda cultivada na ausência e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos para duas plantas e estão expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. 25 (A) N a + m o l g -1 . M S 0 50 100 150 200 250 300 (C) C l- ( m o l. g -1 M S ) 0 50 100 150 200 250 NaCl (mM) 0 40 80 120 160 R a zã o K + /N a + (K + /N a + ) 0,0 0,5 1,0 1,5 (D) K + ( m o l. g -1 M S ) 0 20 40 60 80 (B) Figura 10. Conteúdo de Na+ (A), K+ (B), Cl- (C) e razão K+/Na+(D) em raízes de feijão de corda cultivada na ausência e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos para duas plantas e estão expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. 26 5.3 OCORRÊNCIA DE DANOS CELULARES E PROTEÇÃO OXIDATIVA As plantas de feijão de corda submetidas ao estresse salino não apresentaram mudanças significativas no status hídrico foliar após os 20 dias de tratamento, conforme indicado pelas medidas do conteúdo relativode águas (Figura 11A). No entanto, as medidas de dano de membranas, realizadas com base no extravasamento de eletrólitos da célula para o meio extracelular, indicaram a ocorrência de dano celular. Esses danos foram evidentes já a partir do tratamento de 40 mM de NaCl e foram intensificados com o aumento do sal, alcançando valores de cerca de 100% maior em resposta ao nível mais elevado do NaCl comparado as plantas controle (Figura 11B). NaCl (mM) 0 40 80 120 160 C R A ( % ) 0 20 40 60 80 100 NaCl (mM) 0 40 80 120 160 D M ( S .g -1 M F ) 0 200 400 600 800 1000 (A) (B) Figura 11. Medidas do conteúdo relativo de água (A) e do dano de membrana em folhas (B) de feijão de corda cultivada na ausência (controle) ou na presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) após 20 dias consecutivos. As barras representam médias ± desvio padrão estimados a partir de três repetições. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. O aumento do dano celular no tecido foliar em reposta a salinidade, mostrado pelo extravasamento celular, foi relacionado com a ocorrência de danos oxidativos, indicado pelo aumento da peroxidação lipídica (Figura 12). O estresse salino induziu aumentos de cerca de100% na peroxidação de lipídios de membranas em tecidos de raízes (Figura 12A) e folhas (Figura 12B) em relação às plantas controle. Esses dados indicam a ocorrência 27 clara de danos oxidativos em raízes e folhas, embora esses danos não foram correlacionados com o aumento da produção de peróxidos de hidrogênio nos referidos tecidos (Figura 13). NaCl (mM) 0 40 80 120 160 P er o x id a çã o d e li p íd io s (n m o l T B A R S . g -1 M F ) 0 2 4 6 8 10 12 14 NaCl (mM) 0 40 80 120 160 P ero x id a çã o d e lip íd io s (n m o l T B A R S . g -1 M F ) 0 2 4 6 8 10 12 14 (A) (B) Figura 12. Peroxidação de lipídios estimada pelo conteúdo de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) em raízes (A) e folhas (B) de feijão de corda cultivada na ausência (controle) e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. 28 NaCl (mM) 0 40 80 120 160 P er ó x id o d e h id ro g ên io (n m o l H 2 O 2 . g -1 M F ) 0 20 40 60 80 100 120 NaCl (mM) 0 40 80 120 160 P eró x id o d e H id ro g ên io (n m o l H 2 O 2 . g -1 M F ) 0 20 40 60 80 100 (A) (B) Figura 13. Conteúdo de peróxido de hidrogênio (H2O2) em raízes (A) e folhas (B) de feijão de corda cultivada na ausência (controle) e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. A exposição das plantas ao estresse salino também afetou significativamente o conteúdo de proteínas solúveis (Figura 14) e a atividade de algumas enzimas envolvidas com a proteção oxidativa celular (Figuras 15, 16 e 17). As plantas apresentaram um intenso aumento no conteúdo de proteínas solúveis em tecidos de raízes e folhas em resposta ao aumento da salinidade no meio de crescimento, sendo que esse aumento foi maior em raízes se comparado com as folhas (Figuras 14A e 14B). A atividade da enzima dismutase do superóxido (SOD) foi estimulada em repostas ao tratamento com 120 mM em raízes (Figura 15A) e na presença de 160 mM em folhas (Figura 15B). Por outro lado, a atividade das peroxidases catalase (CAT) e peroxidase do ascorbato (APX) foi intensamente reduzida pelo estresse salino tanto em tecidos de raízes com em tecidos de folhas (Figuras 16 e 17). Esses resultados indicam que o sistema enzimático constituído pelas enzimas SOD-CAT- APX aparentemente não possuem um papel essencial na proteção oxidativa dessa espécie sob condições de estresse salino. 