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Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 1 e Patrimônio Gestão de Almoxarifado Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 2 SUMÁRIO 1. FATORES QUE INTERFEREM NA POLÍTICA DE AQUISIÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE BENS PATRIMONIAIS ..................................................................................................................................... 2 1.1. FONTES DE INFORMAÇÃO ................................................................................................................ 2 1.2 CONCEITOS BÁSICOS .......................................................................................................................... 3 ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO BRASIL ................................................................... 3 ENTIDADES COMPONENTES .................................................................................................................... 3 Conceitos : .................................................................................................................................................... 3 ORIENTAÇÃO OU REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE DO SERVIÇO PÚBLICO ................................ 3 SISTEMA DE CONTABILIDADE FEDERAL - SICON .............................................................................. 4 1.3. SOBERANIA DAS CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS .................................................................. 6 1.4. CADASTRAMENTO DE MATERIAIS ................................................................................................... 7 1.5. CODIFICAÇÃO DOS MATERIAIS ..................................................................................................... 10 1.7. DA CARGA E IDENTIFICAÇÃO DE MATERIAIS ............................................................................. 13 1.8. DA REQUISIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO ................................................................................................. 14 1.9. COMPRAS E SUA PREVISÃO ............................................................................................................ 15 Quanto pedir – qual o volume do lote econômico (as quantidades de materiais que compõem o pedido)? ...................................................................................................................................................... 18 Quando pedir – Em que momento ou nível de estoque o pedido deve ser colocado? ................................. 18 Como controlar o sistema – Que procedimentos e rotinas devem ser implantados para ajudar a tomar essas decisões? ................................................................................................................................. 18 1.10. FORNECEDORES ............................................................................................................................. 19 1.11. CONTRATOS ..................................................................................................................................... 20 1.12. DO RECEBIMENTO E ACEITAÇÃO ................................................................................................ 22 1.13. DA ARMAZENAGEM ........................................................................................................................ 24 Em alguns casos: ........................................................................................................................................ 25 Embalagem ................................................................................................................................................ 25 Montagem de kits ........................................................................................................................................ 25 Controle de temperatura e umidade. .......................................................................................................... 25 1.14. SANEAMENTO DE MATERIAL ........................................................................................................ 26 1.15. CUIDADOS ESPECIAIS ................................................................................................................... 27 1.16. CONTROLE E RENOVAÇÃO DE ESTOQUES ................................................................................. 28 1.17. DOS INVENTÁRIOS .......................................................................................................................... 30 NOMEAÇÃO DE COMISSÃO; ............................................................................................................... ......32 LEVANTAMENTO, ARROLAMENTO, AVALIAÇÃO E REGISTRO DO PATRIMÔNIO; ............... 32 GERAR RELATÓRIO DO INVENTÁRIO E ENVIÁ-LO PARA TCM; .................................................. 32 Lança dados do Inventário no Balanço Patrimonial; ................................................................................. 32 1.18. DO DESFAZIMENTO ....................................................................................................................... 33 1.19. A RESPONSABILIDADE SOBRE O PATRIMÔNIO ......................................................................... 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS .............................................................................................................. 38 ANEXOS .........................................................................................................................................................40 Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 3 1. FATORES QUE INTERFEREM NA POLÍTICA DE AQUISIÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE BENS PATRIMONIAIS A Unidade de Patrimônio de uma Empresa, seja estatal ou não, é de grande importância, visto que é dentro dela que se processa toda a política de aquisição, controle, conservação e distribuição de bens, agindo assim em uma inter-relação com outros seguimentos internos e externos à empresa em sua totalidade. Em consonância com a dimensão de suas atividades, necessária se faz a demanda por maior qualidade com menor custo, a fim de atender não apenas às necessidades da sociedade como também às exigências legais que norteiam estas ações. Nesta assertiva, é que, a seguir, procurou-se destacar alguns fatores relevantes a fim de bem delinear a prática da política de aquisição e administração de Bens Patrimoniais. 1.1. FONTES DE INFORMAÇÃO O gestor de patrimônio como todo o bom profissional, deve estar sempre bem atualizado no que se refere ao desempenho do seu trabalho, seja no que diz respeito às suas próprias atividades, como também sobre as tendências futuras, a fim de que possa adequar a sua rotina bem como a de todos aqueles que interagem nesse sentido, evitando um direcionamento que venha causar prejuízos à organização que representa ou a terceiros. Pode-se dizer que o conhecimento das fontes de informação representa a atualização e a consolidação das informações disponíveis nas organizações. A seguir algumas fontes de informação foram selecionadas, notadamente, aquelas que estão disponíveis na Internet. Entre as mais importantes neste sentido, destacam-se: www.senado.gov.br/portal - base de pesquisa legislativa atrelada ao Senado Federal. Permite a procura por tipo de documento, data de publicação, bem como o acompanhamento de propostas de legislação, inclusive alterações, em andamento; www.comprasnet.gov.br - trata exclusivamente das compras do governo federal, com informações disponíveis sobre legislação, fornecedores e atualidades de interesse para os gestores de patrimônio público estadual; www.planejamento.gov.br - traz todas as informações sobre as atividades desenvolvidas a cargo do Ministériodo Planejamento, Orçamento e Gestão do Governo Federal; www.interlegis.gov.br - é outra base de dados legislativos do Governo Federal; Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 4 www.redegoverno.gov.br - traz informações sobre a estrutura e as competências de cada unidade do Governo Federal, e ainda, as formas de contato com os responsáveis em cada uma destas. É bastante útil quando se deseja saber onde obter informações a respeito de assuntos específicos relacionados ao Poder Público. 1.2 CONCEITOS BÁSICOS A Administração pública tem suas características próprias, diante disso, vamos citar algumas dessas que possam servir de apoio para o desenvolver do tema. ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO BRASIL ENTIDADES COMPONENTES A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, são entidades autônomas. Cabe a União exercer a soberania do Estado Brasileiro perante o contexto internacional; exercer os poderes que garanta: a soberania e defesa nacional; a cidadania; os direitos individuais; a boa relação internacional; o bem-estar sócio- econômico do povo; administrar e legislar, entre outras atividades. Cabe a União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios competências como: conservar o patrimônio público; proteger os bens históricos, as paisagens naturais e sítios arqueológicos, o meio ambiente e da poluição; a saúde e assistência pública; e sociedade em geral. Cabe a União, aos Estados, e ao Distrito Federal (art. 24 da CF/88) legislar e normatizar sobre matérias específicas, como: direito tributário, financeiro, econômico, orçamentário, trabalhista etc. SERVIÇO PÚBLICO NO BRASIL Conceitos : a) De Diogo de Figueiredo Moreira Neto: Serviço Público é uma atividade de Administração que tem por fim assegurar, de modo permanente, contínuo e geral, a satisfação de necessidades essenciais ou secundárias da sociedade, assim por lei considerados, sob as condições impostas unilateralmente pela própria Administração. ORIENTAÇÃO OU REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE DO SERVIÇO PÚBLICO Cabe ao Poder Público da Administração Pública a responsabilidade pela regulamentação e o controle, ao serviço público concedido, ou permitido ou autorizado, mesmo nos casos de haver delegação de poderes a terceiros. Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 5 Nota: Observar que os serviços públicos ou de utilidade pública de qualquer natureza, tem por objetivo principal de servir a coletividade social (a sociedade pública) e, em segundo, o de produzir renda para aquele que o explora, e que toda a sociedade seja beneficiada com um serviço de qualidade pelo Estado. Sistemas de Gestão a) SIDOR: sistema integrado de dados orçamentários, conjunto de informações sobre a estrutura orçamentária, as provisões de receitas, despesas, distribuição de receitas públicas etc, alimentando dados e elementos para a comissão mista pertencente ao congresso nacional (senadores e deputados) para examinarem e emitirem parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais, acompanhar e fiscalizar o orçamento previsto a atingir o objetivo do estado; b) SIAFI: sistema integrado de administração financeira do governo federal, conjunto de sistemas da administração orçamentária e financeira dos recursos da União, centraliza e processa eletronicamente os dados, que é oferecido como suporte aos órgãos centrais, setoriais e executores, da gestão pública, tornando segura a contabilidade da união, sob supervisão do Tesouro Nacional; SISTEMA DE CONTABILIDADE FEDERAL - SICON Sistema que tem por objetivo evidenciar, registrar e controlar a situação orçamentária, financeira e patrimonial da União, apontar os atos e fatos relacionados com a Administração financeira, orçamentária e patrimonial, através do Sistema de Contabilidade Federal (Constituição Federal de 1988, no Titulo IV, Capítulo I, Seção IX, art. 70 ao 75; capítulo II seção I, art.163 e 164; seção II art. 165 ao 169; e, Lei nº 8.112 de 11/12/90) com vistas à elaboração de demonstrações contábeis. As operações de que resultem débitos e ou créditos de natureza financeira não compreendida na execução orçamentária serão, também, objeto de registro e evidência nos registros contábeis. PATRIMÔNIO PÚBLICO Todos os anos o poder público em suas diversas esferas, seja federal, estadual ou municipal, destina significativa parcela de recursos à aquisição de materiais que serão utilizados com as mais diferentes finalidades, visando o atendimento da população. Todo esse conjunto de materiais adquiridos com recursos públicos custou dinheiro, valem dinheiro e devem ser tratados como se dinheiro fossem. Assim, integram importante parcela do patrimônio público. Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 6 O dicionário Aurélio 1 traz, em sua página 1282, uma precisa definição de patrimônio: “complexo de bens, materiais ou não, direitos e ações, posse e tudo o mais que pertença a uma pessoa ou empresa e seja suscetível de apreciação econômica”. Cabe ao gestor de patrimônio público uma série de atividades que envolva os bens sob seus cuidados ou mesmo antes, quando da aquisição destes para o atendimento das diversas necessidades da população, conforme fora frisado anteriormente. Pode fazer parte de sua rotina a elaboração de orçamentos e o controle das respectivas contas públicas, a guarda e conservação desses materiais, além de sua distribuição para os requerentes. Para isso deverá exercer atividades de planejamento e controle. Como planejamento pode-se definir a tomada de todas as providências requeridas, em termos de verificação das necessidades (seja de pessoal, de materiais, de equipamentos etc.) e para o atendimento dessas necessidades, para que um dado projeto ou objetivo possa ser realizado ou alcançado. Pode-se dizer que é o caminho a ser seguido para assegurar que todas as expectativas e demandas possam ser atendidas. O controle é a contínua verificação do planejamento, corrigindo os desvios entre o que está sendo efetivamente obtido e aquilo que se deseja ou se espera. Então, o planejamento e o controle do patrimônio material na empresa pública envolvem atividades antes de sua entrada na organização, durante a sua presença nesta e, também, para a sua saída dos registros desta. Como material pode-se definir todo o conjunto de bens tangíveis, isto é, móveis e imóveis que compõem o patrimônio de uma organização. Bens imóveis é todo o conjunto de edificações e espaços, terrenos etc. que não podem ser deslocados de seu local de instalação. Por sua vez, os bens móveis têm essa característica de mobilidade potencial. Estas definições são importantes para o controle físico desses bens e sua respectiva avaliação. Para fins de elaboração e controle dos orçamentos e das contas públicas duas definições são fundamentais. Material de consumo e material permanente. Por material de consumo, pode-se definir aquele que, em razão de seu uso corrente e de definição da Lei n°. 4.320/64, perde sua identidade física e/ou tem sua utilização limitada em dois anos. São definidos como despesas de custeio, da categoria econômica despesas correntes. Por sua vez, material permanente pode ser entendido como aquele que, igualmente em razão de seu uso corrente e de definição legal, não perde a sua identidade física, mesmo quando incorporado a outro bem e/ou tem uma durabilidade superior a dois anos. São definidos como despesas de investimento, da categoria econômica despesas de capital. 1 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionárioda língua portuguesa. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 36ª. reimpressão. Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 7 Na classificação de despesa orçamentária, para a identificação do material permanente ou de consumo são adotados os parâmetros abaixo, caso se enquadre em algum deles o material será considerado de consumo. Durabilidade – quando o material em uso normal perde ou tem reduzidas as suas condições de funcionamento, no prazo máximo de dois anos; Fragilidade – quando a estrutura do material está sujeita à modificação, por ser quebradiço ou deformável, caracterizando-o pela perda e/ou irrecuperabilidade de sua identidade; Perecibilidade – quando o material está sujeito a modificações em sua natureza (química ou física), sendo passível de deterioração ou perda de suas características normais de uso; Incorporabilidade – quando o material for destinado a ser incorporado a outro bem. Assim, este não pode ser retirado sem prejuízo das características do principal; Transformabilidade – quando adquirido para fins de transformação, produção ou fabricação de partes, elementos ou de outros bens completos. A observação de que a decisão de classificar o material em consumo ou permanente é para alertar para o fato de que a classificação de um dado material, exclusivamente, em função de sua natureza pode ensejar erros de planejamento e controle desse material. Por exemplo: se considerar um copo de vidro por sua natureza, a decisão será a de colocá-lo como material de consumo, devido à fragilidade. Por outro lado, se observar a função desse bem junto ao patrimônio poder-se-á classificá-lo como material permanente. Explica-se: o copo de vidro pode ser uma peça de museu e como tal integrará um patrimônio duradouro. Ainda que, para o seu registro e controle não seja efetuada qualquer aposição de etiqueta ou similar. Ainda que seja apenas um bem relacionado. Tal alerta serve para indicar que, antes da natureza e do material, propriamente dito, com que foi fabricado um dado bem, a sua função para a sociedade é que deve servir de indicador para a sua classificação e esta para as atividades de planejamento e controle associadas a este patrimônio material. 1.3. SOBERANIA DAS CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS Se possível fosse resumir em uma única frase toda a filosofia da gestão de patrimônio e material na empresa pública, certamente consistiria em dizer que: “As características dos materiais são soberanas!”. Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 8 Isto significa que, para o gestor de patrimônio desempenhar adequadamente suas funções é de fundamental importância que ele seja conhecedor das características dos materiais sob seus cuidados, visto que elas nortearão a tomada de decisões. O patrimônio material custa e vale dinheiro. Segundo a Lei 6.404/76 os estoques são classificados como ativo circulante, que rapidamente pode ser transformado em capital; e pela Lei 4.320/64, em ativo permanente, devendo, portanto, ser tratado como se dinheiro fosse. Servem, por vezes, como garantia de empréstimos aplicados para o desenvolvimento local. Daí, a necessidade de bem conhecê-los para o seu uso adequadamente. Com o crescimento da consciência da profissionalização do gerenciamento dos recursos públicos, destaca-se que não há mais espaço para uma subvalorização das atribuições relativas a estoques ou patrimônio público de maneira geral. O reconhecimento de um profissional não está relacionado à função que desempenha na sociedade, mas pela forma como ele a desempenha. Afinal, a todos os profissionais tornam-se necessária a convivência harmoniosa da sociedade, sem a qual seria quase impossível a própria existência dela. O conhecimento de como e, em que condições adquirir, transportar, e armazenar e, quais os cuidados necessários nestes procedimentos, bem como a importância de cada material para os processos produtivos de sua organização e das unidades que esta deve prover, em outras organizações públicas, traduz um pouco da amplitude do trabalho, que deve ser desempenhado por este profissional. Afinal, sem a sua presença certamente haveria a falta de materiais, o que poderia significar a interrupção de atividades nas organizações públicas e, também, a má aplicação de recursos na busca de seu suprimento. Isto tudo caracteriza a importância desses profissionais nas organizações e a necessidade de sua valorização! 1.4. CADASTRAMENTO DE MATERIAIS O gestor de materiais pode ordenar, adequadamente, os seus conhecimentos sobre os materiais e as suas características utilizando uma sistemática que resulte em uma lógica para a diferenciação destes e do tratamento que deve ser dispensado a cada um. Tal instrumento para a estruturação dessa diferenciação pode ser obtido através do cadastramento de materiais. Através de um exemplo de solicitação de materiais a um gestor de patrimônio, poder-se-á explicar esta sistemática. Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 9 Severino (S) precisa de materiais e se dirige a Agenor (A) que é o responsável pelo patrimônio material de seu órgão. Veja como será o diálogo entre eles e o que se poderá aprender: S – Bom dia, Agenor Preciso de papel! A – Bom dia, Severino. Verei como posso atendê-lo. E se dirige para o interior do almoxarifado. Em seguida, volta para o balcão sem nada nas mãos. A – Severino, não posso atender você. Existem muitos tipos de papel no almoxarifado e também existe uma ordem expressa de que não serão aceitas devoluções. Ajude-me a não errar no que pede! S – Por que não disse logo. Preciso de papel tipo “off-set” para impressão. Agenor se dirige novamente para o interior do almoxarifado. Outra vez, volta para o balcão sem nada nas mãos. A – Severino, ainda não posso atender você. Existem muitos tipos de papel no almoxarifado. Ajude-me a não errar no que pede! S – Preciso de papéis “off-set” em folhas. A – Ah, bom! Tem também papel em bobinas, rolos de todos os tamanhos! S – Isso, você também me ajudou a pedir melhor Quero folhas no formato ofício! E Agenor se dirige mais uma vez para o interior do almoxarifado. Em seguida, retorna ao balcão sem nada nas mãos. S – O que foi dessa vez, Agenor?!? A – Tem papel azul, verde, branco, amarelo e até rosa... Antes que Agenor conclua o que estava dizendo, Severino o interrompe. S – Preciso de papel “off-set”, em folhas, no formato ofício e brancas. Ah, antes que me esqueça, duas resmas, 75 de gramatura, por favor! Disse Severino em tom irritado, querendo a todo custo ter o seu pedido atendido. E lá vai Agenor para o interior do almoxarifado e... retorna com as duas resmas de papel “off-set”, formato ofício, em folhas branquinhas e de 75g/m 2 . A – Se você tivesse pedido assim logo da primeira vez eu já o teria atendido... Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 10 Olhou para a fila que já se formava atrás de Severino. E continuou... A – Enquanto eu tivesse qualquer dúvida sobre o que realmente você precisava, eu não poderia atendê-lo. E isso serve para qualquer um de vocês aí na fila!... Foi logo aproveitando a oportunidade para dar a lição a todos os que se encontravam esperando a vez. E concluiu... A – E é bom dizer para todos que pretendem vir aqui buscar material, que só atendo a pedidos quando não houver qualquer chance de errar no que se pede. Para não haver erros vocês têm que fazer o pedido através da correta especificação do material! Entenderam?!? Vamos recapitular o que Agenor ensinou a Severino e aos outrosque se encontravam próximos: quando Severino disse que precisava de papel, ele apresentou apenas a denominação principal do material. Agenor teve dúvidas e não pôde atendê- lo. quando Severino disse que precisava de papel “off-set”, ele acrescentou ao pedido a referência básica do material. Agenor continuou com dúvidas e não pôde atendê-lo. quando Severino acrescentou a informação “ em folhas”, ele informou a forma de apresentação do material de que necessitava. Agenor ainda teve dúvidas e não pôde atendê-lo. mas quando ele disse que queria no formato ofício, ele informou as dimensões do material desejado. assim, quando ele disse que queria folhas brancas e de gramatura 75 (ou 75g/m 2 ), apresentou outras especificações que ainda se faziam necessárias para a perfeita caracterização de seu pedido e de sua necessidade. Desta forma, Agenor, pôde finalmente atendê-lo. O cadastramento de materiais, através de suas especificações, dá meios ao gestor de patrimônio a fim de que possa diferenciar os materiais uns dos outros e, dessa forma, para distinguir os cuidados específicos para cada um destes. Tem como níveis: 1. Denominação principal 2. Referência básica 3. Forma de apresentação 4. Dimensões 5. Outras formas de especificação. Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 11 Mas será que todas as vezes que apresentar um pedido terá que relacionar todas as características dos materiais, através de suas especificações? Claro que não! Se o cadastramento dos materiais for bem feito, poderá utilizar códigos que representarão o conjunto de características de cada material. Para não ocorrer à possibilidade de erros, entende-se que cada material somente poderá ser demonstrado por um código que, por sua vez, representará um único material. Uma relação de um para um! 1.5. CODIFICAÇÃO DOS MATERIAIS Os materiais, através do cadastramento, podem ser organizados em classes ou categorias. Esta divisão dará origem ao sistema de codificação, que servirá como um meio rápido e eficiente de recuperar o conjunto de especificações que caracteriza cada material. Nesta assertiva, quando qualquer característica for relevante na diferenciação de dois materiais, implica dizer que estes são distintos no tratamento a ser dispensado e que, portanto, devem ter códigos diferentes. Em resumo, o código será a melhor forma de comunicação para a apresentação das características de um dado material. Entre os principais sistemas de codificação de materiais destacam-se: 1.1. Sistema alfabético – utiliza o conjunto de algarismos do alfabeto para a diferenciação de um conjunto de materiais. Por exemplo, RM pode significar régua de madeira. RMA poderá significar régua de madeira de 30 cm. RMB poderá significar régua de madeira de 50 cm e assim por diante. Tem como principais restrições: a possibilidade de erros de transcrição e o reduzido número de variações que podem ser obtidas a partir da combinação das letras. (Além do fato da difícil memorização de um número elevado de códigos e do agrupamento de novos materiais similares a outros já cadastrados e que venham a ser inseridos posteriormente na relação geral de patrimônio). 1.2. Numérico – podem-se tecer considerações semelhantes. Por exemplo, material da classe 1000 pode significar régua de madeira. Material 1030 poderá significar régua de madeira de 30 cm. Material 1050 poderá significar régua de madeira de 50 cm e assim por diante. Tem como principais restrições: a possibilidade de erros de transcrição e a eventual dificuldade do agrupamento de novos materiais similares a outros já cadastrados e que venham a ser inseridos, posteriormente, na relação geral de patrimônio. Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 12 1.3. Alfanumérico – numa tentativa de ampliar as vantagens dos dois métodos, anteriormente descritos, foi criado o sistema alfanumérico, agregando letras e números. RM30 poderá significar régua de madeira de 30 cm. RM50 poderá significar régua de madeira de 50 cm e assim por diante. Contudo, apesar do ganho evidente nas possibilidades deste novo sistema de codificação, as desvantagens dos sistemas originais ainda permanecem. 1.4. Como forma de ampliar a utilidade da codificação, pela estratificação dos materiais em grupos, classes e categorias, surgiu o sistema decimal simplificado ou universal que tem a seguinte estrutura em três chaves: 1ª . 2ª . 3ª , sendo a primeira aglutinadora, a segunda individualizadora e a terceira descritiva. Tomando, por exemplo, os seguintes números de matrícula de universitários: 871.11.283 – 871 estará presente em todo o conjunto de matrículas do ano de 1987, para alunos que foram aprovados para o 1 semestre letivo; 11 – por exemplo, significa engenharias, estará em todos os códigos de alunos aprovados para as engenharias; 283, por sua vez, identificará um aluno em questão, apesar de todos os outros alunos aprovados, para aquele semestre, terem matrícula iniciando com 871 e mesmo os alunos das engenharias desse ano que tenham matrícula 871.11.XXX. Agora a matrícula 921.11.320. O que se pode dizer a respeito? Sabe-se que o aluno foi aprovado para o 1 semestre do ano de 1992, pertence à área de engenharia e... O que mais? Os últimos três números o diferenciam dos demais alunos dessa instituição, em todos os tempos. Afinal, cada elemento da relação geral, somente será representado por um código e este representará apenas um, e somente um elemento dessa relação. Nesta estrutura de codificação, XX.11.XXX representa uma semelhança para conjunto de alunos, por área de conhecimento, independentemente do ano de ingresso na instituição. Por isto, estará presente em todas as matrículas de alunos dos cursos de engenharia. Os três últimos dígitos podem representar um conjunto de informações suplementares e que serão necessárias para a perfeita identificação do aluno na relação geral dos discentes, seja o seu curso e engenharia mecânica, elétrica ou civil, entre outras. O grau de seu curso, se graduação ou pós-graduação, e assim por diante. 