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Movimentos Sociais - Hippies

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INTRODUÇÃO
Movimentos sociais é um assunto em alta atualmente ao redor do mundo, por conta das diversas formas de ações sociais que estão acontecendo para promover mudanças tanto na política, que podemos citar atualmente como exemplo o “Movimento dos Coletes Amarelos” na França, quanto na sociedade em geral, que podemos exemplificar através do “Movimento Feminista” que vem cada vez mais ganhando força ao redor do globo.
Neste presente trabalho irei tratar sobre os tipos de movimentos sociais e o “Movimento Hippie”, e para uma melhor compreensão antes é necessário entender que a existência de um movimento social requer uma organização muito bem desenvolvida, o que demanda a mobilização de recursos e de pessoas muito engajadas. Os mesmos não se limitam a manifestações públicas esporádicas, mas trata-se de organizações que sistematicamente atuam para alcançar seus objetivos, o que significa haver uma luta constante e em longo prazo dependendo da natureza da causa. Em outras palavras, os movimentos sociais possuem uma ação organizada de caráter permanente por uma determinada causa.
TIPOS DE MOVIMENTOS SOCIAIS
Os movimentos sociais podem ser classificados em seis tipos principais, porem alguns movimentos sociais sejam eles históricos ou atuais podem não se encaixar ou serem mistos (se encaixarem em mais de um) em relação as classificações a seguir.
· Movimentos Migratórios
Eles ocorrem quando um grande número de pessoas emigra de um país, o motivo disso pode ser tanto por descontentamento com as circunstâncias atuais vividas no local de origem, quanto a promessa de um futuro brilhante no destino. 
Porém a simples migração de pessoas não caracteriza um movimento migratório, para isso é necessário que haja um foco comum de descontentamento ou um propósito compartilhado, seja ele de esperança para o futuro ou apenas uma decisão amplamente compartilhada de se mudar para um novo local.
· Movimentos Utópicos
Os movimentos utópicos são aqueles que buscam criar um sistema social ideal ou uma sociedade perfeita, a qual só pode ser encontrada em nossa imaginação e não na realidade, eles se baseiam na ideia de que o homem é bom, generoso e altruísta. No século dezenove houve um expressivo número de socialistas utópicos, podemos citar como exemplo Karl Marx.
· Movimentos De Reforma
Estes são caracterizados pela tentativa de modificar algumas partes da sociedade sem transformá-la completamente, podendo ocorrer somente em sociedades democráticas onde as pessoas têm liberdade para criticar as instituições existentes e reivindicar mudanças.
· Movimentos Revolucionários
Eles buscam de forma revolucionaria derrubar o sistema social implantado no local e substituí-lo por um diferente, desta forma os mesmos tem como objetivo corrigir as imperfeições no sistema social existente, e também destruir o próprio sistema. O desenvolvimento do movimento revolucionário ocorre onde a reforma não é uma opção e a revolução se mostra a única alternativa do povo à sua atual miséria.
· Movimentos De Resistência
Os movimentos de resistência são em sua maioria políticos, podem ser compreendidos como um conjunto de atos para bloquear uma mudança proposta ou para abolir uma já alcançada, ou também um conjunto de iniciativas executadas por um grupo de pessoas que lutam contra um invasor, ou até mesmo contra uma autoridade constituída.
· Movimentos Expressivos
Eles ocorrem quando as pessoas se deparam com um sistema social a partir do qual não podem fugir e no qual se sentem impotentes para muda-lo, o resultado então é um movimento social expressivo, a partir do qual o indivíduo por estar vivendo uma realidade externa desagradável, acaba de alguma forma modificando suas reações a essa realidade, uma delas é ignorando o presente e sonhando com um futuro glorioso, tornando dessa maneira a vida suportável.
Podemos citar o movimento Hippie como exemplo de movimento expressivo por conta de suas características que serão apresentadas a seguir.
Movimento Hippie
O movimento hippie surgiu nos anos 40 como resposta a Guerra do Vietnã, por um grupo de jovens que haviam sido convocados para tal mas se recusaram a participar, porém nos anos que se seguiram o movimento foi pequeno e pouco popular, só veio a ganhar força nos 60, época em que se popularizou entre norte-americanos de classe média, alguns de famílias ricas, mas a grande maioria de classe média, sendo a maioria entre 17 e 25 anos, os mesmos abandonavam suas famílias e o conforto de seu lar para se entregarem a uma vida regada por sons, drogas alucinógenas e a busca por outros padrões de comportamento. Ao longo do tempo, ficariam conhecidos como a geração da “paz e amor”.