29 NaCl (mM) 0 40 80 120 160 P ro te ín a s o lú v el (m g . g -1 M F ) 0 50 100 150 200 250 NaCl (mM) 0 40 80 120 160 P ro teín a so lú v el (m g . g -1 M F ) 0 50 100 150 200 250 (A) (B) Figura 14. Conteúdo de proteína solúvel em raízes (A) e folhas (B) de feijão de corda cultivada na ausência (controle) e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. NaCl (mM) 0 40 80 120 160 A ti v id a d e d a S O D (n m o l H 2 O 2 . g -1 M F . m in ) 0 2 4 6 8 10 12 NaCl (mM) 0 40 80 120 160 A tiv id a d e d a S O D (n m o l H 2 O 2 .g -1 M F . m in ) 0 2 4 6 8 10 12 (A) (B) Figura 15. Atividade da enzima dismutase de superóxido (SOD) de raízes (A) e folhas (B) de feijão de corda cultivada na ausência (controle) e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. 30 NaCl (mM) 0 40 80 120 160 A ti v id a d e d a C A T (n m o l H 2 O 2 . g -1 M F m in ) 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 NaCl (mM) 0 40 80 120 160 A tiv id a d e d a C A T (n m o l. H 2 O 2 g -1 M F m in ) 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 (A) (B) Figura 16. Atividade da catalase em raízes (A) e folhas (B) de feijão de corda cultivada na ausência (controle) e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. NaCl (mM) 0 40 80 120 160 A ti v id a d e d a A P X ( m o l. g -1 M F ) 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 NaCl (mM) 0 40 80 120 160 A tiv id a d e d a A P X ( m o l. g -1 M F ) 0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,012 0,014 0,016 (A) (B) Figura 17. Atividade da enzima peroxidase do ascorbato (APX) em raízes (A) e folha (B) de feijão de corda cultivada na ausência (controle) e presença de concentrações crescentes de NaCl (40, 80, 120 e 160 mM) durante 20 dias. As barras representam médias dos respectivos órgãos expressos na forma média ± desvio padrão. Serra Talhada, PE, UFRPE-UAST, 2014. 31 6 DISCUSSÃO O excesso de sais na solução do solo causa estresse osmótico, devido à redução do potencial hídrico do solo, e toxicidade iônica, a qual é desencadeada pelo excesso de íons tóxicos no tecido vegetal. Os distúrbios metabólicos induzidos pelos efeitos osmóticos e iônicos da salinidade afetam processos essenciais para o desempenho vegetal, como o equilíbrio nutricional e as relações hídricas. Dentre os mecanismos relacionados com a resistência ao estresse salino a capacidade de distribuição e de exclusão de íons tóxicos (Na + e Cl - ) dos tecidos representa uma importante característica para a tolerância ao estresse em espécies e/ou genótipos de interesse (ESTAÑ et al., 2005; PARANYCHIANAKIS e ANGELAKIS, 2008). No presente estudo, plantas de feijão de corda foram submetidas a concentrações crescentes de NaCl visando caracterizar possíveis mecanismos envolvidos com distúrbios metabólicos causados pela salinidade relacionados com a alocação de massa fresca nas diferentes partes da planta, distribuição iônica e ocorrência de danos e proteção oxidativa na espécie. Os resultados mostraram que a salinidade afeta severamente o crescimento da espécie apenas em concentrações relativamente elevada de NaCl (80, 120 e 160 mM) e que essa redução de crescimento desencadeia uma alocação diferencial de massa nas diferentes partes da planta. Conforme os resultados obtidos, a perdade massa fresca ocorreu principalmente em folhas e raízes, demostrando que a alocação de massa nesses órgãos foi relativamente restringida pelo estresse. A manutenção de crescimento sob condições de salinidade pode ser considerada como um mecanismo de resistência ao estresse, o qual é conferido por um conjunto complexo de mecanismos de proteção que atuam em nível celular e de planta inteira (Munns e Tester, 2009). A eficiência dos mecanismos de ditribuição e exclusão iônica em condições de salinidade podem levar a uma maior restrição do excesso de íons tóxicos, o que ocorre associado com uma adequada nutrição