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CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO MIGUEL CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA RESUMO SOBRE MUCOPOLISSACARÍDOSES PATOLOGIA Recife, 20 de Abril de 2020. CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO MIGUEL CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA RESUMO SOBRE MUCOPOLISSACARÍDOSES PATOLOGIA Alunos: Edith Dias, Élida Raquel Mendes, Natália Coelho Delfino, Odilon Antoniel Benites Luz Junior, Rebeka Souza Valadares. Resumo. (MPS) da disciplina Patologia Ministrada pela docente: Cristie Aline Santos Ramos, para o Curso de Bacharelado em Farmácia do Centro Universitário São Miguel Como parte integrante para a composição da Nota da 1ª avaliação institucional. Recife, 20 de Abril de 2020. MUCOPOLISSACARÍDOSES Mucopolissacaridose ou MPS é um subgrupo das doenças de depósito lisossômicos (DDL) as quais pertencem ao ainda maior grupo de doenças genéticas do metabolismo, é uma doença em que a pessoa nasce com uma informação genética incorreta levando à falha de produção de uma substância (enzima) importante para certas reações químicas do organismo as enzimas que não funcionam adequadamente estão nos lisossomos. Os diversos tipos de MPS afetam cerca de 1 em cada 25.000 nascidos vivos por ano. No paciente com MPS, os lisossomos não conseguem cumprir corretamente sua função que é digerir grandes moléculas para serem utilizadas ou reutilizadas. No caso desta doença, tais moléculas mal digeridas são os Glicosaminoglicanos (GAGs), responsáveis pela lubrificação e união entre os tecidos. Daí uma consistência mole, viscosa. Taís partículas (GAGs) se acumulam no lisossomo, fazendo as células crescerem, esse acumulo em vários órgãos e sistemas leva a problemas nos ossos, articulações, coração, olhos, ouvidos, sistema nervoso central e outros, outra parte é eliminada na urina. As doenças desse grupo são progressivas, ou seja, pioram à medida que o tempo passa. A maioria das MPS são de herança autossômica recessiva, ou seja, apenas indivíduos que herdam o gene defeituoso de ambos os pais são afetados. A exceção é a MPS tipo II (Síndrome de Hunter), com herança ligada ao cromossomo X. Neste caso, a mãe portadora (sadia, mas que carrega o gene tem 50% de chance de ter um filho homem com a doença e 50% de ter uma filha que carregue o gene da doença para seus descendentes). Tipos de mucopolissacaridose A mucopolissacaridose pode ser de vários tipos, que estão relacionados com a enzima que o organismo não consegue produzir, manifestando-se, por isso, sintomas diferentes para cada doença. Os diferentes tipos de mucopolissacaridose são: • Tipo 1: Síndrome de Hurler, Hurler-Schele ou Schele; • Tipo 2: Síndrome de Hunter; • Tipo 3: Síndrome de Sanfilippo; • Tipo 4: Síndrome de Morquio; • Tipo 6: Síndrome de Maroteux-Lamy; • Tipo 7: Síndrome de Sly Mucopolissacaridose tipo I – Síndrome de Hurler, de Scheie e de Hurler- Scheie A mucopolisacaridose tipo I é causada pela deficiência ou ausência da enzima alfa-L-iduronidase, que tem a função de degradar os GAGs heparan sulfato e dermatan sulfato, presentes, em sua maioria, no sistema nervoso central, tecidos de conexão, coração, esqueleto e córnea. A Síndrome de Scheie é a forma mais atenuada, representando um grau de comprometimento e severidade mais brando. Nessa subclassificação, o paciente apresenta a inteligência preservada com uma expectativa de vida até a fase adulta. A Síndrome de Hurler é a forma mais grave das MPSs, pois os indivíduos apresentam um declínio neurodegenerativo progressivo, ocasionando uma importante deficiência cognitiva. O prognóstico é sombrio, com uma expectativa de vida de até uma década. A Síndrome de Hurler-Scheie é a combinação genética das duas síndromes e tem grau de severidade intermediário. Nessa forma, quem possui a doença apresenta a inteligência normal ou deficiência mental leve. O início dos sinais e sintomas ocorre entre 3 e 8 anos de idade, após esse período, há um sensível decréscimo no crescimento. As características clínicas observadas são mãos em garra, traços fisionômicos grosseiros, redução da mobilidade articular, baixa estatura, opacificação da córnea, hisurtismo, mãos e pés pequenos e largos, ossos curtos e deformados, dilatação da caixa torácica, hepatoesplenomegalia, hérnia umbilical e inguinal, surdez em diversos graus, anomalias cardíacas, otite média recorrente, problemas