Porém se engana quem tem apenas essa imagem em mente sobre eles, pois muitos deles não eram alheios ao que acontecia ao seu redor. Durante a década de 1960, junto do movimento negro, os integrantes dessa geração discutiram questões políticas de grande relevância e se organizaram para levar a público uma opinião sobre diversos acontecimentos contemporâneos.
Com o tempo conseguiram mobilizar uma enorme quantidade de pessoas, e lutaram pela ampliação dos direitos civis e o fim das guerras que aconteciam naquele momento. Diversas vezes, a mídia foi influenciada a não noticiar as discussões e as ações positivas que se desenvolviam pelo movimento hippie, para assim reforçar apenas os comportamentos marginais dos mesmos.
Nos EUA, pregaram o "poder para o povo". Muitos não se envolvem em qualquer tipo de manifestação política por privilegiarem muito mais o bem-estar da alma e do indivíduo, mas assumem uma postura tendente à esquerda, geralmente elevando ideais anarquistas ou socialistas. São contra qualquer tipo de autoritarismo e preocupados com as questões sociais como a discriminação racial, sexual, etc.
Seus ídolos foram o escritor alemão Hermann Hesse, cujos livros concentravam-se em histórias orientais de iniciação, introspecção e à meditação nirvânica, o escritor Carlos Castañeda que relatava em seus livros a sua experiência com um índio mexicano, Don Juan, que se tornou seu mestre, sobre os “caminhos do conhecimento” e o poeta Dylan Thomas, um rompedor de regras.
· Chicago-1968
Entre os partidos políticos protagonistas para a eleição de 1968, destacavam-se o Partido Yippie (Youth International Party), liderado por Abbie Hoffman e Jerry Rubin, e o SDS (Students for a Democratic Society), encabeçado por Tom Hayden e Rennie Davies. Estas organizações já haviam realizado eventos importantes, como o Summer of Love e a manifestação do Pentágono. A experiência que ganharam com estes e outros meetings (como aqueles no Central Park e na Grand Central Station, em Nova Iorque, ou as marchas no verão daquele ano, em San Francisco), lhes deu condições de preparar uma atividade muito maior e mais arriscada para Chicago. Só que haveria uma grande diferença. Os encontros dos yippies, por exemplo, normalmente (mas nem sempre) eram festivos, não-violentos e promoviam a desobediência civil. Neles, hippies assistiam a shows de rock e evitavam qualquer problema com a polícia, ainda que eventualmente ocorressem choques com as autoridades. Mas em Chicago, tudo seria bem diferente. 
Hoffman, Rubin, Hayden, Davies, assim como David Dellinger (editor da revista Liberation) e Vernon Grizzard (líder do movimento de resistência ao alistamento compulsório), convocaram cem grupos distintos que vinham se opondo à guerra. Pediram permissão às autoridades de Chicago para realizar um “festival da juventude”, mas tiveram seu pedido recusado. O prefeito Richard Daley já ouvira algumas ameaças que circulavam antes da Convenção, entre elas, de que ativistas invadiriam, à força, o International Amphitheater, ou de que bloqueariam as ruas de Chicago. Também tinham receio de que os protestos incitassem os bairros negros e criassem um caos urbano, aumentando ainda mais a tensão racial desde o assassinato de Luther King. Se já não bastasse tudo isso, havia o boato de que os manifestantes sabotariam o sistema de águas da cidade, contaminando o suprimentode toda a região com LSD, com o objetivo de fazer com que a população inteira fizesse uma “viagem” psicodélica coletiva. A situação também poderia se agravar por causa do assassinato pela polícia, no dia 22 de agosto, do jovem Dean Johnson, de apenas 17 anos de idade. O caso, de acordo com os agentes da lei, poderia ser o estopim e servir como desculpa para manifestações violentas dos ativistas. 
É claro que boa parte dos temores era absurda, mas os governantes locais não iriam arriscar. Proibiram o evento programado. Mesmo assim, sem dar ouvidos ao prefeito, milhares de jovens decidiram marchar para a cidade. Montaram acampamento no Parque Lincoln. Se lá chegaram inicialmente dois mil militantes, em pouco tempo esse número subia para dez mil pessoas, entre hippies, yippies, “anarquistas”, ativistas negros, estudantes e até gangues de motociclistas. A multidão carregava bandeiras dos vietcongs e estandartes vermelhos. Muitos cartazes e banners lembravam Che Guevara, que havia sido assassinado no ano anterior na Bolívia. 