potássica, considerada essencial para a manutenção de uma homeostase K + /Na + em meios salinizados (Apse e Blumwald, 2007). No presente estudo foi verificado que o estresse salino levou a intensa acumulação de íons tóxicos (Na + e Cl - ) em caules, pecíolos e da região apical da parte aérea. No entanto, a 32 acumulação desses íons em folhas e raízes foi aparentemente restringida em relação aos demais órgãos avaliados. O intenso acúmulo de Na + e Cl - nos tecidos das diferentes partes da planta ocorreu associado com reduções significativas no conteúdo de K + e consequente redução da relação K + /Na + , o que caracteriza a indução de distúrbio nutricional (MAATHUIS e AMTMANN, 1999). A redução da absorção de K + em meios salinizados é atribuída a inibição competitiva entre os íons Na + e K + pelos sítios de absorção de K + localizados na membrana plasmática de células da raiz (MARTINEZ-CORDERO et al., 2005). Essa competição ocorre devido a similaridade físico-química do raio iônico hidratado desses dois íons (APSE e BLUMWALD, 2007). A manutenção de uma adequada nutrição potássica é essencial para manutenção de uma homeostase K + /Na + favorável, além de seu envolvimento em diversos processos fisiológicos importantes (ZHU, 2003; CUIN et al., 2008). A acumulação de K + e de outros solutos compatíveis na célula vegetal, tais como prolina, glicina betaína e açúcares (SILVA et al., 2009), é considerada um importante mecanismo bioquímico e fisiológico envolvido com a resistência ao efeito osmótico da salinidade (ASHRAF e HARRIS, 2004; ASHRAF e FOOLAD, 2007). Assim, o distúrbio nutricional indicado pela intensa redução da relação K + /Na + em resposta ao estresse salino aqui observado pode justificar em parte a toxicidade iônica e a redução de crescimento das plantas de feijão. Além da toxicidade iônica desencadeada nas plantas de feijão frente ao estresse salino, os resultados do presente estudo também sugerem a indução de danos oxidativos nessa espécie nas referidas condições. O aumento da concentração de sais na solução nutritiva resultou na indução de danos de membranas em tecido de raízes, como indicado pela peroxidação lipídica, e no tecido foliar conforme demonstrado pelo aumento no vazamento de eletrólitos e peroxidação de lipídios. Esses resultados indicam que a intensidade de danos oxidativos na espécie sob condições de salinidade superou a eficiência dos mecanismos de proteção celular nessas condições de estudo. O estresse salino pode induzir danos celulares em plantas de feijão de corda e esses danos estão relacionados com distúrbios oxidativos em lipídios de membrana e consequente restrição de crescimento radicular (MAIA et al., 2012; MAIA et al., 2013). 33 Apesar dos danos oxidativos causados pelo estresse salino em plantas de feijão de corda, a literatura tem registrado estudos que indicam limitação de algumas enzimas antioxidativas na resistência ao estresse nessa espécie (MAIA et al., 2010). No presente estudo, resultados similares foram observados, indicando que o sistema antioxidante constituído pelas enzimas dismutase do superóxido, catalase e peroxidase do ascorbato. Por outro lado, alguns estudos têm demonstrado que existem algumas peroxidases que podem de fato conferir resistência ao estresse salino nessa espécie, sugerindo que o sistema antioxidante mais eficiente pode ser resultado de uma combinação de fatores, envolvendo espécie, idade da planta e a abordagem experimental (MAIA et al., 2010, MAIA et al., 2012; MAIA et al., 2013). 34 7 CONCLUSÃO Em conjunto, os resultados mostraram que a sensibilidade de plantas de feijão ao estresse salino está associada a fatores como: Acumulação excessiva dos íons tóxicos (Na+ e Cl-) em caules, pecíolos e região apical do caule; Danos oxidativos em folhas e raízes; A limitação da proteção oxidativa estar associada a sensibilidade de algumas enzimas, como o sistema SOD-APX-CAT; Relativa tolerância dessa espécie ao sal pode ser atribuída à exclusão dos íons Na + e Cl - em folhas e raízes. 35 8. REFERÊNCIAS ALMESELMANI, M., DESHMUKH, P.S., SAIRAM, P.K., KUSHWADA, S. R., SINGH, T. P. (2006). 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