1.5. O sistema de codificação por barras, para o controle de patrimônio e material, foi introduzido, visando facilitar o levantamento e a localização dos bens, durante a realização de um inventário. Este sistema permite a identificação do código por meio de equipamentos de leitura ótica. Seu princípio baseia-se na transformação dos dígitos do código em uma representação binária (de combinações de dois algarismos – zeros e uns, o que permite a sua utilização por meio informatizado). Quando um feixe de luz incide sobre as barras, o leitor percebe a existência de combinações de dois grupos de barras. As barras refletivas ou “brancas” (zeros) e as barras não refletivas ou “escuras” (uns). Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 13 Em realidade, o sistema de codificação por barras é utilizado para fins diversos em automação. Seja para o controle de acesso (como em crachás), seja na área comercial (como em produtos que se adquire em supermercados e outros produtos comerciais em geral), controle de cargas (como na aviação comercial), na prestação de serviços em geral (como na identificação de exames clínicos), entre outros usos. 1.6. Os produtos comerciais brasileiros utilizam um sistema de codificação chamado EAN-13 e que tem 13 dígitos, assim distribuídos em quatro chaves: 1ª . 2ª . 3ª - 4ª . 1.1. A primeira com três dígitos, conhecidos como bandeira ou “flag” (bandeira em inglês), representa a origem ou país de origem do produto. 1.2. A segunda indica o fabricante. Assim, todosos produtos fabricados pelo mesmo fabricante terão a mesma segunda chave, ainda que confeccionados em países distintos (diferenciação pela bandeira). Unidades distintas de um mesmo fabricante em um mesmo país terão dígitos de identificação de fabricante distintos. Tal medida é para permitir a rastreabilidade do produto, ou seja, saber a sua origem desde a sua produção e até a sua chegada ao consumidor final, bem como em caminho inverso – do consumidor até a unidade que o produziu. 1.3. A terceira chave serve para diferenciar os vários produtos produzidos por um mesmo produto A lógica do sistema é a mesma do exemplo do sistema decimal anteriormente descrito (matrículas dos alunos). 1.4. A quarta chave é uma proteção do sistema. Serve para verificar se um código percebido pelo leitor ótico realmente corresponde à representação numérica equivalente. É um dígito verificado Sua função é a mesma daqueles dois últimos dígitos da identificação de pessoas junto à Receita Federal (o nosso CPF, que tem formato XXX.XXX.XXX-AA), onde AA são os dígitos verificadores e os demais são dígitos de informação. Estes últimos servem, tão somente, para verificar se o conjunto dos demais, realmente, corresponde a um registro válido e são formados a partir de uma combinação específica destes. Para produtos que têm pequenas dimensões é utilizada uma versão reduzida chamada de EAN-8 e que tem apenas oito dígitos. O sistema EAN é utilizado em todo mundo. Nos Estados Unidos (EUA) e Canadá, e também nos países que mantêm estreitas relações comerciais com estes. É comum um outro sistema de codificação por barras, chamado de UPC, que guarda os mesmos princípios, e tem formatos diferentes para grandes e pequenas embalagens. Por força da integração dos mercados mundiais estes sistemas – EAN e UPC – estão passando por um processo de integração que resultará, em breve, no sistema UCC-EAN já em testes. Uma dúvida comum dos gestores de patrimônio é quanto à utilização interna de códigos de barras para o controle do patrimônio material na empresa. Pode-se dizer que existem sistemas de codificação comercial, unificados em todo o país, e que existem Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 14 outros internos às empresas. Atualmente, os leitores óticos já conseguem processar as leituras, fazendo as conversões de um para outro sistema, sem perda de eficiência. Assim, não há a necessidade da duplicidade de listagens para conversão e controle sob os códigos comerciais externos e internos da empresa. 1.6 . DA AQUISIÇÃO DOS BENS Há várias formas de aquisição de bens pelo Poder Público. Elas são regidas pelo: Direito Privado – compra e venda, recebimento de bens de doação, permuta, herança, usucapião, invenção (achado de coisa perdida) etc. Direito Público – desapropriação, aquisição por força de lei ou processo judicial (Execução), investidura, etc. Os bens públicos são adquiridos através de desapropriação, de processo de Execução, ou outros tipos de aquisição de natureza privada (compra e venda, recebimento de bens de doação, permuta, herança, usucapião, invenção (achado de coisa perdida) e por força de dispositivo constitucional ou legal. 1.7. DA CARGA E IDENTIFICAÇÃO DE MATERIAIS Quando um material passa a integrar o patrimônio de uma organização uma das primeiras atividades, após a verificação de sua regularidade (física e fiscal), é o seu registro na relação geral de patrimônio, anotando-se a data e o valor de sua incorporação, a forma e a documentação de sua origem, a sua destinação, bem como o número pelo qual deverá ser localizado nessa relação (o seu cadastro ou registro propriamente dito). Ao verificar a efetiva responsabilidade pela guarda e uso de um material, afirma- se que foi estabelecida a carga do bem. Sendo o mesmo transferido, anotam-se os dados e as condições dessa responsabilidade pelo novo consignatório. Desta forma, constata- se que ocorreu a descarga do material, em relação ao primeiro, com a respectiva carga para o segundo. Toda transferência de materiais, em uma organização, deve dar origem a um novo termo de carga, quando houver a mudança de responsabilidade sobre estes. Pode- se dizer que a carga é condição obrigatória para esta transferência, sendo que, para a sua realização, o bem deverá estar perfeitamente caracterizado e avaliado, quanto ao seu estado ou condição de uso, bem como, devidamente, valorado, a fim de que se possa estabelecer a dimensão da responsabilidade que assume o novo consignatário. A descarga também ocorrerá quando o material se tornar irrecuperável pelas perdas de sua funcionalidade, por consumo e demais transferências (cessão, venda, Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 15 permuta, doação, inutilização e abandono) e, ainda, por furto ou roubo, observadas as particularidades do caso. Eventualmente, partes ou peças de um conjunto podem ter a sua descarga isolada, fazendo-se as devidas anotações no registro patrimonial, e, ainda, a atualização do valor desse bem. - O método mais comum utilizado para identificar o bem patrimonial é o da oposição de plaquetas. Porém, existem outros, tais como: gravação ou tatuagem (animais, bens metálicos, plásticos...); aposição de anéis, colares ou similares (animais), tarja magnética, carimbos (livros), etc. Um dos problemas mais comuns é a perda da seqüência da numeração de plaquetas. Vale lembrar que a numeração deve seguir uma ordem cronológica. Assim, será errado efetuar hoje o registro de um bem com uma placa de número 10 e amanhã proceder ao registro de outro cuja placa for menor que 10. A origem mais comum desse erro é reservar placas para um pedido ainda não entregue ou produtos que ainda aguardam inspeção para o seu recebimento final. Não agir assim, contribuirá para a redução deste erro. Também não é correto usar uma placa que, porventura, tenha sido “pulada”. A ação correta é dar baixa nessa numeração, através de processo específico para tal fim. 1.8. DA REQUISIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO Uma das funções do gestor de patrimônio é tomar todas as providências que contribuam para o pleno atendimento das necessidades dos vários requisitantes de materiais sob seus cuidados. Cabe a ele verificar a consistência dos pedidos, a possibilidade de seu atendimento e a condução dos materiais cujas necessidades devem e podem ser atendidas. Este processo de encaminhamento dos materiais aos seus respectivos requisitantes é o que se chama de distribuição. Para que o material chegue ao solicitante, em perfeitas condições, em termos de quantidade e qualidade, o gestor deverá tomar uma série de providências que envolvam, entre outras medidas, a escolha do meio de transporte do mesmo até o local onde é esperado (que pode ser diferente daquele do solicitante), das proteções requeridas para garantir a sua integridade durante este transporte (embalagens), a seleção do transportador, bem como a contratação de seguros, quando pertinente. Certamente, a maior fonte de erros e atrasos na entrega de materiais solicitados é a divergência entre a linguagem utilizada para a caracterização dos materiais. A fim de que o pedido corresponda fielmente às necessidades de consumo necessário se faz que o solicitante e quem vai distribuir o material estejam “falando” sobre