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IBET_Módulo_IV_Seminário_V

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IBET – INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS
Módulo: Controle da Incidência Tributária
Seminário V: Tributação Internacional
Aluna: Muryelle Reguengo Leite e Silva
1. 	Construa a RMIT dos Impostos de Importação e de Exportação. Qual o conceito de produto para fins de incidência destes tributos?
R: RMIT do Imposto de Importação.
Antecedente:
· Critério material: importar produto estrangeiro.
· Critério espacial: no território nacional, nas repartições aduaneiras. 
· Critério temporal: na entrada em território nacional, no momento do registro de declaração de importação.
Consequente:
· Critério pessoal: sujeito ativo: União; sujeito passivo: importador de produto estrangeiro ou pessoa a ele equiparada por lei. 
· Critério quantitativo: base de cálculo: quando a alíquota for ad valorem, a base de cálculo é o valor aduaneiro do produto, quando a alíquota for específica, é a quantidade de mercadoria, expressa na unidade de medida indicada; alíquota: estabelecida pela natureza do produto, com base na Tarifa Externa Comum - TEC.
RMIT do Imposto de Exportação: 
Antecedente:
· Critério material: exportar produto nacional ou nacionalizado para o estrangeiro. 
· Critério espacial: nas fronteiras do território nacional. 
· Critério temporal: na saída do território nacional, no momento da expedição da Guia de Exportação ou documento equivalente. 
Consequente:
· Critério pessoal: sujeito ativo: União; sujeito passivo: exportador de produto nacional ou nacionalizado ou pessoa a ele equiparada por lei. 
· Critério quantitativo: base de cálculo: quando a alíquota for ad valorem, a base de cálculo é o preço normal do produto, ou seu similar, ao tempo da exportação, quando a alíquota for específica, é a quantidade de mercadoria, expressa na unidade de medida indicada; alíquota: estabelecida pela natureza do produto, com base na NCM. 
O conceito de produto engloba tanto mercadorias (possuem finalidade comercial) como outros bens (destinados ao uso ou consumo pelo importador).
Enquanto o art. 153, I da CF e o art. 19 do CTN mencionam produtos, o art. 1º do DL 37/66 utiliza a terminologia mercadoria ao citar o objeto da importação. 
Mercadoria é conceito mais restrito do que produto, uma vez alude apenas aos objetos destinados ao comércio. Por sua vez, produto é todo bem material resultado de um processo produtivo.
O DL 37/66 não teve o efeito de modificar o fato gerador do imposto, porquanto não poderia alterar o estabelecido constitucionalmente para determinar o fato gerador. Portanto, mesmo os produtos estrangeiros que não sejam objeto de mercancia são suficientes para identificar o critério material do fato gerador.  
Nas palavras de Misabel Derzi:
A Constituição de 1988 (art. 153) e o art. 19 do CTN utilizam-se da expressão produto, mais ampla do que mercadoria, enquanto o Decreto-lei nº 37/1966, no art. 1º, emprega o termo mercadoria. Mas a doutrina não vê nisso, com razão, qualquer limitação da lei ordinária de caráter isencional ou não exercício pleno de sua competência. (...) Na importação não é relevante que haja negócio jurídico ou transferência de propriedade. Basta considerar que os bens e objetos de uso pessoal do importador (bagagem) podem se sujeitar a imposto” (DERZI, 2015, p. 282-283)
			No mesmo sentido esse conceito de produtos (mais amplo) também se aplica ao imposto de exportação. 