respiratórios e hidrocefalia, em alguns casos. Mucopolisacaridose Tipo II – Síndrome de Hunter A mucopolissacaridose tipo II (MPS II) é uma doença de depósito lisossômico rara causada pela deficiência da atividade da enzima iduronato-2- sulfatase. Essa enzima é responsável pelo catabolismo de dois Glicosaminoglicanos (GAGs) diferentes, o sulfato de dermatan e o sulfato de heparan. O acúmulo lisossômico desses GAGs causa disfunção de células, tecidos e órgãos, sendo que o envolvimento do Sistema Musculoesquelético se deve ao acúmulo essencial em articulações e no tecido conectivo. A MPS II abrange muitos aspectos e dois fenótipos são reconhecidos, o leve e o grave, que representam os dois pontos extremos de um vasto espectro de gravidade clinica. Foram encontradas alterações biomecânicas, principalmente em articulações dos membros superiores, que interferiram em algumas atividades funcionais dos pacientes. Através da goniometria, observou-se uma defasagem nas amplitudes de movimentos de várias articulações, especialmente em ombros e cotovelos. Os pacientes apresentam perda de força muscular em diversos grupos musculares, principalmente flexores e extensores dos dedos das mãos e pronadores e supinadores do antebraço. Foram observadas algumas alterações posturais características e disostose múltipla em todos os indivíduos. Tais alterações contribuíram para os déficits encontrados nas atividades de vida diária. Mucopolisacaridose Tipo III – Síndrome de San Filippo De todas as MPS, a MPS III é a que produz anormalidades físicas mais leves. De todas as MPS, a MPS III é a que produz anormalidades físicas mais leves. Problemas simples e tratáveis, como infecções de ouvido e dores de dente, tendem a ser subdiagnosticados nestes pacientes. Isto não deveria acontecer, mas acaba acontecendo porque os problemas neurológicos fazem com que as crianças não se queixem (não reclamem) da mesma maneira que os pacientes sem MPS. Além disso, os problemas de comportamento tornam mais difíceis os exames médicos. As principais complicações das MPS III são a regressão neurológica e os distúrbios de comportamento. Algumas crianças com MPS III podem ter problemas simples e tratáveis, como infecções de ouvido e dores de dente, tendem a ser subdiagnosticados nestes pacientes. Isto não deveria acontecer, mas acaba acontecendo porque os problemas neurológicos fazem com que as crianças não se queixem (não reclamem) da mesma maneira que os pacientes sem MPS. Além disso, os problemas de comportamento tornam mais difíceis os exames médicos. As principais complicações das MPS III são a regressão neurológica e os distúrbios de comportamento. Algumas crianças com MPS III podem ter problemas com a coagulação de sangue. Nas crianças com MPS III, o crescimento pode estar acelerado nos primeiros anos de vida e, após os 3 anos, pode ser mais lento; a aparência também é normal nos primeiros anos de vida. As alterações de comportamento iniciam geralmente entre os 2 e 6 anos de vida, evoluindo com perda progressiva da capacidade mental. O cabelo tende a ser grosso e os pêlos no corpo podem ser mais abundantes que o normal; as sobrancelhas costumam ser escuras e cheias. Tosses frequentes e gripes são problemas comuns em indivíduos com MPS III. Durante a noite, eles podem ficar agitados e acordar frequentemente.Às vezes, o indivíduo pode parar de respirar por curtos períodos de tempo durante o sono: é o que chamamos de apneia do sono. Com isso, o nível de oxigênio pode ficar baixo durante o sono, podendo causar problemas de coração. Mucopolisacaridose Tipo IV – Síndrome de Morquio Crianças com MPS IV costumam crescer normalmente no início de suas vidas, mas o crescimento começa a desacelerar por volta dos dezoito meses. Aqueles que são gravemente afetados geralmente param de crescer por volta dos oito anos de idade. A altura final pode ficar entre 90 cm e 1,20m. Em alguns pacientes com MPS IVA o crescimento continua durante a adolescência e podem chegar a 1,50m. O tronco é relativamente mais curto que os membros. Os indivíduos com MPS IV têm inteligência normal. Os pacientes têm baixa estatura, o pescoço e o tronco são curtos, o comprometimento ósseo leva a modificações na curvatura da coluna e encurtamento de ossos longos. Outras características que podem ser observadas são a ponta d Outras características que podem ser observadas são a ponta do nariz achatada e a mandíbula quadrada. A textura dos cabelos