a mesma coisa. Isto é, que a descrição do material esteja em perfeita sintonia para ambos. A causa mais comum disto é a inexistência de um cadastro único de materiais, com sua respectiva codificação, para todas as unidades do Estado. Por isso, com absoluta prioridade, deve ser adotado o método descritivo, que consiste na especificação Gestão de Almoxarifado e Patrimônio16 técnica do conjunto de características do material. O método referencial que consiste no uso de meios auxiliares (fotos, figuras, amostras até mesmo, embalagens de compras ou entregas anteriores etc.) para a caracterização do material desejado, pode resultar em problemas na sua entrega ou aquisição. Estes problemas podem ocorrer porque, por exemplo, a amostra utilizada caracterizava apenas referência de fabricação e não de marca, o que, na maioria dos casos, não é permitido quando se tratar de aquisições pelo Poder Público. Um outro problema muito comum quando da compra ou solicitação de fornecimento por referência é a possibilidade de caducidade desta, ou seja, atrelar-se a uma alternativa obsoleta de um produto, quando podem já existir produtos de melhor desempenho, inclusive a preços menores no mercado, como no caso de equipamentos de informática. A fim de minimizar ainda mais essa possibilidade, cabe ao gestor de materiais estar sempre em busca de atualização sobre os materiais disponíveis no mercado. Para a distribuição dos materiais nas organizações, dois processos de fornecimento podem ser utilizados. O primeiro, ou por pressão, consiste no fornecimento de quantidades uniformes em intervalos de tempo determinados, uma vez que as características da demanda ao longo do tempo já são bem definidas, não havendo, desta maneira, a mínima possibilidade de falhas no atendimento. Mesmo sendo os materiais bastante simples não requerem a apresentação de requisição a cada fornecimento (copos de água e café, por exemplo). O segundo processo é aquele em que o fornecimento é realizado após a apresentação de cada requisição, quer seja pela variabilidade do material de consumo, que não permite uma distribuição uniforme, o que possibilitaria perdas por obsolescência, inatividade ou ociosidade, quer seja pelo valor mais expressivo, fazendo- se necessário um controle mais rigoroso de sua distribuição. Convém, finalmente, destacar que sempre caberá ao gestor, realizar julgamento sobre o que lhe é apresentado como solicitação. Nenhum material deverá ser distribuído sem que a devida solicitação tenha sido encaminhada. Mesmo para produtos distribuídos sob pressão, em algum momento deve ter havido a previsão de seu consumo e seus respectivos consumidores, bem como, a autorização para esta distribuição. 1.9. COMPRAS E SUA PREVISÃO Em muitas organizações públicas, as atividades relacionadas ao planejamento de compras (planejamento das quantidades, seleção e avaliação de fornecedores, negociação etc.) estão dissociadas das atividades relativas ao processamento dessas compras (atividades de licitação, documentação e registro), bem como, de seu recebimento. Tal fato, por muitas vezes, gera problemas entre as reais necessidades do solicitante e do que efetivamente é entregue à organização. A falta de entrosamento Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 17 entre estas atividades (compras, licitação e almoxarifado) pode comprometer o suprimento de materiais para a empresa. Nesta ótica, pode-se resumir o parágrafo anterior em uma única frase: “As compras representam a porta de saída da maior parte dos recursos de uma organização ou a sua plena capacidade de operação”. Com a escassez de recursos públicos, uma boa compra é condição fundamental para a manutenção dos níveis de atendimento que o Estado pode oferecer aos cidadãos. Uma boa compra, então, é aquela que atende, ao mesmo tempo, as exigências técnicas do solicitante e de quem vai recebê-la (que devem estar expressas como especificações), os requisitos legais de sua aquisição (licitação, por exemplo) e de sua entrega (locais, prazos e datas). Para que isso possa ser alcançado necessário se faz, que as pessoas, que exercem atividades associadas a tais funções trabalhem de forma integrada, diferentemente, do que ainda acontece hoje em muitas organizações públicas, conforme fora falado no início deste tema. Então: Compra bem feita Quando uma compra é bem feita resulta: • Preço de custo mais baixo • Controle do fluxo de caixa • Inexistência de empréstimos, doações, perdas etc. • Não há excessos nem faltas. • Ela atende a: – Exigências técnicas do solicitante – Requisitos de sua solicitação (licitação) – Requisitos de sua entrega (locais, prazos e datas) Compra ruim Quando uma compra é ruim resulta: • Aumento dos custos • Descontrole do fluxo de caixa • Constantes empréstimos, doações, perdas etc. • Há excessos e/ou faltas. Para que o planejamento de compras seja bem realizado, é importante que o responsável por esta função busque ao máximo introduzir em sua rotina o estabelecimento de previsões. Antecipar-se sobre possíveis necessidades de materiais e das necessidades associadas a esta (área e condições requeridas à sua armazenagem, pessoal para a distribuição, recursos, à sua aquisição, entre outras) é de fundamental importância para o pleno funcionamento da empresa pública. Todavia, nem sempre é possível ter previsões confiáveis sobre determinadas necessidades. Por outro lado, também podem ocorrer imprevistos que alterem a regularidade das compras. Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 18 Previsões podem ser entendidas como expectativas acerca de um futuro, por vezes, incerto. Assim, quanto mais conhecimento o gestor de patrimônio tiver sobre as compras (do consumo dos materiais, do intervalo entre compras sucessivas, dos fornecedores, da variação de preços no mercado, do tempo decorrido entre o pedido e a disponibilidade do material ao solicitante etc.), maiores chances terá para minimizar as incertezas desse futuro e com mais segurança poderá realizar o seu trabalho e, assim, contribuir para a maximização do desempenho de sua organização. Como regra básica, as compras devem ser regulares, o que significa um planejamento estruturado (com as suas respectivas previsões) e um bom funcionamento do setor. A ocorrência de compras emergenciais dará elementos para o gestor de patrimônio repensar o seu planejamento, seja pela identificação e levantamento de falhas ocorridas neste, seja porque “imprevistos” apontaram potenciais fragilidades ou despreparo do setor para lidar com estes. Uma vez, devidamente autorizado, em conformidade com a previsão orçamentária e a disponibilidade financeira, o gestor de patrimônio também poderá antecipar suas compras, visando obter ganhos de oportunidades (ofertas de mercado ou pela tendência de alta dos preços do produto), o que em empresas privadas poder-se-ia chamar de compras especulativas. Por fim, quando são necessárias compras, devido à obsolescência de materiais, pode-se dizer que ocorreram falhas anteriores no planejamento, resultando aquisições de quantidades desnecessárias ou excessivas. Conclui-se, então, que é através do planejamento de compras, que a organização busca estabelecer a maximização da utilização dos recursos disponíveis em atendimento às demandas. Como elementos do planejamento de compras, é necessário estabelecer as quantidades, os locais e as datas para as entregas de cada um dos materiais a serem adquiridos, bem como o processo de seleção e avaliação de fornecedores, o conteúdo de informações para a negociação junto a estes e, ainda, o conjunto de rotinas e documentos necessários para a operação do sistema interno. Também, caberá a definição de critérios para a racionalização da aquisição orientada pelos requisitos de conservação dos materiais, vez que é comum a realização de compras para a substituição de materiais que perderam, precocemente, suas características (deterioração) devido à sua inadequada armazenagem. Assim, para evitar a perda dos materiais adquiridos, por deterioração, é importanteque o responsável pelas compras conheça as condições disponíveis para a armazenagem, pois que este poderá decidir sobre as embalagens e sobre os meios de transporte, o que poderá contribuir para a redução dessas perdas. A fim de melhor estabelecer as previsões, o gestor de patrimônio poderá se valer do histórico das compras (observando sua variação ao longo do tempo), bem como recorrer ao auxílio de outros profissionais, que detenham maiores conhecimentos sobre a variação da demanda e dos preços praticados no mercado. A demanda e a oferta de materiais podem concentrar em certos períodos do ano, ou terem um comportamento irregular. Então, o gestor deverá adotar estratégias de ação Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 19 específica para cada situação, de modo que, apesar da ausência de estabilidade na demanda e na oferta, o que seria ideal para o seu trabalho, ele consiga aplicar adequadamente os recursos disponíveis e assegurar o atendimento das necessidades de material em sua organização. Quanto mais conhecimentos o gestor detiver sobre o seu papel, estará melhor preparado para lidar com esta variação de situações. Isto implica em dizer que a melhoria de seu desempenho e do resultado que seu trabalho representará para a sua organização, dependerá de sua contínua atualização profissional obtida pela constante leitura e pela troca de experiência com outros profissionais do seu ramo de atividades. Principais decisões de compra! Quanto pedir – qual o volume do lote econômico (as quantidades de materiais que compõem o pedido)? Quando pedir – Em que momento ou nível de estoque o pedido deve ser colocado? Como controlar o sistema – Que procedimentos e rotinas devem ser implantados para ajudar a tomar essas decisões? Quanto pedir? Para saber quanto pedir os responsáveis devem avaliar os custos que estão envolvidos com o pedido e manutenção do estoque, são eles: – Custo de colocação do pedido – Custo de desconto de preços – Custo de falta de estoque – Custo de capital de giro – Custo de armazenagem – Custo de obsolescência Deve-se valer de: – Histórico das compras – Recorrer a profissionais que detenham o conhecimento da demanda e do preço. Quando pedir? • De forma geral as compras devem ser regulares, o que significa um planejamento estruturado e um bom funcionamento do setor. • Para saber o momento certo é necessário acompanhar os níveis de estoque e histórico de consumo. Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 20 Obs. A ocorrência de compras emergências são um sinal para o gestor repensar seu planejamento. 1.10. FORNECEDORES Não existe verdade maior do que dizer que: “O problema do seu fornecedor hoje, poderá tornar-se seu no amanhã!”. Falhas técnicas ou mesmo administrativas de seu fornecedor podem comprometer o funcionamento de sua organização. Assim, em alguns casos, melhor que os abandonar ou trocá-los, será desenvolvê-los! Não basta que o fornecedor tenha a capacidade de apresentar um bom produto. Mas, necessário se faz que tenha condições de fazê-lo através de um bom fornecimento, que envolva: preços, prazos, condições de pagamento, regularidade e pontualidade de entrega, entre outros aspectos relevantes. A qualidade técnica de um fornecedor representa a competência em fornecer um bom produto e deve ser verificada através da qualificação do seu quadro profissional e, em alguns casos, da tecnologia disponível na empresa. Por sua vez, a qualidade administrativa diz respeito à competência com que a empresa é gerenciada, sendo possível que esta influencie de forma negativa ou positiva na qualidade técnica. Para evitar problemas indesejáveis é interessante que a organização mantenha em seu poder um cadastro atualizado sobre potenciais fornecedores. Assim, poderá em pouco tempo ter informações sobre estes e proceder a um julgamento justo sobre as alternativas disponíveis para o fornecimento, quando pertinente. Esta condição mínima para que uma empresa possa se candidatar a fornecedor denomina-se qualificação. Por sua vez, a ordem de prioridade para o fornecimento entre aqueles considerados habilitados intitula-se de classificação. A fim de evitar abusos, por parte de fornecedores, cada unidade poderá formalizar sanções relativas a falhas ou problemas em fornecimentos sucessivos. De acordo com a gravidade das falhas (atrasos, trocas no material entregue, faltas nas quantidades, etc), podem ser estabelecidos pontos negativos (ou deméritos) e ao total de uma quantidade limite de deméritos para um certo intervalo de tempo (20 pontos acumulados em um ano, por exemplo) estará, devido a esse conjunto de falhas, proibido de concorrer ao fornecimento por um certo período ou, ainda, poderá ser desqualificado, o que implicará efetivamente na impossibilidade de fornecimento. Tal providência pode ser executada, através do condicionamento de cada fornecimento, à qualificação prévia. Uma opção, para tanto, é exigir, quando cabível, a qualificação do pretenso fornecedor junto ao Cadastro Geral de Contribuintes do Estado, ou, ainda, junto ao Cadastro de Fornecedores do Ministério de Planejamento (Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores - SICAF), que faz parte de um sistema integrado de informações relativas a compras disponibilizadas na Internet (www.comprasnet.gov.br). Complementam este sistema o Cadastro de Materiais e Serviços (SICAM) e a Divulgação Eletrônica de Compras (SIDEC). Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 21 1.11. CONTRATOS Uma das definições clássicas de contrato é que este “é a convenção estabelecida entre duas ou mais pessoas para constituir, regular ou extinguir entre elas uma relação jurídica”. Esta definição é bem interessante, porque coloca em poucas linhas a orientação sobre todos os elementos que devem constar em um contrato bem elaborado. São eles: 1.1. a qualificação das partes envolvidas e de seus representantes legais para aquele efeito; 1.2. o objeto – que apresenta a motivação da elaboração do contrato, aquilo que deverá ser buscado ou atingido; 1.3. a constituição – que formaliza os interesses de cada uma das partes, a duração e os meios necessários para tanto; 1.4. a regulação – que estabelece os direitos e obrigações de cada uma das partes em relação ao outro e a terceiros, bem como orientações para a resolução de conflitos que, porventura, venham a se estabelecer; 1.5. a extinção – que determina os motivos para o encerramento do contrato, seja pelo atingimento de seus propósitos, seja pelo descumprimento dos termos da regulação ou, ainda, pela limitação de tempo prevista em sua constituição. Quando o contrato envolve, como uma das partes, o poder público, este recebe o nome de contrato administrativo e se caracteriza pela predominância deste em relação às demais partes, face à finalidade do atendimento de interesses públicos. O gestor de patrimônio ou o responsável pela elaboração dos contratos administrativos, como representante do poder público, no momento da contratação da aquisição de bens e serviços, deve sempre considerar que estes contratos têm como principais características: 1.6. licitação prévia – visa maximizar a utilização do recurso público (ou a seleção da proposta mais vantajosa para o Estado), e que, para tanto, deve ser realizado o processo com a respectiva documentação necessária; 1.7. publicidade – dar a mais ampla ciência a possíveis interessados no processo de licitação e, também, para caracterizar a transparência e a isenção do agente público, em relação a esta, o que garantirá o princípio de isonomia de direitos; 1.8. prazo determinado– que todos os contratos tenham um prazo de vigência definido, visando criar a oportunidade de novas ofertas ao Estado e, assim, otimizar os recursos empregados na contratação, bem como impossibilitar a Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 22 transferência de responsabilidades sobre esta, com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101, de 04/05/2000); 1.9. prorrogabilidade – apesar do que reza o parágrafo anterior, haverá ocasiões onde o contrato poderá ser prorrogado, visto que a sua continuidade se constituirá como vantagem adicional, através da obtenção de preços e condições mais vantajosas. Todavia, tal condição deverá ser prevista quando da contratação inicial, assim como limitações de tempo em conformidade com o item acima; 1.10. cláusulas exorbitantes – são aquelas que caracterizam a predominância do poder público neste tipo de contrato. Entre elas mencionam-se: 1.1. Modificação e rescisão unilateral dos contratos – em nome do interesse público, há a possibilidade da alteração das quantidades, inicialmente, previstas para o fornecimento, dentro de limites previstos na legislação e mesmo do encerramento do anteriormente contratado por aquele; 1.2. Fiscalização – compete aos representantes do poder público realizar a fiscalização das competências técnica e administrativa dos contratados, bem como do próprio fornecimento de materiais e serviços. Cabe ressaltar que cláusulas, referentes à fiscalização, devem constar do termo de contrato, inclusive quanto à extinção deste; 1.3. Aplicação de sanções – decorrente da atribuição de fiscalização, a aplicação de sanções representa uma forma de coibir a inobservância do acordado, bem como uma forma de educar o fornecedor público a respeito dos aspectos constantes neste acordo; 1.4. Ocupações provisórias de móveis e imóveis – prerrogativa específica do interesse público face à propriedade privada; 1.5. Inaplicabilidade de exceção de contrato não cumprido – ainda que o poder público, por intermédio de seus representantes, não cumpra o que cabe a este no contratado, não há de imediato a extinção deste. Tal condição obrigaria o fornecedor a arcar com todas as suas obrigações independente do fato do poder público cumprir com as suas. Visando coibir o uso abusivo desta prerrogativa, restrições quanto ao fornecimento de materiais e serviços, fazem constar da Lei de Responsabilidade Fiscal. Entre outras características do contrato administrativo destaca-se a possibilidade de ser cobrado do fornecedor, além das exigências formais para a sua qualificação, que este apresente ou deposite uma garantia de até 5% do valor do contrato, sendo aceitos Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 23 caução em dinheiro e títulos da dívida pública, bem como seguro-garantia e fiança bancária. Para a sua efetiva validade, os contratos devem ter seus termos previamente publicados, para amplo conhecimento dos interessados, e, após o seu estabelecimento, os prazos previstos na legislação, de acordo com o tipo de processo em execução. 