2. A empresa “X” firmou contrato de fornecimento, formalizando a aquisição de bem do exterior, datado de 10/05/2017. Os produtos transpuseram a fronteira brasileira, por via marítima em 15/06/2017, chegaram ao porto de Santos em 18/06/2017, em 25/06/2017 a empresa registrou a operação junto ao SISCOMEX e os produtos foram desembaraçados em 02/07/2017. No momento da realização do contrato a alíquota do referido imposto era de 10%. No entanto, em 01/06/2017 o Governo Federal publicou decreto que aumentou a alíquota aplicável à importação do referido bem para 20%, em 16/06/2017 houve outro aumento de alíquota para 30%, em 22/06/2017 para 35% e em 01/07/2017 para 38%. Pergunta-se: qual é a alíquota aplicável à operação de importação em análise? Fundamente. (Vide anexo I e II)
R:
3. 	A reimportação de mercadoria exportada em caráter definitivo se equipara à importação, ou seja, a mercadoria exportada perde a condição de nacional, devendo se submeter ao Imposto de Importação ao ser reimportada? (Vide anexo III)
	R: A legislação brasileira deixa uma lacuna no que se refere ao tema reimportação, uma vez que o prevê apenas quando há mercadorias exportadas para o exterior em caráter temporário (mercadorias enviadas para conserto, reparação, entre outras). Nesta hipótese é admitido o reingresso dos bens ao território brasileiro mediante a apresentação de Declaração Simplificada de Importação (art. 92 do Decreto-lei 37/66, e inciso V do art. 3º da IN-SRF 611/06).
Cabe destacar que até 1988 havia dispositivo (art. 93 do Decreto-lei n. 37/66) que previa claramente a incidência do imposto de importação sobre a mercadoria nacional ou nacionalizada quando importada. Logo, esta era equiparada à mercadoria estrangeira. Todavia, com a publicação do Decreto-lei 2.472/88, tal norma passou a indicar somente a possibilidade de instituição de outros regimes aduaneiros especiais.
Já houve posicionamento do CARF (Ministério da Fazenda), mantido na Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), indicando que a mercadoria reimportada necessitava ser nacionalizada, pois perdera este atributo ao ser exportada (Acórdão CSRF 03-02.692, de 20/2/2006). No mesmo sentido há posicionamento das autoridades fazendárias federais tendendo a exigir os tributos devidos na reimportação de mercadoria, quando originalmente exportada em caráter definitivo.
Porém, conforme demonstrado no Anexo III, o Superior Tribunal de Justiça vem firmando entendimento sobre a referida questão, com base em precedentes do Supremo Tribunal Federal, deixando claro que reimportação de mercadoria anteriormente exportada a título definitivo não se confunde com a importação de mercadoria estrangeira. Na reimportação a mercadoria é nacional, não é estrangeira, de modo que não pode se submeter ao imposto de importação.
Frise-se o trecho: 
No caso em exame não há qualquer previsão legal para a apresentação de guia de importação, nas hipóteses de reimportação e, assim sendo, é incabível a sua exigência com base na legislação atinente à importação, porquanto configura ofensa ao princípio da legalidade (RESP n. 662.882/RJ).
Desta forma, é possível discutir judicialmente não só o direito de reimportar a mercadoria nacional exportada definitivamente, como também a própria incidência do imposto de importação e dos demais tributos.
Importa ressaltar que, havendo interesse na reimportação e presentes os seus pressupostos, o titular da mercadoria no Brasil deverá se municiar, dentre outros documentos, de toda a documentação comprobatória do embarque original da mercadoria, que deverá coincidir com a mercadoria a ser reimportada.
4. Sobre os tratados, responda:
a) Defina o conceito de “tratado internacional”, descrevendo como se dá seu ingresso no ordenamento jurídico, seu momento de vigência no direito interno e sua posição hierárquica no sistema jurídico (vide §2º do art. 5º da Constituição e o art. 98 do Código Tributário Nacional e o entendimento exposto pelo STF anexo IV). 
R: O tratado internacional é definido na Convenção de Viena como:
um acordo internacional concluído entre Estados em forma escrita e regulado pelo Direito Internacional consubstanciado em um único instrumento ou em dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja a sua designação especifica. 
Nas palavras de José Francisco Rezek, "Tratado é o acordo formal, concluído entre sujeitos de direito internacional público, e destinado a produzir efeitos jurídicos". 
Assim, tratado internacional é o acordo ou convenção, formal e escrito, realizado entre dois ou mais Estados soberanos e/ou organizações internacionais, que tem como objetivo produzir efeitos jurídicos de direito internacional. 
