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Filosofia do Direito

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Aluna: Solange Juchnievski de Oliveira – 6º Semestre
A FILOSOFIA DO DIREITO NA IDADE MÉDIA
Com a queda do Império Romano tem início a Idade Média, período marcado pela influência da ideologia cristã. Ela se divide em dois momentos jusfilosóficos:
· Filosofia Patrística (I – VII) – Consolidou a Igreja;
· Filosofia Escolástica (IX – XV): Retomou a filosofia grega.
O cristianismo surge em Roma e os filósofos romanos, influenciados pelas ideias gregas que haviam inundado ideologicamente aquela sociedade, foram paulatinamente convertidos ao cristianismo e seus valores. O cristianismo alterou a fonte de legitimidade da lei do bem comum da sociedade para a razão e vontade de Deus.
Essa interação da ideia de justiça com valores religiosos faz-se presente na expressão dos valores da chamada justiça cristão; mesmo não sendo uma doutrina política, o cristianismo influencia e influenciou concepções de Direito e Justiça. 
A justiça cristã não deve ser confundida com as concepções de justiça do período medieval, pois tais concepções de justiça nem sempre foram orientadas por ideias de caridade, amor, sendo as Cruzadas e Inquisição as reflexas mais duras, na história do mundo, dessa possibilidade de desconexão entre a justiça do cristianismo e os valores de justiça cristãos. Ela também não se confunde com o Direito Canônico, este, vigente até os dias atuais, é o conjunto de leis que regulamentam a vida dentro da Igreja Católica.
O maior filósofo do cristianismo foi São Paulo (Paulo de Tarso) cujos ensinamentos encontram-se na Bíblia, livro que sistematiza suas várias cartas com as diversas concepções de justiça, direito e ética.
Paulo de Tarso, no início de seus ensinamentos, acreditava na existência de um Direito Natural, o que estaria “inscrito nos corações humanos”. Certo trecho da Carta de Paulo aos Romanos equipara à autoridade do imperador a autoridade de Deus, que é absoluto e inquestionável, trazendo para o centro do debate, sobre justiça e ética, o elemento da submissão às ''autoridades'' escolhidas por Deus. 
Santo Agostinho nasceu no Império Romano e converteu-se ao cristianismo escrevendo suas obras em oposição às concepções Aristotélicas de Justiça na obra “A cidade de Deus”. Como monge, era intensamente ortodoxo e entendia que o homem não poderia ser justo como Deus, a única expressão de perfeição. Em face da natureza imperfeita do homem todos eram injustos e carentes de ética. Durante sua vida monástica esforçou-se por conciliar o platonismo com os ideais cristãos e terminou por produzir seus próprios escritos que respondiam a esse desafio de conciliar os pensamentos filosóficos. 
Em sua obra mais relevante “A cidade de Deus” – De Civita Dei afirma a impossibilidade de um Estado justo se este não submetesse aos valores do cristianismo, bem como afirmava a incapacidade humana de compreender a justiça divina, que por ser impenetrável em sua natureza, impedia que o ser humano a conhecesse e agisse conforme seus preceitos.
Para este jusfilósofo, as leis humanas garantiam a ordem da sociedade e deviam ser observadas e elaboradas de forma a aproximarem-se da justiça das leis divinas. 
O Período Medieval foi um período intelectualmente desafiador, mesmo em face das inúmeras limitações de acesso à informação. Influenciado pelo conteúdo a que teve acesso como monge copista, Isidoro de Sevilha, ao elaborar suas enciclopédias, indicou quais eram para si os elementos constituintes da lei e qual a sua razão de ser, ou seja, a lei era declarada para o bem comunitário, deveria ser de fácil compreensão para todos e não deveria opor-se aos valores culturais e costumes do tempo em que era declarada. Assim, ao apresentar o que deveria constituir a lei, Isidoro de Sevilha antecipa elementos do que seria compreendido como subprincípios da teoria da proporcionalidade, elementos estes que marcam a nossa percepção da jusfilosofia medieval.
O princípio da proporcionalidade tem sua origem como uma ferramenta de restrição do exercício dos poderes por parte do Estado, também conhecido como princípio da proibição do excesso, com subprincípios para melhor aplicação. São eles:
- Adequação: os meios a serem utilizados não podem ser excessivos nem insuficientes;
- Exigibilidade: somente deve-se intervir quando extremamente necessário;
- Proporcionalidade em sentido estrito: o resultado a ser obtido com a intervenção deve estar em harmonia com os meios utilizados.
Isidoro também expôs a sua definição do que era o direito, e, no contexto de queda do Império Romano e proteção da expansão cristã, conciliou as concepções bárbaras de reino e estado com os valores do cristianismo. 
São Tomás de Aquino tentou desconstruir a filosofia de Santo Agostinho e foi bem-sucedido em sua empreitada. A sua única obra, A Suma Teológica, vale-se de ferramentais da lógica e bebe da filosofia aristotélica afirmando possível alinhamento entre religião e razão, filosofia e teologia.
Ele acreditava que o homem, por meio do livre arbítrio e guiado por sua consciência, seria capaz de compreender as leis morais. Ele listava as leis em geral, eterna e natural, as quais eram os dez mandamentos, as leis que Deus utiliza-se e, por fim, as leis que orientam e determinam os atos dos homens. Acreditava na possibilidade do homem ser justo. A justiça era “vontade constante e perpetua de dar a cada um o que é seu”, o homem é justo porque exercita a sua vontade de agir com retidão. 
São Tomás de Aquino entendia que o indivíduo podia alcançar a virtude por meio da fé ou por meio de “indulgências”. Essa concepção abriu o caminho para os conflitos religiosos e insatisfações que resultaram no protestantismo.
A Idade Média foi um período de produção de conhecimento que buscava justificar o acúmulo e expansão de poder da Igreja Católica, e influenciou a jusfilosofia desse período a valores teocêntricos, também.
A perspectiva teocêntrica de reflexão sobre o homem e o mundo, imposta pela Igreja Católica é afastada com o a retomada racional de São Tomás de Aquino e significativamente desconstruída com o desafio protestante de Calvino e Lutero, os quais mitigaram significativamente o exercício do poder da Igreja sobre a política de estado e condutas dos cidadãos.

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