não é afetada como acontece nas outras MPS. Na MPS IV, o crescimento da coluna está alterado, mas o esterno (osso do peito) continua se desenvolvendo normalmente; por isto, ao se juntar às costelas, ele é forçado a se encurvar para fora (causando o “peito de pomba”). Essa conformação óssea acaba causando algum grau de restrição da respiração. A espirometria, que é um teste para avaliar a função pulmonar, pode ser usada por um pneumologista para avaliar o quanto os ossos anormais estão restringindo a respiração. Apesar das crianças com MPS IV não serem mais suscetíveis à infecção, o fato de Tonsilas apresentarem restrição dos movimentos respiratórios significa que elas têm menor capacidade de lidar com uma infecção pulmonar. É importante, então, estar atento a sinais de infecção pulmonar, para que o tratamento adequado possa ser instituído precocemente. 08 O tratamento de infecções respiratórias Boca Os remédios podem agir de forma diferente nas pessoas com MPS IV. Portanto, devem ser usadas somente medicações receitadas por médicos (A AUTOMEDICAÇÃO DEVE SER EVITADA!). Xaropes para controlar a produção de muco não costumam ajudar. Os anti- histamínicos (antialérgicos) podem secar o muco, tornando-o mais espesso e difícil de remover. Os descongestionantes nasais geralmente contêm estimulantes que podem aumentar a pressão arterial e estreitar os vasos sanguíneos, o que é indesejável para pacientes com MPS. Remédios para tosse ou com efeito sedativo podem piorar a apneia do sono. Ao contrário da maioria das pessoas que, quando ficam gripadas, não precisam de antibióticos, os indivíduos com MPS IVA quase sempre acabam desenvolvendo uma infecção bacteriana secundária à gripe, tal como sinusite e/ou otite. Estas infecções devem ser tratadas com antibióticos. Mucopolissacaridose Tipo VI- Síndrome de Maroteux-Lamy; É uma doença do armazenamento lisossomal com envolvimento multissistémico progressivo, associado a uma deficiência da enzima arilsulfatase B (ASB), levando à acumulação de sulfato de dermatano. A patologia mostra um amplo espectro de sintomas desde formas lentas a rapidamente progressivas. A displasia esquelética característica inclui baixa estatura, disostose múltipla e doença articular degenerativa. As formas rapidamente progressivas podem ter início à nascença, com glicosaminoglicanos urinários elevados (GAG, geralmente>100 mg/mg de creatinina), disostose múltipla grave, baixa estatura, e morte antes da 2 ª ou 3ª décadas. Foi descrita uma forma lentamente progressiva tendo apresentação mais tardia, glicosaminoglicanos levemente elevados (geralmente <100μg/mg de creatinina), disostose múltipla ligeira, com morte antes das 4ª ou 5ª décadas. Outros achados clínicos podem incluir doença valvular, diminuição da função pulmonar, hepatoesplenomegalia, sinusite, otite média, perda auditiva, apneia do sono, opacificação da córnea, doença do canal do carpo, e hérnia inguinal ou umbilical. Apesar do défice cognitivo estar geralmente ausente na MPS 6, os achados do sistema nervoso central podem incluir compressão da medula cervical causada pela instabilidade da coluna cervical, espessamento das meninges e/ou estenose óssea, hidrocefalia comunicante, atrofia do nervo óptico e cegueira. Mucopolissacaridose Tipo VII – Síndrome de Sly Esta MPS é causada por ausência ou mau funcionamento da enzima beta- glicuronidase. Conhecida como síndrome de Sly, ela afeta os ossos, a visão e audição, causa ainda retardo mental, além de problemas cardíacos. Infelizmente, a forma mais grave da MPS VII, a fetal-neonatal, pode provocar morte prematura. O desenvolvimento intermediário da Síndrome de Sly começa com o surgimento de sintomas a partir do segundo ou terceiro ano de vida. Aspecto de inchaço na face e na língua, baixa estatura e dificuldades respiratórias estão entre os principais sintomas. Na forma branda, os mesmos sintomas são diagnosticados, mas apresentam forma mais lenta e com incidência mais leve. Tratamento: Alguns tipos de MPS já podem ser bem controlados com a administração da Terapia de Reposição Enzimática (TRE), por meio de infusão intravenosa feita semanalmente. Para formas graves da doença pode ser recomendado o transplante de medula óssea, desde que a MPS seja diagnosticada precocemente. Os demais aspectos do tratamento envolvem diversas disciplinas médicas e visam ao controle das complicações da doença.
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