Nos termos das normasconstitucionais, os tratados internacionais ingressam no ordenamento jurídico brasileiro a partir de um procedimento que envolve a participação do Congresso Nacional, por meio de decreto legislativo e do Presidente da República, que tem a competência para celebrar tratados internacionais e promulgá-los por meio do decreto (artigos 5º, § 2º, 21, I, 49, I, 59, VI e 84, VII, da CRFB/88).
Conforme o artigo 98 do CTN: “os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha”, o que demonstra que os tratados têm superioridade hierarquica em relação as leis internas. Em contrapartida, estão em posição hierárquica inferior à Constituição Federal, exceto os tratados internacionais sobre direitos humanos aprovados na forma do art. 5°, §3°, da CF/88, que têm status de emenda constitucional. Portanto, como norma fundamental no ordenamento jurídico brasileiro, a Constituição tem supremacia sobre os tratados internacionais internalizados no país. 
A fim de produzir efeitos no Estado brasileiro, os tratados devem seguir um procedimento específico para consecução da vigência interna, qual seja:
· Negociação e assinatura do tratado pela pessoa competente - Presidente da República (art. 84, VIII, CF) - caso o presidente decida mandar um representante faz- se necessária à expedição de uma carta de plenos poderes;
· Homologação pelo Poder Legislativo mediante decreto legislativo;
· Ratificação pelo Chefe do Executivo, determinada pela troca ou depósito dos seus instrumentos constitutivos; 
· Promulgação por meio da expedição de decreto presidencial;  
· Publicação oficial do inteiro teor do texto internacional acordado. 
b) Pode a União, visando a regular a política tarifária, versar sobre a isenção de tributo de competência estadual? 
R: No que tange à política tarifária e as isenções de tributos estaduais, cabe destacar que a CRFB/88 indica os casos em que a União poderá conceder benefícios fiscais, daí seriam as imunidades atribuídas à exportação.
Com relação à isenção de tributos incidentes às relações exteriores, importa ressaltar que a União pode exercer essa competência, uma vez que irá atuar no âmbito dos tributos estaduais, como nos casos dos art. 155, §2º, XII, “e”, e art. 156, §3º, inciso II, ambos da CRFB/88, que admitem, respectivamente, isenção do ICMS na exportação e do ISS na prestação de serviços ao exterior, somente por meio de Lei complementar.
Portanto, não há usurpação de competência tributária, até porque se trata de comércio exterior, cuja competência legislativa é privativa da União (art. 22, inciso VIII da CRFB/88): “Compete privativamente à União legislar sobre: VIII - comércio exterior e interestadual”.
Desta forma, tais isenções aplicáveis aos tributos estaduais e municipais abordam benefícios concernentes às exportações e que demandam tratativas políticas que ampliam as relações do comércio exterior, não ferindo os mencionados princípios, desde que atuem dentro das disposições já estabelecidas na Constituição.
c) Os tratados podem revogar ou suspender a eficácia das normas tributárias inseridas no ordenamento jurídico brasileiro pelos Estados e Municípios? Haveria violação ao princípio federativo e ao princípio da autonomia dos Municípios consagrados na CF/88? (Vide anexos V e VI) 
R: Acerca da possibilidade do Tratado Internacional revogar ou suspender a eficácia das normas tributárias inseridas no ordenamento jurídico brasileiro pelos Estados e Municípios, é relevante expor que os tratados internacionais são normas recepcionadas no ordenamento interno a partir de uma decisão constitucional ou legal. Assim, sua eficácia passa a integrar nosso ordenamento com força de lei ordinária, podendo suspender a norma interna que lhe for incompatível.
O já mencionado art. 98 do CTN que prevê expressamente a possibilidade de que os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna. Doutrinadores como Luciano Amaro e José Carlos Faleiro aduzem que este dispositivo é a consagração categórica do princípio da supremacia do direito internacional convencional sobre o direito interno:
[footnoteRef:1]A eficácia dos tratados e sua inserção no ordenamento jurídico nacional é questão de natureza constitucional. Não é com preceito infraconstitucional que se haverá de resolver se o tratado pode ou não modificar a lei interna, ou se esta poderá ou não alterá-lo. Assim sendo, não cabia ao Código Tributário Nacional nem negar nem afirmar (como parece ter pretendido o art. 98) o primado dos tratados (AMARO. 2012, p-47). [1: ] 
 
O CTN é norma anterior a Constituição e não possui a competência para limitar ou ampliar o alcance dos acordos internacionais, pois somente a Constituição pode fazê-lo. Logo, para revogar ou suspender a eficácia de normas tributárias, Paulo de Barros aduz que não são os próprios tratados que revogam ou modificam, mas sim os decretos legislativos que aceitam a norma externa e ratificam seu conteúdo ao incorporar a norma em nosso sistema tributário.