A situação se tornava tensa. As provocações entre os jovens e a polícia eram constantes. No dia 23, Rubin e outros yippies tentaram indicar um porco, “Pigasus, the Pig”, para presidente dos Estados Unidos, no Civic Center Plaza. A polícia não deixou que a performance continuasse e deteve todo mundo, Rubin, o porco “Pigasus” e mais seis yippies. 
No dia seguinte, sessenta militantes feministas da Women Strike for Peace tentaram entrar no Conrad Hilton Hotel, onde a maioria dos delegados democratas se hospedava, mas foram barradas pela polícia. Depois, centenas de ativistas, pressionados pela polícia, saíram do parque e tomaram as ruas de Chicago, destruindo automóveis com pedras e fechando diversos cruzamentos. Um grupo de 300 homens se dirigiu para o Hilton, tentando invadir o local. Também foram impedidos pela força pública. Outros 500, tentando ocupar o Loop, tiveram o mesmo destino. 
Muita gente foi ao Parque Grant, e mais tarde, retornou ao Lincoln Park. Lá estava programado o “Festival of Life”, com apresentações de diversos artistas. Mas a polícia, de forma truculenta, acabou com a festa. Encontravam-se ali também o poeta beatnik Allen Ginsberg, o escritor William Burroughs, e o dramaturgo francês Jean Genet. O show da banda MC5 e os discursos de Tom Hayden, Rennie Davies e Abbie Hoffman deveriam dar o tom dos protestos.
 
Os policiais, demonstrando enorme despreparo, agiam de maneira agressiva, atacando não só os manifestantes como também quaisquer pedestres que por lá passavam e até mesmo jornalistas. Para se ter uma idéia, dos 300 repórteres designados para cobrir os eventos nas ruas e no parque, mais de 60 estiveram envolvidos em incidentes que resultaram em ferimentos, danos no equipamento ou em prisão.
Os acontecimentos de Chicago terminaram de maneira melancólica. Hubert Humphrey, da Velha Guarda do partido, foi escolhido para ser o candidato democrata à presidência dos Estados Unidos. Nas eleições gerais, contudo, o republicano Nixon seria o vitorioso. Uma lei federal, a “1968 Civil Rights Act”, foi promulgada, tornando crime cruzar as divisas dos estados para incitar rebelião. Por causa disso, os chamados “Oito de Chicago”, Dellinger, Davies, Hayden, Hoffman, Rubin, além de Lee Weiner (assistente de pesquisa da Northwestern University), John Froines (professor da Universidade do Oregon) e Bobby Seale (fundador dos Panteras Negras), foram acusados de ter promovido a confusão e duramente julgados. Seale seria afastado do grupo e julgado separadamente, tornando os outros conhecidos como “Chicago Seven”. O caso só iria ser encerrado em 1970, com Froine e Weiner sendo inocentados, e os outros recebendo uma multa de US$ 5 mil e cinco anos de prisão. Todas as sentenças seriam revogadas pouco tempo depois. 
Os eventos de Chicago levaram ao ápice as contradições sociais, raciais e políticas dos Estados Unidos naquele ano. A partir daí os setores conservadores conseguiriam conter e sufocar outras grandes manifestações políticas. Na década seguinte, os partidos “revolucionários” e os movimentos mais radicais já não teriam a mesma força para organizar e influenciar a juventude do país.
Conclusão
O movimento hippie trouxe um mundo mais espiritualizado sem dogmas, respeito às diferenças, liberdade sexual, a não-discriminação das minorias e o ambientalismo, e se nos dias de hoje o mundo possui uma cabeça um pouco mais aberta para questões como drogas e diversidade sexual, muito se deve as conquistas desse grupo que ganhou adeptos no mundo todo. Talvez a ideologia defendida nos anos 60 tenha se perdido um pouco ou mesmo tenha sido esquecida, por alguns que vestem o visual hippie sem vestir a atitude junta, mas é certo que o legado deixado por eles permanece.
Referências 
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/movimentos-sociais-breve-definicao.htm
http://geniodoenem.com.br/tipos-de-movimentos-sociais-e-o-que-sao/
https://www.todamateria.com.br/movimentos-sociais/
http://www.sociologia.com.br/movimentos-sociais/
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=1111
https://whiplash.net/materias/opinioes/209425.html
https://simbologiahippie.blogspot.com/p/historia-movimento-hippie.html
https://www.infoescola.com/cultura/hippies/
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/as-lutas-do-movimento-hippie.htm
https://escolaeducacao.com.br/movimento-hippie/

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