1.12. DO RECEBIMENTO E ACEITAÇÃO Uma das mais importantes etapas do trabalho do gestor de patrimônio é o recebimento dos materiais em sua organização. Para tanto, uma série de pré-requisitos devem ser observados. O primeiro deles, diz respeito à competência para este recebimento: significa dizer que o gestor de materiais, sozinho ou em equipe, terá plenas condições de julgar a conformidade daquilo que lhe é entregue. Este julgamento tem duas dimensões: o aspecto quantitativo e o qualitativo, ou seja, as quantidades e as características ou especificações do material em recebimento. Além disso, deve ser observada a regularidade desse material, no que se refere aos aspectos fiscais, (documentação emitida pelo fornecedor, nota fiscal ou similar) e à compatibilidade do que é entregue com a documentação que originou o pedido (licitação, empenho, autorização de despesa etc.). A fim de evitar julgamentos diferentes para um mesmo produto, por diferentes recebedores ou por um mesmo, em datas diferentes, faz-se necessário que se estabeleça um procedimento padrão, contendo as formas de inspecionar o material a ser recebido, bem como verificar sobre quais os aspectos este deve ser avaliado (pontos de inspeção no produto). A elaboração de uma relação geral sobre os itens a ser verificada evitaria essa variação avaliativa, bem como o esquecimento de algum ponto a ser avaliado, tem-se mostrado um instrumento adequado. Adicionalmente, justificam-se a elaboração de listas de verificação e a sua adoção formal pelos órgãos públicos, vez que permite que o conhecimento sobre os materiais possa estar disponível para todos na organização, diminuindo a dependência do conhecimento centrado nas pessoas. Assim, quando o titular de uma função sair de férias ou, por algum motivo, não puder exercer suas atribuições, outra pessoa poderá assumi-las, sem maiores perdas de desempenho. Outrossim, a existência de procedimentos escritos servirá de memória técnica da evolução desse conhecimento na organização; ou seja, a contínua revisão e redação de procedimentos permitirão a melhoria desses a cada nova edição, resultando assim em um trabalho mais ágil e eficiente para o gestor de materiais. Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 24 Um dos problemas mais comuns do gestor de patrimônio é a assinatura do canhoto de recebimento, sem a prévia conferência das características do produto que recebe. Agir dessa forma, a princípio significa atestar a condição do material entregue. A justificativa mais comum para tal atitude é que, por vezes, a quantidade de material a receber é bastante grande, não havendo como verificar a totalidade do material entregue. Porém, algumas providências podem e precisam ser tomadas para a minimização de oportunidades de conflitos entre o fornecedor e o recebedor, neste caso, os gestores de patrimônio. Uma das medidas mais simples é o estabelecimento de uma norma instituindo o recebimento provisório de todos os materiais entregues. É claro que tal condição deva ser colocada ao conhecimento dos fornecedores, no respectivo documento, que apresenta a necessidade de fornecimento (edital, autorização de despesa etc.). Assim, o gestor de patrimônio poderá ter algum tempo a mais para a verificação das condições em que um dado material lhe é entregue. Vale ressaltar que, também, deve constar da publicação, anteriormente citada, que a liberação da autorização de pagamento somente será efetuada após a inspeção realizada nesse recebimento provisório. A fim de que o material em recebimento não seja utilizado, indevidamente, enquanto uma parte do lote recebido ainda esteja em verificação, recomenda-se a segregação (separação física) dessa parcela do estoque, em uma área reservada, pois que o consumo de parte do material entregue poderá implicar na aceitação de todo o lote. Igualmente, os materiais que foram recebidos e se verificados que não estão em condições de uso, também devem ser segregados e convenientemente sinalizados para que não ocorra o seu consumo indevidamente ou, que sejam posteriormente agregados a um outro lote que já tenha sido aprovado para o consumo, resultando daí em trabalho extra para o gestor de patrimônio e sua equipe. Vale afirmar que, quando aplicável, pois nem todos os materiais podem passar por recepção provisória, é sempre favorável ao patrimônio a recepção, após a qual, será considerado como recebido, em definitivo, o material entregue. O local de entrega dos materiais, em regra geral, deve ser o almoxarifado da unidade.Todavia, nem sempre será possível fazer o depósito dos mesmos, no referido espaço. Neste caso, o gestor de patrimônio deve dirigir-se até o local (canteiro de obras, unidade agrícola etc.) para onde o material foi encaminhado e, somente, após a sua autorização, é que este deve ser liberado para uso. O recebimento dos materiais poderá ser feito pelo almoxarife ou gestor de patrimônio, isoladamente, ou com o auxílio de outros profissionais, de reconhecida competência técnica ou domínio do conhecimento, sobre as características dos materiais, formando assim uma comissão de recebimento. Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 25 Ressalta-se, então, que não há nenhum desmerecimento em buscar auxílio de outros profissionais. Afinal, é praticamente impossível que uma única pessoa detenha conhecimentos sobre a totalidade de materiais, que podem ser entregues em um patrimônio. Pelo contrário, será sinal de maturidade e consciência profissional, reconhecer a importância desse auxílio, quando necessário. Deve-se, também, lembrar que existem outras formas de recebimento de materiais no patrimônio além das compras regulares, tais como: por cessão, doação, permuta, transferências, produção interna e, ainda, pelo pagamento de dívidas para com o Estado. Em cada uma dessas situações existirão os documentos pertinentes que deverão ser, devidamente, verificados para a carga do patrimônio e a devida atualização de seu valor (termo de cessão ou doação, declaração de permuta, guia de remessa ou nota de transferência e guia de produção, conforme o caso). 1.13. DA ARMAZENAGEM A armazenagem é demasiadamente importante para a disponibilidade dos materiais, em atendimento às demandas. É, através dela, que se busca manter a integridade das características dos materiais. Para tanto, se faz necessário que os locais reservados para esta função – os almoxarifados – tenham as condições necessárias, ou seja, se possível, tenham sido edificados para tal propósito ou adequadamente adaptados. Caso contrário, a tarefa de conservar as características dos materiais poderá ser prejudicada colocando-os em risco para a finalidade a que se destinam. Junto à função de armazenar os materiais em um almoxarifado, também cabe ao gestor tomar todos os cuidados requeridos para a preservação do patrimônio. Deste modo, todas as unidades deverão contar com programas de manutenção e conservação. A realização contínua dessas atividades contribuirá para que o patrimônio público seja transferido, em boas condições, às gerações futuras. Para que tal expectativa seja alcançada, é necessário que o material possa ser, prontamente, localizado no almoxarifado; isto é, possa ser identificado dentre os demais, em pouco tempo, o que implica a adequada organização dos espaços destinados para este fim. Os cuidados na armazenagem, que se iniciam com a perfeita localização dos materiais, devem-se estender aos aspectos de segurança que, no trato com os materiais, assume dois caminhos. 1.1. O primeiro diz respeito à própria segurança das pessoas, que trabalham no almoxarifado, nas atividades de movimentação de materiais, devendo para isso serem observadas regras como: materiais pesados devem ser armazenados no piso ou nas prateleiras inferiores, visando reduzir a possibilidade de quedas destes, quando da sua movimentação; materiais de maior volume serem estocados próximo à entrada do almoxarifado, para facilitar a sua retirada; a compatibilidade entre materiais (por exemplo, não estocar inflamáveis junto a combustíveis); os cuidados necessários para o Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 26 trato de materiais tóxicos ou venenosos (por exemplo, o uso de equipamentos de proteção – luvas, máscaras, botas etc.); existência de material de socorro e um plano de ação na ocorrência de acidentes, além de haver pessoal habilitado na equipe para atuar em caso de emergência,;existência de uma listagem de substâncias químicas armazenadas, contendo sua descrição (composição) e forma de atuação em caso de vazamento ou contato acidental; entre outras medidas de segurança para o próprio gestor, de sua equipe e de pessoas que, esporadicamente, possam visitar a unidade. 1.2. O segundo aspecto refere-se à segurança das pessoas, que usarão o material, após a sua armazenagem. Se o produto for deteriorado, durante uma armazenagem inadequada, poderá ocorrer um acidente, quando de seu uso. Por exemplo: imaginem o que poderá acontecer com um policial que utilizar munição indevidamente armazenada. Do mesmo modo e que acontecerá com escolares, que recebam merenda deteriorada? Diante destas indagações, pode-se afirmar como se torna fundamental a observância destes dois aspectos, por parte da equipe de armazenagem. O gestor de materiais poderá ser responsabilizado pelos danos que possam vir a ocorrer por falta de adequada conservação dos materiais. Poderá responder pela perda dos materiais em si e pelos danos decorrentes de seu uso em condições deterioradas, o que pode ensejar complicações de maior gravidade. Assim, é dever do gestor de patrimônio exigir condições adequadas para a execução das atribuições que lhe competem. Sintetizando podemos dizer que as atividades do gestor de patrimônio e materiais referentes a armazenagem são: Atividades de Armazenagem • Recebimento do material • Descarregamento, inspeção e separação • Movimentação • Segurança • Picking • Consolidação/quebra/mistura de cargas • Paletização • Expedição • Resolução de problemas de documentação • Carregamento • Em alguns casos: – Embalagem – Montagem de kits – Controle de temperatura e umidade. Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 27 1.14. SANEAMENTO DE MATERIAL Ainda é comum nos almoxarifados, das organizações públicas, a presença de materiais sem serventia, que foram adquiridos há muito tempo atrás e que, por algum motivo, não foram consumidos. Estão lá e representam capital público empatado e que, de certa forma, desvaloriza-se dia após dia. Entre as prováveis explicações que se podem buscar, para tal descontrole, estão o superdimensionamento de compras e a falta de controle físico do material em estoque. Quanto ao problema das compras superdimensionadas pode-se apontar, como causa fundamental, a falta de planejamento na aquisição de origem diversa. Por outro lado, o controle da presença física de materiais na organização, que também contribui para o planejamento, não sendo regularmente realizado, também contribui para o agravamento da situação acima descrita. São atividades que devem ser executadas em conjunto. No controle de estoques, uma das falhas mais freqüentes é o fato de os gestores de patrimônio, comumente, entenderem que almoxarifado é sinônimo de estoque. Assim, acreditam, que a simples verificação dos saldos de materiais, nos almoxarifados, representam os estoques destes na empresa. Neste aspecto, reside uma das principais origens para o superdimensionamento de estoques. Almoxarifado é o local reservado para a guarda e a conservação de materiais, ou seja, um local que, em princípio, foi estruturado para assegurar o atendimento dessas funções. Estoque, por sua vez, é toda e qualquer presença de materiais na empresa. Deve- se, inclusive, considerar como estoque os materiais em trânsito, sejam aqueles, que estão em processo de recebimento, bem como, os que foram distribuídos para os vários setores da empresa e, ainda, não foram consumidos. Exemplificando-se: como o gestor de patrimônio, em um hotel, deve apresentar seu relatório de inventário de materiais ao gerente? Devem-se considerar apenas os materiais no almoxarifado central?ou deverá acrescentar a estes, toda a presença de materiais similares distribuídos nos quartos, cozinhas, bares e demais dependências do hotel? Imagine, então, que alguém deseje levantar as quantidades de bebidas, sendo que seus estoques estejam distribuídos pelo almoxarifado central, pelos bares e restaurantes, nos frigobares dos quartos, nas copas e também nos carrinhos para reabastecimento do quarto. Em quantos locais encontrará “latas” ou “garrafas” de bebidas a contar? As quantidades encontradas, em cada um desses locais, representam, em conjunto, o estoque de bebidas desse hotel. Se limitasse a verificar apenas as quantidades no almoxarifado, estaria cometendo um erro muito grande. E pior, estaria fornecendo informações erradas a pessoas, que precisariam de informações confiáveis para a boa execução de seu trabalho. Imaginem o prejuízo que o hotel teria caso adquirisse uma quantidade de bebidas, pensando que dispusesse, apenas, de uma parte menor do que em realidade a tem. De igual forma deve-se pensar o que ocorre com as organizações Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 28 públicas. Esta é uma das funções do gestor de patrimônio público: minimizar os desperdícios de recursos, através da aquisição indevida de materiais. A atividade de otimizar as quantidades em estoque, verificando-as no seu respectivo estado ou condição de uso, chama-se saneamento de material. Visa também, à liberação de áreas nos almoxarifados e dos materiais considerados inativos, cujo estoque na organização for muito superior às necessidades de consumo, ou seja, o seu giro é muito baixo, incorrendo ao risco de que o mesmo perca a sua validade, se deteriore ou se torne obsoleto, porque não haverá consumo suficiente para as quantidades estocadas. Ressalta-se que o gestor de materiais deverá executar, rotineiramente, a atividade de classificar em ativos ou inativos os materiais em estoque. Esta atividade é de fundamental importância, para o correto planejamento das futuras aquisições. 1.15. CUIDADOS ESPECIAIS O gestor de patrimônio tem como função primeira manter a integridade do patrimônio público, ou seja, preservá-lo. Para tanto deverá realizar ações, visando à conservação das características dos materiais, equipamentos e imóveis sob os seus cuidados, estruturar programas de conservação de cada um desses bens, observadas as particularidades individuais e, também, fornecer subsídios para a tomada de decisão a respeito da recuperação dos mesmos, quando a sua funcionalidade puder ser restaurada. Tal decisão deve ser orientada, em princípio, pela viabilidade econômica da recuperação. Serão considerados bens antieconômicos, quando o custo de sua recuperação superar 50% de seu valor, depois de recuperado. Entretanto, existem bens, cujos custos sobre sua perda podem trazer prejuízos ao patrimônio público, superiores àqueles de sua recuperação, por maiores que sejam. É o caso, por exemplo, de bens de valor histórico. A responsabilidade do gestor de patrimônio sobre os bens a seus cuidados enseja três níveis de obrigações, por danos causados a estes: 1.1. o primeiro é a reposição do bem e da funcionalidade que este representa, ou seja, o atendimento da demanda social, a que o bem se destina, deve ser mantida sem prejuízo à população; 1.2. o segundo é a recuperação do bem para assegurar o atendimento da demanda; 1.3. o terceiro diz respeito à indenização ou ao ressarcimento do valor que o bem representa no patrimônio público. Deve-se ressaltar que a legislação estabelece essa ordem para as responsabilidades do gestor, em relação ao patrimônio que estiver a seu encargo. Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 29 1.16. CONTROLE E RENOVAÇÃO DE ESTOQUES Após o devido registro do bem no patrimônio, com a respectiva atualização de seu valor, cabe ao gestor o contínuo acompanhamento desse material, bem como o de seus similares, verificando todos os eventos relativos a estes (entradas e saídas), isoladamente ou em conjunto, enquanto pertencentes à organização. Esse controle é fundamental para que não ocorram excessos ou falta de materiais de qualquer natureza. A otimização da relação, entre a disponibilidade dos materiais e o custo desta, também é obtida por esse controle. A compra ou renovação de estoques, igualmente, deve ser orientada por seu controle. Existem dois métodos básicos de acompanhamento e controle de estoques, segundo os quais o gestor realizará avaliações das quantidades disponíveis: 1.1. O método periódico que consiste na avaliação do estoque em intervalos regulares de tempo (semanal, mensal, semestral ou outra freqüência apropriada para as características do material), independente das movimentações realizadas no período. Este método tem como vantagem o fato de concentrar a atividade de avaliação do estoque em datas únicas, servindo para o planejamento das datas e da duração dessa avaliação, bem como para o estabelecimento dos recursos necessários para tanto (pessoas e meios). Todavia, em função da quantidade de itens a serem avaliados (variedade ou diversidade), este método pode representar concentração significativa de esforços. Tal situação é muito comum, na realização de inventários anuais, quando não houver a atualização dos saldos e valores do estoque. Apresenta ainda a desvantagem de dar margem a uma maior probabilidade de falta de materiais, vez que estes serão verificados apenas em datas fixas. Isto pode sinalizar um grande risco de paralisação das atividades da organização, em função da importância do material para os processos produtivos desta. A seguir, um demonstrativo para melhor ilustração: Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 30 MÉTODO DE CONTROLE PERIÓDICO: Representação Gráfica: Quantidade em estoque Tempo t1 t2 t3 ( F ) Intervalo entre levantamento dos estoques (t1 = t2 = t3 = ... = tn). Os inventários são feitos em intervalos de tempo regulares (constantes), o que pode resultar em faltas ( F ) como no intervalo 3. 1.2. O método de controle por níveis de estoques, em que o gestor utiliza, como elemento de tomada de decisão, quantidades, que lhe servirão como referências, independente de quanto tempo levem para ser atingidas. A utilização deste método implica na dispersão de esforços desse controle ao longo do período, podendo resultar num elevado número de aquisições e custo de compras pela colocação de sucessivos pedidos, o que não ocorre quando do controle por períodos fixos. A seguir, um demonstrativo para melhor ilustração: MÉTODO DE CONTROLE POR NÍVEIS DE ESTOQUE: Representação Gráfica: Quantidade em estoque ( f ) ( c ) ( b ) ( a ) ( d ) ( e ) Gestão de Almoxarifado e Patrimônio 31 Legenda: (a) – Estoque mínimo ou de segurança. (b) – Ponto de pedido. (c) – Estoque máximo. (d) – Tempo de reposição ou de ressuprimento. (e) – Intervalo entre reposições consecutivas. (f) – Lote de compras ou de encomenda. Conclui-se, então, que existem vantagens relativas
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