d) No que consiste o “uso impróprio” dos tratados? É necessária previsão expressa de cláusulas antielisivas específicas? Um planejamento tributário internacional que está formal e substancialmente em conformidade com as legislações tributárias dos Estados envolvidos, mas que implique uma situação de (dupla) não tributação, pode ser juridicamente proibido? Fundamente, estabelecendo uma análise crítica entre os conceitos de “responsabilidade social corporativa”, “parcela justa de tributos” e “livre concorrência entre empresas multinacionais e nacionais” (vide artigo 31 da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados e anexo VII)
R: No que se refere ao “uso impróprio” dos tratados e a necessária previsão expressa de cláusulas antielisivas específicas em um planejamento tributário internacional que está formal e substancialmente em conformidade com as legislações tributárias dos Estados envolvidos, mas que implique uma situação de (dupla) não tributação, há que se estabelecer uma análise crítica entre os conceitos de “responsabilidade social corporativa”, “parcela justa de tributos” e “livre concorrência entre empresas multinacionais e nacionais”, nos termos do artigo 31 da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados.
O uso inadequado dos tratados versa em utilizá-lo para obter vantagens, sem que esteja em posição de pessoa legitimada. 
Como indica Elidie Palma Bifano: 
O uso, por terceiros, das condições de um acordo firmado por pessoas que não estão por ele protegidas recebe, tradicionalmente, a designação de treaty shopping. Que significa o abuso da formalidade do tratado, o desvio da finalidade a que se destina (BIFANO. 2014, P. 267).
[footnoteRef:2]As cláusulas antielisivas tem como objetivo criar obstáculos inibidores do abuso ao tratado internacional e resguardar a boa-fé nas relações contratuais, mas a existência de regra geral antielisão ou antiabuso, na lei local, não implica na desnecessidade de inserir cláusula dessa natureza no Tratado. [2: ] 
No caso de planejamento tributário internacional, em conformidade com as legislações tributárias dos Estados envolvidos, mas que implique uma situação de dupla tributação, há que ser questionado, pois não há obrigação dos Estados garantirem os benefícios convencionais se ficar provado que houve intenção de burlar o Tratado, mas haverá certa limitação nos benefícios. Para Bifano apud Luis Eduardo Schoueri:
Dá-se o Treaty Shopping quando, com a finalidade de obter benefícios de um acordo de bitributação, um contribuinte que, de início não estaria incluído entre os seus beneficiários, estrutura seus negócios, interpondo entre si e a fonte do rendimento, uma pessoa ou um estabelecimento permanente, que faz jus àqueles benefícios (BIFANO. 2014, P. 270).
 
Portanto, o planejamento que gera bitributação, não pode ser juridicamente proibido, uma vez que é durante as tratativas de negociação dos tratados que ocorre a previsão de regras preventivas do uso impróprio do mesmo.Por sua vez, os casos de bitributação internacional envolvem negociações bilaterais, de modo que os envolvidos devem transigir amigavelmente para evitar que os bens sejam tributados duas ou mais vezes, a fim de solucionar eventuais divergências. 
Por fim, além do que dispõe o tratado internacional, as partes deverão notar que um negócio jurídico de âmbito internacional terá de ser firmado na boa-fé, cuja responsabilidade social corporativa ajudará no alcance dos objetivos e da finalidade do referido tratado, atentando–se para a tributação justa, ampliando a livre concorrência entre empresas multinacionais e nacionais, de modo que as partes possam interpretar as disposições dos acordos e regras de modo mais amplo, considerando sempre as intenções iniciais firmadas no acordo.
5. A Lei Complementar nº 104/2001 acrescentou um parágrafo segundo ao artigo 43 do CTN, dispondo “que na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto...”. Indaga-se: o regime de tributação em bases universais abrangendo as controladas e coligadas no exterior nos moldes em que prescrito pela Lei 12.973/2014 está de acordo com o ordenamento jurídico? Considerar em sua resposta a manifestação do STF a respeito do tema. (Vide anexos VIII e IX)
R: Não está de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que a equiparação do critério material para a incidência do imposto relativo às sucursais e filiais com o critério material das coligadas e controladas no exterior afronta diretamente o ordenamento jurídico.
Em relação às filiais e sucursais, domiciliadas no exterior, por se tratarem de uma mesma pessoa jurídica (ficção jurídica) em relação à matriz brasileira, a legislação estabelecia que havia a disponibilidade da renda (ocorrência do critério material) na data do balanço em que o lucro foi apurado no exterior. Nesse contexto não haveria a necessidade de entrega física. 
Em relação às controladas e coligadas, a crítica na adoção dessa sistemática para a caracterização da disponibilização da renda reside justamente no fato de que, ao contrário das filiais e sucursais, tais empresas são absolutamente distintas da empresa brasileira e, estabelecer como disponibilização da renda a data do balanço em que o lucro foi apurado no exterior seria criar uma hipótese legal de critério material que não se realizou.
Portanto, neste caso só haveria que se falar em disponibilidade de renda quando essas coligadas ou controladas no exterior efetivamente dispusessem seus lucros para essas empresas brasileiras, pois somente a partir desta data é que seria possível considera-las em seu balanço.
6. 	Que significa a expressão “preços de transferência” e qual sua função? O que é o princípio “arm’s lenght” aplicado pelo fisco no Brasil? Foi positivado no Brasil pela Lei n. 9.430/96 e alterações posteriores? Comente sobre a possibilidade de aplicação coercitiva deste conceito. (Vide anexo X).
R: A expressão preço de transferência significa a determinação do preço pelo qual uma empresa transfere bens ou fornece serviços às empresas a ela vinculadas que se situem em locais com outras jurisdições tributárias ou em paraísos fiscais. É o acréscimo para mais ou para menos do preço normal de mercado, de mercadorias que a matriz exporte para a filial, ou que esta última envie para aquela. 
A função do preço de transferência é controlar as operações comerciais e financeiras realizadas entre partes relacionadas, sediadas em jurisdições tributárias diversas. Os artigos 18 a 24 da Lei n° 9.430/96 disciplinam preço de transferência na legislação nacional.
Por sua vez, o princípio arm’s lenght consiste no tratamento das empresas vinculadas como se não fossem vinculadas. Busca-se atingir o valor da operação praticada entre pessoas relacionadas como se estivessem negociando em condições de livre comércio. 
A legislação brasileira não trata expressamente do princípio arm's length, porém entende-se que ele está incluído de forma implícita. É considerado pela doutrina majoritária como válido para orientar as normas de transfer pricing. As normas previstas na Lei nº 9.430/96 validaram esta afirmação e, portanto, é possível sua aplicação coercitiva mediante a mera consecução dos métodos de controle descritos na legislação.
7. Sobre troca de informações fiscais, baseada em tratados internacionais, pergunta-se: 
a) Que meios estão legalmente disponíveis para a obtenção de informações fiscais? Quais proteções aos contribuintes estabelecidas pelo art. 26 da convenção-modelo da OCDE[footnoteRef:3]? É possível haver a transferência de informações recebidas por um determinado país para um terceiro país, com quem o Estado receptor da informação tenha celebrado acordo de troca automática de informações para fins fiscais? [3: . Considerar que o Brasil assinou a convenção multilateral para assistência administrativa mútua para fins fiscais 
Conferir: http://www.oecd.org/ctp/exchange-of-tax-information/convention-on-mutual-administrative-assistance-in-tax-matters.htm] 
	R: A troca internacional de informações em matéria tributária compõe um dos núcleos fundamentas para a identificação de práticas evasivas e elisivas, ou elusivas nos tempos atuais em que as economias são interpenetradas e interdependentes e, cujos empreendimentos importantes são ou têm operações transnacionais.
	O art. 199 do CTN indica que é necessário que haja um tratado internacional para que ocorra a permuta de informações. Nas lições de Jurandi Borges Pinheiro (2001; P. 40-50), a adoção dos tratados tributários decorre do fenômeno nomeado como corrosão da soberania fiscal, por meio do qual os Estados cedem parte de seu poder soberano e absoluto de produzir normas jurídicas válidas no âmbito interno, para introduzir em seus sistemas jurídicos normas provenientes de fontes internacionais.
		Há diversos tratados que possibilitam essa ocorrência: tratados para evitar a dupla tributação (DTA), que contenham cláusula de troca de informação, tratados de trocas de informações em matéria tributária (TIEA), tratados de cooperação aduaneira, e mesmo outros tratados que possam envolver matéria tributária.
		O art. 26 da convenção modelo da OCDE (também adotado pela ONU), traz o seguinte teor a respeito das proteções aos contribuintes (trechos grifados): 
1. As autoridades competentes dos Estados contratantes trocarão entre si a informação presumivelmente relevante para aplicar as disposições da Convenção ou para administrar ou por em vigor as leis internas dos Estados contratantes, das suas subdivisões políticas ou autarquias locais, na medida em que a tributação nelas prevista não seja contrária à Convenção. A troca de informações não é restringida pelo disposto nos Artigos 1.º e 2.º. 2. Qualquer informação recebida, nos termos do parágrafo 1.º, por um Estado contratante, será considerada secreta do mesmo modo que a informação obtida com base na legislação interna desse Estado e só poderá ser comunicada às pessoas ou autoridades (incluindo tribunais e autoridades administrativas) encarregadas da liquidação ou cobrança impostos referidos no primeiro período, ou dos procedimentos declarativos ou executivos relativos a estes impostos, ou da decisão de recursos referentes a estes impostos. Essas pessoas ou autoridades utilizarão as informações assim obtidas apenas para os fins referidos. Essas informações podem ser reveladas em audiências públicas de tribunais ou em decisões judiciais. 3. O disposto no número 1 e 2 não poderá ser interpretado no sentido de impor a um Estado contratante a obrigação de: a) tomar medidas administrativas contrárias à sua legislação, e à sua prática administrativa ou às do outro Estado contratante; b) fornecer informações que não possam ser obtidas com base na sua própria legislação ou no âmbito da sua prática administrativa normal ou nas do outro Estado contratante; c) transmitir informações reveladoras de segredos ou processos comerciais, industriais ou profissionais,ou informações cuja comunicação seja contrária à ordem pública. 4. Se, em conformidade com o disposto neste Artigo, forem solicitadas informações por um Estado contratante, o outro Estado Contratante utiliza os poderes de que dispõe a fim de obter as informações solicitadas, mesmo que esse outro Estado não necessite de tais informações para os seus próprios fins fiscais. A obrigação constante da frase anterior está sujeita às limitações previstas no número 3, mas tais limitações não devem, em caso algum, ser interpretadas no sentido de permitir que um Estado Contratante se recuse a prestar tais informações pelo simples fato de estas não se revestirem de interesse para si, no respectivo âmbito interno. 5. O disposto no número 3 não pode em caso algum ser interpretado no sentido de permitir que um Estado contratante se recuse a prestar informações apenas porque estas são detidas por uma instituição bancária, um outro estabelecimento financeiro, um mandatário ou por uma pessoa agindo na qualidade de agente ou fiduciário, ou porque essas informações são conexas com os direitos de propriedade de uma pessoa.
		Nestes termos, a cooperação entre as administrações fiscais tem como condição a confidencialidade dos dados envolvidos. Por conseguinte, a troca de informações apenas ocorre quando o Estado requerente se compromete a tratar as informações recebidas como sigilosas, do mesmo modo que se tivessem sido obtidos em conformidade com as leis internas do Estado requerido. Tais dados podem, em contrapartida, ser reveladas à pessoas e autoridades envolvidas na autuação, arrecadação, aplicação ou investigação tributária.
		Além disso, existem restrições à obrigação de um Estado de dar seguimento a requisições de informações efetuadas por outros Estados. Conforme disposto no parágrafo 3º do artigo 26 do Modelo de Convenção da OCDE, um Estado não precisa ir além do permitido pela sua legislação interna ou pela sua prática administrativa para obter e, consequentemente, fornecer informações a outro Estado; pode recusar-se a fornecer informações quando vedada sua obtenção pelo Estado requerente, em razão de dispositivo legal ou da prática administrativa daquele Estado; e pode não fornecer informações que impliquem na divulgação de segredos comerciais, negociais ou industriais, bem como de informações que sejam contrárias ao interesse público
		A partir de 2005, foram inseridos os parágrafos 4º e 5º à Convenção Modelo da OCDE. O primeiro (§ 4º) teve como desígnio observar que a obrigação de trocar informações é aplicável ainda que o Estado requerido não precise dos referidos dados para fins de sua própria tributação. De tal modo, com base nesta norma, os Estados podem utilizar seus mecanismos internos de coleta de dados apenas para obter e fornecer informações para os demais Estados. O §5º garante que as restrições contidas no parágrafo 3º não impeçam a troca de informações detidas por instituições financeiras, bem como a troca de determinadas informações societárias. Portanto, esse dispositivo permite a troca de informações relativas à participação acionária e informações bancárias.
b) Caso o Brasil receba um pedido de troca de informações de um Estado com quem tenha celebrado tratado para evitar a dupla tributação, cuja redação do art. 26 seja idêntica àquela da convenção-modelo da OCDE, ele pode se recusar a fornecer a informação, em virtude de aquela informação ser sigilosa? (vide art. 5º, inc. X e XII da CF/88, e anexo XI)
R: O artigo 26 da convenção-modelo da OCDE, ao tratar da troca de informações entre Estados, determina que a informação seja previsivelmente relevante e imprescindível para o requerente. Logo, ao encontrar uma possível irregularidade, o Estado irá solicitar uma informação sem a qual não seria possível concluir a respeito de potencial lesão ao erário público. Neste diapasão, conservar-se o sigilo do contribuinte mediante expressa disposição que restringe o uso de informações tão-somente a autoridades fiscais, abrindo-se, todavis, a eventuais procedimentos administrativos e judiciais instaurados contra o contribuinte.
A convenção-modelo não constrange nenhuma das partes a agir contra sua própria legislação doméstica ou tomar atitudes prejudiciais a seus contribuintes. A informação proveniente de outro Estado deverá ser requerida se esgotados os meios possíveis da parte contratante de obtê-la em seu próprio território. 	Caso não se adeque em nenhuma situação passível de recusa descrita no artigo, o Estado requerido deverá se utilizar de seus meios ordinários para obter a informação, ainda que não haja interesse para seus próprios fins.
No que se refere aos limites ao sigilo bancário, a inclusão, em 15/07/2005, do parágrafo 5º ao artigo 26 da Convenção-modelo veda aos consignatários de um acordo que seja declinada a informação solicitada unicamente por se encontrar na posse de instituições financeiras. Por conseguinte, o grande número de acordos em matéria tributária firmados nos últimos anos e efeitos da FATCA/IGA indicam maior amplitude sobre a disponibilização de dados antes adstritos ao sigilo bancário, e o Brasil, como signatário de tais documentos, encontra-se inserido neste contexto, como é possível observar no Anexo XI.
BIBLIOGRAFIA
https://www.conjur.com.br/2014-nov-22/legislacao-aduaneira-lacuna-reimportacao-mercadoria
PINHEIRO, Jurandi Borges. Direito tributário e globalização: ensaio crítico sobre preços de transferência. Rio de Janeiro: Renovar, 2001, p. 40-50.
[1] REZEK. Francisco. Direito Internacional Público. P. 38.
[2] LENZA. Pedro. Direito Constitucional. 2013.
[footnoteRef:4][3] AMARO. LUCIANO. Direito Tributário Brasileiro. 2012. [4: ] 
[footnoteRef:5][5] BIFANO. Elidie Palma. O uso impróprio dos tratados. P. 267. [5: ]

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